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a) Identificação;
III - Nome da(o) solicitante: CPA a partir da demanda dos Pais da Yara- Emanuela
Maciel Chagas e Denis Francisco Chagas
a) Descrição da demanda;
Pela perspectiva dos pais, Yara é uma pré-adolescente que gosta de brincar de
casinha, desenha de forma excelente, tem bastante amigas, assiste a vídeos de
bichinhos e tutorial de maquiagem, faz aula de karatê, dança, teatro, ouve músicas
sertaneja e rock.
Nos relatos iniciais em grupo, a mãe diz ter muita preocupação com o
comportamento da filha, pois com 11 anos, ela dorme na mesma cama com os pais; é
compulsiva por doces, tem ciúmes do pai exagerado, não sabe lidar com a frustração,
é agressiva quando contrariada, ansiosa, rói as unhas, morde os lábios, não cumpre
combinados, não cuida dos brinquedos, e se ganha uma quantia de dinheiro, gasta tudo,
também tem sono agitado (baba um pouco e tem sudorese). Nos momentos de raiva
puxa os cabelos (enfatizam que isso ocorre desde os 9 anos quando confrontada), bate
na parede e se tiver objeto na mão ela torce.
a) Procedimento;
d) Análise;
Ambos os pais trouxeram uma grande preocupação com os filhos quando se trata
em como encarar a frustração e o momento em que vivemos de supostos ataques as
escolas anunciadas por grupos de extrema direita. Isso aumenta a ansiedade, o medo
de frequentar a escola e os pais ficam desorientados para encorajarem seus filhos.
Os pais de Yara têm uma grande inquietação com o comportamento da filha, que
incentivada pela mãe quando estava com pneumonia (aos dois anos) a dormir na cama
com os pais. Também no período que o pai trabalhava no noturno a mãe trazia a filha
para dormir com ela na sua cama. Isso reforçou Yara a não querer dormir em seu
quarto, a sentir se insegura e sem autoconfiança. No segundo encontro com os pais,
após o relato da queixa, a mãe disse que a filha conseguiu dormir no quarto dela
sozinha e a elogiou pelo novo comportamento. Isso mostra a importância da relação
de ajuda e família, pois os pais tem grande influencia no desenvolvimento da criança,
vimos que a orientação aos pais de fazer algo que motiva Yara a dormir no quarto dela
deu resultado positivo, pois os pais pintaram e decoraram o quarto da filha, e ela sentiu
entusiasmo e feliz para dormir em seu quarto.
Yara não consegue lidar com a frustração, pois quando é contrariada, sua atitude
é de agressividade, gritos, puxões no cabelo, se tiver objetos em suas mãos é torcido e
após esse episódio sem regulação das emoções, ela chora muito e pede perdão, dizendo
que errou e não se comportará assim. Através da brincadeira Detetive, realizada em
grupo, percebemos que a Yara não consegue lidar com a frustração, pois teve uma
rodada que a estagiária Beatriz foi a detetive e a Yara o ladrão, quando a Beatriz disse:
“presa em nome da lei”, a Yara se sentiu com raiva, seu semblante decaiu e abaixou a
cabeça com vontade de falar algo ou chorar. Depois de alguns minutos ela voltou a
brincar normalmente, pois ela entendeu que era somente uma brincadeira e que todos
que foram ladrões, foram pegos, que devemos aprender a regular as emoções e
entender que tem momentos em que vamos ganhar e perder. Para Freud, a
agressividade é introjetada, internalizada; ela é uma realidade, enviada de volta para o
lugar de onde proveio, isto é, dirigida no sentido do seu próprio ego.
A compulsão por doce ao acordar de manhã traz um conflito entre mãe e filha, a
mãe sem paciência acaba gritando com a filha que não é para ela comer doces. Também
a mãe não compra doces, mas a avó tem um bar, a criança vai para lá e ela dá o doce
para a neta. Esse comportamento da avó tira a autoridade da mãe e a Yara entende
poder fazer o que quiser, pois terá alguém para protegê-la e suprir suas necessidades.
Compulsão na psicanálise segundo Freud, é o resultado de um conflito psíquico e
a obsessão é resultado de alguns transtornos compulsivos em particular, ou seja, a
obsessão é, geralmente, o que desencadeia a compulsão.
Segundo relato dos pais, Yara é agressiva quando confrontada, ela não tem limites,
ela tem dificuldade em dormir sozinha em seu quarto; na visão psicanalítica, acontece
na adolescência uma espécie de retorno à fase fálica, onde a fixação ao pai do sexo
oposto volta. A diferença é haver uma supressão desses pensamentos, agora que o
indivíduo sabe que não é algo socialmente aceito.
Do ponto de vista teórico, a adolescente é mobilizada, ao nível inconsciente, que
o desejo configurado pelo complexo de Édipo é uma impossibilidade. Em que pese a
formação da consciência moral para convívio social, tais tensionamentos também
podem engendrar defesas através das quais poderá relacionar-se com o mundo de
forma ambivalente e angustiante. Assim, ela vai aprendendo a articular e configurar o
seu desejo para o que está dentro das possibilidades. Contudo, a supressão do desejo
pelo pai do sexo oposto é marcada pelo complexo de castração. Assim como a
adolescência é uma preparação para a fase adulta é nessa fase que precisa entender a
ter cada vez mais independência dos pais. Se houve fixação nas fases anteriores, o
desenvolvimento pode ficar comprometido. Não atendemos que a dinâmica edípica no
caso de Yara, tenha se expressado de forma patológica, todavia, orientações pertinentes
e ajudas para nomear situações confusas poderão ser pertinentes para a flexibilização
e constituição egóica. Ressaltamos então, o episódio da brincadeira dos balões. Na
qual percebemos que as crianças tiveram dificuldades em manter sozinhos vários
balões cheios no ar. Um dos estagiários relacionou aos problemas que os adolescentes
enfrentam e que muitas vezes necessitamos de ajuda para que possamos resolvê-los e
não atrapalhar o desenvolvimento saudável da nossa mente.
e) Conclusão.
Daremos continuidade ao atendimento do Psicodiagnóstico Interventivo.
REFERÊNCIAS: