Você está na página 1de 4

PSICOTERAPIA de GRUPO Prof.

MELISSA GAGLIARDI
Turma: 23 Data 20/ 11/2023

Nome: Meire Cristina Pimentel


Leia, analise e interprete os conteúdos abaixo, que representam uma reunião de grupo, bem como a postura dos terapeutas. Considerando
os relatos, quais são as perguntas que você faria para que os participantes pudessem entender melhor seus conflitos e propiciar insights.
Quais seriam suas interpretações para o grupo e para os participantes? Estavam presentes: seis integrantes e dois terapeutas. A duração
da reunião é 80 min. Início da sessão com apresentação geral, pois iniciou um participante novo.

Terapeuta – saudação, momento de meditação. Vamos nos apresentar relatando uma qualidade e um defeito
nosso. Participante 1, 2, 3, 4 e 5 se apresentam.
Participante 6 – falou o nome exaltado, começou dizendo que todos os seus amigos o estão abandonando, que o problema dele parece o
mais complicado de todos, mostrou o braço todo arranhado e sangrando pelas suas unhas, começou a falar e a chorar pois seu
relacionamento tinha terminado no final da semana anterior por conta do ciúmes e do seu descontrole emocional. Relatou que durante a
semana uma ideação suicida o acompanhou por diversos dias a noite. Falou 20 minutos.

Terapeuta – agora é o momento de cada um falar suas angústias, fantasias, frustrações, medos, algum ponto durante a semana que tenha
observado de evolução nos seus comportamentos, algo que leu ou assistiu que o tenha feito refletir sobre seus desafios e etc.

Participante 6 – iniciou falando que agrediu sua namorada fisicamente e pediu para uma participante que emprestasse seu braço para que
ele pudesse mostrar a agressão, se defendendo que achava aquilo insignificante perto do que ela tinha feito com ele. Mostrou quase
tremendo a torção que realizou no braço da namorada e perguntou se aquilo justificava o término do namoro.
Grupo – ninguém respondeu e todos olharam assustados para a cena.

Participante 6 - a justificativa para a agressão era o fato da namorada estar a 30 dias sem transar com ele. Ele morava na casa da
namorada a 6 anos e já faziam praticamente 7 anos que não conseguia trabalho como professor e que agora não tinha para onde ir, já que
ela bancava todas as despesas. Ela pediu que ele saísse de casa e terminou o relacionamento. Falou 20 minutos praticamente chorando
até que um outro participante o interrompeu.

Participante 2 – Cara você parece eu piorado. Eu estou na mesma situação, pois minha esposa pediu o divórcio a dois anos atrás, nos
separamos, mas não consigo aceitar a separação. A diferença é que não sou tão egocêntrico como você (participante 6) e consigo
enxergar as cagadas que eu fiz na vida, agora você nem isso consegue perceber.
Terapeuta – Não se preocupem a sempre uma solução, por pior que pareçam os problemas, quando acalmamos a mente e expressamos
nossas angústias, nos sentimos melhor e conseguimos encontrar saídas.

Participante 3 – Perdi minha mãe também faz um ano, mas não sinto falta nenhuma daquela bruxa, riu. Ela foi uma pedra de tropeço em
minha vida. Sempre deu preferência para seus amantes e nunca cuidou de mim, fui abusada com 7 anos por um desses amantes, que se
dizia meu padrasto. Não consigo conviver bem com nenhum companheiro, todos me chateiam. Moro a 5 anos com meu atual companheiro
e estou por pouco para toca – ló de casa, igual a sua companheira, falou olhando para o participante 6. Meu humor se altera muito. Quando
estou bem quero transar com ele todo dia e fumar uns baseados e ele não acompanha, quando estou triste nem quero vê-lo na frente. O
que você acha que eu posso fazer para manter meus relacionamentos? Perguntou olhando para o terapeuta.
Terapeuta – faz uma interpretação para a participante 2.

Participante 4 – vim aqui porque me falaram muito bem do senhor, da sua experiência, acho que esse grupo é minha última alternativa.
Estou com uma depressão enorme por falta de trabalho, sofro a uns 20 anos, tomo muitos medicamentos, sou garçom especializado e no
último semestre nem bico eu consegui. Já ganhei muito dinheiro, pois nunca me faltou trabalho. Minha noiva terminou comigo na semana
passada, estamos juntos a 3 anos, ela reclama que eu fumo, que sou folgado, desorganizado, que só falo de trabalho, que não sou
romântico, que ela não tem orgasmo comigo por culpa do meu órgão e da minha barriga, que não vou na igreja com ela. Que ela sempre
namorou caras altos e que malhavam e se assustou com ela mesma, quando iniciamos o namoro, pelo fato de eu ser baixo e não gostar de
esportes. Estou tentando melhorar mas não consigo, amo ela, observo seus defeitos, mas nunca a cobrei de nada.

Participante 5 – Tenho 68 anos, sou aposentado mas continuo trabalhando numa empresa metalúrgica, fazia terapia pelo convênio a 3
anos com uma psicóloga, sempre fui ansioso, sou casado a 40 anos, perdi a vontade com minha esposa já faz uns anos, gosto de jogos
pela internet, se me deixarem eu fico a noite toda jogando, após chegar do trabalho. Meu problema é que acabei descobrindo o que é
Av. Mário Campolim, 367 – Campolim – Sorocaba – SP – CEP 18.047-600
Telefone (15) 3232.1534 – www.sobrap.org.br
transferência da pior forma, a psicóloga tinha uns 35 anos e pelo tempo de terapia acabei me apaixonando por ela. Estou muito triste, é
como se eu perdesse uma grande paixão, ela encerrou o tratamento quando comecei a mandar mensagens para ela com uma certa
insinuação, por conta dessa “paixão”, emagreci uns 15 quilos que eu precisava, comecei a pintar os cabelos, a ir na ginástica 3 vezes por
semana, estava me fazendo muito bem, mas agora perdi toda a motivação. Estou com muita vergonha.

Participante 1 – não quero falar, eu gosto mais de ouvir.


Terapeuta – os terapeutas dão suas interpretações, tiram dúvidas, dão avisos gerais e convidam os participantes para um chá antes de
irem embora. -> Final da sessão. <-

Considerações:

O grupo terapêutico em questão é formado por 02 grupoterapeutas e 06 integrantes.

Em algum momento do Planejamento do grupo, estabeleceu-se que 06 integrantes seriam ideal e incliusive, há a entrada de novo
membro.
Parece já haver um vínculo estabelecido entre eles devido as demandas trazidas na sessão, de foro bastante íntimo , conteúdos
recalcados e traumáticos.
Logo no início, é solicitado que cada participante fale de um defeito e uma qualidade. Achei interessante. Se fosse a primeira
reunião, não faria sentido, na minha concepção pois não haveria ainda se formado um vínculo entre os participantes mas como já
haviam ocorrido sessões anteriores, achei uma dinâmica interessante.

Um ponto preocupante é o alto nível de ansiedade e de tensão no grupo. Temos um grupo composto por : bipolar, borderline, e
alto nível de ansiedade, conforme já citado.

Mesma natureza de conflito entre os participantes: todos relatam problemas de relacionamento.

O participante 06 domina a sessão por tempo considerável sem que haja intervenção do grupoterapeuta. Tem rompantes e oscila
entre o choro e a agressividade.
Sofre de neurose de abandono, sente-se vítima pela namorada ter terminado o relacionamento depois de uma “insignificante “
agressão. A mesma situação de abandono percebermos no participante 02 que não consegue lidar com a separação que ocorreu
há 02 anos, não consegue seguir com sua vida. Assume a culpa pelo fim do relacionamento.
O participante 03 tem relação de amor e ódio com a mãe, que negligenciou sua criação, deixando-o a mêrce de um abusador.
Alterações severas de humor: momentos de euforia, seguidos de depressão.
Participante 05 não sabe quem é, tem dificuldade em assumir o envelhecimento e a finitude. Transferiu para sua Psicóloga a
paixão que um dia sentiu pela sua esposa e deslocou sua “pulsão de vida” para essa paixão, passando a frequentar academia, a
se cuidar , na intenção de viver novamente um passado que já foi. Tem 68 anos e ainda trabalha, desloca seus sentimentos para
trabalho > jogos > paixão transferencial.
Já o participante 04 sofre de alternância de humor: ora está radiante, ora está deprimido. Vive uma relação estranha, Seu relato é
desconexo ( possivelmente mente ). Na sua relação é inferiorizado pela namorada/noiva constantemente.

Participante 06:
Esse participante merece atenção especial no manejo e recomendação de procurar um Psiquiatra decorrente da ideação suícida.
Ele começa a sessão exaltado demonstrando pouco ou nenhum controle.Alega que todos o estão “abandonando” ( medo do
abandono) , auto flagelação ( se arranha , sangra pelas unhas) decorrente da dor emocional, instabilidade emocional, parece
sofrer de transtorno de personalidade Borderline.
7 anos morando com a namorada sem conseguir emprego ( instabilidade em todos os aspectos de sua vida) e impulsividade
demonstrada no relato de agrressão à namorada.
Ele se sente vítima e não se dá conta da seriedade da agressão contra a namorada, já que considera “insignificante” o que
aconteceu.
Perguntas:
Ele agrediu a namoradas em outras ocasiões?
Nesses 07 anos de relacionamento, como ele lidou com a dependência financeira da namorada?
Qual o motivo de estarem 30 dias sem transar, antes eles transavam?
Como foi sua infância e adolescência?
Havia violência dentro da sua casa? Seu pai era violento com sua mãe ou com os filhos?
Manejo a:
Procurar um Psiquiatra para tratamento medicamentoso.
Tem características de Borderline.
Av. Mário Campolim, 367 – Campolim – Sorocaba – SP – CEP 18.047-600
Telefone (15) 3232.1534 – www.sobrap.org.br
Terapia individual
Ele pode agredir algum membro do grupo se sentir atacado.

Participante 02
Inicia com a frase “cara, você parece eu piorado” mencionando o participante 06, ocorre aqui uma transferência entre os
participantes mas o participante 02 deixa bem claro que ele não é “egocêntrico” como o 06. Se diz capaz de enxergar as cagadas
que fez na vida .
Mesmo após 02 anos de divórcio,não aceita a separação e não tem condições de seguir em frente.
Ao dizer que “consegue enxergar as cagadas” é uma justificativa e ao mesmo tempo uma culpabilidade, porque não consegue
seguir em frente?
Enxerga mas não aceita.
Perguntas:
Mesmo após 02 anos de separação, o que o impede se seguir em frente?
Quais seus sentimentos em relação a sua ex esposa?
Assumir o fim do relacionamento seria assumir um fracasso?

Participante 03
Perdeu a mãe recentemente e demonstra um ódio pela mãe por não ter recebido os cuidados necessários e ainda, culpa a mãe
por ter sido abusado aos 07 anos. Foi totalmente negligenciado pela mãe.
Carrega so traumas para dentro de seus relacionamentos pois todos os companheiros a chateiam.
Está prestes a terminar a relação com o atual companheiro, comparando a sua situação com a da namorada do partcipante 06.
O seu humor se altera muito.
A alternância dos estados sugere trasntorno bipolar porque as fases são bem delimitadas: ora quer transar todo o dia, ora, não
quer seu companheiro pela frente.
Perguntas:
Quando houve o abuso, a quem ele recorreu? Obteve apoio de algum familiar , como foi o comportamento da mãe diante do
abuso?
O que a morte da mãe lhe trouxe de emoções ( não sentir falta daquela bruxa me parece um mecanismo de defesa).
Como foram seus outros relacionamentos?
Como é sua vida de uma maneira geral ( trabalho, família, etc)?
Procurar mais informações sobre a mãe, uma possível narcisista.

Manejo:
Ele precisa de manejo diferenciado, assim como o participante 06, necessita de apoio do psiquiatra para diagnóstico e medicação
para sua bipolaridade e terapia individual para lidar com o transtorno.

Participante 04:
Vê o grupo como última alternativa, joga sobre o grupoterapeuta todas as suas expectativas. Está com depressão por falta de
trabalho mas sofre há uns 20 anos.
Era um “garçom especializado” e já ganhou muito dinheiro como tal ( ? ). Já ganhou muito dinheiro como garçom especializado
( ?) e no último semestre nem bico consegue.
Ele fuma, é folgado, desorganizado , só fala em trabalho , isso de acordo com seu relato, queixas de sua noiva.
Eles ficaram juntos por 03 anos e agora ela fala que ele nunca foi o modelo de homem com o qual ela se relacionaria.
Há algo de estranho em seu relato, há questões mais profundas.
Não assume qualquer responsabilidade sobre os acontecimentos de sua vida, atribui aos outros todos os seus males.
Perguntas:
Sofre há 20 anos com o quê exatamente? De depressão? Que tipo de medicamento ele toma e qual foi seu diagnóstico para a
medicação?
Já ganhou muito dinheiro como garçom, nunca pensou em estudar e ter outra profissão que lhe assegurasse mais
empregabilidade? O que mudou nos últimos 06 meses?
Fale mais sobre sua realçao com a namorada/noiva. Como foram os 03 anos de relacionamento?
Seu relato é verdadeiro ou ele gosta de se fazer de vítima?

Participante 05:
Casado há 40 anos, perdeu o desejo pela mulher.
Tem 68 anos e continua trabalhando.
Transferiu seus sentimentos, que normalmente são deslocados para os jogos, para a psicóloga de 35 anos. A mim remete a

Av. Mário Campolim, 367 – Campolim – Sorocaba – SP – CEP 18.047-600


Telefone (15) 3232.1534 – www.sobrap.org.br
sensação de que ele procura por um tempo ou uma juventude de não tem mais.
A paixão trouxe de volta a vontade de se sentir bonito ( perdeu 15 quilos), passou a pintar os cabelos, ir na academia , tudo isso
numa forma de recuperar algo que ele tinha perdido.
O apaixonar-se pela Psicóloga é uma forma de resistência, de não encarar os seus traumas ou como citei, buscar a juventude de
que ele e a esposa não desfrutam mais.
Perguntas:
Porque continua a trabalhar com 68 anos?
Como encara o envelhecimento e a finitude?
Gosta de ficar jogando a noite toda. É melhor do que ir para a cama com a esposa ( qual a reação dele com essa pergunta,
observar)?
Quem é ele realmente? Do que gosta ? Do que foge?
Como era sua vida quando ele e a esposa tinham a idade da Psicologa?

Participante 01:
Não quer falar , apenas ouvir.
Cabe ao grupoterapeuta instigá-lo a falar através de perguntas ou mesmo pedindo que ele comente algo sobre o relato de outro
participante para ver se há uma identificação.
O seu silêncio pode também ser uma resistência ao grupo, ou até ao próprio grupoterapeuta. Além disso, o seu silêncio poderá
acarretar um mal estar em todo o grupo, já que todos estarão relatando suas “fraquezas” enquanto aquele apenas ouve , observa
sem se envolver, sem falar de suas experiências emocionais, que é o que alimenta o grupo.
Tem medo de humilhações, de demonstrar suas fraquezas?
Se mesmo instigado, ele não quiser falar, aqui requer uma atitude do grupoterapeuta no sentido de que ele irá ou não assumir
seu papel dentro do grupo.
Perguntas:
Porque entrou para o grupo? O que você busca aqui?
Qual a sua motivação?

Sobre a atuação do grupoterapeuta:


Entendo que ele permitiu que o grupo falasse livremente sobre seus conflitos. Não sei quantas sessões ocorreram previamente, o
que entendo é que, a partir dos relatos, ele teria elementos para trabalhar com mais profundidade nas sessões seguintes,
elaborando questões e os participantes continuariam com a livre associação.

Por um lado ele permitiu que o participante 06 falasse por 20 minutos sem ser interrompido, creio que a conduta está correta, era
necessário para aquele momento que o participante elaborasse toda a sua angústia.
Talvez nas sessões seguintes, poderiam iniciar os insights dos demais participantes para o 06 e do 06 para os demais.

O grupo é formado por 03 participantes com questões bastante profundas: bipolar, borderline, abuso sexual na infância, etc.
Alguns dos sintomas são semelhantes: neurose de abandono, baixa auto estima, dificuldade em lidar com a realidade.

DATA ____________ NOTA DA PROVA ______________ VISTO________________

Av. Mário Campolim, 367 – Campolim – Sorocaba – SP – CEP 18.047-600


Telefone (15) 3232.1534 – www.sobrap.org.br

Você também pode gostar