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IDEAÇÃO SUICIDA

- Definições:
Suicidio: Morte provocada com evidências sejam elas implícitas ou explícitas de
que a pessoa tinha pretensão de morrer.
Tentativa: Qualquer comportamento autolesivo não fatal com evidências implícitas
ou explícitas de que a pessoa tinha intenção de morrer.

Além de definir os conceitos que envolvem o ato, é importante também diagnosticar de


maneira clara a intensidade do fenômeno, sendo eles:
Risco grave: Paciente com histórico de tentativa, apresenta ideação frequente e
persistente, tem planejamento e a forma como planejou. Outros fatores que podem
influenciar são impulsividade, rigidez do propósito, desespero, delírio e alucinações.
Risco moderado: Paciente com histórico de tentativa prévia apresentando ideação
frequente e persistente, sem planejamento e ausência de impulsividade.
Risco baixo: Paciente sem histórico de tentativa, apresentando ideação sem
planejamento.

-Indicações: As indicações para estratégias de cuidado e intervenção, as medidas a serem


seguidas são:
Risco grave: Solicitar VAGA ZERO via ambulância; o paciente deve ser
encaminhado para internação; se for atendimento presencial, não permitir que o cliente saia
dali, alguém precisa vir buscá-lo.
Risco moderado: Avaliar se há necessidade de intervenção ou acompanhamento
intensivo no CAPS, além de compartilhar o caso com a equipe do hospital que o indivíduo
frequenta. Falar para família cuidar, retirar remédios, cordas, facas, e outros objetos
potencialmente perigosos.
Risco baixo: Manter cuidado na APS e monitorar sua ideação. Caso seja necessário
encaminhar para CAPS. Não há necessidade de acionar a rede de apoio ainda, mas pode
falar pro próprio cliente conversar com alguém.
Faz-se necessário avaliar a rede de apoio social para mobilizá-los sobre o
monitoramento, além de realizar papel informativo aos indivíduos próximos.
-O suicídio pode ser uma evolução dos sintomas depressivos.
-A ideação suicida pode ser um dos sintomas depressivos.
-Sentimento Ambivalente: a pessoa quer continuar vivendo mas não quer viver com aquela
dor. Entra assim, um desejo maior pela morte.
-O paciente pode revelar esse desejo de uma maneira mais velada, dificilmente ele vai
revelar de uma forma direta. O cliente pode chegar falando “essa semana eu estive muito
mal, comecei a me questionar se vale a pena viver”, ou “ando me sentindo muito
desanimado”, etc.
-E então, você vai começar a investigar como isso está se passando dentro dele, por
exemplo “mas como foi?”, "Como você está se sentindo em relação a isso?”, "Ainda existe
algum tipo de pensamento assim?”, “você pensou em algo específico nesse sentido?”. E
então, você vai avaliando se há alguma ideia ou plano que a pessoa está fazendo ou se é
apenas uma conjectura, ela ainda não pensou em nada efetivamente para acabar com a
própria vida.
-Se a pessoa falar que já pensou, que já até mesmo realizou pesquisas referentes a
maneiras de acabar com esse sofrimento, quer dizer que a pessoa está a um passo de
realizar a ação, e em um momento de impulsividade ela pode tomar essa decisão.

-A primeira postura do terapeuta será ouvir sem julgamento, acolher o cliente em sua dor,
dizer que compreende a dor dele nesse momento, que parece que a única alternativa é a
morte.
-Fazer com que ele pense e reflita se é o caso da morte ser realmente a única alternativa,
“você topa conversar comigo um pouco mais a esse respeito? quem sabe nós dois
podemos pensar juntos e encontrar uma solução”.
-Muitas vezes a morte é uma decisão tomada quando a pessoa sente que já esgotou todas
as outras alternativas.
-Então, você conversa com ele e faz um levantamento de motivos para viver, por exemplo
“não quero que meu filho cresça sem um pai” ou “não quero que minha mãe sofra”, etc. É
muito importante que o cliente veja que ainda há motivos para ele viver.
-É importante avaliar se será necessário realizar encaminhamento a um psiquiatra, inserir
medicamento e se é necessário entrar em contato com algum familiar (rede de apoio).

Perguntas:
-Você já sentiu que a vida não vale a pena ser vivida?
-Você já desejou dormir e não acordar mais?
-Você já passou um período longo de tempo pensando sobre a morte?
● Com relação ao suícidio, em uma análise clínica, é importante avaliar individualmente cada
caso e observar pontos do processo que influenciam nesse comportamento.
● Os pontos a serem observados clinicamente para se obter informações relevantes sobre o
caso seriam: a definição precisa dos indicadores de vulnerabilidades (fatores internos
persistentes ou crônicos), estressores (fatores de risco agudos ou situacionais) e recursos
(fatores de proteção internos e externos).
● Como o suícidio pode apresentar níveis agudos, crônicos ou latentes, é possível que fique
algum tempo sem ter as ideações e alguma situação desencadear tal pensamento.
● Para se realizar alguma intervenção, qualquer que seja, é importante que se codifique a
situação que o indivíduo apresenta, para identificar precocemente os elementos e assim
intervir de maneira assertiva.
● Os pacientes com essas ideações, precisam de um atendimento rápido e preciso, com foco
na segurança e nos cuidados que deverão ser tomados a fim de mantê-los vivos e com
algum grau de alívio.
● A verificação de possíveis métodos que possa ser adotado, providenciar algum controle de
acesso a esses métodos e deixar a rede de apoio alerta para caso necessite alguma
intervenção.
● O principal em uma intervenção é propiciar um ambiente que o paciente coloque suas
queixas.
● A questão de realizar perguntas a respeito da história de vida do paciente, o que culminou
na tentativa de cometer suicídio, é visto com bons olhos pelo mesmo, pois apresenta o
interesse do psicólogo em escutar o que o sujeito tem para falar.
● O ato de falar do paciente e de escuta do entrevistador, já é um fator de possível diminuição
no sofrimento de quem tem ideações suicidas, sendo então de extrema importância e
realmente o fator primordial, a escuta do paciente.
● O sujeito entende que alguém está disposto a escutá-lo, tem a tendência de ficar mais à
vontade em falar, ainda mais levando em conta o tabu que permeia o assunto.
● A entrevista é a que melhor se enquadra no caso da análise do suicídio, ainda mais se for
no modelo semi-estruturado, pois se mantém em uma linha de raciocínio, todavia deixa livre
para a atuação do entrevistador, caso necessite.
● Uma postura de não-julgamento diante do caso é fundamental e perguntas abertas, a fim de
guiar o paciente a elaborar sentimentos e criar insights.
● Empatia e o manejo da angústia do paciente são também muito importantes para o
desenvolvimento clínico satisfatório do sujeito.

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