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PROFILING CRIMINAL
INTRODUÇÃO À ANÁLISE COMPORTAMENTAL
NO CONTEXTO INVESTIGATIVO
2ª EDIÇÃO
TÂNIA KONVALINA-SIMAS
participação especial
BRENT E. TURVEY
2014
Autores
TÂNIA KONVALINA-SIMAS
participação especial
BRENT E. TURVEY
Editor
Letras e Conceitos, Lda.
geral.letraseconceitos@gmail.com
Imagem da capa
Fotolia
Paginação
Luís Pamplona
Impressão
ISBN: 978-989-8305-81-7
Outubro 2014
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS E QUADROS .................................................................................................. 15
PREFÁCIO
7YVMLZZPVUHS6ISPNH[PVUZVM[OL*YPTPUHS7YVÄSLY .............................................................................. 19
CAPÍTULO 1
FORENSIC CRIMINOLOGY AND CRIMINAL PROFILING: OF MYRIAD PROFESSIONS AND
PROFESSIONALS ...................................................................................................................... 25
INTRODUCTION ............................................................................................................................. 29
CONCLUSION.................................................................................................................................. 35
References ................................................................................................................................. 35
CAPÍTULO 2
PROFILING CRIMINAL: CRIMINOLOGIA APLICADA AO CONTEXTO FORENSE ........................... 37
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 41
6 PROFILING CRIMINAL
I. CRIMINOLOGIA APLICADA..................................................................................................... 41
i. Criminologia Forense e 7YVÄSPUN Criminal .......................................................................... 44
ii. Parâmetros do Trabalho dos Criminólogos Forenses ........................................................... 45
iii. -VYTHsqVL*LY[PÄJHsqVLT7YVÄSPUN Criminal .................................................................. 45
CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 59
CAPÍTULO 3
ABORDAGENS METODOLÓGICAS EM PROFILING CRIMINAL ...................................................... 61
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 65
CONCLUSÃO ................................................................................................................................... 95
CAPÍTULO 4
O MODELO DE ANÁLISE COMPORTAMENTAL BIOPSICOSSOCIAL............................................... 97
CAPÍTULO 5
MOTIVAÇÃO E CONDUTA CRIMINOSA ....................................................................................... 147
CAPÍTULO 6
VITIMOLOGIA FORENSE ............................................................................................................... 179
CAPÍTULO 7
O LOCAL DO CRIME ...................................................................................................................... 205
CAPÍTULO 8
CRIME EM SÉRIE ............................................................................................................................. 245
CAPÍTULO 9
ELABORAÇÃO DO PERFIL CRIMINAL ........................................................................................... 273
ÍNDICE DE FIGURAS
E QUADROS
Figura 2.1. Holmes & Holmes (1996) ................................................................................................ 51
Figura 3.1. Theodore Robert Cowell (1946–1989) ............................................................................. 67
Figura 3.2. Arthur Shawcross (1945-2008) ........................................................................................ 68
Figura 3.3. Local do Crime Desorganizado ....................................................................................... 71
Figura 3.4. Local do Crime Organizado ............................................................................................ 71
Figura 3.5. Douglas & Burgess (1986) ............................................................................................... 72
Figura 3.6. Exemplos de imagens utilizadas no teste de Rorscharch .................................................. 74
Figura 3.7. Modelos Comportamentais da Teoria do Círculo (Turvey, 2009) ...................................... 83
Figura 3.8. Imagem produzida pelo software RIGEL .......................................................................... 85
Figura 4.1. Carta escrita por Arthur Shawcross, homicida em série americano, portador da sín-
drome XYY. ................................................................................................................... 109
Figura 4.2. 9LWYLZLU[HsqVKHZKPTLUZLZKLL]P[HTLU[VKVWLYPNVLKLWYVJ\YHKHUV]PKHKL
(Hansenne, 2003). ......................................................................................................... 114
Figura 4.3. As três maneira de viver, pensar e comportar-se de acordo com a teoria de Karen
Horney (Hansenne, 2003) ............................................................................................. 117
Figura 4.4. Traços da Personalidade Associados à Criminalidade (Palermo & Kocsis, 2004)............. 135
Figura 4.5. Esquema da Etiologia Multifactorial da Conduta Criminal ............................................. 145
Figura 5.1. Pirâmide das Necessidades de Maslow ......................................................................... 154
Figura 5.2. -HJ[VYLZ*H\ZHPZ:PNUPÄJH[P]VZUV,Z[\KVKV*VTWVY[HTLU[V/VTPJPKH@HY]PZ . 160
Figura 5.3. Modelo Motivacional para o Homicídio Sexual (A.W. Burgess, C.R. Hartman, R.K.
Ressler, et al., 1986) ...................................................................................................... 166
Figura 7.1. Instrumentos de Recolha de Vestígios Forenses .............................................................. 211
Figura 7.2. Local do Crime Primário Devidamente Assinalado para Análise e Caracterização ......... 227
Figura 7.3. Parâmetros de caracterização do local do crime por ordem de registo de acordo com
Turvey (2013) ................................................................................................................ 228
Figura 8.1. Retirado de Kocsis (2010) *YPTPUHS7YVÄSPUN!WYPUJPWSLZHUKWYHJ[PJL ............................. 254
Para o Manuel Simas que me abriu as portas deste mundo novo,
para o Brent Turvey que me convidou a entrar nele
e para todos os alunos e colegas que, pela sua curiosidade e entusiasmo,
me incentivam a explorá-lo.
19
PREFÁCIO
PROFESSIONAL OBLIGATIONS OF THE CRIMINAL PROFILER
)`)YLU[;\Y]L`
+LZWP[L[OLKLKPJH[LK^VYRVMZVTLJYPTPUHSWYVÄSPUNJVU[PU\LZ[VZ\MMLYTVZ[MYVT[OLLMMVY[ZVM[OVZL
who understand it least. In capable hands, it is a valuable tool for not only investigating crime, but also
for understanding how and why it was committed. It can break any offense or series of related offenses
KV^UPU[VKPNLZ[PISLTVK\SLZ![OL]PJ[PT[OLJYPTLZJLUL[OLL]PKLUJLHUK[OLVMMLUKLY;OLSLZZVUZ
learned from subsequent analysis can have equal utility from the classroom to the courtroom, educating
criminologists, investigators, agents of the court, and jurors alike. The dangers come, and errors are
THKL^OLUHU`WYVÄSPUN[LJOUPX\LPZ\ZLKI`[OLIPHZLK[OLPTWYVWLYS`LK\JH[LKVYZPTWS`^P[OV\[
humility for inherent limitations. It fair to say that these circumstances are often found in collaboration.
;OLYL HYL H U\TILY VM WYVÄSPUN [LJOUPX\LZ \ZLK I` YLZLHYJOLYZ PU]LZ[PNH[VYZ HUK MVYLUZPJ L_H-
TPULYZHSSV]LY[OL^VYSK/V^L]LYP[^V\SKILHTPZ[HRL[VJVUÅH[LHU`VM[OLTHZ[OL`HYLLHJO
quite different with respect to their assumptions, requirements, and utility. Some are easy to understand
and require no education or training to understand and apply; others are complex, and should not be
H[[LTW[LK SL[ HSVUL HWWSPLK ^P[OV\[ Z\MÄJPLU[ L_HTPULY LK\JH[PVU [YHPUPUN HUK L_WLYPLUJL :VTL
are intended for research purposes; others have been developed purely for investigative purposes; and
few should be offered as evidence in court without careful disclaimers from those who understand the
ZJPLU[PÄJSPTP[Z0[PZ[OLÄYZ[K\[`VMHU`JYPTPUHSWYVÄSLY[V\UKLYZ[HUK[OLZL]HYPHISLTL[OVKZ[OLPY
limits, and how that relates to utility – some of which is explained in this work.
<WVU[OLKL]LSVWTLU[VMHIYVHK\UKLYZ[HUKPUNVM[OL]HYPLKJYPTPUHSWYVÄSPUN[LJOUPX\LZMV\UK
in the literature, the ethical practitioner has a further professional obligation to use only those methods
^P[O KLTVUZ[YHISL LMÄJHJ`;OH[ PZ [V ZH` [OL` T\Z[ LTWSV` VUS` [OVZL TL[OVKZ RUV^U [V WYVK\JL
valid, reliable, and useful results. If a particular methodology has been shown to lack reliability, to
promote bias, or to lend itself to abuse, then there exists the duty to make note and dispose of it. Un-
fortunately, many in the community are taught only a particular method, developing an emotional
attachment to both it and their instructors. Moreover, many have been taught by those who themselves
have only a limited grasp of what are actually multivaried psychological and behavioral constructs. This
OHZJYLH[LKTHU`\UPUMVYTLKKVNTH[PJHUKT`VWPJZ[\KLU[ZVMWYVÄSPUN*VTWL[LU[JYPTPUHSWYVÄSPUN
requires comprehensive understanding and adherence to competent technique – not blind acceptance
HUKSV`HS[`[V[OLWYVÄSPUNPKLVSVNPLZVMHWHY[PJ\SHYPUZ[Y\J[VYVYHNLUJ`*VTWL[LUJLP[T\Z[ILYL-
membered, invites inquiry and requires criticism.
20 PROFILING CRIMINAL
/H]PUN KL]LSVWLK H JVTWYLOLUZP]L \UKLYZ[HUKPUN VM JYPTPUHS WYVÄSPUN [LJOUPX\LZ HUK M\Y[OLY
HNYLLPUN [V \ZL VUS` [OVZL ^P[O KLTVUZ[YHISL LMÄJHJ` [OL JYPTPUHS WYVÄSLY OHZ HU VISPNH[PVU [V IL
OVULZ[^P[OV[OLYZYLNHYKPUN[OLZLJOVPJLZ0[PZUV[LUV\NO[VYLMYHPUMYVT\ZPUNÅH^LKTL[OVKVSVN`"
[OLL[OPJHSWYVMLZZPVUHSOHZHYLZWVUZPIPSP[`[VTHRLJSLHYHUKKLSPULH[LÅH^LKTL[OVKVSVN`^OLUP[PZ
WYHJ[PJLKI`V[OLYZ0U[OPZ^H`[OLJYPTPUHSWYVÄSLYHJRUV^SLKNLZHUKZLY]LZHK\[`[V[OLWYVMLZZPVU
and to those who would employ its services.
>OPJOL]LYTL[OVKPZILPUN\ZLK[OLJYPTPUHSWYVÄSLYHSZVOHZHJVYYLZWVUKPUNVISPNH[PVU[V\U-
derstand the knowledge, skills, and abilities required by that methodology. Certainly those who employ
[OLWYVÄSLYHUKHU`V[OLYLUK\ZLYZPU[OLJYPTPUHSQ\Z[PJLZ`Z[LTTH`SLHW[V[OLHZZ\TW[PVU[OH[[OPZPZ
case. In other words, behavioral analysis requires education and training in the behavioral sciences; cri-
me reconstruction requires education and training in physical evidence and the forensic sciences; and
statistical analysis requires an understanding of the proper rendering and application of probabilities
HUKZ[H[PZ[PJZ-VYL_HTWSLP[»ZHZ\YWYPZLMVYTVZ[[VSLHYUOV^THU`WYVÄSLYZHYLLUNHNLKPU[OLWYVMLZ-
sion and claiming expertise without actually having any formal education at all, let alone a behavioral
ZJPLUJLIHJRNYV\UKVMZVTLRPUK;OLPYVWPUPVUZHUKHK]PJL[LUK[VYLÅLJ[[OPZPNUVYHUJL[OV\NO[OLPY
HNLUJ`HMÄSPH[PVUZJHUTHRLP[KPMÄJ\S[MVYZVTL[VIYPUNH[[LU[PVU[VP[0UHU`L]LU[\ZPUNHWYVÄSPUN
method without understanding its needs and subsequently developing related formal education and
training is not just dangerous, it is inevitably malpractice.
;OLW\YWVZLVM[OPZ[L_[PZ[VOLSWPU[OPZYLNHYK![VWYV]PKLZ[\KLU[Z^P[OHIYVHK\UKLYZ[HUKPUNVM
the techniques that are currently in use, and to help any of the concerned professional communities
PU[OLPYL]HS\H[PVUVM[OLÄ[ULZZVM[OVZL[LJOUPX\LZ<S[PTH[LS`[OLNVHSPZ[VTV]LJYPTPUHSWYVÄSPUN
[V^HYKZTVYLWYVMLZZPVUHSHUKZJPLU[PÄJWYHJ[PJLHUK[OH[JHUVUS`OHWWLU^OLU[OVZLTL[OVKZSH-
JRPUNZV\UKULZZHUK\[PSP[`HYLPKLU[PÄLKHUKTHUHNLKHWWYVWYPH[LS`0[PZT`NYLH[LZ[OVWL[OH[[OVZL
reading this work will be mindful of these professional obligations, and that they will tend to them
always in their casework.
21
NOTA INTRODUTÓRIA
“Teorizar sobre um evento antes de ter dados traduz-se num erro crasso.
Quando assim é distorcem-se levianamente os fatos para corresponderem às teorias,
em vez das teorias corresponderem aos fatos.”
:OLYSVJR/VSTLZ1
O 7YVÄSPUN Criminal é uma metodologia investigativa da Criminologia Aplicada que pode ser usada de
forma mais ampla, por exemplo, na análise do crime e no processo penal, assumindo assim o crimi-
nólogo a função de perito forense2 (Stout, Yates e Williams, 2008). Enquanto perito forense, o WYVÄSLY
criminal realiza uma análise rigorosa e cética em relação a todo um conjunto de provas, comparando
exaustivamente os fatos de um caso e as circunstâncias de cada prova. Uma análise rigorosa da prova,
por si só, como também, no contexto de outras provas, pode reforçar ou refutar elementos de uma
ocorrência tal como pode revelar-se inconclusiva. Cabe ao WYVÄSLY revelar indícios de culpabilidade
HZZPTJVTVL_WVYPTWYLJPZLZLPUJVUZPZ[vUJPHZUHPU]LZ[PNHsqVKL\TJYPTL(PUZ^VY[O";\Y]L`
2013). A objetividade é essencial e central no seu trabalho e exige uma abordagem desapaixonada e
pragmática (Chisum e Turvey, 2007).
O WYVÄSLY criminal, na qualidade de perito forense, é um técnico da Criminologia cuja formação
KL]LYLÅL[PY\TJVUOLJPTLU[VHWYVM\UKHKVUVJVU[L_[VKHZ*PvUJPHZ:VJPHPZL*VTWVY[HTLU[HPZILT
JVTVKHZ*PvUJPHZ-VYLUZLZ,_PNLZLHPUKH\THL_WLYPvUJPHWYVÄZZPVUHSYLSL]HU[LHVL_LYJxJPVKH
análise comportamental e interpretação de provas forenses.
O 7YVÄSPUNCriminal ou a análise comportamental em contexto investigativo procura interpretar as
pistas comportamentais relacionadas com uma determinada ocorrência delitiva, quer sejam de cariz
social, biológico ou psicológico. A triangulação destas pistas é a fundamentação que permite a constru-
sqVKL\TWLYÄSHWYV_PTHKVKVHNYLZZVYLVKLZLU]VS]PTLU[VKLWPZ[HZWHYHKPYLJPVUHYHPU]LZ[PNHsqV
criminal.
No estudo do crime ou do sujeito criminoso, e especialmente numa abordagem investigativa como
é, por excelência, a do 7YVÄSPUN*YPTPUHSKL]LTZLYJVUZPKLYHKVZVZZLN\PU[LZHZWL[VZ!
1 Sherlock Holmest\TWLYZVUHNLTÄJJPVUHSKHSP[LYH[\YHIYP[oUPJHJYPHKVWLSVTtKPJVLLZJYP[VY:PY(Y[O\Y*V-
nan Doyle[]/VSTLZt\TPU]LZ[PNHKVYJYPTPUHSKVÄUHSKVZtJ\SV?0?LX\LHWHYLJLWLSHWYPTLPYH]LaUVYVTHUJL
<T,Z[\KVH=LYTLSOV editado e publicado originalmente pela revista )LL[VU»Z*OYPZ[THZ(UU\HS, em Novembro
de 1887[]:OLYSVJR/VSTLZÄJV\MHTVZVWVY\[PSPaHYVTt[VKVJPLU[xÄJVLHS}NPJHKLK\[P]HUHZZ\HZPU]LZ[PNHsLZ
criminais.
2 O termo WLYP[VMVYLUZL é utilizado relativamente a pessoas especializadas que intervêm nas diversas fases dos
processos, civis e criminais, em tribunal. Um perito forense refere-se a um indivíduo frequentemente requisitado
WHYH[LZ[LT\UOHYLT[YPI\UHSWVYZLYTHPZJVTWL[LU[LZVIYLTH[tYPHZLZWLJxÄJHZLZVIYLJLY[VZJVU[L_[VZKVX\LV
Tribunal, ou, porque reúne competências e conhecimentos sobre uma questão de cariz técnico fora do domínio do
tribunal (Van Der Hoven, 2006).
22 PROFILING CRIMINAL
O Homem congrega elementos biológicos, psicológicos e sociais do meio que o rodeia, encontrando-
-se todos estes interligados como um sistema. A aprendizagem social das normas e valores sociais in-
Å\LUJPHTVJVTWVY[HTLU[VKV/VTLTUHZ\HMVYTHKLLZ[HYLKLHNPY(J\S[\YHLVLZWHsVMxZPJV
PUÅ\LUJPHT [VKVZ VZ PUKP]xK\VZ ZVIYL[\KV HX\LSLZ X\L ZL LUJVU[YHT LT JVU[L_[VZ KPMLYLU[LZ KVZ
habituais. Os elementos biológicos, os traços físicos e a hereditariedade tornam o Homem um ser in-
dividual com particularidades muito próprias, enquanto o meio envolvente e a cultura, cognitivamente
TLKPHKVZPUÅ\LUJPHTVKLZLU]VS]PTLU[VKL[VKV\TTVKVKL]P]LYLKLLU[LUKLYVT\UKV
Desde que nascemos emaranhamo-nos num conjunto de variáveis que não param de atuar/intera-
NPYPUÅ\LUJPHYHUVZZHL_PZ[vUJPHH[tHVTVTLU[VKHUVZZHTVY[L0Z[Vt]LYKHKLWHYH[VKVZVZZLYLZ
humanos sejam eles criminosos, vítimas ou meros observadores e analistas. O Homem não existe num
vácuo existencial. Qualquer análise comportamental que não comporte esta premissa corre o risco de
apresentar sérias lacunas.
O crime e a conduta desviante só podem ser entendidos numa esfera multidimensional porque
apenas dessa forma é possível integrar a complexidade da natureza humana, assim como os fatores que
condicionam e/ou motivam o Homem.
É ainda de salientar que os pressupostos teóricos das diversas abordagens no WYVÄSPUN Criminal
podem e devem ser aplicadas para além do contexto da investigação criminal, tendo utilidade sobre-
tudo na elaboração de pareceres preliminares ou pré-sentenciais e em análises da prova. No contexto
académico, e associado à pesquisa criminológica, pode indicar tendências, expor fenómenos e sugerir
novos caminhos para a compreensão, prevenção e combate ao crime. No contexto judicial, pode ofe-
YLJLYPU[LYWYL[HsLZWLYPJPHPZKHZWYV]HZLM\UJPVUHYJVTV\TPTWVY[HU[LZ\WVY[LWHYHVKLJVYYLYKV
processo judicial.
6\[YHZHWSPJHsLZKLZ[H[tJUPJHKLHUmSPZLJVTWVY[HTLU[HSWVKLTPUJS\PYKLZLU]VS]LY[tJUPJHZKL
entrevista de suspeitos, de testemunhas e de vítimas, e encontrar estratégias para casos de sequestro e
para negociação de reféns.
7YL[LUKLTVZJVTLZ[HTVKLZ[HVIYHWLYTP[PYHVZWYVÄZZPVUHPZKHZ*PvUJPHZ:VJPHPZ*VTWVY[HTLU-
tais e Forenses uma compreensão global da pertinência e da utilidade do 7YVÄSPUN Criminal enquanto
técnica de investigação criminal elencando para isso as metodologias subjacentes, os principais qua-
dros de referência para a interpretação de vestígios e para a elaboração de pareceres e relatórios no
JVU[L_[VKH*YPTPUVSVNPH-VYLUZLLHZL[HWHZJOH]LKVWYVJLZZVKLJVUZ[Y\sqVKL\TWLYÄSJYPTPUHS
É ainda de referir que este livro representa uma compilação, sintetizada e organizada em português,
da informação disponível sobre 7YVÄSPUN Criminal a partir das obras, conceitos e tipologias de autores
de referência neste domínio, nomeadamente, Brent E. Turvey, David Canter, Douglas Ressler, Kim Ros-
smo, Richard Kocsis e Nicholas Groth, Holmes & Holmes, entre muitos outros.
Infelizmente, o 7YVÄSPUN Criminal representa, ainda, um universo bastante reduzido de autores e de
WYVÄZZPVUHPZWLSVX\LLZ[LSP]YVYLÅL[LVZHILYVZJVUJLP[VZLVZ[LYTVZ[tJUPJVZQmPU[LNYHKVZUVSt_PJV
da investigação criminal. No que toca ao tema do WYVÄSPUN criminal é impossível “inventar a roda”, po-
KLTVZHWLUHZKPNLYPYYLÅL[PYLVMLYLJLYUV]HZZPZ[LTH[PaHsLZKVJVUOLJPTLU[VQmL_PZ[LU[LLWYVJ\YHY
adaptá-las à nossa realidade social e cultural.
NOTA INTRODUTÓRIA 23
A estrutura desta segunda edição inclui dois novos capítulos, nomeadamente o Capítulo 1 da au-
[VYPHKV7YVM)YLU[;\Y]L`LV*HWx[\SV ZVIYLHLSHIVYHsqVKVWLYÄSJYPTPUHSWYVWYPHTLU[LKP[ViKL
YLMLYPYX\LMVP\THVWsqVJVUZJPLU[LUqV[YHK\aPYHZPU[LY]LUsLZKV7YVM;\Y]L`WVYKVPZTV[P]VZ7VY
um lado, quisemos preservar os conteúdos do nosso ilustre colaborador porque o seu estilo discursivo
é, ao bom género americano, direto, descomplicado e inciso e, como tal, relativamente fácil de com-
preender. Por outro lado, acreditamos que as advertências bem como as exigências importantíssimas
que faz nos seus textos têm um valor e um impacto próprio na língua original e que poderiam perder
força passando pela tradução.
5LZ[H LKPsqV[HTItT YLVYNHUPamTVZ HVYKLTKVZJHWx[\SVZWYVJ\YHUKVX\LLZ[HYLÅL[PZZLHZ\-
cessão de momentos do próprio processo investigativo. Assim, procuramos (P) delinear e fundamentar
a técnica do 7YVÄSPUNLZJSHYLJLYHZ\H\[PSPKHKLLHZZ\HZSPTP[HsLZLUX\HU[V[tJUPJHPU]LZ[PNH[P]HKH
*YPTPUVSVNPH-VYLUZLLHPUKHJPYJ\UZJYL]LYVZWHYoTL[YVZKLH[\HsqVWHYHLZ[LZWYVÄZZPVUHPZ7YL[LU-
demos (PP) descrever as diferentes abordagens atuais, esclarecendo o leitor de que, porventura, algumas
técnicas serão mais propícias do que outras em função do contexto do crime, mas também em função
KVVIQL[P]VX\LZLWYL[LUKLPKLU[PÄJHYVHNYLZZVYLU[YL]PZ[HYZ\ZWLP[VZLU[YL]PZ[HYVHNYLZZVYYLVYPLU-
[HYHPU]LZ[PNHsqVULNVJPHYZP[\HsLZLTX\LL_PZ[LTYLMtUZLZ[\KVKVJYPTLPU[LYWYL[HsqVKHZWYV]HZ
durante o processo penal). (PPP) Revisitamos o modelo biopsicossocial da conduta criminosa como ma-
triz da análise comportamental e exploramos os contornos da (P]) motivação humana, nomeadamente
no processo de passagem ao ato e no contexto da investigação criminal. Em seguida aprofundamos
os elementos fundamentais da construção de um parecer utilizando a técnica de 7YVÄSPUN Criminal
seguindo uma ordem sequencial, isto é, a (]) vitimologia forense, a (]P) análise do local do crime, e (]PP)
VJYPTLLTZtYPL7VYÄT]PPPWYVWVTVZVZLSLTLU[VZJOH]LWHYHHLSHIVYHsqVKL\TWLYÄSJYPTPUHS
JSHYPÄJHUKVX\HPZVZMH[VYLZKLHUmSPZLJVTYLSL]oUJPHPU]LZ[PNH[P]HLKPZJYPTPUHUKVHZL[HWHZKLHUm-
SPZLLKLYLKHsqVKVWLYÄS
Não é nossa intenção formar WYVÄSLYZ ou analistas comportamentais, mas antes informar estudantes
LWYVÄZZPVUHPZKH*YPTPUVSVNPHLKLmYLHZHÄUZZVIYLH[tJUPJHKL7YVÄSPUN numa ótica de conscien-
cialização do potencial desta abordagem na investigação e no estudo do crime. Teremos concretizado
a nossa missão se o leitor adquirir novas competências de observação da conduta humana, integrar
alguns conceitos chave da psicologia e da análise comportamental e desenvolver a capacidade para
pensar de forma analítica mediante um contexto de investigação criminal valendo-se dos pressupostos
fundamentais do 7YVÄSPUN Criminal.
Deixamos este contributo na esperança de que possa servir como ponto de partida para aqueles
X\LZLWYVWLTKLZLU]VS]LYWYVQL[VZKLPU]LZ[PNHsqVHJHKtTPJHKLZLU]VS]LYLL_WHUKPYHZ[LTm[PJHZ
do 7YVÄSPUN, ou ainda, desenvolver modelos de avaliação desta forma de análise comportamental, bem
como da sua implementação e integração nas metodologias investigativas já existentes.