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ISBN 978-65-5935-345-3
CDD 616.89142
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - CONCEITUALIZAÇÃO .................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 6
BREVE HISTÓRICO ........................................................................................................................ 6
OS TRÊS NÍVEIS DE COGNIÇÃO .................................................................................................... 6
ESTRUTURA DAS SESSÕES............................................................................................................ 9
O QUE É CONCEITUALIZAÇÃO? .................................................................................................. 10
IMPORTÂNCIA DA CONCEITUALIZAÇÃO .................................................................................... 11
FINALIZANDO ............................................................................................................................. 13
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 14
CAPÍTULO 2 - DIFICULDADES ......................................................................................................... 15
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 16
O QUE TER EM MENTE QUANDO O CLIENTE CHEGA? ............................................................... 16
IDENTIFICANDO AS DIFICULDADES ............................................................................................ 17
LISTANDO AS DIFICULDADES PRINCIPAIS .................................................................................. 18
ORGANIZANDO AS DIFICULDADES PARA ESTABELECER OBJETIVOS ......................................... 20
UNIÃO DA TEORIA COM AS DIFICULDADES ............................................................................... 21
FINALIZANDO ............................................................................................................................. 24
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 25
CAPÍTULO 3 – PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS E DISTORÇÕES COGNITIVAS ................................ 26
CONVERSA INICIAL ..................................................................................................................... 27
SIGNIFICADO DOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS................................................................... 27
PRESSUPOSTOS SUBJACENTES................................................................................................... 28
CRENÇAS NUCLEARES ................................................................................................................ 29
DISTORÇÕES COGNITIVAS.......................................................................................................... 30
ESTRATÉGIAS COMPENSATÓRIAS .............................................................................................. 33
FINALIZANDO ............................................................................................................................. 34
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 35
CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO .......................................................................................................... 36
CONVERSA INICIAL ..................................................................................................................... 37
PERSONALIDADE ........................................................................................................................ 37
DIAGNÓSTICO ATEÓRICO........................................................................................................... 38
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ...................................................................................................... 41
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HISTÓRIA DE VIDA...................................................................................................................... 42
HISTÓRICO PSIQUIÁTRICO E USO DE MEDICAÇÕES .................................................................. 45
FINALIZANDO ............................................................................................................................. 45
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 47
CAPÍTULO 5 – CONCEITUALIZAÇÃO APÓS AVALIAÇÃO INICIAL ..................................................... 48
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 49
CONCEITUALIZAÇÃO APÓS AVALIAÇÃO INICIAL .................................................................... 49
HISTÓRICO E CONTEXTO DE VIDA.............................................................................................. 49
DADOS DA IDENTIFICAÇÃO DA PACIENTE ............................................................................. 49
USO DE MEDICAÇÕES ............................................................................................................ 50
MOTIVO DA BUSCA POR ATENDIMENTO .............................................................................. 50
FORMA DE ENCAMINHAMENTO............................................................................................ 51
INFORMAÇÕES DA HISTÓRIA DE VIDA................................................................................... 51
DIAGNÓSTICO E DIAGRAMA DE CONCEITUALIZAÇÃO............................................................... 52
LISTA DE PROBLEMAS E DIAGNÓSTICO ATEÓRICO ................................................................ 52
DIAGNÓSTICO TEÓRICO ......................................................................................................... 52
ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS ..................................................................................... 54
OUTROS PONTOS IMPORTANTES .............................................................................................. 57
PONTOS FORTES E RECURSOS ............................................................................................... 57
CRENÇAS QUE PODEM INTERFERIR NO ATENDIMENTO ....................................................... 57
PLANEJANDO A INTERVENÇÃO .................................................................................................. 58
FOCOS DO TRATAMENTO ...................................................................................................... 58
PLANO DE TRATAMENTO (MODALIDADE/FREQUÊNCIA/DURAÇÃO/ESTRATÉGIAS
TERAPÊUTICAS) ...................................................................................................................... 58
POSSÍVEIS DIFICULDADES DO CASO....................................................................................... 58
FINALIZANDO ............................................................................................................................. 59
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 60
CAPÍTULO 6 – TIPOS DE CONCEITUALIZAÇÃO ............................................................................... 61
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 62
CONCEITUALIZAÇÃO PARA CRIANÇAS ....................................................................................... 62
CONCEITUALIZAÇÃO PARA ADOLESCENTES .............................................................................. 65
CONCEITUALIZAÇÃO PARA CASAIS ............................................................................................ 66
CONCEITUALIZAÇÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS ....................................................................... 68
CONCEITUALIZAÇÃO COMO FACILITADORA DA ALIANÇA TERAPÊUTICA.................................. 69
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 71
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CAPÍTULO 1 - CONCEITUALIZAÇÃO
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, vamos relembrar alguns conceitos importantes da terapia
cognitivo-comportamental (TCC), com um breve histórico e uma revisão dos três
níveis de cognição: pensamentos automáticos, crenças intermediárias e crenças
nucleares.
Depois, introduziremos o conceito de “conceitualização cognitiva” (ou
“conceituação cognitiva”), e vamos falar sobre sua importância no processo
terapêutico.
BREVE HISTÓRICO
Antes de aprofundarmos a conceitualização cognitiva, vamos revisar
alguns conceitos importantes.
A TCC faz parte da segunda geração (ou onda) de terapias
comportamentais. Essa terminologia foi criada para explicar de maneira didática
as diferentes correntes de terapia de base cognitiva que também levam em
consideração a importância do ambiente no qual o indivíduo está inserido e a
observação dos seus comportamentos como essenciais para entendermos melhor
como cada um de nós interpreta o mundo. A primeira onda, constituída pela
terapia comportamental, teve seu início na década de 1950 e surgiu para
questionar a efetividade da psicanálise, predominante na época, pelo viés da
modificação do comportamento.
Com base nos estudos de Bandura e na criação da teoria de aprendizagem
social, nos quais ficou claro o significado da cognição em comportamentos
voltados para a aprendizagem, estudiosos como Aaron Beck, com a terapia
cognitiva, perceberam como, por meio da modificação das cognições, seria
possível mudar a interpretação das situações e, consequentemente, influenciar no
modo como as pessoas se sentem e se comportam. Ao longo das décadas de
1970 e 1980, a TCC foi se consolidando como uma vertente importante na
psicologia mundial.
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que seu desempenho poderia ter sido melhor que o esperado, por apenas se
permitir viver a realidade da situação. Essa atitude também gerou um sentimento
de culpa por ter assumido um compromisso que não cumpriu, na sua visão, por
sua “fraqueza”.
Tal exemplo é bastante ilustrativo para entendermos que a sensação de
ansiedade não é algo que podemos simplesmente ignorar. Faz total sentindo nos
sentirmos ansiosos diante de uma exposição, como dar uma palestra. O problema
é que, para ela, a ansiedade chegou a um nível exagerado, o que aumentou a
força de pensamentos relacionados à sua incapacidade e comportamentos para
tentar aliviar essa sensação desconfortável.
Também chegamos a um dos conceitos principais da TCC: “uma mesma
situação produz reações distintas em diferentes pessoas, e uma mesma pessoa
pode ter reações distintas a uma mesma situação em diferentes momentos da
vida” (Rangé et al., 2011, p. 21). Esses pensamentos ou conteúdos cognitivos
influenciam na maneira como nos sentimos e nos comportamos, estabelecendo
um ciclo.
Com isso, já conseguimos entender a importância de identificar e aprender
a reestruturar nossas cognições. Podemos dividi-las em 3 níveis:
Pensamentos automáticos: como o próprio nome diz, é tudo que passa
pela nossa cabeça, a todo momento. São chamados de “automáticos” por conta
da rapidez com que passam, o que dificulta sua identificação. Devido a essa
rapidez, também não conseguimos questioná-los no mesmo momento, o que nos
faz acreditar facilmente no seu conteúdo. Como no primeiro pensamento do
exemplo anterior, Mônica nem questionou a ideia de conseguir ou não falar bem
na palestra; ela simplesmente acreditou que não iria conseguir, o que
desencadeou a reação negativa.
Pressupostos subjacentes: os pressupostos subjacentes são regras,
atitudes ou pressupostos baseados nas crenças nucleares. Usando o mesmo
exemplo, ela poderia, ao longo das duas semanas, ter pensado: “Pessoas que
conseguem dar palestras são bem-sucedidas” e “Se eu não conseguir, então sou
um fracasso”. Fica bem claro como um pressuposto desses pode aumentar a
ansiedade de qualquer pessoa, pois a consequência de não conseguir fazer a
palestra afeta como ela se vê, e a faz acreditar que isso é uma prova de que é
fracassada.
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Fonte: Kolonko/Shutterstock.
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• Ponte com a sessão anterior: inclui a revisão das tarefas dadas no último
encontro;
• Agenda da sessão: feita em conjunto com o cliente, com os tópicos que
vão ser abordados;
• Discussão dos tópicos: responsável pela maior parcela da sessão e
concluída com uma nova tarefa combinada entre ambas as partes;
• Resumo final e feedback do cliente: para o terapeuta, com sua
percepção da sessão.
O QUE É CONCEITUALIZAÇÃO?
A conceitualização cognitiva, tópico principal de nosso capítulo, é uma
ferramenta essencial para o processo terapêutico em TCC. Relembramos, nos
tópicos anteriores, conceitos necessários para conseguirmos desenvolver essa
conceitualização da melhor maneira possível.
Sabemos que a TCC é uma abordagem baseada em evidências. Diversos
estudos e pesquisas são realizadas com frequência e buscam criar protocolos e
modelos de entendimento e intervenção terapêutica, o que acaba atraindo
profissionais e pessoas em busca de atendimento. Para Kuyken, Padesky e
Dudley (2010, p. 41), “apesar da necessidade de mais pesquisas relacionadas ao
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IMPORTÂNCIA DA CONCEITUALIZAÇÃO
O momento em que o cliente busca a terapia é muito significativo em sua
vida pois, na maioria das vezes, é quando desvantagens ou perdas começam a
superar as vantagens ou ganhos de não se abrir a uma pessoa estranha. Então,
o que o terapeuta puder fazer para motivá-lo a continuar e conseguir ver uma
melhora é de grande ajuda para ambas as partes.
Uma das habilidades mais importantes de um terapeuta é a empatia.
Independentemente de sua abordagem e da maneira como trabalha, o terapeuta
precisa sempre colocar em prática a capacidade de se colocar no lugar do cliente
e, principalmente, de mostrar que seu sofrimento tem sentido; a validação de suas
dificuldades e questões mostra acolhimento e apoio. Muitas vezes, é no ambiente
terapêutico a primeira vez que o cliente obtém essa validação e compaixão de
alguém. Mas também ajuda quem já buscou se abrir com alguém e teve seus
sentimentos diminuídos e invalidados, como se não existisse motivo para se sentir
de determinada maneira.
Desse modo, a conceitualização, por si só, já é um exercício de validar os
problemas do cliente. Com isso, a possibilidade de esse cliente se sentir à vontade
para se abrir é muito maior.
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FINALIZANDO
O objetivo deste capítulo foi revisar alguns conceitos básicos da TCC para
o entendimento da conceitualização cognitiva no processo terapêutico, assim
como explicar como essa ferramenta pode ajudar o profissional em diversos
momentos da terapia.
Posteriormente, vamos aprender como fazer uma conceitualização,
passando por todos os tópicos necessários para descrever, avaliar e planejar a
intervenção do caso pela ótica da TCC.
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REFERÊNCIAS
KUYKEN, W.; PADESKY, C. A.; DUDLEY, R. O dilema de Procrusto. In: _____.
Conceitualização de casos colaborativa: o trabalho em equipe com clientes em
terapia cognitivo comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2010. p. 19-43.
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CAPÍTULO 2 - DIFICULDADES
INTRODUÇÃO
Como vimos, a conceitualização cognitiva é uma ferramenta essencial para
a prática da TCC. Ela reúne todas as informações necessárias para o andamento
do processo terapêutico e permite que o terapeuta elabore o atendimento de modo
efetivo.
Neste capítulo, vamos ver como começar a elaboração da
conceitualização, incluindo o que deve ser de domínio do terapeuta, até mesmo
antes da primeira sessão, e ao longo dos atendimentos. Também vamos entender
como investigar as dificuldades atuais do cliente para iniciar o processo e
entender, com base na teoria, como é o funcionamento desse indivíduo.
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IDENTIFICANDO AS DIFICULDADES
No início, a investigação deve ser mais ativa por parte do terapeuta. Ou
seja, ele dá o direcionamento, fazendo perguntas para entender detalhadamente
o que é relatado e verificar pontos em comum entre as queixas. Existem diversas
maneiras para essa investigação ser feita, e fica a critério do profissional decidir
qual será a melhor, assim como entender com qual das abordagens ele se sente
mais confortável. Alguns profissionais preferem fazer essa sessão de forma mais
livre, conversando sobre o que querem saber e direcionando a investigação com
perguntas específicas. Outros gostam de entrevistas mais estruturadas e/ou
questionários de avaliação qualitativa para colher todas as informações
necessárias.
Uma ferramenta sugerida para a primeira sessão é a roda da vida. Tal
recurso permite que o cliente classifique cada área de sua vida com uma nota de
0 a 100, e que fale sobre cada uma. Com base nisso, o terapeuta pode explorar
cada área e ver qual é o seu nível de satisfação. Por ser um recurso visual, ele
esclarece quais áreas estão com classificação mais baixa, o que pode trazer à
tona outras informações significativas sobre o estilo de vida do cliente. Por
exemplo, Mônica classificou sua área do amor com a nota 90, a princípio. Ao ser
perguntada sobre o que levou em consideração para dar essa nota, começou a
perceber, com o direcionamento do terapeuta, que momentos de ansiedade
também apareciam quando estava com o marido, principalmente relacionados à
sua dificuldade em ter segurança para tomar decisões relacionadas à vida a dois.
Isso a levou a classificar com 60 ao final, estabelecendo mais um objetivo.
Fonte: Artellia/Shutterstock.
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É importante esclarecer para o cliente que a reação dele pode ser algo que
ele fez, ou também algo que não fez. Após perceber que ele entendeu como
identificá-la corretamente, pode passar como tarefa de casa para treinamento.
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Quanto mais próximo da situação o cliente preencher, com mais detalhes vai
conseguir lembrar as informações necessárias.
Outra ferramenta que pode ser útil para identificar as contingências que
mantêm o comportamento do cliente é a análise funcional. Trata-se de um recurso
mais comportamental, que ajuda a entender quais são os estímulos envolvidos
com certo comportamento, assim como os estímulos que o reforçam, ou seja, que
fazem o cliente, em outra situação parecida, ter um comportamento análogo.
No exemplo de Mônica, ao observamos seu comportamento de evitação ao
faltar no dia da palestra, podemos perceber que o estímulo para a falta foi o próprio
dia da palestra. Uma vez que ela faltou, esse comportamento foi reforçado por ter
aliviado sua ansiedade, já que não precisou se expor. Uma vez reforçado tal
comportamento de evitação, é possível que, em outras situações nas quais se
sinta exposta, ela acabe se comportando da mesma maneira, pois foi a solução
para abaixar sua ansiedade a curto prazo, mesmo sendo ruim a longo prazo.
Essas ferramentas são apenas alguns exemplos de como o terapeuta pode
construir seu entendimento sobre o funcionamento do cliente, o que abre portas
para começar a avaliar tais pensamentos, verificando sua validade ou sua
utilidade. Não é possível sempre contestar os pensamentos do cliente pelo certo
ou errado. Muitos de seus pensamentos podem ser verdadeiros e realistas,
mesmo sendo disfuncionais.
Casos de cognição relacionados à ansiedade, por exemplo, geralmente
envolvem pensamentos que, apesar de pouco prováveis, ainda podem ser
verdadeiros, como pessoas com fobia de avião, que pensam que ele pode cair a
qualquer momento, representando um risco iminente.
Não está no controle do terapeuta saber se o avião pode cair ou não, mas
ele pode ensinar o cliente a explorar qual é a utilidade desse tipo de pensamento
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naquele momento, ou seja, se pensar de tal modo mais ajuda ou atrapalha. Uma
das intervenções nesse caso envolve reestruturar esses pensamentos para que
eles não sejam tão impactantes, além de analisar possíveis crenças nucleares de
vulnerabilidade do cliente.
FINALIZANDO
O objetivo deste capítulo foi instruí-lo sobre como iniciar a conceitualização,
destacando a importância da postura do terapeuta como profissional e do domínio
de conceitos básicos para entender o funcionamento do cliente e relacionar o que
é observado com a teoria.
Futuramente, veremos como dar continuidade ao processo de
conceitualização, abordando como identificar seus pressupostos subjacentes e
crenças nucleares, e fazer possíveis diagnósticos.
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REFERÊNCIAS
BECK, J. S. Conceituação cognitiva. In: _____. Terapia cognitiva: teoria e
prática. Porto Alegre: Artmed, 1997. p. 28-39.
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CONVERSA INICIAL
Neste capítulo, abordaremos os modos de investigação do significado dos
pensamentos automáticos, o que nos leva a identificar as crenças mais
enraizadas do cliente. Também vamos entender como as estratégias
compensatórias acabam influenciando e reforçando as crenças, o que resulta em
um ciclo disfuncional.
PRESSUPOSTOS SUBJACENTES
Como mencionado acima, identificar os pensamentos automáticos auxilia
no entendimento de quais são os pressupostos subjacentes do cliente, ou seja,
certas regras e suposições que ele adota nas mais diversas situações e
influenciam na sua interpretação das situações e, principalmente, como ele acaba
se comportando. Podemos ter regras e suposições positivas ou negativas.
Geralmente emoções mais desconfortáveis acabam levando à ativação de
pressupostos subjacentes negativos.
Para Monica, a ideia de não conseguir falar bem em uma apresentação
relacionada ao seu trabalho faz com que chegue à conclusão de que é uma
profissional inútil, o que contribui com sua evitação desse tipo de situação. Assim,
a regra é: não conseguir me apresentar em uma palestra me faz uma profissional
inútil.
Ou seja, ela acabou prevendo uma consequência do seu comportamento,
de acordo com sua interpretação de que isso é uma indicação de ser inútil. O
problema com uma regra como essa está em limitar a perspectiva da pessoa
sobre as situações e não flexibilizar como ela pensa. Se formos considerar o
mesmo caso, dificilmente uma possível dificuldade na apresentação vai fazer com
que os outros pensem que é uma profissional inútil, considerando que foi
convidada a apresentar justamente por ser alguém que se destaca no que faz.
Ela acaba não percebendo que pode cometer erros, como qualquer um,
mas que eles não precisam definir quem é como profissional. Provavelmente, com
essa outra perspectiva, ela não se sentiria tão ansiosa a ponto de precisar evitar
a situação para obter algum alívio.
Um recurso interessante para conseguirmos identificar os pressupostos
subjacentes do cliente é fazer um exercício para completar as seguintes lacunas:
SE___________________, ENTÃO______________________
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CRENÇAS NUCLEARES
Todos esses pensamentos e pressupostos são alimentados pelas crenças
nucleares (ou centrais), o nível mais profundo da nossa cognição, como vimos
anteriormente. Tais níveis de cognição podem ser divididos em três, ainda usando
o exemplo do caso da Monica:
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Por serem ideias muito enraizadas, muitas vezes o cliente nunca colocou em
palavras essas percepções, por mais que se sinta de tal maneira. Momentos nos
quais o cliente se emociona também podem ajudar o terapeuta a conseguir
identificar tais conteúdos com mais facilidade.
DISTORÇÕES COGNITIVAS
As crenças, muitas vezes, se perpetuam pelas distorções cognitivas, que
mantêm a certeza de sua perspectiva na vida do indivíduo. Por mais que o
conteúdo das crenças nucleares disfuncionais seja doloroso e triste, o indivíduo
acaba falhando em reconhecer informações que possam mostrar a ele que sua
crença não é totalmente verdadeira ou válida.
Questionar uma determinada crença ou maneira de pensar demanda
tempo e energia, além de ser algo novo e desconfortável, fazendo com que o
cliente precise da motivação do terapeuta para buscar uma mudança que é difícil,
mas necessária para a melhora de sua qualidade de vida.
As distorções cognitivas são divididas em várias categorias. Identificar e
aprender a diferenciar esses erros de pensamentos também podem auxiliar o
terapeuta a entender se tais distorções podem se encaixar em certas
psicopatologias.
O trabalho com distorções cognitivas pode ser uma intervenção eficaz para
que o cliente comece a se distanciar de tal pensamento, podendo questionar sua
validade ou eficiência antes de acreditar totalmente em seu conteúdo, o que ajuda
a questionar suas crenças disfuncionais.
Alguns exemplos de distorções mais comuns são:
• Catastrofização
O pensamento do indivíduo “anda”, ou seja, ele consegue prever seu futuro
de modo negativo e de forma rápida, sem considerar outras possibilidades.
Exemplo: “Vou ser demitida e ter que morar na rua caso não me saia bem na
palestra”.
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• Desqualificação do positivo
Não importa o que aconteceu de positivo em determinada situação, a
pessoa vai argumentar diminuindo tais feitos. Exemplo: “As pessoas aplaudiram
a palestra, mas isso só significa que elas são educadas, não que eu tenha me
saído bem”.
• Raciocínio emocional
Se o indivíduo se sente de uma determinada maneira, isso é indicativo para
aquilo ser verdade. Exemplo: “Estou ansiosa em relação a dar a palestra, então é
óbvio que vai dar tudo errado”.
• Rotulação
Estabelece uma definição fixa e rígida sobre si mesmo e outros. Exemplo:
“Eu sou uma incompetente”.
• Maximização/Minimização
Quando pensa sobre ou avalia uma situação, a pessoa aumenta os
aspectos negativos e/ou minimiza os positivos. Exemplo: “Gaguejei em um
momento da palestra, então não adianta eu ter recebido aplausos no final, sou um
incompetente mesmo”.
• Abstração seletiva
O indivíduo só consegue focar em um detalhe específico da situação,
geralmente negativo, e não olha para o todo. Exemplo: “Se gaguejei no meio da
palestra, isso significa que foi um fracasso”.
• Leitura mental
A pessoa acredita que sabe exatamente o que os outros estão pensando,
desconsiderando outras alternativas. Exemplo: “Aquela pessoa tá mexendo no
celular no meio da minha palestra porque deve tá odiando o que eu estou falando”.
• Supergeneralização
Um desfecho de uma situação específica serve de modelo para todas as
outras situações. Exemplo: “Não consegui dar essa palestra, então nunca vou
conseguir falar em público na minha vida”.
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mais importantes que o terapeuta vai ensinar para o cliente, e é a base de uma
intervenção pela TCC.
Para registrar na conceitualização, o terapeuta vai selecionar diversas
situações da vida do cliente, relacionadas com suas queixas e preencher as
colunas. No modelo usado nesse capítulo, isso significa que ela começa a ser
preenchida pela parte de baixo. As informações reunidas e relacionadas a essas
situações vão auxiliar o profissional a preencher a parte de cima.
No caso da Mônica, vamos selecionar as seguintes situações:
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Crença nuclear:
Pressupostos subjacentes:
“Se não souber conduzir tal caso, sou uma profissional incapaz. ”
Estratégia compensatória
ESTRATÉGIAS COMPENSATÓRIAS
As situações selecionadas têm um ponto em comum: exemplificam o nível
de ansiedade de Mônica em relação a seu desempenho como profissional. Ela
duvida de sua capacidade e isso leva a, principalmente, comportamentos de
evitação. Tais comportamentos podem ser classificados como exemplos das
estratégias compensatórias de Mônica. Para que não precise entrar em contato
com sua crença nuclear “sou incapaz”, ela age de maneira a evitar situações que
possam envolver o possível questionamento direto de sua capacidade. Ao fazer
isso, ela consegue continuar “mantendo a fachada” de que é uma boa profissional,
mesmo no fundo não acreditando nisso.
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FINALIZANDO
Neste capítulo, procuramos explorar mais o significado dos pensamentos
automáticos e como eles servem como porta de entrada para identificarmos os
pressupostos subjacentes e as crenças nucleares particulares de cada cliente.
Também vimos como as estratégias compensatórias contribuem para fortalecer
as crenças disfuncionais.
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REFERÊNCIAS
BECK, J. S. Conceituação cognitiva. In: ______. Terapia Cognitiva: teoria e
prática. Porto Alegre: Artmed, 1997. p. 28-39.
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CAPÍTULO 4 - DIAGNÓSTICO
CONVERSA INICIAL
Neste capítulo, vamos entender um pouco mais sobre a avaliação
necessária para diagnóstico de algum tipo de transtorno, caso existam evidências
para isso. Escolhemos dar destaque para os transtornos de personalidade neste
módulo, pois acabam sendo os clientes com padrões mais rígidos de cognição e
para os quais a conceitualização de caso é ainda mais significativa para a
segurança do profissional em conduzir o processo.
Assim, além de esclarecermos alguns pontos importantes para avaliação
na conceitualização do caso, também vamos entender a importância da
investigação da história de vida do cliente e possível histórico psiquiátrico para um
entendimento mais amplo do seu funcionamento.
PERSONALIDADE
Enquanto o profissional elabora a conceitualização, várias hipóteses vão
surgindo em sua mente, conforme ele raciocina sobre o caso apresentado. Nesse
momento, podem surgir questões sobre a possibilidade de o cliente apresentar
sintomas relacionados a algum tipo de transtorno específico.
O possível diagnóstico de transtornos pode servir como mais um dado
importante de como pode ser a conduta do profissional com aquele cliente. Para
isso, a avaliação precisa tentar reunir o máximo de informações e evidências
possíveis sobre como um cliente se encaixa em tais critérios. Essa avaliação
precisa ser minuciosa, considerando que grande parte dela vai envolver relatos
trazidos pelo próprio cliente e que fazem parte de sua perspectiva. Para isso, é
possível que o terapeuta peça para outras pessoas próximas do cliente virem para
uma sessão e também falarem sobre sua perspectiva a respeito das questões
trazidas.
Veremos adiante como diagnosticar o indivíduo, verificando se ele se
encaixa em algum critério de possíveis transtornos psiquiátricos. Mas,
primeiramente, vamos rever um conceito muito importante e difundindo além da
psicologia: a construção da personalidade. Tudo isso com o objetivo de podermos
prever, como profissionais, possíveis padrões do cliente que se encaixam em
algum diagnóstico, assim como fazer intervenções que condizem com o que a
literatura indica como eficaz.
O conceito de personalidade pode ser construído por diversos fatores,
como o componente genético, relacionado com o temperamento de cada um.
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Nascemos com determinadas tendências, como um filtro, que nos faz perceber e
entender experiências futuras sob certa visão. Essa visão é influenciada pelo
ambiente no qual a pessoa cresce e se desenvolve e acaba construindo a
estruturação da personalidade desse indivíduo.
Um dos modelos mais conhecidos para o entendimento da personalidade
é o modelo dos cinco fatores (ou Big Five). Esses cinco fatores correspondem a
traços gerais da personalidade de um indivíduo, calculados por um percentil, que
mostra qual é o nível de cada traço para aquela pessoa.
Os cinco fatores são:
• abertura para a experiência;
• conscienciosidade;
• extroversão;
• amabilidade;
• neuroticismo (ou instabilidade emocional).
Tais traços se relacionam com o ambiente em que esse indivíduo se
desenvolve, como vimos anteriormente. Entendemos como ambiente desde a
influência cultural e social do contexto ao qual o indivíduo pertence até a influência
do seu núcleo familiar. Voltando para a ótica da TCC, essa influência social e
familiar, muitas vezes, ensina e reforça certas crenças que podem ter grande
impacto sobre seu comportamento atual e futuro. Essas crenças constroem a
interpretação da pessoa sobre si, sobre o mundo ao seu redor e sobre o seu
futuro, e podem se tornar bastante inflexíveis.
Assim, podemos entender os transtornos de personalidade como um
padrão bastante inflexível e enraizado de pensar, sentir e se comportar
apresentados por uma pessoa. Essa maneira de pensar e entender o que se
passa dentro de si e nas situações acaba seguindo os critérios para cada
transtorno específico, o que traz diversos prejuízos para seu funcionamento e
pode trazer muito sofrimento.
DIAGNÓSTICO ATEÓRICO
Nesse momento da conceitualização, já conseguimos delimitar algumas
das dificuldades do cliente, assim como entender a dinâmica entre o que ele
pensa, sente e como ele se comporta e o quanto tudo isso faz com que ele não
consiga lidar com suas dificuldades.
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Várias partes do relato de Monica também condizem com um quadro de
Transtorno de Ansiedade Social, como quando ela demonstra preocupação sobre
seu desempenho na palestra na frente de muitas pessoas. O diagnóstico
diferencial é feito quando percebemos que a preocupação dela não está voltada
somente para uma possível exposição social, mas é generalizada e presente em
diversos momentos, sendo quando é testada pelo seu desempenho ou não.
O diagnóstico diferencial com outros transtornos é uma habilidade que
precisa ser praticada pelo profissional. Muitas vezes, o mesmo indivíduo acaba se
encaixando em critérios de outros transtornos, o que pode acabar confundindo o
terapeuta em relação a sua intervenção. A conceitualização pode ajudar a
esclarecer em quais possíveis transtornos o cliente se encaixa, principalmente se
as principais crenças do cliente ficarem explícitas, as quais acabam sendo
diretamente relacionadas a padrões descritos nos critérios dos transtornos. O
próprio DSM-5 aborda isso, exemplificando alguns possíveis transtornos que
podem parecer relacionados entre si e como fazer essa diferenciação.
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HISTÓRIA DE VIDA
Neste ponto da construção da conceitualização do cliente, já entendemos
quais são suas dificuldades atuais e organizamos tais queixas em objetivos,
percebendo como a teoria da TCC pode ajudar na melhora do caso. Também
vimos como utilizar estratégias que auxiliam a identificar padrões de
pensamentos, emoções e comportamentos em situações incômodas para a
pessoa e entender como tais componentes se influenciam e fortalecem seus
pressupostos subjacentes, crenças nucleares e estratégias compensatórias.
A próxima etapa sugerida é uma investigação mais detalhada da história
de vida do cliente. É importante esclarecer que, apesar do foco maior nesse
momento da avaliação, provavelmente algumas questões já foram trazidas pelo
cliente relacionadas a situações de seu passado ou o próprio terapeuta já pode
ter levantado algumas hipóteses.
O andamento do processo terapêutico não precisa e nem deve ser
engessado e rígido. O encaminhamento da conceitualização nos capítulos
apresentados aqui é organizado de maneira didática, mas o terapeuta pode e
deve ser flexível para receber o relato do cliente e colher as informações
apresentadas. Precisamos sempre manter em mente que a teoria existe para
ajudar terapeuta e cliente, e não atrapalhar o processo.
Assim, entendemos que a investigação da história de vida do cliente serve
como auxílio para esclarecer as origens de alguns de seus padrões. Muitas vezes,
perceber que tais maneiras estão tão enraizadas pode servir de conforto para o
cliente, principalmente em uma dúvida frequente que temos no setting terapêutico:
o cliente entende racionalmente suas dificuldades e o que precisa melhorar, mas
não consegue se sentir de maneira diferente.
Apesar de a TCC ser uma abordagem que prioriza o foco no aqui e agora,
estabelecendo objetivos para auxiliar o cliente a melhorar situações atuais que
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• dificuldades e objetivos;
• história de vida familiar;
• educação;
• vida profissional;
• experiências passadas perturbadoras;
• relacionamentos afetivos e família atual;
• histórico médico e psiquiátrico;
• histórico de uso de álcool e drogas;
• futuro.
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ansiedade, o que se generaliza para sua vida e está por traz do medo de se
perceber como alguém incapaz.
FINALIZANDO
Neste capítulo, foram apresentados conceitos relacionados a avaliação e
possível diagnóstico de transtornos psiquiátricos. Tais diagnósticos são
fundamentais para que o terapeuta possa conduzir o caso com a maior efetividade
possível. Também percebemos como investigar o histórico psiquiátrico do cliente,
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REFERÊNCIAS
APA – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BECK, A. T. Teoria dos transtornos da personalidade. In: BECK, A. T.; DAVIS, D. D.;
FREEMAN, A. Terapia cognitiva dos transtornos da personalidade. Porto Alegre:
Artmed, 2017. p. 17-53.
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INTRODUÇÃO
• Nome: Mônica;
• Idade: 34 anos;
• Escolaridade: ensino superior completo;
• Profissão e ocupação: médica em uma unidade de saúde;
• Estado civil e com quem reside: casada; mora com o marido;
• Religião: católica;
• Genograma:
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Uso de medicações
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Forma de encaminhamento
• História familiar: sua gravidez foi uma surpresa para os pais, pois tinham
enfrentado dificuldades para engravidar e até desistido de tentar por um
tempo. Ficaram felizes com sua vinda, mas estavam passando por um
momento de grande dificuldade financeira. A relação com os pais sempre
foi satisfatória, mas com muita rigidez, principalmente após o nascimento
da sua irmã. Ficava responsável por cuidar dela, o que trazia muita
ansiedade, pois não queria decepcionar nem ser punida pelos pais. Se dá
muito bem com a irmã e a considera sua melhor amiga;
• História escolar: com a melhora da vida financeira dos pais na sua
infância, teve oportunidade de estudar em uma das melhores escolas da
sua região, sempre com um desempenho acima da média, e pôde fazer
diversas aulas extracurriculares, aprendendo línguas e praticando
esportes. Passou em seu primeiro vestibular para medicina em uma
universidade privada. O período do curso foi muito tumultuado, devido à
quantidade de matérias e ao nível de cobrança sobre seu desempenho,
mas nunca reprovou. Passou na residência de sua escolha logo após se
formar;
• História social: tem dificuldade em fazer amigos. Seu grupo atualmente é
limitado a amigas de infância, que fez na época do colégio, e sua irmã.
Gosta dos colegas de trabalho e mantém boa relação, mas não considera
isso uma amizade, pois não se encontra com eles fora do ambiente de
trabalho, apesar dos convites;
• História sexual: heterossexual, é casada há 10 anos, após 3 anos de
namoro e 1 de noivado. Seu primeiro e único relacionamento sexual foi com
o marido. Diz não se incomodar com isso e considera sua vida sexual atual
satisfatória.
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Diagnóstico teórico
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Pressupostos subjacentes
“Se não souber conduzir tal caso, sou uma profissional incapaz”;
“Pessoas que não conseguem falar bem em público são inúteis”.
Estratégia compensatória
Evitação: se fecha na sala para não ter que dar orientações, não prepara a
palestra e falta no dia marcado.
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Possui grande dedicação em tudo que faz. Gosta muito de sua profissão
porque se importa em sentir que fez a diferença para melhorar a vida dos outros;
apoio do marido e da irmã no processo terapêutico; forte nível de espiritualidade;
ótima capacidade intelectual e de abstração.
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PLANEJANDO A INTERVENÇÃO
Os três últimos itens da conceitualização do caso referem-se à intervenção.
Assim como em toda a conceitualização, mas ainda mais com a parte da
intervenção, pode-se mudar e acrescentar informações ao longo de todo o
processo.
Focos do tratamento
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FINALIZANDO
Neste capítulo, pudemos observar uma conceitualização após a avaliação
inicial. Como mencionado, essa ferramenta auxilia no entendimento do terapeuta
sobre o caso e funciona como psicoeducação para o cliente, tornando-a essencial
para um processo terapêutico dentro da TCC. Para isso, apresentamos uma
organização específica para ajudar o aluno a começar suas conceitualizações e
praticar seu preenchimento.
Futuramente, veremos como fica a organização de conceitualizações
cognitivas na terapia com crianças e adolescentes e na terapia de casal. Vamos
concluir esse módulo discutindo possíveis desafios para a conceitualização como
ferramenta e sua importância para um ingrediente fundamental de qualquer
processo terapêutico: a aliança terapêutica.
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REFERÊNCIAS
BECK, J. S. Conceituação cognitiva. In: _____. Terapia cognitiva: teoria e
prática. Porto Alegre: Artmed, 1997. p. 28-39.
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INTRODUÇÃO
Neste capítulo, vamos entender as diferenças e similaridades entre uma
conceitualização para casos adultos para o trabalho com casos específicos:
crianças, adolescentes e para terapia de casal.
Em um segundo momento, vamos discutir sobre como a conceitualização,
sendo uma ferramenta de avaliação e intervenção, também pode ajudar na
construção da aliança terapêutica, elemento fundamental em qualquer processo
de psicoterapia.
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Na primeira sessão, realizada com os pais, a entrevista vai ser feita com a
etapa do desenvolvimento em mente, para que o terapeuta já possa ter ideia do
que está adequado para aquele momento ou não. Como em entrevistas iniciais
com casos adultos, instrumentos e escalas de avaliação podem ser aplicados,
tanto com os pais quanto com a criança, assim como entrevistas estruturadas com
essa finalidade. E assim como com adultos, possíveis diagnósticos ateóricos
podem ser feitos de acordo com os sintomas apresentados, descrevendo o seu
funcionamento em termos gerais.
Além dos pais como fonte principal de informação, outras pessoas que
convivem com a criança também podem ser chamadas para uma sessão. Essas
outras perspectivas ajudam o terapeuta a ter uma visão mais abrangente do
problema e podem ajudar, em um segundo momento, na intervenção e
psicoeducação, caso seja necessária, das pessoas que interagem com a criança
de modo significativo.
Uma visita à escola também pode ser muito útil para que o terapeuta possa
ter contato com os professores e observar como a criança se comporta no
ambiente escolar. Muitas vezes, diferenças no comportamento na escola e em
casa podem mostrar qual ambiente está desencadeando os comportamentos-
problema, permitindo que a conceitualização foque mais no contexto disfuncional.
Além da primeira e/ou segunda sessão com os pais e possíveis sessões
com outras pessoas envolvidas, podemos fazer uma sessão, ainda na etapa da
avaliação, com a família nuclear da criança. A interação dela com os pais e
possíveis irmãos pode ser muito esclarecedora para o terapeuta observar a
dinâmica entre os indivíduos.
Muitas vezes é possível perceber que tipo de comportamento os pais
reforçam, o que muitas vezes acaba trazendo consequências disfuncionais. A
avaliação funcional, como já sabemos, é muito útil para o trabalho com a criança,
além de ser um elemento bastante didático, que pode ser mostrado e explicado
para os pais no trabalho de orientação.
A conceitualização em si é mais complexa por ter mais elementos a serem
levantados, mas sua elaboração é bastante parecida com a de adultos. Um
modelo de diagrama de conceitualização infantil foi desenvolvido por Caminha,
Soares e Caminha (2011) e acrescentou informações sobre os pais ou cuidadores
principais, relacionadas às suas crenças, emoções, pensamentos e
comportamentos.
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Saiba mais
relevantes ou alguma intervenção que não tenha o efeito esperado. Sendo assim,
ela também precisa ser compartilhada de modo que seja acessível e apropriada
para a criança, buscando com que esta entenda seu funcionamento. Com essa
finalidade, podem ser usadas metáforas ou desenhos infantis, entre outros
recursos.
Fica bastante claro que a utilização dos mais diversos recursos é essencial
para a terapia com crianças. Assim, a sala de atendimento do terapeuta precisa
ser pensada para esse tipo de atendimento. Por exemplo, mesas com tamanho
adequado para crianças de diferentes tamanhos auxiliam na hora de desenhar.
Os pais podem ser consultados, a partir da primeira sessão, em relação a gostos
ou hobbies específicos da criança, para que o terapeuta possa preparar a sessão
e providenciar materiais relacionados a eles.
A preocupação com o ambiente de trabalho e dos seus recursos contribui
para o aumento do vínculo entre criança e terapeuta. A aliança terapêutica na
terapia com crianças é tão importante quanto na terapia com adultos. Conseguir
inserir os conceitos que compõem a conceitualização do caso a um ambiente
agradável e divertido ajuda a criança a associar o processo terapêutico a um
momento no qual ela pode se sentir à vontade para aprender mais sobre como
funciona e lidar com suas dificuldades.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Poder
Leggislativo, Brasília, DF, 16 jul. 1990.
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