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Primeira semana testando a demonstração de emoção

instantânea.

Quinta-Feira: 25/08/2022- Trabalhei em mim mesma os meus pensamentos,


nada negativo, limpando a mente de coisas que trancavam minhas emoções.
Comentei sobre minha ida voluntária ao Coach, conversei com eles sobre o
desequílibrio emocional excessivo em casa.
● Nota: Meu medo era receber forte negatividade e grande rejeição
quanto a minha busca por ajuda na área emocional, porém, não houve
tanta resistência quanto imaginei. De 100%, a porcentagem de não
aprovação dos meus pais, principalmente de meu pai, foi em torno de
78,9%. Tem uma pequena possibilidade de dar certo.
Sexta-Feira: 26/08/2022- Uma discussão sobre o que faço e o porque de meu
cansaço excessivo com minha mãe, que se alterou e falou que eu nada mais
fazia além de estudar, não tinha motivos para cansaço. Uma batalha interna
dentro de mim aconteceu; Eu simplesmente deveria permanecer séria e
indiferente, ou realmente falava? O lado emocional venceu esta luta e
demonstrei o que estava sentindo no momento em que senti, pela primeira vez
em alguns anos. Mas tarde dividi com meu pai as novidades da escola, ainda
que o mesmo se negasse a prestar atenção, ou até mesmo ouvir, não desisti,
contei-lhe tudo, e lhe perguntei de seu dia também.
● Nota: Fiquei extremamente chateada com o que ouvi, dizendo que eu
não fazia nada, falando que a única coisa que eu precisava era de
escola, igreja e casa. Me fez ver quanto por cento de mim, não é
propriamente meu, e sim de meus pais.
Sábado: 27/08/22- Foi um dia tranquilo, sem surpresas maiores. Tive uma
pequena discurssao com meu pai, sobre eu gostar de músicas que não são da
igreja e querer ir a um show, querer viajar para fora do país, ou até mesmo ir
na Bienal. Recebi grande rejeição nas minhas idéias, segundo ele tenho que
ser uma moça de bem, não posso andar em qualquer lugar, pois, em suas
palavras, existem coisas que não valem a pena. Fomos para igreja de noite, lá
para as 19 horas, me comportei e fiquei quieta, apenas refletindo sobre o fato
de que aparentemente toda a minha vida vai ser assim, em um lugar só.
● Nota: Fiquei meio triste por meu pai sempre dar uma desculpa para
tudo, nunca posso gostar de nada que seja relevante! Músicas tem que
ser o aceitável, nem assistir eu assisto direito, sempre vamos em férias
para o mesmo lugar, o interior de Araripina. Porque é lá que eles não
precisam se preocupar de eu conhecer gente nova, ou até mesmo fazer
amizades diferentes.
Domingo: 28/08/22- Acordei 7 horas para me arrumar, arrumar meu irmão e
ajudar meu pai no café da manhã da igreja. Fui ao culto, recitei, auxiliei as
meninas, e cuidei das crianças durante o serviço de culto. A tarde depois das
12 horas cuidei de 6 crianças pequenas, todas na minha casa. As 17 horas
arrumei todas elas e levei para a igreja novamente, porque teria ensaio. Ajudei
a preparar o lanche do ensaio também e depois fui deixar as crianças nas
casas delas. Antes do ensaio coloquei minha saia favorita, uma branca que
ficava dois dedinhos acima do joelho,percebi que a amiga de minha mãe, vó de
uma das crianças, me olhou de cima a baixo. Minha mãe falou que a
irmandade iria falar sobre minhas roupas, e eu perguntei automaticamente
quando foi que eles não falaram.
● Nota: Detesto que as outras pessoas, pessoas que nem conheço direito,
tenham tanto poder sobre mim, sobre minhas decisões, sobre minha
vida. Não deveria ser assim, eu deveria saber o que eu quero, deveria
ao menos querer algo como a normalidade. Porém acho que não nasci
para isso, aparentemente, nem meus pais o crêem.
Segunda-feira: 29/08/22- Durante a aula meu colega mais próximo nem falou
comigo, não me dirigiu a palavra. E eu meio que fui excluída do trabalho que
estávamos, senti algo que… Algo que já havia sentido antes, quando pequena,
meus pais brigavam comigo ou até mesmo entre si, eu sempre chorava, ficava
triste, e era como se uma dorzinha rasgasse meu peito. Hoje em dia continuo
sentindo essa dor, quando algo me magoa ou me machuca, eu sinto essa dor,
como se meu peito tivesse afundando, nada como uma crise de ansiedade,
que é externa e interna. Essa dor só acontece dentro, não cai uma lágrima,
mas dói pra caramba. E pela primeira vez depois de… Bom, depois de nascer,
dividi essa dor com alguém, no caso só o sentimento mesmo.
● Nota: Quando conversei com a Jennifer, a garota com a qual eu dividi
essa dor, algo parecia errado, minha mente gritava para eu não falar,
não seria injusto eu pertuba-la com meus problemas? Mas deixei a
razão de lado e conversei com ela, e ainda que a sensação de que o
que fiz é errado, ainda permaneça aqui dentro de mim. Me senti 0,47%
melhor do que antes, não ficou tão pesado.
Terça-feira: 30/08/22- Foi um dia bem normal, fui a escola normalmente, fiquei
chateada com um colega mas fingi que nada havia acontecido, e me sinto mal
por isso. Tenho sido completamente franca sobre minhas emoções, mas as
vezes é mais forte que eu. Fiquei estudando para a prova de matemática, e
graças a Deus mamãe não se opôs quando preferi ficar sozinha em casa,
enquanto os mesmos iam para a igreja. A noite mamãe e papai… Bom, não foi
uma discussão, foi mais uma conversa, onde ele falou que parecia que tinha
criado uma fraca e disse coisas horríveis sobre minha geração, falando que
doenças psicológicas em adolescentes só iriam ser resolvidas se o responsável
"matasse" o adolescente no "pau", suas palavras foram essas. Disse que o que
resolveria seria uma surra bem dada.
● Nota: Me machucou saber que por ser sensível, fui chamada de fraca.
Mas doeu na minha alma quando ele disse que doenças psicológicas
eram invenções, papai sugeriu em suas palavras, que depressão só
existe nos "adolescentes burros, idiotas e fracos." Disse que no tempo
dele não existia isso, que tudo se resolvia a dar uma boa surra e pronto,
resolvido. Não quero ter uma mente assim, mas me peguei sem saber o
que pensar, e isso é mais do que preocupante.
Quarta-feira: 31/08/22- Hoje teve aula de música. Não avancei em nada,
continuo no mesmo lugar que estava semana passada. Mas… Quando fui fazer
a prova, hoje mais cedo, não senti aquele pânico e terror que sempre sentia,
foi… quase normal. Me senti tão feliz por ter conseguido fazer as contas da
prova e ter ficado bem, relaxada, de boa. Era notável o quanto eu estava feliz
quando cheguei em casa, porém diferente dos outros dias que minha mãe
estava sempre amigável, hoje ela estava bem, mas de repente mudou de
personalidade, mudou de humor muito rápido. E do nada ficou ácida e mal
humorada. Preferi ficar no meu quarto, estudando e depois de finalizar meu
trabalho, fiquei lendo. Resolvi ir para a escolinha mais cedo, não queria
aguentar seu humor. Encontrei minha tia na aula e ela veio dormi em nossa
casa, e mamãe está bem de novo, me tratando como antes, apesar de ter
ficado a tarde inteira ignorando minha existência.
● Nota: Detesto que minha mãe mude de humor tão rápido, detesto que
sempre sou alvo fácil de suas reclamações. Mesmo sabendo que não é
culpa minha, me sinto obrigada a sentir algo, alguma coisa. Não posso
simplesmente ignorar suas variações de humor, não posso
simplesmente fingir que não acontece. Só não aprendi como lidar com
isso. Tive quinze anos para aprender, mas não quero ter mais tempo,
meu desejo era ir para um internato no ensino médio, mas meu pai disse
que isso não iria acontecer porque eu não conseguiria ir mais aos cultos
de jovens, que eu não viraria mais uma organista, e não iria mais ser
auxiliar das criancinhas. Todas essas coisas são importantes pra mim,
mas as vezes me pego pensando se elas não poderiam deixar de ser.
Só queria ir embora.

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