Taubaté - SP
2016
Judá Midiã de Toledo Borges Santos
Taubaté - SP
2016
Ficha Catalográfica elaborada pelo
SIBi – Sistema integrado de Bibliotecas – UNITAU
Resultado: ___________________
BANCA EXAMINADORA
Assinatura: ____________________________________
Assinatura: ____________________________________
Assinatura: ____________________________________
Ao meu querido avô, Lúcio de Toledo (in
memorian), por me incentivar aos estudos desde
que eu era criança, e por acreditar que, por meio
dos estudos, eu alcançaria todos os meus
objetivos.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Aparecida Garcia Lopes Rossi, por ter
aceitado orientar-me no desenvolvimento deste trabalho, ter acreditado em mim e,
principalmente, por ter sido tão dedicada e prestativa comigo. Uma das maiores
motivações para acreditar na melhoria do ensino no Brasil. Desejo ser merecedora
de todo seu esforço e dedicação.
À minha mestra e grande amiga, Profa. Ma. Renata Aparecida de Freitas, por
tudo que me ensinou e ensina. Obrigada por cada momento de conhecimento
compartilhado, e por me ensinar com tanta ternura.
À minha mestra, Profa. Dra. Eveline M. Tápias Oliveira, por me ensinar com
total dedicação e paciência.
Aos meus professores, que também contribuíram para que eu tivesse uma
formação sólida e íntegra: Dra. Vera L. Batalha de S. Renda, por ter-me orientado
com afinco durante minha atuação no Pibid (Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência); Dra. Márcia Maria Dias Reis Pacheco; Ma. Diese Nancy Urias
de Morais; Ma. Andreia Alda de O. F. Valério; Ma. Thaís Travassos; Me. Luzimar G.
Gouvêa; Me. Silvio Luiz da Costa; Ma. Cristiane Moreira Cobra; Dra. Isabelita
Crosariol e Me. Silvio dos Santos.
À Capes, por ter-me concedido uma bolsa do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).
Ao Programa Escola da Família, por ter-me concedido bolsa integral no curso
de Letras.
Ao Colégio Basic de Taubaté e toda sua equipe, onde aprendi muito, no
âmbito pessoal e profissional. Em especial, ao diretor Silvio Antônio de Oliveira, à
coordenadora pedagógica Maria Signorete da Costa e aos professores Diva Garcia
Gobo, Cristina Máximo Dias e Mayky Lauton.
À Escola de Aplicação Dr. Alfredo José Balbi (Colégio Unitau), por me permitir
colocar em prática os conhecimentos adquiridos na graduação. Em especial, à
professora Ma. Renata Aparecida de Freitas, que me orientou em todo o processo
desse estágio.
Agradeço a minha mãe, Ana Cristina de Toledo, pelo amor incondicional e
incentivo. Jamais me esquecerei de todas as vezes que a senhora abdicou de seus
sonhos para se dedicar a mim e aos meus irmãos. Ao meu pai, Wanderlei, e aos
meus irmãos, por sempre acreditarem que eu conseguiria chegar até aqui. Eu os
amo imensuravelmente.
Aos meus sogros, Gleide e Jolival. Obrigada pelo carinho.
Ao meu esposo, Klaus Silva dos Santos, pela paciência, por cuidar de mim
com tanto amor, por ser meu grande companheiro e melhor amigo, e,
principalmente, por ser meu maior incentivador aos estudos. Amo-te
irrevogavelmente.
Aos meus amigos de curso, pois todos, de maneira direta ou indireta,
contribuíram para o meu percurso. Em especial aos meus amigos Eliana, Aline,
Beatriz, Isabelle, João e Augusto. Obrigada por trilharem esse caminho de mãos
dadas comigo.
Por fim, e, acima de tudo, agradeço a Deus.
Uma das práticas pedagógicas indispensáveis para
o ensino/aprendizagem da expressão culta é
precisamente despertar a consciência dos alunos
para a variação linguística, a fim de que eles
percebam os pontos críticos que distanciam a
variedade que eles aprenderam em casa das
variedades cultas, e possam trabalhar
sistematicamente, ao longo da escolaridade básica,
para dominar estas últimas.
(FARACO, 2015, p. 27)
RESUMO
Este trabajo presenta como tema las variaciones del uso de los pronombres relativos
en el habla de personas escolarizadas, basado en datos actuales retirados de la
prensa. El problema que motivó esta investigación es la dificultad en la enseñanza
de los pronombres relativos de acuerdo con la norma estándar de la lengua
portuguesa debido a la variación lingüística existente en el lenguaje hablado. El
objetivo general de esta investigación es el estudio de las variaciones en el uso de
los pronombres relativos en el habla de personas escolarizadas, dirigidas a la
enseñanza de la lengua portuguesa. En concreto, los objetivos son: 1) hacer un
estudio de las variaciones en el uso de los pronombres relativos, en el habla de
personas escolarizadas producidas en la prensa; 2) tejer consideraciones sobre la
enseñanza de este tópico gramatical desde las variaciones observadas. Hay dos
justificativas para esta investigación. La primera se refiere a la ampliación de mi
conocimiento sobre la variación lingüística de los pronombres relativos en portugués
de Brasil, sobre la discusión a respeto de la enseñanza de la norma estándar y los
recursos (medios o formas) para mejor trabajar con ese tema en clase. La segunda
razón está relacionada a la contribución a los profesores que vengan a tener
contacto con esta investigación, pues este trabajo les proporcionará datos
actualizados sobre el uso de eses pronombres por la prensa. Esta investigación se
basa teóricamente en los principales conceptos sobre sociolingüística y variación
lingüística; en el concepto de norma estándar; en el abordaje de la gramática
normativa de los pronombres relativos; en un estudio sociolingüístico sobre los
pronombres relativos en portugués de Brasil; y en la propuesta actual de la
Lingüística Aplicada a la enseñanza de norma estándar. El corpus de esta
investigación está formado por 20 contextos en que un pronombre relativo
acompañado de preposición, el pronombre relativo “cujo” o el pronombre relativo
“onde” debería aparecer. Fue recogido por medio de grabaciones de programas de
televisión y radio (periodismo, programas de entrevistas y programas de debates),
cuyos membros son personas con educación terciaria. Todas las grabaciones fueran
realizadas en la segunda mitad del año de 2016. Los resultados mostraron que la
norma estándar es utilizada en apenas 30% de los datos colectados; “que” como
pronombre relativo genérico, como vacio de preposición, es el uso más frecuente
(50%); “onde” e “aonde” se usan de forma inapropiada en el 20% de los casos. Se
concluye que la enseñanza de lo pronombre relativo de acuerdo con la norma
estándar se hace necesaria, pero hay que hacerlo a partir de la observación de todo
ese cambio en el contexto de la lengua hablada para que el aluno perciba las
diferencias entre la norma estándar y las variaciones populares.
INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
CAPÍTULO 1: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E NORMA PADRÃO
1.1 A língua é um conjunto de variantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 O ensino da norma padrão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
CAPÍTULO 2: PRONOME RELATIVO: NORMA PADRÃO E
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
2.1 O que é gramática normativa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2 O que diz a gramática normativa sobre os pronomes relativos? . . . . . . . . . .21
2.3 A variação linguística dos pronomes relativos no Português do Brasil. . .24
CAPÍTULO 3: PRONOMES RELATIVOS E SUAS VARIANTES NA FALA DE
PESSOAS ESCOLARIZADAS
3.1 O corpus da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2 Análise do corpus da pesquisa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Algumas considerações sobre o ensino de pronomes relativos . . . . . . . . . . .34
CONCLUSÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
10
INTRODUÇÃO
ou sem preposição ou o pronome relativo “onde” deveria aparecer. Foi coletado por
meio de gravações de programas de televisão e rádio (jornalismo, programas de
entrevistas e de debates). Os participantes desses programas são pessoas com
nível de escolaridade superior. Todas as gravações foram realizadas no segundo
semestre do ano de 2016. Na apresentação dos dados, no capítulo três, as datas e
os nomes dos programas de televisão e de rádio fontes dos dados serão
explicitados.
Os pronomes relativos na função de sujeito e de objeto direto não são
acompanhados por preposição e são expressos apenas por “que” ou “o/a qual; os/as
quais”. Como será comentado no capítulo 2, esses casos não oferecem dificuldade
para o uso da norma padrão. Portanto, não serão objeto de estudo nesta pesquisa.
Os casos de pronomes relativos coletados nos programas de televisão e de rádio
são aqueles que ocupam função sintática que exigem preposição, bem como os
pronomes relativos “cujo/cuja/cujos/cujas” com ou sem preposição e o pronome
relativo “onde”. De acordo com estudos sociolinguísticos comentados no capítulo 2,
esses são os pronomes relativos que apresentam variações no português brasileiro
falado. São, pois, os dados que interessam para esta pesquisa e que foram
coletados das gravações, tanto nas ocorrências de acordo com a norma padrão
quanto nas ocorrências em formas populares.
Este trabalho de graduação divide-se em três capítulos. O primeiro capítulo
apresenta conceitos sobre a variação linguística e a norma padrão, bem como a
discussão feita por alguns autores sobre o problema do ensino de língua portuguesa
e a dúvida a respeito de qual variedade da língua ensinar. O segundo capítulo
aborda as características da gramática normativa e suas prescrições sobre o uso
dos pronomes relativos, além de resultados de estudo sociolinguístico sobre o uso
desses pronomes no português do Brasil. O terceiro capítulo apresenta os dados
desta pesquisa sobre o uso de pronomes relativos coletados de falantes
escolarizados, a partir de gravações de programas de televisão e de rádio. Esse
capítulo é finalizado com considerações sobre o ensino da norma padrão referente a
esse tópico.
Este trabalho de graduação finaliza-se com as conclusões e referências.
13
CAPÍTULO 1
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E NORMA PADRÃO
das modificações (variações) que podem surgir com o passar do tempo devido a
vários fatores. No sentido restrito, a norma destina-se aos usos e ações do grupo
sócio cultural de nível mais elevado, devido a razões políticas, econômicas e
culturais.
Para Castilho (1988), não há português certo ou errado, mas modalidades de
prestígio e modalidades desprestigiadas, as quais correspondem ao meio em que
está inserido o indivíduo. A norma culta é modelo de língua desde a época colonial,
e é praticada pela classe social de prestígio. O aprendizado da norma culta da
língua traz benefícios como aumento de vocabulário e articulação das palavras para
quem a aprende, contudo a escola não deve ignorar as variantes linguísticas, como
explica o autor. O indivíduo deve aprender a norma culta além do português que já
fala, para que assim possa usar uma ou outra maneira de acordo com as
circunstâncias.
Todas as línguas variam de acordo com o nível de contato entre os seus
falantes. Significa, então, que um mesmo idioma tem suas variações linguísticas,
sejam essas regionais ou culturais. (CAMACHO, 1988). Há quatro modalidades
particulares de variação na língua, segundo esse autor.
Primeiramente há a variação histórica, a qual resulta na modificação da
língua ao longo dos séculos e em ajustes da norma padrão. Essas variantes antigas
são identificadas atualmente em descrições sobre a história da língua ou em obras
literárias passadas, tornando-se menos importantes do que as da atualidade e
consideradas obsoletas. Em segundo, existe a variação geográfica, dependendo da
região na qual está inserido o falante (dentro de uma mesma nação), o modo de
pronúncia, estrutura sintática e vocabulário apresentam suas peculiaridades
(regionalismo). Em terceiro, há a variação social, que ocorre como consequência da
variação da língua utilizada e determinada pelos indivíduos de um mesmo meio
social e cultural da sociedade. Por último, existe a variação estilística, sobre a qual o
autor esclarece que não há forma homogênea de se falar mesmo dentro de um
mesmo contexto social e regional da língua, ou seja, o estilo linguístico será adotado
conforme a situação exigir. Por exemplo, um advogado não manterá um diálogo com
seus amigos da mesma maneira que manterá uma conversa com um de seus
clientes (em âmbito profissional).
Portanto, os vários autores que abordam o assunto “variação linguística”
concordam que todas as línguas apresentam variações em diferentes aspectos.
15
CAPÍTULO 2
PRONOME RELATIVO: NORMA PADRÃO E VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA
Neste capítulo, são apresentadas as regras da norma padrão para o uso dos
pronomes relativos e os resultados do estudo sociolinguístico de Tarallo (1983 apud
TARALLO, 1985). Inicialmente é descrito o que vem a ser a gramática normativa,
bem como suas origens, e como nos é apresentada atualmente. Na sequência,
apresenta-se o que os gramáticos Cunha e Cintra (1985) e Bechara (2009) explicam
sobre o uso dos pronomes relativos de acordo com a gramática normativa. Por fim, é
demonstrada a variação no uso dos pronomes relativos no Português do Brasil.
1. Sujeito:
Quero ver do alto o horizonte,
Que foge sempre de mim.
(O. Mariano, TVP, II, 434.)
2. Objeto Direto:
_ Já não se lembra da picardia que me fez?
(A. Ribeiro, M, 67.)
3. Objeto Indireto:
Eu aguardava com uma ansiedade medonha esta cheia de que tanto se
falava.
(J. Lins do Rego, ME, 58.)
4. Predicativo:
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5. Adjunto adnominal:
Há pessoas cuja aversão e desprezo honram mais que os seus louvores de
amizade.
(Marquês de Maricá, M, 223)
[cuja=adjunto adnominal de aversão e desprezo, mas em concordância
apenas com o primeiro substantivo, o mais próximo].
6. Complemento nominal:
Lembra-me de que deixara toda a minha vida ao acaso e que não pusera ao
estudo e ao trabalho com a força de que era capaz.
(L. Barreto, REIC, 287.)
7. Adjunto adverbial:
Entrava-se de barco pelo corredor da velha casa de cômodos onde eu
morava.
(M. Quintana, P, 92.)
8. Agente da passiva:
_ Sim, sua adorável pupila, a quem amo, a quem idolatro e por quem sou
correspondido com igual ardor!
(A. Azevedo)
O guia da turma, o qual nos veio visitar hoje, prometeu-nos voltar depois
(com o emprego de que o sentido ficaria ambíguo).
O autor ainda explica que o pronome onde, que, na maioria das vezes, tem
função de adjunto adverbial de lugar, é considerado por alguns gramáticos advérbio
relativo. Um exemplo dado por Cunha e Cintra (1985, p.342) é:
Sei que estou plagiando nosso famoso cronista, o qual, certa vez, deu-lhe
na telha fazer essa comunicação ao jornal e aos leitores.
(C. Drummond de Andrade, CB, 57.)
Essa variação popular a que o autor se refere já foi estudada com base na
sociolinguística. Isso será detalhado a seguir.
[pronome lembrete] = Aquele amigo que você gosta muito dele é ótimo.
OBJ. DIR.: Aí esse rapaz aí que eu conheci ele, ele estava lá na festa
também.
OBLÍQUO: E um deles foi esse fulano aí, que eu nunca tive aula com ele.
(Nessa categoria de OBLÍQUO encontram-se todos os tipos de pronomes
relativos com preposição que não sejam referentes a objeto indireto)
CAPÍTULO 3
PRONOMES RELATIVOS E SUAS VARIANTES NA FALA DE
PESSOAS ESCOLARIZADAS
(1) Vamos inaugurar o SAMU, O SAMU regional, que também Tautabé faz
parte. (Rádio Metropolitana – 03/11/16)
Estrutura da oração adjetiva: que também Taubaté faz parte [do SAMU
regional].
A preposição “de” (de+o=do) aparece na função sintática que o referente do
pronome relativo ocupa. Isso significa que essa preposição precisa anteceder o
pronome relativo numa construção de acordo com a norma padrão, sem a repetição
desse referente, como em:
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Norma padrão: que também Taubaté faz parte [do SAMU regional].
(2) Taubaté foi a cidade que mais investiu porque justamente nós temos a
sede e aonde vão ficar os médicos. (Metropolitana, 03/11/2016)
Estrutura da oração adjetiva: aonde vão ficar os médicos [na sede]
O pronome relativo “onde” está contraído com a preposição “a”, mas se
observa que a preposição correta é “em” se o pronome relativo for “que” ou “qual”,
pois “os médicos vão ficar na sede” (em+a=na). Como o pronome relativo ocupa a
função sintática de adjunto adverbial de lugar, pode ser apenas “onde”.
Norma padrão: [onde vão ficar os médicos]
[em que vão ficar os médicos]
[na qual vão ficar os médicos]
O mesmo caso ocorre no exemplo a seguir:
(3) Ele contou à polícia que teria que voltar para a capital paulista, aonde
ele mora. (Rádio Metropolitana, 16/11/2016).
Característica da oração adjetiva: aonde ele mora [na capital paulista].
(em + a = na)
Norma padrão: onde [ele mora]
na qual [ele mora]
(4) Eu acho que essa é uma coisa que o Brasil precisa prestar atenção
desde já. (Jornal 10, Globo News, 09/11/2016)
Estrutura da oração adjetiva: que o Brasil precisa prestar atenção desde já
[na coisa]. (na = em + a)
Norma padrão: [em que o Brasil precisa prestar atenção desde já].
[na qual o Brasil precisa prestar atenção desde já].
Estrutura da oração adjetiva: que os deputados vão ter que trabalhar [com o
fato consumado].
Norma padrão: [com que os deputados vão ter que trabalhar].
[com o qual os deputados vão ter que trabalhar].
(7) Aí eu diria que um personagem que nós não conversamos até agora
chama-se Sérgio Moro. (Painel, Globo News, 18/09/2016).
Estrutura da oração adjetiva: que nós não conversamos até agora [sobre
ele (um personagem)...].
Norma padrão: [sobre o qual nós não conversamos até agora chama-se
Sérgio Moro].
[ sobre quem nós não conversamos até agora chama-se
Sérgio Moro].
(8) Nós temos um sistema de crise em curso, que cada ator faz o que quer
ao arrepio da lei. (Painel, Globo News, 18/09/2016).
Estrutura da oração adjetiva: que cada ator faz o que quer [no sistema de
crise em curso]. (em + o = no)
Norma padrão: no qual cada ator faz o que quer...].
em que cada ator faz o que quer...].
(10) Depois de um ano muito difícil, onde a agricultura foi prejudicada por
vários problemas climáticos, os alimentos estão dando um alívio aí pro seu
bolso. (Conta corrente – Globo News – 09/11/2016).
Estrutura da oração adjetiva: onde a agricultura foi prejudicada por vários
problemas climáticos [durante/em um ano muito difícil].
Norma padrão: [durante o qual a agricultura foi prejudicada por vários
problemas climáticos].
[no qual a agricultura...]
[quando a agricultura...]
(12) Geneton é essa pessoa que, assim, todo o Brasil tinha essa admiração.
(Jornal das 10, Globo News, 02/11/2016).
Estrutura da oração adjetiva: que todo o Brasil tinha essa admiração [por ele]
Norma padrão: [por quem todo o Brasil tinha essa admiração].
[pelo qual todo o Brasil tem admiração]
(13) Quando o cara chega à frente ali do cargo que ele concorreu...
(Jovem Pan, 22/11/2016)
Característica da oração adjetiva: que ele concorreu [ao cargo].
Norma padrão: [ao qual ele concorreu].
(15) Ontem à noite ela não falou que era o momento em que ela deveria ter
falado. (Jornal 10, Globo News, 09/11/2016).
Estrutura da oração adjetiva: em que ela deveria ter falado [naquele
momento].
no qual ela deveria ter falado [naquele
momento].
(16) Em que medida, uma vez presidente, o Trump vai ter que, de alguma
maneira, se entender com o partido dele, com o partido Republicano, com o
qual ele criou uma série de traumas ao longo da campanha.
(Jornal 10, Globo News, 09/11/2016).
Estrutura da oração adjetiva: com o qual ele criou uma série de traumas [com
o partido Republicano].
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(17) É uma festa em que as pessoas entram em contato, a ideia deles é que
os mortos vêm encontrar as famílias. (Em Pauta, Globo News, 02/11/2016).
Estrutura da oração adjetiva: em que as pessoas entram em contato [na
festa].
na qual as pessoas entram em contato [na
festa].
(19) A única alteração estrutural foi na Medida Provisória 339, de 2006, que
foi do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica), em que a sociedade cível conseguiu alterar o sistema de fundos.
(Entre Aspas, Globo News, 18/09/2016).
Estrutura da oração adjetiva: em que a sociedade cível conseguiu alterar o
sistema de fundos [na Medida Provisória 339].
na qual a sociedade cível conseguiu alterar o
sistema de fundos [na Medida Provisória 339].
(20) Os EUA vão se retrair [...] em várias áreas do mundo, [...] vão se retrair
na Síria, onde ele não tem interesse no resultado da Guerra Síria.
(Jornal 10, Globo News, 09/11/2016).
“Onde” está correto. Também pode ser substituído por “em que” ou “na qual”.
Estrutura da oração adjetiva: onde ele não tem interesse no resultado da
Guerra Síria [na Síria].
em que ele não tem interesse na Guerra Síria
[na Síria].
na qual ele não tem interesse na Guerra Síria
[na Síria].
ONDE
ONDE em vez de Depois de um ano muito difícil, onde a
outro pron. 2 10% agricultura foi prejudicada por vários
Relativo problemas climáticos...
Fazendo um bom uso da Educação artística,
QUE em vez de 1 5% retomando a Educação Física, que, na minha
CUJO
opinião, é um equívoco a retirada...
total (nº) 20 100%
Fonte: dados desta pesquisa
CONCLUSÃO
norma padrão. Conclui-se que o ensino do pronome relativo de acordo com a norma
padrão é necessário, mas precisa ser feito a partir da observação de todo esse
quadro de variação da língua falada para que o aluno perceba as diferenças entre a
norma padrão e as variantes populares.
Dessa forma também se atingiu o segundo objetivo específico desta
pesquisa, relativo a considerações sobre o ensino desse tópico gramatical a partir
das variações observadas. Concluo defendendo, a partir da fundamentação teórica e
dos dados analisados nesta pesquisa, que, se não houver essa análise comparativa
e reflexão linguística das variantes com a norma padrão, o professor não terá
sucesso no ensino do uso dos pronomes relativos, tampouco o aluno conseguirá
aprendê-los.
Os dados desta pesquisa podem ser usados pelo professor de língua
portuguesa em sala de aula e ficam também como exemplo de coleta de dados da
língua falada que o professor pode fazer com seus alunos, num exercício de reflexão
e pesquisa sobre a língua portuguesa atual.
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REFERÊNCIAS
MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia. O português são dois: novas fronteiras, velhos
problemas. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
PERINE, Mário. Gramática descritiva do português. 2. ed. São Paulo: Ática, 1996.