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De acordo com a psicanalista Araceli Albino, ele é definido pela psicanálise como
um conjunto de sentimentos amorosos e hostis que a criança desenvolve pelos pais
entre os 5 e 8 anos de idade, na fase denominada fálica-genital. Trata-se de uma
passagem natural da infância e pode ocorrer tanto em meninos quanto em meninas.
Quando acontece, o complexo de Édipo ajuda a criança a criar sua própria identidade,
estabelecer limites do processo psíquico, do prazer, e aprender a lidar com frustrações.
História de Édipo
Freud criou o conceito do complexo de Édipo quando desenvolveu a Teoria da
Sexualidade Humana, ou Teoria de Estágios Psicossexuais do Desenvolvimento. Para
isso, ele se baseou no mito do rei Édipo, uma história clássica do teatro grego, em que
uma criança é abandonada ainda bebê e adotada pelo rei de Corinto.
Mais velha, essa criança, de nome Édipo, consulta o oráculo de Delfos para conhecer a
própria origem, mas recebe a profecia de que mataria seu pai e se casaria com a própria
mãe.
Indignado com a previsão, Édipo foge de Corinto e, durante suas andanças, entra em
uma briga com uma comitiva de um ancião e o mata, assim como mata os homens que
acompanhavam o ancião - com exceção de um, que consegue fugir.
Pouco depois, Édipo chega a Tebas, uma cidade que enfrentava um grande perigo por
conta da esfinge. Eis que Édipo resolve o enigma da esfinge e salva Tebas. Como
recompensa, o rei de Tebas proclama Édipo como o novo rei da cidade e oferece sua
irmã, Jocasta, viúva de Laio, antigo rei de Tebas, como esposa para Édipo.
Quinze anos se passam e uma peste chega a Tebas. Mais uma vez, Édipo consulta o
oráculo de Delfos, que diz ao rapaz que o assassino de Laio precisa ser punido
novamente para que a peste saia da cidade.
É neste momento que chega um mensageiro de Corinto e avisa Édipo que o assassino de
Laio está mais próximo do rei de Tebas do que ele imagina. Esse mensageiro diz
também que Édipo é o próprio filho do rei que está morto.
Quem também surge na história é o homem sobrevivente da comitiva que Édipo matou
anos atrás e revela que foi Édipo o assassino da comitiva. O homem também revela que
o ancião da comitiva era o rei Laio. Esse mesmo homem, por sinal, foi o encarregado de
deixar Édipo em Corinto quando bebê.
Diante de tantas revelações, Édipo fura os próprios olhos e vaga pelo mundo, como uma
forma de se punir. A rainha Jocasta se suicida ao saber da história.
"Partindo desse ponto de vista, da triangulação entre o pai, a mãe e o filho, em que o
filho derrota o pai e se casa com a mãe, Freud estabelece o nome complexo de édipo",
explica a psicóloga e psicanalista Juliana Picoli.
O complexo de Édipo, entretanto, não é uma patologia psíquica que apresenta sintomas
tradicionais, como irritação, dores, ansiedade ou sinais do tipo. É importante entender
que se trata de um fenômeno natural do processo de desenvolvimento humano e que
nem todas as pessoas vão apresentar comportamento iguais.
"Sempre há cuidado para não expressar isso de forma tendenciosa e não colocar regras.
Existe, sim, algo que a teoria clássica e pura fala sobre esperado, mas não é algo que vai
acontecer de forma padronizada com todas as pessoas. Porque isso tem a ver com o
quanto os pais (tutores) são presentes na vida da criança", pontua Juliana Picoli.
Dessa maneira, os sintomas do complexo de Édipo expressam-se no relacionamento
entre a criança e o genitor do gênero oposto.
"Segundo a teoria, a pessoa tem um comportamento mais afetuoso, deseja estar mais
perto do genitor do outro gênero. O senso comum indica que os meninos são mais
apegados às mães e as meninas aos pais. Isso porque, é exatamente nesse momento da
vida, que a criança tem uma identificação maior com o genitor do sexo oposto", diz
Juliana Picoli.
Tratamento
O complexo de Édipo não exige tratamento específico. Isso porque não são todas as
pessoas que vivenciam este período de uma forma clássica. Além disso, essa fase do
desenvolvimento da criança passa de forma natural, sem riscos de complicações ou algo
do tipo.
Dissolução do complexo de Édipo
A dissolução do complexo de Édipo consiste no fim dessa fase na vida da criança. De
acordo com Juliana Picoli, ela ocorre quando o menino ou menina enxerga o genitor do
mesmo gênero como uma figura de grande potência e sente medo de perdê-lo.
Essa criança tem sentimento ambivalente de amor e ódio pelo genitor e, para que ela
não o perca, lidando com um sentimento de angústia e ameaça, dispõe de uma reação
psíquica que Freud chama de processo defensivo de identificação e incorpora à própria
imagem a do genitor do mesmo gênero.
"É a imagem da figura paterna, no caso dos meninos, e a figura materna, no caso das
meninas. A criança procura combinar o seu comportamento com aquela imagem,
tentando se fazer parecer com o genitor do mesmo sexo. Este é o momento em que
ocorre a dissolução do complexo de Édipo", conclui Juliana Picoli.
Conclusão:
Durante seus estudos, Freud constatou a extrema importância do complexo de
Édipo como uma maneira de explicar como os adultos agem da forma que agem. Em
outras palavras, ao analisar esse período vivido, é possível compreender as atitudes que
são tomadas no dia a dia, tanto dos adolescentes quanto dos adultos.
Isso acontece porque, durante os três tempos, o menino deve se identificar com a
figura paterna e reconhecer na figura materna as qualidades femininas que serão
buscadas em um futuro relacionamento. Justamente por isso, dependendo de como cada
sujeito vive o seu complexo, algumas consequências negativas podem acontecer,
como: ciúme excessivo, submissão, forte dependência afetiva, opressão e violência
contra o gênero oposto.
Referência
Araceli Albino, presidente do Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo
Juliana Picoli, psicóloga e psicanalista.
Fadiman, James & Frager, Robert (1976), Teorias da Personalidade, São Paulo,
HARBRA, 1986
Freud, S. Resumo das Obras Completas. Rio de Janeiro. São Paulo. Livraria Atheneu,
1984
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