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DESENVOLVIMENTO HUMANO E

AS RELAÇÕES PRECOCES
DISCIPLINA: PSICOLOGIA B

DOCENTE: TERESA FARIA

DISCENTES: ALEXANDRA TAVARES, ANA BANDEIRA, M. LEONOR FERREIRA, M. CLARA CARRIÇO


DESENVOLVIMENTO HUMANO
 O desenvolvimento humano é um processo contínuo e complexo que abrange várias áreas da vida
de uma pessoa. Desde o nascimento até a idade adulta, os indivíduos experimentam mudanças
físicas, cognitivas, emocionais e socias.
 A infância é uma fase crucial, pois é nela que é desenvolvida a formação de identidade e o
desenvolvimento de habilidades. O ambiente, as relações interpessoais e os estímulos influenciam
diretamente a personalidade e as competências, sendo assim introduzido o tema das relações
precoces.
O QUE SÃO AS RELAÇÕES PRECOCES
 O ser humano é biologicamente social, por isso, desde o nascer até à morte, está predisposto para
interagir socialmente e criar laços com os outros. Trata-se de uma necessidade adaptativa que nos
acompanha ao longo de toda a vida e que se inicia com as figuras cuidadoras sob a forma de
vinculação.
 É a vinculação que torna possível a exploração do mundo e a sensação de segurança, sendo
essencial ao desenvolvimento pessoal e social do indivíduo.
 As relações precoces terão, então, um papel fundamental no processo de construção do eu.
CARACTERÍSTICAS DAS RELAÇÕES PRECOCES
São quatro as características que distinguem as relações precoces de vinculação de outras
interações sociais:

 A procura de proximidade;
 A noção de base de segurança;
 O comportamento de refúgio;
 A angústia e o protesto face à separação involuntária.
CARACTERÍSTICAS PRECOCES
Paladar: Os recém-nascidos conseguem distinguir diferenças subtis de paladar.
Foram registados diferentes tipos de sucção em bebés alimentados a biberão, consoante
os líquidos que lhes foram dados a beber.

Tato: O tato é o primeiro e o mais importante meio de comunicação entre os adultos e o


bebé. Tocar, embalar ou pegar ao colo acalma o recém-nascido, dá conforto e permite
controlar a atividade motora.

Olfato: Os recém-nascidos têm o sentido do olfato fortemente apurado e estão aptos para distinguir
odores agradáveis (como o do leite) de desagradável (como o do álcool ou vinagre). Estudos
recentes demonstram que bebés que estão a ser amamentados conseguem, com 3 dias de vida,
diferenciar o cheiro da sua mãe.
CARACTERÍSTICAS PRECOCES
Visão: Os recém-nascidos são relativamente míopes. No entanto, parecem ter
preferência por estímulos complexos, contrastantes e com contornos semelhantes ao
rosto humano. Estudos recentes demonstram que aos 3 meses um bebé diferencia o rosto
de um cuidador do rosto de um desconhecido. A capacidade de visão de um adulto é
atingida aos 6 meses.

Audição: No meio intrauterino, os bebés reagem a sons a partir das 20 semanas,


conseguindo reconhecer, à nascença, a voz das suas mães. Adicionalmente, os bebés
mostram ter capacidade para identificar a localização dos sons.
Os estudos demonstram que a maioria dos bebés não gosta de sons altos e que prefere a
voz humana e sons suaves e rítmicos.
COMPORTAMENTOS DE VINCULAÇÃO PRECOCE
Sorriso: Aparece prematuramente. É, inicialmente, um ato reflexo, isto é, automático. Entre as 6 e
as 12 semanas aparecem os primeiros sorrisos ativos e intencionais, produto da comunicação entre
o bebé e as figuras de vinculação. Por volta dos 6 meses, o sorriso constitui já um ato social
dirigido a figuras preferenciais.
Choro: Atinge muitos objetivos num bebé e constitui um modo eficaz de atrair a atenção de quem
dele cuida. Provoca nos adultos reações de preocupação, responsabilidade e culpa, forçando-os a
reagir e a definir a razão pela qual a criança chora. O choro chama o adulto para junto do bebé,
exige atenção e não pode ser facilmente ignorado. Existem quatro tipos fundamentais de
motivação para o choro: dor, fome, aborrecimento e desconforto.
Vocalizações: Funcionam desde muito cedo como estímulo para as vocalizações dos adultos.
A troca depressa adquire a forma de conversação, servindo a interação social e compensando os
adultos pela atenção dispensada.
TIPOS DE VINCULAÇÃO
Vinculação segura: é estabelecida através de uma relação bem conseguida entre o adulto e
o bebé, ou seja, em que o adulto fornece e constitui uma base de segurança para o bebé,
dando-lhe espaço para ganhar a sua autonomia, mas, sem que se sinta só.
Vinculação insegura-evitante: resulta de uma relação irregular entre a figura de
vinculação e o bebé, isto é, o bebé cresce com indiferença afetiva face ao cuidador,
reagindo de modo semelhante perante este ou outras figuras desconhecidas.
Vinculação insegura-resistente: resulta de uma relação em que o bebé cresce sem a
sensação de confiança e segurança porque as reações da figura de vinculação são
inconsistentes (excesso de apego ou indiferença), o que é gerador de sentimentos de
desconfiança em relações futuras.
A TEORIA DE JOHN BOWLBY
 John Bowlby nasceu em Londres, em 1907. Psicólogo e psiquiatra, centrou a sua investigação no
comportamento infantil. Os seus estudos salientam a importância das relações de vinculação e a privação dos
cuidados maternos.
 Em 1948, Bowlby foi contratado pela OMS para elaborar um estudo sobre crianças que tinham sofrido
privação de cuidados maternos durante a 2ª Guerra Mundial devido à destruição de lares ou
desaparecimento e mortes dos seus criadores.
 No relatório que elaborou demonstrou as consequências que foram:
 Relações afetivas futuras superficiais;
 Ausência de concentração intelectual;
 Incapacidade de se relacionar socialmente com os outros;
 Inexistência de reações emocionais;
 Comportamentos de delinquência.
A EXPERIÊNCIA DE HARRY HARLOW
 Foi Harlow quem forneceu o primeiro suporte empírico para a teoria de Bowlby, com a
observação e o registo do desenvolvimento dos macacos criados em situação laboratorial.

 A manipulação experimental feita pela equipa de Harlow foi o isolamento total ou parcial dos
macacos durante os primeiros tempos de vida. Ficaram célebres neste estudo as mães
substitutas de arame e de algodão.

 Harlow separou da mãe algumas crias com pouco tempo de vida. Depois colocou-as em jaulas,
sós, com a exceção de duas mães substitutas: uma feita de madeira, forrada com esponja e
coberta por algodão e outra feita de arame. Embora a alimentação estivesse associada à mãe de
arame os macacos pequeninos preferiam mais as mães feitas de tecido macio. Esta experiência
permitiu demonstrar a necessidade inata do conforto de contacto.
A EXPERIÊNCIA DE HARRY HARLOW
 Harlow analisou o desenvolvimento destas crias até à vida adulta, identificando as consequências
socioafetivas do isolamento social precoce. As crias, cujos primeiros tempos de vida decorreram em
situação de isolamento (com contacto exclusivo com mães inanimadas), revelaram comportamentos
socioafetivos perturbados quando colocadas em contacto com indivíduos da mesma espécie.

 Harlow chamou síndrome de isolamento ao conjunto de perturbações geradas pela privação


social.
A EXPERIÊNCIA DE MARY AINSWORTH
 Durante nove meses, Ainsworth estudou, no Uganda, um grupo de 28 crianças não
desmamadas, com idades entre 1 e 24 meses.
 Observou o comportamento dos bebés, o seu processo de desenvolvimento, bem como os
cuidados maternos e interações mãe-filho. Constatou o papel ativo da criança na relação de
vinculação e a capacidade dos bebés para discriminar e hierarquizar as diversas figuras de
vinculação.
Ainsworth retomou de forma mais sistemática os estudos do Uganda e desenvolveu,
com 26 famílias, uma experiência designada situação estranha. Tratava-se de
ativar, em crianças entre os 12 e 18 meses, comportamentos representativos da
vinculação, induzindo a ansiedade ligeira pela partida e regresso repetidos da figura
de vinculação.
A EXPERIÊNCIA DE MARY AINSWORTH
Esta situação incluía diversos elementos geradores de ansiedade:
 separação da figura de vinculação;
 exploração de um local estranho;
 interação com uma pessoa desconhecida.
A EXPERIÊNCIA DE MARY AINSWORTH
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A mãe e o bebé passam tempo sozinhos Quando a criança está adaptada ao local, Neste momento, a mãe parte, deixando o
num local estranho e a criança explora o um desconhecido entra na sala e junta-se bebé sozinho com o adulto amistoso,
ambiente. à mãe e ao bebé. mas desconhecido.

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De seguida, a mãe deixa também a sala, s
Estando a criança sozinha, o ficando a criança entregue a si Pouco tempo depois, a mãe regressa à
desconhecido reentra na sala. mesma. sala e o estranho parte.

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Por fim, a mãe retorna à sala e o adulto
amistoso deixa o espaço.
CONCLUSÃO
John Bowlby desenvolveu inicialmente a teoria da vinculação, apoiado em pesquisas feitas,
quer a partir de relações humanas, quer a partir das relações de outras espécies. De acordo
com Bowlby, as experiências que as crianças têm nos primeiros anos de vida ditam o tipo de
relações que terão enquanto adultas. Existem múltiplos estudos que suportam esta teoria,
incluindo as experiências que Harry Harlow fez com macacos-rhesus nos anos 50 e 60. Nos
anos 70, Mary Ainsworth alicerçou-se em experiências anteriores, observando as interações
entre mães humanas e os seus filhos a partir de um espelho unidirecional. Concluiu que as
crianças com mães que eram altamente responsivas às suas necessidades desenvolveram
uma sensação de segurança nas suas relações de vinculação, que nas crianças com mães
menos sensíveis faltava. Esta segurança, ou falta dela, constitui a fundação das relações
adultas.
BIBLIOGRAFIA
Fadigas, Nuno; Freixo, Nuno; Sousa, Ricardo – IDentidade12. Porto Editora. 2023 ISBN
978-972-0-43285-8;
https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Bowlby;
https://en.wikipedia.org/wiki/Harry_Harlow;
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Ainsworth.
FIM
(Obrigada pela vossa atenção)

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