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Câncer.
Porque Beth decidiu contra a quimio.
Cuidados paliativos.
Céu.
Mas isso... isso era novo. E eu tive que fechar meus olhos
para lutar contra a onda brutal de dor que me atingiu.
— Preparado?
Eu concordei.
1 Biscoito de gengibre.
Ela pulou e eu a peguei, jogando-a para baixo em direção ao
chão, então de volta no ar enquanto ela gritava feliz.
— Eu sei — funguei.
Levando sua mão leve como uma pena até minha boca, beijei
seus nós dos dedos. Ela cheirava a remédio. Seus dedos estavam
frios contra minha boca e tudo que eu queria fazer era aquecê-
la. Consertá-la.
E eu não podia.
Eu dei uma olhada nela. — Eu acho que foi você quem fez a
escolha. Do jeito que eu me lembro, pelo menos.
— Eu confio — eu sussurrei.
— Você ficará bem sem mim — ela repetiu, seu próprio olhar
claro e forte.
— Sim.
— O quê? — perguntei.
— Preencheu a papelada?
— Estou bem.
Dei de ombros. — Eu não acho que vou ficar, até que saiba
como tudo funciona. Amy disse que eu poderia ligar para ela se
precisasse de ajuda, e há um gerente que administra o lugar para
ela há cerca de sete anos.
— Ele é bom?
— Ela não sabe que tem um novo chefe, então não sei nada
além do que Amy me contou — admiti.
Ela me disse que era vintage, que eles não faziam mais cofres
como aquele. Gravado no metal ao longo da parte inferior estava
Bond 43, não que eu soubesse realmente o que isso significava.
Ao longo dos anos, fui muito seletiva quanto ao que colocava
naquela caixa. Havia algumas recordações, umas que traziam boas
lembranças e outras que serviam como um lembrete importante,
bom ou ruim.
Mas por alguma razão, pensei na caixa e nos itens bobos que
eu normalmente não olhava antes de ir para a cama.
Eu não estava alegando ser vidente ou algo assim. Mas
algumas vezes na minha vida, eu lutava contra o sono por horas,
consumida pela necessidade irresistível de olhar para algo naquela
caixa. Urgência nem era a palavra certa. Era tão forte que minhas
pernas tremiam e meus dedos se contraíam inquietamente.
Até agora.
Deitei-me na cama e olhei para o teto, tentando visualizar a
caixa que não abria há provavelmente sete anos. Cataloguei tudo
dentro dela, tentando decifrar o que significava. Que mudança
pode estar no horizonte?
Um novo proprietário.
Um novo chefe.
Mas esse pavor não era nada comparado com o que eu senti
quando Amy se virou para mim e me deu um sorriso de
desculpas. Foi o pedido de desculpas que vi que fez meu coração
disparar.
Foi a única razão pela qual não olhei para onde estava
andando, e meu pé ficou preso na ponta das cordas.
Isso.
Não.
Pode.
Estar.
Acontecendo.
Todas.
— Por que você acha que ele fez isso? — Meus olhos vagaram
de volta para o escritório onde ele se sentou em silêncio, esperando
que terminássemos de conversar.
Eu concordei.
Esta era a única coisa que eu temia que fosse testar qualquer
uma das barreiras fortes de metal que eu coloquei.
Ele.
— Eu prometo.
Foi tão ruim que quase não dei a ele um único olhar durante
a reunião de Amy no dia anterior.
Nenhum.
Mas eu não podia dizer nada disso a ela porque não estava
no modo amizade para essa conversa em particular. Eu era a
gerente. Eu também não contava nada a ninguém se pudesse
evitar.
— Vou ter que aceitar sua palavra sobre isso. Eu não tenho
estômago para assistir lutas profissionais, então eu nem sabia
quem ele era quando ela o apresentou. — Ohhhhh, como eu queria
ter esse problema. — Ele não deveria tentar nos conquistar?
— Na verdade, eu acho que é o contrário — disse a ela. — Ele
é o novo proprietário, Kell, e cabe a nós mostrar a ele que sabemos
o que estamos fazendo.
Ela riu. — Você não acha que o Sr. Sorriso me deixaria ficar
com elas de graça?
Café.
O copo.
Certo.
— Iz — Kelly disse. Por seu tom, ela deve ter tentado chamar
minha atenção.
— Huh?
Ela sorriu.
Kelly suspirou.
Não porque quinze anos tinha sido uma idade ruim. Pelo
contrário. Nossa família finalmente estava estabelecida e certa
quando eu tinha essa idade. Paige estava grávida de Emmett e eu
me sentia segura. Amada. Era por isso que rabiscar em meu diário
roxo sobre me casar com lutadores de MMA dez anos mais velhos
do que eu parecia completamente aceitável.
A realidade da minha idade adulta pode parecer diferente
daquela que eu sonhei, mas tudo sobre ela era ótimo.
Foi por isso que levei o café até o bebedouro, tirei a tampa e
derramei lentamente no ralo. Foi uma pequena forma de exercer o
controle sobre todas as vibrações.
O som que ele fez no fundo da garganta era tão ambíguo que
eu tive que fisicamente morder minha língua para parar de me
defender. Quando a porta da frente se abriu e um grupo de
membros entrou para a aula de Kelly, sua atenção mudou de mim
para o som de suas risadas brilhantes. Imediatamente, a pressão
em meus pulmões diminuiu. Ele estava praticando um vodu
mágico e eu não gostei nem um pouco.
— Bom.
Seus lábios se contraíram apenas uma fração antes de se
estabelecerem em uma linha firme. — Que bom que tenho sua
aprovação, Ward.
— Sim.
— Sim.
— Isabel!
Inclinando-me para o lado, deslizei o zíper do vestido azul
celeste e bufei quando não consegui fechar o gancho. — O
quê? Não é como se eu esperasse que ele estivesse parado por cima
do meu ombro como uma sombra desajeitada gigante e, sim, eu
apenas... fui embora.
Ela riu. — Você não tem que escolher esse estilo. Estou
apenas tentando decidir as cores. Eu gosto do rosa blush, mas
pode ser muito verão para um casamento no outono.
— O azul — eu insisti. — Vou me sentir nua nesse rosa.
— Ela teve que ficar em casa com Emmett. Ele não estava se
sentindo bem e Logan está no campo de treinamento. — Molly
ergueu o telefone e tirou uma foto minha. — Mas eu prometi enviar
fotos para ela.
Ei, chefe, ver você me deixa toda confusa por dentro, e não
gosto disso. E quando você é legal e atencioso, fica pior, e começo a
me sentir como uma adolescente petulante e solitária perto de
minhas irmãs maravilhosas e felizes, porque prefiro arrancar meus
olhos do que explicar a elas. Por favor, pare. Obrigada.
— Tchau, Sally.
Ela acenou.
— Nah, nós esperamos até pelo menos sua segunda aula para
isso. Você comprou o cartão perfurado de dez aulas, certo?
— Espero que ele não seja legal demais — ela sorriu. — Que
decepção, certo? Ele pode ser duro comigo qualquer dia.
Ela acenou com a mão no ar. — Nah, eu estou bem. Será que
ele vai estar aqui amanhã se eu voltar para a sua aula das quatro
horas?
Sei que você não me conhece, mas tenho dezesseis anos e acho
você incrível e, embora eu seja mais jovem que você, sei que estamos
destinados a nos encontrar.
No tempo que levei para piscar, ela subiu até o topo da viga,
onde agora se sentava empoleirada, as pernas balançando como
se não se importasse com o mundo.
— Em dez meses.
— Pode acreditar.
— Vinte!
— Uh-huh.
Aiden.
Porra, honestamente.
— Absolutamente não.
Eu concordei.
Ela enrolou os dedinhos com tanta força que a pele dos nós
dos dedos ficou branca.
Ela riu, olhando para seu pai com uma expressão tão
adorável que pude sentir cada grama do meu corpo derreter como
um pedaço de manteiga.
— Ok, gingersnap, você pode jogar no seu iPad enquanto eu
trabalho um pouco — disse ele, e oh, puta merda, ele a chamou de
gingersnap. Seus olhos voltaram a pousar em mim, e orei a todas
as divindades de todas as religiões em todo o mundo para que ele
não pudesse ver o que isso fazia comigo.
Problemático, isso.
— Você não tem que fazer isso — disse a ele. — Este é o seu
lugar, não meu.
Algumas pessoas entraram - advogados de uma firma local -
e saudações efusivamente altas vieram em minha direção. Acenei.
Instinto nunca foi meu forte, ou pelo menos... não até Aiden
entrar pela porta. Por mais que não quisesse admitir, estava
criando todo tipo de coisa em minha própria imaginação.
— Ainda.
— Mesmo assim.
Oh, olhe para isso. Consegui uma conversa inteira com ele, e
a pior coisa que aconteceu foi cuspir água pelo meu nariz. As
coisas estavam melhorando.
— Sim.
Interesse.
Ela era linda, como minha filha havia dito. Raramente sorria,
raramente ria. Não que eu já tivesse visto.
Desapontamento.
Eu preciso.
— Você poderia ser mais vadia?
Posso nunca enviar esta carta, mas você iria ao meu baile de
formatura comigo? Eu tenho um vestido roxo claro que meu irmão
comprou comprei para mim. E eu amo margaridas, se você quiser
me dar um buquê feito delas. Apenas se você quiser.
Mas porque era comigo, claro que não era tão fácil.
— O quê?
— Sobre o quê?
Mentirosa, mentirosa.
Algo que eu queria, mas não podia ter. Pelo que eu sabia, ele
ainda não tinha superado a morte da esposa. Que, segundo todos
os relatos, era linda e gentil. Sua namorada do colégio, do artigo
que li um dia quando me senti um pouco sentimental. Ele estava
recomeçando, cuidando de sua filha e, mais do que provavelmente,
permaneceria como estava. Um participante ativo em todas as
minhas melhores fantasias até que eu superasse isso um
dia. Esperançosamente.
Paige riu. — Você seria capaz de ficar com Emmett por alguns
dias? Ele tem um evento escolar numa sexta-feira que não pode
perder.
Paige riu.
— Lia vai estar fora em um jogo com Jude, e Claire vai ficar
em Vancouver com Bauer enquanto ele treina.
— Se isso é o pior que ele diz aos dez anos, ele está melhor do
que nós — eu o lembrei.
E tão terrível.
— Olá?
Mais de uma vez naquele dia, estive olhando para aquele lado
do ginásio, reorganizando as coisas mentalmente.
Um pouco mais devagar, repassei mais duas vezes até que ela
sentiu que poderia experimentar em mim.
Ela acenou. — Oi. Desculpe por ser uma covarde sobre isso.
Ele abaixou a cabeça porque ela era muito mais baixa do que
ele. — Nunca se desculpe, ok? É difícil deixar alguém colocar as
mãos em você, mesmo que seja apenas para praticar.
Eu tive que lutar contra o desejo de não pensar em algo
injusto como, oh, que se dane ele por dizer algo tão perfeito. Eu
não queria que Aiden dissesse e fizesse coisas perfeitas. Eu queria
que ele estragasse tudo. Fizesse algo que me deixasse
louca. Fizesse algo que me fizesse querer ligar de volta para Carl e
dizer que aceitava sua oferta de emprego.
Eu concordei.
Ele agarrou meu cabelo novamente, seu aperto um pouco
mais firme. Fiz sinal para ele esperar. — Veja o que eu faço no final
agora. Isso é apenas se você sentir que precisa.
— Não.
Casey riu.
Com todo o controle de que fui capaz, afastei meu foco dele.
E era.
— Eu quero.
— O quê?
Ou um vibrador melhor.
Ou um cachorro.
Ou um novo cérebro.
— Boo.
— Eu sei.
— Você não quer outro dia com três aulas? — ela brincou.
— O que é?
— Nem eu — eu admiti.
— Muitos.
Eu concordei.
Molly riu.
— O quê?
— Nada.
— Molly.
— Isabel.
— Você deu uma olhada, e nem mesmo finja que não. Noah
ainda está nessa de vamos convidar todo o time?
— Ok. Quem?
Era a minha versão que sentia que não tinha controle sobre
nenhuma parte de sua vida.
O que Molly fez foi, no mínimo, como abrir a pior cicatriz que
eu poderia imaginar e observar alguém derramar solução salina na
carne rasgada. E o que pareceu... bem... trouxe à tona a pior
versão de mim mesma. Eu odiava esse meu lado. Essa pessoa
reativa e irritadiça que não conseguia controlar o que dizia ou
fazia.
Eu trabalhei muito duro para não ser ela. Para deixar esse
instinto me dominar. E tudo na minha vida parecia ser
impulsionado pelo instinto ultimamente, a roda girando
loucamente de uma maneira que eu não conseguia parar, não
conseguia segurar.
Primeiro trabalho.
Já que não havia ninguém para ser isso por mim, eu seria
por mim mesma.
Parei para ver Isabel passar o braço esquerdo pelo corpo para
acertar um punho explosivo nas costas no saco, seguido por um
gancho de direita e, com um rápido estalo de seu braço, um golpe
de cotovelo.
— O quê?
— No momento? Sim.
O que foi isso? Foi tão imediato, tão sem filtro e o oposto exato
de todas as interações que já tivemos. Meu sangue gritou com algo
quente e pulsante, algo novo e furioso.
Soco.
Soco.
Cada vez que ela batia nas luvas e jogava meus braços para
trás, eu sentia cada vez mais vindo dela. Eu bloqueei seu joelho
quando ficou um pouco forte e dei a ela um olhar de advertência.
— Porque você não me deixa. — Ela bateu nas luvas mais três
vezes em rápida sucessão, o som pop pop pop ecoando ao nosso
redor. — Mas eu vejo você, mesmo que você não queira.
Ela praguejou.
Ela puxou meu braço com o dela e tentou varrer minha perna
debaixo de mim, e eu a peguei no ar. Com a canela enfiada entre
o meu braço e o lado, ela murmurou uma maldição sob sua
respiração e perdeu o equilíbrio.
Porque era vida. Quando você perde alguém que ama, uma
parte do seu cérebro e uma parte do seu coração acreditam que
você nunca, nunca mais sentirá. Que para sempre andará
entorpecido nessa parte de quem você é. E nos últimos dois anos,
isso se manteve verdadeiro.
Totalmente apagada.
Porque não seria eu, não poderia ser o primeiro a chegar mais
perto.
Ele era tão grande, alto e forte, suas mãos tão largas e de
aparência capaz, e se ele beijasse uma fração tão bem quanto fazia
qualquer outra coisa, eu nunca sobreviveria. Esqueça o sexo, eu
morreria com sua língua na minha boca.
— Não! — eu chorei.
— Ou pior — eu sussurrei.
Esse sempre foi o meu problema, não foi? Não estava nem
mesmo muito claro o que ele queria de mim, mas lá estava eu,
abrindo uma barreira impossivelmente grande, porque era isso
que ele já estava fazendo comigo.
Finalmente, sorri. — Por que parece tão fácil quando você diz
assim?
— Sim, eu acho.
Nada.
Ela sorriu.
Foi a maior parte para superar a dor que alterou a vida. Fazer
as pazes com essa verdade insatisfatória.
Eu estreitei meus olhos para ela. — O que isso tem a ver com
qualquer coisa?
— Eu não sei, Aiden — disse ela. — Você nos diz. Você apenas
— ela acenou com a colher na minha cara — sorriu. Um
pouco. Mais ou menos.
— Eu não.
Eu pausei. — Nada.
Mas, agora, tudo que conseguia pensar era como ela teria
respondido se eu deslizasse minha mão atrás de seu pescoço e
tomasse sua boca com a minha. Como ela se encaixava bem em
mim, como nos moveríamos bem porque ela já provou que poderia
me acompanhar passo a passo. Se eu permitisse que as imagens
progredissem com Isabel, nunca teria que me preocupar em
quebrá-la, porque a verdade era que ela provavelmente me teria
nas minhas costas e à sua mercê antes de chegarmos a esse ponto.
— Foda-se — sussurrei.
Não, Isabel não era alguém que alguma vez descreveria como
bonita. Era uma palavra tão fraca.
Sim, ela era feroz e forte, mas ela não era apenas essas coisas
também. Enquanto meu coração batia forte, lembrei-me da curva
de seus lábios quando ela olhou para mim. Eles estavam
cheios. Formato perfeito. A coisa mais suave sobre ela quando
tentei separar Isabel em atributos individuais.
— Pode?
— Nada?
Eu dei a ela uma cutucada gentil. — Nada. Vou voltar a
trabalhar com a cabeça no lugar porque isso é o melhor para todos.
Eu não respondi, mas me fez sorrir. Não foi até que eu estava
saindo da cozinha que ela me parou no meu caminho.
Aiden: Eu vou.
Aiden: Obrigado novamente.
Não era mais fácil sem ele lá, porque eu sentia uma estranha
urgência para ver se poderia agir normalmente perto dele
agora. Ou tão normal quanto eu era capaz de depois de nosso jogo
de sparring sexualmente carregado.
No terceiro dia, cheguei ao trabalho com outro porta-bebidas
nas mãos. Um para mim, um para Emily e outro café preto para
Aiden.
— Quantas caixas?
— Isabel falando.
— Ward.
— Chegou?
— Agora mesmo.
— De jeito nenhum.
Aiden fez um som que poderia ser uma risada, mas eu não
tinha certeza. — Quantos anos você tinha?
— Tudo.
Mais uma vez, Aiden ficou em silêncio. Oh, o silêncio era ruim
para mim quando eu não tinha certeza de como proceder. Isso
causava todos os tipos de impulsos balbuciantes estranhos.
Mas foi só isso. Nada mais. Não foi a primeira vez que Aiden
não reagiu da maneira que eu esperava. Talvez, como Paige disse,
ele fosse um mistério para mim tanto quanto eu era para ele.
Ele disse meu nome como um adeus, e mesmo que não fosse
um ramo de oliveira... era alguma coisa.
— Sabe — ela falou — por mais merda que eu dito sobre ele
no início, ele é um chefe incrível. Achei que ele seria... eu não sei...
um daqueles lutadores prima donna idiotas.
— Uh-huh.
6
A Kombucha, também Kombuchá, é obtida tradicionalmente a partir da
fermentação do chá adoçado das folhas da planta Camellia Sinensis.
Um dia de cada vez. Mesmo que ele fosse apenas meu chefe,
mesmo que nunca repetíssemos o que aconteceu no espaço aberto
no meio da academia, era assim que relacionamentos de qualquer
tipo eram construídos.
Gentilmente, bati na porta aberta.
Lia ergueu dois dedos. — Um, queríamos dar uma olhada nele
porque você ainda está sendo muito cautelosa, e dois, Molly nos
contou sobre a briga.
Lia deu uma olhada por cima do ombro, onde Aiden estava
guiando sua cliente em algumas investidas. Ele apontou algo em
seu corpo, e ela acenou com a cabeça, imediatamente se
ajustando. — Puta merda, é Allie Catalano?
Eu concordei.
Ela bufou.
— Antes de vir aqui pela primeira vez, não tinha ideia de como
lidar com todas as coisas que segurava. Aos quatorze anos, eu não
sabia que era apenas... raiva esperando para sair. — Ela lambeu
os lábios quando mais do sinal apareceu. — Medo também, eu
acho. Eu terminei meu primeiro treino uma bagunça de soluços.
— Ela fez uma pausa, uma expressão triste em seu lindo rosto, e
eu não conseguia desviar os olhos dela. — Eu odeio chorar. Mas
este lugar me deu algo seguro. Um lugar seguro para colocar para
fora todas as coisas que eram grandes demais para o meu corpo.
— Você não quer cortar uma grande fita ou algo assim? — ela
perguntou.
— Não — eu murmurei.
— Tão perto.
O resto do dia correu bem. Eu dei uma aula e tive uma sessão
de treinamento. O eletricista instalou nosso novo sistema, e Emily
e eu trabalhamos nos dois dias seguintes para descobrir a
distribuição do novo sistema de cartão para todos os membros.
Foi esse som que me fez deslizar para uma imagem vívida,
Aiden beijando minha nuca, rindo quando me virei e tentei
capturar sua boca.
Ele não era tão alto, embora quando abriu a porta para Anya,
eu soube que ele ainda era um sólido um metro e oitenta e cinco.
Anya saiu correndo para encontrar seu pai, deixando nós dois
sozinhos na recepção.
Eu concordei.
— Hmmm.
— Ele é.
A risada explodiu de mim tão rápido, tão alto, que não havia
como pará-la.
8 Pequena
Ele cantarolou em concordância. — Tenha um bom fim de
semana, então.
Ele assentiu.
Que eu o queria.
Emmett sorriu.
Este pobre garoto. Ele não tinha escolha a não ser falar
sarcasmo fluente, considerando a família em que nasceu.
— Porra — eu sussurrei.
— Eu disse que isso iria acontecer! — ele gritou do sofá.
Quando abri meus olhos, olhei para ele com tanta força que
sua boca se abriu. — Ohhh, esse é o tipo de coisa embaraçosa que
você não queria que eu dissesse? Desculpe, Iz. — Ele pulou das
cordas e voltou a correr.
Eu queria morrer.
A única razão pela qual eu tinha que dizer não era meu
orgulho, para não me encrencar. Convidá-lo para nossa casa era
muito, muito problemático.
Infelizmente, isso não era motivo para dizer não. Não com
isso.
Ele não estava mais sorrindo, e não teve menos efeito em mim
quando ele sacudiu o queixo em concordância.
Tudo bem.
Sem sutiã.
Eu concordei.
Foi quando meu sobrinho tagarela decidiu intervir. —
Realmente, ele é seu meio-irmão. Eles tiveram o mesmo pai. Ele
teve um ataque cardíaco. Mas quando sua mãe foi embora, meu
pai comprou uma casa maior para que todos pudessem morar
juntos.
— Sim.
Aiden se endireitou.
E ficamos sozinhos.
Assumir.
Porque eu o senti.
Eu concordei.
— Ei — argumentei.
O rosto de Anya se contraiu em pensamento. — Eu realmente
não me lembro dela assando. Minha avó me disse que minha mãe
era doce como açúcar e duas vezes mais gostosa. E todos
a amavam porque ela era boa com todas as pessoas que conhecia.
Eu fiz isso.
Eu concordei. — Bom.
— Você está em casa?
— Não posso prever, por mais que tente imaginar, o que ela
pode dizer ou fazer. E não há nada mais assustador para mim —
admiti calmamente.
Molly sorriu. — Mesmo que ela venha, e mesmo que ela não
seja uma convidada perfeita, nós cuidaremos disso. — Ela
encolheu os ombros. — Isso é o que fazemos, sabe?
— O que é?
— Ah, merda.
— Ok, bom.
Havia uma razão para eu ter trabalhado tanto com ele, mas
não era como se eu fosse lhe explicar.
— O quê?
— Anya? — gritei.
Ele acenou com a cabeça, mas eu poderia dizer que ele estava
chorando.
Isabel sorriu para algo que Anya disse a ela, mesmo quando
o cara terminou de limpar o corte, e quando o cobriu com uma
bandagem de borboleta, ela nunca tirou os olhos de minha filha.
Cedo demais.
Cedo demais.
Isabel como uma tentação para mim por si só era uma coisa,
escondida em momentos de silêncio entre nós dois, quando se
tratava de mãos gananciosas e desejos sussurrados. Mas Isabel
me mostrando vislumbres de um futuro que eu havia lamentado
era algo para o qual não estava preparado.
— Ei — ela protestou.
Negar que eu estava atraído por ela foi uma missão tola. Eu
poderia mentir para mim mesmo sobre um monte de coisas, mas
não isso, não importa o que tenha crescido entre nós nas últimas
semanas.
— Uhh, ok.
Isabel exalou uma risada suave. — Eu não acho que ele vai
fingir estar realmente impressionado. — Enquanto ela caminhava
lentamente para a sala da família, seu olhar se iluminou com a
parede de janelas, como uma moldura para a vista ampla do Lago
Sammamish. — É lindo — disse ela.
— Ela está bem? Por que você está com o telefone dela? —
Paige perguntou, a preocupação em sua voz alta e clara.
Paige fez uma pausa. — Ela vai odiar que você nos ligou. Tipo,
muito.
Até a última.
— No sofá.
Isso foi porque meu filtro se foi. Esse processo foi lento,
superando o constrangimento, passando pelas primeiras semanas
instáveis e, em seguida, entrando nas pontas dos pés em um
relacionamento mais equilibrado. Ele nem percebeu que essa era
eu, totalmente exposta.
— O quê? — indaguei.
— Nada. Apenas a alça cavando nas minhas costas. — Seus
olhos traçaram meu rosto. — Estou muito velho para me sentar
em lugares como este.
Certo.
Eu concordei. — Entendo.
Eu estremeci.
Ele percebeu.
Eu ri.
— Nem você.
— Nada.
Seu sorriso era leve e sexy. — Liguei para Paige quando você
estava dormindo.
— Por que você ligaria para ela? O objetivo de vir aqui era que
ninguém soubesse.
— Eu sei.
Agarre-me.
Toque-me.
Beije-me.
E então nada.
Destruída.
Uma palavra tão boa para o que ele foi capaz de fazer
comigo. Aiden Hennessy era enorme, e meus dedos do pé se
enrolaram desamparadamente ao senti-lo pressionado entre as
minhas pernas. Bastaria uma ponta para trás, um puxão de
alguns pedaços de material sem sentido, e eu seria dele.
Ou não agora.
É certo que o dele era ainda maior do que o meu. Ele estava
saindo de um amor que havia perdido. Eu estava simplesmente
dando o primeiro passo em direção a algo tão grande.
— Seu pai foi muito bom em nos deixar ficar porque eu estava
ferida — eu disse gentilmente.
Ela fez beicinho. — Você só diz isso quando não quer dizer
não na frente das pessoas.
Aiden deu um leve aceno de cabeça. — Por que você não pula
do colo dela? Acho que o irmão dela está aqui.
Anya veio ao meu lado e puxou minha mão boa. — Esta é sua
mãe? Ela é linda.
— Eu posso carregá-la.
Certo.
— De nada.
— Não.
— Eu tenho hobbies.
— Ok.
Eu sorri. — Ok.
Foi a única razão pela qual me senti bem com os quatro dias
de folga combinados, acrescentados ao meu dia de folga
habitual. Vê-lo, pensar no que diria ou em como agir, eu ainda
estava incerta.
— Entre — eu disse.
— Claro. E aí?
— Certo.
Ou meu coração.
Ele levou um segundo para dizer qualquer coisa, uma vez que
fomos bloqueados de olhares indiscretos.
— Você acabou?
Muito bonita.
Dizer a Aiden como eu me sentia por ele foi o mais perto que
eu poderia chegar de me desnudar completamente para ele. Ficar
nua na frente dele pareceria menos vulnerável do que aquele
silêncio. Porque eu não tinha garantias de que ele me amaria como
eu queria. Como se eu soubesse que ele era capaz.
Elas riram.
— O que é? — eu perguntei.
— O quê? — sussurrei.
— Minha mãe me disse que seria doce e gentil, assaria
biscoitos para mim e cantaria canções de ninar quando eu não
conseguisse dormir, mas você é diferente.
Eu me virei e sua voz sumiu com o que quer que ele quisesse
dizer a seguir.
— Isso é o que torna tudo tão difícil para mim — ele sussurrou
ferozmente. Minha boca ficou seca porque se estivéssemos
sozinhos, ele teria me agarrado. Eu podia ver em seus olhos. —
Quando se trata de você, Isabel, não há competição, e não sei como
fazer as pazes com isso.
Sorri para as duas meninas. — Claro. Por que vocês duas não
me seguem até a mesa? Vou pegar a papelada para vocês
preencherem.
— Foi?
Ela não era nada sobre o que Beth havia falado, nada como
eu tentei imaginar.
Meu pai apoiou a mão nas costas dela enquanto colocava seu
prato no balcão. — Não se intrometa, querida.
— Acredito que sim, mas não posso dizer que notaria se não
tivesse.
O fotógrafo se moveu ao nosso redor, tirando fotos enquanto
eu preparava Molly para fazer algumas fotos com Logan nos
jardins fora de Cedarbrook Lodge. Ela arriscou um casamento ao
ar livre neste local de seus sonhos, e até agora Seattle estava
cumprindo sua missão. O hotel se esparramava atrás de nós, a
sala de recepção interna já mal iluminada e decorada em tons
suaves de creme e dourado.
Eu ri.
Aiden.
Seus olhos traçaram meu rosto, mas ele não disse nada até
estender a mão. — Estou aqui por você.
Mesmo com meus saltos, ele se elevava sobre mim, mas Aiden
me aproximou suavemente, puxando-me em seus braços.
Eu me afastei para olhar para ele. Meu sorriso era tão fácil
quanto respirar, que era a sensação de me apaixonar por ele. Era
simplesmente a maneira como eu trabalhava, percebi. Foi o quadro
geral que eu não fui capaz de ver até que ele estava na minha
frente. Amá-lo foi o que nasci para fazer.
Seu corpo era tão forte, tão duro, e eu tropecei para trás,
minhas omoplatas batendo contra os ladrilhos aquecidos pelo
sol. Ele me seguiu, inclinando a cabeça para chupar meu lábio
inferior.
Aiden e eu congelamos.
— Espera aí — eu consegui dizer.
— Eu te odeio.
— Mesmo?
Sua mão alisou meu rosto e eu virei minha cabeça para beijar
sua palma.
Eu sorri.
— O que é isso?
Eu posso ter dito algo como, ei, isso é maravilhoso. Mas foi
tudo o que pude fazer para não cair enquanto ele aprofundava o
beijo em algo transbordando de tensão não gasta. Seus lábios se
moveram com mais força e minha respiração acelerou quando
suas mãos deslizaram pelo meu corpo. Ele e eu precisaríamos de
uma semana trancados em um quarto de hotel para sentir que a
necessidade foi saciada. Era tudo que eu podia fazer para manter
meus pés plantados, minhas pernas me segurando enquanto sua
língua girava em torno da minha.
— Não sorria para mim assim — falei, olhando para sua boca.
Sem olhar para trás, eu fui. Porque uau, ok, eu pensei que
éramos enérgicos naquela despensa ou em seu
quarto. Aparentemente, nós realmente achamos nosso caminho
em casamentos no jardim.
— Não.
— Paige gritou com você sobre isso depois que você deu um
para Lia?
— Sim.
Eu ri.
— Mesmo?
Ele sorriu para ela. — Logan está comprando. Claro que sim,
vou pagar uma bebida para você.
— Talvez — eu admiti.
— Sim.
— Filme favorito?
— O quê? — indaguei.
— Você acha?
— Nem eu.
Meus pulmões ficaram sem fôlego quando ele disse isso, e não
percebi o quanto ansiava por algum tipo de sinal de que essa
intensidade não era unilateral, não estava confinada apenas à
minha inexperiência.
Era sujo e tudo que eu queria, tudo que eu sonhei dele. Ele
devorou minha boca, inclinando a cabeça para aprofundá-la ainda
mais, e eu roubei o fôlego de seus pulmões porque não seria eu a
me afastar.
— Nunca — afirmei.
— Promete?
— Você sabia?
Os dedos de Isabel traçaram as características do meu rosto
enquanto ela assentia. — No dia em que te conheci, acho que
sabia.
— Não é.
Ela se afastou e seu rosto estava tão aberto, tão doce, que tive
que beijá-la novamente. Mas quando me afastei, com a intenção
de aprofundar, ela colocou um dedo gentil na minha boca.
— Hmm?
— Sua vez.
— Diga-me.
— Não tanto desde que nos mudamos para cá. Acho que estar
em nossa própria casa fez uma grande diferença. Estar em
família. Na Califórnia, éramos apenas nós três — disse ele. — Eu
acho... eu acho que ela sentia mais a perda dela lá.
— O que é?
Lia bufou.
Ele olhou para ela. — Se ela não quiser falar sobre isso, ela
não precisa.
— O quê?
Molly sorriu.
— Ok, sim, seu bolo está torto. — Ele deu um beijo na minha
bochecha enquanto movia seu bolo perfeitamente nivelado ao lado
dele. — É um pouco impressionante como você é ruim nisso.
Ele não podia ver meu rosto, mas eu estava olhando feio.
— Nós poderíamos fazer isso em dobro — ele sugeriu.
— De que maneira?
Ela riu. — Não acho que apostaria contra você, Isabel Ward.
— O que é isso?
— Eu não?
— Não, porque uma vez que seus pés tocarem o chão, você
vai pagar por isso.
A lentidão acabou.
Gentil se foi.
Suspirei. — Obrigada.
— Hmmm?
— Atrás da foto?
Anya concordou.
— Eu também te amo.
Eu me levantei da cama e me virei, parando quando vi Aiden
nos observando da porta. Ele vestiu uma calça de dormir de
algodão, os braços cruzados sobre o peito e um pequeno sorriso
brincando em sua boca. Seus olhos estavam vermelhos.
Eu concordei.
Eu estava pronta para tudo isso com ele. Com ela. Acima de
tudo, eu estava pronta para começar nossa vida juntos e, quando
adormeci em seus braços, tive a sensação de que havia acabado
de acontecer.
Seis meses depois
Ela me deu uma olhada. — Posso ter uma nova cor favorita
no próximo ano. O que vou fazer com todas as minhas coisas
secretas, então?
Eu concordei.
Foi no mesmo dia que fui morar com ele e Anya, depois de
cinco meses tentando arduamente fingir que não estávamos
basicamente morando juntos.
— Sim?
Ele cuidadosamente afastou a caixa de metal e me empurrou
de volta para a cama. Minhas mãos puxaram sua camisa para fora
de sua cintura quando ele me deu um beijo de girar a mente. Aiden
sempre me cumprimentava assim quando estávamos sozinhos -
como se ele não me visse há semanas - e eu nunca, jamais me
cansaria disso.
— Umm, nada?
Seu sorriso era tão satisfeito, tão divertido quando ele chegou
à parte sobre o vestido roxo que ele começou a rir.
Ele nos rolou, puxando minha camisa para cima para que
pudesse alcançar mais da minha pele. Quando me acomodei de
costas, arqueando o pescoço, o papel amassado me congelou.
— Sim. Sim.