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INVESTIGAÇÃO
POLICIAL
Autor:
Júlio Farias
2021
Júlio Farias
Sumário
1. Introdução ................................................................................................................... 5
1. Introdução
O ato de investigar está presente em nossa sociedade há várias gerações. Desde os primórdios foi
essencial a busca da verdade em relação às condutas humanas para que tais ações pudessem ser imputadas
a quem de direito. Tal preocupação se deu pelo fato de que era necessário a correta demonstração de autoria
para que então, sanções das mais diversas fossem aplicadas trazendo um status de justiça.
Dessa forma, esperamos que os conhecimentos demonstrados sejam úteis para que estudiosos do
assunto possam conhecer mais a fundo a didática da investigação policial e aplica-la ao caso concreto diante
da necessidade que por ventura surgirá.
Investigar é uma palavra que deriva do latim investigare, que significa indagar com cuidado, observar os
detalhes, examinar com atenção, seguir os vestígios, tentar descobrir algo com empenho e rigor.
Trata-se de um procedimento reflexivo e sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos
fatos e dados, através dos diversos métodos utilizados na busca de determinado objetivo.
No que tange à investigação criminal, esta é desenvolvida pela Polícia Judiciária (Polícia Civil/Polícia
Federal), sendo realizada pelo Delegado de Polícia e seus agentes, por meio de uma gama diversificada de
técnicas, que visa desvendar/elucidar um crime, apontado sua autoria e materialidade, bem como todas as
suas circunstâncias.
Em 1808, houve a criação da Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, aflorando o limiar
da primeira instituição de Polícia Judiciária. Esta dirigida pelo Intendente Geral, tendo como moldes o que se
aplicava em Portugal.
Logo após, no ano de 1810, através de uma reestruturação, as funções policiais e judiciárias, passaram a
ser exercidas e acumuladas pelo Comissário de Polícia, quando em outubro de 1827, criou-se o Juizado de
Paz, numa tentativa de desvincular a alçada Judiciária, da Polícia.
Com a promulgação do Código de Processo Criminal do Império em 1832, ouve uma reorganização na
esfera da Polícia Judiciária e, em 1871, após a edição da Lei 2033/71, atribuiu-se exclusivamente aos chefes
de polícia, delegados e subdelegados o poder investigatório, instrumentalizado por meio da criação do
Inquérito Policial.
Tal sistema é utilizado nos até os dias atuais, com adornos trazidos pelo Código de Processo Penal de
1941.
A investigação policial, responsável por inaugurar a persecução penal, serve para que possa efetivamente
haver aplicação da Justiça Criminal, sendo, portanto, além de uma garantia, um instrumento indispensável e
fundamental para um Estado Democrático de Direito.
Insta salientar, que diversas formas de investigação são realizadas pelos mais diversos órgãos previstos
constitucionalmente, mormente o Ministério Público, CPI (Comissões Parlamentares de Inquérito), Polícia
Militar (no desempenho de suas atividades de Polícia Judiciária Militar), dentre outras. Contudo, o presente
estudo, servirá para aprofundarmos no que tange às investigações conduzidas pelas Polícias Judiciárias,
como outrora dito, Polícia Federal e Polícia Civil.
As Polícias Judiciárias, buscam com a investigação, apurar a verdade possível e auxiliar o Poder Judiciário
na justa e correta aplicação da lei penal, tendo como base da investigação a legalidade (que busca respaldo
legal para a consecução dos procedimentos e intervenções), ciência (utilização e constante atualização dos
recursos científicos e tecnológicos, em todas as áreas de conhecimento humano) e a lógica (escorreito
exercício do raciocínio lógico para se chegar nas conclusões).
Trata-se por fim, de uma tarefa voltada para o passado, ou seja, buscará a verdade do que aconteceu e
não do que estará por vir. Assim, podemos abstrair que a investigação “conta a história de um crime” e isso
e o seu propósito.
Temos que o Estado é o único detentor legítimo da violência, ou seja, da prerrogativa de aplicar as leis e
punir condutas criminosas através de seus agentes.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Regra geral, esse posicionamento é adotado pelo Estado brasileiro, conforme podemos ver que no Código
Penal, em seu art. 345, há proibição expressa de quem procura fazer justiça pelas próprias mãos, usurpando
o Estado de suas funções:
Visto a necessidade de a justiça ser administrada única e exclusivamente pelo Estado, urge a necessidade
de a persecução penal e a investigação criminal serem realizadas pelo Estado, cada fase por seu agente
designado.
A persecução penal, traduz-se em investigação policial, mais o processo penal propriamente dito, sendo
estes momentos distintos. Nos interessam alguns pontos referentes à fase da Investigação Policial, a qual
pode se formalizar sob três vertentes:
a) Inquérito Policial (art. 4º e ss, CPP e art. 2º, §1º da Lei 12.830/13);
A origem latina da palavra técnica diz respeito a um conjunto de procedimentos necessários para que seja
possível obter conhecimento acerca de um determinado assunto. No mesmo sentido, tecnologia é o estudo
de um conjunto de técnicas.
Até o presente momento, demonstramos como a investigação policial é uma ciência aplicada voltada à
obtenção da verdade fática acerca de uma ação que pode, ou não, dependendo da legislação aplicada,
configurar um ato criminoso.
Com o objetivo de conferir à investigação policial o status de ciência, é necessário estudar a fundo as
ferramentas utilizadas na obtenção e análise dos dados e vestígios que são objeto de investigação.
É a partir dessa necessidade que iniciaremos uma análise pormenorizada de cada uma das técnicas
clássicas de investigação, listadas nos itens a seguir.
No que tange à atividade de investigação policial, o investigador necessita conhecer uma metodologia de
trabalho como técnica para que seja possível a organização, mentalmente, dos movimentos de investigação
e assim, coletar todas as informações possíveis e transmiti-las sem que essas se percam.
A Recognição Visuográfica, enquanto instituto de investigação policial, tem sua etimologia do latim
recognitio, que significa reconhecimento, e visualis, que diz respeito à vista, que enquanto sentido, assimila
melhor as noções de conhecimento do que a audição.
Esse neologismo, vale-se, também, do substantivo grafia, que, em última análise, é a técnica do uso da
linguagem como comunicação escrita, ou através de ideogramas.
A Recognição Visuográfica, conforme Márcio Antônio Desgualdo, em sua obra Recognição Visuográfica e
a Lógica na Investigação, explica que:
Numa análise, ainda que superficial, poderíamos dizer que a Recognição Visuográfica gira em torno de
uma reprodução gráfica, ilustrada, do local do crime, utilizando-se de croqui, fotografias, exame da arma,
exame externo do cadáver e oitiva sumária das testemunhas, podendo aplicar-se, inclusive, a outros locais
de crimes, a exemplo, crimes de trânsito.
O Código de Processo Penal, como já dito, não esgota todas as possibilidades de provas permitidas em
nossa legislação, não tendo, portanto, uma previsão legal exaustiva. Desse modo, temos as chamadas provas
inominadas, que mesmo não tendo previsão legal, podem ser usadas, em face do princípio da verdade real,
desde que sejam lícitas e morais.
A Recognição Visuográfica, não tem as limitações de um laudo pericial, porquanto o pesquisador carreia
para ela muito de sua experiência e militância profissional, que pode ser complementada, na coincidência
de detalhes, pela confissão do criminoso.
Objetivos:
Subjetivos:
a) Não substitui o inquérito policial. Trata-se de um momento anterior ao IP, sendo o primeiro momento
da investigação;
“Se de um lado as testemunhas apresentam limites em motivos próprios do ser humano, e o laudo,
especificidades técnicas e frias, a Recognição Visuográfica aproxima e une o testemunho dos que presenciaram
o crime à atuação do criminoso no ato da prática do ilícito.” (Desgualdo, 1999).
c) Vai além do relatório de investigação, pois reúne elementos obtidos de diversas fontes para a
reconstrução do todo, notadamente ainda pelo incipiente uso da cibernética.
a) Preâmbulo;
c) Descrição da vítima;
e) Considerações finais;
f) Ilustrações fotográficas;
g) Croqui esquemático.
Também devem ser observadas as testemunhas do crime, não pelo conteúdo das informações que podem
fornecer, mas pelo contexto em que estão inseridas:
As testemunhas devem ser observadas, não só pelas condições culturais, formação escolar, profissão,
como também pela forma com que se manifestam: tiques nervosos, ademanes, empostações de voz,
formas de trajar e de vestir. Aqui não se cogita a forma legal do testigo, mas sim do suporte das
informações prestadas e que serão investigadas. (DESGUALDO, 2006, p. 31)
Por fim, há de se alertar que a Recognição Visuográfica de local de crime não tem por condão afastar a
realização de exame pericial no local do crime, haja vista a indispensabilidade do exame pericial para a
caracterização das infrações que deixam vestígios, nos termos do artigo 158 do Código de Processo Penal
(BRASIL, 1941).
A presença da autoridade policial no local do crime encontra justificativa legal no artigo 6°, inciso I, do
Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) e viabiliza a apreensão dos objetos interessantes à investigação,
previsão do inciso II do mesmo artigo.
Quando da apreensão dos objetos relacionados ao fato investigado, cabe à autoridade policial a
observação da cadeia de custódia, descrita por Watson (2009, p. 40-41) como “o processo pelo qual as provas
estão sempre sob o cuidado de um indivíduo conhecido e acompanhado de um documento assinado pelo seu
responsável”.
A cadeia de custódia visa garantir que todos os objetos apreendidos para a investigação de um
determinado delito permaneçam íntegros e tenham seu valor probatório preservado durante a investigação.
Nesse sentido, foi editada a Portaria nº 82, de 16 de julho de 2014, da Secretaria Nacional de Segurança
Pública (vide ANEXO I).
Nos termos da portaria, a cadeia de custódia tem início com a localização, em local de crime preservado,
de indícios de potencial interesse à investigação policial.
A partir do momento em que esse indício é coletado por um agente público, inicia-se um procedimento
de descrição, acondicionamento, transporte, processamento, armazenamento e descarte do objeto que
deve ser rigorosamente controlado e documentado com o objetivo de preservar a fidelidade da prova
produzida a partir desse indício.
A quebra da cadeia de custódia, se contaminar a produção da prova, pode torná-la imprestável ou até
mesmo ilícita. Vamos à inovação do CPP quanto à cadeia de custódia:
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou
periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial fica responsável por sua preservação.
Nos termos da Portaria nº 82/2014 do Ministério da Justiça – Secretaria Nacional de Segurança Pública, a
cadeia de custódia é fundamental para garantir a idoneidade e a rastreabilidade dos vestígios, com vistas a
preservar a confiabilidade e a transparência da produção da prova pericial até a conclusão do processo
judicial, bem como confere aos vestígios certificação de origem e destinação e, consequentemente, atribui
à prova pericial resultante de sua análise, credibilidade e robustez suficientes para propiciar sua admissão e
permanência no elenco probatório.
Reproduzindo quase que inteiramente o disposto na mencionada Portaria, o art. 158-A do Código de
Processo Penal que foi incluído pelo Pacote Anticrime apresenta o conceito legal de cadeia de custódia.
Além disso, preocupa-se com a preservação dos vestígios desde o contato primário até o descarte dos
elementos coletados, de modo a garantir a sua qualidade através da documentação cronológica dos atos
executados em observância às normas técnicas previstas nas etapas da chamada cadeia de custódia.
O art. 155 do CPP dispõe que “o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial (...), ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”. E o caput do art.
158, dispõe sobre a imprescindibilidade da prova pericial, quando a infração penal deixar vestígios.
Com isso, notamos que a prova pericial, na maioria das vezes, possui caráter indispensável e até definitivo,
diante da impossibilidade de reprodução em juízo sob o crivo do contraditório como vimos anteriormente
no capítulo das provas antecipadas, o que justifica a preocupação no sentido de preservação de todos os
vestígios desde a coleta, bem como a atenção à padronização dos procedimentos e ao aperfeiçoamento dos
atos dos profissionais vinculados aos órgãos de criminalística.
Tratando da atuação do perito, vemos que ela deverá ocorrer com base nos seguintes princípios
fundamentais da criminalística: a observação (todo contato deixa uma marca), a análise (obediência ao
método científico), a interpretação (dois objetos nunca são idênticos), a descrição (atenção à linguagem
ética e juridicamente perfeita) e a documentação (cadeia de custódia da prova material).
O art. 6º do CPP já cuidava da preocupação quanto à preservação da prova pericial, ao estabelecer que a
autoridade policial, logo que tiver conhecimento da pratica de infração penal, comparecerá no local,
providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais, estes encarregados também de liberar os objetos relacionados ao fato para a devida apreensão,
procedendo-se à coleta de todas as provas aptas ao esclarecimento do crime.
Ainda, o artigo 169 também dispõe sobre o posicionamento de preservação do local de crime até a
chegada dos peritos. O art. 170 ainda prescreve que os peritos, nas perícias de laboratório, devem guardar
material suficiente para o caso de nova perícia e que, sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados
com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Em 2012, o Ministério da Justiça lançou o “Programa Brasil Mais Seguro”, com a finalidade de padronizar
os procedimentos operacionais relacionados às principais atividades periciais necessárias ao esclarecimento
de crimes violentos, sendo abarcadas sete grandes áreas periciais prioritárias: a) balística forense, b) genética
forense, c) informática forense, d) local de crime, e) medicina legal, f) papiloscopia e g) química forense, com
o objetivo primordial de uniformizar o processo de produção da prova técnica no país.
A Regulamentação foi coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), que criou 24
procedimentos operacionais padronizados, publicados em 2013, com orientações para as sete áreas de
atuação, havendo ainda um manual cujas regras não vinculam obrigatoriamente a atuação do perito, mas se
prestam a nortear o trabalho técnico “padrão ouro”.
Em 16 de julho de 2014, a Secretaria Nacional de Segurança Pública publicou a Portaria nº 82, de modo a
uniformizar tecnicamente do trabalho pericial, além de criar diretrizes sobre os procedimentos a serem
observados no tocante à cadeia de custódia de vestígios.
Ao tratarmos das inovações ocorridas no mundo digital, não há como deixarmos de lado os crimes
cibernéticos, os quais possuem característicos peculiares, de modo que o processo de identificação do
vestígio virtual requer cuidados para que seja assegurada a idoneidade da informação digital obtida.
Como vestígios digitais, podem citar os diálogos em redes sociais, fotografias, documentos e vídeos
armazenados em mídias avulsas, em nuvens tipo iCloud e OneDrive ou em disco rígido tipo HDs ou na própria
memória do aparelho periciado.
Uma vez que os dados digitais são mais vulneráveis a manipulações do que quando comparado aos
vestígios físicos, deve haver uma cautela especial sendo fundamental a adoção de procedimentos que
garantam a proteção das informações.
Sejam os vestígios virtuais ou físicos, a cadeia de custódia que obedece aos ditames legais diminui a
probabilidade de violação ou de contaminação, seja acidental ou dolosa, garantindo-se a autenticidade do
elemento de prova.
A autenticidade é a certeza de que o objeto analisado foi realmente retirado das fontes apontadas, sem
que tenham ocorrido mutações ao longo de um processo, assegurando-se a identificação e a segurança da
origem da informação.
Dizer sobre a autenticidade do objeto quer dizer que o contrário pode facilmente ocorrer se não forem
adotas as cautelas mencionadas. A contaminação pode ocorrer pela presença de pessoa não autorizada no
local do fato, acondicionamento inadequado do material coletado, ausência de identificação de todos os
agentes que tiverem contato com o vestígio nas diversas fases da cadeia etc.
O que não podemos confundir é a obtenção ilegal da prova com os vícios oriundos da falta de preservação
devida.
Havendo algum evento que prejudique a custódia genuína, haverá interferência na qualidade apenas. Ou
seja, apesar de permanecer legitima e lícita poderá ser questionada a sua autenticidade. O valor a ela
atribuído será maior ou menor de acordo com o respeito ou não do procedimento da cadeia de custódia,
assim, não será descartada pelo juiz, mas valorada, nos termos do art. 182 do CPP, cujo enunciado preconiza
que o juiz em seu convencimento, não está vinculado de forma absoluta à conclusão do laudo pericial.
Art. 158-A
§1º: O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local do crime ou com procedimentos policiais
ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
De acordo com o §1º do art. 158-A, o marco inaugural da cadeia de custódia do vestígio pode ocorrer de
três formas, em conjunto ou individualmente, a saber:
a) Preservação do local do crime: nos eventos em que a materialidade é explicita, como no homicídio, o
profissional que chegar primeiro ao local deve providenciar o isolamento de modo a preservar a área para,
então, acionar as demais autoridades policiais, bem como a equipe pericial encarregada do reconhecimento
e coleta de todos os elementos necessários. A medida objetiva evitar que a cena do crime seja adulterada
ou contaminada.
No anexo II, a Portaria nº82/14 do SENASP cataloga o local do crime em áreas: imediata, mediata e
relacionada:
• Imediata: área onde ocorreu o evento alvo da investigação, presumindo-se encontrar a maior
concentração de vestígios relacionados ao fato.
• Mediata: compreende as adjacências do local do crime. A área intermediária entre o local onde ocorreu
o fato e o grande ambiente exterior que pode conter vestígios relacionados ao fato sob investigação. Entre
o local imediato e o mediato existe uma continuidade geográfica (ex. lote vago ao lado do local onde o
criminoso abandonou a arma usada no homicídio).
• Relacionada: é todo e qualquer lugar sem ligação geográfica direta com o local do crime e que possa
conter algum vestígio ou informação que propicie vínculo com a infração ou venha a auxiliar no contexto do
exame pericial (ex. casa dos criminosos, local onde o delito foi planejado etc.).
b) Procedimentos policiais: via de regra, o vestígio primário é obtido a partir de diligências inauguradas
através de ação policial. Sendo que a atuação policial pode ser iniciada por ações institucionais de
patrulhamento e prevenção ao crime ou por ações controladas e direcionadas precedidas de investigação e
expedição de mandados judiciais cautelares.
c) Procedimentos periciais: neste caso o vestígio da atividade ilícita é detectado através do trabalho
técnico.
Art. 158-A
§2º: O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial fica responsável por sua preservação.
Conforme mencionado no tópico anterior, o agente público que chegar primeiro ao local ficará
encarregado de preservá-lo.
O agente público também é definido pela Portaria como “todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer forma
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública” (Portaria nº 82/14 SENASP).
Neste momento, cabe discernimento do agente quando da identificação da prova apta a integrar a cadeia
de custódia. Por exemplo, o policial militar que é acionado para o atendimento de uma ocorrência de
latrocínio, ao chegar ao local do crime, deverá imediatamente adotar todas as medidas para isolar e
preservar a área até que seja devidamente periciada e liberada pelos técnicos.
Art. 158-A
§3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à
infração penal.
O vestígio pode ser qualquer objeto ou material bruto de interesse para elucidação dos fatos, constatado
e/ou recolhido em local de crime ou em corpo de delito e que será periciado. Assim o vestígio será todo
instrumento, marca, rastro, mancha, sinais sensíveis aos sentidos, presente em um local de crime, que pode
ter relação com o fato delituoso. O vestígio pode ser classificado como perceptível ou latente.
Será perceptível quando captado pelos sentidos humanos, sem a necessidade de revelação por meio de
técnicas forenses (ex. projéteis de arma de fogo, sangue no local dos fatos, etc.). Por outro lado, será latente
quando invisível ou oculto a olho nu, necessitando da utilização de técnica ou metodologia adequada para a
revelação (ex. impressões digitais).
Ao chegar ao local do crime, o perito deverá analisar todo e qualquer vestígio associado ao fato, além de
registrar a cena e arrecadar o que for necessário à sua comprovação e ao esclarecimento da autoria.
No caso de objetos irremovíveis como os imóveis, por exemplo, serão analisados em toda a sua área, com
minuciosa descrição, devendo ser fotografado e ser procedida a coleta de impressões e, se necessário, que
haja o isolamento.
Já no caso dos objetos removíveis, os peritos devem recolhê-los, respeitando os requisitos exigidos, afim
de que seja analisado tecnicamente nas dependências do Instituto de Criminalística.
O art. 158-B do CPP, trata sobre as etapas de rastreamento do vestígio. A disposição dos incisos indica o
encadeamento das etapas, sugerindo um processo de rastreamento ininterrupto cronologicamente. A
novidade da lei em relação à Portaria foi a inserção da fase de isolamento.
Nos termos a Portaria SENASP 82/14, as etapas da cadeia de custódia são distribuídas em duas
macrofases: externa e interna.
• Fase externa: compreendo as etapas entre a preservação do local do crime ou apreensões dos
elementos de prova e a chegada do vestígio ao órgão pericial encarregado de processá-lo. Compreende,
portanto:
b) a busca do vestígio;
c) o reconhecimento do vestígio;
e) a fixação;
f) a coleta;
g) o acondicionamento;
h) o transporte e;
i) o recebimento do vestígio.
▪ Fase interna: compreende todas as etapas entre o ingresso do vestígio no órgão pericial até a conclusão
do laudo e remessa ao órgão requisitante. Envolve as etapas de:
a) recepção e conferência,
Etapas:
I – Reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial.
É etapa fundamental que exige maior cautela nos casos de crimes onde o vestígio está concentrado em
conteúdo latente.
II - Isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente
imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime.
Havendo o reconhecimento da prova, é necessária à sua preservação no estado em que foi encontrada,
sob pena de contaminação.
III – Fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de
delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui. É
indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento.
O legislador aponta a ilustração, seja por fotografias, filmes ou desenhos (croquis), do elemento
reconhecido e isolado, o que atualmente é facilmente feito em razão dos avanços tecnológicos.
IV – Coleta: consiste no ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas
características e natureza.
A coleta deve seguir os procedimentos técnicos descritos em manuais específicos da prática pericial,
sendo que o procedimento dependerá do tipo de elemento a ser periciado.
De acordo com a Portaria SENASP 82/14, a coleta do vestígio deverá ser realizada por profissionais da
perícia criminal ou, excepcionalmente, na falta destes, por pessoa investida de função pública, nos termos
do art. 159 e §§ do CPP. Além disso, serão utilizados equipamentos de proteção individuais e materiais
específicos para tal fim.
a) realização por profissionais de perícia criminal ou, excepcionalmente, na falta destes, por pessoa investida de
função pública, nos termos da legislação vigente;
b) realização com a utilização de equipamento de proteção individual (EPI) e materiais específicos para tal fim;
V – Acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma
individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com
anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento.
O acondicionamento do vestígio deve seguir os padrões definidos nos manuais específicos, tantos dos
órgãos policiais, quanto periciais, sendo de suma importância sua individualização e a identificação dos
responsáveis por esse processo, inclusive com a anotação da data, tudo de modo a preservar da melhor
forma possível a prova.
A Portaria 82/14 dispõe que o recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela
natureza do material, utilizando-se sacos plásticos, envelopes, frascos e caixas descartáveis ou caixas
térmicas, dentre outros, os quais deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, tudo para,
de forma eficaz, assegurar a inviolabilidade e idoneidade do vestígio durante o transporte.
Todos os vestígios coletados deverão ser registrados individualmente em formulário próprio no qual
deverão constar, no mínimo, as seguintes informações:
a) Especificação do vestígio;
b) Quantidade;
h) Assinaturas e rubricas;
i) Número de procedimento e respectiva unidade de polícia judiciária a que o vestígio estiver vinculado.
VI – Transporte: consiste no ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições
adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas
características originais, bem como o controle de sua posse.
VII – Recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no
mínimo, as seguintes informações: número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local
de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo de
vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu.
VIII – Processamento: é o exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que
deverá ser formalizado em laudo produzido por perito.
O Manual de Procedimento Operacional Padrão, coordenado pelo SENASP, dispõe sobre as diretrizes
técnicas para o manuseio do vestígio.
O órgão pericial deverá conter espaço adequado, com condições técnicas específicas, de modo a preservar
as características do material a ser processado, evitando contaminação, vazamento e adulteração.
Encerrada a perícia, dependendo do tipo de material examinado, uma pequena quantidade deverá ser
guardada para eventual nova perícia realizada em decorrência de contestação do laudo anterior
(contraperícia).
O melhor exemplo é quanto às pericias nos entorpecentes. Parte do que é analisado é guardado para
contraperícia. O restante, especialmente quando em grande quantidade, deve ser descartado. A incineração
depende de autorização judicial e segue um rigoroso procedimento.
Art. 158-C A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o
encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames
complementares.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes
da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização.
O perito oficial, aquele portador de diploma em curso de ensino superior, mencionado no art. 159 do CPP,
após ser investido na carreira através de concurso público, inicia a execução de suas funções somente após
passar por formação preparatória específica.
Nos casos de falta do perito oficial, nos quais é aplicada a regra do §1º do art. 159 e a realização de coleta
se dá por perito não oficial, a coleta deverá, do mesmo modo, observar todos os procedimentos técnicos
previstos na Lei, sob pena de contaminar a cadeia de custódia.
§1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de
curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com
a natureza do exame.
§2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
Art. 158-C
§1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como descrito nesta Lei,
ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu
cumprimento.
Nos termos do disposto acima, é incumbência do órgão central de perícia oficial elaborar orientações
técnicas e específicas sobre os procedimentos destacados na Lei.
Considerando que, para tratar do assunto “cadeia de custódia”, a Lei 13.964/19, utilizou como base a
Portaria 82/14, é provável que eventual complementação legislativa também siga a regulamentação já em
vigor e adotada pelos Institutos de Criminalísticas pelo país, disposta no Manual de Procedimento
Operacional Padrão, também coordenado pela SENASP.
Art. 158-C § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de
crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua
realização.
O §2º do art. 158-C estabelece que é proibida a entrada em locais isolados, bem como a remoção de
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada
como fraude processual a sua realização.
Mencionada tipificação está no art. 347 do Código Penal, que prevê punição ao agente que, mediante
fraude, modifica ou altera estado de lugar, de coisa ou de pessoa, criando, com isso, nova situação capaz
de induzir a erro o juiz ou o perito.
Porém, o crime da fraude processual exige que o agente atua não apenas com dolo de inovar no processo,
mas também com a especial finalidade de induzir em erro o juiz ou o perito. Portanto, o art. 158-C deve ser
aplicado de acordo com as características do tipo penal, que não pode se caracterizar pela simples entrada
em local isolado, nem mesmo pela mera retirada de vestígios. Devem ser identificados o dolo e o elemento
subjetivo específico.
Art. 158-D O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a
inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa
autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a
matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre
utilizado.
Para não repetirmos tudo o que dissemos nos tópicos anteriores, colocaremos em anexo a Portaria nº
82/14, que dispõe nos mesmos termos do acima referido.
Art. 158-E Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e controle
dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza
criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, recepção,
devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do
vestígio.
O artigo define que deverá ser criada uma central de custódia nos Institutos de Criminalística com o
objetivo de concentrar a custódia das provas periciadas.
Assim há uma nova função dos órgãos periciais, que precisará de melhor estruturação para atender ao
mandamento legal, além de investimento dos governos.
Art. 158-E
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão ser
registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, consignando-
se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação.
O controle de todas as pessoas com acesso ao vestígio, desde o primeiro contato como vimos nos artigos
anteriores, viabilizará o registro cronológico da prova.
Além do registro histórico quanto às pessoas, também deverá ocorrer o registro das ações adotadas nessa
tramitação, ou seja, todas as fases e procedimentos deverão ser rigorosamente anotados, sob pena de
comprometimento da idoneidade da cadeia de custódia.
Art. 158-F Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela
permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar determinado
material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em
local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
Esse artigo trata da importância da preservação do material relacionado à infração penal, enfatizando a
sua responsabilidade no processo de custódia legal.
Além disso, caberá ao diretor do órgão central pericial a função de controlar a possibilidade e as condições
de armazenamento do material, bem como de se reportar diretamente ao delegado de polícia ou ao juiz de
direito a fim de requerer a remoção de determinado material quando necessário.
Realizando a visualização dos dedos humanos, é possível, sem esforço, notar a presença de cristas
papilares e sulcos interpapilares.
A impressão digital, trata-se de o desenho que se forma a partir do contato da ponta dos dedos em
determinada superfície, o que ocorre, principalmente, pela impregnação (depósito) de suor e gordura contra
o objeto.
Os desenhos gerados pelos dedos (impressão digital) sempre foram fonte de curiosidade dos seres
humanos através da observação, tendo a sua primeira utilização prática, em 1858, por William Herschel, um
oficial britânico que realizava seus trabalhos na Índia, e passou a utilizar a impressão digital e palmar como
uma forma de assinatura, tudo com o objetivo de prevenir fraudes contratuais (HERSCHEL, 1916).
As impressões digitais possuem quatro características que as tornam ideais como meio de identificação:
Em 1880, o médico Henry Faulds publicou um artigo científico na Revista Nature, expondo o potencial das
impressões digitais no que tange a identificação dos indivíduos. Faulds também, utilizando-se de sua
expertise no trato das impressões digitais, foi o pioneiro na primeira identificação de autoria de um delito
com base na comparação entre impressões digitais.
A partir do desaparecimento de um frasco de álcool puro de seu laboratório, Faulds conseguiu identificar
o autor do crime como sendo um de seus assistentes. Isso foi possível, pois Faulds tinha em seus arquivos as
fichas de identificação de seus funcionários, conseguindo assim, identificar quem teria subtraído o referido
frasco (BEAVAN, 2001).
Em 1891, o Iugoslavo, Juan Vucetich Kovacevich, o qual se naturalizou argentino, desenvolveu um sistema
de classificação de impressões digitais para que pudesse ser utilizado na identificação de criminosos.
O primeiro caso de investigação criminal em que a classificação de Vucetich foi utilizada com sucesso foi
o homicídio de Rojas, em 1892, quando uma mulher matou seus dois filhos e cortou a própria garganta para
simular a participação de um desconhecido, caso esse esclarecido graças à colheita e comparação das
impressões digitais do caso.
Vucetich lançou em seu sistema, quatro tipos fundamentais de desenhos digitais, dando a seguinte
classificação: arco, presilha interna, presilha externa e verticilo.
A implementação do sistema de identificação por digitais na Inglaterra e Reino Unido ocorreu em 1901
na Scotland Yard; nos Estados Unidos, em 1924 pelo Federal Bureau of Investigation - FBI.
No Brasil, a identificação por meio de impressão datiloscópica iniciou-se com o Decreto nº 4.764, de 5 de
fevereiro de 1903, e teve como grande defensor Félix Pacheco, patrono do Instituto de Identificação do Rio
de Janeiro.
1906 – A lei 445 autorizou o Governo do estado de Minas Gerais a Instituir o gabinete de Identificação
pela Datiloscopia.
1912 – É assinado em São Paulo o primeiro convênio Brasileiro para permuta de individuais
dactiloscópica entre as polícias dos estados
1918 – Decreto Estadual 71, cria o Gabinete de Identificação e Estatística criminal do Rio Grande do
Norte.
1941 – Decreto-Lei 3.689, de 03 de outubro promulga o Código de Processo Penal com a obrigatoriedade
da identificação criminal no país.
1979 – Instala o Instituto de Identificação Ricardo Glumbleton Daunt - IIRGD, em São Paulo, o sistema
automático de leitura, classificação e comparações de Impressões digitais.
1980 – Instala o Instituto de Identificação Pedro Melo, na Bahia, o sistema automático de leitura,
classificação e comparação de impressões digitais.
Desse processo histórico, foi instituída a papiloscopia no Brasil como um dos sistemas de identificação
utilizado pela polícia brasileira para identificar criminosos por meios das impressões digitais.
Na história da humanidade, sempre se preocupou com a identificação do ser humano, com o intuito de
que injustiças não ocorressem. Nesta esteira, vários sistemas científicos definidores da identidade do
indivíduo foram criados, sendo três, os mais importantes para suas épocas: o antropométrico e o retrato
falado de BERTILLON, e o datiloscópico de VUCETICH. Por sua segurança e maior confiabilidade, o sistema
de VUCETICH é tido como mais seguro em detrimento dos sistemas de BERTILLON.
Quatro são os grandes grupos de classificação das digitais através do sistema datiloscópico de JUAN
VUCETICH: Arco (A - para os polegares e 1 para os demais dedos), Presilha Interna (I – para os polegares e 2
para os demais dedos), Presilha Externa (E – para os polegares e 3 para os demais dedos), Verticilo (V – para
os polegares e 4 para os demais dedos):
No sistema de Vucetich, faz-se o arquivamento das impressões dos dez dedos das mãos do indivíduo –
decadactilar. Tais impressões são coletadas e dispostas em uma ficha específica que contém em um dos
lados dez campos na sequência polegar, indicador, médio, anular e mínimo, sendo os cinco da mão direita
em cima e os cinco da mão esquerda em baixo tendo para cada um dos dedos três campos na parte superior
onde é registrado o tipo fundamental.
O verso da ficha de identificação, é preenchida com a qualificação do identificado como nome, filiação,
data de nascimento, naturalidade, etc., e a sequência dos dedos indicador, médio, anular e mínimo de cada
uma das mãos, como também a impressão de cada um dos polegares nos lugares definidos. Isso serve para
conferir a sequência das impressões dos dedos coletada no anverso da ficha. A assinatura do identificado, o
local, a data e órgão tomador das impressões.
Esse arquivo decadactilar presta-se para, dentre outros motivos, auxiliar na identificação de indivíduo
suspeito de autoria delitiva. Logo após a prática de um crime, várias providências são tomadas, dentre as
quais, a identificação da vítima e do autor.
No local de um homicídio, policiais, irão colher as digitais da vítima com o fim de identifica-la formalmente.
Da mesma forma, quando o autor é de identificação ignorada, buscam-se através de investigação criminal,
dados e elementos que possam levar a sua elucidação. É notório existir duas situações para o caso: primeira,
a existência de suspeitos; segunda, o levantamento e revelação de fragmentos datiloscópicos encontrados
no local de crime.
A papiloscopia é de extrema importância, uma vez que serão confrontados os fragmentos datiloscópicos
levantados com as impressões digitais dos suspeitos, arquivadas no Instituto de Identificação (arquivo
decadactilar com fichas contendo impressões digitais dos dez dedos das mãos). Esse exame pode não
apontar o criminoso, mas provará que determinada pessoa esteve na cena do crime (se foram colhidos
fragmentos de suas impressões digitais no local).
A coleta de impressões digitais relevantes para a investigação policial é realizada por papiloscopistas
policiais e auxiliares de papiloscopistas. Ambos os cargos estão submetidos à autoridade policial, que deverá
requisitar a realização do levantamento das impressões bem como seu confronto com as fichas de
identificação de suspeitos.
Como técnica de investigação, a identificação datiloscópica garante absoluta certeza acerca da relação
entre uma impressão digital e seu possuidor, uma vez que cada conjunto de características é uno, perene e
imutável, ou seja, não é possível que o suspeito negue a relação com a impressão deixada.
Em uma cena de crime, é possível a coleta de duas espécies de impressão digital: as visíveis e as ocultas.
Visíveis são aquelas cuja observação e coleta independem de agente revelador, uma vez que o contraste
entre a superfície e a impressão digital é marcado por algum agente externo, como tinta, sujeira ou sangue.
Ocultas (latentes) são as impressões não aparentes, cuja visualização depende da utilização de uma
técnica reveladora, como o pó, que adere ao suor e à gordura revelando a impressão; o vapor de iodo,
geralmente utilizado para revelar impressões em objetos muito pequenos; o nitrato de prata e a ninidrina,
que reagem quimicamente com a impressão, tornando-a visível.
A análise e o processamento de uma impressão digital pelo sistema manual equivalem à busca de uma
agulha em um palheiro, sendo um trabalho muito árduo e por vezes, dotado de ineficiência. Não que a busca
fosse impossível.
Em 1974, pelo sistema manual de comparação de impressões digitais, o FBI demorava de 30 a 45 dias
para processar um pedido de identificação manual de impressão digital.
Percebendo que o sistema de identificação manual se tornava cada vez mais inviável, em 1969, o FBI
iniciou a busca por um sistema automático de identificação de impressões digitais, conhecido pelo acrônimo
AFIS, Automated Fingerprint Identification System.
Art. 7º-C Fica autorizada a criação, no Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais.
§ 2º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais tem como objetivo armazenar dados de registros
biométricos, de impressões digitais e, quando possível, de íris, face e voz, para subsidiar investigações criminais
federais, estaduais ou distritais.
§ 3º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais será integrado pelos registros biométricos, de
impressões digitais, de íris, face e voz colhidos em investigações criminais ou por ocasião da identificação
criminal.
§ 4º Poderão ser colhidos os registros biométricos, de impressões digitais, de íris, face e voz dos presos provisórios
ou definitivos quando não tiverem sido extraídos por ocasião da identificação criminal.
§ 5º Poderão integrar o Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais, ou com ele interoperar, os
dados de registros constantes em quaisquer bancos de dados geridos por órgãos dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário das esferas federal, estadual e distrital, inclusive pelo Tribunal Superior Eleitoral e pelos
Institutos de Identificação Civil.
§ 8º Os dados constantes do Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais terão caráter sigiloso, e
aquele que permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial
responderá civil, penal e administrativamente.
§ 9º As informações obtidas a partir da coincidência de registros biométricos relacionados a crimes deverão ser
consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial habilitado.
§ 10. É vedada a comercialização, total ou parcial, da base de dados do Banco Nacional Multibiométrico e de
Impressões Digitais.
A inovação, portanto, foi a criação de um Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais, que
prevê a coleta não só de material genético, mas também de registros biométricos, impressões digitais, de
íris, face e voz de presos provisórios e definitivos, bem como de investigados. Pertinente nesse momento
tratarmos sobre as impressões digitais e a dactiloscopia.
O que é dactiloscopia? É a ciência que tem como objeto a identificação de pessoas por meio das
impressões digitais ou reproduções físicas dos desenhos formados pelas cristas papilares das pontas dos
dedos.
Sem dúvida, dentre todos os métodos existentes, a dactiloscopia é o mais fácil, econômico e seguro.
O que se entende por Desenho digital? É o desenho formado pelas cristas e sulcos existentes nas polpas
dos dedos. Faz uso do desenho impresso; isto é, a IMPRESSÃO DIGITAL, que é o reverso do desenho digital.
Se você examinar diretamente a ponta dos dedos você verá uma série de linhas. A pele apresenta
saliências (papilas) e depressões (cristas).
A impressão digital é o desenho existente nos dedos humanos constituído pelas chamadas cristas
papilares e sulcos interpapilares.
Esse desenho formado pelo contato das pontas dos dedos com uma superfície – a conhecida impressão
digital – ocorre na maioria dos casos pelo depósito de suor e gordura da mão contra um objeto.
A impressão digital se forma a partir do 6º mês de vida intrauterina e permanece inalterado durante
toda a sua vida, perdurando até após a morte, somente desaparecendo quando da putrefação.
Os peritos de natureza criminal ao analisarem um local de crime em busca de objetos, marcas, pegadas,
sinais sensíveis que possam ter relação com o fato investigado, estão examinando os vestígios e evidências
de um crime.
O que vem a ser esse vestígio? É todo material bruto coletado no local de uma infração penal, mesmo que
não haja a certeza da sua relação com o fato, é considerado vestígio.
Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa ter relação com
o fato investigado. A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente provocador, ou seja, o
agente causador ou que de alguma forma contribuiu para a causa e, de um suporte adequado, ou seja, um
local onde o vestígio se materializa.
Ao examinar um vestígio papilar ou papiloscópico, o signatário deve realizar com bastante cautela, uma
vez que, este é sensível e pode se deteriorar quando do seu processamento na superfície aposta pelo autor
(suporte primário) e para o suporte secundário. Os especialistas nessa área são profissionais treinados para
levantar, revelar e coletar os vestígios papilares com o intuito de identificar o autor do delito.
“Quando os peritos chegam à conclusão que determinado vestígio está de fato relacionado ao evento
periciado, ele deixa de ser um vestígio e passa a denominar se evidência [...] evidência é qualquer
material ou objeto que esteja relacionado com a ocorrência do delito” (SENASP, 2008).
Porém, é importante uma análise pormenorizada dos vestígios no local de crime. No âmbito de uma área
onde tenha ocorrido um crime, vários serão os elementos deixados pela ação dos agentes da infração, o
perito pode encontrar tantos os vestígios produzidos pela vítima e testemunha, como pelo agressor.
No local de evento delituoso o perito pode deparar com vestígios forjado e ilusório. Por vestígio forjado
entendemos todo elemento encontrado no local de crime, cujo autor teve a intenção de produzi-lo, com o
objetivo de modificar o conjunto de elementos originais produzidos pelos autores da infração. Já o vestígio
ilusório é todo elemento encontrado no local de crime que não esteja relacionado às ações dos autores da
infração e desde que sua produção não tenha ocorrido de maneira intencional. (SENASP, 2007).
Então, vestígios e evidências papilares são as pegadas encontradas, de diversas formas, nos locais dos
crimes deixadas pelo autor em forma de desenho papilar (cristas e sulcos) formado pelos dedos, pelas palmas
da mão e pelas plantas dos pés.
As evidências são, portanto, os vestígios expurgados pelos peritos, ou seja, é decorrente dos
vestígios, as quais são elementos exclusivamente materiais e, por conseguinte, de natureza
puramente objetiva. (MOURA MALLMITH, 2007).
Quando falamos da importância dos fragmentos de impressão papilares levantados e revelados no local
de infração penal, estes têm haver com vestígios e evidências.
Fragmentos de impressão são impressões (digital, palmar ou plantar) incompletas que não permite uma
exata classificação ou determinação de região papilar. Geralmente são impressões questionadas deixadas
no local.
Já indício encontra-se explicitamente conceituado no artigo 239 do Código de Processo Penal: “Considera-
se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-
se a existência de outra ou outras circunstâncias”. Indício vai além da prova material, ou seja, pode ser
elementos de natureza subjetiva e que possam ser inclusos nos demais meios de provas.
O levantamento e revelação de impressões papilares é uma etapa da perícia papiloscópica, e tem como
objetivo localizar, revelar, analisar qualitativamente, registrar e coletar estes fragmentos de impressão.
• Registro fotográfico
• Preparo de croquis
Alguns fatores podem influenciar a nitidez das impressões papilares: exposição dos vestígios papilares às
intempéries climáticas; superfície de natureza irregular; pressão insuficiente do papilograma; precauções
por parte do criminoso; deslizamento e sobreposição de impressão, etc.
Por que revelação de fragmento de impressão? Na maioria dos locais de infração penal, o que se observa
são vestígios papilares em forma de fragmentos. A probabilidade é mínima de autor deixar completamente
sua impressão digital, palmar ou plantar em algum tipo de superfície. O perito nos seus exames periciais
diariamente se depara normalmente com fragmentos de impressões (digital, palmar ou plantar) incompletas
que não permite uma exata classificação ou determinação de região papilar.
Vários são os ambientes e superfícies que são revelados os fragmentos de impressões papilares. Para a
SENASP, os locais onde esse levantamento pode ser realizado:
1
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-importancia-levantamento-impressao-digital-local-crime.htm
Em materiais: São aqueles realizados em materiais encaminhados para exame a fim de localizar e
identificar impressões papilares de pessoas que a manusearam.
Em veículo – São aqueles realizados em veículo a fim de localizar e identificar impressões papilares
de pessoas que tiveram contato com o mesmo.
Em local: São realizados em cenas de crime, a fim de localizar e identificar impressões papilares de
pessoas que estiveram no local.
Visíveis - São impressões visíveis a olho nu, geralmente impregnado com substâncias corantes, como,
tinta, sangue, e outros produtos, sendo, por isso, facilmente localizadas sem instrumentos ópticos.
Modeladas - São aquelas encontradas moldadas em superfícies como: massa de vidraceiro, goma de
mascar, argila, etc.
Latentes – São aquelas não prontamente perceptíveis a olho nu. Necessitam, portanto, de tratamento
com reveladores ou reagentes específicos. (ARAÚJO, 2000).
Nos locais de delito, pode ocorrer de o perito visualizar impressões papilares de diversas condições (visível
ou latente) ao mesmo tempo. Podemos citar como exemplo, um crime de homicídio que ocorreu no interior
de uma residência, onde o autor tocou com as mãos em algum local antes de executar o delito (poderemos
encontrar neste suporte primário, impressão latente), e logo após o crime, o infrator pode ter se sujado de
sangue da vítima e na fuga deixar impressões visíveis (impregnadas com sangue) em alguma superfície.
As impressões digitais são essencialmente compostas de elementos de suor depositados nas cristas
papilares que se transferem para a superfície do suporte primário (objetos, etc.). Suas linhas impressas
devem ter continuidade suficiente que permitam à visualização dos seus elementos identificadores, caso
contrário, a impressão se torna inútil à identificação. Alguns materiais não são recomendados para
levantamentos de impressão, os quais são: material texturizado, muito fibroso, rudes, como padra bruta,
madeira bruta, concreto, etc. Pequenas superfícies irregulares são contraindicadas (prego, parafuso,
alfinete), como também, em material sujo não se encontra boas impressões. (Instituto Nacional de
Identificação - INI).
O Suporte é a superfície onde a impressão papilar se encontra. Suporte primário é a superfície onde
originalmente se encontrou uma impressão; Suporte secundário é aquele preparado para receber a
impressão transportada do suporte original. (ARÁUJO, 2000).
Superfícies não porosas – São aquelas que não absorvem os elementos químicos expelidos pela pele
humana. Exemplos: plástico, vidro, porcelana esmaltada, metais polidos, etc. A superfície não absorve
a parte líquida, por isso podem ser utilizados reveladores sólidos e gasosos, como pó e cianoacrilato.
Superfícies porosas – São superfícies que absorvem o líquido do suor, exemplo: todos os tipos de
papeis, papelões, cartões, etc. A superfície absorve a parte líquida, fazendo-a evaporar, no entanto,
ficam retidos os elementos sólidos em suas fibras. Neste caso empregam-se reveladores líquidos ou
gasosos, como ninidrina, nitrato de prata e iodo.
Superfície adesiva – São as superfícies que retiram líquidos e células descamadas da pele. São todos
os tipos de fitas e etiquetas auto-adesivas. Neste caso utilizamos pós especiais com detergente e
violeta de genciana. (SENASP, 2012)
As impressões latentes na maioria dos casos, só serão localizadas por meio de emprego de reveladores.
Se possível cada fase do processo de revelação deve ser registrada fotograficamente. Depois de realizar a
revelação selecionar as impressões que apresentam condições de confronto, todos os fragmentos de
impressão receberão uma marcação própria, com a anotação precisa de sua localização no material
examinado.
Pós Reveladores
Há uma enorme variedade de produtos que se prestam ao uso como pós reveladores de impressões
papilares. Cada um apresenta vantagens e desvantagens. Um bom pó para revelação deve possibilitar
contraste em relação ao suporte, para permitir fotografias diretas da impressão revelada, e aderir somente
aos componentes úmidos da impressão, liberando os espaços intercristais de forma a produzir impressões
perfeitamente definidas. Os pós atuam aderindo-se nas substâncias úmidas deixadas pelas secreções
contidas nas papilas dérmicas, portanto sua eficiência está relacionada ao tempo em que a impressão foi
produzida, apresentando os melhores resultados em impressões recentes. (ARAÚJO, 2000).
Não importando método de aplicação, o pó tem uma tendência a aderir aos componentes úmidos das
impressões digitais latentes, fazendo, assim, com que elas apareçam visíveis em contraste com o fundo da
superfície. Em princípio, estes pós reveladores são empregados de acordo com a cor do suporte, de modo a
formar contraste com o fundo da superfície. Para revelação em suporte claro, polido (papel, vidro, plástico,
etc.), por exemplo, empregam se os pós escuros, grafite e negro de fumo. (Manual de Identificação
Papiloscópica - INI).
Os pós fluorescentes para impressões latentes podem ser usados sobre os mesmos tipos de superfícies
como pós não fluorescentes. Os pós fluorescentes para impressões latentes funcionam especialmente bem
sobre superfícies escuras ou multicoloridas - realçando enormemente os detalhes das papilas ao serem
iluminadas com uma lanterna de luz ultravioleta. (CONECTA190, 2006)
Não podemos esquecer que o perito para usar os pós reveladores, este deve utilizar-se pincéis para
revelar os fragmentos de impressões.
Os pincéis de fibra de carbono são inigualáveis devido à suavidade natural das fibras de carbono e por
apresentarem a qualidade de baixa fricção. Além disso, as fibras de carbono são à prova de corrosão e
umidade - garantindo um bom funcionamento até mesmo em situações de extrema umidade. Os filamentos
bem estreitos são dispostos ao acaso - permitindo que o técnico possa mudar a cor do pó rapidamente
bastando para isso sacudir o pincel eliminando restos do pó anteriormente usado. (CONECTA190, 2006)
Serão utilizados levantadores que são fitas ou películas adesivas utilizadas no transporte/decalque de
impressões reveladas com pó para o suporte secundário (coletor).
Os cristais de iodo são submetidos ao calor, acontece à sublimação, produzindo vapores que são
absorvidos pela matéria gordurosa ou oleosa das impressões. Aplicam-se em superfícies lisas, porosas, não
porosas, não metálicas, tais como: vidros, PVC, papéis acetinados, papel-moeda, etc.
O levantamento pode ser feito de várias maneiras O método mais convenientemente aplicado no
laboratório é através do uso de um gabinete para absorção do iodo. Este gabinete é uma Caixa com uma ou
mais paredes de vidros. Utiliza-se uma lâmpada comum para aquecer os cristais e fazer com o que o material
evapore enchendo o recipiente, e dará início ao processo de revelação das impressões papilares na cor
marrom.
Cianoacrilato
Foi desenvolvido em 1951, no Tennessee, EUA. Na guerra do Vietnã (1966) era empregado pelas tropas
americanas como adesivo de rápida ação em ferimentos. A partir de 1984 passou a ser utilizado pela Polícia
Federal Alemã na revelação de impressões digitais. É encontrado no mercado como componente ativo das
SUPERCOLAS (Superbonder). Além de sua eficiência como revelador sua utilização também objetiva a fixação
dos vestígios papilares proporcionando segurança e tranquilidade para o Papiloscopista. O vapor do
cianoacrilato polimeriza (solidifica) as substâncias úmidas das impressões papilares latentes (sais minerais e
as gorduras contidas nas impressões papilares), o que permite o seu processamento (fotografia, transporte,
aplicação de reveladores), maximizando, assim, a qualidade da evidência para o posterior exame de
confronto. (ARAÚJO, 2000).
O controle do vapor é conseguido através de uma câmara, que pode ser de vidro, plástico, ou qualquer
outro material que possibilite o máximo de confinamento do gás. O material é colocado na câmara de
maneira que toda a sua superfície fique exposta ao vapor. Após o tratamento e a revelação das impressões
papilares aplica-se o pó, que se fixará no cianoacrilato polimerizado. (ARAÚJO, 2000).
Ninidrina
A ninidrina foi descoberta em 1910, sendo também chamada de “púrpura de Ruhermann”. Seu nome
oficial é HIDRATO DE TRIKETOHIDRINDENO. É reconhecida como de grande eficiência, ela reage com os
aminoácidos contidos na impressão latente. A maior parte dos fluidos corporais (leite, sêmen, suor, sangue,
etc.) reage com o composto químico da ninidrina. Comumente apresenta-se na forma líquida, mas também
é encontrada na forma de cristal, com a aparência de pó branco, disponível em potes de 5, 10 e 25 gramas
da maioria das lojas de produtos químicos. Após a aplicação, à temperatura ambiente, as impressões
começarão a surgir em uma ou duas horas. A maior parte delas será revelada em 24 horas, porém há
impressões que necessitarão de até 72 horas. A ninidrina revela bem tanto as impressões recentes quanto
aquelas produzidas há alguns anos. (ARAÚJO, 2000).
Violeta de Genciana
Método de revelação de impressões papilares latentes muito eficaz e simples, relativamente barato,
aplicado em superfícies adesivas. Adequado para uso em laboratório.
Em superfícies não porosas, na parte aderente de fitas crepe, fitas isolantes, esparadrapos, durex,
etc. [...]
Para revelar as impressões, o material examinado é colocado na solução e agitado por alguns
segundos. O material também pode ser imerso na solução e deixado em repouso; neste caso, a
revelação será processada em alguns minutos. O excesso de violeta é retirado simplesmente
deixando o material sob água corrente.
[...]
Impressões reveladas em fitas adesivas de fundo branco ou de tonalidade clara são fotografados
diretamente.
São diversos os métodos e técnicas utilizadas para revelar fragmentos de impressões papilares. Nos locais
de crime, a técnica mais usual é a do empoamento, com uso dos pós reveladores. Nos laboratórios, o
signatário aplica as substâncias gasosas para revelar impressão. Nesse processo de revelação também é
importante o uso de luzes forense e a fotografia direta sobre o suporte primário onde está o papilograma a
ser revelado.
No decorrer de uma investigação policial, a autoridade e seus agentes podem se deparar com a
necessidade de observação e acompanhamento de suspeitos com o objetivo de determinar suas rotinas,
localizar seus esconderijos ou evitar a prática de um novo delito.
Nas palavras do delegado de polícia que nomeia a Academia de Polícia do Estado de São Paulo, Dr.
Coriolano Nogueira Cobra, campana:
É expressão de gíria que significa observação discreta, nas imediações de algum lugar, para conhecer
os movimentos de pessoa ou pessoas ou para fiscalizar a chegada ou aparecimento de alguém.
Significa, ainda, o seguimento de alguém, de modo discreto, para conhecer seus movimentos e
ligações. (COBRA, 1987, p. 134).
A campana em muito se assemelha ao ritual da caça. Em países com essa tradição, a habilidade de
perseguir os animais caçados sem despertar sua atenção é denominada, no caso dos cervos, deer stalking
(CASADA, 2011), e diz respeito à arte de rastrear, localizar e abater o animal sem ser percebido.
A campana é um método que oferece risco para o policial, uma vez que importa na penetração em áreas
estranhas ao convívio do agente, onde pode ser facilmente percebido.
Inúmeros são os casos em que policiais civis em campana são abordados por policiais militares, que julgam
“suspeita” a atividade dos agentes, sem falar nas vezes em que a campana é “queimada”, pois a presença
dos policiais é percebida, seja pelo comportamento, modo de vestir, adereços policiais ou até mesmo o
linguajar diferenciado.
Por uma questão de segurança, a campana deve sempre ser realizada por mais de um agente, de
preferência com a opção de unidades de apoio próximas.
Por fim, a campana pode ser estática ou móvel, envolvendo veículos ou acompanhamento a pé. Em ambas
as hipóteses, os policiais devem estar cientes das possibilidades de fuga do alvo e da necessidade de
constante comunicação com as unidades de apoio para garantir a segurança de todos.
Interrogatório é o ato formal previsto no Código de Processo Penal por intermédio do qual a autoridade
policial, na lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, colherá as declarações do preso acerca da imputação
que lhe é feita, bem como do acusado perante o juiz, no curso da ação penal.
Por tratar-se de ato de registro formal de declarações, o interrogatório está sujeito aos mandamentos
contidos na Constituição Federal, no Código de Processo Penal e demais fontes legislativas que tratem dos
direitos do indiciado ou do preso.
Com as recentes alterações da Lei n° 13.245 de 2016 no Estatuto da OAB, o advogado passou a ter direito
de assistir seu cliente durante o interrogatório, mesmo na fase de inquérito policial, nos termos do inciso XXI
do artigo 7° do Estatuto (BRASIL, 1994):
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração:
Por esses motivos, o interrogatório como técnica de investigação policial passou a restringir-se à
disponibilidade do suspeito ou indiciado em fornecer informações relevantes à investigação, à opção do
investigado ou suspeito pela confissão ou ao confronto das informações contidas no interrogatório com
outros fatos comprovados no curso da investigação.
A entrevista, por outro lado, é um meio de obtenção de informações, não havendo a necessidade de
redução a termo, podendo ser parte integrante de um relatório de investigação.
Ao entrevistar uma pessoa que tem informações interessantes à investigação, a autoridade ou seus
agentes devem empregar técnicas de entrevista capazes de extrair toda a informação relevante, filtrando o
necessário e diferenciando falsas memórias e mentiras no conteúdo da narrativa.
O retrato falado constitui-se como meio de prova, sendo aceita sua utilização, desde que em consonância
com outros elementos probantes.
Trata-se de um processo científico, uma vez que, obedecendo uma metodologia e técnicas próprias, visa
atingir sempre o resultado esperado.
ATENÇÃO!
Por fim, para realização do retrato falado, deve-se tomar o necessário cuidado, com “falsas memórias”
para que a pessoa descrita, não se trate de outra a qual não se quis descrever.
HOMICÍDIO
Disponível em:
<https://www.policiacivil.sp.gov.br/portal/faces/pages_home/servicos/retratoFalado/retratoFaladoDetalhe?campoB
usca=UCM_036633&_afrLoop=2315092622746373#!%40%40%3F_afrLoop%3D2315092622746373%26campoBusca
%3DUCM_036633%26_adf.ctrl-state%3D7vz9noutr_21>. Acesso em 06/04/2021.
3.1.7. Acareação
É um meio de prova pessoal, de caráter complementar, que visa confrontar versões conflitantes ou
contraditórias, pré-existentes, referente ao mesmo fato, na presença física dos respectivos depoentes ou
declarantes.
Em suma, é o ato de colocar uma pessoa frente a frente com a outra para que as versões diferentes sobre
o mesmo fato relevante, possam ser sanadas. Não sendo o fato relevante, não há espaço para a acareação.
a) Requisitos:
➔ Versões controversas em depoimentos/declarações;
➔ Os pontos controvertidos devem ser relevantes;
➔ Que os acareados já tenham sido ouvidos.
b) Quem pode ser submetido à acareação?
➔ Investigados entre si;
➔ Investigado e testemunha;
➔ Investigado e vítima;
➔ Testemunhas entre si;
➔ Vítima e testemunha;
➔ Vítimas entre si.
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre
acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, reduzindo-
se a termo o ato de acareação.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a esta
se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a
discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-
se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do
referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma
estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial
ao processo e o juiz a entenda conveniente.
A reprodução simulada dos fatos, chamada por alguns de “reconstituição do crime”, trata-se de uma
técnica de investigação que busca dirimir dúvidas a respeito da dinâmica do crime ou das versões
apresentadas.
A conveniência da investigação é que vai dizer se é ou não necessária a realização da reprodução simulada
dos fatos, sendo a participação do investigado ou vítima, dispensáveis.
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade
policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
pública.
3.1.9. Informantes
Informante é a pessoa que fornece informações, sobre outra pessoa ou grupo de pessoas, relacionadas a
determinado fato.
Sua colaboração, na maioria das vezes ocorre em virtude da confiança que tem com o policial, pois tem a
certeza que sua identidade ficará preservada.
A coleta de dados por meio de informante é uma busca de informações que visa nortear a investigação
policial. É uma observação intermediária de suporte, baseada em fonte secundária.
O informante, não se trata de testemunha do evento, mas sim alguém que tem informações
complementares à investigação. Não pertence à polícia, mas colabora com a equipe de investigação, criando
facilidades, ou fornecendo informações negadas para verificação da prova.
Geralmente, age motivado por medo, vingança, vaidade, desejo de reparação (justiça), mercantilismo
(contrapartida) e altruísmo (abnegação).
Disque-denúncia x Informante
O disque-denúncia normalmente é mantido por uma organização não governamental que recebe e
encaminha denúncias da população à polícia sem a necessidade de se identificar.
De igual forma, deve o investigador resguardar o sigilo de sua fonte, quando a obtenção de informações
tiver por base o informante, tendo em vista que independente da fonte, o que se deve levar em consideração
é a efetividade da informação que contribuiu para o combate à criminalidade, e não a preocupação de onde
surgiu a notícia que culminou na prisão.
Com o intuito de resguardar o sigilo das informações, podemos nos valer de algumas previsões legais que
trazem subsídios para tanto:
Constituição Federal
Art. 5º, XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Art. 53, §6º. Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
informações.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso
amparo legal:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de
agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido.
O policial, no exercício de suas funções, também deverá proteger aquele que espontaneamente
colaborou com a sociedade, transmitindo uma notícia útil à investigação.
Quando o cidadão se depara com uma situação em que a sua colaboração possa auxiliar a polícia, não
tem a obrigação de fazê-lo, por isso, deve ser tratado de forma diferenciada quando se decide prestar auxílio
às investigações, sendo garantida a preservação de sua identidade, justamente para incentivar a cooperação.
Nesse sentido, também é possível afirmar que, enquanto a sociedade humana depender da legislação
como tecido social, será necessária a manutenção dos conhecimentos acerca da investigação.
Portanto, com o progressivo avanço tecnológico, se faz necessária a análise desse impacto nas técnicas
de investigação policial, uma vez que esse avanço pode trazer significativas melhorias para as técnicas já
existentes, bem como inaugurar outras sem precedente.
A Constituição Federal de 1988, em seu Título II, que trata dos direitos e garantias fundamentais, prevê,
no artigo 5°, inciso XII, a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas.
A Carta Magna também, no mesmo inciso, excepciona a inviolabilidade, autorizando a interceptação das
comunicações telefônicas, telemáticas e informáticas quando decretada por ordem judicial, para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal, sendo obedecida a forma da lei.
A autorização constitucional para a quebra do sigilo das comunicações encontra guarida na relatividade
dos direitos fundamentais, característica apontada por João Trindade Cavalcante Filho, como se extrai do
excerto:
Nenhum direito fundamental é absoluto. Com efeito, direito absoluto é uma contradição em termos.
Mesmo os direitos fundamentais sendo básicos, não são absolutos, na medida em que podem ser
relativizados. Primeiramente, porque podem entrar em conflito entre si – e, nesse caso, não se pode
estabelecer a priori qual direito vai “ganhar” o conflito, pois essa questão só pode ser analisada
tendo em vista o caso concreto. E, em segundo lugar, nenhum direito fundamental pode ser usado
para a prática de ilícitos. Então – repita-se – nenhum direito fundamental é absoluto.2
Portanto, são três os requisitos constitucionais para a quebra do sigilo das comunicações telefônicas,
telemáticas ou informáticas: a regulamentação legal, a ordem judicial e a finalidade de investigação criminal
ou instrução penal.
Como a Constituição Federal foi promulgada em 1988, pode-se afirmar que a norma contida no artigo 5°,
inciso XII, é de eficácia contida, uma vez que não é autoaplicável, já que depende de regulamentação legal
posterior.
A lei que regulamentou a previsão constitucional foi publicada em 25 de julho de 1996 e, a partir dessa
data, tornou-se viável a interceptação telefônica, telemática e informática no Brasil.
2
Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltvjusticanoticia/anexo/joao_trindadade__teoria_geral_dos_dir
eitos_fundamentais.pdf>. Acesso em: 06 abr. 2021.
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal
e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da
ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de
informática e telemática.
A interpretação a contrario sensu do artigo 2° da Lei n° 9.296 de 1996 permite ao operador definir três
requisitos para a representação pela quebra de sigilo telefônico. São eles:
b) Imprescindibilidade da prova por interceptação. A interceptação tem de ser a única maneira viável de
produção da prova, se for possível produzir a mesma prova por outros meios, a interceptação será
posteriormente julgada ilegal;
c) Fato investigado punido com reclusão. Não cabe interceptação telefônica para a obtenção de prova em
casos de crimes punidos com detenção ou no caso de contravenções penais.
Caso ocorra desrespeito a esses requisitos legais, a prova produzida durante a interceptação telefônica
será julgada ilícita, como demonstrado no entendimento do Superior Tribunal de Justiça, na ementa do
julgamento do HC nº 128.087:
2. Além da necessidade do ilícito em apuração ser apenado com reclusão, o legislador ordinário
estabeleceu ainda como critérios para a utilização da interceptação telefônica, a contrario sensu, a
existência de indícios acerca da autoria ou participação na infração penal, bem como a
demonstração de inviabilidade de produção da prova por outros meios.
3. Demonstrado, in casu, que a representação pela quebra do sigilo telefônico dos pacientes foi
deferida antes mesmo dos sócios da empresa investigada terem sido ouvidos pela autoridade
policial, tratando-se de medida primeva em busca de provas acerca da autoria do ilícito, imperioso
o reconhecimento da ilegalidade da medida.
No caso de restar comprovada a desobediência aos requisitos legais, a prova produzida durante a
interceptação telefônica será declarada ilícita e deverá ser desentranhada dos autos, nos termos do artigo
157 do Código de Processo Penal.
PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. EVASÃO DE DIVISAS (ART. 22 , PARÁGRAFO ÚNICO
, DA LEI Nº 7.492 /86). TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. NULIDADE DE PROVAS OBTIDAS EM
INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DE INVESTIGAÇÃO DIVERSA. OPERAÇÃO MERCADOR. ENCONTRO
FORTUITO DE PROVAS (SERENDIPIDADE). INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1.
A jurisprudência desta Corte é firme no sentido da adoção da teoria do encontro fortuito ou casual
de provas (serendipidade). Segundo essa teoria, independentemente da ocorrência da identidade de
investigados ou réus, consideram-se válidas as provas encontradas casualmente pelos agentes da
persecução penal, relativas à infração penal até então desconhecida, por ocasião do cumprimento
de medidas de obtenção de prova de outro delito regularmente autorizadas, ainda que inexista
conexão ou continência com o crime supervenientemente encontrado e este não cumpra os requisitos
autorizadores da medida probatória, desde que não haja desvio de finalidade na execução do meio
de obtenção de prova. 2. No caso, conforme se extrai da exordial acusatória, o crime de evasão de
divisas foi descoberto fortuitamente por meio de interceptação telefônica, decorrente de
investigação diversa, no contexto da Operação Mercador, em que se apuravam crimes de
contrabando e descaminho de produtos em tese praticados pelos mesmos acusados. 3. Em
homenagem à perfeita aplicação da serendipidade, entende-se que as provas são lícitas, sobretudo
porque originadas de interceptação telefônica em desfavor da mesma ré. 4. Nos termos do
entendimento consolidado do STJ, o trancamento da ação penal por meio do habeas corpus é medida
excepcional, que somente deve ser adotada quando houver inequívoca comprovação da atipicidade
da conduta, da incidência de causa de extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria
ou de prova sobre a materialidade do delito, o que não ocorre no caso. 5. Recurso não provido. (STJ
- RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS RHC 94803 RS 2018/0028587-6. Publicado em
11/06/2019)
Caso não haja relação alguma entre a investigação em curso e as informações obtidas quanto a outros
criminosos ou outros delitos, a documentação será convertida em notitia criminis, e servirá de
fundamentação para a instauração de outra investigação.
Decretada a quebra do sigilo telefônico, é possível fazer uso de algumas informações importantes
referentes ao fluxo de informações. A comunicação via telefone celular no Brasil envolve, no mínimo, dois
interlocutores e uma operadora.
A ordem de quebra de sigilo é encaminhada pelo juízo à operadora, que deverá redirecionar o conteúdo
da ligação para os números de telefone fornecidos pela autoridade policial bem como para o Guardião,
sistema que “realiza monitoração de voz e dados e oferece recursos avançados de análise de áudio e
identificação de locutores.”
O Guardião realiza a gravação em arquivo digital de áudio do conteúdo das interceptações telefônicas,
possibilitando o acesso dos policiais civis ao conteúdo das interceptações.
As operadoras de telefonia móvel também disponibilizam para a autoridade que está conduzindo a
interceptação telefônica a chamada “régua” das ligações realizadas, recebidas e perdidas pelo alvo, o que
permite identificar a autoria das ligações bem como a sua duração.
A equipe de investigação também tem acesso à ERB (Estação Rádio Base) utilizada pelo alvo durante uma
ligação telefônica:
Estações Rádio Base ou ERBs são equipamentos que fazem a conexão entre os telefones celulares e a
companhia telefônica. É a denominação dada em um sistema de telefonia celular para a Estação Fixa com
que os terminais móveis se comunicam. São compostas, basicamente, de antenas e equipamentos de
transmissão/recepção, torre, fonte e infraestrutura (sistemas de proteção, combate a incêndio, alarmes,
para-raios, prédio etc.). Uma ERB corresponde a uma célula (daí a origem do nome celular). Assim, ao invés
de uma só estação irradiando em alta potência por uma grande extensão de área, são instaladas várias
antenas espalhadas numa área trabalhando com potências menores, otimizando a utilização do espectro de
frequências disponíveis.3
Todas as ERBs em operação no Brasil possuem uma identificação correspondente à latitude e longitude
que ocupam, possibilitando determinar a área em que determinado alvo se encontra.
Conforme o assinante do sistema móvel se desloca de um local para outro, com seu aparelho ligado, o
sistema automaticamente transfere a sua ligação para a célula seguinte, sem que o assinante perceba.
Cada ERB funciona integrada a um conjunto de outras ERB’S interligadas a um Remoto Switch Office (RSO)
e, por sua vez, interligadas com as centrais telefônicas convencionais. Assim é definido um sistema de
telefonia, onde os componentes são interdependentes.
Quebra de sigilo de ERB, histórico de ERB ou bilhetagem de ERB, nada mais é do que o levantamento de
todas as linhas celulares que acessaram, realizando ligações ou recebendo mensagens SMS de uma antena
(ERB).
Nos termos do artigo 5° da Lei n° 9.296 de 1996, o prazo máximo de duração da interceptação telefônica
será de 15 dias, renováveis, mediante representação da autoridade policial demonstrando a
indispensabilidade da prova, por mais 15 dias.
3
Disponível em: <http://www.mpgo.mp.br/portal/news/estacao-radio-base-telefonia-celular#.VvP5h-IrLIV>. Acesso em: 6
abr. 2021.
(STJ - HC: 537555 SP 2019/0298729-0, Relator: Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de
Julgamento: 09/02/2021, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 11/02/2021)
Dessa forma, uma interceptação telefônica pode perdurar por tempo “indeterminado”, contando-se as
prorrogações, devidamente autorizadas, desde que cumpridos os requisitos intrínsecos atinentes à medida.
Na quebra do sigilo telefônico, não há acesso ao conteúdo da conversa. O acesso é somente dos registros
das ligações realizadas e recebidas, a partir de determinado terminal (telefone), demonstrando o número
para o qual foi efetuada ligação, as ligações recebidas, a duração das chamadas, a quantidade de chamadas,
o dia, a hora, etc.).
Nos países mais avançados, a informatização no reconhecimento de impressões digitais é uma realidade.
Esta tecnologia é chamada de AFIS (Automated Fingerprint Identification System) Sistema de Identificação
Automatizada de Impressões Digitais.
O AFIS é usado para comparar uma impressão digital com impressões previamente arquivadas no banco
de dados do sistema. Esta tecnologia melhorou muito no final do século XX quando os processadores e as
memórias dos computadores se tornaram mais eficientes e acessíveis. Nos países que já possuem este
sistema, vários crimes do passado estão sendo solucionados com a identificação das impressões digitais
arquivadas por falta de suspeitos com os quais pudessem ser confrontadas.
Um AFIS trabalha tanto com as impressões digitais completas quanto com fragmentos encontrados em
locais de crime. Através de algoritmos poderosos, um AFIS compara uma impressão digital, ou até mesmo
um fragmento de impressão, com milhões de outras impressões de um banco de dados, detectando uma ou
mais impressões similares para serem confrontadas pelo papiloscopista.
Quando diz que uma impressão digital está arquivada em um banco de dados de um AFIS, não
necessariamente a imagem da impressão está arquivada. Na aquisição de uma impressão, o AFIS faz a
varredura da imagem da impressão digital e cria uma template (modelo), que é uma coleção de informações
obtidas através dos pontos característicos encontradas na impressão, em sua maioria bifurcações e
extremidades de linhas, que permitem classifica-las como únicas, separando-as por indivíduo.
As informações contidas em um template podem ser tão simples quanto somente as coordenadas de
onde ocorrem as bifurcações e extremidades de linhas ou mais ricas englobando informações como, qual o
tipo de minúcia, sua direção, probabilidade de ocorrência, etc.
Impressões digitais coletadas por meio de entintamento, os vestígios papilares (latentes), revelados,
fotografados e coletados em cena de crime deverão ser escaneados em tamanho padrão, a fim de serem
inseridas no sistema AFIS. As imagens dos vestígios poderão ser obtidas diretamente do scanner ou pela
importação de arquivo, disponibilizando ferramenta capaz de corrigir a escala das imagens dos vestígios
obtidas por meio de fotografia.
Em fevereiro de 2014, o estado de São Paulo adquiriu o sistema AFIS, bem como as unidades de processamento
e digitalização, e passou a incluir no banco de dados as mais de seis milhões de fichas de identificação criminal
constantes em seu acervo do Instituto de Identificação.
Em 28/01/2020 foi inaugurado o Laboratório de Identificação Biométrica – Facial e Digital, no estado de São
Paulo, na sede do IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt), passando a otimizar o sistema
AFIS com o sistema de reconhecimento facial.
O sistema já possui um banco de dados com cerca de 30 milhões de registros biométricos. A plataforma
está interligada a outras do mesmo gênero, portanto é possível a interação com bancos de dados de todos
os estados brasileiros por meio de parceiras.
O laboratório conta com uma grande estrutura de atendimento. Há sala de pesquisas com 102 estações,
sendo 100 de pesquisas de fragmentos/decadactilar e duas para pesquisas de palmares, além de sala de
custódia para guarda de objetos/documentos de provas.
O espaço ainda possui laboratório fotográfico com tratamento de imagens de latentes e fragmentos
colhidos em local de crime e laboratório de latentes para revelação de impressões em objetos colhidos nos
locais. A unidade já está em funcionamento com toda a infraestrutura, mobiliário e equipamentos4.
4
Disponível em: < https://www.saopaulo.sp.gov.br/sala-de-imprensa/release/governo-de-sp-inaugura-laboratorio-de-
identificacao-biometrica-facial-e-digital/>. Acesso em: 6 abr. 2021.
Art. 12. A Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009, passa a vigorar com as seguintes alterações:
(...)
§2º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais tem como objetivo armazenar dados de registros
biométricos, de impressões digitais e, quando possível, de íris, face e voz, para subsidiar investigações criminais
federais, estaduais ou distritais.
§9ºAs informações obtidas a partir da coincidência de registros biométricos relacionados a crimes deverão ser
consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial habilitado.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos implementou uma rede de computadores capaz de
controlar o arsenal nuclear americano de maneira independente, ou seja, cada computador isoladamente
tinha acesso total ao arsenal.
Essa rede foi denominada ARPANET e é considerada o embrião daquilo que chamamos hoje de internet.
A transição entre o sistema de controle militar para a internet começou em 1974, com a ideia de interligar
diferentes redes que utilizassem o protocolo TCP/IP. Daí o termo internet, uma abreviação de
internetworking (HAUBEN, 2004).
Foi a operacionalização dos web browsers, os navegadores, que permitiu o uso pelo público em geral da
rede mundial de computadores, o que impulsionou o comércio digital e a criação de redes sociais.
A utilização em massa da internet a partir da década de 1990 gerou não só um novo campo de atuação
para criminosos, que desenvolveram novas maneiras de praticar crimes no ambiente cibernético, mas
também transformou o mundo digital em uma nova fonte aberta de informações.
Uma fonte aberta de informações é definida como aquela disponível ao público, sendo transmitida pelo
rádio, televisão, jornais impressos ou digitais. Pode ser disseminada ao público em geral ou a grupos
determinados, sem, no entanto, ser classificada como de obtenção restrita.
Dessa maneira, a investigação policial pode utilizar-se das informações obtidas na internet com o mesmo
proveito daquelas obtidas nas fontes abertas em geral, ou seja, independentemente de autorização judicial.
A necessidade humana de pertencer a um grupo e dentro dele interagir com seus atores foi apontada por
Aristóteles ao afirmar que o ser humano é um animal político.
A criação de um ambiente virtual na internet possibilitou a criação de redes sociais virtuais que consistem
em um ambiente dedicado a criar, compartilhar e discutir interesses em comum.
Dentro desses ambientes, os usuários compartilham informações pessoais, fotografias, vídeos, arquivos
de texto e demais elementos que podem ser utilizados não só para identificar criminosos, mas também para
relacioná-los como membros de um grupo ou até para relacioná-los com determinados fatos ou contextos.
O que torna as redes sociais virtuais importantes fontes de pesquisa e busca é a quantidade de usuários.
Conforme informações disponibilizadas pelo instituto Ebiz5, de consultoria em negócios digitais, essas são as
15 redes sociais com a maior quantidade de usuários em março de 2021:
1) Facebook: 2.200.000.000 usuários. O Facebook é uma rede social utilizada para conectar amigos e
familiares ou para promover relações comerciais.
2) Youtube: 1.850.000.000 usuários. Rede social utilizada para interação através de vídeos, sendo que
aos usuários é permitido criar canais de conteúdo e realizar lives ao vivo para interação em tempo real
com demais usuários.
4) Twitter: 375.000.000 usuários. O Twitter trata-se de uma rede social para transmissão e
disseminação de pequenos trechos de informação (até 140 caracteres).
6) Reddit: 370.000.000 usuários. O Reddit é uma rede social e agregador de notícias bastante popular,
que conta com conteúdo gerado, curado e compartilhado pelos próprios usuários. A plataforma é
organizada quase como um fórum, ou as listas de discussões do clássico BBS.
7) Pinterest: 250.000.000 usuários. O Pinterest permite que seus usuários compartilhem ideias acerca
de projetos que podem ser desenvolvidos de maneira caseira, no formato faça você mesmo.
8) Snapchat: 110.000.000 usuários. É uma rede social de mensagens instantâneas voltado para
celulares com sistema Android e iOS criada e desenvolvida por Evan Spiegel, Bobby Murphy e Reggie
Brown, estudantes da Universidade Stanford. O app pode ser usado para enviar texto, fotos e vídeos e
5
http://www.ebizmba.com/articles/social-networking-websites
o diferencial é que este conteúdo só pode ser visto apenas uma vez, pois é deletado logo em seguida,
se "autodestruindo" do app.
11) Flickr: 90.000.000 usuários. O Flickr é um aplicativo para compartilhamento de imagens e vídeos.
12) Vkontakte (VK): 85.000.000 usuários. O VK é uma rede social comum na Europa, sendo mais
utilizada por russos.
13) LinkedIn: 85.000.000 usuários. O LinkedIn é uma rede voltada à organização empresarial e de
promoção profissional; visa a criação de conexões voltadas ao desenvolvimento de uma carreira.
14) Tagged: 35.000.000 usuários. O Tagged é uma rede social destinada a conectar amigos.
15) Meetup: 30.000.000 usuários. O Meetup é uma rede social destinada a organizar o encontro de
pessoas com interesses comuns.
A multiplicidade de usuários torna cada uma dessas redes sociais, numa potencial fonte aberta de
informações para a investigação policial.
O site de busca Google Imagens possibilita a busca reversa de imagens, ou seja, é possível realizar o upload
de uma imagem já salva no computador para que o aplicativo realize uma busca e identifique a origem da
imagem.
Na opção “Colar o URL da imagem”, o operador pode digitar um endereço da internet com determinada
imagem para que o buscador localize sua origem. Na aba “Envie uma imagem”, o usuário pode carregar uma
imagem para que o buscador localize sua origem e o objeto ou pessoa contida na imagem.
Essa ferramenta de busca permite ao usuário localizar a origem de uma fotografia, um determinado
trecho de uma rua ou bairro, por exemplo, ou até a identidade de uma pessoa com base na existência da
fotografia em redes sociais.
Na Polícia Civil Paulista existe várias ferramentas disponíveis de aplicabilidade para a investigação policial.
Todas elas aptas a enriquecer o Inquérito Policial e os Relatórios de Investigação. São ferramentas que
permitem a extração de elementos informativos, sobre o envolvimento em delitos anteriores de suposto
infrator, veículo envolvido em certas ocorrências, características de certas pessoas, modus operandi, etc.
São elas:
a) RDO (Registro Digital de Ocorrência): principal fonte de alimentação de dados da Polícia Civil. É o
sistema de elaboração e armazenamento de Boletins de Ocorrência. Geralmente é através do Boletim de
Ocorrência que se inicia uma investigação, por isso, deve ser devidamente preenchido, ricos em detalhes,
tais como: inserção de testemunhas, objetos relacionados com o crime, telefones dos envolvidos, endereços
completos, cautela e inserção correta da localização do fato, etc.
Esse sistema é interligado ao sistema Prodesp que é detentor da base de dados da Polícia Civil. Todos os
Boletins de Ocorrência registrados ficam gravados em rede e não apenas em um computador, inclusive os
Boletins de Ocorrência elaborados pela própria vítima através da internet, estes denominados BOE (Boletim
de Ocorrência Eletrônica), que é elaborado pela própria vítima, através do sítio eletrônico
(www.policiacivil.sp.gov.br).
6
Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/as-modernas-tecnicas-de-investigacao-
policial/#_ftn11>. Acesso em: 11 abr. 2021.
cadastrais de outros Estados, por exemplo; numeração de motor, placas de veículos para verificação de
queixa de furto ou roubo.
c) ÔMEGA: é um programa que unifica as doze principais bases de dados do país, usa o banco de dados
do RDO, DETRAN (CRLV, CNH e multas), DE (Delegacia Eletrônica), Junta Comercial, Disque-Denúncia,
Infocrim, Phoenix, cadastros civil e criminal e outros. Possui uma ferramenta chamada “investigador virtual”,
na qual são inseridos os dados que o policial está procurando e, quando surgir determinada ocorrência,
envolvendo aquela informação que foi registrada, o policial solicitante será informado. Também analisa na
pesquisa o “modus operandi”, logradouros, tipos de crimes, pessoas, etc., ou seja, é possível ainda realizar
uma pesquisa de referência geográfica, ou seja, um mapeamento regional de crimes.
d) PHOENIX: é um sistema de cadastro estadual de fotos criminais acessado pela intranet, alimentado
com os dados inseridos no equipamento denominado SPISPHOTO disponível em todas as seccionais e sedes
de departamentos. Nessa máquina são coletadas fotos de frente e perfil, impressões digitais, dados
somáticos, sinais peculiares e amostras de voz, além de criar retrato falado de criminosos.
O indivíduo ao ser fotografado tem dez pontos em seu rosto considerados imutáveis, mesmo com
cirurgias plásticas ou envelhecimento. O programa permite também a inserção de dados somáticos,
incidência penal do indivíduo, características físicas básicas, tais como; tatuagens, deformações no corpo,
cor da pele, olhos, tipo de rosto, cicatrizes juntando-se à base de dados do RDO, que por sua vez gera o
Boletim de Identificação Criminal Eletrônico (BICE) que é enviado ao I.I.R.G.D. (Instituto de Identificação
Ricardo Gumbleton Daunt).
e) INFOSEG: Rede Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização, seu objetivo
principal é a integração dos dados de indivíduos criminalmente identificados, de armas de fogo, de veículos,
de condutores, de Cadastro de Pessoas físicas (CPF) e de Cadastro de Pessoas Jurídicas (CNPJ), entre todas
as Unidades da Federação. É um programa do Ministério da Justiça, que permite o acesso ao cadastro de
contribuintes da Receita Federal.
f) ALPHA: é acessado também pela intranet da Polícia Civil. Esse sistema contém a base de dados civil do
estado e exclusiva da Polícia Civil de São Paulo. Contém os dados para a emissão da Cédula de Identidade, a
fotografia e a ficha decadactilar, ou seja, as impressões digitais do indivíduo e endereço. Possibilita a pesquisa
através do nome do pai, mãe, nome e número de cédula de Identidade, além disso, caso o indivíduo seja
preso em São Paulo, conterá o número de identidade criminal, que fica vinculado ao número de identidade
civil. Esse sistema tem por finalidade servir de confronto das impressões digitais colhidas em qualquer
unidade policial com aquelas arquivadas na base de dados do sistema.
Esse programa permite às polícias o mapeamento das regiões com maior incidência criminal. Juntos RDO
e INFOCRIM criam para as polícias o chamado mapa da criminalidade, pelo qual é possível estabelecer os
pontos onde há maior ocorrência de crimes, separando por cidades, bairros, ruas, dia e horário.
Com base no mapa da criminalidade, a Polícia Militar realiza o Plano de Policiamento Inteligente (PPI) e,
então, traça o roteiro de cada viatura após consultas dos dados armazenados e distribui, portanto, o Cartão
Prioridade de Patrulhamento (CPP), para que as viaturas patrulhem a área com maior incidência criminal. A
Polícia Civil com base no RDO, Infocrim e demais sistemas inteligentes, atua com o cruzamento desses dados
na busca de suspeitos que têm a mesma forma de atuação.
h) FOTOCRIM: Esse programa foi criado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo e é alimentado com
qualificações e fotografias de frente e de perfil dos criminosos bem como com fotografias de tatuagens e
cicatrizes registradas de ângulos diferentes. Indicando também o crime que cometeram e se agiram com
parceiros. É possível o acesso pela Polícia Civil do Estado de São Paulo através do Infocrim.
i) DETECTA: É um sistema inteligente de monitoramento de crimes do Estado de São Paulo, que emite
alarmes automáticos e traz avanços em agilidade e cruzamento de informações. O Detecta foi desenvolvido
pela Microsoft e pela polícia de Nova York, para ações contra o terrorismo na cidade americana e também
passou a ser utilizada no combate a outros tipos de crime. É a primeira vez que o sistema é utilizado fora de
Nova York.
Um dos pontos importantes desse sistema é que o alerta para a polícia civil pode decorrer em razão da
existência de um crime com as mesmas características dos outros que já estão sendo investigados, mesmo
que ocorra em regiões diferentes ou em outras cidades. Esse sistema integra todas as informações criminais
que estão à disposição.
Nem toda morte é de interesse da investigação policial. Na morte natural, quando não decorrente de
acompanhamento médico, deverá ser solicitado o Serviço de Verificação de Óbito – SVO, o qual atestará a
morte. No estado de São Paulo, na capital, esse serviço é prestado pela prefeitura municipal junto à
Universidade de São Paulo. Na grande São Paulo e interior, é executado por médicos contratados pelas
respectivas prefeituras.
Na morte suspeita, essa sim de interesse policial, essa deverá ser verificada por médico legista através do
IML. Considera-se morte suspeita a morte violenta (por acidente de trânsito ou de trabalho, homicídio,
suicídio, etc.), a morte suspeita propriamente dita, ou a morte natural de pessoa não identificada.
Na investigação de crimes contra a vida, em especial, o homicídio, diversas técnicas poderão ser usadas
pelos investigadores que escolherão, conforme o caso, qual a melhor tática a ser seguida. Dentre todas
técnicas, algumas são de primordial importância para que se possa levantar a maior quantidade de
informações possíveis para se chegar à autoria delitiva.
Na investigação de crime de homicídio, na maioria dos estados, tratando-se de autoria conhecida, tal
incumbência fica para a delegacia distrital com atuação na área dos fatos. Tratando-se de autoria
desconhecida, a investigação fica a cargo de equipes especializadas em apuração de crimes contra a vida,
como por exemplo, o DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Neste caso, o delegado de polícia do Distrito Policial da área correspondente comparece ao local, faz as
investigações e levantamentos preliminares e não chegando à autoria delitiva, realiza o acionamento de
equipe especializada que comparece ao local juntamente com a equipe de perícia (perito e fotógrafo).
No local, teatro dos fatos, deve o investigador, inicialmente, atentar-se para ouvir os policiais (PM, PC,
GCM) que estão preservando o local, visto que não raras as vezes essas pessoas ouviram relatos de algumas
testemunhas que podem não está mais na cena do crime. Tais relatos são de suma importância para o
direcionamento da investigação.
Em continuidade, deve o investigador observar a cena com atenção aos detalhes como, posição do
cadáver, objetos e marcas próximas, cuidando para registrar todas as variáveis do local, através de anotações
e/ou fotografias/filmagem.
Algumas técnicas de investigação revelam grande interesse na ocorrência de crimes contra a vida, a
exemplo:
Superada a investigação no local dos fatos, deve a equipe responsável de prosseguir nas investigações,
iniciar os trabalhos de entrevistas de familiares e amigos da vítima, buscando traçar um perfil característico
desta quanto à sua personalidade, hábitos, vícios, desavenças, relacionamentos amorosos, dentre outros.
Não se pode desprezar o contato com outros investigadores, pois muitos podem residir próximo do local
e ter informações valiosas que de certa forma não seriam possíveis de angariar através de entrevistas com
moradores da localidade, por ser esta bastante hostil ou ainda, por medo dessas pessoas.
O investigador deve colocar em prática suas habilidades para conquistar a confiança do entrevistado
tomando o devido cuidado com a discrição e salvaguarda da identidade de quem o repassa as informações,
com fito de não expor a pessoa.
Concluídas essas etapas, e não se chagando à autoria delitiva, deve-se começar a formular hipóteses,
dando início a toda metodologia de investigação policial.
Não raras as vezes, o investigador se depara com a ocorrência de um crime contra a vida tratando-se de
vítima desconhecida. Muitos são os casos de “cemitérios clandestinos”, locais de “desova” de corpo, os quais
o investigador não tem qualquer informação, principalmente, sobre a identidade da vítima. Nesses casos,
deverá realizar contatos com policiais do distrito da área dos fatos, buscando informações sobre pessoas
desaparecidas através dos bancos de dados, atentando-se, quanto ao corpo, a detalhes como tatuagens,
particularidades das roupas (logomarcas, cores, etc.), cicatrizes, deformidades, etc.
A investigação de crimes de homicídio envolve a participação de todas as carreiras da polícia civil, sendo,
portanto, de bom alvitre a troca de informações, principalmente a atualização destas através dos laudos
periciais e acompanhamento de oitivas no curso do inquérito policial para maiores esclarecimentos.
Tal técnica, faz analogia ao “ato de rastejar”, seguir o rastro de indício a indício, seguindo as seguintes
etapas:
7
RIBEIRO, Luiz Julião. Investigação Criminal: Homicídio. Brasília: Fabrica do Livro Editora, 2006.
Conseguindo conhecer a fundo a configuração destes círculos, os atores que fazem parte deles e a forma
como se dá o fluxo de informações e relações entre tais atores dentro dos círculos e entre atores de
diferentes círculos, a equipe de investigação tem grandes chances de conseguir apurar o homicídio em
questão. Segundo Dorea (1995), existiriam basicamente cinco círculos emanados a partir de uma vítima de
homicídio:
Círculo 1 – Relacionamentos Familiares: pode ser subdividido de acordo com o grau de parentesco e ou
proximidade de cada grupo de parentes. A lógica da coleta de informações dentro desse círculo será ditada
pela configuração assumida pela família.
Círculo 2 – Relacionamentos de Amizade: pode ser subdividido de acordo com o grau de proximidade e
o nível da amizade. O uso da metodologia de “bola de neve” (um informante leva ao outro e assim
sucessivamente) pode ser indicado para reconstituir essa rede.
Círculo 3 – Relacionamentos Profissionais: também pode ser subdivido de acordo como o grau de
proximidade e o nível do relacionamento que mantinham com a vítima.
Círculo 4 – Relacionamentos Sociais: esse círculo pode ser subdividido de acordo com os diferentes
ambientes sociais frequentados pela vítima (associações, igreja, clubes e outros).
Círculo 5 – Outros Relacionamentos: todas as demais relações que não se encaixam nas modalidades
anteriores. Exemplo: relacionamentos criminosos ou relacionamentos secretos9.
8
DOREA, Luiz Eduardo. Local de Crime. Porto Alegre: Editora Sagra-DCLuzatto, 1995.
9
Disponível em:
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwj4tfjz-
vTvAhVCA9QKHengB6kQFjACegQICBAD&url=https%3A%2F%2Fwww.novo.justica.gov.br%2Fsua-seguranca-2%2Fseguranca-
publica%2Fanalise-e-
O termo “detonação”, que dá nome a esta metodologia de investigação, é uma analogia aos processos de
mineração que fazem uso de explosivos para extrair pedras preciosas de locais de difícil acesso. No caso da
investigação policial, a “detonação” é uma referência ao uso de práticas invasivas, como a infiltração 11 ou a
busca e apreensão, para a obtenção de informações que dificilmente serão obtidas por meio de técnicas
mais sutis (SENASP, 2012).
3) Análise dos dados capturados: verificação das informações coletadas e análise de sua pertinência e
validade para a instrumentalização das investigações;
4) Formulação de novas hipóteses: após a etapa de verificação e análise dos dados, é comum que
algumas hipóteses inicialmente levantadas pela investigação sejam confirmadas, enquanto outras
serão refutadas e descartadas. O importante é que as novas informações capturadas ajudem a compor
um conjunto probatório harmonioso.
Por fim, deve-se ter em mente que diante de todas as técnicas e metodologias possíveis de investigação
de homicídios, deve o investigador encontrar a que seja mais eficaz para a elucidação do delito, avaliando,
caso a caso, qual a mais eficaz e adequada ao seu trabalho.
a) Induzimento ao suicídio: induzir é criar na mente da vítima o desejo do suicídio, é criar a ideia, um
pensamento então inexistente.
b) Instigação ao suicídio: instigar é estimular, é reforçar uma ideia preexistente, é insistir na ideia da
vítima.
Não é incomum, casos em que o investigador ser induzido a erro para tratar como “suicídio” o que na
verdade foi um homicídio. Ex.: morte de detento no interior de uma cela, quando encontrado com uma corda
(“tereza13”) amarrada ao pescoço e à grade. Outro exemplo, é o caso “Isabela Nardoni”, etc.
Na maioria dos casos reais de suicídio, a vítima deixa uma carta, faz um vídeo ou publica nas redes sociais
seus problemas e fornece indícios de que poderá ceifar a própria vida.
É de extrema dificuldade a produção de provas nos casos de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio.
Na maioria das vezes, quem comete o suicídio faz desabafos, por isso, o investigador deve procurar por
escritos ou vídeos que possam conter provas do induzimento e instigação.
Já na modalidade “auxílio”, o investigador pode conseguir provas através do objeto utilizado na execução.
Ex.: arma utilizada que fora emprestada pelo autor do crime; medicamentos dos quais o autor tinha a posse
e forneceu à vítima, ou até mesmo venenos usados para o controle de roedores.
O exame de cartas dos suicidas, analisadas através de perícia grafotécnica, a verificação da sede da lesão,
a posição da arma, a disposição do corpo em conjunto com os móveis e objetos do ambiente, tudo isso
deverá estar em perfeita harmonia e coerência com o ato praticado.
Quando o suicídio for praticado com arma de fogo, o exame residuográfico nas mãos do suicida será
imprescindível.
12
Atualizado pela Lei 13.968, de 26 de dezembro de 2019.
13
Nome dado no interior de estabelecimentos prisionais a cordas feitas por roupas, tiras de cobertas, lençóis, dentre outros.
4.6.2. Aborto
O crime de aborto, na maioria das vezes, chega ao conhecimento da Autoridade Policial em virtude da
imperícia do sujeito ativo, o que causa lesões ou até mesmo a morte da gestante. Raras as vezes por
denúncia.
Diante de tais informações, torna-se necessário o direcionamento das investigações para o consultório
médico ou local improvisado para a prática abortiva, conhecidos na gíria policial como “fábrica de anjos”. A
prisão em flagrante delito dos autores é quase certa, visto que uma das características da modalidade é sua
alta rotatividade.
Facilita bastante na investigação as notícias trazidas por informantes que residem ou trabalham próximo
desses locais (clínicas ou consultórios), os quais observam grande circulação de casais, principalmente
período da manhã.
Já no local, fortes indícios são o encontro de instrumentos cirúrgicos como curetas, pinças, bico de pato e
outros privativos de uso médico, quando encontrados na posse de parteiras, ou curiosas, indicam a prática
delituosa. Estoque de medicamentos específicos, também, indicam fortes indícios.
Acesso em 10/04/2021
Link: https://vejasp.abril.com.br/consumo/laboratorio-policia-civil-esquartejado/
14
Disponível em:
<https://www.policiacivil.sp.gov.br/portal/faces/pages_home/noticias/noticiasDetalhes?rascunhoNoticia=0&collectionId=35841
2565221037009&contentId=UCM_047600&_afrLoop=2679473129763291&_afrWindowMode=0&_afrWindowId=null#!%40%40
%3F_afrWindowId%3Dnull%26collectionId%3D358412565221037009%26_afrLoop%3D2679473129763291%26contentId%3DUC
M_047600%26rascunhoNoticia%3D0%26_afrWindowMode%3D0%26_adf.ctrl-state%3D14sxgh9hmk_103>. Acesso em 10 abr.
2021
Para disfarçar os lucros ilícitos sem comprometer os envolvidos, a lavagem de dinheiro realiza-se por meio
de um processo dinâmico que requer: primeiro, o distanciamento dos fundos de sua origem, evitando uma
associação direta deles com o crime; segundo, o disfarce de suas várias movimentações para dificultar o
rastreamento desses recursos; e terceiro, a disponibilização do dinheiro novamente para os criminosos
depois de ter sido suficientemente movimentado no ciclo de lavagem e poder ser considerado "limpo".15
Com referência às máfias, Alphonse Capone (Al Capone), gangster norte-americano de ascendência
italiana, com atuação na cidade de Chicago/EUA, desenvolveu diversas atividades ilícitas, tais como: tráfico
de bebidas alcoólicas durante a denominada “Lei Seca”; prostituição; além de outros crimes graves como
assassinatos, extorsão e violência. Com o comprometimento de policiais, políticos, juízes e fiscais, somente
foi preso e condenado por sonegação fiscal, conquanto dissimulasse a origem ilícita de suas rendas obtidas
com a prática dos citados crimes.
15
Disponível em: < https://www.gov.br/coaf/pt-br/pastas-antigas-disponiveis-para-pesquisa/o-sistema-de-prevencao-a-
lavagem-de-dinheiro/o-que-e-o-crime-de-lavagem-de-dinheiro-ld>. Acesso em: 7 abr. 2021
1ª Colocação → Objetivando ocultar sua origem, o criminoso procura movimentar o dinheiro em países
com regras mais permissivas e naqueles que possuem um sistema financeiro liberal. A colocação se efetua
por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra de bens.
2ª Ocultação → Consiste em dificultar o rastreamento contábil dos recursos ilícitos. O objetivo é quebrar
a cadeia de evidências ante a possibilidade da realização de investigações sobre a origem do dinheiro.
Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os ativos para contas anônimas –
preferencialmente, em países amparados por lei de sigilo bancário – ou realizando depósitos em contas
abertas em nome de "laranjas" ou utilizando empresas fictícias ou de fachada.
1ª Geração → o rol apresenta apenas o tráfico ilícito de entorpecentes como crime antecedente;
2ª Geração → por sua vez, é mais amplo, abrangendo outas condutas criminosas, enumerando-as,
contudo, exaustivamente na norma – numerus clausus.
A lei 12.683/12 (3ª geração), promoveu sistematicamente a evolução no que tange às gerações da
lavagem de dinheiro no ordenamento jurídico brasileiro, quando a referida norma alterou a Lei 9.613/98 (2ª
geração). A lei 12.683/12, dispõe:
Art. 1º Esta Lei altera a Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, para tornar mais eficiente a persecução penal dos
crimes de lavagem de dinheiro.
Art. 2º A Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, passa a vigorar com as seguintes alterações:
16
Idem. Referência anterior.
A lei 12.683/12, inseriu no art. 1º da lei 9.613/98 o §4º, prevendo aumento de pena para os criminosos
habituais (reiteradas) e integrantes de organização criminosa.
§ 4º A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma
reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
Com a inserção do §5º ao art. 1º da Lei de Lavagem de Capitais, foi prevista a possibilidade de delação
premiada com benefícios ofertados a autor, coautor ou partícipe que colaborar espontaneamente com as
autoridades, desde que da colaboração, resultassem em efeitos práticos previstos na lei.
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-
se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor
ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens,
direitos ou valores objeto do crime.
Permissivo também se verifica na referida lei, quanto à ação controlada e infiltração de agentes:
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se a utilização da ação controlada e da infiltração
de agentes.
É uma exceção a obrigação prevista no art. 301 do CPP, que prevê que a polícia deve agir obrigatoriamente
nos casos de flagrante delito. Trata-se de técnica de investigação policial que consiste no retardamento da
intervenção policial ou administrativa, que deverá ser previamente comunicada ao juiz competente, que, em
sendo o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.
Permite-se afastar a prática do crime de prevaricação previsto no art. 319 do CP, ou outra infração
administrativa, por ventura existente, por parte do policial ou da equipe de investigação que a realiza.
Dentre outras normas, conforme vimos acima, tem ainda previsão na lei 12850/13, com a seguinte
disciplina:
Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada
por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que
a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a
operação a ser efetuada.
§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao
delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.
As hipóteses mais comuns de ocorrência da Ação Controlada são em crimes permanentes, tráfico ilícito
de entorpecentes, tráfico ilegal de armas de fogo, contrabando e descaminho, roubo, furto, apropriação
indébita, receptação de cargas, crime organizado e, acompanhamento de entrega de dinheiro a título de
corrupção de agentes políticos.
Em caso de quebra de sigilo das investigações em que se aplicam as técnicas de Ação Controlada, a Lei
12850/13, prevê um crime específico:
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de
agentes:
Francisco Sannini, conceitua como “Técnica especial, excepcional e subsidiária de investigação criminal,
dependente de prévia autorização judicial, sendo marcada pela dissimulação e sigilosidade, onde o agente
de polícia judiciária é inserido no bojo de uma organização criminosa com objetivo de desarticular sua
estrutura, prevenindo a prática de novas infrações penais e viabilizando a identificação de fontes de provas
suficientes para justificar o início do processo penal”.
OBJETIVOS
a) Obter informações;
b) Fotografar e filmar;
f) Levantar contatos;
g) Identificar veículos;
i) Obter provas;
Encontra previsão legal nos arts. 10 a 14 da lei 12850/13, a figura do agente infiltrado.
Necessário se faz diferenciar a figura do agente infiltrado, do agente provocador e do agente disfarçado,
este concebido pelo Pacote Anticrime (Lei 13964/19.
Por Agente Infiltrado, no escólio de Alberto Silva Franco, temos que: “é funcionário da polícia que,
falseando sua identidade, penetra no âmago da organização criminosa para obter informações e, dessa
forma, desmantelá-la”. Nesse sentido, a infiltração pressupõe a imersão do agente no seio da organização
criminosa, de forma a envolver-se articulosamente como os seus membros, adotando uma postura
estrategicamente complacente com as práticas criminosas, com a intenção de angariar elementos
necessários à sustentação da persecução penal.
De outro lado, encontra-se a figura do Agente Provocador, que atuando com excesso de comportamento
frente à ação criminosa, esvaziando por completo a neutralidade, induz ou instiga terceiro a prática delitiva.
Em outras palavras, o agente provocador é responsável por provocar o delito e concorre decisivamente para
este, de forma a encorajar o autor à sua prática, logo depois, efetuando sua prisão em flagrante. De antemão,
tal ação é tida como flagrante preparado/forjado e não encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro,
sendo a ação declarada ilícita e nula, em conformidade com o que prescreve o art. 17 do CP (Crime
Impossível).
Por fim, o novel nomen iuris Agente Policial Disfarçado, trata-se de inovação trazida pelo Pacote
Anticrime (Lei 13.964/19) que inseriu na Lei 10.826/03 e na Lei 11343/06, dispositivos que preveem a
referida figura.
Lei 10.826/03 - Art. 17. § 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Art. 18. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
em operação de importação, sem autorização da autoridade competente, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas,
sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
A inserção da figura do Agente Policial Disfarçado pelo Pacote Anticrime, trouxe à baila uma figura jurídica
sem precedente na legislação pátria. Dessa forma, faz-se necessário o empréstimo de conceitos doutrinários
do direito comparado, com o fim de definir a referida figura legislativa.
Para o português Manuel Augusto Alves Meireis17, apresentando uma diferenciação entre agente
infiltrado e agente encoberto (o qual muito se aproxima da figura do agente policial disfarçado), aduz que “o
agente encoberto diferencia-se pela ausência de envolvimento prévio do agente com o grupo criminoso.
Noutras palavras, o agente não provoca o acontecer típico e tampouco cativa a confiança do grupo
criminoso”.
17
MEIREIS, Manuel Augusto Alves. O Regime das Provas Obtidas pelo Agente Provocador em Processo Penal, Coimbra, 1999,
pg. 163 e 164
Na doutrina espanhola, para Joaquim Delgado18, o “agente meramente encoberto” é aquele que, sem
revelar sua real identidade, em trabalho de rotina, investiga crimes sem precisar se envolver ou ganhar a
confiança dos integrantes do grupo criminoso. O autor espanhol, ainda, concebe a conceituação do “agente
encoberto infiltrado”, que corresponde ao nosso agente infiltrado, podendo ocorrer com ou sem identidade
falsa.
Dada as semelhanças com as disposições da Lei 13.964/2019, infere-se que o agente disfarçado, com as
adaptações à tradição jurídica do Brasil, corresponde à ação encoberta da doutrina portuguesa e espanhola.
Importa, porém deixar destacado que o agente disfarçado, tal como concebido pela Lei 13.964/2019 não
pode ser confundido com a uma mera “campana policial”, técnica amplamente utilizada para realização de
prisões em flagrante esperado.19
Na linha dos ensinamentos de LEITÃO JÚNIOR20: “entende-se que apenas aos servidores policiais
integrantes das polícias judiciárias (Polícia Federal e Polícias Civis) é dada a técnica de agente policial
disfarçado, polícias estas constitucionalmente com o múnus de proceder às investigações criminais, que
visem apurar a autoria e materialidade delitiva”.
A legislação brasileira de combate à lavagem de dinheiro tem como marco inicial a publicação da Lei n°
9.613 de 1998. O texto original previa um rol taxativo de crimes antecedentes à ocultação ou dissimulação
da natureza ilícita dos bens e valores, ou seja, era necessária a demonstração de que o valor objeto de
dissimulação fora obtido por intermédio da prática de um dos crimes que estavam previstos no artigo 1° da
lei.
18
DELGADO, Joaquin. Criminalidad Organizada. J.M Bosch Editor, 2001, pg. 46-48.
19
Disponível em: https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/12/27/nova-figura-agente-disfarcado-prevista-na-
lei-13-9642019/. Acesso em 7 abr.2021.
20
Disponível em: < https://juspol.com.br/o-agente-policial-disfarcado-na-lei-no-13-964-2019-lei-do-pacote-anticrime/>.
Acesso em: 7 abr.2021
Com o advento da Lei nº 12.683 de 2012, os incisos I a VIII da Lei n° 9.613 foram revogados, tornando-a
uma legislação de terceira geração, ou seja, qualquer crime pode configurar como antecedente da lavagem
de capitais.
O Brasil é membro do Gafi (Grupo de Ação Financeira - é uma organização intergovernamental cujo
propósito é desenvolver políticas de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo e da
proliferação de armas de destruição em massa), além de ser signatário de convenções das Nações Unidas
que envolvem o tema Prevenção à Lavagem de Dinheiro. Na condição de membro pleno do Gafi, o Brasil
assumiu o compromisso de seguir e implementar suas Quarenta Recomendações, dentre elas a
Recomendação 29, que dispõe sobre a obrigatoriedade da existência de uma UIF com jurisdição nacional e
com autonomia operacional.
O Brasil integra também o Grupo de Ação Financeira da América Latina contra a Lavagem de Dinheiro e
o Financiamento do Terrorismo (Gafilat), organismo regional do Gafi com forte atuação, composto por 17
países. O Coaf, a UIF brasileira, atua como coordenador nacional junto ao Gafi e Gafilat e também faz parte
do Grupo de Egmont (conjunto de 164 unidades de inteligência financeira unidas em uma plataforma segura
para troca de informações com o objetivo de combater esses crimes). O artigo 2º da Lei nº 13.974, de 2020
dispõe que o Coaf possui autonomia técnica e operacional e atuação em todo o território nacional.
O Coaf é constituído no modelo administrativo. Em outras palavras, a UIF realiza trabalhos de inteligência
financeira, não sendo de sua competência, por exemplo, realizar investigações, bloquear valores, deter
pessoas, realizar interrogatórios e outras atividades dessa natureza.
21
Disponível em: < https://www.gov.br/coaf/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-do-coaf-1/o-que-faz-o-
coaf-versao-20200124.pdf/@@download/file/O%20que%20faz%20o%20Coaf%20-%20Vers%C3%A3o%202020-12-
30%20publica%C3%A7%C3%A3o%20atualizada.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2021.
22
Lei 13.974/2020: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13974.htm
23
Lei 9.613/1998: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9613.htm
A lei 13.974/20 não mudou as atribuições do COAF, ele continua responsável por produzir e gerir
inteligência financeira para prevenção e o combate à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo
e ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa.
O artigo 4º da Lei nº 13.974, de 2020 manteve no Coaf organização similar à já existente, consistindo da
Presidência e de duas principais estruturas:
O Plenário é composto por servidores do quadro efetivo de determinados órgãos públicos, com reputação
ilibada e reconhecidos conhecimentos técnicos em matéria de prevenção e combate à lavagem de dinheiro.
A Lei nº 13.974, de 2020 retomou o modelo do Plenário composto exclusivamente por servidores de órgãos
públicos e incluiu a Advocacia-Geral da União (AGU) nesse rol. O Plenário é composto por conselheiros dos
seguintes órgãos: Abin, MJSP, AGU, PGFN, Banco Central, Polícia Federal, CGU, Previc, CVM, Receita Federal,
Itamaraty, Susep.
2) Quadro Técnico: É o quadro de servidores que trabalham no Coaf. Essas equipes são responsáveis pelos
processos de análise de informações recebidas dos setores obrigados, de produção dos Relatórios de
Inteligência Financeira (RIF), de supervisão de setores obrigados sem regulador próprio, de desenvolvimento
de modelos estatísticos e de machine learning, entre outras atividades.
O quadro técnico é constituído por analistas de inteligência financeira, analistas de supervisão, cientistas
de dados, especialistas em tecnologia da informação e outros profissionais.
O Coaf não possui quadro de servidores próprios. É composto por servidores e empregados públicos
requisitados de outros órgãos e por ocupantes de cargos em comissão, o que permite a formação de equipes
multidisciplinares, nas quais cada profissional agrega seu conhecimento e sua experiência em áreas
específicas.
O art. 11 da Lei nº 13.974, de 2020, manteve no Coaf os servidores e os empregados que já estavam em
exercício no órgão. O quadro atual do Coaf inclui:
Banco, Central, MCTIC, Secex, Banco do Brasil, Min. Cidadania, Senasp, Caixa, Min. Economia, Serpro,
CGU, Min. Saúde, Susep, Correios, PGFN, STN, Eletronorte, Polícia Federal, UNB, MAPA, RFB, Aposentados e
sem vínculo.
O Coaf tem como atribuição legal receber, examinar e identificar as ocorrências de atividades ilícitas
previstas na Lei nº 9.613, de 1998, que define regras a respeito da prevenção aos crimes de lavagem de
dinheiro e ocultação de bens.
As ocorrências de atividades suspeitas de ilícitos são informadas ao Coaf pelas pessoas jurídicas e físicas
relacionadas no art. 9º da referida Lei.
A produção de inteligência financeira consiste em realizar a análise das informações recebidas e, se forem
identificados fundados indícios de lavagem de dinheiro, de financiamento do terrorismo ou outros ilícitos,
produzir Relatórios de Inteligência Financeira (RIF).
Os RIF são encaminhados às autoridades competentes que podem, a seu critério, abrir procedimento de
investigação sobre os indícios relatados.
A Lei também prevê, no § 2º do seu artigo 14, que o Coaf deve propor e coordenar mecanismos de
cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou
dissimulação de bens, direitos e valores.
Essas comunicações recebidas, quando confrontadas com o conjunto de informações já possuídas pelo
Coaf, podem se revelar significativas para identificação de fundados indícios da prática de crime de lavagem
de dinheiro e de outros ilícitos.
Além da produção de inteligência financeira, o Coaf também exerce o papel de órgão supervisor de alguns
setores obrigados24 no que diz respeito à prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
Essa responsabilidade está descrita no parágrafo 1º do art. 14 da Lei nº 9.613, de 1998. Tal dispositivo
legal estabelece que pessoas físicas e jurídicas dos setores obrigados que não possuam órgão fiscalizador ou
24
Setores obrigados: atividades e profissões relacionadas no art. 9º da Lei nº 9.613/1998.
regulador próprio têm o Coaf como ente fiscalizador e regulador nos assuntos relacionados à prevenção à
lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
Todos os setores obrigados possuem órgão fiscalizador e regulador. As instituições financeiras, por
exemplo, têm o Banco Central como órgão fiscalizador e regulador. As seguradoras têm a Superintendência
de Seguros Privados - Susep. As entidades de previdência complementar têm a Superintendência Nacional
de Previdência Complementar (Previc). As instituições ou agentes que fazem intermediação de valores
mobiliários têm a Comissão de Valores Imobiliários (CVM), e assim sucessivamente.
O Coaf é o órgão fiscalizador e regulador nos assuntos relacionados à prevenção à lavagem de dinheiro e
ao financiamento do terrorismo de setores obrigados como, por exemplo:
O papel do Coaf como supervisor é regulamentar, monitorar, fiscalizar e aplicar sanções em face de
pessoas que atuam nesses setores obrigados. O objetivo é exigir a implementação de procedimentos e
controles para que essas pessoas não sejam utilizadas para fins ilícitos por seus clientes.
O Coaf recebe informações dos denominados setores obrigados, definidos no artigo 9º da Lei nº 9.613,
de 1998. Esses setores da economia devem obrigatoriamente informá-lo sobre movimentações financeiras
suspeitas de lavagem de dinheiro ou de financiamento do terrorismo realizadas por seus clientes.
· Joalherias;
· Comércio de imóveis;
As informações encaminhadas ao Coaf são denominadas comunicações, que podem ser de dois tipos:
· Comunicação de Operação Suspeita: são encaminhadas ao Coaf quando os setores obrigados percebem
indícios de lavagem de dinheiro, de financiamento do terrorismo ou de outros ilícitos em transações de seus
clientes. Essas comunicações contêm a explicação das suspeitas identificadas sobre operações realizadas em
determinado período.
Os Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) elaborados pelo Coaf são destinados às autoridades
competentes para subsidiar eventuais procedimentos investigativos.
· Policiais Federais;
· Policiais Civis;
As informações que integram um RIF são eminentemente de inteligência financeira e protegidas por sigilo
legal. O dever de preservação desse sigilo é transferido às autoridades destinatárias.
Tais informações somente são difundidas às autoridades competentes quando verificados fundados
indícios de crimes de lavagem de dinheiro, de financiamento do terrorismo ou de outros ilícitos, conforme
estabelecido no art. 15 da Lei nº 9.613, de 1998.
Portanto, tais informações não são provas de ilícitos, mas constituem indícios que devem ser
adequadamente investigados pelas autoridades competentes.
A troca de informações entre o Coaf e autoridades competentes é realizada por meio do Sistema
Eletrônico de Intercâmbio – SEI-C, ambiente ágil e seguro para envio dos RIF e recebimento de comunicações
de autoridades sobre investigações.
O Coaf cumpre rigorosamente as regras relativas ao foro especial por prerrogativa de função ao
encaminhar Relatórios de Inteligência Financeira às autoridades competentes.
O Coaf não realiza qualquer investigação. A UIF brasileira segue o modelo administrativo.
Nesse modelo, a UIF é uma autoridade administrativa, central e independente, que recebe e analisa
informações recebidas do setor financeiro e de outros setores obrigados e dá conhecimento sobre os fatos
suspeitos identificados às autoridades competentes para aplicação da lei.
Existem outros modelos de unidade de inteligência financeira ao redor do mundo, sendo que alguns deles
permitem que a UIF conduza investigações, realize interrogatórios, bloqueie contas, entre outras
prerrogativas.25
Não é o caso do Coaf, órgão central do sistema brasileiro de prevenção à lavagem de dinheiro.
A Lei nº 9.613, de 1998 e a Lei nº 13.974, de 2020 NÃO lhe atribuíram qualquer competência para realizar
investigações criminais.
25
Tipos de unidades de inteligência financeira: https://egmontgroup.org/en/content/financial-intelligence-units-fius
Inicialmente, cumpre definir o que se entende por organização criminosa. Tal definição, está insculpida
na lei 12.850/13 que no seu art. 1º, §1º, assim a define:
➔ Lei do silêncio;
➔ Apoio tecnológico;
➔ Lavagem de dinheiro.
Para Pitombo (2003), “crime organizado e lavagem de dinheiro mostram-se temas tão interligados que
parece impossível escrever sobre um, sem analisar o outro”.
Na expansão das organizações criminosas, encontra lugar certo a lavagem de dinheiro, seja para esconder
o lucro proveniente das infrações penais, seja para reintegrá-lo, com aparência de lícito, a algum sistema
produtivo e empresarial.
➔ Planejamento empresarial;
➔ Fins lucrativos.
A lei 12850/13, buscando a efetivação no combate às organizações criminosas, inseriu em seu texto,
formas de investigação e meios de obtenção de prova para a persecução penal. Prevê a referida norma, em
seu artigo 3º, as seguintes modalidades nos termos que seguem:
➔ colaboração premiada;
➔ ação controlada;
➔ afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
A Lei 12850/13, em que pese ter previsto a captação ambiental, como meio de obtenção de prova, deixou
de regulamentar a forma pela qual devesse ocorrer. O legislador, então, atento à necessidade de
regulamentação, a fez quando da edição da Lei 13.964/19, a qual alterou a Lei 9.296/96, inserindo o art. 8º-
A, de forma a deixar clara as regras para que fosse procedida a captação ambiental. Vejamos:
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade
policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando:
I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e
II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial por
iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando presente atividade criminal
permanente, habitual ou continuada.
Previu ainda, crime quando a captação ambiental for realizada em desconformidade com a legislação em
vigor:
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou
instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das
investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o
sigilo judicial.
A Escuta Ambiental, em linhas gerais, é o procedimento investigatório em que a polícia judiciária instala
equipamentos em qualquer lugar, com o intuito de monitorar diálogos de integrantes de uma organização
criminosa. A captação e a gravação das conversas, que deverão ser autorizadas judicialmente, ocorrerão sem
o conhecimento dos monitorados ou com o conhecimento de um (ou alguns) dos envolvidos nos diálogos.
a) Ambientes públicos: sem que as partes demandem sigilo, é desnecessária autorização judicial para
obtenção de provas. Ex.: câmeras de monitoramento nas ruas.
Obs.: Gravação ou declarações prestadas em repartição policial – Aviso de Miranda (Miranda Rights/1960
– Miranda x Arizona) – nemo tenetur se detegere.
Obs.: Operação Hurricane (Furacão em inglês) – Inquérito: 2.424/STF. Considerou legal a instalação de
equipamentos de escuta ambiental em escritórios e gabinetes de suspeitos. A despeito da previsão do art.
5º, inciso XI, da CF, o STF autorizou o ingresso em escritório de advocacia, no período noturno, visando o
registro de informações úteis, além da instalação de equipamento de captação ambiental. Trata-se da
chamada Busca Exploratória.
A Lei 13.694/19, alterou ainda a Lei 11.671/08, que trata da transferência e inclusão de presos em
estabelecimentos penais federais de segurança máxima, disciplinando o monitoramento de todos os meios
de comunicação, inclusive de correspondência escrita, bem como filmagens e gravações, conforme adiante
se vê:
Art. 3º, §1º, II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e de amigos somente em dias determinados, por
meio virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 (duas) pessoas por vez, além de eventuais crianças, separados
por vidro e comunicação por meio de interfone, com filmagem e gravações; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
IV - monitoramento de todos os meios de comunicação, inclusive de correspondência escrita. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
§2º Os estabelecimentos penais federais de segurança máxima deverão dispor de monitoramento de áudio e
vídeo no parlatório e nas áreas comuns, para fins de preservação da ordem interna e da segurança pública,
vedado seu uso nas celas e no atendimento advocatício, salvo expressa autorização judicial em
contrário. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§3º As gravações das visitas não poderão ser utilizadas como meio de prova de infrações penais pretéritas ao
ingresso do preso no estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
➔ Microfones direcionais;
➔ Rastreadores de frequência;
➔ Análises psicológicas;
➔ Polígrafos;
➔ Análises genéticas;
➔ Sensores térmicos;
➔ Raio X;
➔ VANTS;
➔ Busca exploratória.
O crime de “Sequestro Relâmpago”, uma qualificadora do crime de Extorsão, previsto no art. 158, §3º do
Código Penal, trata-se de um delito em que a vítima é privada de sua liberdade, por período reduzido de
tempo, como meio de obtenção de vantagem econômica ilícita pelos autores. Tal restrição de liberdade,
geralmente ocorre no mesmo veículo da vítima, sendo que ela é levada pelos autores à caixas eletrônicos
para que sejam realizados saques da conta bancária da vítima, sendo que após a obtenção do numerário, a
vítima é posta em liberdade.
A prática costumeira do crime de Sequestro Relâmpago, tem origem de várias formas. Por vezes, a vítima
é induzida ao encontro do(s) autor(es) por meio de sites de compras, em que são realizadas negociações, à
exemplo de compra de veículo, sendo que ao chegar no local de encontro, a vítima é abordada pelos
meliantes que sabendo que já dispõe do numerário para a referida aquisição do bem, procuram subtrair-lhe
o dinheiro.
Ocorre que com o advento da tecnologia, a maior parte de transações de compra/venda, ocorre por meio
de transferência de valores e no caso exemplificado, pode ocorrer de a vítima não estar com “dinheiro vivo”
para concretizar a, então, determinada compra. Nesses casos, a vítima acaba tendo sua liberdade restringida
e levada a caixas eletrônicos para efetuar saques de valores.
Noutro ponto, pode ocorrer de informações sobre a rotina da vítima, ser repassada por terceiros
(informantes) aos autores, para que então, interceptem a vítima e a obriguem a sacar dinheiro nos terminais
bancários.
São as mais diversas formas que o referido delito pode ocorrer, tendo sempre o modus operandi de os
autores restringirem a liberdade da vítima e a partir de sua cooperação, efetuarem saques e transferências
bancárias.
Como a dinâmica pode ser a mais variada possível, o investigador deve usar de sua experiência para tentar
chegar aos autores do referido crime e efetuar a prisão destes.
Das diversas táticas mencionadas anteriormente, têm real valor para chegar-se à autoria delitiva, além
das informações coletadas através da própria vítima, que são de grande valia, o trabalho de campo no intuito
de localizar câmeras de monitoramento nos locais onde a vítima relata ter percorrido com os autores,
câmeras dos próprios caixas eletrônicos e agências bancárias.
De posse de qualquer informação que leve à identificação de veículos utilizados, ou características dos
autores, pode se valer o investigador dos sistemas informatizados para se chegar à identificação destes.
Sistemas como AFIS, Detecta, Infocrim, dentre outros, podem conduzir o investigador a determinar a autoria
delitiva e subsidiar o caderno probatório.
A partir da identificação prévia dos autores, encontra lugar, a interceptação de comunicações telefônicas,
com o fim de se obter a localização destes no momento da realização prática criminosa, através da ERB,
conforme já explicado alhures, corroborando com o descrito pela vítima.
Outrossim, a descrição dos autores, através de retrato falado ou outros pontos característicos deixam as
investigações mais robustas, a ponto de se obter uma prova mais fidedigna em relação à autoria.
Entrevistar pessoas que possam ter feito o papel de informantes ou até mesmo representar pela quebra
de sigilo bancário, nos casos de transferências entre contas, pode se chegar a pessoas que estejam ligadas
de certo modo aos criminosos (possivelmente laranjas, ou em certos casos, os próprios autores).
Desse modo, é interessante que o investigador, utilizando de sua expertise, consiga angariar o maior
número de informações possíveis que possam levar à autoria do crime.
Não é de se olvidar que caso, antes da ocorrência do delito, tenha havido contato prévio entre autor e
vítima, por qualquer meio de comunicação digital, será possível a obtenção de dados relevantes que possam
levar o investigador a elucidação do crime, seja através de quebra de sigilo telefônico, telemático ou de
dados.
Assim, caberá ao investigador, utilizar de todos os meios de investigação que tenha à disposição e
relacionando aos fatos, os que sejam mais propícios e interessantes de serem utilizados, para que se possa
concluir pela autoria do referido crime.
No início do século XX, havia o tipo penal de Tráfico Ilícito de Entorpecentes, pois as drogas eram
livremente produzidas, comercializadas e consumidas.
A Convenção Internacional sobre o ópio, da Liga das Nações Unidas, em Haia, 1912, já recomendava em
seu artigo 20 que os Estados signatários examinassem a possibilidade de criminalização do ópio, morfina e
seus derivados.
➔ 1940 – Código Penal: os artigos 267 em diante, continham os crimes contra a saúde pública,
incluindo a questão das drogas, mais precisamente em seu art. 281;
➔ 1976 – Surge a lei 6.368/76 que passou a dar maior amplitude ao tema, contudo, logo tornou-se
defasada;
➔ 2002 – É editada a Lei 10.409/02 com a intenção de revogar a Lei 6.368/76, mas todo o título dos
crimes foi vetado pelo então Presidente da República;
➔ 2006 – A lei 11.343/06 revogou todas as legislações anteriores e passou a regular totalmente o
tema.
O policial investigador deve estar atento, pois várias envolvendo matérias-primas, insumos e produtos
químicos destinados à preparação de drogas estão sujeitos às mesmas penas do tráfico.
Da mesma forma, aquele que cede local para a atividade de tráfico de drogas, incide nas mesmas penas,
seja ele proprietário ou possuidor (verificar IPTU, registro de imóveis, contratos de locação, comodato, mera
cessão do proprietário, etc.), ou ainda que tenha mera guarda ou vigilância (testemunhas, filmagens,
contratos de trabalho, etc.)
Observação: casas noturnas também se incluem, desde que o responsável consinta na utilização para o
tráfico de drogas, mesmo que sem auferir lucros.
Trata-se de crime permanente o qual a investigação deverá buscar elementos comprobatórios da efetiva
ligação e unidade de desígnios dos integrantes, através de ligações telefônicas, trocas de mensagens,
movimentações bancárias, trabalhos de campo, campana, fotos, filmagens, etc.
A investigação deverá comprovar que houve, de qualquer forma, esse induzimento, instigação ou auxílio,
seja encorajando verbalmente, por mensagens eletrônicas, redes sociais, fornecimento de cachimbos ou
petrechos para uso de drogas, etc.
Mesmo que o oferecimento ou uso compartilhado de droga seja gratuito, se a investigação apurar que
era frequente (não eventual), para pessoas aleatórias (não pessoas de relacionamento do autor) e se ele
apenas fornece, mas não junto a consome, o crime é de tráfico.
Para o tratamento mais benéfico do § 3º, é necessário o preenchimento de todas as circunstâncias e não
apenas de uma ou outra. O conceito de “pessoa de seu relacionamento” é vago, não havendo previsão legal,
motivo pelo qual, pode-se considerar amizade, relacionamento afetivo, comercial, de trabalho, etc.
Com o advento da Lei 13.964/19, a qual inseriu no artigo 112, §5º., da LEP (Lei 7.210/84) a afirmação de
que “não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto
no §4º., do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006”, superou-se o embate doutrinário e
jurisprudencial sobre a hediondez ou não do tráfico privilegiado.
Para os crimes da Lei de Drogas, existem procedimentos investigatórios específicos, os quais dependem
de autorização judicial, sem prejuízo das demais técnicas e outros procedimentos previstos em leis:
II – A não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos
utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e
responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação
penal cabível.
c) Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
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______. STF - Inq: 2424 RJ, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 26/11/2008, Tribunal Pleno,
Data de Publicação: DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 EMENT VOL-02395-02 PP-00341.
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