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No final da guerra sou picado por Nagine, a maldita cobra de Voldemort, finalmente morrerei e sem

saber se lutei por algo verdadeiramente certo, os dois lados só s e importavam consigo mesmo, mas
eu protegi o último rastro da minha melhor amiga na Terra até a minha morte, mesmo que eu não
tenha sido feliz, até porque não é por eu querer entender as coisas e ter uma vida diferente que algo
irá mudar, eu queria entender o meu pai, ele sumiu quando eu completei dezoito anos e o
comportamento dele sempre foi estranho, ele era um bêbado agressivo e sempre falava que eu
tinha que parar de ser uma aberração e que eu iria aprender daquele modo, mas ele também ia ao
meu quarto quando achava que eu estava dormindo e me observava, dava um beijo nos meus as
vezes, mas sempre me olhava e dizia “boa noite minha princesa”, eu sempre ficava confuso, ele
sempre foi confuso, sempre gostei quando ele me elogiava ou me chamava assim.
Independente de tudo eu amo o meu pai e ele me deu o melhor padrinho do mundo, antes da
primeira guerra contra Voldemort eu tive que me afastar dele por ser um trouxa, esse é um dos
meus maiores arrependimentos, ele e o meu pai se balanceavam juntos, além de que a amizade
deles era engraçada e feliz, eu gostaria de ter passado o feriado de pascoa com ele, era uma tradição
importante na cultura da mãe dele e por isso ele achava importante também, mesmo que eu não
passasse esse dia com ele ou pedisse a benção no dia certo, ele ainda me trazia uns ovos de
chocolate que tinha feito.
Eu queria ter sido feliz, não ter lutado tanto, eu quero que isso não tenha sido em vão, que a minha
vida tenha valido para algo, eu só ... quero um pouco de paz.

“Meu pequeno anjo desculpe”

A tontura veio forte, com uma força que eu nunca senti na vida, meus olhos estavam ardendo, como
isso pode ser possível, gemo de dor e será que estou no inferno? Afinal eu morri, mas de onde está
vindo essa dor incomum?
Começo a tossir desesperadamente, uma tosse seca inacabável, abro os olhos e os sinto arder um
pouco mais, tento reconhecer o local em que eu estava, um quarto mofado e que precisa ser limpo,
reconheci como o meu quarto, o mesmo em que dormi durante toda minha infância, sinto meus
olhos queimarem novamente e começo a chorar, a tosse intensificando com o ato, a única
explicação para isso é que eu voltei no tempo.
Eu não pude nem morrer, será que é impossível para mim ter paz, pelas coisas que tem aqui eu devo
estar no quinto ou sexto ano de Hogwarts, terei que passar por tudo aquilo novamente? A tosse
ficou tão forte ao ponto de sair sangue, essa situação é confusa demais, eu sou um adulto e estou no
meu corpo adolescente, nada faz sentido.
Me levanto e vejo o ambiente girar, vou lentamente até a porta enquanto me apoio nas paredes,
tentando inutilmente não cair dentro de um ambiente que eu conhecia tão bem, eu preciso de um
copo de água e essa motivação me fez conseguir abrir a porta e ir até a cozinha.
O corredor estava sujo e podre, não que isso me surpreenda, minha mãe era muito dependente de
magia e não sabia fazer quase nada sem ela e o seu pai, bom ele era abusivo e não arrumava nada
também, aquela sujeira deve ter piorado minha situação, coloco a mão em freta a minha boca
enquanto tusso, ao passar pela sala vejo o meu pai tomando cerveja no sofá, passo direto fingindo
que não o vi.
Finalmente cheguei à cozinha, mesmo com dificuldade eu consegui, fui pegar um copo e ao segurá-
lo notei que também estava tremendo, abri a geladeira e peguei a garrafa de água, enchi o copo e
bebi mais de uma vez, quando enchi a barriga de água parei e respirei fortemente, comecei a
respirar fundo e espirar, tentando melhorar um pouco.
Enquant isso coloquei a garrafa de volta na geladeira e fechei a porta, sentei-me na mesa que tinha
ali e cruzei os braços, deitando minha cabeça sobre eles e agradecendo a Deus pela tosse ter
passado enquanto continuo a respirar profundamente, para garantir que ela não volte, uma das
coisas tinha passado, só não entendo o porquê da tremedeira e tontura persistirem. Como tudo isso
aconteceu, eu tinha morrido e agora tinha voltado para ante das guerras, duas guerras valem
ressaltar, isso é uma piada? Me fazer voltar e sofrer tudo novamente, só pode ser uma brincadeira
de mal gosto.
Voltei ao meu corpo de dezesseis anos, voltei a ter o corpo frágil e cheio de hormônios que tinha
naquela época e quando me dei conta disso voltei a chorar enquanto continuava a tremer, chorei
como se não houvesse amanhã sem medo de alguém me ouvir, sem medo de alguém falar comigo,
meu pai não se importa mesmo, esse pensamento só o fez chorar ainda mais. Eu só queria morrer,
eu só quis morrer a maior parte da minha vida, eu implorei de joelhos para morrer e não consegui,
por que eu não consigo?
Apoio minhas mãos na mesa fracamente e me levanto, pego mais um copo de água por segurança a
levando para o meu quarto, passei pela sala novamente e voltei a ignorar meu pai sentado nela. Fui
andando para o meu quarto, soluçando e tremendo, percebendo o quanto a casa era fria, parecendo
ainda mais do que em suas memórias passadas.
Entrei no meu quarto e coloquei a água em cima da cômoda, deitei-me em minha cama, o sono já
me dominando, meu coração batendo lentamente ao ponto de conseguir os escutar, é tudo tão
silencioso sem a minha mãe aqui.
Uma lágrima solitária caiu do meu olho enquanto eu pensava em tudo, minha amizade com Evans já
deve ter partido, o maldito James Potter está vivo, o outro Potter nem nascido ainda tinha, os
Marotos estão vivos e piores que nunca. Esse inferno nunca acaba, eu só queria que ele parasse,
mas não para, nunca para.
Repeti isso tantas vezes que minha cabeça passou a doer ainda mais, por que meu corpo dói tanto?
Eu não queria voltar a sofrer, não queria passar por tudo novamente, eu só queria morrer e n~~ao
consegui isso, além de estar sentindo dores incomuns, nunca senti isso antes.
Boto as mãos na cabeça e tento respirar fundo, será que eu senti isso no meu passado e não lembro
por ser tão doloroso? Isso realmente tem que parar, começo a massagear a cabeça para tentar
aliviar a dor, me encolho e enrolo o melhor possível no lençol gasto que tinha.
Passo um bom tempo massageando a minha cabeça até sentir a dor diminuir, não estou sentindo
nem o meu corpo mais, é melhor assim eu acho, melhor que a dor, mesmo que eu esteja fraco e
provavelmente parecendo um fantasma, mas eu estou calmo. Agora que eu consegui me acalmar eu
penso se teria como eu desistir de Hogwarts, não quero voltar para lá, nada bom aconteceu lá.
Se eu fizer isso o problema das duas guerras vai ser só da conta de Dumbledore e Voldemort, eu
estaria livre deles, talvez eu pudesse trabalhar em alguma lanchonete ou algo assim aqui no mundo
trouxa, talvez eu entregue minha varinha pro papai, igual minha mãe fez, será que ele vai me amar
se eu fizer isso? Na verdade, eu acho que se fizer isso ele vai me amar ainda mais, já que toda vez
que ele pensa que eu estou dormindo me trata com carinho, realmente parece uma boa ideia.
Talvez eu ainda não tenha brigado com a Evans, já que não sei minha idade atual, mas isso
realmente nem faz tanta diferença, ela já estava me tratando estranho e se afastando antes disso e
tudo porque eu decidi ajudar o Régulos a ser uma pessoa melhor, já aceitei que não seremos mais
amigos, me conformei que mudamos e não somos os mesmos de nossas infâncias, protegi o filho
dela pela culpa e carinho que sentia pela minha primeira amiga e isso foi o suficiente para mim.
Me movi na cama e com isso sinto minha cabeça doer, estava prestes a fechar os olhos totalmente
quando vislumbro a minha varinha em cima da cômoda velha que tinha no meu quarto e eu usava
como mesinha de estudo também. É realmente a melhor opção a entregar para o meu pai, minha
mãe conseguiu com este ato fazer o papai ficar menos estressado, talvez pelo fato de o objeto que
ele sente nojo estar em sua posse e não de outra pessoa, provavelmente o deu alguma segurança.
Provavelmente essa pode ser a única coisa boa em ter voltado, ter finalmente o pai que ele sonhou,
lembro muito bem que minha mãe se suicidou no início do meu quinto ano e antes disso ela já
estava totalmente apática com tudo, eu não a vi enquanto ia na cozinha, então já deve ter
acontecido. Realmente já aconteceu a discussão com a Evans, a briga com ela e o suicídio da minha
mãe foram no mesmo ano, eu nem acreditei que aquilo tinha acontecido até voltar para casa, só
nesse momento eu me toquei de tudo, que ela nunca ia voltar, que tinha me deixado nessa casa fria.

Frio.
Frio.

Por que está fazendo tanto frio? Antes não era assim, então o que aconteceu para agora ser frio por
dentro e por fora? É melhor eu dormir, pisco algumas vezes em busca de adormecer. Talvez meu pai
apenas quebre a minha varinha, vai ser melhor assim.
É essa realmente é uma boa ideia, é o melhor a se fazer, tenho certeza.
Adormeci profundamente e nem ouvi meu pai entrando no quarto com algum equipamento trouxa,
ele colocou em um cantinho e ligou, o negócio era silencioso e saia uma fumaça que ia em direção
ao meu rosto me fazendo respirar melhor.
Tobias se aproximou do filho com certo receio e o enrolou melhor, olhou para a cômoda e fez uma
cara de nojo ao avistar a varinha do filho, saindo de lá rapidamente após isso.

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