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Enquanto Iracema e Martim enfrentam esses obstáculos, a história é permeada por elementos
mágicos e mitológicos, como os poderes de cura de Iracema e a profecia da vinda de um
grande guerreiro branco, que se revela como o filho nascido do amor entre Iracema e Martim.
Essa criança, Moacir, é uma representação da união entre as culturas indígena e européia,
simbolizando a formação do povo brasileiro.
Personagens Principais:
Martim: português encarregado de colonizar a região. Ficou amigo dos índios potiguaras e
depois de batizado recebeu o nome indígena “Coatibo”.
Sobre o Autor
José de Alencar foi um dos mais proeminentes escritores do século XIX no Brasil, conhecido
principalmente por suas obras que exploram a cultura e a sociedade brasileiras. Nasceu em
1829, no Ceará, e teve uma carreira multifacetada, atuando não apenas como escritor, mas
também como político, advogado e jornalista.
Alencar foi um dos principais representantes do romantismo brasileiro, contribuindo
significativamente para o desenvolvimento da literatura nacional. Suas obras frequentemente
retratam o Brasil colonial e as tensões entre as culturas indígena, africana e européia. Além de
"Iracema", suas obras mais conhecidas incluem "O Guarani", "Senhora" e "Lucíola".
Além de seus romances, Alencar também escreveu peças de teatro e ensaios políticos. Sua
prosa é marcada por uma linguagem poética e descritiva, caracterizada por uma profunda
conexão com a natureza e uma busca pela identidade nacional brasileira.
José de Alencar faleceu em 12 de dezembro de 1877, na cidade do Rio de Janeiro, aos 48 anos
de idade. Ele deixou um legado duradouro na literatura brasileira, sendo lembrado como um
dos maiores escritores do século XIX influenciando gerações de escritores e deixando um
impacto duradouro na cultura do país.
Gênero Literário
Iracema se apresenta como um romance, gênero esse que se originou no século XVIII,
quando adquiriu popularidade e substituiu a antiga forma de narrativa conhecida como
epopéia ou poema épico. Esse tipo de narrativa era escrito em versos e apresentava a figura de
um herói. Já o romance é escrito em prosa e a figura heróica pode ser dispensada.
É perceptível que Iracema é pertencente a esse gênero como, por exemplo, no
seguinte trecho:
“Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do
Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.”.
Estilo de Época
A obra Iracema situa-se no estilo do romantismo brasileiro, de meados do século XIX, anos
depois da independência do país, no qual se caracterizou, num primeiro momento, pela busca
da identidade nacional e resgate das tradições e valores da cultura popular e do folclore, os
principais temas eram o índio, a exaltação da natureza, os regionalismos e a realidade social do
país são muito explorados pelos autores românticos. Em Iracema Essas características são
visíveis no trecho a seguir:
“O ancião fumava à porta, sentado na esteira de carnaúba, meditando os sagrados
ritos de Tupã. O tênue sopro da brisa carneava, como flocos de algodão, os compridos e raros
cabelos brancos. De imóvel que estava, sumia a vida nos olhos cavos e nas rugas profundas. “
Características do estilo
O Romantismo foi um dos mais relevantes movimentos literários do século XIX. Publicada em
1836, a obra "Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães, aponta o início
deste movimento que hoje é posto como um dos símbolos da nossa literatura.
Objetivo da Obra
O objetivo da obra Iracema, não é apenas narrar uma história, entretanto ser também um
meio que estabelece críticas sociais, tornando-se, por meio da explanação dos fatos históricos,
a base que leva a sociedade à reflexão sobre a formação de sua real identidade.
Uma das críticas sociais que pode-se observar é a denúncia da violência e das atrocidades
cometidas durante o período de colonização das terras. Terras que com o decorrer do tempo,
passariam a compor o que hoje chamamos de Brasil. Vemos a implementação dos conflitos
entre os povos indígenas e os colonizadores, explorando ainda as consequências da invasão e
da exploração. Alencar apresenta os povos nativos como vítimas da ganância e da brutalidade
dos colonizadores, destacando as barbaridades cometidas em nome do "progresso" e da
"civilização".
Além disso, o romance também critica o processo de assimilação cultural imposto aos povos
indígenas. A protagonista, Iracema, é fundamental nesse processo, pois representa a mulher
indígena que foi obrigada a abandonar sua cultura e seus costumes para se moldar à cultura
européia. A perda da identidade cultural e a alienação dos valores tradicionais são temas ao
longo da narrativa, constituindo então uma crítica à imposição da cultura européia sobre as
culturas nativas.
Se diversas críticas sociais são vistas ao longo da história, em contrapartida o autor também
busca exaltar a beleza e a diversidade da cultura nativa, sobretudo por meio da protagonista,
que é retratada como imagem da pureza e da harmonia com a natureza. Logo, a mitologia, os
costumes e as crenças dos povos indígenas são postos como parte da identidade histórico-
cultural do Brasil.