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CONCEITUALIZAÇÃO DE CASO INTEGRATIVA

Baseado em Sperry, L., & Sperry, J. (2012). Case conceptualization: Mastering this competency with ease and confidence. New York: Routledge

Nome Fictício do Paciente: Sara Idade: 16 Sexo/Gênero: Feminino Ocupação: estudante,


segundo ano do ensino médio.
Paciente já fez psicoterapia antes? Não Quanto tempo: - Mora com quem. Tia, tio e prima. Tem
filhos? não
Número de sessões até agora: 2

I. FORMULAÇÃO DIAGNÓSTICA / DESCRITIVA


Sintomas / Queixas:
Se queixa de não confiar nas pessoas, não conseguir fazer e manter amizades, não quer mais
ser tão só e diz que sempre é excluída pelas amigas “desde sempre”.

Por que estas queixas são um problema para o paciente (i. e., o que ele está deixando de viver)?

Sempre acaba se isolando e isso piora o seu quadro de “solidão”, dificulta que surjam possíveis
interações. E prejudica de fazer novas atividades que ela só consegue se for acompanhada.

Questões situacionais / estressores atuais:


Mãe religiosa rígida. Pouco tempo morando em outro estado, longe da mãe e com pouca
interação social.

Diagnóstico descritivo / hipóteses diagnósticas:


Ainda não identificado, sem hipóteses anteriores. Pensei em Personalidade evitativa ou
ansiedade social.

II. FORMULAÇÃO CLÍNICA / EXPLICATIVA


Fatores biológicos, genéticos e médicos (incluindo medicações e drogas em uso ou já usadas):
Não apresenta.

Influências desenvolvimentais (dados relevantes da história):


Teme pela mãe, irmão agressivo sempre a maltratava com palavras.
Mora a quase dois meses com os tios e a prima de 17 anos (Para futuramente trabalhar, e ficar
longe do irmão). Irmão morava com o avô até pouco tempo e agora está na casa da mãe.
Nas palavras dela o pai era um “ignorante”, mas afirma que com ela ele era menos “ignorante”,
ele constituiu nova família e hoje ela sente falta de ter um amor de pai, que não a procura a mais
de 1 ano.
Diz que sempre que faz uma amizade, chega outra pessoa e as duas excluem ela e diz que por
temer ser deixada de lado não consegue confiar nas pessoas para fazer amizade.
Quase no final da segunda sessão, ela revela que parou de fazer várias atividades prazerosas
por conta da proibição e palavras duras da mãe que é evangélica rígida, para ela tudo é “pecado
e coisas do demônio”. Ela gostava de ir à igreja, mas não concorda com tantas proibições pois
ela não faz nada demais.
Gosta muito de jogos online e de Lives de youtubers gamers, quando jogava interagia animada.
No jogo de “Free Fire” (jogo online que permite conversar pelo microfone com outros jogadores),
ela tinha várias amizades que precisou se desfazer por conta das brigas com a mãe.
Nos primeiros dias de aula, a tia teve que ir buscá-la na escola devido a uma crise de choro.

Crenças centrais / esquemas (sobre si, sobre o mundo, sobre os outros, sobre o futuro):
Crença de desamor e desamparo (Estou incomodando; as pessoas não querem minha
amizade/posso estar sendo inconveniente ou vou ser excluída na conversa).

Crenças / esquemas metacognitivos:


Se eu fizer uma pergunta, serei interpretada como inconveniente. Pois cheguei no grupo agora e
quero saber das coisas.

Se eu conseguir me enturmar com uma amiga, vou ser abandonada e excluída em breve.

Distorções cognitivas típicas:


Sempre vai ser excluída, que se chegar em uma turma desconhecida vão achar que ela é sem
noção, e que por ela ser novata eles deveriam dar mais atenção a ela e não o contrário.

Estratégias de enfrentamento (o que piora o problema):

Se afasta, não tenta novas interações.

Hipóteses de trabalho:
Avaliar um pouco mais a questão da mãe, fortalecer nosso vínculo pois por ser tímida ela traz
novos acontecimentos importantes aos poucos, de acordo que vai se sentindo confiante.
Modificar rotina para que ela tenha mais energia e motivação.
Reestruturação cognitiva e trabalhar as habilidades sociais.

III. FORMULAÇÃO TERAPÊUTICA / PRESCRITIVA


Metas do tratamento:
Desenvolver uma visão saudável sobre interações sociais, aprender a criar habilidades sociais.

Fatores de resiliência / pontos fortes:


Se acha esforçada, forte e diz que é capaz e vai conseguir realizar seus objetivos de vida.

Obstáculos potenciais ao tratamento:


Crenças muito rígidas sobre ser abandonada por amizades, é muito dependente da presença de
outra pessoa para fazer atividades. Por exemplo: sair para fazer caminhadas, atividades de lazer

Estratégias terapêuticas já utilizadas:


Por estar no início, utilizei somente questionamento socrático. Na próxima, pretendo fazer a
psicoeducação do modelo cognitivo.
Uma situação do Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD):

Situação
Conversa com o grupo da sala que se senta mais distante, riem e não respondem quando
ela pergunta do que se trata o assunto

P.A
“Com certeza eles acham que sou metida por perguntar algo”

Significado do P.A
Sou novata e por isso não vão me responder nada, eles deveriam saber que tenho
dificuldades em fazer amigos e serem legais comigo.

Emoção
Triste, se sente excluída e solitária

Comportamento
Fica calada e não interage mais, nas próximas aulas não vai mais se sentar com eles.

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