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Carta Aberta

Pergunto-me porque é que é sempre tão dificil começar? Não fazes ideia de quantas vezes já tentei
escrever isto. Quando penso que vai ser desta acabo sempre por apagar tudo, mas espero que seja
desta.

Estou sentada na cama, a ouvir jazz, com o aquecedor ligado, a pipoca ao meu lado e de pijama.

Deves estar a pensar o porque desta carta, porque só agora certo? Demorei tempo a aceitar que as
nossas vidas vão seguir em frente separadas, mas está tudo bem.

Quando li a tua mensagem fiquei a sentir-me vazia, perdida e sem saber o que fazer.

Tu ensinaste-me o que era amar e a querer amar e Rudi eu nunca amei ninguém como te amei a ti,
Eu cresci ao teu lado, cresci contigo e obrigada.

Peço então que leias até ao fim.

O depois do nosso relacionamento:


Depois do nosso relacionamento chegar ao fim tive com não sei quantos rapazes... sim uns eram
muitos giros, outros altos, com bom estilo e tal, mas nenhum me olhou nos olhos e quis
verdadeiramente perguntar como eu realmente estava, ou por exemplo quais eram os meus objetivos
de vida.

Nada para eles tinha importância, a não ser aquele exato momento que me tinham por garantido.
Mas eles também sabiam que aquele momento iria ser só aquele momento porque depois daquilo,
iam só me ignorar dali adiante. Muitas pessoas fizeram sorrir eisso e isso é bom, mas não vou mentir
tenho saudade de quando eras tu a tirar-me esse sorriso da cara.

A minha vida nos ultimos 5 meses:


Vou contar-te isto como um desabafo.

Começando por o verão... Agosto, tive o que podemos chamar de 1º trabalho, e...sabes(?) Até foi bom.
Foi um mês cansativo, afastei-me de todos o que me deixou perdida.

Setembro começou a escola e a minha vida virou do avesso.

Dia 19 de setembro acordei com uma dor enorme na barriga chamei a minha mãe e só me lembro de
acordar no hospital, desmaiei com as dores. Depois de acordar a minha mãe falou comigo e disse-me
que tinha Síndrome do ovário poliquístico tinha quistos nos ovários. Não posso ter filhos, ou seja,
nunca vou ter uma família. Mas tudo piorou.

Final de setembro começaram os ataques de panico frequentemente, faltei a ultima semana de


setembro à escola passei dias sem comer e sem sair do quarto, via a minha mãe a chorar e só pedia
desculpa, porque naquele momento eu estava perdida, sem amigos eu não tinha ninguém. Acabei por
me afastar de toda a gente.
Dia 3 de outubro foi o dia mais dificil na minha vida, 3 ataques de panios e 2 de ansiedade,
eram 19 da tarde e fui internada num hospital psiquiátrico durante uma 1 semana, porque depois
daqueles ataques todos eu pedi a minha mãe para morrer.

Saí do hospital com um diploma, que engraçado... os diplomas deviam ser algo bom. O meu dizia:

A paciênte Patrícia Alexandra S Viana sofre de depressão severa e bipolariedade tipo I .

Voltei para casa e eu nunca tinha pedido tanta desculpa na vida. Eu só queria ser uma pessoa
normal mas acho que por tentar ser tão normal não me deixei ser eu própria. Agora tomo medicação
semanalmente e tenho psicoterapia todas as semanas.

Eu tenho 18 anos e aprendi que não vou desistir de mim. Mas foi preciso ter passado por isto
tudo para perceber que todos somos diferentes e está tudo bem com isso, está tudo bem gritar, está
tudo bem chorar.

Eu percebi que quem me quiser na sua vida vai ter que aceitar-me assim. Eu tenho
bipolariedade e nem eu sabia o que era bem isso verdadeiramente (como é que é suposto eu explicar
a alguém que o tenho?) Algo que vou ter que arranjar solução.

Depedida:

Peço-te que não respondas a esta carta pois assim não sei como te deixar ir.

Tu foste e sempre serás das pessoas mais importantes da minha vida.

Obrigada por todos os momentos e sinto que vais ser um bom homem, um bom pai, e uma pessoa
genuinamente marailhosa, Rudi és uma pessoa forte e já me mostraste ser muitas vezes. Confia em
ti.

Depois de teres mandado aquela mensagem percebi que tinhas razão foi um “pedido de ajuda” para
seguirmos vidas opostas, pois tem que ser fito pelos2 naminha opnião e não por 1.

Se um dia nos encontrarmo-nos por ai, não me evites, não precisas de falar, um olhar ou um sorriso
chega, pois eu sei que é dificil. Mas também sei a pessoa maravilhasa que existe dento de ti.

Para ti eu estarei longe, mas para mim tu estarás sempre ao meu lado.

“Peço-te que não respondas a esta carta pois assim não sei como te deixar ir.”

Obrigada...

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