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MAPA MENTAL DO COMPEXO DE ÉDIPO

 Profª. Virgínia Pizetta do Amaral

 Criado por:
 Douglas da Silva Santos,
 Helena de Mattos Albuquerque Correa,
 Juliana Tannure Nemer
VíNCULO
TRIANGULA
SUPEREGO
R  FASE LATÊNCIA (6 AOS 13)
 MÃE, PAI E FILHO  O PAI É UM EXEMPLO
 ATRAÇÃO E REPULSA  INTROJEÇÃO REGRAS
 DESEJO E CIÚME SOCIAIS E MORAIS
 ATENÇÃO E AFETO X RIVAL  DISTANCIAMENTO DOS
COMPLEXO PAIS

ESTÁGIOS
DE ÉDIPO
PSICOSSEXU MAL
AIS RESOLVIDO
 FASE FÁLICA  FASE ADULTA
 IDENTIFICAÇÃO COM O PAI  NÃO SUPERAÇÃO
 IDENTIDADE MADURA E  AINDA VIVE OU QUER
INDEPENDENTE REVIVE O COMPLEXO DE
 RESOLVENDO O ÉDIPO ÉDIPO
CASO CLÍNICO
Este caso relatado, é de um menino de 12 anos, cuja psicanálise começou aos 8 anos. [Ramos
2008]. Após mudanças de comportamento, uma professora sugeriu que os pais procurassem por
tratamento psicológico para o menino. A mãe relata que residem em conjunto ela, o esposo, o
menino e mais duas irmãs. O adoecimento do menino se iniciou alguns dias após o mesmo
presenciar uma cena de violência em casa. Nessa cena, o pai tentou matá-la e levantou com
brutalidade a cama na qual o menino estava deitado. Durante os relatos, mãe e filho reclamavam
da violência do pai. A mãe dizia que não denunciava o marido pois acreditava que deus o
ajudaria. Depois disso, o menino passou a “ver coisas”, dizendo que tinha “capetinhas” pelo corpo
e que “uma coisa” falava com ele. Também falava em se matar e tentou se enforcar. Foram
indicadas psicoterapia individual, participação em oficina terapêutica e terapia medicamentosa.
Durante o atendimento, foi possível falar com o pai apenas 2 vezes. O pai era usuário de drogas,
álcool e maconha. Dizia ter valores morais muito fortes, condenando principalmente o seu
próprio pai (o avô do menino) por ser corrupto e pelo tratamento dado as mulheres. Contou que
aos 13 anos foi detido na Febem e que aos 18 dissera para o pai que “preferia ser bandido a ser
um policial corrupto como ele”. Contou também que seu pai (o avô do menino) era “matador”
antes de ser policial e sua mãe (a avó do menino) fugiu com os filhos para longe do mesmo. Não
fazia relação entre seu comportamento e o do seu pai, que eram bastante semelhantes, e pouco
falava do filho. Durante os atendimentos, o menino olhava para algo inexistente e saía correndo.
Muitas vezes ficava agressivo, batendo nos técnicos e nas outras crianças. Após um aumento em
sua medicação (não foi especificado qual é a medicação referida), o menino começou a
apresentar problemas de memória, diz que “faz coisas que não quer fazer e fala coisas que não
quer falar”. Além disso, diz que fica se perguntando “quem sou eu?”.
A terapeuta responsável pelo caso aponta que a mãe possui um papel ambivalente, pois não
intercepta as violências do marido contra ela e as crianças, nem permite que ele exerça sua
função de pai quando o mesmo age de modo mais adequado. Também é comentado que, quando
os pais estão mais próximos, o menino fica melhor.
Podemos supor que aos 8 anos, quando os sintomas começaram a ser percebidos, a criança já
teria finalizado a resolução do Complexo de Édipo. A literatura indica que esse conceito pode ser
percebido de forma universal, ocorrendo entre 3 e 5 anos. A terapeuta supõe que, para o menino,
desde os dois anos algo se antecipa sobre esta questão. Essa suposição foi construída através de
uma lembrança da mãe, de que nessa idade o menino atirou no pai um objeto (com o qual
brincava) para defender a mãe em meio a uma discussão. Essa agressão indica a existência de um
movimento da criança em tomar posição no triângulo edípico, já que a mãe parece ser o objeto
do maior interesse do menino, dessa forma enfrenta o pai de forma bastante precoce.
Concebemos que a resolução do Complexo de Édipo no menino se dá pela angústia da castração
e o super-eu é o herdeiro dessa angústia. Esse momento é bastante importante para moldar as
características de estrutura que se seguirão. A participação do menino no triângulo edípico
dificultou as possibilidade de simbolização, dessa forma o menino teve que atuar diretamente.
Assim, foram realmente vivenciadas as fantasias de castração, restando as alucinações como
sintoma. No entanto, os comentários realizados pelo menino sobre a medicação apontam
claramente a nossa de um eu que “percebe e pergunta”. É no significante Nome-do-pai que
precisamos reconhecer o suporte da função simbólica que identifica sua pessoa à figura da lei.
Esse significante é o pai do nome em que tudo se sustenta, um ponto do real que organiza o
mundo dos neuróticos. Podemos ponderar que a figura da lei se configura como problemática nas
3 gerações comentadas, o que indica as dificuldade em se realizar a castração, a função
primordial do Nome-do-pai. A foraclusão desse significante impede que a certeza da mãe seja
barrada, dessa forma, o desejo da mesma é considerado com necessário pelo menino. Podemos
supor que sua atuação no triângulo edípico demonstra essa necessidade. Assim, se configura de
forma problemática o papel do terceiro na díade mãe-criança, sendo realmente constituída uma
aliança contra o pai. A terapeuta também comenta uma percepção de um super-eu que “se
organiza e critica”. Essa percepção aparente de um super-eu poderia ser sustentada por
“compensação imaginária do édipo ausente” nos “pré-psicóticos”, ou seja, nos psicóticos que não
tiveram sua psicose desencadeada [Quinet, 2006]. No entanto, após as crises, a terapeuta ainda
sustenta a
mesma percepção. Conforme já comentado, uma “cura aparente” do psicótico reside em uma
suplência à foraclusão do Nome-do-pai. Essa suplência propicia a reconstituição da realidade
para o sujeito. Acredito que nos momentos de aproximação dos pais, esse fato realizava uma
suplência frente a essa foraclusão, o que era concebido pela família com uma melhora na
condição do menino. A indicação de participação em oficina terapêutica é possivelmente uma
forma alternativa de postular essa suplência.

https://www.ufrgs.br/psicopatologia/wiki/index.php?title=O_Édipo_vivido:_dois_casos_de_psicoses_infantis

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