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Índice

ÍNDICE DE TABELAS....................................................................................................................VI

ÍNDICE DE GRÁFICOS.................................................................................................................VII

LISTA DE ABREVIATURA..........................................................................................................VIII

DECLARAÇÃO................................................................................................................................IX

DEDICATÓRIA.................................................................................................................................X

RESUMO.........................................................................................................................................XII

ABSTRACT....................................................................................................................................XIII

CAPÍTULO I.INTRODUÇÃO...........................................................................................................8

1.1. Nota Introdutória....................................................................................................................8

1.2. Delimitação............................................................................................................................9

1.3. Enquadramento e justificativa da escolha do tema:................................................................9

1.3.1. Relevância Social...............................................................................................................9

1.3.2. Relevância científica...........................................................................................................9

1.3.3. Relevância Pessoal...........................................................................................................10

1.4. Problematização e Colocação do problema de pesquisa.......................................................10

1.5. Hipóteses..............................................................................................................................11

1.5.1. Hipóteses básicas..............................................................................................................11

1.5.2. Hipóteses secundárias.......................................................................................................12

1.6.1. Geral.................................................................................................................................12

1.6.2. Específicos........................................................................................................................12

CAPITULO II. REVISÃO DA LITERATURA...............................................................................13

2. Conceitualização da delinquência juvenil.................................................................................13

2.1. Adolescência........................................................................................................................14

2.1.1. A influência do grupo na adolescência.............................................................................15

2.1.2. Autonomia........................................................................................................................15

2.1.3. Identidade.........................................................................................................................15

2.2. O caminho da delinquência...................................................................................................16


IV

2.3. A delinquência juvenil..........................................................................................................17

2.3.1. Delinquência juvenil e tomada de decisão na adolescência..............................................17

2.3.2. Tipos de delinquências.....................................................................................................18

2.3.3. Factores que influenciam a delinquência..........................................................................18

2.3.3.1. Factores individuais relacionados a delinquência.........................................................19

2.4. Experiências familiares relacionados com o comportamento anti-social..............................20

2.5. Delinquência Juvenil, papel da Família e Escola..................................................................20

2.6. Comportamento Anti-social persistente................................................................................21

CAPITULO III. METODOLOGIA..................................................................................................23

3. Método.....................................................................................................................................23

3.1. Tipo de estudo......................................................................................................................23

3.1.1. Quanto aos objectivos.......................................................................................................23

3.1.2. Quanto à natureza.............................................................................................................23

3.1.3. Quanto à abordagem.........................................................................................................23

3.2. População.............................................................................................................................24

3.3. Amostra................................................................................................................................24

3.3.1. Cálculo do tamanho da amostra........................................................................................24

3.3.2. Critério de selecção da amostra........................................................................................25

3.4. Garantia de validade de cada instrumento de recolha de dados............................................25

3.5. Técnica de recolha de dados.................................................................................................25

3.6. Técnica de análise de dados..................................................................................................27

3.7. Critério de inclusão...............................................................................................................27

3.7.1. Critério de exclusão..........................................................................................................28

3.8. Procedimento........................................................................................................................28

CAPITULO IV.................................................................................................................................29

4. APRESENTAÇÃO INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS.......................................29

4.1. Discussão dos dados.............................................................................................................39


V

CAPÍTULO V. CONCLUSÃO E SUGESTÕES..............................................................................41

5. Conclusão.................................................................................................................................41

5.1. Sugestões..............................................................................................................................43

6. Referência Bibliográfica...........................................................................................................46

APÊNDICES....................................................................................................................................48

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE................49

APÊNDICE B: GUIA DE ENTREVISTA.......................................................................................50

APÊNDICE C: ESCALA DE DELINQUÊNCIA JUVENIL AUTO-RELATADA PARA


ADOLESCENTES...........................................................................................................................52
VI

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela1:Idade dos adolescentes e jovens do Bairro Mudzingadzi 2021.………....................29

Tabela2:Género dos adolescentes e jovens entrevistados no Bairro Mudzingadzi 2021...…30

Tabela 3: Nível de escolaridade dos jovens entrevistados 202……………………….……..31

Tabela4: Dados Descritivos da entrevista parte I…………………………………..………..32

Tabela 5: Dados Descritivos sobre comportamentos observados e vividos pelos adolescentes e


jovens no convívio familiar e social………………………………………………………….33

Tabela 6:Dados Descritivos da Subescala de Roubo ou Furto……………………………….35

Tabela 7: Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com drogas ou álcool…..35

Tabela8: Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com agressão……………36

Tabela9: Descritivos da Subescala de crimes relacionados com Vandalismo……………….37

Tabela10: Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com Crimes em contexto


escolar………………………………………………………………………………………...37

Tabela11:Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com Perturbação da ordem


pública …...……………………………………………………………………………………38
VII

ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1:Idade dos adolescentes e jovens do Bairro Mudzingadzi 2021.………...................29

Gráfico2:Género dos adolescentes e jovens entrevistados no Bairro Mudzingadzi 2021....…30

Gráfico 3: Nível de escolaridade dos jovens entrevistados 2021………...………………... 31

Gráfico 4:Dados Descritivos da entrevista parte I…………………………………………..32


VIII

LISTA DE ABREVIATURA
A – Agressão

ASDR – Escala de Delinquência Auto-Relatada Adaptada

CCE – Crimes em Contexto Escolar

CR – Crimes Rodoviários

CRDA – Crimes Relacionados com Drogas ou Álcool

OTM - Organização Tutelar de Menores

POP – Perturbação da Ordem Pública

RF – Roubo ou Furto

V – Vandalismo
IX

DECLARAÇÃO

Eu Luís Patrício José, declaro que esta monografia é o resultado da minha investigação
pessoal e das orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas a fontes
consultadas estão devidamente mencionadas no texto, notas e na Bibliografia final.

Declaro ainda, que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académica.

Chimoio, 30 de Setembro de 2021

______________________________
(Luís Patrício José)
X

DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ser essencial em minha vida, autor do meu
destino, meu guia e socorro presente na hora da angústia. Aos meus pais, padrinhos, e meus
irmãos. Dedico aos amigos com quem convivi nesses espaços longos dos anos e colaboraram
fundamentalmente para a minha formação académica.

“…a escola não transforma a realidade, mas pode ajudar a formar os sujeitos capazes de
fazer a transformação, da sociedade, do mundo, de si mesmos…”

Paulo Freire
XI

AGRADECIMENTO

Concluída esta etapa, gostaria de agradecer a todos que tiveram um papel preponderante,
directa ou indirectamente, me apoiando nos quatros anos de estudo e na realização deste
trabalho.

Em primeiro lugar, o meu mais sincero obrigado à, Msc. Maria de Fátima Arnaldo por todos
os ensinamentos partilhados, pelo constante acompanhamento e orientação com que me guiou
durante o presente estudo, pelo rigor que me foi exigindo, pela disponibilidade e dedicação.
Por me ter ouvido e apoiado, tendo sido mais do que mera orientadora. Sr.ª Professora, o meu
mais sincero obrigado por tudo.

A Universidade pelos quatros anos de constante formação que contribuíram para um


crescimento quer a nível profissional, quer a nível social, quer a nível pessoal. Por ter sido
uma segunda casa que me criou e me viu crescer. Um especial agradecimento para todos
aqueles que compõem o corpo docente, por terem acompanhado de perto o nosso crescimento,
estando sempre ao nosso lado para nos ouvir, orientar e motivar. Aos meus padrinhos
Agostinho Dambe e Emília, à Ir. Nilse Eidt Catarina, a minha segunda mãe Ir. Cecília
Giacomolli, Ir. Lavinesse Jone o meu mais sincero obrigado pela constante disponibilidade e
por todo o apoio que me deram. A todos os entrevistados moradores do bairro Mudzingadzi,
pelo empenho e atenção demonstrados, pois sem vós este trabalho não faria sentido.

A grande família Notre Dame, por se ter mostrado uma verdadeira família nos momentos
mais difíceis. À Tia Saída, aos meus irmãos Anselmo, Mariamo, Jacinta, António, e toda a
família por, apesar de tudo, me terem apoiado quando mais precisei. Ao António Tandique, à
Anália Tandique, por tantas vezes me ter aturado, muito obrigado pela vossa paciência e por
terem sempre acreditado e mim. Ao Sumerchild, Jonas, Dalton, Lucas, Samuel, Hérder,
Margarida, Martinha, Cátia, Milena, Finita, Vanilda, Márcia Tito e tantos outros, que durante
estes quatro anos foram sem dúvida uma mais-valia na minha vida. Por tudo o que fizeram
por mim, o meu muito obrigado. À Ir. Cecília minha mãe e amiga, por seres um exemplo de
vida e por me alavancar e ser meu suporte em determinados momentos. Obrigado pela força e
constante apoio que me auxiliaram. À minha Mãe, ao meu Pai em memória, todos os
sacrifícios, apoio, motivação, pelo amparo. Por terem sempre acreditado em mim,
demonstrando que não há impossíveis e que os obstáculos são para serem ultrapassados…a
vós devo tudo!
XII

RESUMO
O presente estudo aborda o tema, Factores psicossociais que influenciam na delinquência juvenil
(Bairro Mudzingadzi – Chimoio). O objectivo nesta pesquisa foi de conhecer os factores psicossociais
que influenciam a delinquência juvenil em adolescentes e jovens no Bairro Mudzingadzi-Cidade de
Chimoio. A delinquência juvenil tem surgido actualmente como uma consequência de falhas em
diversos aparelhos sociais. Encontrando-se os jovens num período conturbado da sua vida, urge a
necessidade de um permanente acompanhamento da sociedade civil direccionado, essencialmente,
para a prevenção de comportamentos desviantes. As abordagens e estudos que se debruçam sobre o
fenómeno propriamente dito têm possibilitado a compreensão das suas causas e origens, visando
essencialmente a criação de medidas preventivas. Optando por uma abordagem mista (quantitativa e
qualitativa), e com base num guião semi-estruturado, entrevistaram-se 20 jovens e adolescentes que,
depois de transcritos, constituíram o corpus documental que foi submetido a análise de conteúdo. Os
resultados revelam que os jovens falam mais fluentemente acerca dos desvios comportamentais,
embora na violência apresentem informação mais diversificada. Quanto a violência, os jovens realçam
essencialmente a família, as influências sociais como causas dos comportamentos violentos. E
concluiu-se que a delinquência juvenil na sua maioria pode ser influenciada pelos comportamentos
anti-sociais das pessoas próximas aos jovens e adolescentes pois o próprio histórico criminal dos pais
ou pessoas próximas pode funcionar como preditor da prática delinquente, conflitos familiares, nível
socioeconómico deficitário, figura paterna violenta, e agregados familiares defeituosos. Entretanto, de
acordo com a literatura apresentada, verifica-se ainda um conjunto de factores relacionados com o uso
de drogas e falência da supervisão parental, sem deixar de lado o fácil acesso das drogas.

Palavras-chave: Delinquência juvenil, Factores Psicossociais, Adolescentes.


XIII

ABSTRACT
This study approaches the theme, Psychosocial factors that influence juvenile delinquency (Bairro
Mudzingadzi–Chimoio).The aim of this research was to know the psychosocial factors that influence
juvenile delinquency in adolescents and young people in the Mudzingadzi-City of Chimoio
neighborhood. Juvenile delinquency has now arisen as a consequence of failures in various social
apparatuses. As young people are in a troubled period of their lives, there is an urgent need for
permanent follow-up by civil society, essentially aimed at preventing deviant behavior. The
approaches and studies that focus on the phenomenon itself have made it possible to understand its
causes and origins, essentially aiming at the creation of preventive measures. Opting for a mixed
approach (quantitative and qualitative), and based on a semi-structured script, 20 young people and
adolescents were interviewed, which, after being transcribed, constituted the documental corpus that
was submitted to content analysis. The results reveal that young people speak more fluently about
behavioral deviations, although in violence they present more diversified information. As for violence,
young people essentially emphasize the family, social influences as causes of violent behavior. And it
was concluded that juvenile delinquency can mostly be influenced by the antisocial behaviors of
people close to young people and adolescents because the criminal history of parents or close people
can work as a predictor of delinquent practice, family conflicts, deficient socioeconomic level , violent
father figure, and defective households. However, according to the literature presented, there is still a
set of factors related to drug use and failure of parental supervision, without leaving aside the easy
access of drugs.

Keywords: Juvenile delinquency, Psychosocial Factors, Adolescents.


XIV

CAPÍTULO I.INTRODUÇÃO
1.1. Nota Introdutória
A delinquência juvenil é considerada pela literatura uma das áreas de maior preocupação
política e social dos últimos anos (Matos, Negreiros, Simões & Gaspar, 2009). O fenómeno
da delinquência juvenil é uma problemática que se encontra em constante desenvolvimento,
tornando-se especialmente alarmante durante a fase da adolescência. Por este motivo, afigura-
se pertinente estudar a delinquência juvenil no seu todo, olhando o seu conceito, os factores
psicossociais que a influenciam. A literatura revela ligações entre a delinquência juvenil a
sociedades e a escola, sendo esta última considerada um factor de risco, mas também defende
que esta se pode tornar um factor protector - “grupos de pares não delinquentes e a
envolvência na escola, são factores que afastam o adolescente da conduta delinquente” (Pais,
2012, cit. por Carvalho 2014, p.10).

A delinquência juvenil é um comportamento anti-social e de oposição que pode incluir roubo,


violência física, crueldade e fugas, estando o indivíduo em constante conflito com o outro,
apontando o início entre os 14-15 anos de idade, com o pico dos comportamentos anti-sociais
aos 17-18 anos (Negreiros, 2008).

Neste contexto, foi eleita uma temática para o desenvolvimento do projecto final para o grau
de Licenciatura, tendo por objectivo geral Conhecer os factores psicossociais que influenciam
a delinquência juvenil em adolescentes e jovens no Bairro Mudzingadzi- Cidade de Chimoio.

O trabalho tem 5 capítulos. No primeiro apresenta-se a introdução, dando ênfase a explicação


do porquê da escolha do tema. O segundo capitulo é de natureza teórica, onde consta toda a
revisão da literatura inerente a este projecto, e inicia-se com uma breve abordagem ao
conceito de adolescência, delinquência juvenil e, outras possíveis situações já estudadas
referente ao tema. No terceiro capítulo são apresentados os aspectos metodológicos assim
como a apresentação das técnicas de recolha de dados e o procedimento da pesquisa. No
quarto capítulo, apresenta-se o trabalho prático, com referência à apresentação de
interpretação e análise de dados. E no quinto capítulo são apresentadas as principais
conclusões, por fim às sugestões, a par as referências bibliográficas.
XV

1.2. Delimitação
A pesquisa foi realizada no Distrito de Chimoio, Bairro Mudzingadzi, durante o segundo
trimestre de 2021. Onde serão obtidos dados sobre factores psicossociais que influenciam a
delinquência juvenil.

O Bairro Mudzingadzi localiza-se no sueste da Cidade de Chimoio, pertence o Município da


Cidade de Chimoio, limitando-se em:

Norte: Nhamaonha
Sul: Francisco Manyanga e Bairro B
Este: Nhaurir e Bairro A
Oeste: Bairro 3 de Fevereiro.

1.3. Enquadramento e justificativa da escolha do tema:


Tendo em conta que a delinquência juvenil constitui um problema para família e a sociedade
em geral, e traz consequências relevantes na educação dos adolescentes e jovens, resultando
em baixo rendimento e aproveitamento pedagógico a nível escolar, também nas relações
interpessoais obstruindo ainda o futuro talvez promissor.

1.3.1. Relevância Social


O trabalho no âmbito social, trará à sociedade um saber sobre a delinquência juvenil e suas
manifestações no âmbito familiar e social e irá propor mudanças aceites pela mesma
sociedade de modo a minimizar comportamentos delinquentes. Espera-se a colaboração dos
pais encarregados de educação e da sociedade e geral com vista ao melhoramento de
comportamentos desviantes que tem como resultado a danos pessoais e matérias.

1.3.2. Relevância científica


Para a comunidade académica, este trabalho será um instrumento científico e oferecerá
curiosidades que os estudiosos discutirão de modo a aprofundar mais sobre os factores
psicossociais que influenciam na delinquência juvenil.
XVI

1.3.3. Relevância Pessoal


Como estudante esta pesquisa vai permitir desenvolver habilidades e atitudes específicas
colocando na prática os conhecimentos adquiridos durante a minha formação académica, na
construção do conhecimento científico a partir da investigação e da pesquisa proposta.

A escolha do tema deveu-se ao facto de querer saber mais sobre os factores que influenciam a
delinquência em adolescentes e jovens do Bairro Mudzingadzi-Cidade de Chimoio, Distrito
de Chimoio, visto que, neste bairro os jovens e adolescentes demonstram alto índice de
comportamentos anti-sociais e criminais, resultando em grandes conflitos familiares e sociais,
afectando deste modo a vida estudantil e dos mesmos.

Como tal, pretendeu-se com este trabalho ir um pouco mais além da abordagem teórica acerca
da delinquência juvenil, para compreender a delinquência como um dos problemas para a
saúde pública e que é a consequência de vários factores que acometam aos jovens nas
comunidades onde os mesmos habitam.

Também, foi para compreender quais os factores que levam os jovens a desviarem-se
socialmente, onde tornara-se possível contribuir para a elaboração de políticas públicas de
segurança direccionadas para uma prevenção a longo prazo que procurem evitar o desvio do
jovem e possibilitem o acompanhamento e reinserção daqueles que foram punidos por actos
ilicitamente praticados, integrando políticas preventivas que evitem a reincidência.

1.4. Problematização e Colocação do problema de pesquisa


Definem a delinquência como um comportamento anti-social como uma característica
dimensional que as pessoas podem manifestar num grau maior ou menor e que diz respeito a
um vasto espectro de comportamentos que violam as normas sociais e/ou as leis.

Hoje vivemos na era da informação, onde os órgãos de comunicação social são a principal
fonte de divulgação de informação, brindando-nos diariamente com notícias que acabam por
moldar opinião pública e influenciar sentimentos, (Rutter e colaboradores, 1998).

Parte dessa informação, como é o caso da criminalidade, origina nas pessoas um determinado
sentimento de insegurança que é o resultado, em muitos dos casos, das excessivas abordagens
a um determinado acontecimento criminal.
XVII

Nos últimos anos nota-se o crescente número de consumidores de drogas e substâncias


psicoativas, na qual vem aumentando a procura dos serviços de Saúde Mental em particular
na Província de Manica.

Segundo o secretário do Bairro Bernardo José Sitole e adjunta secretaria Rabeca Zacarias
Paulo casos de delinquência em jovens reclamados tende a aumentar, a cada ano que passa,
(em 2018 foram 68 casos e 2020 foram 102 casos).

Com os dados acima, pretende-se com esta pesquisa ir além da teoria sobre delinquência
juvenil para a prática, de modo a compreender a delinquência como um dos principais tentado
à saúde pública e que é a consequência de vários actos ilícitos e violentos que os jovens e
adolescentes cometem nas comunidades onde residem. Ouvir falar do crime da violência
praticada por adolescentes na boca dos próprios adolescentes e jovens.

Finalmente compreender os factores que levam os jovens a desviarem-se socialmente, para


assim contribuir na elaboração de políticas públicas de segurança direccionadas para uma
prevenção a longo prazo que procurem evitar o desvio do jovem e possibilitem o
acompanhamento e reinserção daqueles que foram punidos por actos ilicitamente praticados,
integrando políticas preventivas que evitem a reincidência.

Motivado pelo que, levantou-se a seguinte questão: Quais são os factores psicossociais que
influenciam na delinquência juvenil no Bairro Mudzingadzi-Cidade de Chimoio?

1.5. Hipóteses
De acordo com o tema acima formulado, podem-se dar as seguintes hipóteses:

1.5.1. Hipóteses básicas


A delinquência juvenil, pode ser influenciada por factores individuais tais como:
ambientais (influências sociais) e psicológicos (alteração no funcionamento cognitivo
por uso de substâncias psicoativas).
No que refere-se ao historial familiar, a delinquência juvenil pode ser influenciada
pelos comportamentos anti-sociais ou criminais das pessoas próximas aos jovens e
adolescentes, conflitos familiares, nível socioeconómico deficitário, figura paterna
violenta, agregados familiares defeituosos.
XVIII

1.5.2. Hipóteses secundárias


A delinquência juvenil pode ser influenciada pelo uso de drogas e falência da
supervisão parental.
A delinquência juvenil pode ser influenciada pelo fácil acesso das drogas.
A delinquência juvenil pode ser influenciada pela busca de sensações de prazer ou
vinculação parental.

1.6. Objectivos

1.6.1. Geral
Conhecer os factores psicossociais que influenciam a delinquência juvenil em
adolescentes e jovens no Bairro Mudzingadzi- Cidade de Chimoio.

1.6.2. Específicos
Identificar os principais factores associados a delinquência juvenil no Bairro
Mudzingadzi-Cidade de Chimoio;
Listar as características da delinquência no grupo social dos adolescentes e jovens do
bairro Mudzingadzi-Cidade de Chimoio.
Propor estratégias e medidas de prevenção de modo a minimizar as taxas de
delinquência juvenil no Bairro Mudzingadzi- Cidade de Chimoio.
XIX

CAPITULO II. REVISÃO DA LITERATURA


2. Conceitualização da delinquência juvenil

A delinquência juvenil tem surgido actualmente como uma consequência de falhas em


diversos aparelhos sociais. Encontrando-se os jovens num período conturbado da sua vida,
urge a necessidade de um permanente acompanhamento da sociedade civil direccionado,
essencialmente, para a prevenção de comportamentos desviantes. As abordagens e estudos
que se debruçam sobre o fenómeno propriamente dito têm possibilitado a compreensão das
suas causas e origens, visando essencialmente a criação de medidas preventivas. (Benavente,
2009).

A relação entre transgressão e adolescência é uma ligação perfeitamente natural, onde a


primeira é essencial ao desenvolvimento, tanto no crescimento físico como para adquirir
novas formas de se socializar. (Benavente, 2002).

Referem que diferentes autores utilizam o conceito de delinquência juvenil, de forma muito
distinta, designadamente delinquência juvenil, distúrbio de conduta, distúrbio de
comportamento, comportamento anti-social, criminalidade juvenil e problema de
comportamento. (Silva e Hutz, 2002)

A delinquência juvenil é um conceito que abrange uma variedade de comportamentos,


realizados por crianças ou adolescentes, considerados ilícitos pelo sistema judicial, aos quais
serão aplicados diferentes tipos de sanções (Campos, 1990).

Segundo o autor, esta definição subentende que um comportamento apenas é considerado


delinquente quando o praticante é alvo de intervenção judicial e punido, podendo tais
comportamentos discernir-se na gravidade e/ou frequência. É um conceito que reúne um
grupo de adolescentes sem ligação entre si, não apenas pelas suas personalidades, mas
também pelos actos praticados, como ainda pelas causas e razões que levam o jovem a
enveredar pelos caminhos da delinquência juvenil. A delinquência juvenil como é a prática de
qualquer infracção criminal durante o período da adolescência (Ferreira, 1997)

A delinquência juvenil é um fenómeno que poderá ocorrer em diversas fases da vida do ser
humano, mas revela-se com maior intensidade durante a infância e adolescência (Moffit,
1993).
XX

A delinquência juvenil é um comportamento anti-social e de oposição que pode incluir roubo,


violência física, crueldade e fugas, estando o indivíduo em constante conflito com o outro,
apontando o início entre os 14-15 anos de idade, com o pico dos comportamentos anti-sociais
aos 17-18 anos (Negreiros, 2008)

2.1. Adolescência
A compreensão da adolescência começa desde logo com a tradução da sua palavra latina
adolescere, cujo significado caracteriza, por si só, este período de vida, ou seja, “crescer”.
(Fleming, 1993)

Apesar de tudo, mais do que nos cingirmos a uma caracterização em concreto, pretende-se
abordar algumas perspectivas teóricas quanto ao enquadramento etário da adolescência, no
ponto de vista de alguns autores, com o intuito de se alcançar um ponto em comum, como tal,
esta fase de crescimento ocorre entre os 14 e os 24 anos, já Erickson, por sua vez, traça o
período da adolescência num intervalo que abrange os 12 e os 18/20 anos de idade, altura em
que o jovem “vai adquirir uma identidade psicossocial”.

Surge, então, a necessidade de o adolescente reorganizar a ligação que mantém com os seus
pais com o intuito de dar continuidade ao de crescimento e construção de identidade
propriamente dita. Este desenvolvimento denominado, como um duplo desafio, pretende
resultar numa separação e conquista de autonomia por parte do adolescente, (Benavente,
2009).

É durante este período que o jovem passa mais tempo junto dos seus pares do que com os seus
pais, tendo esta alteração como consequência alguns atritos e conflitos domésticos. A
abordagem relativamente à definição teórica da adolescência deve ter em conta que, mais do
que um processo de alteração e maturação neurológica e física, o adolescente é acima de tudo
preparado, durante este período, para se adaptar à sua sociedade a sobreviver à mesma.

É algo comum socialmente, todas as gerações de adolescentes, independentemente da década


ou século em que se encontram, serem sempre apontadas como um problema social, contudo,
a maturação juvenil deve ser vista não como um problema mas sim como um “período
bastante longo e diversificado marcado por diferentes processos” que serão o resultado da
forma como a sociedade adapta e molda o jovem de acordo com a sua imagem (Marques cit.
Ribeiro, 2009, p.3).
XXI

2.1.1. A influência do grupo na adolescência


Constata-se frequentemente que a culpabilização parental de determinados comportamentos
desviantes causados por jovens, incide maioritariamente na “pressão dos colegas”, ou seja,
entende-se com isto que a crescente socialização do jovem com os seus colegas e amigos
resulta numa diminuição da influência da família sobre o adolescente, acabando, com o passar
do tempo, por surgir o conflito da autonomia vs. Dependência (Sprinthall & Collins, 2008, p.
357).

2.1.2. Autonomia
A Sociedade, enquanto influência extrínseca na evolução do jovem ao longo da adolescência
acaba por desempenhar um papel fulcral, juntamente com a evolução biológica, no
posicionamento cronológico do adolescente respectivamente à definição do seu ser e à sua
caracterização social (criança vs. adulto), (Avanzini, 1978).

Do ponto de vista social, a definição concreta da adolescência não deve ser vista apenas
considerando o aspecto biológico, mas, antes, olhada com base dos limites “eminentemente
sociais e culturais, traçados pela sua capacidade de participação na produção e reprodução da
própria sociedade”. (Avanzini, 1978).

2.1.3. Identidade
Sendo a adolescência um processo de maturação, física e psicológica, que prepara o
adolescente para caminhar autonomamente na sociedade e contribuir para a sua manutenção e
sobrevivência este mesmo processo acaba por ter um duplo efeito de incutir intrinsecamente
no adolescente uma mescla de sentimentos que contribuirão para a formação das denominadas
“crises” da adolescência, (Cruz et al., 1984; Fleming, 1993).

O adolescente encontra nos seus pares uma forma de neutralizar a sua ansiedade, visualizando
neles o reflexo das suas dificuldades.

Em Moçambique, no ano de 1999, por decisão conjunta do Ministério da Justiça e do


Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, foi aprovada a Reforma do Direito de Menores
(Proposta de Lei Nº 266/VII de 17 de Abril de 1999, lei nº 133/99, de 28 de Agosto), até então
Organização Tutelar de Menores (OTM).
XXII

Desta forma, procurou-se definir um conjunto de tarefas mais objectivas e precisas para os
técnicos na intervenção junto de menores agentes de actos criminais (Reforma do Direito de
Menores, 1999, p. 300)

2.2. O caminho da delinquência


Apesar de a adolescência ser considerada um período onde se registam significativas
mudanças no jovem, esta é apenas o reflexo da continuação ou recapitulação dos anteriores
períodos de desenvolvimento, (Sprinthall & Collins (2008).

A crise da identidade chega então até ao jovem como sendo apenas mais uma crise que o
adolescente terá de ultrapassar. Embora a própria palavra “crise” dê uma conotação negativa
ao novo processo de desenvolvimento juvenil, a verdade é que a forma como o jovem alcança
a resolução de uma crise em cada estádio “determinará o processo de crescimento saudável”
(Erikson, cit. in Sprinthall & Collins, 2008, p.195).

Pois cada estádio é considerado um potencial ponto de viragem, podendo resultar num
desenvolvimento saudável através da resolução positiva da crise. A forma como nos vemos a
nós mesmos e o modo como somos vistos pelos outros constitui a base da nossa personalidade
adulta, que se encontra em contínua construção e que poderá surtir efeitos futuros, mais
concretamente na criação de uma “sólida identidade pessoal” ou, por oposição, numa
“identidade difusa” (Sprinthall & Collins, 2008, p.200).

O facto de o adolescente descobrir o relativismo no que respeita ao comportamento moral dos


adultos, dificulta ainda mais a tarefa da sociedade no processo de encaminhamento normativo
do jovem. Este relativismo encontra-se presente no momento em que o jovem se depara com
um mundo de regras e códigos estabelecidos socialmente que todos, quer jovem quer adulto,
são obrigados a respeitar e cumprir, (Sprinthall e Collins, 2008).

A adolescência acaba por se tornar num período de descobertas e desafios que possibilitarão
uma maturação gradual, contribuindo, para isso, o contacto e as relações que o jovem
desenvolverá com o meio em que se encontra inserido.

Este desejo de experimentar e viver, emanados pelo jovem, contém sempre “os respectivos
opostos e inclui também as experiências de insucesso”. Perante esta necessidade de passar
limites como forma de conhecer a complexidade do ambiente que o rodeia, o confronto.
XXIII

2.3. A delinquência juvenil


De geração em geração, independentemente da cronologia histórica, a delinquência juvenil
tem sido quase sempre associada à adolescência, tornando-se num requisito estereotipado que
acompanha este período de maturação, entendendo-se assim, numa perspectiva mais extrema,
que “qualquer acto realizado por um adolescente excepto talvez a obediência civil devesse ser
visto como um indício de delinquência”. A verdade é que a delinquência deixou de significar
somente um acto punível como crime e passou a ser mais uma menção comportamental
(Sprinthall & Collins, 2008, p.457).

O termo delinquência não deve ser utilizado na área da psicopatologia, mas, sim, na da
criminologia, por referir-se a uma “transgressão da lei”, sendo o delinquente “o transgressor
das normas da sociedade”, (De Matos (2002, p.55).

O acto delinquente é “um acto que infringe a lei” considera-se que “delinquir significa
cometer delito ou falta em relação à sociedade, em desrespeito pelo que está legalmente
instituído”, (Matos, 2009 cit. in Ribeiro 2009, p.19),

2.3.1. Delinquência juvenil e tomada de decisão na adolescência

Mais do que simplesmente julgar e condenar a delinquência juvenil como um fenómeno


social, é imprescindível conhecer as causas que despoletam este problema e, acima de tudo,
interpretar as medidas preventivas existentes de forma a avaliar a adequação e eficácia das
mesmas relativamente ao problema.

Assim, pretende-se dar a conhecer as mais recentes teorias, no que respeita à avaliação da
capacidade de discernido adolescente, pois é com base nestas que se formulam (ou deveriam
formular) as teorias que dão origem a leis tutelares e de prevenção da delinquência.

É frequente afirmar-se que os adolescentes não possuem “ainda as ferramentas necessárias


suficientemente desenvolvidas” no que respeita à tomada de decisões acertadas.

Para, além disto, considera-se igualmente que os jovens tomam decisões apressadamente, não
ponderando acerca das consequências que daí advenham, sendo estas atitudes resultado da
inexperiência relativamente ao raciocínio e ponderação de determinadas situações.
XXIV

De acordo com os mesmos autores, ao longo do seu processo de desenvolvimento, os


adolescentes desafiam constantemente a autoridade como forma de conhecer os limites
socialmente impostos, assumindo riscos desnecessários como forma de se inserirem ou serem
reconhecidos num grupo, (Oliveira e Pais, 2010, p.421)

2.3.2. Tipos de delinquências


 Delinquência sintomática: é todas as vezes que o agente criminal for portador de
alguma anomalia da personalidade, a prática criminosa estará vinculada a essa
perturbação e, por isso, trata-se de “delito sintomático.
 Delinquência frenastênica: trata-se da prática criminosa do infra-normal pelo que
também poderia ser chamada oligofrênica. Nas formas leves, os agentes se inclinam
ao roubo, atentados ao pudor, homossexualidade e falsas denúncias. No grau médio,
podem ser homicida, agredir autoridade, praticar acto de bestialidade, usar tóxicos ou
praticar atentados ao pudor e violências sexuais. Nas formas mais graves, mostram-se
irritáveis ou tornarem-se incendiários.
 Delinquência psicótica: trata-se da delinquência praticada por "perturbado mental".
Esta pessoa está com comprometimento das funções psíquicas superiores, (Ferrington,
2002).
 Delinquência neurótica: é a prática de acto anti-social previsto em Lei, com a
finalidade inconsciente de punição. O agente pratica o crime e tem consciência
(parcial ou total) de que será punido por isso. Essa punição, entretanto, serve para
aplacar sentimento de culpa de outra origem (o conflito primário já referido)
 Delinquência psicopática: o "anti-social". Se refere a indivíduos cronicamente anti-
sociais, e que estão em dificuldades, não tirando proveito nem da experiência e nem
das punições sofridas e não mantendo lealdade real a qualquer pessoa, grupo ou
código, (Negreiros, J., 2008).

2.3.3. Factores que influenciam a delinquência


É indiscutível que o crescimento físico, e as modificações psicológicas, são considerados
como porções de um todo que é o ser humano. Assim, o aumento da delinquência juvenil,
como as rebeliões, a falta de respeito aos adultos têm preocupado o governo, bem como a
sociedade e até a Mídia, deixando, em certo sentido, sem resposta para esse fenómeno que
aflige a sociedade, (Campos, A, 2014).
XXV

As principais causas são a desagregação familiar, o envolvimento com drogas e as más


companhias, com dois primeiros pontos das causas de delinquências, (Campos, A, 2014):

 O primeiro modelo concebe que o desvio resulta de um colapso entre as estruturas de


autoridade e de controlo social.
 E o segundo, que o desvio surge como resposta a problemas com que os jovens se
confrontam no processo de construção das suas identidades sociais.

Em todo o universo, a violência é um desafio urgente; uma questão de ordem psicológica e


social, grande importância que se tem vindo a combater, por parte de muitos psicólogos e
sociólogos.
A delinquência juvenil refere-se aos actos criminosos cometidos por adolescentes. A
delinquência juvenil, normalmente inicia-se em idades entre os 10-11 anos, indo até aos 16-18
anos dependendo do país que se encontra.

2.3.3.1. Factores individuais relacionados a delinquência

É associado frequentemente aos adolescentes e jovens que cometem um delito, a presença de


problemas de comportamento. Quando falamos de factores de risco individuais, referimo-nos
às características genéticas, emocionais, comportamentais, sociais e cognitivas do indivíduo
em a causa, (Pral, 2007).

Refere que a causa ao nível individual da delinquência juvenil é atribuída a certos factores de
cariz interno do indivíduo, como os factores psicológicos e biológicos influenciados pelos
ambientais.

Constatou-se que baixos níveis académicos e de funcionamento intelectual associados ao


desenvolvimento cognitivo e emocional e distúrbios da conduta influenciam a assimilação de
normas e regras, o que facilita o aparecimento da delinquência em adolescentes e jovens,
(Pral, 2007),

Constatou-se que a baixa auto-estima tem uma grande influência para o surgimento da
delinquência; ou se ainda o jovem ou adolescente se sente excluído de certas oportunidades
leva a que os mesmos tomem atitudes hostis, (Winnicott, cit. in Pral 2007),
XXVI

Considerou que o surgimento das emoções de raiva e ira durante a infância aumentaria ou até
mesmo diminuiria o aparecimento de condutas delinquentes.

“Assim, a inibição em níveis baixos e a activação comportamental em níveis elevados


constituem factores de risco para o comportamento anti-social”, (Farrington, cit. in Pral,
2007)

2.4. Experiências familiares relacionados com o comportamento anti-social


A principal causa de delinquência no ponto de vista psicológico é o distanciamento dos pais
que não conhecem o dia-a-dia de seus filhos e nem mesmo os próprios. Já para o sociológico,
a delinquência é fruto da exclusão e da errónea privação de bens e serviços e riquezas e
benefícios. No ponto de vista sociológico, educacional, psicológico e religioso, os
delinquentes rejeitam os valores morais, deturpam a “liberdade de expressão”, agem conforme
suas próprias vontades, não se preocupam com o próximo, vivem de forma extravagante
(libertinagem), se apegam aos vícios, se satisfazem com a violência e ainda a pratica de forma
explícita (Campos, A. 2014). Com a passagem do tempo há tendência para o indivíduo anti-
social se envolver em actos de gravidade crescente – processo de progressão do risco ao longo
da escolaridade. Dentre estes:

 Recurso frequente a castigos corporais externos;


 Recurso frequente a comportamentos coercivos e controladores;
 Tendência para reforçar comportamentos inadequados ou para ignorar ou punir
comportamentos anti-sociais;
 Práticas de disciplina inconsistentes (e.g., punição severa por parte do pai; disciplina
permissiva por parte da mãe).

2.5. Delinquência Juvenil, papel da Família e Escola


A qualidade das relações precoces e o processo de vinculação na relação Mãe-Filho parecem
ser fundamentais na estruturação e na organização da personalidade do ser humano. De vez
em vez, a complexidade das relações familiares vai influenciar as capacidades cognitivas,
linguística e afectivas, no processo de autonomia, e da socialização, bem como na construção
de valores das crianças e jovens. Psicólogos afirmam que entre os 2 á 3 anos de idade,
começam a surgir manifestações da afirmação do ego-personalistico, nesta fase a criança
XXVII

procura normalmente afirmar-se e exercer poder sobre a família, o que frequentemente


acontece pelo negativismo.

Os pais devem de certa forma acompanhar o desenvolvimento de seu filho, sempre, sobre
tudo quando se manifesta o inicio da crise moral, devem defender acerrimamente a questão da
moral defendendo o bem do mau, e esclarecendo seus valores, sem encafuar o certo do errado,
isso é uma atitude cómoda que pode influenciar o seu modo de ser, e libertar-se de muitos
comportamentos maquiavélicos (Campos, A. 2014).

Aos pais, cabe esclarecer aos filhos que a vida é um linear em busca do desenvolvimento, e
que todo caminho prevê chegar ao um fim, e a vida não é uma eterna competição. Neste
sentido, é importante que os pais tentem colocar-se no lugar dos seus filhos, sentindo todo
aquele aparato, das suas tremendas doidices ou confusões, a fim de obter directrizes
abonatórias, conciliadoras e orientadoras que sejam benéficas á família como parte de um
todo (Campos, A., 2014).

É papel dos pais conversar sobre as dificuldades que os filhos vão enfrentando, porque são
poucos pais que conseguem confabular com o filho adolescente, desanima perante as muitas
observações negativas a seu respeito e sobre a maneira de educar, sem perceber que nada
disso é verdadeiro, pois que o filho precisa muito dos pais, por isso não pode haver por partes
dos pais a questão de serem os donos da verdade absoluta, é preciso conversar para chegar a
um acordo (Campos, A., 2014).

2.6. Comportamento Anti-social persistente


Toda e qualquer actividade agressiva, intimidatória ou destrutiva que provoca danos à
qualidade de vida de outras pessoas” (definição do Home Office britânico), (Ferreira, 1992,
cit. Campos, A.2014). Segundo a concepção histórico-cultural todos os processos psíquicos
que desenvolve uma pessoa, foram processos que se viveram em primeiro lugar socialmente,
isto desde a sensação, percepção, pensamento, memoria e imaginação, formam a vida
intelectual do homem, e essas vivências socioculturais são as que, mas orientam com maior
ou menor força a quem a vive para os níveis superiores, caso isso não aconteça, atónica recai
nos seguintes comportamentos anti-sociais:

 Manifestações anti-sociais precoces;


 Actividade anti-social que se prolonga na idade adulta;
XXVIII

 Representa uma fracção reduzida dos que praticam actos sociais.

Comportamentos anti-sociais que uma criança pode apresentar no futuro

 Fracas competências sociais;


 Comportamentos agressivos com os pares;
 Comportamento disruptivo na sala de aula;
 Coercivo em relação ao professor: tem atitudes de desafio da autoridade;
 Relações pobres com os pares;
 Aumento da agressão reactiva;
 Alienação, desinteresse, fraco investimento em relação à escola.
XXIX

CAPITULO III. METODOLOGIA


3. Método

Para a presente investigação optou-se pela utilização de um método qualitativo com o intuito
de proceder-se à elaboração das deduções específicas ou através de uma variável de inferência
precisa (Bardin, 1977). Na utilização deste método, os investigadores qualitativos visam obter
os dados e informações desejadas a partir do seu ambiente natural, primando pela qualidade
da informação obtida ao invés da quantidade que dela possa resultar. O método qualitativo
permite um procedimento mais intuitivo, mas também mais maleável e mais adaptável
(Bardin, 1977).

Tendo em conta o exposto, e de acordo com o problema apresentado, destacam-se três


instrumentos a utilizar na condução da presente investigação: a entrevista, o questionário e a
análise de conteúdo.

3.1. Tipo de estudo

O desenvolvimento deste trabalho baseou-se em pesquisa mista, a pesquisa de métodos mistos


“é uma abordagem de investigação que combina ou associa as formas quantitativa e
qualitativa”.

3.1.1. Quanto aos objectivos

O trabalho foi de forma exploratória, na qual permitiu a maior familiaridade com o objectivo
de estudo, torna-lo explícito ou na construção das hipóteses. Também de forma mista, onde a
medida que procurou obter e expor os dados representativos do problema.

3.1.2. Quanto à natureza

Quanto à natureza a pesquisa é aplicada, pois segundo (Marconi & Lakatos, 2002), a pesquisa
aplicada tem como objectivo gerar conhecimentos para aplicações práticas dirigidas à solução
de problemas específicos.

3.1.3. Quanto à abordagem


XXX

No trabalho baseou-se em uma abordagem quantitativa/qualitativa, trata de fenómenos reais,


atribuindo sentido concreto aos seus dados, segundo Vieira (2010).

3.2. População
De acordo com Vergara & Sylvia C. (1997), o universo ou população, é o conjunto de
elementos que possuem as características do objecto do estudo. Onde foi feito o estudo da
população do Bairro Mudzingadzi-Cidade de Chimoio em um total de 30, com idades que
compreendem 14-18 anos. Este número refere aos adolescentes com manifestações de
delinquência e que são residentes neste Bairro. Com o intuito de se obter uma maior
heterogeneidade de discursos, o universo de participantes será constituído por um total de 30
jovens (15 rapazes e 15 raparigas) que integram uma faixa etária compreendida entre os 14 e
os 18 anos, altura em que são já possuidores da capacidade de reflexão necessária para
responder às questões que se colocam com o presente estudo. O grupo de participantes
apresentados devem encontrar-se a frequentar os três anos de escolaridade (10ª, 11ª,12ª classe,
institutos ou universidades) que compõem o ensino secundário, designadamente e institutos
de formações ou universidades, todos pertencentes ao Bairro Mudzingadzi-cidade de
Chimoio.

3.3. Amostra
A amostra, ou população amostral, é uma parte do universo escolhido ou seleccionada a partir
de um critério de representatividade, (Vergara & Sylvia C. 1997). A amostra será uma parte
da população num total de 20.

3.3.1. Cálculo do tamanho da amostra


Segundo Barbeta & Pedro A. (1994), para cálculo de amostra aleatória simples a fórmula é:
Dados:

E0 = 0,05

N= 30 (Tamanho da população)

n = ?Tamanho da amostra)

n0= ? (É o primeiro valor aproximado do tamanho da amostra)

E0= 95% = 0,05 (erro amostral tolerável)


XXXI

1 N  n0
1    E0 n0  2
n
( E0 ) N n 0

1 30  60
E0  1  0,95 n0  n
(0,05) 30  60

E 0  0,05 n0  20 n  20

3.3.2. Critério de selecção da amostra


É um processo, normalmente com pretensão de ser aleatório, por meio do qual é (são)
seleccionada (s) amostra (s) de itens, produto ou quantidade de material de uma população,
com o objectivo de se determinar valor (es) da (s) característica (s) da qualidade de interesse.
(Barbeta & Pedro A. 1994).

A amostragem por conveniência é adequada e frequentemente utilizada para geração de ideias


em pesquisas exploratórias, principalmente, (Oliveira, 2001).

Esta técnica visa garantir que a amostragem seja seleccionada no local onde será escolhida a
população em estudo, na qual foi seleccionada no Bairro Mudzingadzi, adolescentes e jovens.
Com o objectivo de obter dados que confrontado com as literaturas revistas obter-se a os
resultados. O critério de selecção da amostra, para o estudo foi por conveniência, na qual
garantiu que a amostragem fosse seleccionada no local onde estava indicado o estudo do
fenómeno e que, o número total da amostra em 20 residentes daquele Bairro.

3.4. Garantia de validade de cada instrumento de recolha de dados


A garantia de validação de cada instrumento de recolha de dados consistirá na elaboração de
documentos escritos e estruturados com perguntas claras e objectivas a serem feitas aos
inquiridos, cujo objectivo principal é garantir a uniformidade das respostas para que seja
possível harmonizar os resultados com dados confiáveis e estatísticos, (Gil, 2008).

3.5. Técnica de recolha de dados


XXXII

Para colecta de dados, utilizou-se técnicas específicas, dentre as quais se destacam a


entrevista, questionário (Escala de Delinquência Auto-Relatada Adaptada) e análise de
conteúdos.

 Questionário
O sucesso e o valor de uma investigação dependem da qualidade do questionário usado. Duas
qualidades a considerar: validade e fidelidade. Um questionário é válido se medir o que
pretende medir e é fielse mede de uma maneira consistente.

 Formulário de um Questionário

Gil, (2008), define formulário como sendo "uma lista formal, catálogo ou inventário destinado
à colecta de dados resultantes quer da observação, quer de interrogatório, cujo preenchimento
é feito pelo próprio investigador, à medida que faz as observações ou recebe as respostas, ou
pelo pesquisado, sob sua orientação".

Questionário é um instrumento de colecta de dados, constituído por uma série ordenada de


perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador, (Gil,
2008).

 ASDR – Escala de Delinquência Auto-Relatada Adaptada

A escala de delinquência auto-relatada adaptada (ASDR) foi originalmente concebida por


Mak (1993) tendo posteriormente, sido adaptada por Carroll, Durkin, Houghton e Hattie
(1996) e Pechorro, Vieira, Marôco, Barroso e Gonçalves (2015), tendo sido utilizada para este
trabalho a versão adaptada e ajustado à realidade do local de estudo.

A ASDR (Apêndice C) é um questionário de auto-resposta que mede a implicação dos


adolescentes em actividades ilegais ou anti-sociais. As pontuações obtidas neste instrumento
são utilizadas como indicador de actividade criminal, incluindo obtenção de valores de
ocorrência e prevalência.

Trata-se de uma escala com um total de 35 itens, avaliados a partir de uma escala de Likert de
3 pontos, constituída por 6 subescalas: Roubo ou Furto, Crimes Relacionados com Drogas e
Álcool (6 itens), Agressão (4 itens), Vandalismo (4 itens), Crimes em Contexto Escolar (4
XXXIII

itens) e Perturbação de Ordem Pública (4 itens). Os valores mais elevados de pontuação


podem indicar maior envolvimento em actividade criminal.

 Entrevista
A entrevista é um método de recolha de informações que consiste em conversas orais,
individuais ou de grupos, com várias pessoas seleccionadas cuidadosamente, cujo grau de
pertinência, validade e fiabilidade é analisado na perspectiva dos objectivos da recolha de
informações. Através de um questionamento oral ou de uma conversa, um indivíduo pode ser
interrogado sobre os seus actos, as suas ideias ou os seus projectos. Previamente, a entrevista
carece de um propósito (tema, objectivos e dimensões) bem definido. De seguida, a amostra
dos indivíduos a entrevistar deve ser seleccionada segundo métodos representativos da
população ou de oportunidade, (Bardin, 1977).

 Análise de conteúdo
A análise de conteúdo foi outro dos instrumentos utilizados na condução desta investigação
através da qual será feita a análise do corpus (grupo alvo). Este meio de análise “é um dos
mais importantes métodos de investigação em ciências sociais”, considerado por ser uma das
técnicas mais comuns na investigação empírica, que “permite fazer inferências, válidas e
replicáveis, dos dados para o seu contexto”.

As inferências encontram-se entre a descrição e a interpretação possibilitando ao analista um


tratamento das mensagens que manipula para obter conhecimentos sobre o emissor da
mensagem ou sobre o seu meio, (Bardin, 1977).

De realçar ainda que a análise de conteúdo “é umas das técnicas que pode incidir sobre
material não-estruturado, adaptando-se ao corpus de entrevistas que será utilizado na presente
investigação, (Bardin, 1977).

3.6. Técnica de análise de dados


Na apresentação dos dados será em forma: Descritiva e SPSS-Excel (no processamento de
dados) em representação Gráfica e Tabelas.
XXXIV

3.7. Critério de inclusão


 Adolescentes de 14 a 18 anos;
 Ser residente do Bairro Mudzingadzi;
 Aceitar fazer parte do estudo
 Com aceitação por parte dos pais para fazer parte do estudo

3.7.1. Critério de exclusão


 Adolescentes menores de 12 anos;
 Não ser residente do Bairro de Mudzingadzi
 Adolescentes cujos pais não permitem fazer parte do estudo.

3.8. Procedimento

A recolha de dados junto dos jovens e adolescentes decorreu em Junho de 2021 e foi realizada
através do contacto directo com o pedido de autorização ao secretário do bairro,
consentimento dos pais dos menores e aceitação dos adolescentes e jovens. A todos os
participantes foi garantido o anonimato e confidencialidade no estudo.
XXXV

CAPITULO IV.

4. APRESENTAÇÃO INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Estão apresentados dados e resultados referentes ao estudo dos factores psicossociais que
influenciam na delinquência juvenil no Bairro Mudzingadzi-Cidade de Chimoio, também
analisados.

CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS DA AMOSTRA

Tabela 1: Idade dos adolescentes e jovens do Bairro Mudzingadzi 2021

Idade Número de adolescentes Percentagem


14 a 15 anos 3 15%
16 a 17 anos 8 40%
18 anos 9 45%
Total 20 100%
Fonte: Autor (2021)

A tabela.1 acima ilustra as características sociodemográficas da amostra, na qual dos 20


adolescentes e jovens entrevistados que corresponde a 100%, 15% equivalente a 3
adolescentes de 14 a 15 anos de idade, 40% equivalentes 8 adolescentes de 16 a 17 anos e
45% equivalente a 9 jovens são de 18 anos de idade, o que indica a maior fluência em
adolescentes dos 16 aos 18 anos idade.

Gráfico1: Idade dos adolescentes e jovens do Bairro Mudzingadzi 2021


XXXVI

Fonte: Autor (2021)

O Gráfico.1 apresenta os adolescentes entrevistados em idade, onde os resultados das pessoas


abrangidas pelo questionário, no total de 20 inquiridos, que vale 100%, nos quais cada um
teve oportunidade de responder sobre a sua idade na qual, 15% equivalente a 3 são
adolescentes de 14 a 15 anos de idade, 40% equivalentes a 8 são adolescentes de 16 a 17 anos
e 45% equivalente a 9 são jovens de 18 anos de idade, o que indica a maior fluência de
delinquência em adolescentes e jovens de 16 a 18 anos de idade.

Tabela 2: Género dos adolescentes e jovens entrevistados no Bairro Mudzingadzi 2021


Género % Nº de
adolescentes/jovens

Masculino 50 10

Feminino 50 10

Total 100 20

Fonte: Autor (2021)

A tabela 2 acima apresenta as idades dos 20 adolescentes e jovens na qual, 10 do sexo


masculino e 10 feminino, o que indica uma igualdade de adolescentes e jovens envolvidos em
actos anti-sociais.

Gráfico 2: Género dos adolescentes e jovens entrevistados no Bairro Mudzingadzi 2021


XXXVII

Fonte: Autor (2021)

O gráfico.2 acima apresenta a percentagem das idades dos adolescentes na qual dos 20
adolescentes e jovens que corresponde a 100%, 50% de adolescentes e jovens equivalentes a
10 do sexo masculino e 50% dos entrevistados que equivale a 10 do sexo feminino, o que
indica igualdade na percentagem de jovens e adolescentes envolvidos em actos de
delinquência.

Tabela 3: Nível de escolaridade dos adolescentes e jovens entrevistados

Nível de Escolaridade N. Adolescente/jovens %

Primário 3 15%

Secundário 13 65%

Universitário 4 20%

Total 20 100%

Fonte: Autor (2021)

A tabela 3 acima apresenta o nível de escolaridade dos adolescentes e jovens na qual dos 20, 3
são do nível primário, 13 do nível secundário e 4 do nível superior, o que indica a
predominância de jovens envolvidos em actos de delinquências com o nível secundário.

Gráfico 3: Nível de escolaridade dos jovens entrevistados


XXXVIII

Fonte: Autor (2021)

O gráfico.3, acima ilustra a percentagem do nível de escolaridade dos adolescentes dos quais
20 adolescentes e jovens, que corresponde a 100%, 15% equivalente a 3 são do nível
primário, 65% equivalente a 13 dos entrevistados são do nível secundário e 20% que equivale
a 4 jovens são do nível universitário, o que indica a maior predominância de jovens
envolvidos em actos anti-sociais com o nível secundário.

Tabela 4: Dados Descritivos da entrevista parte I

Código Pergunta Sim % Não %

P5, No Bairro Mudzingadzi existe um núcleo de combate 0 0 20 100%


parte I contra drogas?

Fonte: Autor (2021)

A tabela 4 acima ilustra as respostas dos adolescentes e jovens sobre pergunta 5 parte I, que
indica a não existência de um núcleo de combate contra drogas no bairro Mudzingadzi-Cidade
de Chimoio, pois os 20 entrevistados responderam com insatisfação a questão. Mostrando
desta forma um relaxamento da parte das estruturas do bairro sobre aspectos ligados a
delinquência.

Gráfico4: Dados Descritivos da entrevista parte I


XXXIX

Fonte: Autor (2021)

Tabela 5: Dados Descritivos sobre comportamentos observados e vividos pelos adolescentes e jovens
no convívio familiar e social.

Código Pergunta Bem % Normal % Mal %

P1.Como te sente na tua casa e 13 65 % 4 20 % 3 15%


no bairro em que vives?
P2.Como é o relacionamento com
os seus pais, irmão em casa? 10 50% 8 40% 2 10%

Código Pergunta Sim % Não %

P3. Ja viu algum tipo de violência


entre seus pais, e irmãos 18 90% 2 10%
(agressões e Insultos)?
P4.Mencione pelo menos 5
causas que te levam a agir de
maneira agressiva. Sim % Não %
Respostas colhidas
Humilhações 12 60% 8 40%
Provocações 14 70% 6 30%
Influência 9 45% 11 55%
Mau humor 10 50% 10 50%
Mentiras, ira e raiva 8 40% 12 60%
Traição 5 25% 15 75%
Efeito de álcool 16 80% 4 20%
Diversão 4 20% 16 80%
Fofoca 4 20% 16 80%
XL

Fome 3 15% 17 85%


P5. O que deve ser feito para
mudar os comportamentos
errados?
Respostas colhidas
Diálogo 12 60% 8 40%
Aconselhamento 8 40% 12 60%
Evitar más influências 5 25% 15 75%
Actividades desportivas 7 35% 13 65%
P6. Os teus amigos incentivam-te 14 70% 6 30%
a não respeitar as regras?

Fonte: Autor (2021)

A tabela.5 ilustra os comportamentos observados e vividos pelos adolescentes e jovens no


convívio familiar e social no bairro Mudzingadzi, onde todos os 20 adolescentes foram
entrevistados e tiveram oportunidades de respondes as seis questões dos quais, na primeira
questão 4 se sentiam, normal no bairro e em casa, 3 sentiam-se mal tanto em casa quanto no
bairro. Refente a segunda questão, dos 20, 8 afirmaram não terem um bom relacionamento
com os pais e irmãos indicando um convívio nem bom, nem mau e, 2 afirmaram terem um
relacionamento complicado e abusivo tanto com os pais assim como com os irmãos.

Na questão 3, dos 20 entrevistados 18 correspondentes à 90% afirmaram a ocorrência de


violência (agressões e insultos), no contexto familiar entre seus pais, e irmãos o que indica a
maior predominância de violência ao nível familiar. Para evitar esses comportamentos os pais
devem de certa forma acompanhar o desenvolvimento de seu filho, sempre, sobre tudo
quando se manifesta o inicio da crise moral, devem defender acerrimamente a questão da
moral defendendo o bem do mau, e esclarecendo seus valores, sem encafuar o certo do errado,
isso é uma atitude cómoda que pode influenciar o seu modo de ser, e libertar-se de muitos
comportamentos maquiavélicos (Campos, A. 2014).

Na questão 4, dos 20 entrevistados os 5 motivos que os levam a agir de forma agressiva, 12-
60% apontaram o Efeito de álcool 16-80% pessoas, 12-60% indicaram as Humilhações, 14-
70% indicaram as Provocações, 9-45% indicaram a Influência social, 10-50% indicaram o
Mau humor, e 8-40% apontaram as Mentiras. Seguido dos motivos com menor número de
causa de comportamentos agressivos, nos quais 5-25% indicaram a Traição, 4-20% indicaram
XLI

a Diversão, 4-20% indicaram as Fofoca, 3-15% indicaram a Fome. Mostrando assim as


humilhações, as influencias sócias, as provocações, mau humor, efeito de álcool como
principais motivos que levam os jovens a agirem de maneira agressiva. Assim como
considerou (Farrington, cit. in Pral, 2007) que o surgimento das emoções de raiva e ira
durante a infância aumentaria ou até mesmo diminuiria o aparecimento de condutas
delinquentes. “Assim, a inibição em níveis baixos e a activação comportamental em níveis
elevados constituem factores de risco para o comportamento anti-social”.

Tabela 6. Dados Descritivos da Subescala de Roubo ou Furto.

Questão Nunca % Alg.vezes % Freq%

Roubaste mais de 100 Mts? 8 - 40% 12 - 60% 0 - 0%

Arrombaste uma casa com 20 - 100% 0- 0% 0 - 0%


intenção de roubo?
2 - 10% 18 - 90% 0 - 0%
Roubaste menos de 100Mts?

Roubaste algo de outras pessoas 6 - 30% 14 - 70% 0 - 0%


(ex. roupa, sapato, celular…)?
13 - 65% 7 - 35% 0 - 0%
Roubaste coisas numa loja?

Fonte: Autor (2021)


Na subescala de roubo ou furto (Tabela 6), entre os jovens e adolescentes, o item com valores
mais elevados é “Roubaste menos de 100Mts” com 18 casos que corresponde a 90%, de igual
forma o item “Roubaste algo de outras pessoas (ex. roupa, sapato, celular…)”, com 14 casos
referentes a 70% . Com número moderado, mas igualmente elevados, o item “Roubaste mais
de 100 Mts, com 12 casos correspondentes a 60%. O menor número é “Roubaste coisas numa
loja, com apenas 7 casos que correspondem a 35%. Estes resultados parecem indicar que os
jovens e adolescentes são propensos a crimes, como por exemplo roubo a casas e lojas. Em
sentido diverso parecem banalizar os crimes de furto monetário, e bens materiais. Na qual
XLII

converge com Negreiros (2008), estes comportamentos podem ser de oposição, incluir roubo,
violência física, crueldade e fugas, estando o indivíduo em constante conflito com o outro.

Tabela 7. Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com drogas ou álcool

Questão Nunca % Alg.vezes % Freq%

Compraste bebidas alcoólicas? 1 - 5% 18 - 90% 1 - 5%


Bebeste bebidas alcoólicas em sítios públicos 6 - 30% 14 - 70% 0 - 0%
(exemplo: em discotecas)?
Fumaste cigarro” ou cannabis (suruma) “erva”? 17- 85% 2 - 10% 1 - 5%
Usaste drogas pesadas (exemplo: cocaína ou 15- 85% 5 - 15% 0 - 0%
heroína)?
Já vendeu drogas a outras pessoas. 13 - 65% 7 - 35% 0 - 0%
Guiaste um carro ou mota quando estavas bêbado/a? 13 - 65% 7- 35% 0 - 0%
Fonte: Autor (2021)

Na subescala de crimes relacionados com drogas e álcool (Tabela 7), entre os adolescentes e
jovens do bairro Mudzingadzi, o item números mais elevados é “Compraste bebidas
alcoólicas?” com 19 casos, onde 1 resposta foi frequentemente e 18- 90% algumas vezes.
Seguido de “Bebeste bebidas alcoólicas em sítios públicos (exemplo: em discotecas)?” com
14 casos. O item”Já vendeu drogas a outras pessoas”com 7-35% de casos igualmente com o
item “Guiaste um carro ou mota quando estavas bêbado/a“?
Os itens com menos casos são “Usaste drogas duras? (exemplo: cocaína ou heroína) ” e
“Fumaste cigarro” ou cannabis (suruma)“erva”?. Estes resultados demonstram uma
normalização de alguns comportamentos ligados à ingestão e compra de bebidas alcoólicas
por parte de menores. Parece não ser falta de conhecimento de que este tipo de
comportamentos infringe a lei, mas sim um confronto para com a autoridade.
Para Perista, Cardoso, Silva e Carrilho (2012) no que concerne ao consumo de substâncias os
jovens das zonas urbanas têm tendência para o consumo de álcool elevado e os jovens das
zonas rurais é maior o consumo de cannabis.

Tabela 8. Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com agressão

Questão Nunca % Alg.vezes % Freq%

Participaste num roubo usando a força ou uma 16 - 80% 4 - 20% 0 - 0%


arma? 10 - 50% 10 - 50% 0 - 0%
Usaste a força para conseguir coisas de outras
XLIII

pessoas (ex.: dinheiro)?


Estiveste envolvido num acidente e carro, bicicleta 18- 90 % 2- 10% 0 - 0%
ou de mota e a seguir fugiste?
Andaste armado/a ou usaste algum tipo de arma (ex.: 15- 75 % 5 - 25% 0 - 0%
faca ou pistola)?

Fonte: Autor (2021)

Na subescala de agressão (Tabela 8), entre os adolescentes e jovens, o item com casos mais
elevados é “Usaste a força para conseguir coisas de outras pessoas (ex.: dinheiro)?” com 10
respostas de algumas vezes. Os restantes itens mostram números muito reduzidos. Estes
resultados expõem que os jovens e adolescentes não praticam com tanta frequência
comportamentos ligados à agressão.

Tabela 9. Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com Vandalismo

Questão Nunca % Alg.vezes % Freq%

Estragaste de propósito material da escola (ex.: 7 - 35% 13 - 65% 0 - 0%


cadeira, porta)?
Estragaste de propósito coisas públicas (ex.: 6 - 30% 14 - 70% 0 - 0%
jardins, caixotes do lixo)?
Estragaste de propósito coisas de outras pessoas 14 -70% 6 - 30% 0 - 0%
(ex.: carro, partir vidros)?
Ateaste ou acendeste de propósito um fogo em 11- 55 % 9 - 45% 0 - 0%
objectos pessoas ou dos outros?

Fonte: Autor (2021)

Na subescala de vandalismo (Tabela 9), entre os adolescentes e jovens, o item com número de
casos mais elevados é “Estragaste de propósito coisas públicas (ex.: jardins, caixotes do
lixo)?” com 14 casos correspondentes a 70%. Seguido de “Estragaste de propósito material da
escola?”, com 13 casos. O item com menor numero de casos é “Ateaste ou acendeste de
propósito um fogo em objectos pessoas ou dos outros?” com 9 casos e “Estragaste de
propósito coisas de outras pessoas (ex.: carro, partir vidros)?”, onde apesar da maioria das
respostas se situar no nunca, existem 6 no algumas vezes. Com estes resultados, admitimos
como hipótese explicativa que apesar do conhecimento dos adolescentes e jovens do que é
XLIV

errado, estes continuam a adoptar comportamentos ligados ao estrago de algo pela busca de
sensações de prazer.

Tabela 10. Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com Crimes em contexto escolar

Questão Nunca % Alg.vezes % Freq%

Faltaste às aulas sem justificação? 1 - 10% 19 - 95% 0 - 0%


Envolveste-te em lutas entre grupos? 6 - 30% 14 - 70% 0 - 0%

Bateste em alguém? 3 - 15% 17 - 85% 0 - 0%


Foste suspenso ou expulso da escola? 12 - 60% 8 - 40% 0 - 0%

Fonte: Autor (2021)


Na subescala de crimes em contexto escolar (Tabela 10), entre os adolescentes e jovens, o
item com número mais elevado é “Faltaste às aulas sem justificação?” com 19 casos. Seguido
de “Bateste em alguém?”com o numero de 17 casos e “Envolveste-te em lutas entre grupos?”
com 14 casos. Nesta subescala o item menos frequente é “Foste suspenso ou expulso da
escola?”. Estes resultados apontam para uma maior frequência de comportamentos de lutas
nos adolescentes e jovens.

Tabela 11. Dados Descritivos da Subescala de crimes relacionados com Perturbação da ordem pública

Questão Nunca % Alg.vezes % Freq%

Viste filmes pornográficos na via pública? 9 - 45% 10 - 50% 1 - 5%


Fizeste telefonemas a ameaçar ou a insultar alguém? 8 - 40% 12 - 60% 0 - 0%
Não pagaste (ex.: transportes públicos-chapas,
7 - 35% 13 - 65% 0 - 0%
shows, barracas)?
15 - 75% 5 - 25% 0 - 0%
Fugiste de casa?
Fonte: Autor (2021
Na subescala de perturbação da ordem pública (Tabela 11), entre os adolescentes e jovens, o
item com o número mais elevado é “Não pagaste (ex.: transportes públicos-chapas, shows,
barracas)?”, com 13 casos e “Fizeste telefonemas a ameaçar ou a insultar alguém?” com 12
casos. Seguido do item “Viste filmes pornográficos na via pública?” onde 10 das respostas
incidiram no algumas vezes e 1 frequentemente. O item com menor número é “Fugiste de
casa?”. Nestes resultados os jovens e adolescentes praticam mais comportamentos ligados a
XLV

não pagar nos transportes públicos e barracas, fazer telefonemas a ameaçar e a insultar e
visualização de conteúdos impróprios, esta subescala é uma das que contém mais respostas
ligadas ao algumas vezes. O que nos leva ao encontro de Campos, A. (2014), quando referiu
diz que a qualidade das relações precoces e o processo de vinculação na relação Mãe-Filho
parecem ser fundamental na estruturação e na organização da personalidade do ser humano. É
papel dos pais conversar sobre as dificuldades que os filhos vão enfrentando para evitar
comportamentos delinquentes.

4.1. Discussão dos dados

Referente ao estudo dos factores psicossociais que influenciam na delinquência juvenil no


Bairro Mudzingadzi-Cidade de Chimoio, o objectivo principal desta investigação é conhecer
os factores psicossociais que influenciam a delinquência juvenil em adolescentes e jovens. Os
resultados do estudo feito monstra que há maior fluência de delinquência em adolescentes e
jovens o que indica a maior fluência em adolescentes dos 16 aos 18 anos de idade com nível
secundário de escolarização. Corroborando com Casey, Jones, & Hare (2008), quando diz que
a delinquência juvenil refere-se aos actos criminosos cometidos por adolescentes, que
normalmente inicia-se em idades entre os 10-11 anos, indo até aos 16-18 anos dependendo do
país que se encontra.

De acordo com as hipóteses da investigação acima referenciadas, analisando a tabela 4,


verifica-se a ocorrência de violência (agressões e insultos), no contexto familiar entre pais e
irmãos, as humilhações, as provocações, mau humor correspondentes, indicando maior
predominância de violência ao nível familiar e social. Seguido do efeito de álcool como um
dos principais motivos que leva os adolescentes e jovens a agirem de maneira agressiva. O
que leva-nos a confirmar a hipótese básica que diz: a delinquência juvenil é influenciada por
factores individuais tais como: ambientais (influências sociais) e psicológicos (alteração no
funcionamento cognitivo por uso de substâncias psicoativas).

Relativamente à hipótese secundária 1 (a delinquência juvenil é influenciada pelo uso de


drogas e falência da supervisão parental), as subescalas de roubo ou furto (Tabela 6) e de
XLVI

crimes relacionados com drogas ou álcool (tabela 7), os resultados indicam que os jovens e
adolescentes são propensos a crimes, como por exemplo roubo a casas, lojas e normalização
de comportamentos ligados à ingestão e compra de bebidas alcoólicas por parte de menores.
Em sentido diverso parecem banalizar os crimes de furto monetário, bens materiais, compra e
consumo de bebidas alcoólicas o que mostra fraca supervisão parental. Confirmando assim a
hipótese. Na qual converge com Negreiros (2008), estes comportamentos podem ser de
oposição, incluir roubo, violência física, crueldade e fugas, estando o indivíduo em constante
conflito com o outro.

Na subescala de agressão (Tabela 8), resultados expõem que os jovens e adolescentes não
praticam com tanta frequência comportamentos ligados à agressão.

Na subescala de vandalismo (Tabela 9), admitimos como hipótese explicativa a delinquência


juvenil é influenciada pela busca de sensações de prazer ou vinculação parental pois apesar do
conhecimento dos adolescentes e jovens do que é errado, estes continuam a adoptar
comportamentos ligados ao estrago de algo pela busca de sensações de prazer.

Na subescala de crimes em contexto escolar (Tabela 10), há maior número em: faltaste às
aulas sem justificação, e envolvimentos em lutas aos pares ou entre grupos. Estes resultados
apontam para uma maior frequência de comportamentos de lutas nos adolescentes e jovens.
Estes comportamentos referem-se ao historial familiar, comportamentos anti-sociais ou
criminais das pessoas próximas aos jovens e adolescentes, conflitos familiares, nível
socioeconómico deficitário, figura paterna violenta, agregados familiares defeituosos.
Validando deste modo a hipótese básica 2.

Corroborando com Campos, A. (2014), quando referiu diz que a qualidade das relações
precoces e o processo de vinculação na relação Mãe-Filho parecem ser fundamental na
estruturação e na organização da personalidade do ser humano. É papel dos pais conversar
sobre as dificuldades que os filhos vão enfrentando.

Na subescala de perturbação da ordem pública (Tabela11), os resultados indicam a prática de


comportamentos ligados a não pagamento nos transportes públicos e barracas, fazer
telefonemas a ameaçar e a insultar e visualização de conteúdos impróprios.
XLVII

CAPÍTULO V. CONCLUSÃO E SUGESTÕES.


5. Conclusão

Este trabalho é o resultado de um estudo sobre a delinquência juvenil, temática cada vez mais
actual na nossa sociedade, com o objectivo de conhecer os factores psicossociais que
influenciam a delinquência juvenil em adolescentes e jovens no Bairro Mudzingadzi- Cidade
de Chimoio. Geralmente é na adolescência que surge o pico destes comportamentos. Para
Benavente (2002), a relação entre transgressão e adolescência é um fenómeno natural, pois a
primeira torna-se essencial ao desenvolvimento, tanto no crescimento físico como para
adquirir novas formas de socializar.
A maior afluência de comportamentos considerados de delinquência juvenil é atribuída aos
16-18 anos, pois é nesta fase que o individuo passa por uma remodelação interior e forma os
seus valores e a sua personalidade.

Quanto aos factores psicossociais que lhe influenciam identificam-se os factores individuais,
como ambientais (influências sociais) e psicológicos (alteração no funcionamento cognitivo
por uso de substâncias psicoativas), sobre tudo pelo uso de drogas, falência da supervisão
parentais, fácil acesso das drogas entre outros.

É de referir que estes factores são constantes na vida do jovem, pois ocorrem no seio da sua
realidade envolvente, ainda que um bom suporte individual, familiar ou social, facilmente
contribua para ultrapassar estas situações. Situam-se aqui aspectos como sejam o
XLVIII

temperamento e a forma como a família lida com o jovem, a forma deste a encarar
(motivação), o grupo de amigos, o bairro onde vive e as situações que presencia.
O conhecimento do modo como se manifestam estes factores é oportuno para que se crie
mecanismos de prevenção e intervenção. Ora, o que este projecto intencionou foi elaborar
uma proposta de investigação a fim de utilizar os possíveis resultados obtidos através da
metodologia aplicada para a concessão de tais mecanismos preventivos.
No estudo verifica-se que as subescalas de vandalismo, roubo ou furto e crimes relacionados
com drogas e álcool tornam-se significativamente positiva e forte com a idade.
De acordo com a investigação, nota-se que a delinquência juvenil na sua maioria é
influenciada pelos comportamentos anti-sociais das pessoas próximas aos jovens e
adolescentes pois o próprio histórico criminal dos pais ou pessoas próximas pode funcionar
como preditor da prática delinquente, conflitos familiares, nível socioeconómico deficitário,
figura paterna violenta, e agregados familiares defeituosos. Entretanto, de acordo com a
literatura apresentada, verifica-se ainda um conjunto de factores relacionados com o uso de
drogas e falência da supervisão parental, sem deixar de lado o fácil acesso das drogas.

Aquando da realização desta pesquisa, foram apuradas as seguintes hipóteses:


 A delinquência juvenil, pode ser influenciada por factores individuais tais como:
ambientais (influências sociais) e psicológicos (alteração no funcionamento cognitivo
por uso de substâncias psicoativas);
 No que refere-se ao historial familiar, a delinquência juvenil pode ser influenciada
pelos comportamentos anti-sociais ou criminais das pessoas próximas aos jovens e
adolescentes, conflitos familiares, nível socioeconómico deficitário, figura paterna
violenta, agregados familiares defeituosos;
 A delinquência juvenil pode ser influenciada pelo uso de drogas e falência da
supervisão parental;
 A delinquência juvenil pode ser influenciada pelo fácil acesso das drogas.
 A delinquência juvenil poder ser influenciada pela busca de sensações de prazer ou
vinculação parental.
Tendo sido neste estudo validadas todas a hipóteses, visto que vão de acordo com a
realidade vivenciada pelos adolescentes e jovens no bairro Mudzingadzi.
XLIX

5.1. Sugestões

Para estender a redução de comportamentos desviantes em adolescentes e jovens no Bairro


Mudzingadzi- Cidade de Chimoio, seria recomendável implementar programas de prevenção
em parceria efectiva com o município, tanto na implantação quanto na execução das acções.
Esta articulação é, mais do que indicada, necessária. Já que as melhores práticas de prevenção
no mundo são aquelas construídas com a participação efectiva do poder municipal. Na
procura de maior participação social entre municípios, também seria interessante aliar e
envolver a colaboração da acção elementar da Policia, em políticas de segurança pública.
Uma vez que ainda se revela défice na maior parte dos municípios relativamente a estratégias
efectivas de prevenção social à criminalidade.
Visto que o fenómeno da delinquência juvenil centra-se basicamente entre três vertentes:
família, escola e sociedade. Ou seja, a incapacidades destas estruturas em agir de modo eficaz
coloca-as na centralidade do fenómeno da delinquência juvenil. Ao mesmo tempo que estas
três vertentes são o centro do problema, também considera-se que estejam nos lugares
privilegiados para uma intervenção, seja ela acções de sensibilização ou mesmo programas de
prevenção. Portanto, espera investigação contribua para a criação de mecanismos de
intervenção com o objectivo de a longo prazo diminuir a delinquência juvenil.
Aos pais encarregados

 Supervisionar a criança durante todo o desenvolvimento;


L

 Apoiar o adolescente a superar as modificações emocionais que ocorrem durante a


fase de adolescência;

 Participar em reuniões ligadas a temas relacionados a combate contra drogas;

 Proporcionar momentos úteis para estar com os adolescentes (filhos).

Para os Líderes do Bairro

 A formação de um núcleo de combate contra drogas no Bairro Mudzingadzi para


reduzir os índices de delinquência juvenil;
 Proporcionar encontros ao nível do Bairro com temas relacionados a combate a
delinquência juvenil e contra drogas;
Identificar um responsável do núcleo de combate contra drogas no bairro;

Propor brigadas para:

 A sensibilização através de palestras nos mercados, escolas sobre consequências do


uso de drogas;
 Sensibilização dos pais encarregados sobre cuidados a ter com os adolescentes.

Aos adolescentes e jovens


Propõe-se a criação de um programa de intervenção com seguintes actividades: Actividades
ao nível da formação/prevenção: Ao nível pessoal - cognitivo-comportamental e
competências sociais:

Com o objectivo de treinar as competências dos jovens proceder-se-á a exercitação de treino


de competências relacionado à compreensão de sentimentos dos outros. Pretende-se aumentar
o número de atitudes assertivas e diminuir os comportamentos disruptivos junto do grupo de
pares, ou seja, diminuir comportamento violento.
Esta actividade implica, numa fase inicial, avaliar o nível de competências sociais e morais
bem como os comportamentos de risco dos jovens antes e depois das sessões, partindo do
princípio que os comportamentos delinquentes são imitados, aprendidos e posteriormente
reforçados através de experiência.
Para o efeito irá proceder-se a sessões, uma em cada semana, de uma hora, durante um ano
lectivo. Esta actividade assenta na definição, identificação e diferenciação de comportamentos
LI

passivos, assertivos e agressivos, controlo de agressividade e possíveis respostas


comportamentais. A técnica utilizada será mesa redonda onde poderá se compartilhar
diferentes pontos de vista.

Ao nível grupal
Promover actividades de grupo centradas numa intervenção ao nível cognitivo-
comportamental, que de um modo geral actuarão na regulação de estados emocionais. As
abordagens de intervenção que partilham o objectivam geral de promover diferentes
aprendizagens de competências sociais, de resolução de problemas (conflito interpessoal), do
controlo do stress, de negociação de conflito, raciocínio crítico e comunicação.

Ao nível escolar

Implementar nas “Escolas do bairro ou ao seu redor” um Clube que ira proporcionar
actividades extras. Que serão realizadas uma vezes por semana/ou mês. Com o objectivo de
promover uma atitude de curiosidade científica e desenvolver o espírito crítico e criativo nesta
área, em colaboração, com professores de Ciências Naturais ou Biologia.
 Nisto se promoverão competências e prevenção de consumo de substâncias
psicoativas centrando-se nos factores sociais e psicológicos promotores do consumo
ou abuso, ou e outras actividades relacionados a actos delinquíveis, através do
desenvolvimento de competências sociais e de comunicação e competências de
resistência à pressão social (grupo de pares) para fumar, beber álcool ou usar drogas.
Serão criadas sessões, dependendo do tempo disponível, para vários módulos
sugeridos. Será aconselhado o apoio e participação dos pais, não só pelo envolvimento
nas actividades de interesse dos filhos como também actuar numa vertente informativa
a esta população.
 Desenvolver a capacidade de análise de uma situação para emitir um juízo acerca de
temas desenvolvidos, incluir-se-á durante a semana “aulas de reforço ou seja temas
transversais”, em sala de aula, que visam, aumentar a eficácia do programa. Neste caso
incidirá sobre as actividades que vão sendo desenvolvidas. Nomeadamente, a
importância da conservação ambiental, a prevenção de consumo de substâncias, os
benefícios da actividade física, seja a dança ou outras actividades desportivas ou de
LII

lazer como as desenvolvidas em torneio, resolução de conflitos, amabilidade, amizade


entre outros temas que garante uma convivência condigna e saudável.

6. Referência Bibliográfica
 AVANZINI, G. O tempo da adolescência. Lisboa: Edições 70, 1980.
 BARBETA, & PEDRO A. "ESTATÍSTICA APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS".
Editora da UFSC.1994.
 BARDEN, L. Analise de conteúdos. Lisboa: 70,1977;
 BENAVENT, R. Delinquência Juvenil: Da disfunção social a psicopatia. 2009.
 BENAVENTE, R. Delinquência Juvenil: da disfunção social à psicopatologia,
Análise Psicológica, 4 (XX): 637-645.2002.
 CAMPOS A. Delinquência juvenis, (s.ed.), Luanda. 2014.
 FARRINGTON, D. Factores de Risco para a Violência Juvenil. Violência nas Escolas
e Políticas Públicas. In Debarbieux, E., &Blaya, C. (Eds.). Brasília: Unesco, 2002.
 FERREIRA, C. A Cor da Delinquência? Articulações entre etnia cigana, a família e a
escola. (Tese de Mestrado). Instituto de Ciências Sociais: Universidade do Minho,
2013.
 FERREIRA, P. Delinquência Juvenil, família e escola. Análise social 32 (143): 913-
924, 1997.
 FLEMING, M. Adolescência e autonomia: O desenvolvimento psicológico e a relação
com os pais. Porto: Edições Afrontamento. 1993
 GIL, A. C, Métodos e técnicas de pesquisa social 4ª Edição, São Paulo: Atlas, 1994.
 LAKATOS, E M, MARCONI, M. D. A. Metodologia do trabalho científico. Ed:
Editora Atlas, São Paulo, 2001.
LIII

 MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: panejamento e execução


de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração e interpretação de
dados. 3ª. Edição, São Paulo: Atlas. 1996.
 MATOS, M., NEGREIROS, J., SIMÕES, C. e Gaspar, T. Violência, Bullying e
Delinquência. Lisboa: Coisas de Ler edições, 2009.
 MINISTÉRIO da Justiça, & Ministério do Trabalho e da Solidariedade, Reforma do
direito de menores. Lisboa: M.J. &M.T.S (Editores),1999.
 MOFFIT, T. Adolescence Limited end Life-Course-Persistant Antsocial Behavior: A
Developmental Taxonomy.Pychological Review, 100 (4), 674-701.1993.
 NEGREIROS, J. Delinquências juvenis. Porto: Livro de psicologia, 2008.
 OLIVEIRA TMV, Amostragem não probabilística: adequação de situações para uso e
limitações de amostras por conveniência, julgamento e cotas, 2001.
 Perista, Cardoso, Silva e Carrilho. Adolescence (3rd. ed.). New York: McGraw-Hill.
2002.
 PRAL, C. Oportunidade e risco: suporte social e factores psicossociais associados ao
fenómeno da delinquência juvenil. 2007.
 SILVA, D. e HUTZ, C. abuso Infantil e Comportamento Delinquente na
Adolescência: Prevenção e Interpretação: Aspectos Teóricos e Estratégias de
Intervenção. Brasil: Casa do Psicólogo Livraria e editora, 2002.
 SPRINTHALL, N., & COLLINS, W. A. Psicologia da adolescência (4ª ed.). Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.
 VERGARA & SYLVIA C. Projectos e relatórios de pesquisa em administração. São
Paulo: Atlas, 1997.
 VIEIRA, J. G. S. Metodologia de pesquisa científica na prática. Curitiba: Editora Fael,
2010.
LIV
LV

APÊNDICES

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Universidade Púnguè
Chimoio

No âmbito do Projecto de conclusão do curso de Licenciatura em Psicologia Educacional com


Habilitações em intervenção em Desenvolvimento Humano e Aprendizagem pela
Universidade Púnguè-Chimoio, será realizada a aplicação de entrevista e questionário aos
moradores do Bairro Mudzingadzi para fins investigativos. O objectivo de estudo é conhecer
os factores psicossociais que influenciam a delinquência juvenil em adolescentes e jovens no
Bairro Mudzingadzi- Cidade de Chimoio.
LVI

Eu, ________________________________________________, responsável pelo


menor_______________________________________________ cumpridor de medida tutelar
educativa declaro que autorizo a participação do menor neste estudo de investigação.

Compreendi a explicação que me foi fornecida e os objectivos do estudo. Foi-me dada a


oportunidade de realizar perguntas a fim de esclarecer minhas dúvidas e de todas obtive uma
resposta satisfatória.

Foi-me assegurado a confidencialidade deste estudo e que a qualquer momento o menor sob
minha responsabilidade poderia recusar a participação sem ter para isso qualquer tipo de
prejuízo. Concordo que os dados recolhidos sejam analisados pelos investigadores que
estejam envolvidos no presente estudo.

Data:___/___/2021

Local:________________

______________________ _________________________

O Responsável O Investigador

APÊNDICE B: GUIA DE ENTREVISTA

Universidade Púnguè
Chimoio

A delinquência juvenil tem crescido nos últimos anos, com número decasos
assustadoras no país, estes actos que podem ter como causas, uma série de factores.
Sendo um assunto que vem sendo discutido amplamente por se tratar de acto criminoso
além de provocar uma alteração da consciência do indivíduo conduzindo nos actos
delinquíveis. A entrevista visa inquerir os adolescentes e jovens do Bairro
Mudzingadzi-Cidade de Chimoio.
LVII

PARTE I
1. Qual é o Género?
Feminino
Masculino

2. Qual a idade?
3. Qual é a Religião

4. Qual é o nível de escolaridade?

Primário
Secundário
Universitário

5. No Bairro Mudzingadzi-Cidade de Chimoio existe um núcleo de combate contra


drogas?
Sim
Não

PARTE II

1. Como te sentes na sua casa e no bairro em que vives?


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

2. Como é o relacionamento com os seus pais, irmãos em casa?


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

3. Já viste algum tipo de violência entre os teus pais, e irmãos? (agressões e insultos)
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
LVIII

4. Mencione pelo menos cinco (5) causas que te leva a agir maneira agressiva.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

5. Pode dizer o que deve ser feito para mudar os comportamentos errados?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

6. Os teus amigos incentivam-te a não respeitar as regras?


______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Chimoio, aos ____ de ___________________ 2021

____________________________________ ___________________________________

(Assinatura do entrevistado) (Assinatura do entrevistador)

APÊNDICE C: ESCALA DE DELINQUÊNCIA JUVENIL AUTO-RELATADA PARA


ADOLESCENTES

Universidade Púnguè
Chimoio

Questionário Nunca Algumas Frequentemente


Vezes
Roubo ou Furto
Roubaste mais de 100 mts?
Arrombaste uma casa com intenção de roubar?
Roubaste menos de 100 mts?
LIX

Roubaste coisas de outras pessoas (ex: celular)?


Roubaste coisas numa loja?
Crimes relacionados com drogas ou álcool
Compraste bebidas alcoólicas?
Bebeste bebidas alcoólicas em sítios públicos
(exemplo: em discotecas)?
Fumaste cigarro“” ou canábis (suruma)“erva”?
Usaste drogas pesadas (exemplo: cocaína ou
heroína)?
Ja vendeu drogas a outras pessoas
Guiaste um carro ou mota quando estavas bêbado/a?

Agressão
Participaste num roubo usando a força ou uma arma?
Usaste a força para conseguir coisas de outras pessoas
(ex.: dinheiro)?
Estiveste envolvido num acidente e carro, bicicleta ou
de mota e a seguir fugiste?
Andaste armado/a ou usaste algum tipo de arma (ex.:
faca ou pistola)?
Vandalismo
Estragaste de propósito material da escola (ex.:
cadeira, porta)?
Estragaste de propósito coisas públicas (ex.: jardins,
caixotes do lixo)?
Estragaste de propósito coisas de outras pessoas (ex.:
carro, partir vidros)?
Ateaste ou acendeste de propósito um fogo em
objectos pessoas ou dos outros?
Crimes em contexto escolar
Faltaste às aulas sem justificação?
Envolveste-te em lutas entre grupos?
Bateste em alguém?
LX

Foste suspenso ou expulso da escola?


Perturbação da ordem pública
Viste filmes pornográficos na via pública?
Fizeste telefonemas a ameaçar ou a insultar alguém?
Não pagaste (ex.: transportes públicos-chapas, shows,
barracas)?
Fugiste de casa?

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