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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS


Curso de Graduação em Psicologia
Centro de Psicologia Aplicada

a) Identificação;

I - Título: "Relatório Psicológico";

II - Nome da pessoa ou instituição atendida: Yara Maciel Chagas

III - Nome da(o) solicitante: CPA a partir da demanda dos Pais da Yara- Emanuela
Maciel Chagas e Denis Francisco Chagas

IV - Finalidade: Atenção psicodiagnóstica interventiva e como um dos requisitos


para a conclusão da graduação no curso de psicologia

V - Nome da(o) autora(or): Débora Cristina Abonizio Lisboa- RA: N6129A5


Beatriz Aparecida R. da Cruz - RA: F2123H1

a) Descrição da demanda;
Pela perspectiva dos pais, Yara é uma pré-adolescente que gosta de brincar de
casinha, desenha de forma excelente, tem bastante amigas, assiste a vídeos de
bichinhos e tutorial de maquiagem, faz aula de karatê, dança, teatro, ouve músicas
sertaneja e rock.
Nos relatos iniciais em grupo, a mãe diz ter muita preocupação com o
comportamento da filha, pois com 11 anos, ela dorme na mesma cama com os pais; é
compulsiva por doces, tem ciúmes do pai exagerado, não sabe lidar com a frustração,
é agressiva quando contrariada, ansiosa, rói as unhas, morde os lábios, não cumpre
combinados, não cuida dos brinquedos, e se ganha uma quantia de dinheiro, gasta tudo,
também tem sono agitado (baba um pouco e tem sudorese). Nos momentos de raiva
puxa os cabelos (enfatizam que isso ocorre desde os 9 anos quando confrontada), bate
na parede e se tiver objeto na mão ela torce.
a) Procedimento;

Foi realizado o Psicodiagnóstico Interventivo, que é um procedimento clínico que


consiste em efetuar além das demandas emergentes, eventualmente permite
intervenções já no momento de realização de entrevistas, não trabalhando de forma
mais conservadora, tal como a aplicação de instrumentos padronizados. Assim, oferece
ao paciente e a sua família uma atenção colaborativa, com devoluções durante todo o
processo e não somente ao seu final (Barbieri, 2009).
Foram realizadas ao total oito sessões durante o primeiro semestre de dois mil e
vinte e três, nas salas do CPA da UNIP de Araraquara, supervisionadas pelo professor
Marinaldo, na disciplina Psicodiagnóstico Interventivo e cada sessão tinha duração de
sessenta minutos, com exceção da terceira sessão de trinta e cinco minutos (online)
para terminarmos a anamnese.
Foi realizada uma apresentação entre as partes envolvidas (supervisor, estagiárias
e pais), o termo de consentimento esclarecido e iniciamos o preenchimento da
Anamnese.
Para a apresentação inicial, feita uma técnica de grupo com os pais das crianças
que irão frequentar o psicodiagnóstico interventivo. O professor explicou aos presentes
como funciona o processo de psicodiagnóstico realizado pela UNIP, cada um falou o
que esperava e os pais trouxeram uma das queixas.
A aluna responsável explicou a técnica/ brincadeira da Teia (quebra-gelo) e cada
participante se apresentou e disse o que esperava ao longo do tratamento. Também ao
final da dinâmica outra estagiária explanou o porquê escolhemos essa dinâmica, para
fortalecimento dos laços das relações.
Foi feito em duas sessões, cinco brincadeiras com o grupo de crianças que
frequentam o psicodiagnóstico interventivo para a observação psicodiagnóstico. As
brincadeiras foram dos “balões cheios”, “que bicho sou eu”, “desafio secreto”, “pega-
pega de estátua” e “detetive”.
Todas as atividades foram esclarecidas, estabelecida as regras antes de iniciar e,
em cada atividade era uma dupla que dava as instruções. A dos balões cheios, cada
participante teria que manter o balão no ar sem cair no chão e aos poucos saiam um de
cada vez, até ficar somente um participante. Na que bicho sou eu, foi distribuído uma
folha de sulfite em branco, lápis de escrever e lápis de cor, pois cada participante
desenhou um bicho que mais se identifica com sua personalidade e explicou o porquê
de ter escolhido determinado bicho. O desafio secreto, foi distribuído um pedaço de
papel e cada participante colocou um desafio para alguém do grupo fazer, mas todos
se maravilharam quando a estagiária disse que aquele desafio escrito era para quem
escreveu fazer. O pega-pega de estátua, foi escolhido uma pessoa para ficar no centro
(em três jogadas foi o Jonas e uma a estagiária Ariane), e os demais participantes
ficavam andando pela sala até o Jonas falar estátua, todos paravam e ele dava três
passos para pegar a pessoa mais próxima dele. E, assim faziam sucessivamente até
eliminar o último. Na brincadeira Detetive, foi escrito no pedaço de papel, uma só vez,
polícia e ladrão, os demais papeis, vítima e jogamos várias rodadas.
Para a finalização do semestre, foi feito uma reunião com os pais das crianças para
a devolutiva, o professor/ supervisor responsável pediu para cada um dos pais falarem
os pontos positivos e negativos do comportamento dos filhos e as estagiárias falaram
sobre as observações feitas durante as brincadeiras com as crianças.

d) Análise;

Ambos os pais trouxeram uma grande preocupação com os filhos quando se trata
em como encarar a frustração e o momento em que vivemos de supostos ataques as
escolas anunciadas por grupos de extrema direita. Isso aumenta a ansiedade, o medo
de frequentar a escola e os pais ficam desorientados para encorajarem seus filhos.
Os pais de Yara têm uma grande inquietação com o comportamento da filha, que
incentivada pela mãe quando estava com pneumonia (aos dois anos) a dormir na cama
com os pais. Também no período que o pai trabalhava no noturno a mãe trazia a filha
para dormir com ela na sua cama. Isso reforçou Yara a não querer dormir em seu
quarto, a sentir se insegura e sem autoconfiança. No segundo encontro com os pais,
após o relato da queixa, a mãe disse que a filha conseguiu dormir no quarto dela
sozinha e a elogiou pelo novo comportamento. Isso mostra a importância da relação
de ajuda e família, pois os pais tem grande influencia no desenvolvimento da criança,
vimos que a orientação aos pais de fazer algo que motiva Yara a dormir no quarto dela
deu resultado positivo, pois os pais pintaram e decoraram o quarto da filha, e ela sentiu
entusiasmo e feliz para dormir em seu quarto.
Yara não consegue lidar com a frustração, pois quando é contrariada, sua atitude
é de agressividade, gritos, puxões no cabelo, se tiver objetos em suas mãos é torcido e
após esse episódio sem regulação das emoções, ela chora muito e pede perdão, dizendo
que errou e não se comportará assim. Através da brincadeira Detetive, realizada em
grupo, percebemos que a Yara não consegue lidar com a frustração, pois teve uma
rodada que a estagiária Beatriz foi a detetive e a Yara o ladrão, quando a Beatriz disse:
“presa em nome da lei”, a Yara se sentiu com raiva, seu semblante decaiu e abaixou a
cabeça com vontade de falar algo ou chorar. Depois de alguns minutos ela voltou a
brincar normalmente, pois ela entendeu que era somente uma brincadeira e que todos
que foram ladrões, foram pegos, que devemos aprender a regular as emoções e
entender que tem momentos em que vamos ganhar e perder. Para Freud, a
agressividade é introjetada, internalizada; ela é uma realidade, enviada de volta para o
lugar de onde proveio, isto é, dirigida no sentido do seu próprio ego.
A compulsão por doce ao acordar de manhã traz um conflito entre mãe e filha, a
mãe sem paciência acaba gritando com a filha que não é para ela comer doces. Também
a mãe não compra doces, mas a avó tem um bar, a criança vai para lá e ela dá o doce
para a neta. Esse comportamento da avó tira a autoridade da mãe e a Yara entende
poder fazer o que quiser, pois terá alguém para protegê-la e suprir suas necessidades.
Compulsão na psicanálise segundo Freud, é o resultado de um conflito psíquico e
a obsessão é resultado de alguns transtornos compulsivos em particular, ou seja, a
obsessão é, geralmente, o que desencadeia a compulsão.
Segundo relato dos pais, Yara é agressiva quando confrontada, ela não tem limites,
ela tem dificuldade em dormir sozinha em seu quarto; na visão psicanalítica, acontece
na adolescência uma espécie de retorno à fase fálica, onde a fixação ao pai do sexo
oposto volta. A diferença é haver uma supressão desses pensamentos, agora que o
indivíduo sabe que não é algo socialmente aceito.
Do ponto de vista teórico, a adolescente é mobilizada, ao nível inconsciente, que
o desejo configurado pelo complexo de Édipo é uma impossibilidade. Em que pese a
formação da consciência moral para convívio social, tais tensionamentos também
podem engendrar defesas através das quais poderá relacionar-se com o mundo de
forma ambivalente e angustiante. Assim, ela vai aprendendo a articular e configurar o
seu desejo para o que está dentro das possibilidades. Contudo, a supressão do desejo
pelo pai do sexo oposto é marcada pelo complexo de castração. Assim como a
adolescência é uma preparação para a fase adulta é nessa fase que precisa entender a
ter cada vez mais independência dos pais. Se houve fixação nas fases anteriores, o
desenvolvimento pode ficar comprometido. Não atendemos que a dinâmica edípica no
caso de Yara, tenha se expressado de forma patológica, todavia, orientações pertinentes
e ajudas para nomear situações confusas poderão ser pertinentes para a flexibilização
e constituição egóica. Ressaltamos então, o episódio da brincadeira dos balões. Na
qual percebemos que as crianças tiveram dificuldades em manter sozinhos vários
balões cheios no ar. Um dos estagiários relacionou aos problemas que os adolescentes
enfrentam e que muitas vezes necessitamos de ajuda para que possamos resolvê-los e
não atrapalhar o desenvolvimento saudável da nossa mente.

e) Conclusão.
Daremos continuidade ao atendimento do Psicodiagnóstico Interventivo.

REFERÊNCIAS:

Barbieri, V. (2009). O psicodiagnóstico interventivo psicanalítico na pesquisa


acadêmica: Fundamentos teóricos, científicos e éticos. Boletim de Psicologia,
59(131), 209-222.

FREUD, S. A dissolução do complexo de Édipo (1924). Rio de Janeiro: Imago 1996.


(Ed. standard brasileira das obras completas,19).

GONDAR. J. Sobre as compulsões e o dispositivo psicanalítico. Ágora (Rio J)


[Internet]. 2001 Jul; 4 (2): 25-35. Available from: htpps:// doi.org/10.1590/51516-
14982001000200002.

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