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IVo Grupo

Genito Baptista Ualavela


Hernélio Sózimo Juízo Chichaúte
Minita Silvestre Adelino
Sara Felipe
Timóteo Farai Mufanamajaia
Yonícia da Amajú Abel Machava

Teoria do Desenvolvimento Mental (Bowlby)


(Licenciatura em Ciências de Educação – 2º ano)

UniPúnguè
2022
IVo Grupo

Genito Baptista Ualavela


Hernélio Sózimo Juízo Chichaúte
Minita Silvestre Adelino
Palmira Timóteo Paulino Matipanha
Sara Felipe
Timóteo Farai Mufanamajaia
Yonícia da Amajú Abel Machava

Teoria do Desenvolvimento Mental (Bowlby)


(Licenciatura em Ciências de Educação – 2º ano)

UniPúnguè
2022
Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO............................................................................................IV
1. Introdução......................................................................................................................IV
1.2 Objectivos.........................................................................................................................V
1.2.1 Objectivo geral..............................................................................................................V
1.2.2 Objectivos específicos...................................................................................................V
1.3 Metodologias....................................................................................................................V
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................6
2.0 Desenvolvimento...............................................................................................................6
2.1 Desenvolvimento Mental..................................................................................................6
2.2 Teoria do Apego................................................................................................................6
2.3 Formas ou intensidades do comportamento de apego.......................................................8
3.0 Função do Comportamento do apego................................................................................8
3.1 Factores que podem interferir na activação do sistema do comportamento do apego......8
3.2 Modelo Interno de Funcionamento...................................................................................9
3.3 Função dos Modelos internos de funcionamento............................................................10
4.0 Desenvolvimento do Apego ao longo do ciclo vital.......................................................11
4.1 Características da Teoria do Apego................................................................................12
1. O bebé estabelece um único laço primordial.................................................................13
2. Os cuidados contínuos são extremamente importantes nos primeiros anos de vida......13
3. As experiências com o cuidador primário ditam o comportamento, as crenças e os
pensamentos futuros..............................................................................................................13
4. A ameaça da separação causa ansiedade.......................................................................14
4.2 Teoria do apego em adultos............................................................................................15
4.3 Controvérsias da teoria do apego....................................................................................15
CAPÍTULO III: CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................17
5.0 Conclusão........................................................................................................................17
5.1 Referências Bibliográficas..............................................................................................18
IV

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução
Neste presente trabalho de investigação científica referente à cadeira de Psicopatologia
Infanto-Juvenil, falar-se-á da Teoria do Desenvolvimento Mental em torno das abordagens
do autor psicólogo Bowlby.
É sabido por muitos que ao falar-se do desenvolvimento mental, refere-se à acção ou
efeito relacionado ao processo de crescimento ou evolução das capacidades psíquicas ou
cognitivas do ser humano.
O desenvolvimento mental é uma construção contínua. Estas são as formas de
organização da actividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando. Algumas
dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida. Esse estudo é
compreender a importância do estudo do desenvolvimento mental.
As observações sobre o cuidado inadequado na primeira infância e o desconforto e a
ansiedade de crianças pequenas relativos à separação dos cuidadores levaram o psiquiatra,
especialista em psiquiatria infantil, e psicanalista inglês John Bowlby (1907-1990) a
estudar os efeitos do cuidado materno sobre as crianças, em seus primeiros anos de vida.
Bowlby impressionou-se com as evidências de efeitos adversos ao desenvolvimento,
atribuídos ao rompimento na interacção com a figura materna, na primeira infância.
O trabalho apresenta três (3) capítulos, dos quais temos o primeiro (CAPÍTULO I:
INTRODUÇÃO) que busca transmitir uma noção daquilo que se vai aborda ao longo do
trabalho, assim como os objectivos traçados e as metodologias usadas para a efectivação
do trabalho; o segundo (CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA) que busca
fazer compreender a Teoria do Desenvolvimento Mental do Bowlby e os aspectos
relacionados ao tema ante citado e por fim o terceiro (CAPÍTULO III:
CONSIDERAÇÕES FINAIS) no qual apresentam-se as conclusões obtidas após o
desenvolvimento do trabalho, assim como as referências bibliográficas que são
informações das fontes recorridas para a efectivação do trabalho.
V

1.2 Objectivos

1.2.1 Objectivo geral


 Compreender a teoria do desenvolvimento mental do Bowlby

1.2.2 Objectivos específicos


 Explicar a o processo de desenvolvimento do apego num indivíduo;
 Identificar as formas do comportamento do apego;
 Demostrar o desenvolvimento do apego durante o ciclo da vida.

1.3 Metodologias
De acordo com (Libâneo, 2006), método é o caminho usado para o alcance dum objectivo.
Daí que, para a efectivação deste trabalho, recorreu-se às seguintes metodologias:

 Revisão bibliográfica, que consistiu na busca de algumas informações em obras que


retratam assuntos relacionados ao tema supracitado;
 Internet, que também teve com vista a busca de algumas informação relacionada ao
tema em destaque.
6

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.0 Desenvolvimento
É tido como desenvolvimento o processo de evolução, crescimento e mudança de um objecto,
pessoa ou situação específica em determinadas condições.

2.1 Desenvolvimento Mental


O desenvolvimento mental se caracteriza pelas estruturas mentais que acontecem de modo
gradativo ao longo da vida, que são a junção do equilíbrio entre a inteligência, a afectividade,
assim como as relações sócias.

2.2 Teoria do Apego


Edward John Mostyn Bowlby, mais popularmente conhecido como John Bowlby, nasceu em
Londres, aos 26 de Fevereiro de 1907. John Bowlby, foi um psicólogo, psiquiatra e
psicanalista britânico, notável o seu interesse no desenvolvimento infantil e por seu trabalho
pioneiro na Teoria de Apego.

A Teoria do Apego é um modelo psicológico que tenta descrever a dinâmica das relações
interpessoais de longo e curto prazo entre os seres humanos. Ela explica como a relação pai-
filho surge e influencia o desenvolvimento subsequente.
Ela estuda o vínculo formado entre os bebes com mães e cuidadores. Também estende-se para
os laços entre adultos, mas, inicialmente, a atenção maior dada às crianças e aos pais.

A Teoria do Apego (TA), é uma teoria que teve a sua origem a partir dos estudos feitos pelo
psicanalista John Bowlby (1940; 1944), assim como dos trabalhos de outros autores que o
influenciaram. Os conceitos de Bowlby foram construídos com base nos campos da
psicanálise, biologia evolucionária, etologia, psicologia do desenvolvimento, ciências
cognitivas e teoria dos sistemas de controle (BOWLBY, 1989; BRETHERTON, 1992).

Outro conceito fundamental da TA é o do comportamento de apego, que se refere a acções de


uma pessoa para alcançar ou manter proximidade com outro indivíduo, claramente
identificado e considerado como mais apto para lidar com o mundo (BOWLBY, 1989;
CASSIDY, 1999).

Bowlby buscou alternativas embasadas cientificamente para se defender dos reducionismos


teóricos, dando ênfase aos mecanismos de adaptação ao mundo real, assim como às
competências humanas e à acção do indivíduo em seu ambiente (WATERS, HAMILTON &
WEINFIELD, 2000).
7

M. Cortina & M. Marrone (2003) consideram que a TA organiza o comportamento em termos


de um sistema motivacional e que as ideias de Bowlby representaram o ponto de partida para
o desenvolvimento de uma nova teoria da motivação humana, que integra aspectos da
biologia moderna e inclui afecto, cognição, sistemas de controle e de memória, além dos
aspectos envolvidos no desenvolvimento, sustentação e provimento dos laços de apego. Essa
consideração se baseia no fato de que a proposta dessa teoria organiza o comportamento em
termos de um sistema motivacional. Além disso, o movimento individual de uma pessoa em
direcção a múltiplas outras converge para que a TA também seja considerada uma teoria
relacional das interacções sociopsicológica.

Os autores supracitados, salientam ainda que a Teoria do Apego (TA) contempla os processos
normais de desenvolvimento e a psicopatologia humana, além de abordar os processos de
informação para a compreensão dos mecanismos psicológicos utilizados na vivência de um
trauma ou uma perda, ou, ainda, na experiência de negligência ou rejeição pelas figuras de
apego. Assim, essa abordagem teórica oferece uma base para estudos sobre os afectos e as
emoções dos seres humanos, proporcionando um suporte empírico coerente para a
compreensão dos processos de desenvolvimento normal e patológico, ao integrar aspectos da
biologia moderna ao embasamento de seus estudos.

J. Bowlby (1989) considerou o apego como um mecanismo básico dos seres humanos. Ou
seja, é um comportamento biologicamente programado, como o mecanismo de alimentação e
da sexualidade, e é considerado como um sistema de controle homeostático, que funciona
dentro de um contexto de outros sistemas de controle comportamentais.

De acordo com J. Bowlby (1973/1984), o relacionamento da criança com os pais é instaurado


por um conjunto de sinais inatos do bebé, que demandam proximidade. Com o passar do
tempo, um verdadeiro vínculo afectivo se desenvolve, garantido pelas capacidades cognitivas
e emocionais da criança, assim como pela consistência dos procedimentos de cuidado, pela
sensibilidade e responsividade dos cuidadores. Por isso, um dos pressupostos básicos da TA é
de que as primeiras relações de apego, estabelecidas na infância, afectam o estilo de apego do
indivíduo ao longo de sua vida (BOWLBY, 1989).

. O papel do apego na vida dos seres humanos envolve o conhecimento de que uma figura de
apego está disponível e oferece respostas, proporcionando um sentimento de segurança que é
fortificador da relação (CASSIDY, 1999).
8

2.3 Formas ou intensidades do comportamento de apego

O comportamento de apego está presente em variadas intensidades e formas:

 Formas activas (como procurar ou seguir o cuidador);

 Formas eversivas (como chorar);

 Forma e sinais comportamentais (como sorrir e verbalizar de modos diversos), que


alertam o cuidador para o interesse de interacção da criança.

Todas essas formas são observadas em crianças, adolescentes e adultos ao buscarem a


aproximação com outras pessoas. É o padrão desses comportamentos, e não sua frequência,
que revela algo acerca da força ou qualidade do apego (AINSWORTH, 1989).

3.0 Função do Comportamento do apego

A função principal atribuída a esse comportamento é biológica e corresponde a uma


necessidade de protecção e segurança (BOWLBY, 1973/1984).

. Além disso, esse sistema tem função directa nas respostas afectivas e no desenvolvimento
cognitivo, já que envolve uma representação mental das figuras de apego, de si mesmo e do
ambiente, sendo estas baseadas na experiência. J. Bowlby (1969/1990).

Evidências de que as crianças também se apegam a figuras abusivas, sugerem que o sistema
do comportamento de apego não é conduzido apenas por simples associações de prazer, ou
seja, as crianças desenvolvem o comportamento quando seus cuidadores respondem às suas
necessidades fisiológicas, mas também quando não o fazem (CASSIDY, 1999).

3.1 Factores que podem interferir na activação do sistema do comportamento do apego

J. Bowlby (1969/1990) distinguiu dois tipos de factores que podem interferir na activação do
sistema de comportamento do apego:

 Aqueles relacionados às condições físicas e temperamentais da criança;

 Os relacionados às condições do ambiente.


9

A interacção desses dois factores é complexa e depende, de certa forma, da estimulação do


sistema de apego

3.2 Modelo Interno de Funcionamento

W. Furman et al. (2002) apontam que o termo working models (modelo de funcionamento) foi
usado por Bowlby para descrever as representações ou expectativas que guiam o
comportamento próprio, e que servem como uma base de predição e interpretação do
comportamento de outras pessoas às quais se é apegado.

por meio dos modelos internos de funcionamento, ocorre uma tendência de recriação, nas
relações atuais do indivíduo, do padrão de modelo interno de apego primário. Assim, os
padrões de apego estabelecidos na infância são vistos como duradouros por intermédio das
diversas fases do ciclo vital, embora sejam menos evidentes em adolescentes e adultos
(BOWLBY, 1973/1980).

Os working models estão relacionados com os sentimentos de disponibilidade das figuras de


apego, com a probabilidade de recebimento de suporte emocional em momentos de estresse e,
de maneira geral, com a forma de interacção com essas figuras (BOWLBY, 1989).

O sistema de comportamento de apego é complexo e, com o desenvolvimento da criança,


passa a envolver uma habilidade de representação mental, denominada modelo interno de
funcionamento, que se refere a representações das experiências da infância relacionadas às
percepções do ambiente, de si mesmo e das figuras de apego (BOWLBY, 1969/1990;
1973/1980).

De acordo com J. Bowlby (1989), as experiências precoces com o cuidador primário iniciam
o que depois se generalizará nas expectativas sobre si mesmo, dos outros e do mundo em
geral, com implicações importantes na personalidade em desenvolvimento.

H. Waters, C. Hamilton & N. Weinfield (2000) apontam que, com a idade e o


desenvolvimento cognitivo, as representações sensório-motoras das experiências de uma base
segura na infância é que dão origem à representação mental, por meio de um processo no qual
a criança constrói representações cada vez mais complexas.
10

P. Fonagy & M. Target (1997) sugerem que o processo ligado à construção dos working
models capacita a habilidade de mentalização, ou seja, de representar o comportamento em
termos de estado mental, o qual é determinante da organização do self e é adquirido no
contexto das primeiras relações sociais da criança. Logo, a mentalização ou função reflexiva
possibilita à criança compreender as atitudes dos outros e agir de maneira adaptada em
contextos internacionais específicos. Como os cuidadores primários diferem na forma de
interagir com suas crianças, essas, por sua vez, terão o desenvolvimento e as percepções de
seus estados mentais e dos outros relacionados à observação que farão do mundo mental dos
seus cuidadores (FONAGY & TARG, 1997). Assim, a mentalização organiza a experiência
individual e o comportamento dos outros em termos de constructos do estado mental.

J. Bowlby (1989) descreveu o processo de construção dos modelos internos de funcionamento


em termos de modelo de apego. A criança constrói um modelo representacional interno de si
mesma, dependendo de como foi cuidada. Mais tarde, em sua vida, esse modelo internalizado
permite à criança, quando o sentimento é de segurança em relação aos cuidadores, acreditar
em si própria, tornar-se independente e explorar sua liberdade. Desse modo, cada indivíduo
forma um "projecto" interno a partir das primeiras experiências com as figuras de apego.

Embora essas representações tenham sua origem cedo no desenvolvimento, elas continuam
em uma lenta evolução, sob o domínio sútil das experiências relacionadas ao apego da
infância. A imagem interna, instaurada com os cuidadores primários, é considerada a base
para todos os relacionamentos íntimos futuros. Sua influência aparece já nas primeiras
interacções com outras pessoas, afora as figuras de apego, e expressa-se nos padrões de apego
e de vinculação que o indivíduo apresentará em suas interacções interpessoais significativas
(BRETHERTON & MUNHOLLAND, 1999).

Outros autores (BRETHERTON & MUNHOLLAND, 1999; COLLINS& READ, 1994;


FONAGY & TARGET, 1997) têm descrito este conceito de forma similar, usando os termos
esquemas, scripts, protótipos, representação mental, modelo funcional ou estado mental.

As primeiras representações que formam o modelo interno de funcionamento são formadas e


esquematizadas pela organização da memória em termos do que a criança demanda e é
correspondida em obter segurança e conforto, sendo que o reflexo disso será posto na
experiência social real, futuramente (COLLINS & READ, 1994).
11

3.3 Função dos Modelos internos de funcionamento

O papel dos modelos internos de funcionamento é de grande importância na modelagem do


comportamento ao longo do ciclo vital, em uma ampla variedade de situações, incluindo a
selecção de um parceiro, a formação de relacionamentos de amizade, a escolha ocupacional, a
parentalidade, a formação de expectativas e a imagem do self (PIETROMONACO &
BARRETT, 1997).

4.0 Desenvolvimento do Apego ao longo do ciclo vital

M. Ainsworth (1978) desenvolveu um sistema de avaliação do relacionamento mãe-bebé, a


partir de observações naturalísticas desse tipo de interacção, chegando à identificação de dois
grandes grupos de estilo de apego: os seguros e os inseguros. Enquanto as crianças seguras se
mostravam confiantes na exploração do ambiente e usavam seus cuidadores como uma base
segura de exploração, as crianças categorizadas como inseguras tinham em comum baixa
exploração do ambiente e pouca ou intensa interacção com suas mães.

Para melhor investigar essas categorias, M. Ainsworth (1978) desenvolveu o método


experimental denominado Situação Estranha, em que as reacções da criança na interacção
com seu cuidador são observadas, em detalhe, em uma situação de separação. A Situação
Estranha deu origem ao primeiro sistema de classificação do apego entre o cuidador e a
criança, sendo as categorias organizadas em: padrão seguro, padrão ambivalente ou resistente
e padrão evitativo. Os resultados deste estudo, conhecido como Baltimore Project, foram
publicados por M. Ainsworth (1978) no artigo "Patterns of attachment". M. Main & E. Hesse
(1990), expandindo o modelo de Ainsworth, ainda chegaram a um quarto padrão de apego,
denominado desorganizado ou desorientado, complementando as categorias com mais um
padrão distinto de apego inseguro nas interacções cuidador-criança.

De acordo com M. Ainsworth (1978), o padrão seguro corresponde ao relacionamento


cuidador-criança provido de uma base segura, na qual a criança pode explorar seu ambiente
de forma entusiasmada e motivada e, quando stressadas, mostra confiança em obter cuidado e
protecção das figuras de apego, que agem com responsividade. As crianças seguras
incomodam-se quando separadas de seus cuidadores, mas não se abatem de forma exagerada.
E. Waters & E. Cummings (2000) salientam que as características da interacção entre o
12

cuidador e a criança, nesse caso, são de cooperação, com instruções seguras e monitoração
por parte do cuidador, ao mesmo tempo em que este encoraja a independência daquela.

W. Collins & L. A. Sroufe (1999) ressaltam que na adolescência as experiências se


caracterizam em uma rede social mais ampla que na infância. Habitualmente, os indivíduos,
nessa fase, demonstram tendência a aumentar e estabilizar suas relações íntimas, sendo a
relação entre e com amigos um dos melhores exemplos de desenvolvimento continuado.

A continuidade nessas relações tem sido ligada às experiências precoces e relações


correspondentes, sugerindo que as competências sociais transcendem relacionamentos
específicos (SROUFE & FLEESON, 1986).

Assim, tanto as relações familiares primárias como as experiências entre pares são proditoras
de diferenças individuais na adolescência (COLLINS & SROUFE, 1999).

M. Harvey (2000) examinou a relação entre os padrões de apego em adolescentes e o


funcionamento familiar, apontando que adolescentes que percebem a si mesmos como
integrantes de relações familiares coesas são considerados com um padrão de apego seguro,
sendo que os valores intelectuais e culturais familiares são adoptados para si mesmos. R.
Kobak (1993) constatou que adolescentes caracterizados pelo padrão de apego seguro são
confiantes em seus relacionamentos, generosos e tolerantes em relação a si mesmos e às suas
figuras de apego, e considerados como mais estáveis em suas relações românticas. As relações
com as figuras de apego são marcadas por uma interacção de confiança e poucas dificuldades
para o estabelecimento de autonomia emocional.

4.1 Características da Teoria do Apego

A ligação afectiva também acontece entre dois adultos, mas, com bebés e crianças, tem como
base a satisfação das necessidades básicas. A criança expressa comportamentos de apego para
conseguir manter a relação com a figura de apego. O sorriso, o contacto visual, o tocar, o
chorar são alguns desses comportamentos.

A diferença entre apego e comportamentos de apego está na intensidade do laço formado. Um


vínculo de afeição duradouro é restrito a poucas pessoas enquanto o comportamento de apego
pode ser mostrado a diversos indivíduos.
13

O comportamento de apego está enraizado em todos nós e é considerado tão fundamental


quanto outros comportamentos intrínsecos dos seres humanos, como o reprodutivo, parental e
exploratório.

Para compreender as características da teoria do apego de Bowlby em sua totalidade, vamos


dividir este artigo em tópicos:

1. O bebé estabelece um único laço primordial

Para a criança, embora houvesse outros cuidadores em sua vida ou, no caso de órfãos, pais
adoptivos para suprir as necessidades, o elo mais importante ainda seria com a mãe. Bowlby
especulou que a mãe correspondia à ligação formada com o bebé quase que na mesma
intensidade, sendo igualmente dependente deste vínculo.

Os professores da pré-escola são exemplos de figuras que apenas recebem comportamentos de


apego. A criança desenvolve uma ligação superficial com o professor para receber o cuidado
dele e fazer a manutenção do relacionamento.

Caso o vínculo com a mãe fosse negado ou interrompido abruptamente, o bebê sofreria com
as consequências negativas dessa privação. O desenvolvimento social e emocional do
indivíduo estaria comprometido após o fim deste laço.

2. Os cuidados contínuos são extremamente importantes nos primeiros anos de vida

A criança tem um período crítico em que precisa receber cuidados consistentes de um único
cuidador, sendo este entre os seis meses a dois anos de idade. Para Bowlby, a maternidade
tardia de nada adiantaria para o bebé. A interrupção do vínculo poderia levar a danos
cognitivos, sociais e emocionais irreversíveis.

Porém, esta hipótese, na actualidade, pode ser altamente questionada já que muitos pais
deixam os filhos em creches ou nos cuidados de outros familiares para trabalhar. Muitas
pessoas hoje foram criadas neste cenário e não apresentam comportamentos atípicos.

Segundo o psicanalista, no entanto, o vínculo deteriorado poderia resultar em delinquência,


agressividade e depressão. Qualquer separação é prejudicial.

3. As experiências com o cuidador primário ditam o comportamento, as crenças e os


pensamentos futuros
14

Com o desenvolvimento da criança, ela começa a fazer representações mentais de suas


experiências. Este habilidade é denominada de modelo interno de funcionamento. Aos três
anos, esse modelo interno passa a se desenvolver e se integrar a personalidade da criança. O
cuidador principal é o espelho.

A criança desenvolve expectativa sobre si mesma, as relações sociais e o mundo em que


habita a partir de observações do comportamento dele.

Além disso, a qualidade do laço entre a criança e o cuidador, como a presença dos pais na
vida dos filhos ou as respostas deles aos momentos de estresse da criança, influencia
directamente no modelo interno de funcionamento.

Quando este modelo interno é positivo, na vida adulta, o indivíduo é autoconfiante e


independente. Ele explora a sua liberdade da melhor maneira possível. Contrariamente, se for
negativo, ele é inseguro, dependente e não consegue interagir com o mundo e as pessoas da
maneira como deveria.

Em casos extremos, segundo Bowlby, a pessoa pode chegar a desenvolver a psicopatia sem
afecto, se tornando incapaz de compreender os sentimentos alheios. Dessa forma, age por
impulso e não se importa com as consequências de seus actos, mesmo se afectar outras
pessoas negativamente.

Em suma, Bowlby acreditava que os problemas de comportamento são originados das


experiências da primeira infância.

4. A ameaça da separação causa ansiedade

A separação tornaria o bebé ou criança insegura e ansiosa. Quando está longe da figura de
apego, a criança ficaria incomodada e não responderia bem aos estímulos sociais de outras
pessoas.

Este momento de afastamento faz a criança chorar e protestar a ausência da pessoa a qual é
apegada. Mesmo sozinha, ela se torna desinteressada nas pessoas ou no ambiente em que está
inserida.

Com o tempo, a criança começa a interagir com quem está ao redor. No regresso do cuidador,
ela o rejeita e sente raiva por ele tê-la deixado. Assim, de acordo com Bowlby, quanto maior o
tempo de separação, maior seria o desapego e a dificuldade para retomar o vínculo.
15

As crianças que experimentam separações difíceis na infância se tornam sensíveis para outras
na vida adulta. Factores como idade, tempo de afastamento, tipo de relacionamento com o
cuidador principal e a qualidade do ambiente onde a criança vive determinam as
consequências da separação.

Em casos de abandono, é criado um trauma no íntimo da criança que pode afectar os seus
relacionamentos futuros.

4.2 Teoria do apego em adultos


Os relacionamentos românticos que mantemos quando adultos, de acordo com os
psicanalistas Cindy Hazan e Philiph Shaver, se assemelham ao da criança e do cuidador. Em
1980, eles passaram a estudar as interacções entre parceiros românticos e o desejo que
compartilham de estar perto um do outro.

Identificaram que há padrões de vínculos que os adultos constroem com outros adultos, sendo
esses:

 Apego Seguro: pessoas que possuem opiniões positivas sobre si mesmas e o parceiro.
Esta dinâmica resulta em um relacionamento harmonioso, pois a pessoa sente-se
confortável com a intimidade e com a independência. A separação não é encarada
como negativa, mas como natural.
 Apego Evitante: pessoas com este estilo de apego sentem que não necessitam de
relações sociais mais íntimas. Elas se vêem como altamente independentes e recusam
qualquer indício de aprofundamento de vínculos.
 Apego Ambivalente: esse padrão corresponde ao desejo de altos níveis de intimidade,
o que resulta na dependência extrema do parceiro. São pessoas inseguras que
questionam o seu próprio valor.
 Apego Desorganizado: dificuldade de estabelecer laços profundos, embora exista o
desejo de fazê-lo. A intimidade emocional é simultaneamente intimidadora e
almejada. Pessoas deste padrão não acreditam nas intenções do parceiro, mesmo
quando são boas.

A teoria do apego em adultos também tem como base a necessidade biológica, porém, como o
adulto já tem crenças e personalidade formada, suas expectativas abrem espaço para objetivos
além da sobrevivência.
16

As suas experiências de vida afectam directamente como será o relacionamento interpessoal


enquanto que, na infância, é impossível levar em consideração vivências passadas. Pelo
menos, não na mesma profundidade.

4.3 Controvérsias da teoria do apego


A teoria do apego foi altamente criticada por colocar toda a responsabilidade na mãe. Muitos
psicanalistas, dando continuidade aos estudos do apego, desenvolveram hipóteses próprias
para contrair ou complementar a teoria de Bowlby.

Porém, embora a mãe seja comummente a cuidadora principal do bebé em muitas culturas, a
teoria não se limita apenas a elas. Bowlby enfatiza a necessidade de um figura de apego
principal, podendo ser o pai, pais adoptivos, familiares ou qualquer pessoa dedicada a cuidar
da criança.
17

CAPÍTULO III: CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.0 Conclusão

Após ter sido feito o trabalho de investigação em torno do tema Teoria do Apego, concluiu-se
A Teoria do Apego é um modelo psicológico que tenta descrever a dinâmica das relações
interpessoais de longo e curto prazo entre os seres humanos. Ela explica como a relação pai-
filho surge e influencia o desenvolvimento subsequente, como também que as noções
propostas na TA pressupõem que os modelos internos desenvolvidos nas relações com as
figuras de apego primárias tendem, de maneira geral, a ser estáveis e a se generalizar para
relações futuras.

Concluiu-se também que papel dos modelos internos de funcionamento é de grande


importância na modelagem do comportamento ao longo do ciclo vital, em uma ampla
variedade de situações, incluindo a selecção de um parceiro, a formação de relacionamentos
de amizade, a escolha ocupacional, a parentalidade, a formação de expectativas e a imagem
do self.

A função principal atribuída a esse comportamento é biológica e corresponde a uma


necessidade de protecção e segurança.

Os relacionamentos românticos que mantemos quando adultos, de acordo com os


psicanalistas Cindy Hazan e Philiph Shaver, se assemelham ao da criança e do cuidador. Em
1980, eles passaram a estudar as interacções entre parceiros românticos e o desejo que
compartilham de estar perto um do outro.
18

5.1 Referências Bibliográficas

BAKER, J. (2001) Mourning and the transformation of object relationships: Evidence for the
persistence of internal attachment. Psychoanalytic Psychology, vol. 18, nº 1, pp. 55-73.

BAKER, J. (2001) Mourning and the transformation of object relationships: Evidence for the
persistence of internal attachment. Psychoanalytic Psychology, vol. 18, nº 1, pp. 55-73.

BARTHOLOMEW, K. & MORETTI, M. (2002) The dynamics of measuring attachment.


Attachment and Human Development, vol. 4, nº 2, pp.162-165.

BOWLBY, J. (1940) The influence of early environment in the development of neurosis and
neurotic character. International Journal of Psycho-Analysis, vol. 21, pp. 1-25.

BRETHERTON, I. (1992) the origins of attachment theory: John Bowlby and Mary
Ainsworth.Developmental Psychology, vol. 28, nº 5, pp. 759-775.

CASSIDY, J. & SHAVER, P. (Orgs.). Handbook of attachment: Theory, research and


clinical applications. London: The Guildford Press. pp. 249-264.

CASSIDY, J. & SHAVER, P. (Orgs.). Handbook of attachment: Theory, research and


clinical applications. London: The Guildford Press. pp. 319-335.

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