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(Lizley Quissico)
Foi uma outra realidade para ela, pois não tinha nem uma
semana que se tinha mudado e já tinha que se adaptar à sua nova rotina.
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beber uma cervejinha ao almoço, as mamanas pelas ruas da mafalala a
venderem frutas e vegetais.
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Tentou resistir, pois além de estar habituada a rotina, estava a
gostar. Tentou arranjar vários argumentos para convencer aos pais e até
mesmo fazer birra, porém nada serviu.
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No bairro, começou a conhecer muitas pessoas com
comportamentos desviastes da educação que os seus pais sempre a
deram. Tornou se amiga de adolescentes que consumiam drogas, o que
fez com que ela começasse a consumir e consequentemente a faltar às
aulas e a desviar-se sem que os pais se apercebessem, pois ela sempre
cumpria com as exigências deles, que era chegar à casa sempre antes
das dezanove horas.
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A festa começou ao meio-dia e foi em casa do Martins, amigo
em comum do Osvaldo e da Zarine. A casa ficava mesmo perto ao
Museu, local de extrema importância no bairro.
Zarine foi uma das últimas a chegar, e assim que entrou na casa
os olhos do Osvaldo começaram a brilhar. A hora do almoço chegou e
o Osvaldo, não mais esperou. Declarou se para a Zarine e ela retribuiu
positivamente, ou seja, não escondeu o interesse que sentia pelo
Osvaldo. Naquela tarde os dois só trocavam olhares, até que o sol se
pôs e eles envolveram-se sexualmente sem que ninquém soubesse ou
se apercebesse, até que a festa terminou e cada um foi a sua casa.
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Num domingo chuvoso, enquanto a Zarine vestia, sua mae
entrou no seu quarto e notou uma barriguinha nela. Como não tinha
como negar, Zarine contou tudo a mãe e surpreendentemente a mãe a
apoiou e convenceu-a a contar ao pai. No momento em que contaram
ao pai sobre a gravidez, o pai da Zarine teve uma reacçao bem diferente
do que elas esperavam. Sem muito a dizer, o pai expulsou-a de casa e
mandou-a para casa do pai do bebé, o Osvaldo. Mãe e filha puseram-
se a chorar, sem acrediar no que o pai estava a dizer, mas ele não se
importava com as lágrmas.
Zarine arrumou as suas coisas e sem ter para onde ir, ligou ao
Osvaldo e explicou lhe a situação de forma bem breve, pois mal
conseguia falar de tanto chorar e soluçar.
Zarine saiu de casa sem ter coragem de olhar a cara de seu pai,
acompanhada pela sua mãe foi até a casa do Osvaldo. Ao chegar a casa
do Osvaldo a mãe da Zarine pediu para conversar com os pais do
Osvaldo, com o objectivo de explicar o porquê da sua filha estar a sair
de casa para viver com o Osvaldo.
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No final do dia seguinte, depois do jantar, quando estavam mais
calmos, Osvaldo e Zarine conversaram muito, sobre como seriam os
próximos dias, e finalmente ela abriu-se pela primeira para alguém
para aceitar que ela era tóxico dependende e que precisava de ajuda.
Sem saber o que dizer, Osvaldo ficou bem espantado, pois ele nunca
tinha imaginado que Zarine consumia drogas mas disponibilizou-se a
ajudar apesar de estar ciente que não seria fácil, do dia para a noite, e
que seria um processo.
pai.
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(João Mazuze)
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Ao sair da escola em direção à Kim Il-sung, viu um conhecido
do seu bairro passar e correu para pedir boleia. No caminho de casa,
avistou um grupo de jovens da sua faixa etária no famoso campinho da
Mafalala, mas achou estranho vê-los fora de casa a estas horas em
pleno dia de semana. Hmmmmmm. O tempo foi passando e, após 10
minutos, chegou a casa. Contou entusiasmado ao pai o quão
complicado foi chegar à escola e como as aulas foram desafiadoras.
Seu pai respondeu dizendo que naquela escola isso era normal e que a
única coisa que poderia mudar o cenário era dedicação e disciplina.
Assim terminou o primeiro dia de aulas de Bongane.
- Na boa?
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- Não, simplesmente não tenho companhia. Mas tu não és
muito diferente, estás sempre isolado com algum livro, é como se
estivesses desligado do mundo.
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direção, o que deixou Bongane assustado, pois pensou que seria
roubado. No entanto, o jovem se aproximou e perguntou se Bongane
era o rapaz do bairro que tinha um amigo do Colégio Kalea. Era um
jovem bem vestido, com o corte de cabelo em dia e que exalava
perfume, algo que Bongane notou imediatamente. Sem medo, ele
respondeu que sim, era o rapaz do bairro que tinha um amigo no
Colégio Kaleia. Em seguida, o jovem se apresentou como Tsakane e
perguntou qual era a razão por trás do isolamento de Bongane, já que
ele nunca saía para brincar ou conversar com ninguém. Bongane
mencionou que não achava o bairro adequado para fazer amizades
devido à má reputação que ele tinha, mas essa não era a verdade. Na
realidade, Bongane não saía de casa por causa da proteção excessiva
do pai, que com o passar do tempo se tornou uma obsessão pelo bem-
estar do filho. Tsakane concordou com Bongane, afirmando que nem
todos os cantos do bairro eram inseguros, e o campinho era uma das
poucas áreas onde era possível estar sem preocupações. Em seguida,
Tsakane disse a Bongane que ele poderia conversar com eles, já que
passavam a maior parte do tempo lá, e ele veria que o campinho
realmente poderia ser divertido. Bongane confiou nas palavras do
jovem bem vestido e, a partir desse dia, antes de ir para a escola, passou
a conversar com Tsakane e seu grupo. Com o tempo, eles se tornaram
amigos e até saíam para comer na famosa banca da Dona Fátima.
Mesmo após tanto tempo, Bongane ainda achava estranho o fato de
Tsakane e seu grupo raramente frequentarem a escola, mas ele ignorou
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essa questão, pois agora ele não era mais o solitário filho do papá
Bongane, mas sim Bongane, o jovem do bairro conhecido por estudar
numa escola prestigiada e ser amigo do famoso Tsakane.
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(Leandra Sabino)
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dinheiro e respeito, por outro sentia o peso de toda a educação que
recebera do seu pai, sentia que estava a trair a confiança do pai, que
tanto esforço fazia para dar-lhe o melhor que podia, acordando logo
cedo para trabalhar, nunca lhe faltando nada na mesa e cumprindo com
o papel de mãe e pai ao mesmo tempo. Bongane estava dividido sem
saber o que fazer.
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- 300 Dólares - respondeu o Kensane.
- 19 000 Meticais
- Só isso! Meu pai compra, mas irei levar full black - retorquiu
Junior.
- Mas…
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- Broh! Mas nada, tenho que bazar. Amanhã conto contigo.
disse Tsakane
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- Bongane! - Chama a professora
- Estás na aula?
- Sim professora
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padaria para ir comprar pão encontrou-se com Tsakane, tentou ignorar
a sua presença mais Tsakane não o deixava em paz.
- Não tens uma festa hoje por ir? - Perguntou o pai do Bongane
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Bongane sentindo-se obrigado a ir à festa preparou-se e
mandou uma mensagem para Tsakane avisando que já estava para sair
da casa a caminho da festa.
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“Será que Tsakane foi encontrado, será que não?” A sua cabeça estava
a mil.
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- Psiii! -ouvia Bongane
Tsakane diz que chamou-o para poder dar a ele o dinheiro que
havia combinado do roubo e pedir que o Bongane executasse mais
alguns trabalhos para ele. Bongane já arrependido do que havia feito
recusou o dinheiro e o trabalho, mas já sem opção foi obrigado a
aceitar, pois Tsakane o ameaçava contar para o seu pai o que
supostamente o seu menino todo bem-educado, sem histórico de má
conduta havia feito.
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(Nlakhano Mucubora)
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Chegada a hora do intervalo, Bongane e seus amigos Kensane
e Junior conversavam quando a colega Flávia da turma ao lado,
descaradamente convidou-os a uma festa em sua casa. Bongane sem
hesitar aceitou o convite mesmo sabendo que precisaria convencer ao
seu pai para ir, por outro lado seus amigos recusaram de imediato por
conta do medo dos seus pais. Flavia sempre foi uma menina
descontraída, relaxada e sem medo de socializar, características estas
que atraem o menino Bongane. No caminho de volta a casa Bongane
apanha Tsakane num dos becos da mafalala a fumar suruma e convida-
o para a festa de sábado.
- Tem uma menina da minha school que vai dar uma festa, não
estás interessado em ir?
Bongane foi para casa com mais entusiasmo ainda para pedir
permissão ao seu pai para ir a festa. Na hora do jantar Bongane fala
com seu pai.
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- Pai, fui convidado a uma festa no sábado em casa da minha
colega, posso ir?
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conversa, só cumprimentou ao pai e foi directamente para o seu quarto.
Osvaldo confuso deixou passar a situação por pensar que o seu filho
estivesse muito cansado da festa. No dia seguinte Osvaldo finalmente
apanhou Bongane já num estado sóbrio e perguntou como havia
corrido a festa. Bongane a mentir, disse que a festa havia corrido muito
bem, que havia dançado muito, e por isso estava muito cansado na
noite passada. No entanto, em vez de passar o domingo a estudar, fica
a passear pelo bairro com seus amigos. Iniciada a semana Bongane vai
a escola se sentindo o rei. Kensane e Junior perguntaram a Bongane
como havia corrido. Alegremente respondeu que foi super top e que
havia experimentado fumar suruma. Emocionados, Kensane e Junior
perguntaram qual era a sensação de fumar. Bongane disse que era
sensacional e que um dia deveriam experimentar. Lembrou-se de ter
fracassado ao conquistar a Flavia e o seus amigos desataram-se a rir.
No caminho de volta para casa, como de habitual, Bongane encontrou
Tsakane a fumar e se juntou a ele. Chegou em casa com os olhos
vermelhos e seu pai já começava a desconfiar de algo. No dia de teste,
como não havia se preparado, consequentemente tirou negativa.
Osvaldo ao saber da negativa, ficou muito desapontado, tentou saber o
que estava a se passar com o seu filho e quais eram o seus problemas
mas ele disse que estava tudo bem.
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reflectiu muito sobre as suas acções mas naquele momento só lhe
apetecia um cigarro para esquecer tudo.
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(Caio Ainadine)
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-Bonga's!!! - Tsakane o chamava.
Cada vez que ouvia seu apelido, Bongane sentia-se envolto por
uma aura de poder, respeito e integração com o bairro. Esse sentimento
o motivava a persistir em sua missão iminente.
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Entretanto, a realidade o chamava de volta, era chegada a hora de
voltar a realidade.
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-Oh, Kensane, tome cuidado, ainda podem nos ouvir.- alertou
Junior.
-Quer dizer que ninguém aqui pode fazer uma simples piada?-
retrucou Kensane.
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e pulmões. Eles ansiavam por experimentar as sensações que Bongane
havia descrito dias antes.
- Eu ainda acho que essa não é uma boa ideia, mas se algo der
errado, meu pai vai resolver. Então, vamos a isso. - consentiu Junior.
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- Agora, esperamos até começarmos a sentir o efeito - disse
Bongane.
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Pensamentos fluíam em um fluxo contínuo, como rios que deslizam
suavemente pelo terreno da imaginação. O mundo se tornou uma tela
em branco, onde eles podiam pintar suas ideias mais ousadas e suas
fantasias mais profundas.
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podes ir falando com os amigos do teu irmão que tenham interesse no
meu produto. Pode ser? – Disse Bongane
- Não minta para mim, meu filho. Eu sei o que vocês estavam
fazendo, e também sei que você não é assim - disse o Sr. Osvaldo,
preocupado.
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Enquanto isso, o Sr. Osvaldo estava atordoado, pois Bongane
nunca havia levantado a voz para ele. Esse Bongane que ele
testemunhou hoje era diferente, e ele tem notado essa mudança nos
últimos meses, desde que ingressou no Colegio Kalea e começou a ir
para lá sozinho. "Será que a escola é a origem desse problema? Será
que eu sou a origem desse problema?", questionava-se. Seus
pensamentos o atormentavam, ele se sentia impotente, incapaz de fazer
algo para mudar a situação. Sentiu-se novamente como se estivesse
diante da Dona Zarine, quando descobriu que ela tinha problemas com
drogas. A situação havia fugido completamente do seu controle.
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seguimento ao plano. Bongane retirou um cigarro, acendeu-o e
compartilhou-o com os demais, proferindo as palavras:
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Durante o trajeto até a escola, Bongane indagou Junior:
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Era o momento em que Bongane enfrentaria seu primeiro
cliente. Um instante de incerteza o paralisou, deixando-o imerso em
dúvidas: deveria cumprimentá-lo? Abrir a porta? Receber o pagamento
antes ou entregar a suruma? Por alguns preciosos segundos, ele se viu
imerso nessa angústia até que, por fim, encontrou a calma interior e
soube exatamente o que fazer.
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Bongane pegou aquele dinheiro em suas mãos e sentiu-se
atordoado com as possibilidades que se apresentavam. Ponderou se
deveria gastá-lo em cigarros, roupas, tênis ou talvez um colar.
Eram tantas opções, muito além dos 20 meticais que seu pai lhe
dava diariamente. No entanto, uma coisa era certa: se quisesse
continuar a ganhar aquela quantidade de dinheiro, precisaria continuar
com seus negócios.
-Você!
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(Luna Mascarenhas)
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-Nada, respondeu Bongane com o seu coração aos pulos e a
sentir o suor gelado descendo pelas costas no interior da sua camisa.
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- Espero que não tenha atrapalhado o seu trabalho Sr. Osvaldo,
mas foi-me transmitida uma informação que creio necessitar da sua
intervenção como encarregado do aluno Bongane.
Osvaldo sem reação levou o seu olhar para o seu filho enquanto
escutava atenciosamente as palavras ditas por ele “Estava a fumar um
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cigarro”, estas foram as únicas palavras do discurso de Bongane que
Osvaldo ouviu, perplexo e ainda a olhar para o seu filho, com o seu
coração apertado e a refletir naquelas palavras.
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olhou para Bongane na esperança de que este também dissesse alguma
coisa para amenizar aquela situação, mas este nada disse, limitou se a
ficar a ouvir a conversa.
- BONGANE!
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Levantou rapidamente preocupado, foi até a sala e viu seu pai
sentado, que o chamou para sentar e conversar.
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chorar, Bongane sem reação e com a cabeça baixa ficou sem acreditar
no que o Pai acabava de dizer, Osvaldo nunca contou a bongane que
sua mãe morreu por causa das drogas, aquilo foi uma facado no peito
de Bongane, que não mais consegui esconder as lagrimas e começou a
chorar, ao ver seu pai desapontado a chorar Bongane manteve-se
calado até arranjar forcas para pedir lhe desculpas, pediu lhe que o
perdoasse e que não dissesse que não era mais o seu filho, pediu
desculpas e prometeu afastar se daquelas pessoas. Osvaldo disse:
Bongane assentiu com a cabeça e disse ao seu pai que tal coisa
não se repetiria.
- Mfana, anina male mina, o que tenho aqui é muito pouco pá,
só podes me ajudar a limpar esses carros, vou te dar 200 só- disse o tio
Abdul
Fim
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