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Disponibilização: Eva e Liz
Tradução: Claudinha
Revisão Inicial: Ely e Ava
Revisão Final: Fabi
Leitura Final: Byahz
Formatação: Eva Bold
Dos últimos seis anos da minha vida, só me lembro de metade
dela. Depois de uma dúzia de médicos e milhares em contas
médicas, fui diagnosticado com uma doença neurológica rara -
uma que me faz perder a noção do tempo. Às vezes são horas, dias
ou até mesmo semanas sem lembranças de nada. A coisa boa é que
tem sido quase dois anos desde que tive o meu último 'blackout'.
Parece muito melhor que os médicos se referem a eles como
"episódios", como se minha vida fosse uma comédia maluca.
Durante esses dois anos normais, finalmente consegui obter
meu diploma de bacharel, um trabalho que amo, e acabei de propor a
uma mulher que sempre esteve lá para mim. Pela primeira vez em
muito tempo tudo está caminhando bem.
Até que uma mulher estranha aparece na minha porta - ela
diz que sou seu marido e acho que ela é louca. Até que recebo um
correio de voz no meu telefone. É de um cara chamado Cal. A parte
estranha é, que é o mesmo nome que a mulher estranha me chamou.
O que me apavora, é esse cara Cal... Porque sua voz soa como a
minha.
Chris
07 de março de 2013
1
baga é o tipo mais comum de fruto carnudo simples, no qual a parede do ovário inteiro amadurece em um pericarpo
comestível.
meu rosto, estou congelado, preso no lugar. Não posso me mover. Estou
dizendo a meus pés para dar um passo para trás, mas eles não se movem.
"É você", diz ela, jogando seus braços em volta de mim. O vento
sopra seus longos cabelos escuros no meu rosto. Olhei novamente para
seu rosto mesmo que esteja chorando, está iluminado com o
reconhecimento. Ela me conhece, ou pensa que sim. Estou ficando mais
assustado a cada minuto. Está me segurando tão forte que posso sentir
seu coração bater. Está quase saltando pelo peito. Inferno, talvez seja o
meu. Esta mulher aleatória, embora linda, está chorando e me abraçando
enquanto minha noiva está a alguns metros de distância, não consigo me
mexer. A pior parte é que meu cérebro não está se conectando com meu
corpo, porque meus braços estão se movendo para abraçá-la - bem, eles
estão tentando, mas com certeza isso não está acontecendo!
Eu não hesitaria em ajudar uma mulher em perigo, mas se Jenna
me encontra aqui abraçando esta garota, especialmente depois de ontem,
estou ferrado. Mas está difícil detê-la. Estou literalmente tremendo, ou
talvez ela esteja tremendo e está me fazendo tremer. Antes que eu possa
abrir a boca para perguntar quem ela é, ouço passos atrás de mim.
"Senti tanto a sua falta", diz Hazel Eyes, apertando-me com mais
força.
"Chris, quem é esta?" A voz de Jenna envia um frio acima de minha
espinha, e a garota me solta. Ela olha para mim e confusão substitui a
euforia anterior em seu rosto.
- Chris?
Ela afasta-se de mim, sua atenção se voltando para Jenna.
“Chris? Seu nome não é Chris!" Sua voz é aguda e um pouco
aterrorizante. Seu olhar é dirigido de volta para mim, o exterior vulnerável
que ela anteriormente tinha se foi. Agora há fogo atrás de seus olhos.
Jenna caminha para mais perto de nós, surpreendentemente mais calma
do que eu pensava que seria.
"Eu... eu não sei!" Respondo rapidamente. Estou tentando me
mover de novo, mas meu corpo não está funcionando. Não posso me
afastar dessa garota.
"Quem sou eu? Quem é você?" Ela pergunta, sua voz levantando
uma oitava um segundo depois, com o olhar que ela me dá, juro que está
prestes a me dar um gancho de direita. Estou começando a pensar que
esta mulher, com olhos de anjo, não mais alta do que talvez 1,60m,
poderia estar louca, e meus malditos pés não me deixam fugir dela.
"O quê?", Ela grita zangada, mas a descrença em sua voz e
desespero em seus olhos faz meu coração quebrar. Não sei quem ela
pensa que sou, mas se isso tirar a dor em seus olhos, eu seria quem ela
quiser que eu seja.
O que há de errado comigo?
"Acho que você me confundiu com outra pessoa", lhe digo hesitante.
Volto-me para Jenna. A calma, que fiquei surpreso mais cedo, é
repentinamente substituída pela raiva que eu esperava. "Ela só começou
a chorar quando me viu", tento explicar.
"Que diabos você está falando?!" a garota diz, seu tom alto, mas sua
voz fraca, quase implorando. Meu peito está apertado como se alguém
estivesse de pé em cima dele. Tento controlar a minha respiração. A
última coisa que preciso é Jenna pensando que isso é algo que não é.
Ela não parece que está confusa!" Jenna diz com raiva, olhando
para a mulher.
"Cal, o que diabos você está tentando fazer?" A garota grita. Olho de
volta para ela. Pelo menos o fogo está de volta. Meus pés são finalmente
capazes de se mover.
"Meu nome é Chris", falo a ela, movendo em direção a Jenna, que
parece um pouco menos irritada desde que esta garota parece estar
procurando um cara chamo Cal. Tudo isso tem que ser um grande mal-
entendido.
"Olha, quem é você?" Jenna pergunta. Agora, ela parece mais
irritada do que com raiva.
"Sou sua esposa, é quem eu sou. Quem diabos é você?!" a pequena
morena cospe, e com essas palavras estou no inferno, literalmente no
inferno. Tenho medo de olhar para Jenna, mas ela está rindo. Está
perdida. Estou entre duas mulheres psicóticas.
"Oh, eu vejo. Isso é uma piada. Bom, Chris. Você quase me pegou
por um minuto, mas você sabe que sei reconhecer rapidamente suas
brincadeiras." Ela me bate no peito. Então percebo que isso tem que ser
uma piada, uma brincadeira que Lisa está fazendo. Soltei um pequeno
suspiro de alívio, mas a outra mulher na varanda está lívida. Suas
narinas estão queimando, olhos arregalados e se este fosse um filme de
terror, esta seria a parte quando a cabeça dela começar a girar ou
incendiar a casa.
"Parece que estou brincando?" Ela pergunta freneticamente,
lágrimas brotando em seus olhos. Essa mulher é muito boa para estar no
orçamento de Lisa.
"Cal diga a ela!", Tenho medo que esta brincadeira esteja ficando
fora de controle.
"Meu nome não é Cal." Estou prestes a ter um ataque de ansiedade
aqui. Tenho a sorte de nunca ter tido um desses, mas tenho certeza de
que isso é o que parece.
"Chris, quem é ela?" Jenna grita. Ninguém mais acha que isso é
uma brincadeira.
"Jenna, nunca vi essa mulher antes na minha vida!" Eu grito.
"Você idiota!" A morena está agora me empurrando. Se ela não fosse
tão pequena, eu teria sido empurrado para dentro da porta.
"Agora você não sabe quem eu sou?"
Não sei o que fazer. Estou evitando tocá-la, mas Jenna está olhando
para mim como se estivesse prestes a me empurrar se eu não fizer alguma
coisa.
"Bem, quem me deu isso?" Felizmente ela parou. Mas então
começou a tirar algo do casaco e atirá-lo para mim. Seja o que for, Jenna
agarra e olha. Oh não, por favor, não seja o que parece.
"Chris, isto é um anel de casamento!", Ela grita, empurrando-o na
minha cara. Jenna deve saber que isto não veio de mim. A coisa parece
que custa mais de um ano de trabalho.
"Nunca vi isso antes na minha vida! Nunca a vi na minha vida!"
"Chris, não minta para mim!" Jenna está gritando, ela está
começando a chorar. Nunca a vi chorar antes.
"Ela nem sabe o meu nome! Ela é louca!" Grito apenas para fazê-la
me ouvir. Isso é loucura. Como ela poderia pensar que me casaria com
outra pessoa além dela!! Acabei de lhe propor, isso é ilegal. Jenna ainda
está olhando para o anel. Agarro a mão dela.
"Jenna, juro para você. Não tenho a menor ideia do que ela está
falando," tento dizer para ela mais calmamente e agora a outra mulher
está rindo histericamente.
"Quem diabos é ela para você? É por isso que você saiu? É por isto
que você me deixou?!" Hazel Eyes está me agarrando agora.
"Ele é meu noivo!" Jenna grita para ela.
"Como diabos ele pode se casar com você quando ainda está casado
comigo?!", ela grita. Agora estou irritado. Isto não é um jogo ou uma
piada. Essa porcaria que ela está falando pode destruir minha vida.
"Eu nem te conheço! Quem é Você? Como você me conhece?"
Pergunto a ela, sem esconder a minha raiva.
"Todo esse tempo - todo esse tempo! - Você estava mentido para
mim e agora... Agora! Age como se nem soubesse quem eu sou!" Ela está
chorando histericamente, e imediatamente me arrependo de ter gritado
com ela. Sinto uma dor de cabeça maçante vindo, porque isso está
acontecendo agora. Não vou apagar! Ela está saindo da varanda.
Lentamente, mas saindo. Antes de sair quero dizer a ela para não dirigir
em seu estado atual. Mas a melhor coisa para mim é que ela esteja o mais
longe possível para que eu possa tentar salvar bagunça.
"Quero o divórcio! Nunca mais quero vê-lo novamente! Nunca mais
chegue perto de mim ou de Caylen! Vou enviar suas merdas através de
Dexter. Quero tudo fora da minha casa!", ela grita. Ah não. Como diabos
ela saberia de Dexter?
“Como ela conhece Dexter? Como diabos ela conhece Dexter,
Chris?" Agora Jenna está gritando comigo.
"Não sei, Jenna! Isso tem que ser uma piada!" E agora sou o único
que está rindo. Não há nada mais que eu possa fazer além de rir. Minha
vida está prestes a desmoronar em torno de mim, e eu não sei o que
diabos está acontecendo.
"Piada! Sou uma piada?! Você acha que arruinar a minha vida é
uma piada?", A mulher grita, agora correndo em minha direção. Ela joga
todo o seu peso contra mim, seus movimentos são frenéticos e em todo o
lugar. Balança os punhos na minha cara, tento agarrá-la para impedi-la,
porque se não fizer isso, ela vai fazer alguns danos sérios.
"Tire suas mãos de cima dele!" Jenna grita e tenta puxá-la de cima
de mim, mas eu não preciso de ajuda Esta menina está irritada, mas ela
não pesa quase nada.
Pego a garota pela cintura para levantá-la e levá-la para o outro
lado da varanda. Quando solto suas mãos, ela enfia um soco diretamente
no rosto de Jenna, e Jenna cai no chão. Larguei a morena para tentar
ajudar ela, mas agora ela está de pé e correndo em direção a morena.
Agarro-a para parar o que está preste a ser uma luta.
Jenna tenta esticar-se sobre mim e consegue capturar uma mão
cheia de cabelo de Hazel. De alguma forma tento soltar seus dedos, mas
levo varias cotoveladas no processo. Depois de tentar fazer malabarismo
com as duas mulheres, pego Jenna e a carrego para o outro lado da
varanda. Ouço a porta da minha casa abrir e sou grato por ver meu pai
aparecer, mesmo que a morena tenha se acalmado.
"O que está acontecendo?" Meu pai pergunta, parecendo perplexo.
"Esta psicopata acaba de nos atacar!" Jenna grita, finalmente se
acomodando em meus braços quando vê meu pai.
"Isso não tem nada a ver com você! Isso é entre eu e meu marido!" A
morena diz bruscamente, recuperando o fôlego.
"O quê?!" Meu pai pergunta a ela com raiva.
“Diga a ela, pai. Ela não acredita em mim!" Eu imploro. Alguém
tentará me acordar desse pesadelo? A morena está se movendo
lentamente para fora de nossa varanda, mas ela parece instável. Está
prestes a desmaiar, e corro para pegá-la bem antes que caia. Eu a pego
enquanto meu pai me olha com desaprovação, e os olhos de Jenna me
lançam punhais. O que eu deveria fazer? Deixá-la cair no chão?
Minha mãe pisa na varanda, juntando-se a este espetáculo.
"O que está acontecendo?" Pergunta, em pânico.
“Eu gostaria de saber!” Jenna ri com amargura. Minha mãe
caminha até mim e olha para a garota em meus braços.
"Lauren?" Ela olha para a mulher desmaiada nos meus braços,
seus olhos arregalados com reconhecimento, como se tivesse visto um
fantasma. Seu lábio treme, e sua mão dispara rapidamente para cobrir
sua boca.
"Você a conhece?" Jenna e eu perguntamos em uníssono. Minha
mãe olha entre Jenna e eu.
Meu pai solta um suspiro e cobre seu rosto. "Merda! Merda! Merda!"
Seus gemidos aumentam com cada palavrão, e sei que algo está errado.
"Querido, vá deitá-la na sala de estar e leve Jenna para casa.
Quando você voltar, temos algo que realmente precisamos lhe dizer", diz
ela, com lágrimas nos olhos.
"Não estou indo a lugar nenhum! Quem diabos é essa mulher, e por
que você a conhece?" Jenna chia.
"Jenna se acalme", digo a ela. Sei que ela está ficando louca e
confusa. Eu também, mas não a deixarei gritar na cara da minha mãe.
"Eu não farei! Quem é? Ela aparece dizendo que é casada com você,
com um anel que custa muito mais caro do que o que você me deu! Você
alega que não a conhece, mas conhece Dexter. Sua mãe obviamente a
conhece, e você acha que vou ser mandada para casa como uma criança.
Quero saber quem é essa mulher agora ou juro por Deus que nunca mais
vou falar com você de novo, Christopher!” Jenna diz enquanto as lágrimas
escorrem pelo seu rosto.
"Jenna, por favor!" Meu pai grita, e estamos todos surpresos,
especialmente Jenna. A autoridade em sua voz, por uma vez, me lembra
um Crestfield.
"Por favor, deixe Chris levá-la para casa. Não é o que você pensa.
Prometo que vocês dois terão respostas até o final do dia, apenas vamos
cuidar disso por agora." sua voz mais calma, mas não menos autoritária.
Jenna olha para mim, e eu balanço a cabeça. Eu não sei o que está
acontecendo, mas sei que se Jenna ficar aqui só vai piorar as coisas. Além
disso, eu realmente não quero estar aqui quando esta garota acordar.
Meu pai chega e pega a mulher deitada em meus braços. Quero
entregá-la, mas meu corpo está hesitante e estou confuso quanto ao
porquê de ser protetor de alguém que nunca conheci, especialmente com
meu pai. Eu confio nele com minha vida. Minha mãe me olha nos olhos e
confortavelmente aperta meu ombro.
"Está bem. Ela está segura conosco", diz ela, me olhando
diretamente nos olhos.
"Oh, foda-me," Jenna grita, e percebo como isso parece. Não
entendo nada do que está acontecendo. Entrego a garota para o meu pai,
mas pelo tempo que levo, Jenna saiu da varanda e está indo em direção a
seu carro.
"Jenna," eu grito, correndo atrás dela. Ela se agita e segura sua
mão.
"Não. Você fica! Obviamente é onde está a sua preocupação agora!",
Diz ela, abrindo histericamente a porta do carro.
“Jenna, não! Não é assim!" Imploro enquanto ela bate a porta na
minha cara. Tento abrir, mas ela está trancada. Ela abaixa a janela.
"Fique longe de mim, Chris. Vá cuidar de sua esposa!" Ela grita
antes de sair da entrada. Eu chuto a sujeira e soco o ar. Minha vida se
transformou em um inferno. Olho para cima, e meu pai está de volta na
casa. Minha mãe está na varanda olhando para mim com lágrimas nos
olhos.
"Como você a conhece, mãe?" Estou gritando agora. Sei que não é
culpa dela, mas ela sabe alguma coisa. Estou tão louco, há lágrimas nos
meus olhos agora.
"Christopher," ela implora.
"Diga-me!" Eu grito novamente.
"Chris." Meu pai reapareceu na porta e desce para me encontrar.
“Vá atrás de sua noiva. Vamos explicar mais tarde", diz ele. Sua voz
é calma enquanto me entrega o meu telefone e as chaves, ignorando
minha expressão perplexa. Ele pega a mão de minha mãe e a leva para
dentro da casa.
Estou na zona do crepúsculo. Como ele está tão calmo agora? Eu
não tenho tempo para questioná-lo. Salto na minha caminhonete, pronto
para ir atrás de Jenna, mas bato minhas mãos no volante. Ela não vai
ouvir nada que tenho a dizer, a menos que eu tenha uma explicação para
tudo isso.
Pego meu telefone para ligar para ela. Vejo todas as chamadas
perdidas de ontem, de Jenna, meus pais, e Lisa. Há mensagens de voz de
cada um dos seus números mais um desconhecido. Aperto para escutar o
número desconhecido. No começo tudo o que ouço é um monte de
estática e vento. Então começa.
"Você realmente é mais louco do que eu pensava. Todos esses anos
e você ainda acha que está apenas tendo apagões?! Não tenho muito
tempo, então vou direto ao ponto. Você não pode se casar porque você já é
casado, idiota. Fale com Dexter. Faça a coisa certa ou terei que fazer isso
por você. Fique longe de qualquer Altar." A voz ri. "Sem trocadilhos. Se
não fizer isso, haverá um inferno para pagar. Você pode apostar nisso. Ah,
e por falar nisso, já que ninguém te informou merda nenhuma, eu sou
Cal."
Reproduzo a mensagem novamente e novamente. Minhas mãos não
param de tremer. A parte assustadora é, esta é a segunda vez hoje que
ouço o nome Cal. Mas, o que me aterroriza é que a voz na mensagem é
minha.
Isso é uma piada. Alguma piada doente, bagunçada, torcida. Bato
meu telefone no volante enquanto a caixa de correio de Dexter entra pela
milésima vez. Que porra eu fiz para merecer isso? Toda a minha vida
tentei fazer a coisa certa; Ouvir os meus pais, tratar as pessoas com
respeito, seguir as regras, para acabar com uma desordem cerebral que
me faz ter apagões e amnésia.
Depois, de tudo o que aconteceu hoje, pego essa voz no meu
telefone - esse idiota no meu telefone - acrescentando um milhão de
perguntas às cem que eu tinha antes mesmo de ouvir a mensagem.
Como essa pessoa poderia soar como eu? Quem sou eu, brincando,
não soa como eu, sou eu. Mas como? É impossível. Por que eu me
chamaria Cal? Não poderia ter sido eu. A pior parte é, hoje de todos os
dias, esta garota aparece alegando que sou seu marido cujo nome
acontece de ser Cal. Tenho medo de colocar as peças e juntar tudo.
"Faça isso certo ou sua vida virará um inferno!" Quem diabos esse
cara acha que é para me ameaçar? Por que me ameaçaria? Isso não pode
ser real. Talvez não seja a minha voz. Quero correr para casa e deixar
meus pais ouvirem a mensagem, mas a garota ainda está lá.
Definitivamente não posso lidar com isso agora. E por que eu iria falar
com Dexter sobre essa fixação em vez de meus pais.
Chamo Jenna e rezo para ela atender. Se alguém pode dizer que
esta não é a minha voz, é ela.
“Não me chame mais Chris!" Ela grita para mim.
Jenna. Realmente preciso te ver," eu imploro.
"Oh, você precisa de mim? E a esposa que você estava tão protetor?
A que você supostamente não sabe", ela diz sarcasticamente. Estou
realmente começando a repensar em deixá-la ouvir esta mensagem.
“Jenna. Estou com medo." Eu interrompo. Sempre fui honesto com
ela, e espero que isso valha alguma coisa. Há uma longa pausa.
"Estou na esquina da 4ª e Higgins", ela diz e desliga o telefone. 4º e
Higgins fica a apenas 3 minutos. Não costumo acelerar, mas hoje é uma
exceção. Vejo seu carro estacionado na esquina. Saio e ando para o lado
do motorista.
"Posso entrar?" Pergunto. A carranca que ela me dá responde a essa
pergunta. Tento pensar na melhor maneira de mostrar a mensagem. Para
explicar a ela que não sei por que essa voz soa como eu, e o fato de que
ele está falando sobre coisas que não tenho ideia. Realmente preciso de
sua ajuda para descobrir isso.
"O que? Você está realmente me deixando nervosa!", Ela diz,
olhando para mim. Sei que não há nada que possa prepará-la para o que
ela está prestes a ouvir. Só espero que ela diga que não sou eu. Como sou
realmente otimista, ela vai dizer que vamos descobrir isso juntos. Respiro
fundo, toco a mensagem e vejo seu rosto passar de zangado para
horrorizado.
"Que diabos Chris?", Diz ela com raiva. Meu estômago revira. Esta
conversa não vai ser como eu esperava.
"Isso é uma piada?", Ela grita para mim.
"Jenna não sou eu", falo irremediavelmente. Parece, mas não pode
ser...
"Merda! Com certeza, soa como você! Como poderia... por que você
está fazendo isso?" Ela começa a chorar.
"Não sou eu, Jenna. Não sei como isso é possível, mas não sou eu",
imploro para ela. "Por que faria isso, Jenna? Por quê?" Digo a ela
enquanto levanta a janela. Empurro meu braço para impedir que ela
feche completamente.
"O que eu deveria dizer sobre isso?" Ela grita
"Eu não sei", digo exausto.
"Ajude-me a descobrir isso, preciso de você", imploro para ela.
"Você está dizendo que não é você, mas é muito parecido com você.
Na mensagem você está dizendo - está dizendo - que está fodidamente
casado, logo depois que essa louca aparece e diz que é sua esposa. Estou
começando a pensar que talvez você esteja louco, e ela está sã!" Ela diz,
sua voz esforçada.
"Se eu estivesse mentindo, por que deixaria você ouvir isso, Jenna?"
Grito de volta para ela. Ela está balançando sua cabeça furiosamente.
Jenna sempre foi analítica e capaz de cortar as besteiras. Ela pode dizer
se alguém está mentindo antes de abrir a boca, mas agora ela não pode
fazer nada disso.
“Me ajude a pensar, Jenna. Quais são as explicações razoáveis para
isso? Você está na faculdade de direito. Vocês conhecem todos os fatos,
certo? Quais são os fatos aqui?" Agarro a parte de trás da minha cabeça
com uma mão em frustração, enquanto mantendo a outra na janela de
seu carro desde que eu sei que se tirá-lo ela vai movê-lo. Ela solta um
suspiro.
"Entre, Chris", diz ela, derrotada. Faço isso imediatamente, mas ela
nem olha para mim.
"Deixe-me ver o telefone", diz ela, soltando uma respiração
profunda. Dou-lhe a mão e repito a mensagem. Agora seu rosto está
estoico. Ela toca de novo e de novo e isso me deixa cada vez com mais
medo.
"Esta é a sua voz, mas realmente não soa como você em tudo. O
tom, a inflexão, o fraseado estão todos errados. Você quase nunca jura."
Ela suspira novamente e esfrega as têmporas.
"Ele diz que eu não entendi", falo, referindo-me à voz como outra
pessoa, porque não sou eu. Nem em um milhão de anos. “Sobre ele. Tem
que ser. Ele está se apresentando no final da chamada. Ele é presunçoso
e arrogante porque sabe mais do que você. Mas sua falta de informação o
ferrou.”
“Por que está dizendo que sou casado? Por que ele se importaria
mesmo que nos casássemos? Não conheço esse cara." Cruzo minhas
mãos firmemente. Ela descansa sua cabeça sobre o volante e depois de
alguns segundos, ela levanta sua cabeça. Finalmente olha para mim, com
uma expressão de dor.
"O quê?" Pergunto, com medo de ouvir o que ela está prestes a
dizer.
"Porque ele é você", diz ela calmamente.
"Jenna, não sou eu."
"Sim, é. Tudo faz sentido. "Agora ela está tentando compreender.
"Esta mulher aparece, sua mãe a conhece, seus pais..." Ela suspira.
"Não, não sou eu!", Grito com raiva.
"E se esses apagões não forem apenas apagões? E se for mais do
que isso? E se você estiver consciente e faz coisas que não se lembra, mas
como outra pessoa?”
“Não. Isso é impossível." Balanço a cabeça. De jeito nenhum. De
jeito nenhum isso seria possível.
"Faz sentido", diz ela bruscamente.
"Como? Como eu poderia fazer isso sem que ninguém soubesse?"
Pergunto defensivamente.
"Bem, obviamente, as pessoas sabem. Dexter pode ser um deles.
Ele lhe diz para falar com ele e..." ela faz uma pausa hesitante.
"O quê?" Eu pergunto.
"Seus pais têm que saber", diz ela cautelosamente, enxugando os
olhos.
"Não! De jeito nenhum! Meus pais não iriam manter algo assim de
mim. Não há jeito."
"Obrigado, Jenna, mas não. Tem que haver outra explicação." Saio
do carro dela. Não, não é possível.
“Pense nisso, Chris! Como sua mãe sabia quem era aquela
mulher?" Ela me chama, sai do carro e segue atrás de mim.
"Por que eles disseram que iriam explicar? Se não soubessem o que
estava acontecendo, como seriam capazes de explicar qualquer coisa?!”
Minha garganta está queimando, começo a entrar em pânico. Me
viro para encará-la. "Se for, se você estiver certa. Sabe o que isso
significa?" Grito, para liberar minha frustração. Desamparo. Sinto-me
doente. A única coisa que me impede de vomitar é que ela tem que estar
errada. Ela quase nunca está errada.
"Você acha que estou feliz com isso?", Ela grita para mim. "Você
acha que quero estar certa? Que não quero que isso passe de um mal
entendido?" Sua voz sumindo. Ela cobre o rosto e se vira. "Se isso for
verdade, você realmente está casado, Chris!"
"Não quero que isso seja verdade! Nunca quis estar mais errada em
toda minha vida... Mas acho que não estou." Ela respira fundo. "Seus
pais," ela geme. "Se eu estiver certa, e eles sabem..." Ela balança a cabeça
desafiadoramente. "Como eles puderam fazer isso? Como não te
disseram?" Ela está histérica e eu a agarro e abraço-a fortemente. Ela
parece exatamente como me sinto por dentro: zangada, confusa e
frenética. Não posso deixá-la ver que estou tão assustado quanto ela está,
ainda mais. Porque se isso for verdade, minha vida nunca mais será a
mesma.
Sigo Jenna até sua casa para ter certeza de que ela vai chegar bem
no estado em que está. Ela sai e caminha até meu carro.
"Você tem certeza de que não quer que eu vá com você?" Pergunta
calmamente. Aceno com a cabeça. Realmente gostaria que ela estivesse
comigo, mas não sei o que estou prestes a ouvir e ela não é tão boa em
reprimir suas emoções como eu sou.
"Vou ligar para você assim que terminar de falar com eles", falo,
tentando meu melhor sorriso. Ela se inclina para me beijar, mas não em
meus lábios, bem perto deles. Não sei o que fazer. Meu cérebro está muito
cansado para analisá-lo.
Assim que ela fecha a porta, dirijo para minha casa Há tantas
coisas correndo pela minha cabeça. A voz chamada Cal. O que Dexter tem
a ver com isso? A teoria de Jenna. Meus pais. A garota que minha mãe
chamou de Lauren, que, se Jenna estiver certa, é... Eu nem vou pensar
no que isso significa.
Quando viro em minha rua, vejo um Audi branco estacionado em
frente à nossa casa. Não percebi isso antes, mas é difícil de perder agora.
Deve ser o carro da garota, o que significa que ela ainda está aqui. Meu
estômago revira. Estaciono atrás da casa. No meu lugar habitual e entro
pela cozinha, uma vez que me certifico que não tem ninguém.
Quero falar com Cal. Agora mesmo!" Ouço sua voz gritar. Meu
estômago se contrai, me aproximo da porta para que eu possa ouvir.
“Ele não quer me ver? O dano já foi feito! Eu só... Ele me deve uma
explicação!" Ouço passos se aproximarem, e me afasto da porta.
"Lauren, acalme-se, por favor," ouço minha mãe dizer, e os passos
param.
"Você sabe meu nome?" Ouço a garota perguntar. Ela parece tão
surpresa quanto eu. Ela não conhece meus pais.
"Nós sabemos quem você é. Você é a esposa de Cal”, ouvi meu pai
dizer. Minha garganta aperta. Como eles sabem quem é esse 'Cal'? Meu
coração está batendo mais rápido e mais rápido, mas sei que há uma
explicação razoável para isso. Tem que haver.
"Então ele fala sobre mim? Então, por que ele age como se não me
conhecesse? É por causa daquela mulher lá fora? Desculpe, năo sei quem
você... Ele nunca falou de você. Ele... ele... a voz dela sai, e estou o mais
perto que posso estar da porta sem passar por ela.
"Ele não sabe quem você é. A pessoa que você viu antes não era
Cal," minha mãe diz, e eu solto a respiração que eu tenho segurado. Os
nós em meu estômago soltam. Não posso ajudar o amplo sorriso que se
espalha pelo meu rosto com uma sensação de alívio em meu sistema.
“Eu não entendo... Não, aquele era Cal. Eu sei isso. Tem que ser," a
garota diz inflexivelmente. Ela parece tão certa sobre isso que sinto muito
por ela. Não sei quem é esse Cal ou como ela poderia se sentir algo tão
forte por um cara que parece um idiota ...
"Você está me dizendo que... ele é o irmão de Cal? Ele é o gêmeo de
Cal?"
Por que Jenna e eu não pensamos isso? Isso faria muito sentido.
Talvez eu tenha um gêmeo, ou um irmão que se pareça comigo. Não sei
nada sobre meus pais biológicos. É perfeitamente possível, mas a
mensagem... Não se encaixa a menos que ele esteja me atormentando,
mas por quê?
"Sim," meu pai responde.
“William, não. Sem mais mentiras. Ela merece saber a verdade.
Concordamos em dizer," minha mãe diz severamente, e meu estômago dá
um nó. Meu coração está batendo em meus ouvidos.
Você não pode se casar porque você já é casado... Uma vez que
ninguém ligou para informá-lo. Sou Cal.
Ouço vozes, mas não posso dizer quem está dizendo o quê. Aperto
minhas têmporas juntas e tento me concentrar. A única coisa que o Dr.
Lyce me disse para tentar fazer para evitar o apagão. Tenho ficado melhor
no ano passado.
"... Entendo que ele me usou... Ele nunca me amou", afirma a
garota antes de começar a chorar. Eu perdi alguma coisa. Coloquei o
ouvido na porta.
"Oh, não querida, você tem a ideia errada", diz minha mãe, e eu não
sei o que eu perdi.
"Chris e Cal compartilham o mesmo corpo, mas a pessoa que você
conheceu hoje é Chris, não Cal. Essa é a razão pela qual ele reagiu
daquela maneira. Ele realmente não sabe quem você é. Cal é a outra
personalidade separada de Chris..."
Vou ficar doente.
Vou vomitar aqui mesmo.
"Chris tem o que é chamado de Transtorno Dissociativo de
identidade," diz a minha mãe, ouvi o suficiente. Estou tonto. Caminho até
a mesa da cozinha. O lugar parece que está ficando cada vez menor. Meu
peito aperta.
"Você - você está mentindo para ele. Você está encobrindo ele!" A
garota grita.
"Estamos dizendo a verdade. Chris não sabe quem você é. Ele não
sabe o que Cal faz", eu ouço minha mãe dizer, e não aguento mais. Não,
não, não!
Saio da cozinha, e vou para a varanda dos fundos, e sobre a grade
derramo todo o conteúdo que comi. Estou do lado de fora, mas não
consigo ar suficiente.
Eu Sou Cal.
Tento recuperar o fôlego e enxugar as lágrimas quentes que estão
escapando dos meus olhos. Todo este tempo. Nenhuma pista. Pensei que
tinha apenas amnésia, uma desordem neurológica não diagnosticada. Era
tudo uma mentira. Minha vida é uma mentira ou uma delas é. Como isso
é possível? Como pode algo como isso realmente acontecer? Por que eles
mentiriam para mim? Como puderam fazer isso? Dois anos! Dois anos
sem que isso acontecesse.
Bem, além de ontem.
Finalmente terminei meu bacharelado, consegui um emprego
estável, e eles me deixaram fazer tudo isso sabendo que essa aberração
vive dentro de mim. Realmente sou uma aberração, sou louco. Um
psicopata.
Retiro o celular e ouço a mensagem novamente, em seguida, o
arremesso para longe.
Que, diabos é esse cara? Por que não tenho a menor ideia sobre
nada disso? Por que ele sabe mais do que eu? Chuto a sujeira. Realmente
preciso de algo para bater, ou até mesmo quebrar. Sinto que estou
quebrando, e agora, sem perceber, estou chorando.
Eu não chorava desde que descobri que minha mãe tinha câncer.
Me senti impotente, então, me sinto da mesma maneira agora. Tudo pelo
que trabalhei parece sem sentido. Olho para a casa e penso na garota lá
dentro. Como me casei com ela? Nem sei quem ela é. O que digo a ela?
Para Jenna? Não posso me casar com ela, enquanto estou casado com
outra pessoa, e se eu não estiver curado... Existe mesmo uma cura para
isso? Quando é que esse tal Cal aparecerá? Lembro-me de ontem e
começo a estremecer. Foi o que aconteceu em seguida. Ele apareceu... me
chamou. Ele, ele é eu... certo? Não, esse cara não pode ser eu. Não sou
nada disso. Sento na varanda, com a cabeça entre os joelhos. O que vou
fazer? Como posso explicar isso às pessoas? Como posso viver assim?
Meus pais não acreditavam que eu pudesse. Teriam me dito se achassem
que eu poderia lidar com isso.
Transtorno Dissociativo de Identidade. Que diabos isso significa?
Poderia muito bem ser uma maldita‘doença que vive dentro de você’.
Respiro fundo e volto para a casa. Há ainda gritos vindos de trás da porta,
mas ignoro. Subo ás escadas e entro no meu quarto, abro meu laptop,
entro no aplicativo de busca, em seguida, olho para ele. Sento colocando
minha cabeça em minhas mãos. Elas estão tremendo. Uma vez que fiz
isso, não ha como voltar atrás.
Digito Transtorno Dissociativo de Identidade e aperto enter.
1.080.000 resultados. Uau. Rolo para baixo e clico no que parece ser um
link oficial.
Transtorno Dissociativo de Identidade (DID), originalmente
denominado transtorno de múltiplas personalidades, conhecido
popularmente como dupla personalidade, é uma condição mental em que
um único indivíduo demonstra características de duas ou mais
personalidades ou identidades distintas, cada uma com sua maneira de
perceber e interagir com o meio. O pressuposto é que ao menos duas
personalidades podem rotineiramente tomar o controle do comportamento
do indivíduo. Quando sob o controle de uma identidade, a outra
geralmente é incapaz de lembrar os eventos que ocorreram enquanto a
outra personalidade estava no controle. As diferentes identidades,
referidas como alteradas, podem apresentar diferenças de fala,
maneirismo, atitudes, pensamentos e orientação de gênero. As alterações
podem até mesmo apresentar diferenças físicas, tais como alergias, perda
de visão. Essas diferenças e alterações são muitas vezes bastante
surpreendentes.
Fico olhando para a tela verificando todas as informações. Você
pensaria que uma pessoa capacitada deveria saber. Finalmente sei o que
há de errado comigo. Mas é aterrorizante porque torna tudo isso real.
Depois de ler sobre isso pela última meia hora, não vi se há uma cura.
Tratamento, terapia, algo sobre a integração que não faz nenhum maldito
sentido. Aparentemente tenho sorte, porém, só há uma... 'alteração'. Isso
é o que Cal é, um 'alteração'. Suponho que poderia ser pior, Cal poderia
ser uma mulher, e meu marido poderia ter aparecido hoje. Acho que ele
quis dizer isso brincando na mensagem, sabendo que eu não tinha ideia
do que ele estava falando. Esse cara é um canalha. Espero que seja o
único, mas quem sabe? Tento não pensar sobre o que tudo isso significa.
É como se outra pessoa estivesse na minha porta esta manhã,
literalmente.
Minha cabeça pesa mil libras. Quero acordar desse pesadelo. Minha
vida passou do céu para o inferno em questão de segundos. Pergunto-me
quem mais me conhece passou cegamente pela minha vida sem saber a
verdade. Dexter obviamente sabia, mas o verdadeiro ato de traição foi a
mentiras dos meus pais. Eu nunca confiei em Dexter, mas eles... como
eles poderiam fazer algo assim?
Ouço um carro derrapar lá fora e vejo o Audi branco saindo. Ela se
foi. Talvez para sempre. Ela não tinha ideia do que estava acontecendo.
Esse tal de Cal nos ferrou tanto. Se eu fosse ela, iria embora e deixaria
essa bagunça para trás. Se ele for como acho que ele é, ela tem sorte. Não
tem nada a ligando a esta confusão, mas seria o caso de Jenna sair
também. Ela não está amarrada a mim. Estamos apenas noivos.
Estamos envolvidos? Você pode até mesmo se envolver enquanto
está casado com outra pessoa? Casado. Eu sou casado? Cal não é casado.
Isso soa ainda mais ridículo do que eu ser casado. Eu sou... Cal ou Cal é
eu? É uma equação matemática ruim. Como é possível para ele ter um
relacionamento e conseguir se casar enquanto isso estava acontecendo?
Eu deveria ter alguma lembrança dela. Bem, eu fiz, tipo, mas nada de
concreto, sem lembranças, apenas familiaridade...
A emoção que aquela garota sentiu quando me viu. Olhou para mim
como se eu fosse seu mundo. Ela estava devastada enquanto eu não sabia
quem ela era. Ele não poderia ter tido tempo para ter um relacionamento
assim. Como poderia forjar uma conexão com alguém tão intensa quando
ele poderia desaparecer a qualquer momento? Eles não poderiam estar
apaixonados.
Tenho que corrigir isso ou será um inferno.
E quem é ele para me ameaçar? Como posso consertar isso? Não
sabia nada sobre isso até hoje. Ele é o único que arruinou a minha vida! A
parte chata nisso é que não há nada que eu possa fazer. Estou impotente.
Como posso me casar com Jenna sem saber quando esse cara vai
aparecer? Não sei nada sobre ele. Como posso levar sua ameaça a sério?
E se eu casar com Jenna um dia e acordar como esse cara no outro? Ela
não merece isso.
Olho debaixo da minha cama e puxo os diários que costumava
manter antes que meus apagões parassem há dois anos, quando comecei
a acompanhar o tempo que perdia. Tenho quatro livros. 2008, 2009, 2010
e 2011. Eu costumava manter o controle dos dias que não me lembrava.
Olho por cima de todos eles, contando. Doze dias em um mês, dezesseis
no próximo. Sete, dez, dezoito e vinte e dois. Totalizando todos juntos
fiquei fora uns quatro anos, eu estava ciente do que estava fazendo por
750 dias. Um pouco mais da metade do tempo. Isso é um longo tempo
para este Cal fazer um grande estrago em minha vida... e construir a sua
própria.
Uma queimação começa na minha garganta e se espalha para o
meu peito. Pego os diários e começo a rasgá-los e atirá-los pelo quarto.
Vejo fotos de mim com meus pais, com Jenna, e com os amigos ao longo
dos anos. Agarro-os e atiro-os também. Esta não é a minha vida. Como
pode ser a minha vida quando não a tenho? Quando alguém pode
assumi-lo em qualquer segundo sem ter que me pedir?
"Christopher," minha mãe diz, sua expressão horrorizada enquanto
ela está na porta, olhando para mim no meio da minha bagunça. Estou
prestes a fazer 28 anos de idade, e ainda tenho um quarto na casa dos
meus pais. Olho para ela, seu rosto parcialmente coberto com suas mãos.
Meu pai se junta a ela logo depois e respira fundo.
"Filho, o que há de errado?", Ele pergunta com cautela, como se
tivesse medo de ouvir a resposta. Soltei uma risada zangada.
"Transtorno Dissociativo de Identidade", falo de forma pontiaguda e
assisto sua expressão mudar de chocado para culpado.
"Nós podemos explicar. Venha, desça para podermos conversar
sobre isso", diz meu pai.
"O que há para falar? Como fodido a minha vida é? Estou
compartilhando isso com algum idiota e você me escondeu isso?”
"Não use essa linguagem conosco!" Meu pai diz, aparentemente
ofendido.
"Por que não, pai? Está muito parecido com Cal?" Grito com eles.
Não teve nenhum problema quando Cal deixou aquela mensagem bomba.
"Filho, nós sabemos que você está chateado", minha mãe
interrompe.
"Chateado, não explica isto. Minha vida tem sido uma mentira - eu
não tenho uma vida!"
"Você tem uma vida. Você, você é uma pessoa real. Ele é..."
"Isso está certo? Porque ele tem uma esposa? Tenho certeza que de
que ele tem amigos, e uma casa. Ele pelo menos sabia o que estava
acontecendo, e de acordo com ele, estou arruinando sua vida. Ele sabe
muito mais sobre tudo o que o faço do que eu!" Grito, e há silêncio.
"Como é que vocês não me disseram o que estava acontecendo?''
Digo e minha raiva me deixando mais irritado.
"Pensamos que estávamos protegendo você. Não queríamos
sobrecarregá-lo."
“Huh, como você acha que estou me sentindo agora?" Dou uma
risada com desdém.
"Sinto muito, Christopher," minha mãe diz, com lágrimas caindo
dos olhos. Ela pode poupá-los agora.
"Pensávamos que faria coisas piores," meu pai diz incidentalmente.
Como esconder o fato de que tenho outra pessoa dentro de mim fosse
insignificante. Algum tipo de Dr. Jekyll e Mr. Hyde.2
"Como?! Como você poderia pensar que era melhor? Como você
pôde pensar que eu não descobriria que esse idiota está circulando por aí,
ferrando as pessoas, como casar, é o melhor para mim?!" Pergunto,
soltando uma risada incrédula. Eles parecem estupefatos.
"Me deixaram pensar que estava tendo blackouts e amnésia, um
efeito colateral de uma desordem neurológica. Como puderam fazer isso
comigo?" Falo mais alto porque é como se eles não estivessem me
ouvindo.
"Nós íamos dizer a você", Meu pai finalmente responde.
2
é uma novela gótica, com elementos de ficção científica e terror, escrita pelo autor escocês Robert Louis Stevenson e
publicada originalmente em 1886.
"Quando? Porque isso obviamente tem acontecido há anos. Porque
agora? Oh, porque possivelmente eu poderia ser preso por ser polígamo?"
Eu grito.
"Isso é o suficiente!" Meu pai diz, com autoridade em sua voz. Meu
peito está agitado, mas tento me acalmar; Vendo as lágrimas cobrindo o
rosto de minha mãe ouvindo seus angustiantes gemidos quebra meu
coração.
"Não se atreva a pensar por um minuto que isso foi fácil para nós.
Você não acha que queríamos te contar? Não acha que queríamos que
esse cara desaparecesse? Confie em mim, não é divertido lidar com ele! O
dia em que o conhecemos foi um dos piores dias de nossas vidas", sua voz
severa começa a ceder.
"Não diga que não foi uma das decisões mais difíceis que já tivemos.
Achamos que estávamos fazendo o que era melhor para você. É claro,
agora vimos que estávamos errados", ele continua.
"Você tem que entender que não fizemos isso para machucar ou
deliberadamente enganá-lo. Entenda isso, Chris. Pensamos que seria
mais fácil para você se não soubesse. Não sabíamos o que aconteceria se
disséssemos...” minha mãe explica timidamente.
"Os médicos disseram que não havia cura para isso. Somente fazer
terapia intensiva com os dois. Confie em mim ele não é alguém que você
precise se preocupar. Para que te falar se não há nada que pudéssemos
fazer sobre isso? Só te deixaria preocupado e estressado", meu pai fala
defensivamente.
"Quando você voltou depois do meu diagnóstico, nós íamos dizer a
você. Naquela época, nós sabíamos sobre Lauren e vimos que Cal estava
fazendo coisas que acabariam afetando você", minha mãe suspira.
"Mas você estava sendo minha rocha enquanto eu estava doente.
Parecia demais. Com o passar do tempo, as coisas ficaram melhores para
nós dois. Pensamos. Esperávamos que talvez não houvesse mais
problema", diz minha mãe, sua voz voltando ao normal.
"Tudo estava correndo tão bem. Fomos egoístas em achar que
estava tudo normal em sua vida." Meu pai diz.
"Quando nos disse ontem que estava se casando com Jenna,
sabíamos que tínhamos que dizer alguma coisa. Estávamos apenas
tentando descobrir a melhor maneira", acrescenta minha mãe.
Soltei uma respiração profunda e segurei minha cabeça. Sei que
eles não agiram de má fé. Que todo esse tempo eles devem ter passado
um inferno. Sento-me na cama e repouso a cabeça em minhas mãos
"O que faço? Onde vou a partir daqui?" Pergunto às pessoas que me
ajudaram a tomar todas as decisões importantes na minha vida. Minha
mãe solta um profundo suspiro.
"Há algo mais que temos para lhe dizer filho," minha mãe diz
relutantemente.
"Ela está lá fora há algum tempo. Talvez deva lhe pedir para
entrar?" Minha mãe diz enquanto olha através da janela pela décima vez
desde que Lauren chegou.
"Deixe-a se orientar. Tem que haver uma razão pela qual ela não
entrou. Nós não queremos emboscar a garota," meu pai diz calmamente
enquanto lê seu jornal.
Minha mãe vai até ele e olha por cima do ombro. Ela então lhe dá
um empurrão brincalhão.
"William Scott você pode agir tão calmo quanto você quiser. Está
lendo à mesma página do jornal na última meia hora," minha mãe brinca
com ele. Ele revira os olhos, descartando minha mãe, mas um sorriso se
espalha em seu rosto.
"Eu não posso acreditar que eles estão aqui. Minha neta está aqui!",
Ela canta, correndo até mim e me dando um grande abraço. Não posso
deixar de rir. Ela não está tão animada com as coisas há um tempo. "Eu
não posso esperar. Não posso esperar," ela canta, olhando para fora da
janela novamente. Meu pai se levanta e me dá um tapinha nas costas.
"Você está bem, filho?" ele pergunta, com sua voz preocupada, mas
alegre. O clima na casa foi completamente revertido desde a última vez
que Lauren agraciou nossa porta.
"Sim," grito, não reconhecendo minha própria voz. Parece que tenho
doze anos. Eu rio, esfregando a parte de trás do meu pescoço. Brinco com
a minha mãe, mas estou tão animado como ela está apenas cem vezes
mais nervoso, mas estou conseguindo ficar quieto. Meu pai levanta uma
sobrancelha para mim. Em seguida, caminha até a minha mãe, jogando
os braços por seus ombros.
"Ela está saindo do carro!" Ela anuncia animadamente.
"Querida, acho que você e eu devemos esperar na cozinha," diz ele,
pegando sua mão. Ela se vira, a confusão no seu rosto
"Por que faríamos isso? Eles estão prestes a entrar," diz, apontando
para a janela.
"Eu sei. Acho que talvez nós devêssemos lhes dar alguns minutos a
sós pela primeira vez. Este é um momento privado," ele informa a minha
mãe, que, acho, está fazendo beicinho.
"M... mas sou a avó," ela afirma.
"Claro que você é, e eu sei que você está pronta para mimar e
estragar cada pedaço daquela menina, mas vamos dar a Chris um pouco
de tempo. Vamos deixá-lo para atender... sua filha em primeiro lugar,"
meu pai diz calmamente. Minha mãe parece tão desapontada, mas ela
suspira um pequeno sorriso voltando ao seu rosto.
"É por isso que eu amo o seu pai, Chris. Quando estou perdendo a
cabeça, ele está lá para me puxar de volta para a Terra," diz ela e beija o
meu pai na bochecha.
"Estaremos na parte de trás," diz ela, em seguida, abraça-me.
"Vou tentar não demorar muito Mamãe," prometo a ela, abraçando-
a de volta. Ela gentilmente dá um tapinha no meu braço, e sai da sala.
Respiro profundamente e abro a porta para uma fase inteiramente nova
da minha vida. Caminho pela varanda e tenho a sensação de peso nos
meus pés. Meu coração acelera quando vejo minha pequena caminhando,
seus passos rápidos e caóticos. Ela tem cabelos castanhos encaracolados
e grandes olhos verdes. Ela é como uma boneca que anda, e eu nunca
quis manter mais nada na minha vida.
Isto é real? Esta é minha filha? Aperto o pinguim na minha mão
que comprei para ela quando ela e a sua mãe caminham para o meu lado.
Os olhos de Lauren estão lacrimejando, e ela está sorrindo amplamente,
os lábios pressionados firmemente juntos.
"Oi," ela diz, com a voz um pouco trêmula e estridente. Ela parece
tão nervosa como eu me sinto, mas ela parece incrível. Seu cabelo está
puxado para trás em um rabo de cavalo baixo, mas sua pele é vibrante,
seus olhos já não estão inchados. A luz do sol refletindo em seus olhos,
fazendo-os brilhar.
"Hey," respondo, minha voz um pouco instável. Lauren solta à mão
de Caylen, e ela caminha até mim. A minha filha olha para mim com a
mesma atração magnética que a mãe dela tem. Ela está sorrindo e eu
estou apaixonado.
Ela alcança o pinguim que estou segurando, e percebo que é pelo
brinquedo que ela está hipnotizada, não por mim. Estou um pouco
ciumento.
"Hum, a filha do meu amigo ama os pinguins do filme Madagascar.
Pensei que ela iria gostar." Olho para Lauren.
"Ela vê o filme o tempo todo," ela responde.
"Estou contente por ter feito uma boa escolha," Me abaixo, então
estou no nível dos olhos de Caylen. "Eu pensei que você poderia gostar
disso." Digo, segurando o bicho de pelúcia para ela.
"Pepe!" Ela diz com entusiasmo, pegando o pinguim da minha mão
e colocando-o em sua boca.
Ela se parece muito com minhas fotos de bebê. Esta pessoa
pequena é minha, está bem aqui na minha frente. A sensação de ter
alguém que compartilha meus genes, ligados por sangue. Eu nunca
compartilhei isso com ninguém antes.
"Eu sou Chris, Caylen," digo com um sorriso, enquanto enxugo as
lágrimas nos meus olhos... E o sorriso de Caylen trás mais lágrimas.
Rapidamente limpo. Lauren se aproxima de mim. Ela gentilmente toca
meu ombro, e Caylen agarra o meu rosto, rindo. Eu ri.
"Caylen. Este é o seu pai." As palavras de Lauren saem do nada. Eu
nunca estive tão grato de ouvir qualquer coisa em minha vida.
"Obrigado, Lauren." Espero que ela possa ver o que realmente quero
dizer. Estou grato que ela trouxe essa menina para a minha vida. Que a
manteve segura e fez isso por conta própria, sem qualquer ajuda. Pela
primeira vez, espero que a visão que tive na noite passada não fosse
apenas um sonho, aquelas palavras que ele disse a ela foram genuínas.
Espero que Cal e Lauren estejam apaixonados. Espero mais do que
qualquer coisa que Caylen tenha sido feita por amor. Por um segundo, há
uma intensa pressão na minha cabeça, mas em instantes desapareceu.
Afasto a sensação de distância e observo Lauren, cujos olhos estão
abertos e seu corpo completamente imóvel.
"Lauren," digo, levantando o tom da minha voz. Ela parece ter visto
um fantasma. Depois de um segundo desperta do transe. Ela solta um
suspiro e se move em direção a mim. Ela traz a mão na minha bochecha.
É suave e quente e estranhamente calmante, mas o brilho naqueles
grandes olhos castanhos me deixa nervoso. "Está tudo bem?" Pergunto, e
ela balança a cabeça, baixando a mão. Quero dizer que tudo vai ficar bem.
Eu vou ser o melhor pai que puder para nossa filha. A dor que está
escondendo atrás de seus olhos eu não posso apagar, mas vou fazer tudo
ao meu alcance para garantir que nunca a machuquem assim. Não posso
ser quem ela quer que eu seja, mas vou ser o melhor homem que posso.
Isso, eu sei como ser...
Demora menos de dois minutos antes de a minha mãe irromper de
dentro de casa, para a varanda. Ela me abraça, em seguida, Lauren, e
arrebata Caylen em seus braços. E nos introduz na casa. Então meu
telefone toca.
É Dexter. Sinto minha pressão arterial começar a subir apenas
vendo o seu nome. Chamei-lhe milhares de vezes e agora ele decide ligar.
Rapidamente me desculpo e saio da sala para a varanda. Seguro o
telefone firmemente na minha mão e deixo escapar um profundo suspiro
antes de responder.
"Chris presumo?" Diz ele, com um tom ligeiramente divertido, e isso
me faz querer desligar o telefone.
"Muito engraçado, Dexter," digo com firmeza, tentando manter
minha compostura.
"Acho que está na hora de uma pequena conversa. Você não acha?"
"Eu acho que está atrasado," respondo. Vejo a limusine de Dexter
parar. Ele abaixa a janela exibindo um sorriso largo e alegre.
"Você escolheu o momento perfeito para aparecer. Quer entrar,
tomar uma bebida?" Pergunto sarcasticamente.
"Isso não será necessário," ele diz, abrindo a porta para mim, e,
relutantemente entro, sento e o carro arranca.
"Assim. O gato foi deixado de fora do saco3, por assim dizer?" Ele
pergunta, fechando seu laptop.
"Posso imaginar como deve se sentir livre. Pessoalmente, sinto que
um fardo foi tirado de mim." Ele toma um gole de sua garrafa de água.
"Você sabe que não sou daqueles que gosta de guardar segredos." Ele ri, e
33
É uma expressão usada para dizer que o segredo foi revelado.
quero dar um soco pelo seu sarcasmo. "Está muito tranquilo. Você me
chamou um pouco. Acho que você tem mil perguntas para mim," diz ele,
inclinando-se para trás em sua cadeira.
Tento pensar racionalmente e com calma. Dexter provavelmente
sabe mais sobre mim ou esse cara, Cal, do que meus pais. Claro, que ele
e Cal eram próximos, ambos são idiotas, e idiotas geralmente tendem a se
dar bem. "Você o ajudou a fazer isso," digo, apertando as mãos para
mantê-las de envolver em torno de seu pescoço. Ele sorri.
"Fazer o quê, exatamente?" Ele diz, fingindo inocência.
"Roubar, arruinar, e tomar conta da minha vida. Nada disso toca
uma campainha?” Digo, não escondendo minha amargura. Ele sorri.
"Eu fiz um grande favor Christopher. Sem a minha ajuda, você
estaria acordando na prisão por algo que nem sequer lembrava-se de
fazer," ele responde.
"O que significa isso?" Digo furiosamente.
"Vamos apenas dizer que, antes de Cal ficar sob a minha
orientação, ele não fez as melhores decisões," diz servindo-se de um copo
do que parece ser scotch.
“Você está dizendo que sou um criminoso?" Pergunto incisivamente.
"Eu não diria isso. Acho que seria melhor para você não saber," diz
ele, casualmente antes de beber o líquido marrom no copo. Eu coloquei
minha cabeça em minhas mãos. O que diabos esse cara, Cal, fez? Ele fez
alguma coisa, e Dexter sabe disso e está segurando sobre a minha cabeça.
"O que ele fez?!"
“Relaxe, Christopher. Ele nunca machucou ninguém. Ele só tinha
um talento especial para tirar as coisas da sua vida que não lhe fornecia o
suficientemente," diz ele de forma alusiva.
"Além disso, há coisas mais importantes para falar?"
"Por exemplo, você, meu camarada, tem uma filha, uma esposa
bonita, uma carreira próspera na minha empresa, sempre que você quiser
voltar. Cal é muito bom no seu trabalho." A forma como ele está falando
de tudo isso me faz querer vomitar. Como se fosse à coisa mais normal do
mundo.
"Você não me fez um favor, por exemplo. Vamos esclarecer isso.
Você o ajudou a destruir a minha vida. Ele tirou minhas escolhas. Não
devo nada a você! Você pode pegar o seu trabalho e enfiá-lo... "
"Eu aconselho que você pense antes de ir mais longe, Chris," diz
ele, a diversão desaparecendo do seu comportamento para um tom frio.
"Eu não estou aqui para ouvir as suas birras verbais. Desde que
estou em um humor de caridade, em vez de terminar este encontro, e
deixando-o tão ignorante do que está acontecendo como antes de entrar
neste veículo, estou deixando você saber que está fazendo um péssimo
aproveitamento do tempo que estou disponibilizando para você." Ele olha
para o relógio. "Ainda tem cinco minutos."
"Por que ele existe?" Digo intencionalmente.
"Essa é uma pergunta melhor para o seu psiquiatra," diz ele, seu
sorriso maroto de volta.
"O que ele fez para a sua empresa?" Eu digo com firmeza.
"Acordo de confidencialidade," ele diz, e percebo que ele não está
aqui para me ajudar. Ele acha que isso é um jogo.
"Que ele assinou com um nome falso," Grito.
"Posso garantir que toda a documentação é legítima," ele diz com
um sorriso preguiçoso em seu rosto, segurando o copo agora vazio em
suas mãos.
"Também é propício saber que a certidão de casamento que ele
assinou não era fraudulenta," responde calmamente. Deixei escapar
várias respirações profundas e olhei para o homem que mais de uma
década atrás considerava meu amigo mais próximo, um irmão mais velho.
Agora não posso nem chamar de um conhecimento ocasional.
"Por que você o ajudou?" Pergunto.
"Porque tenho o melhor interesse no coração," ele diz simplesmente.
Inclino para frente para me certificar de que receba o que estou prestes a
dizer.
"Cal pode não o conhecer, mas eu te conheço. Você não faz nada se
não for de seu próprio interesse," digo com os dentes cerrados. Ele
suspira.
"Você conheceu Lauren, hoje, não foi? Ela é bastante
impressionante não é?" Ele pergunta, e sinto meus olhos abrirem de
surpresa.
"Você não acha que seria mais fácil, simplesmente, voltar para a
vida de Cal? Bela esposa, criança adorável, grande apartamento em um
dos meus edifícios." Ele ri, olhando para sua bebida. "Não é a minha vida,
Dex! O que você não entende sobre isso?" Ele olha para longe de mim
momentaneamente. Então, volta a me olhar sem expressão.
"Você não pode se casar com Jenna, Chris," diz ele abruptamente, e
meus olhos quase saltam para fora da minha cabeça. "Irei casar com
Jenna." Digo claramente, adicionando um riso incrédulo. O fato de que
Jenna não respondeu minhas chamadas e sequer fala comigo é um ponto
discutível, mas ele não sabe disso.
"Isso não é algo que Cal vai tomar de ânimo leve," ele diz com um
sorriso presunçoso no rosto, divertido. Ele está se divertindo com tudo
isso.
"Você acha que eu me importo com o que ele vai tomar de ânimo
leve? Que me preocupo com tudo o que ele quer!" Pergunto com raiva. Ele
acena com a cabeça.
"Você acha que estou feliz sobre como estraguei a minha vida
agora!" Grito.
"Você está aqui," ele diz calmamente.
"Certo. Estou aqui. Ele não. E não dou a mínima para o que ele
pensa. Ele me deixou aqui para corrigir a sua bagunça," digo, incrédulo.
Como ele pode olhar para mim com uma cara séria e dizer que esse idiota
não vai tomar de ânimo leve.
"O que acontece quando isso mudar?" Ele diz casualmente, e meu
estômago afunda.
"Você está aqui, no momento. Acha que Cal vai reagir bem se você
deixar a mulher que ele ama e seu filho para se casar com outra mulher
que ele não pode ficar?" Ele ri rispidamente. Esse é o meu medo, a razão
pela qual ainda não apareci na casa de Jenna e pedi que me perdoe.
Realmente não sei o que este homem é capaz de fazer, mas não preciso
que Dexter saiba qual é o meu medo.
"Eu vou cuidar de Caylen, não por causa do que ele quer, mas
porque é a coisa certa a fazer, porque ela compartilha meu DNA," afirmo.
"E como você sabe que ele não pode ficar com Jenna?" Pergunto em
estado de choque. Ele deixa escapar outro suspiro profundo e derrama
outra bebida.
"Você e eu não estamos tão próximos como costumávamos. À
medida que crescíamos nossas motivações pareciam estar em lados
diferentes do espectro, mas..."
Sim, ele cresceu e se tornou um idiota, e eu não.
"... Eu respeito você, Chris. Seus valores, a moral que você tem o
código de ética que você vive em sua vida," o diz, tomando um gole de sua
bebida.
"Você costumava ter o mesmo código." Olho diretamente no seu
rosto. Ele recua, mas se recupera rapidamente, um sorriso autos
satisfeito retomando seu lugar no rosto.
"Essa é a razão pela qual Cal tem a vantagem e será sempre uma
ameaça," soltei com raiva e apertei minhas mãos com força.
"Eu não tenho medo dele. Não me assusta ou intimida. Posso fazer
tanto dano a ele quanto ele pode fazer para mim, e vou fazer tudo ao meu
alcance para me livrar dele completamente. Ele é o único em tempo
emprestado, não eu," digo com firmeza. Vejo Dexter apertar um botão no
carro.
"Daniel, você pode voltar para o destino do Sr. Scott. Obrigado," ele
diz.
"Enquanto vocês pensam em si mesmos como adversários as coisas
serão mais difíceis para todos," seu tom de voz é calmo e solene, e por um
segundo acredito que ele realmente se preocupa em como isso vai afetar a
todos, e também a si mesmo.
"Então, isso é tudo. Você conhece esse cara pelo quê? Uns anos?
Sou seu sobrinho. Você não deveria estar do meu lado?" Estou
desesperado agora. Uma coisa que sei é que os Crestfields mantêm os
laços familiares em alta consideração. Meu pai e o pai de Dexter não
tinham se falado durante anos em que minha condição veio à tona, mas
quando meu pai foi para seu padrasto, ele não poupou recursos ou
despesa.
"Tecnicamente, ele é assim." Ele ri, e eu aperto os dentes. Então,
seu sorriso largo maníaco desaparece.
"Você e eu não nos sentamos como uma família em um longo
tempo," diz ele. Por um momento acho que ele é sincero, até que seu
sorriso satisfeito reaparece.
"Para que foi esta pequena visita? Ele queria que você me
ameaçasse por ele? Porque isso é tudo que tenho a dizer." Rio,
exasperado.
"Vamos falar de novo," ele diz simplesmente, e sinto o carro parar.
Que perda de tempo. Saio do carro, e leva tudo em mim para não bater
com a porta. Quando estou a dois passos de distância, Dexter abaixa sua
janela.
"A propósito. A sugestão de você experimentar a vida de Cal. É
minha. Não dele," diz, e assim ele se foi.