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Análise crítica: “Iracema: Lenda do Ceará”

A obra em prosa “Iracema: Lenda do Ceará”, do autor José Alencar, foi


escrito em 1895, durante o período do Romantismo, e na época em que foi
proclamada a Independência do Brasil, ou seja, um período em que mais do
que nunca havia um grande nacionalismo, que era muito ressaltado na
literatura do romantismo, e “Iracema: Lenda do Ceará” não foi uma exceção.
Na literatura deste período, havia uma necessidade em ressaltar a beleza do
Brasil, a cultura, como que o Brasil funcionava, a natureza, os índios, e,
anteriormente a isso, havia uma grande exaltação a características europeias,
tendo o fim disso neste período, e dando início então a fase indianismo
romântico, onde o índio é idealizado e traz consigo elementos da natureza que
o deixa ainda mais formoso.

Se trata de uma obra alegórica sobre o surgimento do Brasil, onde


Iracema (que tem seu nome formado por um anagrama de “América”)
representa o Brasil, e tem um caso de amor proibido com Martim (seu nome
origina-se de Marte, o deus da guerra) sendo então um guerreiro que
representa os europeus, e dessa relação nasce o primeiro cearense e primeiro
brasileiro, Moacir, o “filho da dor”, dando assim início ao Brasil. Portanto, essa
relação se trata de uma fusão do Mundo Selvagem (que é representado por
Iracema, o aspecto indígena) e o Velho Mundo (que é representado por Martim,
que traz o aspecto europeu) e resulta em um Novo Mundo (o filho deles,
Moacir, o Brasil). Isso se dá porque a ideia do livro é criar uma lenda idealizada
sobre a colonização portuguesa e a miscigenação entre índios e brancos, que
deu origem ao povo brasileiro, e tudo é extremamente exagerado para
aparentar ser mais bonito e heroico, afinal, todo povo precisa de um herói, e foi
justamente esse o objetivo de Alencar ao escrever livros indianistas: dar ao
povo brasileiro um herói nacional.

No livro, Iracema deixa sua família, deus, religião, povo, e todo o mais
por amor a Martim, representando essa submissão do índio ao colonizador
português, e o índio aparece como um ser extremamente submisso, como se
estivesse ali para servir o homem branco e isso por livre e espontânea
vontade, afinal, pela visão do livro, que assim apresenta uma visão bem
conservadora, o colonizador é um homem bom que fez o favor de trazer as
características de colonização para índio, um homem tão bondoso que trouxe
cultura, que não exigiu nada em troca, e o ensinou a ser o que é, e etc.

Concluindo-se então que esta obra tão aclamada e ao mesmo tempo


tão criticada (devido a linguagem de difícil compreensão até mesmo para
época em que foi escrita) nada mais é do que, ao ver de Alencar, uma maneira
dramática, emocionante, com muita paixão, e acima de tudo uma forma muito
heroica, de dar origem a nossa terra, o Brasil, tendo como intuito justamente
gerar esse nacionalismo, exaltando o que há de melhor na natureza brasileira
(mesmo que por vezes ele desse aspectos submissos aos índios referentes
aos portugueses, o que gera uma pequena contradição).

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