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Índice

3
Índice
Lista de Boxes ............................................................................................................................................................... 4
Lista de Figuras ............................................................................................................................................................. 6
Lista de Tabelas............................................................................................................................................................. 7
Abreviações .................................................................................................................................................................. 8

Prefácio ............................................................................................................................................................... 9

Introdução......................................................................................................................................................... 13
A Necessidade de uma GIRS ............................................................................................................................. 14
Gestão Integrada Sustentável de Resíduos (GISR) ............................................................................................ 16
Hardware e Sotware da GISR .......................................................................................................................... 18
Gestão de Resíduos como Resultado de Interações ......................................................................................... 20
Além da Engenharia & Logísica ....................................................................................................................... 20

Visão Geral do Planejamento da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ............................................................. 23


Visão Geral do Planejamento da GIRS .............................................................................................................. 24
Preparação de Planos de GRS........................................................................................................................... 24
Questões de Interesse ...................................................................................................................................... 26

Tendências da Políica Global em Gestão de Resíduos Sólidos............................................................................ 32


Tendências da Políica de GIRS na UE ............................................................................................................... 33
Tendências da Políica de GIRS na Austrália ..................................................................................................... 39
Tendências da Políica de GIRS no Japão .......................................................................................................... 40

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Brasil ................................................................................................. 47


Histórico ........................................................................................................................................................... 48
Políica de RS no Brasil ..................................................................................................................................... 51

Avaliação do Status da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ............................................................................ 55


Gerenciamento da Informação ........................................................................................................................ 56
Deinir a Linha de Base ..................................................................................................................................... 59
Práicas Atuais & Infraestruturas existentes ..................................................................................................... 62
Avaliação da Situação Atual.............................................................................................................................. 65

Planejamento .................................................................................................................................................... 72
Introdução ........................................................................................................................................................ 73
Planejamento ................................................................................................................................................... 73
Implementação ................................................................................................................................................ 84
Monitoramento e Revisão ................................................................................................................................ 89

Anexo I - Parcerias Público-Privadas (PPPs) ........................................................................................................ 98

Anexo II - Como realizar uma análise de composição dos resíduos ................................................................... 104
4
Lista de Boxes
Box 1: Peril resumido da ISWA .................................................................................................................................. 10
Box 2: Peril resumido da ABRELPE ............................................................................................................................ 10
Box 3: Peril resumido da SMA/SP ............................................................................................................................. 11
Box 4: O erro mais comum no planejamento de GIRS ............................................................................................... 14
Box 5: Falhas da GIRS em países em desenvolvimento causadas pela importação de tecnologias avançadas sem
planejamento ............................................................................................................................................................ 15
Box 6: Tecnologias de Reaproveitamento Energéico (RE) com planejamento – o exemplo da Índia ........................ 15
Box 7: Cuidado com soluções mágicas ...................................................................................................................... 16
Box 8: Aspectos do Sistema de Resíduos ................................................................................................................... 17
Box 9: Os mesmos sistemas não são apropriados para todos os casos ..................................................................... 18
Box 10: A Legislação Ambiental no Brasil .................................................................................................................. 19
Box 11: A importância de elementos de Sotware da GIRS no sucesso das iniciaivas de reciclagem, reuso e pre-
venção de resíduos ..................................................................................................................................................... 19
Box 12: Estrutura da GIRS em 1980 e em 2010 .......................................................................................................... 21
Box 13: A importância das melhorias no sistema de GIRS ......................................................................................... 24
Box 14: O Plano de GIRS apropriado .......................................................................................................................... 24
Box 15: Elementos do Plano de Gestão de Resíduos ................................................................................................. 26
Box 16: Interessados na gestão de resíduos e alguns dos papéis que podem desempenhar .................................... 27
Box 17: Catadores de resíduos em número ao redor do mundo .............................................................................. 29
Box 18: Direiva Europeia de Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) ........................................................................ 29
Box 19: Direiva Europeia da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) ........................................................................ 30
Box 20: Direivas da União Europeia 1999/31/EC, 200/53/EU, 2002/96/EU, 94/62 EU ............................................ 33
Box 21: Imposto do Aterro – Irlanda ......................................................................................................................... 36
Box 22: Exemplo para organizações de responsabilidade do produtor na UE ........................................................... 37
Box 23: Dicas sobre sistemas de cobrança dos resíduos ............................................................................................ 37
Box 24: Intervenções da Políica & Desempenho da Reciclagem na UE ................................................................... 38
Box 25: A Políica dos 3Rs........................................................................................................................................... 40
Box 26: O Conceito tradicional de ‘Motainai’ no Japão ............................................................................................ 40
Box 27: Princípios da GR, fornecidos pela Lei Fundamental Japonesa....................................................................... 41
Box 28: Indicadores Baseados no Fluxo do Material – Metas que ajudam a alcançar uma “Sociedade com Ciclo
de Material eiciente” no Japão ................................................................................................................................ 41
Box 29: Indicadores relacionados com o esforço - Metas que ajudam a alcançar uma “Sociedade com Ciclo de
Material eiciente” no Japão ..................................................................................................................................... 42
Box 30: Descrição de Leis Japonesas especíicas no Campo da Gestão de Resíduos ................................................ 42
Box 31: Categorização dos Planos de Resíduos Sólidos e dicas úteis ......................................................................... 52
Box 32: Produtos que caem no conceito de logísica reversa .................................................................................... 52
Box 33: As vantagens e desvantagens da coleta de dados de base ........................................................................... 56
Box 34: Informações de Base nos Planos GIRS ........................................................................................................... 56
Box 35: Armadilhas e fatores de sucesso no processo da coleta de dados ............................................................... 58
Box 36: Etapas no processo de amostragem ............................................................................................................. 59
Box 37: Exemplos de fontes de Resíduos ................................................................................................................... 61
Box 38: Exemplos de luxos de resíduos..................................................................................................................... 61
Box 39: Principais etapas necessárias para esimar as quanidades de resíduos....................................................... 61
Box 40: Síntese da Composição dos RSU no Brasil ..................................................................................................... 62
Box 41: Exemplo de conteúdos dos detalhes de um relatório de avaliação para coleta de resíduos a nível local..................... 63
Box 42: Informações detalhadas a serem coletadas para cada estação de tratamento ............................................ 64
Box 43: Dica úil sobre as partes interessadas ........................................................................................................... 65
Box 44: Parâmetros indicaivos que afetam os luxos de resíduos e caracterísicas dos resíduos ............................. 67
Box 45: Exemplos de relação entre fatores e dados de resíduos ............................................................................... 68
Box 46: Caracterísicas dos bons indicadores de desempenho ................................................................................. 69
Box 47: Selecionando a Área de Planejamento ......................................................................................................... 73
Box 48: Tipos e deinições de produção de resíduos sólidos .................................................................................... 74
Box 49: Exemplo de objeivos gerais para GIRS ......................................................................................................... 74
5

Box 50: Exemplo de objeivos especíicos para luxos de resíduos especíicos.......................................................... 75


Box 51: Metas SMART em planejamento GIRS .......................................................................................................... 75
Box 52: Resumo das Metas Nacionais de Gestão de Resíduos no Reino Unido relacionadas com o desvio de resí-
duos biodegradáveis dos aterros sanitários. .............................................................................................................. 76
Box 53: Questões fundamentais da criação de um sistema de GIRS em países em desenvolvimento e em transição ....... 77
Box 54: Casos de Falha de Instalações de Tratamento de RSU .................................................................................. 78
Box 55: Planejamento de Cenários ............................................................................................................................ 79
Box 56: Criando cenários: um exemplo de gestão de resíduos em Lazio, Itália ......................................................... 80
Box 57: Princípios de Tomada de Decisão em Resíduos ............................................................................................ 81
Box 58: Pensamento do Ciclo de vida - o exemplo de Copenhagen .......................................................................... 83
Box 59: Exemplos de instrumentos de políica da Europa ........................................................................................ 85
Box 60: Paradigma de Instrumento Legislaivo ......................................................................................................... 86
Box 61: O Princípio “Pagar Conforme o Descarte” e seus principais beneícios ....................................................... 86
Box 62: Formas indicaivas para a disseminação de informações - reforçar a consciência pública .......................... 87
Box 63: Criação de Centro de Conscienização Ambiental na cidade de Pune, Índia ................................................ 87
Box 64: Exemplo de como autoridades municipais / cívicas deveriam construir capacidades, de modo a operar
corretamente um sistema GIRS ................................................................................................................................. 88
Box 65: Metas enquanto se monitora e se avalia um sistema GIRS .......................................................................... 89
Box 66: Dicas para avaliação bem sucedida de um Plano de Ação ........................................................................... 90
Box 67: Lista indicaiva das aividades de monitoramento de um sistema GIRS ....................................................... 90
Box 68: Caracterísicas dos Indicadores de Desempenho ......................................................................................... 91
Box 69: Dicas sobre Indicadores de Desempenho ..................................................................................................... 92
Box 70: Visão geral Resumida de Indicadores de Desempenho relacionados ao GIRS global de uma região ........... 92
Box 71: Métodos para coleta de informações adicionais .......................................................................................... 93
Box 72: Requisitos de coleta de dados para que municípios compilem e Informem o Desempenho dos Serviços
de Coleta de Resíduos Sólidos ................................................................................................................................... 94
Box 73: Requisitos de Coleta de Dados para os Municípios para compilar e informar o desempenho dos Serviços
de Descarte de RS ....................................................................................................................................................... 94
Box 74: Beneícios do SIG .......................................................................................................................................... 96
Box 75: Passos para operar um SIG ............................................................................................................................ 96
Box 76: Razões potenciais para falhar em atender às metas ou objeivos deinidos por um Plano de GIRS ............ 96
Box 77: Serviços indicaivos de que um empreiteiro de PPP pode prestar ................................................................ 99
Box 78: Formas indicaivas de PPPs ........................................................................................................................... 99
Box 79: Modelo de PPP do Reino Unido ................................................................................................................. 100
Box 80: O Ecoparc II de Barcelona ............................................................................................................................ 100
Box 81: Contrato PFI de Reciclagem e Resíduos de Classe Mundial da Grande Manchester .................................. 100
6
Lista de Figuras
Figura 1: Necessidade de GIRS ................................................................................................................................... 14
Figura 2: Gestão Integrada Sustentável de Resíduos.................................................................................................. 17
Figura 3: A pirâmide de prioridades da GIRS .............................................................................................................. 17
Figura 4: Conceitos simpliicados da GIRS ................................................................................................................. 18
Figura 5: O papel das forças no sistema de GIRS ....................................................................................................... 20
Figura 6: O Processo de Planejamento....................................................................................................................... 25
Figura 7: Legislação Europeia da Gestão de Resíduos ............................................................................................... 33
Figura 8: Hierarquia da gestão de resíduos na Legislação da UE ............................................................................... 33
Figura 9: Tendências na reciclagem de resíduos urbanos em 2006 na UE ................................................................ 35
Figura 10: Resumo de Medidas pela Abordagem da Políica ..................................................................................... 36
Figura 11: Resumo dos resultados nos países, mostrando a porcentagem das tecnologias de tratamento antes e
após a introdução do banimento/iniciaivas de restrição dos aterros ...................................................................... 36
Figura 12: Arcabouço legal básico dos resíduos no Japão .......................................................................................... 40
Figura 13: Progresso em direção às metas dos índices ............................................................................................. 42
Figura 14: Leis japonesas que enfaizam a responsabilidade dos produtores e a responsabilidade dos geradores
de resíduos ................................................................................................................................................................ 43
Figura 15: Geração global e per capita de RSU no Brasil, para os anos 2010 e 2010 ................................................. 48
Figura 16: Coleta global e per capita de RSU no Brasil, para os anos 2010 e 2010 .................................................... 49
Figura 17: Disposição inal dos RSU coletados no Brasil ............................................................................................ 49
Figura 18: Quanias Médias por Habitante/Ano correspondentes aos recursos aplicados na coleta de RSU e em ou-
tros Serviços de Limpeza Urbana ............................................................................................................................... 49
Figura 19: Quanidade de Empregos diretos criados pelo Setor de Limpeza Urbana no Brasil ................................. 50
Figura 20: Mercado de Serviços de Limpeza Urbana por região e no Brasil .............................................................. 50
Figura 21: Total dos Resíduos de C&D coletados por região e no Brasil..................................................................... 50
Figura 22: Quanidades de RSS coletadas por região e no Brasil ............................................................................... 51
Figura 23: Disposição Final de RSS Coletados pelos Municípios em 2010 ................................................................. 51
Figura 24: Prioridades da gestão de resíduos na legislação brasileira ....................................................................... 51
Figura 25: O que Muda com a Lei – Uma Breve Visão ............................................................................................... 53
Figura 26: PIB per capita vs. Geração de resíduos per capita .................................................................................... 61
Figura 27: Resíduos domésicos coletados e PIB em países ao redor do mundo ...................................................... 62
Figura 28: Composição dos resíduos em diferentes cidades ao redor do mundo ..................................................... 63
Figura 29: Diagrama do luxo de processo de Canete, no Perú ................................................................................. 64
Figura 30: Tabela de avaliação de sotware ............................................................................................................... 66
Figura 31: Tabela de avaliação de hardware .............................................................................................................. 67
Figura 32: Modelos ípicos de luxo de resíduos ........................................................................................................ 68
Figura 33: Distribuição ípica das despesas em diferentes países ............................................................................. 69
Figura 34: Comparação do status quo GIRS em Viena, Damasco e Dhaka ................................................................ 70
Figura 35: Considerações para o desenvolvimento de objeivos e metas .................................................................. 76
Figura 36: Forças motrizes em GIRS .......................................................................................................................... 79
Figura 37: Passos no planejamento de cenário .......................................................................................................... 79
Figura 38: Exemplo de Planejamento de Cenário ...................................................................................................... 80
Figura 39: O Pensamento do ciclo de vida ................................................................................................................ 83
Figura 40: Instrumentos para o sucesso da implementação de um Plano de GIRS.................................................... 85
7
Lista de Tabelas
Tabela 1: Quantidade e Porcentagens de Municípios por Região e no Brasil com Iniciativas de Coleta Sele-
tiva em 2011.............................................................................................................................................................. 50
Tabela 2: Exemplos de metas de enquadramento ................................................................................................... 76
Tabela 3: Exemplos de classiicação de objeivos / metas / ações ........................................................................... 77
Tabela 4: Dados mínimos para o peril da área examinada ...................................................................................... 81
Tabela 5: Questões críicas para a formulação de um peril de tecnologia .............................................................. 82
Tabela 6: Questões críicas para a formulação do peril do produto inal ................................................................ 82
Tabela 7: Um sistema de critérios múliplos proposto para comparação de cenários ............................................. 82
Tabela 8: Quota Público - Privada de coleta e tratamento de resíduos sólidos urbanos em países europeus ......... 99
8
Abreviações
3R Reduzir, Reutilizar, Reciclar
AAE Avaliação Ambiental Estratégica
ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
ACB Análise Custo-Benefício
GMWDA Autoridade de Disposição de Resíduos da Grande Manchester
AIA Avaliação de Impacto Ambiental
C&D Construção e Demolição
CE Comissão Européia
COT Construir Operar Transferir
CPO Construir Possuir Operar
CPOT Construir Possuir Operar Transferir
DA Digestão Anaeróbica
EPA EUA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
G8 Grupo dos Oito (8)
GISR Gestão Integrada Sustentável de Resíduos
GIRS Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
IDs Indicadores de Desempenho
ISWA Associação Internacional de Resíduos Sólidos / International Solid Waste Association
MDL Mecanismos de Desenvolvimento Limpo
O&M Operação e Manutenção
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ONGs Organizações Não Governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
PIB Produto Interno Bruto
PFI Iniciativa de Financiamento Privado (Private Finance Initiative)
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PPP Princípio do Poluidor Pagador
PPPs Parcerias Público-Privadas
RE Resíduo para Energia
REEE Resíduos de Equipamentos Eletro-eletrônicos
REP Responsabilidade Extendida do Produtor
RS Resíduo Sólido
RSS Resíduos de Serviços de Saúde
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
RUB Resíduo Urbano Biodegradável
SG Sistema de Gestão de Informações
TMB Tratamento Mecânico Biológico
UE União Européia
TIFU Unidade de Financiamento de Infraestrutura do Tesouro
VFV Veículos em Fim de Vida
Prefácio
Prefácio 10

Algumas palavras sobre este e do treinamento


documento • Apoio aos países em desenvolvimento através do pro-
grama de desenvolvimento da ISWA
Um bom planejamento deine as bases para a implanta- • Proissionalismo através de seu programa de qualii-
cação proissional.
ção e operação com alta qualidade da infraestrutura e dos
Um dos pilares da ISWA é o comparilhamento de ex-
sistemas de gestão de resíduos, que podem ser acessíveis periências e informações em sua rede de proissionais do
para a sociedade e com tecnologias onde os recursos lo- setor de resíduos. A ISWA tem entre seus membros uma
cais devem estar envolvidos. enorme experise e conhecimento em diferentes aspectos
Por esta razão, especialmente em países em desenvol- da gestão de resíduos. Este know-how cobre aspectos téc-
vimento, existe a necessidade de incluir boas práicas de nicos assim como aspectos sociais, econômicos e legais.
planejamento na Gestão de Resíduos Sólidos (GRS), para Os membros e não membros da ISWA podem paricipar
criar planos de gestão realísicos e facíveis, e de acordo do seu comparilhamento de conhecimento e experiên-
com eles, resolver o problema dos resíduos. cias através de várias aividades e diferentes produtos.
Este documento responde a esta necessidade, forne- A ISWA tem seu próprio periódico cieníico – Waste
Management & Research, a revista Waste Management
cendo uma ferramenta úil e um documento de referên-
World, a newsleter da ISWA e a newsleter da EU.
cia conclusivo para a preparação dos Planos de Gestão A ISWA atua de maneira técnica por meio de seus gru-
Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) nos países em fase pos de trabalho, que elaboram os mais variados estudos,
de transição. Embora este manual de boas práicas tenha relatórios, arigos e materiais com os posicionamentos da
sido formulado principalmente de acordo com as neces- enidade, os quais estão compilados e publicados na base
sidades brasileiras, seu conteúdo e possibilidade de uili- de conhecimento disponível em seu site.
zação são bastante amplas. Nestes termos, este manual Para mais informações, visite o site da ISWA: www.iswa.org
será úil para todos aqueles envolvidos nos procedimen-
tos de Planejamento da Gestão de Resíduos Sólidos.
O projeto é realizado e coinanciado pela ISWA e pela Box 2: Perfil resumido da ABRELPE
ABRELPE. Além disso conta com o importante apoio da Se-
cretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Abai-
xo, nos Boxes 1, 2 e 3, são apresentados os peris resu-
midos de referidas insituições. O projeto foi selecionado
para receber uma subvenção da ISWA através de um pro-
cesso compeiivo. Ele será publicado e estará disponível A ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de
nos respecivos sites, em português e em inglês. Limpeza Pública e Resíduos Especiais - é uma associação
Além disso, a parir do mesmo serão ministrados semi- não governamental esem ins lucraivos, fundada em
nários especíicos para treinar e familiarizar tomadores 1976. Para alcançar seus objeivos, a associação organiza
de decisão e funcionários municipais nas paricularidades conferências e cursos de treinamento, estudos e pesqui-
dos planos diretores de RS. sas com relação ao setor de resíduos e troca de infor-
mações em bases nacionais e internacionais. Além disso,
a ABRELPE é representante da ISWA no Brasil.
Box 1: Perfil resumido da ISWA
A associação tem membros com grande experise téc-
nica e cieníica, todos envolvidos no campo da Gestão de
Resíduos Sólidos.
A missão da ABRELPE é promover o desenvolvimento
técnico e operacional do setor de gestão de resíduos, sem-
pre com base em orientações ambientais e sustentáveis.
ISWA – Internaional Solid Waste Associaion (Asso- Em suas ações, a ABRELPE mantêm estrita cooperação
ciação Internacional de Resíduos Sólidos) – é uma asso- com as enidades Públicas e Privadas, Universidade e out-
ciação global, independente e sem ins lucraivos, que ras organizações, desenvolvendo pesquisas, publicações
trabalha para o interesse público cumprindo sua missão eventos de qualiicação, desenvolvimento regulatório e
declarada de: legislaivo.
“Promover e Desenvolver a Gestão Sustentável e Além das aividades insitucionais e de relacionamento,
Proissional de Resíduos Sólidos em todo o Mundo“ a ABRELPE também desenvolve outras iniciaivas rele-
A ISWA cumpre sua missão com base nas seguintes vantes. Neste contexto, é possível destacar algumas ações
premissas: importantes, tais como, o Panorama dos Resíduos Sólidos
• Eiciência em termos de práica ambiental no Brasil, Prêmio ABRELPE de Reportagem e a Revista
• Aceitação social e eiciência em termos de viabilidade Conexão Academia.
econômica Para mais informações, visite o site da ABRELPE: www.
• Progresso da gestão de resíduos através da educação abrelpe.org.br.
Prefácio 11

Box 3: Perfil resumido da SMA/SP

Criada em 1986, a Secretaria do Meio Ambiente do Es-


tado de São Paulo (SMA) atua na preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental, realizando aividades
ligadas à formulação e execução de políicas públicas; ari-
culação e coordenação de planos; licenciamento e iscaliza-
ção; educação ambiental; e normaização, controle, regu-
larização, conservação e recuperação de recursos naturais.
Para tanto, conta com diversos departamentos, coordena-
dorias e Fundações vinculadas, além de parcerias com pre-
feituras, setor privado, organizações não-governamentais e
insituições de ensino e pesquisa.
Dentre estas ações, a SMA coordena a Políica Estadu-
al de Resíduos Sólidos, insituída pela Lei nº 12.300/2006
e regulamentada pelo Decreto Estadual n°54.645/2009.
As aividades para seu cumprimento encontram-se distri-
buídas em quatro projetos no Programa Estadual de Im-
plementação de Projetos de Resíduos Sólidos: Elaboração
do Plano Estadual de Resíduos Sólidos; Apoio aos Planos
Municipais de Resíduos Sólidos; Melhoria na Gestão dos
Resíduos; e Educação Ambiental.
No que diz respeito aos Planos Municipais de Resíduos,
as diiculdades técnicas, de planejamento e gestão que
reconhecidamente muitos municípios enfrentam exigem
atenção, apoio e assistência. Nesse senido, a SMA ressalta
a importância desse Manual produzido pela ABRELPE, que
trará indispensável orientação e servirá como referência
aos municípios.
Para mais informações, visite o site da SMA:
www.ambiente.sp.gov.br
Prefácio 12

O Que é este Manual? • ONGs e o setor privado; e


• A imprensa, especialmente quando está em busca de
Este manual de Boas Práicas é uma ferramenta úil para subsídios qualiicados.
todos aqueles que querem preparar, gerir, implementar,
monitorar e revisar Planos de Gestão de Resíduos. Onde o Manual é Aplicável?
A elaboração do conteúdo apresentado neste documen-
to teve por foco ideniicar e compilar numa estrutura or- Esta manual é aplicável principalmente em países em
ganizada, as boas práicas já encaminhadas no processo transição, onde os primeiros passos em direção a um
de planejamento e operacionalização de sistemas de Ges- Sistema de Gestão de Resíduos mais estruturado e mais
tão Integrada de Resíduos Sólidos (GIRS). organizado estão sendo implementados. Entretanto, suas
Mais especiicamente este documento: visões e conceitos gerais são aplicáveis a todos os procedi-
• analisa as principais questões relacionadas com o Pla- mentos do Planejamento da Gestão de Resíduos.
nejamento da Gestão de Resíduos,
• Menciona a estrutura geral de um Plano de Gestão de Como este Manual Deve ser Usado?
Resíduos Sólidos,
• Ideniica os principais interessados que devem estar Este manual deve ser usado como uma ferramenta
envolvidos no processo de planejamento, orientadora para preparar, gerir, implementar, monitorar
• Oferece técnicas sobre como compreender e descre- e revisar Planos de Gestão de Resíduos. Ele oferece con-
ver a linha de base das condições e situações da Gestão ceitos, visões e abordagens especíicas de trabalho, que
de Resíduos, quando combinados criam um roteiro de orientação ao
• Mostra os passos necessários para um Planejamento planejamento bem sucedido. Ele não deve ser copiado
bem sucedido, e já que não é um Plano Diretor de Resíduos Sólidos, mas
 
• Apresenta técnicas de como monitorar e revisar o Pla- deve ser usado como um guia de referência passo a passo
nejamento. e como uma orientação conceitual.
   
Por outro lado, este manual tem o objeivo de apoiar
Para Quem? Consultores e Planejadores locais com visões e princípios
globais para tornar os esforços de Planejamento bem su-
Este manual é escrito para qualquer um que enfrenta o cedidos e mais sustentáveis.
desaio de planejar uma GIRS e mais especiicamente para Para este im, esta manual é estruturado de um modo
os tomadores de decisão e autoridades que: especíico que objeiva fornecer uma fácil navegação,
• Querem abordar a gestão de resíduos de uma maneira exemplos e experiências úteis, muitas referências e ma-
sustentável. teriais visuais.
• Notaram que a gestão bem sucedida de resíduos em
países em desenvolvimento não pode ser alcançada ape- Agradecimentos
nas através da cópia de modelos de gestão de resíduos de
países desenvolvidos. Este Manual de Boas Práicas foi preparado pela ABREL-
• Estão preocupados com a saúde e bem-estar de seus PE com o apoio de consultores experientes. Gostaríamos
cidadãos, assim como com a proteção do Meio Ambiente. de agradecer a ISWA por seu subsídio que tornou esta pu-
• Estão preocupados com a melhoria dos serviços de blicação real e especialmente ao Sr. Antonis Mavropoulos,
gestão de resíduos Diretor do Comitê Técnico e Cieníico da ISWA, por seu
• Estão em busca de um meio mais coerente para ana- envolvimento pessoal e supervisão do guia, assim como
lisar a situação, ideniicar problemas e esimular a par- por nos oferecer um material valioso.
icipação dos cidadãos no processo de planejamento da
gestão de resíduos.
Esta ferramenta também pode ser do interesse de ou-
tras partes / organizações envolvidas tais como:
• Representantes ou pessoal de outros interessados lo-
cais, incluindo a comunidade;
• Especialistas locais interessados no uso ou na replica-
ção dos resultados;
• Consultores que trabalham com serviços urbanos, re-
ciclagem ou gestão de resíduos;
• Empresários que desejam expandir ou fortalecer seus
porfólios de Resíduos Sólidos;
Introdução
Introdução 14

O objeivo desta seção é deinir e descrever a necessida- A necessidade de esboçar Planos de GIRS em
de de uma visão sobre sustentabilidade quando um pla- países em desenvolvimento [4]
nejador esboça um Plano de Gestão de Resíduos. Por esta
razão, esta seção analisa visões/conceitos que devem ser Considerando os problemas que a gestão inadequada
usados como ferramentas valiosas durante o processo de e ineiciente de resíduos pode causar, muitos países em
planejamento. As visões/conceitos são: desenvolvimento ideniicaram a necessidade de esboçar
• O conceito de Gestão Integrada Sustentável de Resí- Planos de GIRS. Entretanto, em muitas ocasiões isto não é
duos (GISR), facível principalmente por causa da falta de recursos ou
• Um conceito que visualize as barreiras e as moivações insuiciente capacidade insitucional.
da Gestão de Resíduos Sólidos (GRS), e
• A necessidade de combinar as abordagens tradicionais
de engenharia e logísica com a análise do comportamen- Figura 1: A Necessidade de uma GIRS [1]
to social, para um Planejamento de GIRS bem sucedido.
As cidades estão
Por que a visão é tão importante? enfrentando um cres-
cente crescimento popu-
Ela é importante porque o processo de planejamento é lacional e paricipação no
fortemente determinado pela visão com a qual é concebi- crescimento do PIB,
resultando em - entre
do. É a visão que inluencia o modo como a linha de base, outras coisas - aumento
das quanidades de
Devido às mudanças no
esilo de vida e nos
Existe uma compreensão
o processo de planejamento, assim como o resultado i- crescente sobre os impac-
resíduos gerada. padrões de consumo, a
quanidade de resíduos
tos negaivos que os
nal, são descritos e compreendidos. resíduos iveram no
gerada aumentou com a
qualidade e composição
Em muitos casos, visões diferentes oferecem planos di- ambiente local (ar, água,
terra, saúde humana, etc.)
dos mesmos tornando-se
mais variadas e em
ferentes (Ver Box 4). constante tranformação.
NECESSIDADE
DE
A complexidade, custos e GIRS
Box 4: O erro mais comum no planejamento da GIRS coordenação da gestão de
resíduos têm demandado
A industrialização e o
crescimento econômico
o envolvimente de vários produziram mais quani-
interessados em cada
O erro mais comum no planejamento da GIRS é conside- estágio do luxo resíduos.
dades de resíduos,
incluindo resíduos
rar a gestão como uma questão técnica, como algo relacio- Isto clama por uma abord-
agem integrada da gestão
Os Governos Locais estão perigosos e tóxicos.
agora encarando os
nado com obras públicas, infraestrutura e inanciamento. dos resíduos. resíduos como oportuni-
dades de negócio, (a)
Esta visão normalmente resulta em planos cheios de tecni- para extrair recursos
cidades, independente das condições locais e não realista. valiosos conidos neles
que ainda podem ser
Pior ainda, ele resulta em planos que ignoram a impor- usados e (b) para proces-
sar e dispor os resíduos
tância das interações sociais e o papel especíico da co- de maneira segura com
um impacto mínimo
municação. sobre o meio ambiente.
Por outro lado, existe uma necessidade de uma visão mul-
idimensional que tratará de todos os aspectos da GRS, ou
seja, as questões técnicas, sociais, econômicas e políicas.
Deste modo, muitos países em desenvolvimento per-
manecem sem defesa frente aos impactos emergentes
e acumulaivos que uma GIRS inadequada causa, e eles
As páginas a seguir apresentam algumas abordagens coninuam aplicando práicas apenas com foco na solução
úteis com relação à visão mulidimensional do Planeja- da parte visível do problema e, algumas vezes, adotando
mento da GRS. soluções inadequadas, como lixões sem controle.
Não obstante e por causa da incapacidade de desenvol-
A Necessidade de uma GIRS ver Planos de GIRS, muitas autoridades preferem atualizar
seu arcabouço legislaivo copiando a legislação de países
Em todo o mundo, existe uma necessidade crescente desenvolvidos e tentando adotar os mesmos recursos
de soluções sustentáveis e coerentes para os problemas tecnológicos adotados nestes países, causando múliplos
da Gestão de Resíduos Sólidos. A GIRS parece ser mais problemas.
complexa em países em desenvolvimento, onde o volume O primeiro problema que pode surgir em decorrência da
crescente e o ipo de resíduos, como resultado do cresci- adoção de um arcabouço legislaivo “maduro”, tal como o
mento econômico, da urbanização e da industrialização, europeu que levou mais de 40 anos para evoluir, é que
estão se tornando um problema marcante para os gover- não sobra espaço para o desenvolvimento escalonado
nos nacionais e locais, tornando mais diícil garanir uma destes países e normalmente eles icam desencorajados
gestão efeiva e sustentável dos resíduos. [1,2] A Figura 1 de realizar qualquer etapa.
mostra o porquê de a GIRS estar se tornando uma neces- Além disso, no caso das autoridades públicas decidirem
sidade crescente em todo o mundo. implementar um dos recursos tecnológicos disponíveis,
Introdução 15

eles terão que encontrar um modo de inanciar os proje-


tos já que normalmente eles uilizam um grande capital. técnica da Dinamarca, a um custo de aproximadamente
Outras razões para o fracasso das abordagens de alta US$3,5 milhões. A usina foi projetada para ter insumo com
a segregação de resíduos, que não foi realizada pelas resi-
tecnologia, quando aplicadas sem planejamento em paí-
dências nem promovida pelo município. A usina teve que
ses em transição, podem ser: ser fechada em uma semana da sua abertura uma vez que
• Valor caloríico dos resíduos superesimados; os resíduos inham um valor caloríico muito baixo e uma
• Simples falta de receita para sustentar sistemas sois- alta porcentagem de materiais inertes.
icados; • Em 2003, a Empresa Municipal de Lucknow construiu
• Falta de mercados para a venda de produtos; uma usina de digestão anaeróbica, como um projeto de re-
• Indisponibilidade ou custo extremo de peças de repo- síduo-para-energia de 5MW, para processar de 500 a 600t
sição; de resíduos urbanos por dia a um custo de US$18 milhões.
• Falta de experise para manutenção soisicada [4,10] Empresas privadas da Áustria e de Cingapura forneceram
os insumos técnicos, enquanto que empresas indianas for-
neceram os recursos humanos para a execução com base
• Antes de escolher qualquer tecnologia, pergunte em construir-possuir-operar (CPO). A usina não foi capaz de
pelo histórico de vários anos em vários lugares com con- operar por um dia sequer em sua capacidade total devido
dições similares à sua área. ao alto nível de materiais inertes nos resíduos e foi fechada.
• Algumas vezes soluções de capital intensivo têm uma As diiculdades operacionais e a falha inal foram principal-
fonte acessória de renda, o que torna a taxa de cobrança mente devido à diferença entre os pressupostos do projeto
menor, por exemplo, energia, vapor, MDL. que foram baseados nos resíduos europeus e nas práicas
de gestão de resíduos, e o real cenário de campo na Índia.

O Box 5 apresenta vários exemplos que mostram os pro-


blemas causados pela importação de tecnologias avança-
das nos países em desenvolvimento sem um planejamen- Box 6: Tecnologias de reaproveitamento energético (RE)
to anterior apropriado, enquanto que o Box 6 mostra um com planejamento – o exemplo da Índia
caso no qual as autoridades não implementaram o que o
Plano de GIRS esboçado estava propondo, levando-os a O desenvolvimento de um Plano Diretor de resíduos não
garante o sucesso da implementação de tecnologias RE,
um grande fracasso.
uma vez que seu sucesso depende fortemente de vários
Além do fato de se evitar os fracassos acima descritos outros parâmetros. Entretanto, um Plano Diretor de Resí-
um Plano de GIRS for bem esboçado, os beneícios que duos pode consituir uma base sólida para a aplicação bem
podem surgir do mesmo podem ser vários, tais como: sucedida de tecnologias RE. O exemplo ípico deste fato
• Custos menores da gestão global de resíduos; é a Índia. A Índia é um país que cresce rapidamente e em
• Menos poluição ambiental (do solo, água e ar); desenvolvimento, que em 2000 promulgou as Regras Mu-
• Conservação de matérias primas; nicipais de Resíduos Sólidos (Gestão e Manuseio) exigindo
• Conservação de recursos, uma vez que o planejamen- que os municípios na Índia adotassem meios sustentáveis
to apropriado não permite invesimentos inapropriados; e ambientalmente corretos de processar os RSU, incluindo
• Melhor coordenação entre serviços urbanos; a incineração. A RE é percebida como um meio de dispor
RSU, produzir energia, recuperar materiais e liberar terra
• Cidadãos mais aivos que contribuem para o desenvol-
escassa que de outro modo teria sido usada para o aterro.
vimento urbano; O Governo indiano considera a RE como uma tecnologia re-
• Pessoas mais saisfeitas com o serviço oferecido e, novável e o Ministério da Energia Nova e Renovável (MNRE)
portanto, menos inclinadas a aividades subversivas; desenvolveu o Plano Diretor Nacional para o Desenvolvi-
• Construir uma melhor imagem de uma cidade/região; mento da RE na Índia:
• Menos riscos à saúde; Os estudos de caso a seguir apresentam aplicações de
• Melhor gestão de custos e maior recuperação dos sucesso e problemáicas (apesar da existência de planeja-
mesmos. mento apropriado) de tecnologias de RE na Índia:
• Departamentos de gestão de resíduos com melhor de-
sempenho. Projetos para resíduos sólidos urbanos (RSU) em Luck-
now: O projeto foi executado pela M/S Asia Bio-energy Pvt.
Ltd (ABIL), Chennai, na base de Construir, Possuir, Operar e
Box 5: Falhas da GIRS em países em desenvolvimento Manter em associação com a Lucknow Nagar Nigam (LNN)
causadas pela importação de tecnologias avançadas sem que é responsável pelo fornecimento da qualidade e quan-
planejamento [4] idade de RSU na usina. A Usina baseada em tecnologia de
Biometanização começou sua operação comercial em agos-
• Em 1984, a Empresa Municipal de Délhi, Índia, cons- to de 2003, mas pode alcançou a capacidade máxima de
truiu um incinerador para processar 300t por dia de resí- geração de 1,5 MW apenas em março de 2004. A usina en-
duos sólidos e produzir 3MW de energia, com assistência frentou problemas em sua operação principalmente devido
Introdução 16

à indisponibilidade de RSU com a qualidade necessária, li- o valor caloríico dos seus resíduos é alto o suiciente para
vres de entulhos, areia & lodo. Após uma reunião do Comitê queimar sem combusível de apoio)?
de Monitoramento de Alto Nível, com relação ao problema • A tecnologia oferecida está comprovada em algum lu-
de fornecimento de resíduos, em 19 de janeiro de 2005, gar? Se sim, qual é a documentação existente para com-
ações com prazos determinados foram realizadas para a prová-la (isto é, você quer ser uma ‘cobaia’ para uma nova
implementação para que a usina pudesse operar com sua tecnologia)?
capacidade total. • O contrato proposto exigiria de você atender uma quan-
idade mínima de resíduos? Isto é realista na sua situação
Usinas de energia a parir de RSU em Vijayawada: O pro- atual? A tecnologia atende as normas internacionais de
jeto baseado em tecnologia de combustão foi executado emissão (isto é essencial para instalações de recuperação
pela M/s Sriram Energy Systems (P) Ltd., Hyderabad através energéica de resíduos para garanir que as emissões at-
de um emprésimo com juros baixos concedido pelo Con- mosféricas, não oferecem um risco a seus cidadãos)?
selho de Desenvolvimento Tecnológico (Departamento de • Os custos são realistas e acessíveis? Há mercados locais
Ciência e Tecnologia) e pela Agência indiana de Desenvolvi- disponíveis para o calor e para outros produtos da instala-
mento de Energia Renovável (IREDA). Ele foi comissionado ção? Se sim, como você sabe? Se não, existem planos para
em dezembro de 2003 e há relatos de que está operando desenvolver os mercados? Quem inanciará o desenvolvi-
em sua capacidade total com uma mistura de 30% de casca mento do mercado?
de arroz com RSU. A eletricidade total gerada até novembro • A usina pode ser operada e manida localmente, usan-
de 2004 foi 25 milhões de unidades das quais 21 milhões do mão de obra e peças de reposição locais?
foram exportados para a rede. O total de RSU tratado foi • Um local apropriado foi ideniicado? Que critérios fo-
aproximadamente 50.000 toneladas métricas. ram uilizados para avaliar a adequação? O empreendedor
pagará pelas avaliações dos impactos ambientais e sociais
Projetos de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) em Andhra feitos de maneira integral e independente para atender as
Pradesh: Outro projeto baseado em RSU com tecnolo- normas internacionais?
gia similar comissionado em novembro de 2003 pela M/S • Seu país tem a capacidade insitucional para permiir e
SELCO Internaional, Hyderabad tem relatos de estar ope- regular as operações da instalação?
rando com sucesso. Há relatos de que aproximadamente • Você procurou assessoria independente, talvez da sua
28 milhões de unidades de eletricidade foram geradas até universidade local, antes de assinar qualquer contrato?
dezembro de 2004 pelo tratamento de cerca de 1 milhão
de toneladas métricas de RSU desde o início. O projeto foi
concluído em 2 fases: uma para a preparação de paletas a Gestão Integrada Sustentável de
parir dos RSU e outra para geração de energia a parir das Resíduos (GISR)
paletas de RSU.

O que é GISR?
Então, por que as autoridades coninuam a cometer o
mesmo erro, ou seja, realizar a instalação de unidades ina- O planejamento integrado da gestão de resíduos é uma
propriadas sem planejamento? ferramenta dinâmica que inclui aspectos que variam da
Tudo diz respeito a vendedores capazes e às “soluções elaboração de políicas e do desenvolvimento insitucio-
mágicas” que eles podem oferecer a seus clientes. O Box nal ao projeto técnico de soluções integradas para o ma-
7 (seguinte) menciona conselho úil com relação a estas nejo e desinação de resíduos. [3]
“soluções mágicas”. O conceito de GISR difere bastante da abordagem con-
vencional da gestão de resíduos, por buscar a paricipação
Box 7: Cuidado com soluções mágicas [4] dos interessados, cobrindo a prevenção de resíduos e a
recuperação de recursos, incluindo as interações com ou-
Já aconteceu com todos nós. Quando ocorre um pro- tros sistemas e promovendo uma integração de diferentes
blema grave de disposição de resíduos, sempre há alguém escalas de habitat (cidade, bairro, unidade residencial).
(normalmente um vendedor) que propõe uma solução má-
A GISR não trata a gestão de resíduos apenas como uma
gica, sem custo e com beneícios substanciais para o muni-
cípio e para os moradores! Muitas vezes, como um “deus questão técnica, mas também reconhece o fator políico e
ex machina”, o vendedor está pronto para oferecer uma social como o mais importante.[3]
resposta fácil para todos os problemas diíceis que a popu-
lação local enfrenta. Na maioria das vezes, a solução ofe- As Três Dimensões da GISR
recida é uma nova tecnologia de tratamento de resíduos,
que muitas das vezes não é comprovada nem é comercial. A GISR consiste de três dimensões: os Interessados, os
Os itens abaixo apresentam várias questões que devem ser Elementos do Sistema de Resíduos e os Aspectos do siste-
respondidas para analisar se a “solução mágica” proposta é ma de GRS, cada uma das quais é de importância crucial e
apropriada para sua ocasião especíica.
deve ser levada cuidadosamente em consideração duran-
• Esta tecnologia é apropriada para seus resíduos (p.ex.,
te o Processo de Planejamento (Ver Figura 2).
Introdução 17

1ª Dimensão - Interessados quanto a cidade está efeivamente limpa.


A GISR tem a ver, antes de tudo, com a paricipação dos Os aspectos ambientais enfaizam os efeitos da gestão
interessados. Um interessado é uma pessoa ou organiza- dos resíduos na terra, água e ar; na necessidade da conser-
ção que tem um interesse na gestão de resíduos. vação de recursos não renováveis; controle de poluição e
Os interessados, por deinição, têm diferentes papéis e preocupações com a saúde pública.
interesses em relação à gestão de resíduos; o desaio do Os aspectos de saúde estão relacionados com fato de
processo é fazê-los concordar para cooperar para um ob- que a gestão de resíduos está inimamente ligada com a
jeivo comum, que é a melhoria do sistema de resíduos. proteção da saúde humana, uma vez que uma gestão de re-
síduos inapropriada, ineiciente ou inexistente oferece um
grave risco à sociedade.
Figura 2: Gestão Integrada Sustentável de Resíduos [4] Os aspectos inanceiro-econômicos pertencem ao orça-
mento e à contabilidade de custos dentro do sistema de ges-
Stakeholders tão de resíduos e em relação às economias local, regional,
- Autoridades locais
- ONGs/OBCs nacional e internacional. Algumas questões especíicas são:
- Usuários do serviço
- Setor informal privado privaização; recuperação de custos e redução de custos; o
- Setor formal privado
- Agência doadoras impacto dos serviços ambientais nas aividades econômicas;
o mercado de commodiies e como as infraestruturas de re-
Geração & Transparência Tratamento
ciclagem estão vinculadas a ele; eiciência dos sistemas de
Separação
Coleta
& Transporte & disposição
Tempo de
gestão de resíduos sólidos urbanos; dimensões macroeconô-
micas do uso e conservação de recursos; e geração de renda.
Sustentabilidade
Processamento
Redução Reuso Reciclagem Recuperação
Os aspectos socioculturais incluem a inluência da cultura
na geração e gestão de resíduos na residência e nos negócios
Aspectos
- Técnico e insituições; a comunidade e seu envolvimento na gestão
- Ambiental/saúde
- Financeiro/econômico de resíduos; as relações entre grupos e comunidades, entre
- Sociocultural
- Insitucional pessoas de várias idades, gêneros, grupos étnicos e as condi-
- Políicas
(programáico)/legal/ ções sociais dos trabalhadores do setor de resíduos.
políico
Os aspectos insitucionais estão relacionados com as es-
truturas políicas e sociais que controlam e implementam a
2ª Dimensão - Elementos do Sistema de Resíduos gestão de resíduos: a distribuição de funções e responsabi-
Os elementos do sistema de resíduos se referem a como lidades; as estruturas organizacionais, procedimentos e mé-
os resíduos sólidos são manejados e para onde são des- todos implicados; as capacidades insitucionais disponíveis;
inados. Em paricular, este úlimo ponto tem importan- e os atores, tais como o setor privado, que poderiam ser
tes implicações ambientais e, por esta razão, vários entes envolvidos. O planejamento é normalmente considerado a
principal aividade relacionada com os aspectos insitucio-
nacionais de meio ambiente têm adotado a ideia de uma
nal e organizacional.
hierarquia na gestão de resíduos como uma diretriz da po- Aspectos legais/políicos tratam das condições limite nas
líica operacional. As prioridades da gestão de resíduos, quais o sistema de gestão de resíduos existe: deinição de
mostradas na Figura 3, são também a base da abordagem metas e prioridades; determinação de papéis e jurisdição;
da GISR, sendo prioritárias a prevenção, minimização, reu- o arcabouço legal e regulatório existente ou previsto; e os
ilização, reciclagem de resíduos, outras formas de recu- processos básicos de tomada de decisão.
peração de materiais.
3ª Dimensão - Aspectos
A terceira dimensão da GISR diz respeito aos aspectos Figura 3: A pirâmide de prioridades da GISR
de sustentabilidade. Estes aspectos podem ser deinidos Opção mais favorável
como princípios, ou lentes, através das quais o sistema de
Prevenção
resíduos existente pode ser avaliado e com as quais um
sistema novo ou expandido pode ser planejado. [4,5] Minimização
Para que o sistema novo ou expandido seja sustentável,
ele precisa considerar todos os aspectos técnicos, ambien- Reuso

tais, de saúde, inanceiro-econômicos, socioculturais, ins- Reciclagem


itucionais, legais e políicos (Ver Box 8).
Recuperação

Box 8: Aspectos do Sistema de Resíduos


Disposição
Os aspectos técnicos dizem respeito à implementação e
manutenção práicas observáveis de todos os elementos
dos resíduos: quais equipamentos e instalações estão sen-
do usados ou planejados; como foram projetados; o que
foram projetados para realizar; eles operam na práica; e o Opção menos favorável
Introdução 18

Hardware e Software da GISR das com os resíduos e muitas opções de gestão) e os


múliplos objeivos do tema de gestão de resíduos cons-
trangem severamente um planejamento sustentável da
Figura 4: Conceitos simplificados da GISR [6]
gestão de resíduos.
Desenvolvimento
Saúde Pública
Insitucional

Nem todo hardware colabora bem com qualquer


software

HARDWARE SOFTWARE
A declaração acima é normalmente observada quan-
Proteção
Ambiental
Gestão de
Recursos
Viabilidade
Financeira
Apoio Social
do abordagens convencionais e tecnológicas da gestão
de resíduos são aplicadas em países emergentes e em
transição. Como consequência, as tecnologias falham em
De maneira simpliicada, um sistema de GISR pode ser gerir os resíduos adequadamente porque elas envolvem
representado por dois “triângulos” (Ver Figura 4); os ele- soluções importadas que são centralizadas, burocráicas e
mentos ísicos (hardware) e as caracterísicas de gover- adequadas para condições socioeconômicas diferentes. [7]
nança (sotware). Talvez a caracterísica mais importante do conceito de
O primeiro triângulo compreende os três principais GISR é que ele demonstra que o desempenho de um sis-
elementos ísicos que devem ser considerados para tema de gestão de resíduos resulta do comportamento
qualquer sistema de gestão de resíduos que tem que tra- holísico emergente do Hardware combinado com o Sof-
balhar de maneira sustentável por um longo período de tware certo. [6]
tempo[4]:
1. Saúde pública: manter as condições de saúde nas
O Hardware do GISR
cidades, principalmente através de um bom serviço de
coleta de resíduos;
Saúde Pública (coleta)
2. Proteção ambiental: em todo o luxo de resíduos,
A remoção segura e a subsequente gestão de resíduos
especialmente durante o tratamento e a disposição; e
sólidos representa um dos serviços urbanos ambientais
3. Gestão de recursos: ‘fechar o ciclo’ através do retor-
mais vitais.
no dos materiais e dos nutrientes ao uso benéico, atra-
A responsabilidade dos municípios de oferecer servi-
vés da prevenção dos resíduos e da recuperação, reuso
ços de coleta de resíduos sólidos remonta a meados do
e reciclagem.
século 19, quando as doenças infecciosas foram vincu-
Portanto, o 1º triângulo é caracterizado como o ‘Har-
ladas, pela primeira vez, ao saneamento precário e aos
dware’ de um sistema de GISR.
resíduos sólidos não coletados. Para alcançar uma coleta
O segundo triângulo foca o ‘Sotware’ do GISR: a boa
efeiva dos resíduos foram aplicadas diferentes aborda-
governança dos resíduos (estratégias, políicas e regula-
gens ao longo dos anos em diferentes lugares de todo
mentos) para oferecer um sistema com bom funciona-
o mundo. Observou-se que nem todos os esquemas de
mento. Isto signiica que o sistema precisa:
coleta de resíduos são apropriados para todas as situ-
1. ser inclusivo, oferecendo espaços transparentes
ações. Entretanto, a maioria dos países em desenvol-
para os interessados contribuírem como usuários, forne-
vimento tem uilizado o mesmo sistema de coleta por
cedores e facilitadores (Apoio Social);
anos. Deste modo, é mais do que necessário melhorar os
2. ser inanceiramente sustentável, o que signiica ter
sistemas adotados. O exemplo no Box 9 é representaivo
boa relação custo-beneício e ser acessível (Viabilidade
da necessidade de adotar e adaptar métodos de coleta
Financeira); e
de resíduos que sejam adequados e que possam ser fa-
3. se apoiar em uma base de insituições sólidas e polí-
cilmente manidos localmente. [4]
icas pró-aivas (Desenvolvimento Insitucional).
Ao planejar um sistema de GISR, é muito importante
Box 9: Os mesmos sistemas não são apropriados para
obter uma cooperação sustentável e harmoniosa entre
todos os casos.
o Hardware e o Sotware. É exatamente como em qual-
quer computador. A menos que o hardware seja apro- Na Alemanha, a coleta primária é feita por empresas pri-
priado para o sotware uilizado (e vice-versa) o compu- vadas que usam equipamentos modernos. Por outro lado,
tador nunca trabalhará com eiciência. em Nova Délhi, a coleta primária é feita por catadores/re-
Além disso, nem todo sotware é adequado para todo cicladores autorizados do setor informal, que entregam os
hardware e nem todo hardware é capaz de executar com resíduos com carroças de mão para grandes operadores do
determinado sotware. setor privado que fazem a coleta secundária dos contento-
res comunitários.[4]
A natureza combinatória (muitas questões relaciona-
Introdução 19

Proteção Ambiental (Tratamento & Disposição de Re- microempresas de reciclagem, reuso e reparo, que re-
síduos) presentam iniciaivas importantes em direção ao estabe-
Ao longo das úlimas décadas, os países de todo o lecimento destas aividades como um setor econômico
mundo têm tentado controlar as quanidades crescen- para melhorar as taxas desejadas. [4]
tes de resíduos e proteger o Meio Ambiente. Estas duas O Box 11 analisa a inluência do Sotware para a obten-
questões principais levaram à construção de experiên- ção de programas de reciclagem, reuso e prevenção de
cias em gestão de resíduos e contribuíram para chegar- resíduos bem sucedidos.
mos a práicas e técnicas modernas de tratamento e dis-
posição. Países de alta renda têm sido bem sucedidos em Box 11: A importância de elementos de Software da GISR
desenvolver tecnologias modernas, evoluindo de prái- no sucesso das iniciativas de reciclagem, reuso e preven-
cas como aterros sem controle para tecnologias de alto ção de resíduos
desempenho, como incineração de resíduos. Entretanto,
Os elementos de sotware da GISR (desenvolvimento
muitas cidades em países de renda média e baixa ainda insitucional, apoio e paricipação social e sustentabilidade
estão trabalhando na eliminação de lixões a céu aberto e inanceira) estão ser tornando cada vez mais importantes,
no estabelecimento da disposição controlada. [4] especialmente para o sucesso das iniciaivas de reciclagem,
O Box 10 a seguir descreve brevemente a Legislação reuso e prevenção de resíduos. Estes elementos são aqueles
Ambiental do Brasil, que existe desde 1981 e implemen- capazes de adaptar o sistema às mudanças conínuas dos
tou, pela primeira vez, o princípio de poluidor-pagador. bairros e cidades no país, especialmente dos mais pobres
onde as práicas inadequadas de gestão de resíduos criam
Box 10: A Legislação Ambiental no Brasil sérios riscos à saúde e ao meio ambiente. Claramente, os
elementos do Sotware controlam o comportamento social
A Lei n. 6938/81, que insituiu a Políica Nacional do Meio dos cidadãos e, portanto, eles são os mais importantes para
Ambiente trouxe, de maneira inédita, a deinição legal de o sucesso dos programas de reciclagem, reuso e prevenção
meio ambiente, conceituando-o como sendo: “o conjunto de resíduos.
de condições, leis, inluências e interações de ordem ísica,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas”.
O Software da GISR
Da leitura percebe-se que trata-se de uma deinição
abrangente e que engloba tudo o que nos cerca. De acordo Apoio Social
com a PNMA, tudo o que esiver relacionado com a VIDA Um modo de fracassar é desenvolver um plano de ges-
é considerado Meio Ambiente, ou seja, o meio ambiente tão de resíduos com interação limitada ou nenhuma in-
abrange as comunidades, os ecossistemas, a biosfera, etc. teração com os interessados envolvidos. Por outro lado,
Disso, depreende-se que o meio ambiente é um patrimônio os sistemas de gestão de resíduos que melhor funcionam
público que deve ser assegurado e protegido, tendo em vis- devem envolver todos os interessados no planejamento,
ta o uso coleivo. na implementação de no monitoramento das mudanças.
Além disso, a Lei n. 6938/81, como precursora das le-
Neste senido, é fundamental que a autoridade/órgão
gislações ambientais, também deiniu pela primeira vez o
conceito de poluidor, e insituiu a obrigação de indenizar os
relevante demonstre uma gama de boas práicas em
danos ambientais causados, independentemente de culpa questões tais como: [4]
(princípio do poluidor-pagador) • Consulta, comunicação & envolvimento dos usuários;
• Planejamento paricipaivo & inclusivo
• Inclusão em instâncias de decisão; e
Gestão de Recursos (valorização de recicláveis e de • Insitucionalização da inclusão – a ‘plataforma’ dos
materiais orgânicos) resíduos sólidos
Durante os úlimos 10-20 anos, os países de alta ren-
da têm redescoberto o valor da reciclagem como parte Viabilidade Financeira
integrante de seus sistemas de gestão de resíduos (e de A Viabilidade Financeira na gestão de resíduos é uma
recursos), e têm invesido pesadamente na infraestrutu- questão importante para todas as cidades em todo o
ra ísica e em estratégias de comunicação para aumentar mundo. Em países em desenvolvimento e em transição,
as taxas de reciclagem. Sua moivação não é, a princípio, a gestão de resíduos representa uma parte signiicaiva
o valor de commodity dos materiais recuperados. Prova- do orçamento total da cidade, com números variando de
velmente, o principal moivador é que o mercado de re- 3 a 15%. [4]
ciclagem está oferecendo uma ‘reserva’ compeiiva, ao Em países de alta renda, o custo da gestão de resíduos
cada vez mais caro aterro, incineração ou outras opções coninua a crescer já que está indo em direção a práicas
de tratamento. [4] de gestão de resíduos e tecnologias de disposição mais
Por outro lado, vários países em desenvolvimento e caras. Os custos aumentam ainda mais devido à adoção
em transição têm um setor informal aivo e sistemas de de medidas de proteção ambiental mais rigorosas.
Introdução 20

Nos próximos anos, países de renda baixa e média tam- oferece uma visão qualitaiva muito boa.
bém experimentarão um aumento dos custos da gestão Um exemplo desta técnica é apresentado na igura 5,
de resíduos. Isto se deve principalmente ao fato de que, que mostra os moivadores e as barreiras que interagem
nestes países, as quanidades de resíduos vão aumentar nos sistemas mais comuns de gestão de resíduos. O pri-
signiicaivamente, e mais pessoal, equipamentos e ins- meiro retrato indica os moivadores (vetores azuis) e as
talações serão necessárias para gerenciá-los de maneira barreiras (vetores vermelhos), enquanto que o segundo
adequada. retrato mostra o resultado global (vetor púrpura) destas
É urgente que as autoridades responsáveis encontrem forças na sustentabilidade do sistema. Observando-se o
meios de recuperar os custos para manter sua sustenta- segundo retrato, pode-se ver que as forças que intera-
bilidade econômica e sua qualidade. gem na maioria dos sistemas de GIRS tendem a decres-
cer sua sustentabilidade. Por esta razão, é necessária
Desenvolvimento Insitucional intervenção para a adição de moivadores (terceiro re-
Uma estrutura insitucional forte e transparente é es- trato), tais como planejamento apropriado, colaboração
sencial para a boa governança na GISR. Sem tal estrutu- e desenvolvimento massivos da indústria de GIRS (linhas
ra, o sistema não funcionará direito ao longo do tempo. tracejadas amarela e verde), mudar o resultado global
Além disso, se os serviços de resíduos forem concebidos das forças que interagem no sistema e encaminhá-lo a
para ser efeivos, a cidade deve ter a capacidade e a es- trilhas sustentáveis (linha preta tracejada).
trutura organizacional para gerir as inanças e os servi-
ços de maneira eiciente e transparente, modernizando Figura 5: O papel das forças no sistema de GIRS [8]
as responsabilidades de gestão com suas comunidades Sustentabilidade
da GRS
e ouvindo os usuários do sistema. Para que o sistema de Revolução energéica+
Novas Tecnologias
Esilo de vida
gestão de resíduos trabalhe bem, a cidade tem que tratar emergente
Escassez de recursos &

de questões subjacentes relacionadas com as estruturas Nível


Mudanças climáicas

de gestão, procedimentos de contratação, contabilidade


Mudança global para prevenção
atual e reciclagem de resíduos
Ferramentas de

das práicas trabalhistas, recuperação de custos e cor-


mercado

rupção. Orçamentos e linhas de responsabilidade claras Esilo de vida


atual
são essenciais. [4] Resíduos de alta
tecnologia Volumes crescentes

Gestão de Resíduos como Resultado de 2011 2030+

Interações Sustentabilidade
da GRS Moivadores

A gestão de resíduos é resultado de interações. A vi-


sualização de um gráico com as forças que afetam o sis- Nível
atual

tema de gestão dos resíduos sólidos pode ser um modo


úil para se compreender como estas forças interagem e
como são grandes e diretos seus impactos no sistema, Resultados
Barreiras
sempre com relação à sua sustentabilidade. [8]
Mais especiicamente, as forças que aumentam a 2011 2030+

sustentabilidade do sistema de gestão de resíduos são


chamadas de moivadores, enquanto que as forças que Indústria de GRS
Sustentabilidade
reduzem sua sustentabilidade são chamadas de barrei- da GRS
Colaboração Moivadores

ras. Uma visão mais abrangente dos moivadores e das


maciça

barreiras de um sistema de GIRS pode ser obida com o Novos Resultados

uso de vetores, um método que deixa claro quais forças Nível


atual

são os moivadores e quais são as barreiras. Tais “for-


ças” podem ser interessados especíicos (ONGs, órgãos,
empresas de gestão de resíduos, etc.), políicas e ferra- Barreiras Resultados

menta legislaiva, questões do ciclo de vida e qualquer


outra questão que possa ser considerada essencial para 2011 2030+

o processo de planejamento. Quanto maior for um vetor,


maior é seu impacto no sistema de gestão de resíduos.
Quanto mais verical for um vetor, mais direto é seu im- Além da Engenharia & Logística
pacto no sistema de gestão de resíduos. Embora não seja
apropriada para resultados quanitaivos, esta técnica Quando o atual processo de modernização se iniciou
nos países em desenvolvimento durante os anos 1970, a
Introdução 21

gestão de resíduos era amplamente vista como um pro-


• Projeto do novo sistema de GRS
blema técnico com soluções de engenharia. Isto mudou
• Localização das instalações
durante os anos 1980 e 1990, quando icou claro que os
• Deinição de responsalidades e insituição
municípios não poderiam coletar e remover os resídu- • Etc
os com sucesso sem a cooperação aiva dos usuários do
serviço. As cidades também aprenderam que as tecno- Planos de GIRS em 2010
logias dependem de estruturas insitucionais, de gover-
nança e políicas, que são muito variadas e complexas e Engenharia & Logísica
se relacionam diretamente com as condições locais. • Fluxos esimulados de resíduos
Atualmente, é óbvio que o desempenho global de um • Resíduos projetados & população
sistema de resíduos resulta de interações conínuas dos • Deinição do sistema de GRS atual
mercados locais, do comportamento social emergente, • Deinição de metas & objeivos
• Projeto do novo sistema de GRS
da governança da cidade, dos interessados locais, do
• Localização das instalações
crescimento da cidade, etc. E estas interações são pou-
• Deinição de Responsabilidades e Insituições
co descritas pelas abordagens tradicionais de gestão de • Etc.
resíduos que são baseadas na engenharia e na logísica.
Além disso, a maioria dos planos atuais foca na melhoria
da efeividade da reciclagem feita pela comunidade e em
+
- Componentes de Comportamento Social
programas de expansão. - Comunicações
O problema pode ser mais geral [6]. Enquanto encara- - Ferramentas & Métodos de Complexidade
mos a gestão de resíduos como uma questão de armaze- - Padrões de Produção & Consumo
namento, coleta, transferência, tratamento e disposição
apropriados e o principal esforço era o de minimizar os
impactos ambientais e na saúde, as ferramentas de en-
genharia e de logísica eram suicientes para planejar e
implementar os sistemas necessários. Entretanto, hoje
em dia, a gestão de recursos e o comportamento social
estão se tornando uma parte orgânica de qualquer sis-
tema de resíduos sólidos e eles são essenciais para ob-
ter taxas crescentes de reciclagem e melhor qualidade
dos recicláveis, paricipação dos interessados do setor,
iniciaivas de eco-design e ciclos fechados de produtos
e materiais.
Consequentemente, as ferramentas de engenharia e
de logísica não são suicientes para planejar e imple-
mentar sistemas de gestão de resíduos. Um sistema des-
ses é considerado como um “sistema complexo”, signii-
cando um sistema composto de partes interconectadas,
que exibe como um todo uma ou mais propriedades do
sistema (comportamento entre as possíveis proprieda-
des), que não é óbvio quando as propriedades são exibi-
das como partes individuais. [9]
Um exemplo de como o conceito de planejamento de
gestão de resíduos mudou desde os anos 1980 até os
dias de hoje é apresentado no Box 12.

Box 12: Estrutura da GIRS em 1980 e em 2010

Planos de GIRS em 1980

Engenharia & Logísica


• Fluxos esimados de resíduos
• Resíduos projetados & população
• Deinição do sistema de GRS atual
• Deinição de metas & objeivos
Introdução 22

Referências
Recomendamos a todos os leitores a visitar a base de conhecimentos da ISWA (htp://www.iswa.org/en/525/kno-
wledge_base.html), que contém mais de mil arigos, apresentações e estudos técnicos, muitos dos quais foram ui-
lizados como fonte para a elaboração deste documento. Indicaivamente, são propostos os seguintes para estudo:

1. UNEP, 2009, ‘Integrated Solid Waste Management-Training Manual’, Vol. 1-4-Process to develop ISWM Plan,
available at: htp://www.unep.or.jp/ietc/SPC/news-oct09/ Guidelines_ISWM_Plan.pdf, accessed 5th November 2011.
2. UNEP, 2009, ‘Integrated Solid Waste Management Plan-Training Manual’, Vol. 1.
3. Klundert, Ar. & J., Anschutz, 1999, “ Integrated Sustainable Waste Management: the selecion of appropriate te-
chnologies and the design of sustainable systems is not (only) a technical issue”, available at: htp://www.worldbank.
org/urban/solid_wm/erm/Annexes/US%20Sizes/Annex%204B.3.pdf, accessed 2nd November 2011.
4. UN-HABITAT, 2010, “Solid Waste Management in the World’s Ciies/Water & Sanitaion in the World’s Ciies
2010”, Malta.
5. Klundert, Ar. & J., Anschutz, 2001, ‘Integrated Sustainable Waste Management - the Concept – Tools for Decision-
-makers - Experiences from the Urban Waste Experise Programme (1995-2001)’.
6. Mavropoulos A., 2011, “Globalizaion, Megaciies and Waste Management”
7. Kenneth, W.H., Robert, D.D., Solano, E., Morton, A.B., Downey, Br.Jr. & S.R., Ranjithan, 2001, ‘Decision Support
Tool for Life-Cycle Based Solid Waste Management’, Journal of Compuing in Civil Engineering.
8. Mavropoulos A., 2011, ‘The new Brazilian Law on Waste and the Future of Waste Management-Presentaion’.
9. Joslyn,C. & L., Roch, 2000, ‘Towards Semioic Agent-based Models of Socio-technical Organizaions’, Proc. Al Si-
mulaion and Planning in High Autonomy Systems (AIS 2000) Conference, Tucson, Arizona, pp. 70-79.
10. ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM-User Guide to STEP 4 C-Waste treatment and
Disposal
Visão geral do planejamento
da Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos
Visão geral do planejamento da GIRS 24

Visão Geral do Planejamento da GIRS al de GIRS: É importante ideniicar o verdadeiro caráter


do sistema atual de GIRS e estabelecer a base para o que
Esta seção introduz ao leitor os Procedimentos do Pla- ainda falta, restrições e/ou pontos fortes.
nejamento da GIRS. Sua primeira parte esboça o escopo Os problemas podem ser caracterizados como:
do Plano de GIRS e descreve sucintamente os passos que Internos ao sistema de GIRS, tal como a falta de equi-
ocorrem durante o Processo de Planejamento. A segun- pamentos ou capacidade de planejamento, etc.;
da parte fala das questões que devem ser abordadas an- Internos & Externos, como a geração acelerada de resí-
tes de iniciar o esboço do Plano, para economizar tempo duos, falta de coordenação, etc., que geralmente reque-
e evitar trastornos. rem uma cooperação ínima com os setores relaciona-
dos; e
Externos como urbanização descontrolada, explosões
Preparação de Planos de GIRS populacionais, etc., que geralmente têm que ser aceitos
e adaptados. [3]
Planos de GIRS A importância deste passo especíico é grande, porque
a compreensão dos pontos fortes e fracos do sistema de
Apesar do fato de vários Planos de GIRS terem sido de-
GIRS é o ponto de parida de um programa para a melho-
senvolvidos em todo o mundo, não há norma certa de
ria gradual, cuja importância para a operação do sistema
como construí-los. Esta provavelmente é uma das prin-
é analisada no Box 13 a seguir.
cipais razões pelas quais os Planos de GIRS, em muitos
casos, enfocam apenas os problemas de GIRS, mas são
Box 13: A importância das melhorias no sistema de GIRS
incapazes de lidar com o problema global da gestão dos
resíduos de maneira integrada e fracassam em fornecer Normalmente, os Planos de GIRS consistem de dois ipos
soluções sustentáveis.[1] Outro fator que contribui para diferentes de ações propostas. O primeiro são ações relacio-
o que foi dito acima pode ser considerado o fato de que nadas com o desenvolvimento de novos elementos sistêmi-
nem todos os modelos de GIRS são apropriados para to- cos de GRS, isto é, nova infraestrutura (aterros, instalações
dos os lugares. Como consequência, os sistemas de GIRS de tratamento), novo sistema de reciclagem (receptáculos,
que foram aplicados com sucesso em países desenvolvi- veículos) ou nova políica e medidas legislaivas.
dos, podem não ter uso nos países em desenvolvimen- O segundo ipo de ações é normalmente subesimado e,
muitas vezes, desconsiderado completamente. São as ações
to, ou podem ter sucesso apenas sob certas condições.
que podem melhorar o sistema já existente mesmo sem o
Este úlimo é provavelmente a principal razão pela qual a desenvolvimento de novos elementos sistêmicos. Nesta vi-
gestão de resíduos em países em desenvolvimento pre- são, nossas experiências indicam que muito poucos Planos
cisa da visão sustentável que é descrita na seção anterior de GIRS consideram a oimização dos sistemas existentes
deste documento. e maior uilização de recursos humanos, técnicos e inan-
ceiros. Entretanto, é aceito mundialmente que sistemas de
Visão Geral dos Planos de GIRS GIRS eicientes e ambientalmente consistentes são gradual-
mente desenvolvidos com melhorias no passo a passo dos
Os planos de GIRS têm um papel importante na obten- sistemas existentes, ao invés de ser partenogênese.
ção de uma gestão sustentável de resíduos. Mais especi-
icamente, um plano de GIRS tem o objeivo de: • Preparar planos de ação de GIRS apropriados: É o
núcleo dos procedimentos de planejamento já que dei-
• Deinir a linha base: Coletar dados ou outras infor- ne as ações a serem implementadas e qual delas estabe-
mações coniáveis sobre a situação existente dos resídu- lecerá o novo sistema de GIRS. A diiculdade desta aivi-
os, para os governos nacional, estadual ou local, ou para dade é compreender o signiicado do que é um plano de
o setor especíico, é um primeiro passo críico na com- ação “apropriado” de GRS. Esta deinição de apropriado
pilação de um plano integrado de gestão de resíduos. O é abordada no Box 14.
objeivo de coletar esta informação de fundo é fornecer
uma base realista e quanitaiva para o desenvolvimento
do plano, com base em dados reais e em exigências e Box 14: O Plano de GIRS apropriado
necessidades priorizadas. [2]
• Ideniicar os papéis & responsabilidades de inte- A GIRS apropriada deve:
ressados importantes: Ao preparar um plano de GIRS, • Basear-se no sistema existente.
• Compreender a operação, os recursos do sistema, etc.
deve ser dada atenção na garania de que os papéis e
• Tornar a GIRS mais sustentável no limite da acessibili-
responsabilidades de interessados importantes estejam
dade social.
claramente deinidos. • Fornecer propostas para elementos ísicos e questões
• Ideniicar os pontos fortes & fracos do sistema atu-
Visão geral do planejamento da GIRS 25

cessidade importante para a aplicação bem sucedida de


de governança.
planos de GIRS.
• Ter certo horizonte temporal.
• Descrever claramente todos os recursos necessários.
• Delinear as mudanças necessárias no nível insitucional Figura 6: O Processo de Planejamento
e de políicas.
Fase de
mobilização
• Fornecer diretrizes de como passar da fase de pla-
nejamento para a fase de implementação:
É crucial garanir a coninuidade entre o processo de
planejamento e a implementação. Portanto, o processo Fase de status
de planejamento deve fornecer diretrizes detalhadas so-

Fase de Monitoramento
bre as medidas de desempenho e sobre os sistemas de
informação de gestão, ambos os quais devem ser uiliza-
dos para monitorar o desempenho dos sistemas de GIRS

& Revisão
Fase de
e, assim, a implementação do Plano de GIRS. planejamento

• Controle de medidas tecnológicas: Uma descrição


dos resíduos garante a ideniicação de áreas onde me-
didas tecnológicas devem ser adotadas para eliminar ou Fase de
minimizar certos ipos de resíduos. [4] implementação

• Descrição de necessidades de governança: Os pla-


nos de GIRS dão ensejo à declaração das necessidades
inanceiras, insitucionais e sociais. Com base nisto, a
necessidade de ações futuras, tais como invesimentos
em planos de GIRS, campanhas de conscienização do O planejamento e a implementação da GIRS não são
público, cursos de treinamento para as autoridades rele- unicamente uma questão técnica, têm a ver mais com
vantes, etc., pode ser determinada. a organização e com a gestão dos relacionamentos en-
tre todos os atores e interessados principais envolvidos
O Processo de Planejamento no processo de planejamento. O pré-requisito para um
procedimento bem sucedido de planejamento é espa-
O processo de planejamento de um sistema de GIRS lhar um senimento de apropriação entre todos os prin-
pode ser dividido em cinco principais fases. cipais interessados, incluindo as organizações que serão
responsáveis pela implementação do plano de GIRS. O
A Fase de Mobilização: É a fase anterior ao início do melhor modo de conseguir isto é desenvolver o plano
processo de planejamento. Na fase inicial de planeja- através de um planejamento inclusivo e paricipaivo. [5]
mento da GIRS, é substancial implementar aividades A análise dos interessados pode ser um método úil
que mobilizarão o processo de planejamento. Estas ai- para ideniicá-los, e para compreender sua inluência
vidades estão principalmente relacionadas com as ai- relaiva e envolvimento nas questões de GIRS.[5] É uma
vidades de ‘Apoio à Mobilização’, que incluem o ‘Apoio abordagem analíica para avaliar o apoio ou oposição po-
Políico’ e a Paricipação dos ‘Interessados’. Deste modo, tencial em relação a uma questão entre as partes interes-
garante-se o envolvimento e a cooperação dos principais sadas. Além disso, a análise de interessados ideniica-os
interessados, fatores que darão um ‘impulso’ ao procedi- e mapeia seu poder relaivo, inluência e interesses em
mento para uma implementação adequada. um certo esforço de mudança. Ela ideniica pressupos-
• Apoio Políico e boa vontade são muito importantes tos sobre cada interessado e indica a prioridade relaiva
para o desenvolvimento e sucesso inal de um Plano de a ser dada ao atendimento dos interesses dos interessa-
GIRS. Portanto, o primeiro passo crucial do processo de dos, assim avaliando a importância de cada interessado
planejamento é tornar claro aos líderes políicos e aos no sucesso do projeto.
tomadores de decisão principais que o sistema de GIRS
precisa de melhorias. Além disso, este esforço deve ser A Fase do Status: É a fase na qual uma linha base
apoiado pelos Governos Nacional, Regional & Local/Mu- abrangente da situação atual na GIRS é criada. O objeivo
nicípios, para se chegar a uma conclusão sobre as alter- da linha base é avaliar a gama de aspectos insitucionais
naivas mais preferíveis. e técnicos da GIRS atual e deinir lacunas e restrições im-
• A Paricipação dos Interessados é também uma ne- portantes. Esta gestão valiosa de informações forma o
Visão geral do planejamento da GIRS 26

marco para o projeto de um sistema melhorado de GIRS. do horizonte temporal, bemcomo das exigências da le-
gislação local. Entretanto, das experiências realizadas
A Fase de Planejamento: em diferentes condições e partes do mundo, pode ser
A fase de planejamento envolve todas as aividades concluída uma abordagem genérica. Esta abordagem é
necessárias para preparar um plano de ação apropriado apresentada no Box 15.
de GIRS. A parte do planejamento é preparada de acordo
com a linha base, as exigências deinidas pela legislação Box 15: Elementos do Plano de Gestão de Resíduos
nacional e os pressupostos relevantes para a projeção de
desdobramentos futuros. Histórico
Deinir metas e objeivos é uma aividade central da • Problemáica global dos resíduos
fase de planejamento e um pré-requisito para o projeto • Legislação
do Plano de Ação. • Descrição da políica nacional de resíduos e dos princí-
pios dominantes
• Descrição dos objeivos deinidos em áreas especíicas
A Fase de Implementação:
• Contribuições do processo de consulta
Após o desenvolvimento do plano de GIRS, seus pres-
supostos são postos em práica através dos sistemas le- Parte do Status
gislaivo, tecnológico e logísico apropriados. É prepara- • Diagnósico da Atual Gestão de Resíduos
do um programa de implementação. - Fontes & luxos de resíduos
- Quanidade & ipos de resíduos
A Fase de Monitoramento & Revisão: - Sistema de gestão de resíduos existente
Uma pergunta importante no processo de planejamen- - Economia & inanciamento do sistema de GR
to é se o sistema atual ou planejado de gestão de resídu- • Projeções
os é o meio mais eiciente de alcançar os objeivos dei- - Projeções socioeconômicas
- Projeções dos resíduos
nidos. Para tal avaliação, as metas da gestão dos resíduos
• Conclusões
devem ser trazidas para um nível passível de avaliação • Pontos forte e fracos
e devem ser deinidos critérios que permitam avaliar o
sistema de gestão de resíduos em bases quaniicáveis. Parte do Planejamento
Portanto, a fase de monitoramento e revisão envolve • Pressupostos para o planejamento
aividades que ideniicam as ações que devem ser mo- • Deinição do escopo do plano
nitoradas e os indicadores de desempenho relevantes. • Proposta de cenários
Os indicadores são então esimados e o sistema de GIRS • Deinição de objeivos & metas
aplicado é avaliado e revisado. Sempre que forem obser- • Plano de ação
vadas deiciências e baixo desempenho, é implementa-
Parte da implementação
da uma ação adicional para melhorar o sistema de GIRS
• Deinição de instrumentos para a implementação de
aplicado. um plano de gestão de resíduos
- Instrumentos de políica
De acordo com a estrutura deste documento: - Instrumentos legais
• Questões sobre a Fase de Mobilização podem ser - Instrumentos econômicos
encontradas no Capítulo das Questões de Interesse - Acordos/parcerias ambientais
deste Manual, - Consciência do público & comunicação
• Questões sobre a Fase de Status podem ser encon- - Planejamento
tradas no Capítulo da Parte de Status deste Manual, e • Programa de implementação
• Questões sobre as Fases de Planejamento, Imple-
Monitoramento & Revisão
mentação e Monitoramento e Revisão podem ser en-
• Deinir as ações a ser monitoradas
contradas no Capítulo da Parte de Planejamento deste • Deinir os meios e os indicadores certos para medir o
Manual. desempenho do sistema de GIRS aplicado
• Avaliar & revisar o sistema de GIRS aplicado
Estrutura Geral de um Plano de GIRS

Cada país cria seus próprios padrões do que é a estru- Questões de Interesse
tura de um Plano Diretor de gestão de resíduos, de forma
que não existe uma estrutura geralmente reconhecida Antes de iniciar a elaboração e posterior implementa-
como padrão. Isto ocorre porque a estrutura detalha- ção de um Plano Diretor de GIRS, existem certas ques-
da de um plano diretor de gestão de resíduos depende tões que devem ser levadas em consideração. O obje-
bastante de seu objeivo especíico e área de aplicação, ivo desta subseção é fornecer uma visão clara destas
Visão geral do planejamento da GIRS 27

questões ao leitor, ajudando-o a compreender em pro- indiretamente afetado pelo projeto ou ter a habilidade
fundidade o conceito de Processo de Planejamento, um de inluenciar o mesmo posiiva ou negaivamente.[6,7,8]
elemento indispensável para o esboço e implementação Os interessados em um Processo de Planejamento de
bem sucedidos de um Plano Diretor de GIRS. Gestão de Resíduos podem desempenhar um papel mui-
As questões analisadas nesta subseção são as seguintes: to importante (Ver Box 16), inluenciando signiicaiva-
• O Escopo de um Plano Diretor mente todo o procedimento, portanto, sua ideniicação
• Horizonte Temporal do Plano e integração precoces no processo de planejamento é
• Interessados no processo de Planejamento indispensável.
• O papel do setor informal A ideniicação do interessado é de grande importância
• Consciência do público e comunicação e é destacada pelo fato de não haver um padrão certo
• Ideniicação e Priorização de necessidades para deini-lo. Além disso, eles diferem de lugar a lugar.
• Impacto Ambiental de um Plano Diretor Então, eles precisam ser ideniicados no contexto local
• Cronograma de um Plano Diretor e, frequentemente, também agrupados de acordo com
• Relacionamento com outros Planos seus interesses para que se possa fazê-los concordar em
cooperar para um objeivo comum, que é o de melhorar
O Escopo de um Plano Diretor o sistema de gestão de resíduos. [7]
Embora muitos interessados tenham interesses di-
Um Plano Diretor, para ser efeivo, deve dar respostas ferentes (econômicos, inluência políica, status social,
a três perguntas fundamentais: etc.) e desempenhem papéis diferentes, eles podem
1. Quais são os ipos e quanidades de resíduos nas cooperar para um interesse comum e formar “alianças”.
áreas geográicas estudadas?; [9,10] Este ipo de “aliança” entre diferentes atores na
2. Quais são as necessidades e prioridades do sistema gestão de resíduos pode ser deinido como ‘relaciona-
de GIRS atual?; mentos estabelecidos entre dois ou mais atores diferen-
3. Quais devem ser os objeivos especíicos do Plano de tes, tendo o objeivo de obter beneício mútuo através
GIRS? (conforme esipulados pela legislação ou de acor- das aividades de gestão de resíduos (sem assumir a
do com as prioridades e condições especíicas locais.) igualdade no poder de barganha, porque a inluência e
importância dos atores podem variar). [11,12,13]
Horizonte Temporal do Plano
Box 16: Interessados na gestão de resíduos e alguns dos
Outro elemento importante do Plano de Gestão Inte- papéis que podem desempenhar
grada de Resíduos Sólidos é o horizonte temporal para o
qual ele é concebido. Existem vários fatores que afetam São vários os interessados aivos na gestão de resíduos e
o horizonte temporal de um plano, um dos quais é a área podem incluir as autoridades locais, estaduais e nacionais,
de cobertura. Mais especiicamente, um Plano Diretor empresas privadas formais de coleta de resíduos (empre-
nacional deve ser concebido para uma implementação sas de grande escala e empresas registradas de pequena
de longo prazo, para garanir um intervalo de tempo ló- escala), associações comerciais, operadores de instala-
gico para avaliar as medidas implementadas, enquanto ções de compostagem e de biogás, agricultores, catadores
que Planos para áreas geográicas menores devem ser de resíduos, coletores e compradores informais de resídu-
mais “lexíveis” e corresponder às necessidades imedia- os, comerciantes de materiais, recicladores, usuários do
serviço (moradores, estabelecimentos comerciais, etc.),
tas do sistema de gestão de resíduos. Além disso, outro
ONGs, OBCs (Organizações Comunitárias), insituições re-
fator que afeta o horizonte temporal de um Plano Dire- ligiosas, universidades, bancos, etc.[12]
tor são as medidas que ele propõe para implementação, Além disso, o envolvimento dos interessados pode ter
uma vez que há medidas que requerem implementa- várias formas. Por exemplo, o envolvimento das comu-
ção imediata, enquanto que outras devem ser projeta- nidades locais dos países em desenvolvimento no plane-
das para implementação de longo prazo, respondendo jamento e na implementação não signiica que os mora-
à evolução das caracterísicas do sistema de gestão de dores são usados como mão de obra barata. Eles podem
resíduos. Entretanto, independentemente do horizonte desempenhar vários papéis, como:[11,14,15,16,17]
temporal de um Plano Diretor, sugere-se que ele seja re-
visado a intervalos regulares, normalmente de 3-5 anos. • Moradores – colocar os resíduos adequadamente para
coleta, separação na fonte;
• Líderes comunitários – paricipação no desenvolvi-
Interessados no processo de Planejamento mento de projeto de um sistema de gestão de resíduos;
• Trabalhadores – realização do serviço operacional;
O Interessado é deinido como uma pessoa, grupo, • Cidadão – pressão nas autoridades municipais para
insituição ou organização que tem um interesse na ai- que os serviços sejam oferecidos com qualidade;
vidade ou no projeto. O interessado pode ser direta ou
Visão geral do planejamento da GIRS 28

to como depreciaivo e tem sido rejeitado por muitos


• Membros da comunidade – paricipação em muirões
dos que fazem este trabalho), catador de sobras, recu-
de limpeza;
• Clientes – pagamento pelos serviços de gestão dos re- perador, reciclador, salvador de objetos, catador de lixo,
síduos; coletor de resíduos e outros, normalmente dependendo
• Inspetores – monitoramento e supervisão da opera- do ipo de material que coletam. [21]
ção dos serviços; Independentemente do nome que recebem ou como
• Comerciantes/Intermediários - compra, seleção e ven- gostariam de ser chamados, o setor de coleta informal
da de materiais; pode ser dividido em cinco ipos de aividades e papéis: [22]
• Atacadistas – normalmente especializados em um • Catadores de rua: coletam materiais que já foram
material, que agregam materiais e o prensam para um descartados pelas residências. Em alguns casos, os ca-
transporte mais eiciente e venda às indústrias transfor- tadores de rua extraem materiais das lixeiras das resi-
madoras;
dências, rasgando sacos e/ou pegando reuilizáveis ou
• Empresas de reciclagem – processamento de reciclá-
veis em matéria prima intermediária para a indústria; outros materiais que esperam pela coleta formal. Em ou-
• Órgãos do governo - responsáveis por um ou mais luxos; tros casos, os catadores de rua removem materiais das
• Reguladores – deinição dos regramentos operacio- caçambas de lixo ou dos containers comunitários ou de
nais, de qualidade e relação entre as partes. locais secundários de coleta.
• Compradores iinerantes de resíduos (CIRs): movi-
mentam-se ao longo de uma rota e coletam recicláveis
Uma vez ideniicados os interessados relevantes, é das residências (ou negócios).
muito importante mobilizá-los para paricipar do pro- • Catadores de lixo: trabalham e normalmente tam-
cesso de planejamento, não apenas expressando sua bém vivem nos lixões e vasculham os resíduos quando
opinião ou reclamação quando alguns de seus privilé- são ali dispostos.
gios são afetados, mas chamando-os a desempenhar um • Catadores de caminhões: são membros informais
papel aivo através da coleta e fornecimento de dados das equipes de coleta de resíduos do setor formal que
quando necessário, dando contribuições às decisões, po- andam nos caminhões. Eles inspecionam os resíduos
rém mais especiicamente atuando como um mecanis- quando são carregados no caminhão e separam os itens
mo de autocorreção e avisando o resto dos paricipantes valiosos para venda. Algumas vezes, os catadores de ca-
do processo de planejamento no caso de um grupo de minhão são de fato membros pagos da equipe de traba-
interesse em paricular tentar arruinar ou irar vantagem lho do setor formal, mas também podem ser forasteiros
dos procedimentos.[18] Além disso, as responsabilidades que ganharam o direito de trabalhar junto com a equipe.
de cada interessado devem ser claras e bem deinidas, • Prestadores Informais de Serviço: oferecem serviços
para evitar a duplicação de trabalho. não registrados e não permiidos de coleta de resíduos.
Este ipo de serviço de coleta pode incluir a coleta de
O envolvimento de vários interessados no processo de resíduos mistos também e é um fenômeno comum em
planejamento tem o objeivo de garanir pelo menos a áreas com falta de infraestrutura.
aceitação e na melhor das hipóteses o apoio aivo à po- O setor informal cria um dilema importante para a po-
líica de resíduos em geral e contribuição para o alcance líica dos governos municipais. A presença de grandes
de seus objeivos.[19] comunidades de pessoas que obtêm seu sustento dos
resíduos, frequentemente em terríveis condições sani-
O Papel do Setor Informal tárias, pode ser um constrangimento para os políicos
em uma cidade que evolui rapidamente. Em algumas ci-
O setor informal é um interessado comum nos países dades do mundo e, especialmente, em cidades ricas da
em desenvolvimento. Esta subseção tem o objeivo de Ásia, o trabalho de compradores iinerantes de resídu-
descrever o papel do setor informal na GIRS e nos proce- os está sendo restringido, algumas vezes ao ponto de se
dimentos de planejamento. Entretanto, seu papel e suas tornar ilegal, em uma tentaiva de evitar a perturbação
ações serão futuramente analisados nas partes de Status visual e a ameaça sanitária.[23] Em outras ocasiões, o se-
e de Planejamento. tor informal é normalmente ignorado ou tratado como
Em muitas cidades ao redor do mundo, e especial- invisível. Entretanto, relatórios recentes mencionam que
mente naqueles que se desenvolvem rapidamente, um o setor informal começou a se organizar, não apenas em
número considerável de pessoas obtêm seu sustento e nível local, mas também global. A formação de grupos
o de suas famílias recuperando materiais reuilizáveis e ou conselhos que protegem os direitos do setor infor-
recicláveis do que é jogado fora. [20, 21] mal é um fato que coninua crescendo, especialmente na
Existem muitos termos diferentes para se referir a eles, América Laina e Ásia. Deste modo, já foi mostrado seu
alguns deles são scavenger (revirador de lixo) (que é vis- tamanho considerável – o Banco Mundial esima que 1%
da população mundial, ou seja, 50 milhões de pessoas[21],
Visão geral do planejamento da GIRS 29

ganham sua vida a parir destas aividades – e que áreas de um Plano Diretor de GIRS são posiivos já que o escopo
com um setor informal “forte” e compeiivo não devem inicial de um Plano de GIRS é modernizar o atual sistema
ser ignoradas quando são realizados os procedimentos de gestão de resíduos. Por outro lado, a manutenção da
de planejamento, mas devem ser integradas ao processo situação corrente (linha base) e a ausência de um plane-
de planejamento para alcançar resultados sustentáveis. jamento efeivo de GIRS podem causar efeitos adversos.
Além disso, deve-se ter em mente que um importante As consequências associadas a uma GIRS não sustentá-
desaio da gestão de resíduos nos países em desenvolvi- vel são diíceis de quaniicar. Entretanto, os impactos am-
mento é como melhor trabalhar com o setor informal de bientais podem ser ideniicados por vários indicadores
reciclagem existente para melhorar as vidas, condições tais como as mudanças em: índices de reciclagem, valores
de trabalho e a eiciência da reciclagem. [20, 21] O Box 17 dos poluentes especíicos, taxas pagas, índices de desvio,
apresenta algumas estaísicas sobre os números do se- etc. Mais indicadores são descritos no Box 18 a seguir.
tor informal ao redor do mundo.
Box 18: Diretiva Europeia de Avaliação Ambiental Estra-
tégica (AAE)
Box 17: Catadores de resíduos em número ao redor do
mundo [24] As consequências potenciais de uma GIRS não susten-
tável podem ser ideniicadas para incluir os seguintes in-
Existem milhões de catadores de resíduos em todo o dicadores:
mundo, mas existem poucas informações socioeconômicas • Efeitos de longo prazo de poluentes que entram nos
e estaísicas coniáveis. Um estudo de 1988 do Banco Mun- recursos supericiais e subterrâneos, ar e solo, afetando a
dial esimou que os catadores de resíduos de certos países adequação para uso e a disponibilidade de recursos para
correspondiam a 1-2 por cento da população. Um estudo o uso. Mais especiicamente:
mais recente na Índia esimou que o número de catadores - Poluição de cursos de água e do lençol freáico
naquele país era de 1,5 milhão de pessoas, principalmente pela lixiviação dos poluentes dos resíduos dispostos
mulheres, e aqueles de grupos socialmente marginalizados inadequadamente, ou onde a prestação de serviços
(Chaturvedi 2010). Existem aproximadamente 18.000 reci- de gestão de resíduos é inadequada, paricularmen-
cladores em Bogotá, Colômbia; 15.000 classiicadores em te evidente em densos assentamentos informais ur-
Montevidéo, Uruguai, e 9.000 cartoneros em Buenos Aires, banos.
Argenina. No Brasil, a única nação que coleta sistemaica- - Poluição atmosférica pelo pó liberado de depósi-
mente e relata dados estaísicos oiciais sobre catadores de tos de resíduos minerais, mas também de locais com
resíduos, eles são esimados em 229.568 [25] resíduos gerais e perigosos (produção de gás meta-
no) e incineradores de resíduos.
- Incômodo dos odores da degradação dos resíduos
Consciência do Público & Comunicação em aterros, resíduos desigurando o meio ambiente,
especialmente sacos de plásico e lixo no chão onde a
A consciência do público e a comunicação parecem ser prestação de serviços de coleta é limitada.
pontos críicos no esboço de um Plano Diretor de GIRS, - Redução da diversidade biológica em áreas de
isto porque o Planejamento deve ter a aprovação do pú- operações de gestão de resíduos, como resultado da
blico, uma vez que ele é que implementará o Plano e de- perturbação do solo ou dos efeitos das emissões e
descargas a parir das instalações gerenciamento de
terminará, em grande medida, seu sucesso ou fracasso.
resíduos.
Por esta razão, é importante que as autoridades informem • Maior custo da gestão de resíduos para oferecer locais
o público sobre a realização dos procedimentos, tendo, de disposição seguros e efeivos, a longo prazo, para as
em primeiro lugar, uma primeira visão de suas reações, quanidades crescentes de resíduos, incluindo tratamen-
mas também preparando simultaneamente a implemen- to dos resíduos para torná-los menos disponíveis no meio
tação do Plano. Adicionalmente, deste modo, ica garani- ambiente e fechamento efeivo e recuperação de locais de
da a transparência dos procedimentos e as reações após a disposição historicamente inadequados.
conclusão do Plano Diretor são minimizadas. • Aumento da pressão devido aos impactos sociais ne-
gaivos da prestação inadequada de serviços que esimula
a disposição ilegal de resíduos, jogar lixo no chão e ocupa-
Impactos Ambientais de um Plano Diretor
ção de espaços abertos com resíduos.
• Aumento dos riscos à saúde e ambientais associados a
Considerando o fato de que um Plano Diretor de Ges- serviços de coleta e disposição de resíduos inadequados, e
tão de Resíduos é desenvolvido para proteger a saúde catação informal em unidades de disposição.
pública e o meio ambiente dos riscos que a gestão de • A pobreza encoraja a catação nos lixões para busca de
resíduos ineiciente ou inexistente pode causar, é muito recicláveis, materiais de refugo, combusíveis e alimentos.
importante ideniicar os efeitos ambientais da imple- • Menor valor recreaivo da terra e dos recursos hídricos
mentação de um Plano Diretor. devido a serviços de disposição de resíduos inadequados.
Normalmente, os efeitos ambientais da implementação • Redução do turismo e dos invesimentos devido às im-
Visão geral do planejamento da GIRS 30

pressões negaivas do resíduo jogado em todos os lugares, relevantes. Para ideniicar efeitos adversos não previstos
disposição ilegal de resíduos e a percepção de uma gestão em um estágio inicial, os efeitos ambientais signiicaivos do
ineiciente dos resíduos gerais e perigosos. plano ou programa devem ser monitorados.
• Riscos ambientais uma vez que vários locais de dis- Para mais informações, por favor, consulte o seguinte link na In-
posição não atendem as Exigências Ambientais Mínimas, ternet: htp://ec.europa.eu/environment/eia/sea-legalcontext.htm
e precisam ser modernizados para atender às especiica-
ções, ou fechados e recuperados.
Fonte:http://www.environment.gov.za/soer/reports/gau-
Cronograma de um Plano Diretor
teng/Chapter%209%20Waste%20Management.pdf
O cronograma de um Plano descreve a duração das di-
ferentes etapas e diz o momento em que o Plano deve
Neste senido, a Europa promulgou uma Direiva da ser concluído. O cronograma deve levar seriamente em
Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) (2001) que força os consideração todas as etapas do Planejamento e, espe-
Estados Membros a realizar um procedimento de triagem cialmente, o período de consultas públicas, que é consi-
para determinar se os planos/programas podem ter efei- derado longo.
tos ambientais signiicaivos. Se exisirem efeitos signiica- O tempo para a conclusão de um Plano de Gestão de Re-
ivos, uma AAE é necessária (Ver Box 19). síduos pode variar de acordo com sua urgência, a disponi-
bilidade de informações necessárias e a profundidade do
Box 19: Diretiva Europeia da Avaliação Ambiental Es- projeto. Mais especiicamente, se apenas o planejamento
tratégica (AAE) estratégico for necessário, ele pode levar 3 meses; entre-
tanto, se são necessárias reuniões ou outros procedimen-
A Direiva da Avaliação Ambiental Estratégica é aplicável tos de planejamento, todo o processo de planejamento
a uma ampla variedade de planos e programas públicos deve durar mais tempo, até 18 ou mesmo 24 meses.
(por exemplo, uso do solo, transportes, energia, resíduos,
agricultura, etc.) e não se refere a políicas. Ela está em vi- Relacionamento com outros Planos
gor desde 2001 e deve ter sido subsituída em 2004.
Os planos e programas no senido da Direiva AAE devem As quanidades de resíduos coninuam a crescer e a ges-
ser preparados ou adotados por uma autoridade (ao nível tão de resíduos está ser tornando cada vez mais complexa,
nacional, regional ou local) e ser exigidos por disposições e a necessidade de Planos de Gestão de Resíduos é vital.
legislaivas, regulatórias ou administraivas.
Entretanto, para que sua implementação seja bem suce-
Uma AAE é obrigatória para planos/programas que:
• São preparados para agricultura, relorestamento, dida, eles devem estar em conformidade com os demais
pesca, energia, indústria, transportes, gestão de resíduos Planos. Os Planos que podem estar diretamente relacio-
/ água, telecomunicações, turismo, planejamento ou uso nados com os Planos de Gestão de Resíduos são:
do solo urbano & rural e que estabelecem a estrutura para • Planos Ambientais;
consenso para o desenvolvimento futuro de projetos lista- • Planos de Saneamento;
dos na Direiva da AIA. • Planos Energéicos,
ou • Planos de Saúde,
• Foi determinado que precisariam de uma avaliação nos • Planos Espaciais.
termos da Direiva de Habitats.
O procedimento da AAE pode ser resumido a seguir: um
relatório ambiental é preparado onde os efeitos signiicai-
vos prováveis no meio ambiente e as alternaivas razoáveis
do plano ou programa proposto são ideniicadas. O públi-
co e as autoridades ambientais são informados e consul-
tados sobre o esboço do plano ou programa e o relatório
ambiental é preparado. Com relação a planos e programas
que provavelmente terão efeitos signiicaivos no meio am-
biente em outro Estado Membro, o Estado Membro no qual
o plano ou programa está sendo preparado deve consultar
o outro Estado(s) Membro(s). Nesta questão, a Direiva da
AAE segue a abordagem geral adotada pelo Protocolo AAE
da Convenção UNECE sobre Avaliação de Impacto Ambien-
tal em um Contexto Transfronteiriço.
O relatório ambiental e os resultados das consultas são
levados em conta antes da adoção. Quando o plano ou pro-
grama é adotado, as autoridades ambientais e o público
são informados e são disponibilizadas a eles informações
Visão geral do planejamento da GIRS 31

Referências
Recomendamos a todos os leitores a visitar a base de conhecimentos da ISWA (htp://www.iswa.org/en/525/kno-
wledge_base.html), que contém mais de mil arigos, apresentações e estudos técnicos, muitos dos quais foram ui-
lizados como fonte para a elaboração deste documento. Indicaivamente, são propostos os seguintes para estudo:

1. UNEP, 2009, ‘Integrated Solid Waste Management Plan- Training Manual’, Vol.4: ISWM Plans.
2. Department of Environmental Afairs and Tourism, 2000, ‘Starter Document for Integrated Waste Management
Planning in South Africa-Guideline Document-Final Drat’, as applied in the Programme for the Implementaion of the
Naional Waste Management Strategy.
3. ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM-User Guide to STEP 2-Dedining the baseline’.
4. ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM-User Guide to STEP 4-Idenify and evaluaing opions’.
5. ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM-User Guide to STEP 1-Mobilizing the Planning Process’.
6. World Bank Group, 2007, ‘Stakeholder Engagement: A Good Pracice Handbook for Companies Doing Business
in Emerging Markets’.
7. Anschütz, J., IJgosse, J. & A., Scheinberg, 2004, ‘Puing Integrated Sustainable Waste Management into Pracice –
Using the ISWM Assessment methodology – ISWM Methodology’ as applied in the UWEP PlusProgramme (2001-2003)
8. World Bank SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM (Drat Planning Guide)’, Annex 1.1
9. Moreno, J.A., Rios, F.R. & I., Lardinois, 1999, ‘Solid Waste Management in Lain America: the Role of Micro- and
Small Enterprises and Co-operaives’, IPES/ACEPESA/WASTE, Urban Waste Series no. 5.
10. Anschutz, J.M., 1996, ‘Community-based Solid Waste Management and Water Supply Projects: Problems and
Soluions Compared’ A survey of the literature, UWEP Working Document no. 2. Gouda, WASTE.
11. Klundert, Ar. & Jusine Anschütz, 2001, ‘Integrated Sustainable Waste Management - the Concept – Tools for
Decision-makers – Experiences from the Urban Waste Experise Programme (1995-2001)’.
12. Klundert, Ar. & Jusine Anschütz, 2000, ‘The Sustainability of Alliances Between Stakeholders in Waste Management’,
Working paper for UWEP/CWG, available at: htp://www.gdrc.org/uem/waste/ISWM.pdf, accessed 24th October 2011
13. Grafakos, S. & I. S. A., Baud, 1999, ‘Alliances in Urban Environmental Management: a Search for Indicators and
Contribuions to Sustainability-Drat Synthesis Report’, Amsterdam.
14. Muller,M. & L., Hofman, 2001, ‘Community Partnerships in Integrated Sustainable Waste Management, Tools
for Decision-makers’, experiences from the Urban Waste Experise Programme (1995 – 2001)”.
15. Moreno, J.A., Rios, F.R. & I., Lardinois, 1999, ‘Solid Waste Management in Lain America: the Role of Micro- and
Small Enterprises and Co-operaives’, IPES/ACEPESA/WASTE. Urban Waste Series no. 5.
16. Anschutz, J.M., 1996, ‘Community-based Solid Waste Management and Water Supply Projects: Problems and
Soluions Compared. A Survey of the Literature’,UWEP Working Document no. 2. Gouda, WASTE.
17. UNEP, 2009, ‘Integrated Solid Waste Management Plan-Training Manual’, Vol. 3: Targets and Issues of Concern for ISWM.
18. UNEP, 2009, ‘Integrated Solid Waste Management Plan-Training Manual’, Vol. 1.
19. European Commission & Environment DG, 2003, ‘Preparing a Waste Management Plan - A methodological
guidance note’.
20. United Naions Environmental Program (UNEP), 2004, ‘Waste Management Planning - An Environmentally
Sound Approach for Sustainable Urban Waste Management - An Introductory Guide for Decision-makers’, Division of
Technology, Industry and Economics.
21. 2008 ‘Refusing to be Cast Aside: Waste Pickers Organising Around the World’, Edited by Melanie Samson,
22. Scheinberg,A., Simpson,M. & Dr. Y.,Gupt, 2006, ‘Puing the Informal Sector into the Solid Waste Picture -- Good
for All Stakeholders’, available at: htp://www.iswa.org/uploads/tx_iswaknowledgebase/618384_Paper.pdf, acces-
sed 5th November 2011.
23. Taylor, D.C, 1999, ‘Mobilizing Resources to Collect Municipal Solid Waste: Illustraive East Asian Case Studies’,
Waste Management and Research.
24. htp://wiego.org/informal-economy/occupaional-groups/waste-pickers, accessed 10th November 2011
25. htp://wiego.org/sites/wiego.org/iles/resources/iles/Fact-Sheet-Waste-Pickers-Brazil.pdf, accessed 10th No-
vember 2011
Tendências da política global
em Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos
Tendências da política global em GIRS 33

Tendências da Política de GIRS na UE de humana através da prevenção dos efeitos danosos da


geração de resíduos e da gestão de resíduos,
A Estrutura Europeia da Política de Resíduos Além disso, a legislação e a políica dos resíduos para os
Estados Membros da UE são aplicáveis, como ordem de
Aproximadamente 2 bilhões de toneladas de resíduos prioridade, na seguinte hierarquia de gestão de resíduos:
são gerados na UE todos os anos, e as quanidades de
resíduos estão crescendo consideravelmente. Com rela- Figura 8: Hierarquia da gestão de resíduos na Legisla-
ção a isto, várias Direivas foram incorporadas à políica ção da UE [2]
europeia de resíduos (Ver Figura 7), deinindo objeivos
e metas especíicos para limitar a geração de resíduos
Produto (não resíduo) Prevenção
e oimizar a organização do tratamento e disposição de
resíduos entre os Estados-Membros da UE.
A Direiva de Resíduos 2008/98/EC é o principal instru- Resíduo Preparação para reuso
mento legislaivo que deine os princípios UE quanto aos
resíduos e introduz os instrumentos básicos da políica
Reciclagem
para a implementação destes princípios.

Figura 7: Legislação Europeia da Gestão de Resíduos [1] Recuperação

Estratégias Comunitárias de Resíduos


Disposição
Com (96)399, 30 de julho de 1996,
Com (2005)666, 21 de dezembro de 2005

Legislação sobre a Estrutura

Direiva da Estrutura dos Resíduos Regulamento sobre o transporte


A Direiva introduz o “princípio de poluidor pagador” e
2008/98/EC subsituindo
75/442/EEC & 31/156/EEC
de resíduos
1013/2006/EC
a “responsabilidade estendida do produtor”. Ela incorpora
disposições sobre resíduos perigosos e óleos residuais, e
Operação do Tratamento de Resíduos inclui duas novas metas de reciclagem e recuperação a se-
rem alcançadas em 2020: 50% de reuso e reciclagem para
Incineração Aterro
certos resíduos domiciliares e similares, e 70% de reuso,
Incineração dos resíduos
2000/76/EC
Aterro de resíduos
1999/31/EC
reciclagem e outro ipo de recuperação para resíduos de
construção e demolição. A Direiva exige que os Estados
Obrigações de reciclagem para fluxos específicos de resíduos Membros adotem planos de gestão de resíduos e progra-
mas de prevenção de resíduos.
Direiva da
Outras direivas importantes da UE relacionadas com re-
síduos são apresentadas no Box 20.
Estrutura dos
Resíduos Placas de
Óleos Lodo do Embalagens Veículos no (REEE)
2008/98/EC Bateria circuito
residuais Esgoto 94/62/EC, fim da vida 2002/96/EC,
Resíduos 2006/66/EC impresso
75/439/EEC 75/439/EEC 2004/12/EC 2000/53/EC 2002/95/EC
domésicos, 96/59/EC
construção &
demolição
Box 20: Diretivas da União Europeia 1999/31/EC,
200/53/EU, 2002/96/EU, 94/62 EU
A Direiva da Estrutura de Resíduos
Todos os Estados Membros da UE e da Área Econômica A Direiva da EU sobre Aterros (1999/31/EC) obriga os
países a reduzir a quanidade de resíduos urbanos biode-
Europeia (Islândia, Liechtenstein e Noruega) estão sub-
gradáveis (RUB) que são levados ao aterro. A Direiva im-
meidos aos princípios e metas introduzidos pela Direi-
pôs metas para o aterro de resíduos biodegradáveis com
va de Resíduos 2008/98/EC do Parlamento e do Conse- base em quanidades comparaivas de 1995. As metas
lho Europeu de 19 de novembro de 2008. foram deinidas para 2006, 2009 e 2016 para a redução
A Direiva 2008/98/EC deine os conceitos e deinições deste luxo de resíduos.
básicos relacionados com a gestão de resíduos, tais como
deinições de resíduos, reciclagem e recuperação. Ela ex- Direiva da UE (2000/53/EU) sobre Veículos no Fim-da-
plica quando o resíduo deixa de ser resíduo e se torna -Vida (VFV)
matéria prima secundária (em inglês é usado o termo A Direiva da UE sobre Veículos no Fim-da-Vida
“end-of-waste criteria”), e como disinguir entre resídu- (2000/53/EC) foi introduzida em 2000. Esta Direiva esi-
pula que o mantenedor/proprietário do carro deve levá-
os e derivados. Esta Direiva estabelece a estrutura legal
-lo até uma instalação de tratamento, sem custo, para que
para o tratamento dos resíduos dentro da Comunidade.
possa ser reciclado e disposto de maneira ambientalmen-
Ela tem o objeivo de proteger o meio ambiente e a saú-
Tendências da política global em GIRS 34

Desvio dos Resíduos do Aterro: O desvio dos resíduos


te sustentável. Além disso, os produtores devem fazer es-
do aterro é um elemento importante da políica da UE
forços para reduzir a quanidade de materiais perigosos
uilizados na produção de veículos de modo a permiir que para a melhoria do uso dos recursos e redução dos impac-
sejam facilmente desmontados. tos ambientais da gestão de resíduos. Em paricular, em
conformidade com a Direiva 1999/31/EC sobre aterros
Direiva UE (2002/96/EU) sobre Resíduos de Equipa- de resíduos, os Estados Membros são obrigados a deinir
mentos Eletro-eletrônicos (REEE) estratégias nacionais para a redução da quanidade de re-
O objeivo desta Direiva (2002/96/EC) é aumentar as síduos urbanos biodegradáveis que vão para o aterro.
taxas de recuperação dos itens de resíduo/sucata e reduzir Várias novas disposições foram introduzidas na direiva
as quanidades deste luxo de resíduos levados ao aterro. de resíduos 2008/98/EC também para reduzir a disposição
Os produtores de REEE são responsáveis pela recuperação em aterros. As questões chave são a introdução de metas
do equipamento no im-da-vida, tais como computadores,
quanitaivas na reciclagem de materiais selecionados dos
televisões, aspiradores de pó, etc., considerados resíduos
prioritários pela UE. A Direiva inclui uma meta de um mí- resíduos de residências e de outras origens, e dos resíduos
nimo de 4kg de REEE a ser coletado por habitante por ano da construção e demolição. Além disso, ela bane certos
até 2006. ipos de resíduos, tais como pneus usados, nos aterros.

Direiva UE 94/62/EU sobre Embalagens & Resíduos de


Embalagens Áustria, Holanda, Bélgica, Suécia, Dinamarca e Alema-
Esta Direiva tem o objeivo de harmonizar as medidas nha já alcançaram a meta de Redução dos Resíduos Ur-
nacionais para prevenir ou reduzir o impacto das emba- banos Biodegradáveis (RUB) da Direiva dos Aterros para
lagens e dos resíduos de embalagens no meio ambiente 2016. A França alcançou a sua meta para 2009, e a Itália
e garanir o funcionamento do Mercado Interno. Ele con- e a Finlândia alcançaram a meta para 2006. A Grécia, o
tém disposições sobre a prevenção de resíduos de emba- Reino Unido e os UE-10 devem alcançar, até 2010, a pri-
lagens, reuso de embalagens e recuperação e reciclagem meira meta de redução, porque os países que mandaram
de resíduos de embalagens. Em 2005, a Direiva foi revi- para os aterros mais de 80 por cento dos RUB gerados
sada novamente para permiir que períodos de transição em 1995 podem obter uma prorrogação de quatro anos.
para os novos Estados Membros alcançarem as metas de
recuperação e reciclagem.

Mais informações sobre a legislação de resíduos da UE são Além disso, a Comissão Europeia publicou um green
fornecidas no site da Comissão Europeia: htp://ec.europa.eu/. paper sobre a gestão de resíduos orgânicos na UE. Ele
deine várias opções para melhorar a gestão de resíduos
orgânicos, incluindo normas para compostos, medidas
Princípios dos Resíduos da UE especíicas de prevenção de resíduos orgâncios e metas
A abordagem da União Europeia para a gestão de resí- mais rígidas para os resíduos urbanos biodegradáveis en-
duos é baseada nos seguintes princípios básicos [3]: viados aos aterros.
Prevenção de resíduos: Este é um fator chave da assim Sempre que possível, os resíduos que não podem ser re-
chamada hierarquia dos resíduos. A redução da quanida- ciclados ou reuilizados devem ser incinerados com segu-
de de resíduos gerada na fonte e a redução do conteúdo rança, com o aterro apenas sendo usado como úlimo re-
perigoso dos resíduos automaicamente simpliica sua curso. Ambos os métodos exigem monitoramento rigoroso
disposição. A prevenção de resíduos está inimamente por causa de seu potencial de causar danos ambientais.
vinculada à melhoria dos métodos de fabricação e à inlu- Pensar no ciclo de vida é um novo elemento da nova
ência dos consumidores exigindo produtos mais ecológi- políica de resíduos da UE que inclui avaliações dos im-
cos e menos embalagens. pactos dos resíduos e do uso de recursos naturais no meio
Reciclagem & reuso: Se os resíduos não podem ser evi- ambiente e na saúde humana. De acordo com esta abor-
tados, a maior quanidade de materiais possível deve ser dagem, as políicas de resíduos devem contribuir para a
recuperada, preferivelmente através da reciclagem. A Co- eco-eiciência e para o uso sustentável dos recursos.
missão Europeia deiniu vários ‘luxos de resíduos’ especí- Entretanto, a tradicional hierarquia dos resíduos tam-
icos para receber atenção prioritária, com o objeivo de bém permanecerá como um princípio orientador por
reduzir o impacto ambiental global. Isto inclui resíduos de trás da gestão de resíduos. [4]
embalagens, veículos no inal da vida, baterias, resíduos
eletroeletrônicos. As direivas da UE agora exigem que
os Estados Membros introduzam legislação sobre coleta, Os resíduos de um homem podem facilmente se tornar
reuso, reciclagem e disposição destes luxos de resíduos. material valioso para outro homem, ou uma fonte úil de
Vários países da UE já estão conseguindo reciclar mais de energia.
50% os resíduos de embalagens.
Tendências da política global em GIRS 35

Instrumentos Básicos (Políica Chave) cuperação de materiais, reduzindo assim a necessidade


Para cumprir os princípios acima, os seguintes instru- de consumo de material primário. [5]
mentos foram desenvolvidos e são muito uilizados en- A Figura 9 apresenta a variação dos índices de recicla-
tre os Estados Membros da UE: gem dos resíduos urbanos em 2006 nos países da UE.
• Padrões Mínimos de Reciclagem & Introdução de es- Na Figura 9, a cor varia de verde escuro a vermelho
quemas de reciclagem escuro e indica uma grande variação dos índices de
• Impostos sobre resíduos reciclagem entre os países. Entretanto, apenas sete
• Banimento da disposição em aterro/incineração de países têm um índice de reciclagem superior a 50%. A
ipos especíicos de resíduos maioria dos países recicla menos de 35% dos seus re-
• Responsabilidade Estendida do Produtor síduos totais gerados. Ao que parece, os países com os
• Pagar-pelo-Descarte níveis mais altos estão situados na parte central da Eu-
ropa, enquanto que países na periferia têm os níveis
Padrões Mínimos de Reciclagem mais baixos de reciclagem. Deve ser destacado que a
Vários países atualmente uilizam uma políica de pa- comparação da reciclagem total de resíduos deve ser
drões mínimos de reciclagem para residências, comércio vista com cautela, já que, ao que parece, tipos dife-
e indústria, e para os resíduos de construção e demoli- rentes de resíduos estão incluídos no relatório da Eu-
ção. As políicas mínimas de reciclagem exigem a coleta rostat. [1]
seleiva de vários materiais.
Na UE, a implementação de tais padrões de reciclagem Impostos sobre Resíduos
está incluída no Arigo 3 da Direiva 2006/12/EC, que es- Impostos sobre os resíduos são aplicados tanto no ater-
peciica que os Estados Membros devem adotar as medi- ro, como para incineração. Eles são geralmente deinidos
das apropriadas para a recuperação de resíduos através com base no peso do material enviado para a instalação,
da reciclagem, reuso ou recuperação. mas alguns impostos, especialmente aqueles para inci-
Além da nova Direiva da Estrutura dos Resíduos, o uso neração, são agora concebidos com a intenção de tratar
de padrões mínimos de reciclagem também foi concebi- do nível de emissões atmosféricas de maneira direta.
do para atender as metas esipuladas em várias Direivas Dos dois principais ipos de impostos aplicados, os im-
da UE mais especíicas, a saber, Direiva dos Aterros, Di- postos dos aterros são os mais amplamente uilizados.
reiva das Embalagens, Direiva das Baterias e Acumu- O principal objeivo destas medidas iscais é desencora-
ladores, Direiva dos Resíduos de Equipamentos Eletro jar a gestão de resíduos através de processos que geram
Eletronicos e Direiva VFV (Ver Figura 10). níveis signiicaivos de poluição ambiental, assim pro-
Áustria, Bélgica, Dinamarca, Inglaterra, Alemanha e movendo a prevenção e o reuso, reciclagem e tecnolo-
Itália são alguns dos países europeus que uilizam os gias alternaivas residuais. Além disso, eles podem ser
padrões mínimos de reciclagem. Estes padrões variam implementados para forçar os operadores dos aterros a
quanto ao ipo e número de materiais que devem ser modernizar a tecnologia e aumentar as medidas para re-
separados na fonte, como são coletados e inanciados. dução da poluição. [5]
Os padrões mínimos de reciclagem nestes países foram
implementados para empurrar os resíduos para cima na Banimento da Disposição em Aterros
hierarquia, para longe dos aterros e para aumentar a re- Todos os países europeus devem implementar o bani-
mento e restrições à disposição de resíduos em aterros,
Figura 9: Tendências na reciclagem de resíduos urba- com resultado da Direiva dos Aterros. Isto torna ilegal
nos em 2006 na UE [1] dispor no aterro o seguinte: [5]
• Pneus inteiros e picotados;
• Resíduos líquidos;
• Resíduos que são explosivos, corrosivos, oxidantes,
inlamáveis ou infecciosos; e
• Resíduos que não foram pré-tratados.

A Figura 10 apresenta os impostos sobre aterro e inci-


neração, assim como o banimento de aterros aplicado
nos países da UE em anos anteriores. Além disso, a Figu-
ra 11 apresenta o modo como os banimentos e as restri-
ções aos aterros forçaram Estados Membros especíicos
na UE a deixar os aterros de lado e a implementar outras
tecnologias de tratamento de resíduos.
Tendências da política global em GIRS 36

Figura 10: Resumo de Medidas pela Abordagem da Política (GRS) [5]

Imposto do Aterro Imposto da Incineração Banimento dos Aterros


Proporção do Imposto (RSU Proporção do Imposto (RSU (Ano de Anúncio) Ano
País Ano de Implementação Ano de Implementação Escopo do Banimento
€/tonelada) €/tonelada) de Implementação
Biodegradabilidade & outros
1996 7 2004
critérios
ustria 1989 87/26*

Biodegradabilidade & resíduos


Finlândia 1996 30 2005***
compostáveis
Biodegradabilidade & outros
Alemanha 2001
critérios
Hungria 2000
Biodegradabilidade & outros
Itália 1996 26* 2003/2007
critérios
Resíduos não separados;
Resíduos separados e não
separados para recuperação;
Bélgica - Flandres 1987 60 7 2005 Fração residual combustível da
separação;
Resíduos adequados para
incineração.
Bélgica - Valônia 50 3 2004 Vários
Dinamarca 1987 9 1993 44 1997 Resíduos combustíveis
França 1992 9.15 2002 Fluxos de Resíduos Finais'
Vários, inclusive resíduos
Holanda 1996 85 1996
domésticos
A partir de meados de
Noruega 1999 40 Baseado em Poluentes
2009
2002 Resíduos combustíveis; Resíduos
Suécia 2000 43 2006 49
2006 orgânicos
Espanha -
2003 10 2008 5 Nenhum
Catalunha

Figura 11: Resumo dos resultados nos países, mostrando a porcentagem das tecnologias de tratamento antes e
após a introdução do banimento/iniciativas de restrição dos aterros [7]
Porcentagem do  Áustria Flanders Alemanha Holanda Suécia
Tratamento
1999 2006 1997 2007 2000 2006 2005 2006 2001 2007

Aterro 29 4 25 3 27 1 35 10 23 4

Incineração 6 24 25 25 22 24 25 38 38 47

Recuperação Material 34 35 27 45 36 45 28 37

Tratamento Biológico 15 17 20 23 15 17 40 R 51 R 10 12


15 18 1 1 RU 8 TR
Outros
MBT MBT RU 2 MBT 5 OTR

Notas: R = recuperação, TR = recuperação térmica, MBT = tratamento mecânico biológico, OTR = outros pré-tratamentos, RU = reuso. Datas
“Antes” da Áustria são de fato 1-2 anos após a introdução inicial dos banimentos, devido à falta de dados antes destas datas, portanto, para
estes países o efeito dos banimentos pode ter sido ligeiramente mais signiicaivo que o aqui apresentado.

Um exemplo do banimento de um Aterro na Irlanda é


O governo introduziu um imposto de €15 por tonelada
ilustrado no Box 21.
de resíduos no aterro em 1 de junho de 2002, nos ter-
mos dos Regulamentos de Gestão de Resíduos (Imposto
Box 21: Imposto do Aterro – Irlanda [5] do Aterro) de 2002. Em 1 de julho de 2008, o imposto do
aterro foi aumentado para €20 por tonelada de resíduos
A Irlanda tem várias metas a serem alcançadas em rela-
dispostos em aterros autorizados.
ção à gestão de resíduos. A meta de desviar 50% dos resí-
duos domésicos do aterro em 2013 permanece distante,
com apenas cerca de 26% recuperados na Irlanda em 2007, Responsabilidade Estendida do Produtor
embora isto tenha crescido em relação aos 22% em 2006.
A responsabilidade estendida do produtor (REP), com
O custo relaivamente baixo do aterro na Irlanda contri-
buiu para uma coniança excessiva nesta opção de gestão base no princípio do “poluidor pagador”, torna os fabri-
de resíduos, miigando as outras opções de recuperação cantes responsáveis por todo o ciclo de vida dos produtos
de resíduos, mais desejáveis. Um instrumento usado para e embalagens que produzem. Um objeivo das políicas
combater isto foi a introdução do imposto do aterro. de REP é internalizar os custos ambientais dos produtos
nos seus preços. Outro objeivo é transferir o ônus eco-
Tendências da política global em GIRS 37

nômico de administrar os produtos que alcançaram o i- cobrança de resíduos e dicas úteis sobre eles.
nal de sua vida úil do governo local e dos contribuintes
para os produtores e consumidores do produto. [8]
A REP pode tomar a forma de um programa de reuso, Box 23: Dicas sobre sistemas de cobrança dos resíduos
compra de retornáveis ou reciclagem, ou na produção de Os sistemas de cobrança de resíduos são ferramentas
energia a parir dos materiais dos resíduos. O produtor úteis para evitar a produção de resíduos, para aumentar a
também pode escolher delegar esta responsabilidade a reciclagem e para minimizar a quanidade de resíduos que
um terceiro, a assim chamada organização de responsabi- termina na lixeira de úmidos. Entretanto, apesar das van-
lidade do produtor (Ver Box 22), que é pago pelo produtor tagens acima, os sistemas de cobrança de resíduos podem
para administrar os produtos usados. Deste modo, a REP ter uma desvantagem signiicaiva, a disposição ilegal. Foi
transfere a responsabilidade pelos resíduos do governo observado que em áreas que introduziram o sistema de co-
para o setor privado, obrigando produtores, importadores brança de resíduos, os cidadãos, para evitar seu pagamento,
e/ou vendedores a internalizar os custos da gestão de re- jogavam os resíduos nas estradas ou nas lixeiras de outras
pessoas. Deste modo, a autoridade pública deve monitorar
síduos nos preços de seus produtos e garanir o manuseio
todo o sistema e punir os infratores, para garanir um fun-
sustentável e seguro dos resíduos de seus produtos. [9] cionamento adequado do sistema. Um modo de garanir
isso é as pessoas trazerem seus resíduos para contêiners de
Box 22: Exemplo para organizações de responsabilidade coleta comunitária localizados em espaços abertos fora de
do produtor na UE suas ediicações, como acontece em Seul. Deste modo, o
descumprimento pode ser facilmente visualizado.
Um bom exemplo para organizações de responsabilida- Outro elemento importante que as autoridades devem
de do produtor são as organizações membro da PRO EU- ter em mente é que alguns sistemas de cobrança podem
ROPE. A PRO EUROPE s.p.r.l (PACKAGING RECOVERY OR- ser preferíveis para áreas especíicas e para luxos especí-
GANISATION EUROPE), fundada em 1995, é a organização icos de resíduos ou para pessoas especíicas. Um exem-
guarda-chuva para os esquemas de recuperação e recicla- plo do úlimo, é a região Metropolitana de Tóquio, que
gem de embalagens & resíduos de embalagens da Europa permite seus distritos individuais determinar seu próprio
que se impuseram a tarefa de liberar as empresas indus- sistema e algumas cidades suburbanas escolheram imple-
triais e estabelecimentos comerciais de sua obrigação in- mentar a cobrança de resíduos com base na quanidade
dividual de coletar de volta embalagens usadas através da através da exigência de saco especíico.*
operação de um esquema que cumpre estas obrigações As razões que afetam a adequabilidade dos sistemas de
em base nacional em nome das empresas membro [9] cobrança podem ser a frequência da coleta, o ipo de re-
ceptáculos, a densidade das construções ou a densidade ou
umidades dos resíduos, etc. Entretanto, o conceito de todos
Pagar-pelo-descarte os sistemas de cobrança (‘Usuário Pagador’, ‘Cobrança de
O pagamento pelos resíduos (normalmente denominado Taxa Diferencial e Variável (TDV), ‘Pagar-Conforme-Descar-
ta’ (PCD) ou ‘Pagar-por-peso’) é o mesmo: Os usuários têm
por uma variedade de ítulos incluindo ‘Usuário Pagador’,
que pagar uma taxa pela prestação dos serviços:
‘Cobrança de Taxa Diferencial e Variável (TDV), ‘Pagar-Con- Sistemas de cobrança ‘Usuário Pagador’ e ‘Pagar con-
forme-Descarta’ (PCD) ou ‘Pagar-por Peso’), é uma aborda- forme descarta’: os usuários são cobrados pela coleta dos
gem através da qual um negócio ou indivíduo está sujeito resíduos sólidos urbanos – lixo comum domésico – com
ao pagamento de uma tarifa que está relacionada com al- base na quanidade descartada. A maioria das comunida-
guma medida quanitaiva dos resíduos postos para coleta. des com este sistema de cobrança cobra de seus mora-
O governo nacional tem a autoridade de esipular em dores uma taxa por cada saco ou lata de lixo que geram.
lei os direitos e responsabilidades das autoridades lo- Estes programas parecem ser simples e justos. Quanto
cais ou dos municípios responsáveis pela organização da menos os indivíduos descartarem, menos eles pagarão.**
Gestão dos Resíduos Sólidos. Normalmente, isto permi- Sistema de cobrança ‘Taxa Diferencial e Variável’ (TDV): o
princípio de cobrança é o mesmo do sistema de pagamento
te (por exemplo, na Alemanha, Itália, Irlanda) ou proíbe
conforme descarta. Entretanto, para este sistema, as taxas
(por exemplo na Inglaterra) as autoridades locais de co- diferem dependendo do luxo de resíduos, isto é, recicláveis
brar por serviços de resíduos domésicos. Normalmente, podem ser menos taxados que os resíduos misturados.
ica a cargo das autoridades deinir como os sistemas de Sistema de cobrança ‘Pagar-pelo-peso’: a taxa do usuário
cobrança são operados em nível local. [5] depende diretamente do peso dos resíduos que entrega.
Existem várias moivações para a introdução dos es- * htp://www.epd.gov.hk/epd/msw_consult/ile/MSW_ENG_ch6.pdf
quemas de cobrança. Elas incluem a recuperação de cus- ** htp://www.epa.gov/epawaste/conserve/tools/payt/index.htm
tos, criação de um incenivo econômico para reduzir os
resíduos e/ou a criação de um incenivo econômico para naIntervenções
Política & Desempenho da Reciclagem na UE
reciclar ou recuperar os resíduos, bem como a melhoria O Box 24 apresenta um resumo das intervenções dos
da coleta de dados e a eiciência da logísica de coleta. instrumentos das políicas, descritas anteriormente, no
O Box 23 a seguir apresenta o papel dos sistemas de desempenho da reciclagem na UE.
Tendências da política global em GIRS 38

Box 24: Intervenções da Política & Desempenho da Reci-


clagem na UE [6]

O trabalho da CTE/CPS (Centro Tópico Europeu em Con-


sumo e Produções Sustentáveis) sobre ‘Políicas Europeias
de Reciclagem em relação à reciclagem atual alcançadas’
chegou às seguintes conclusões com relação à interven-
ção da políica & desempenho da reciclagem alcançados
para cinco luxos de resíduos especíicos.

Resíduos
de embalagens:
• A deinição de metas de reciclagem mais altas tendem
a levar a melhores resultados
• Ordens especíicas por material, como papel, ao invés
das embalagens, tendem a contribuir para o alcance de
melhores resultados para a reciclagem de embalagens de
papel;

Resíduos de Equipamentos Eletro-Eletrônicos (REEE)


• A maioria dos países que alcançaram uma maior taxa
de coleta de REEE tem as seguintes caracterísicas: 1)
maior experiências na coleta de REEE, e 2) envolvimento
dos municípios e, em grande medida, dos distribuidores
nas aividades de coleta.

Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB)


• Banimento dos RUB dos aterros e medidas para me-
lhorar a coleta seleiva de resíduos de papel são as inter-
venções mais comuns realizadas pelos países que conse-
guiram um alto nível de reciclagem de RUB;
• Metas de desvio do aterro são normalmente vistas em
países com menor desempenho;
• Um terço dos países usa medidas para melhorar a co-
leta de resíduos de jardim e cozinha e a quanidade reci-
htp://amoreiori.iles.wordpress.com/2009/12/recycling_illustraion.jpg
clada per capita é geralmente alta nesses países.

Resíduos de Demolição & Construção


• Taxação do aterro é um esímulo forte;
• Taxação do aterro em combinação com outras iniciaivas,
tais como separação na fonte, metas especíicas de recicla-
gem e banimento do aterro são um esímulo ainda maior
• O uso obrigatório da separação na fonte parece ser um
esímulo forte em países que não usam a taxarão do aterro
• Alguns países têm normas para o uso de resíduos reci-
clados da construção e demolição
Tendências da política global em GIRS 39

Tendências da Política de GIRS na 2. Melhorar o mercado – Mercados australianos ei-


cientes e efeivos que operam com resíduos e recursos
Austrália [10,11,12] recuperados, com tecnologia e inovação locais sendo
Os governos australianos têm um longo histórico de procurados internacionalmente.
colaboração na políica e nas ações relacionadas com 3. Buscar a sustentabilidade – Menos resíduos e uso
resíduos. A primeira abordagem domésica abrangente melhorado dos mesmos para a obtenção de beneícios
para os resíduos foi acordada nos termos da Estratégia ambientais, sociais e econômicos mais amplos.
Nacional de 1992 para o Desenvolvimento Ecologica- 4. Reduzir o perigo e o risco – Redução de conteúdo
mente Sustentável elaborado pelo Conselho de Gover- potencialmente perigoso nos resíduos com a recupera-
nos Australianos. Como parte da Estratégia Nacional ção, manuseio e disposição de resíduos de maneira con-
para o Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável fo- sistente, segura e responsável.
ram acordados uma abordagem nacional e dois objeivos 5. Elaborar soluções especíicas – Maior capacidade
para a minimização e gestão de resíduos: nas comunidades regionais, remotas e indígenas para
Melhorar a eiciência com a qual os recursos são uiliza- gerir os resíduos e recuperar e reuilizar os recursos.
dos e reduzir o impacto no meio ambiente da disposição 6. Fornecer a evidência – Acesso pelos tomadores de
de resíduos, além de melhorar a gestão de resíduos peri- decisão a dados e informações signiicaivas, precisas e
gosos, evitar sua geração e tratar de questões de limpeza. atuais sobre resíduos e recuperação de recursos em nível
Entretanto, a geração de resíduos coninuou a crescer, nacional para medir o progresso e educar e informar o
e foram aumentados os esforços de reciclagem e reuso comportamento e as escolhas da comunidade.
para acompanhar este crescimento. A geração de resídu- A políica contém dezesseis estratégias e o papel das
os cresceu em 31 por cento chegando a 43,8 milhões de jurisdições relevantes:
toneladas no período 2002-03 a 2006-07. A geração de 1. Legislação sobre a estrutura de administração de
resíduos perigosos (conforme deinidos nos termos da produtos para permiir que os impactos de um produto
Convenção da Basiléia) dobrou de 0,64 milhões de tone- sejam geridos com responsabilidade durante e ao inal
ladas para 1,19 milhões de toneladas por ano no período de sua vida úil. (Governo Australiano).
de 2002-03 a 2006-07 e agora parece ter se estabilizado. 2. Princípios e práicas sustentáveis de aquisição nas
A recuperação de recursos a parir dos resíduos cresceu operações do governo. (Jurisdições Individuais).
neste período para 22,7 milhões de toneladas. 3. Melhor gestão de embalagens. (Colaboração).
Em novembro de 2009, os ministros do meio ambiente 4. Deinição e sistema de classiicação nacional para
da Austrália, através do Conselho de Proteção do Meio resíduos (incluindo resíduos perigosos e de serviços de
Ambiente e do Patrimônio, endossaram a nova Políica saúde) que se alinhem com as convenções internacio-
Nacional de Resíduos: ‘Menos Resíduos, Mais Recur- nais e tenham disposições para itens que deixaram de
sos’. Esta nova políica deine a orientação da gestão de ser classiicados como resíduos. (Colaboração).
resíduos e da recuperação de recursos da Austrália para 5. Princípios, especiicações, diretrizes de boas práicas
2020, e objeiva: e normas nacionais para remover os impedimentos para
• evitar a geração de resíduos, reduzir a quanidade de mercados efeivos de resíduos em potencial. (Colaboração).
resíduos (incluindo resíduos perigosos) para disposição 6. Acesso a conhecimento e experise em aquisição e
• gerir os resíduos como um recurso práicas comerciais sustentáveis. (Colaboração).
• garanir que o tratamento, disposição, recuperação e 7. Foco conínuo do governo para reduzir a quanidade
reuso dos resíduos sejam realizados de maneira segura, de material biodegradável enviado ao aterro. (Estados e
cieníica e ambientalmente adequada, e territórios individualmente).
• contribuir para a redução das emissões de gases do 8. Gestão de riscos à segurança e à saúde resultantes
efeito estufa, conservação e produção de energia, eici- das emissões de gás nos aterros. (Estados e territórios
ência da água e produividade da terra. individualmente).
A políica deine orientações em seis áreas principais 9. Estratégia para as emissões dos aterros e de outras
e ideniica 16 estratégias prioritárias que se beneicia- aividades de resíduos não cobertas pela operação do
riam de uma abordagem nacional e coordenada. Estas futuro Esquema de Redução da Poluição por Carbono.
estratégias enfocarão o trabalho em jurisdições indivi- (Governo Australiano lidera a colaboração).
duais, construído sobre as orientações atuais, e comple- 10. Melhorias na prevenção de resíduos e reuso de
mentarão a aividade existente. materiais no luxo comercial e industrial de resíduos. (Es-
As seis áreas principais são: tado e território lideram a colaboração).
1. Assumir a responsabilidade – Responsabilidade 11. Esímulo conínuo do governo para a gestão de resí-
comparilhada pela redução das pegadas ambiental e de duos com boas práicas e recuperação de recursos nos pro-
saúde e segurança dos produtos e materiais no luxo de jetos de construção e demolição. (Jurisdições Individuais).
fabricação-fornecimento-consumo e no inal-da-vida. 12. Responsabilidade para cumprir obrigações interna-
Tendências da política global em GIRS 40

cionais; redução dos materiais que entram no luxo de Hoje em dia, o arcabouço legal da gestão de resídu-
resíduos; disposição e movimentação de resíduos trans- os no Japão é baseado na Lei de Gestão de Resíduos e
fronteiriços de maneira ambientalmente adequada em de Limpeza, que é regularmente revisada desde 1970,
instalações apropriadas. (Governo Australiano lidera a na ‘Lei de Promoção da Efeiva Uilização de Recursos’-
colaboração). promulgada em 1991, na Lei Fundamental do Ciclo de
13. Adoção de um sistema que se alinhe com as abor- Materiais, promulgada em 2000 e em várias outras leis,
dagens internacionais para redução de substâncias peri- com relação a luxos especíicos de resíduos, promulga-
gosas em produtos e arigos vendidos na Austrália. (Go- das desde os anos 1990.
verno Australiano lidera a colaboração). A Figura 12 apresenta uma compreensão básica do ar-
14. Ideniicação de ações para a capacitação e para cabouço legal dos resíduos no Japão de hoje.
a garania de que um conjunto apropriado de serviços
esteja disponível para as comunidades regionais e remo- Figura 12: Arcabouço legal básico dos resíduos no Japão
tas. (Estados e territórios individualmente).
Lei Fundamental para o estabelecimento
15. Auditoria da infraestrutura de resíduos existente e de
“Sociedade com Ciclo de Material Efeivo”
da capacidade local em comunidades indígenas remotas
selecionadas como parte da auditoria dos serviços es-
senciais nos termos da Parceria Habitacional Indígena
Nacional do Conselho do Governo Australiano (COAG). Lei para Uilização Efeiva Lei da Gestão de Resíduos
16. Publicação de um relatório trienal de resíduos e de de Recursos
recuperação de recursos, apoiado por um sistema que
fornece acesso aos dados centrais nacionais e integrados Lei da Reciclagem de Embalagens
Lei da Reciclagem de Aparelhos Eletrônicos
sobre resíduos e recuperação de recursos. (Governo Aus- Lei da Reciclagem dos Resíduos da Construção
traliano lidera a colaboração). Lei da Reciclagem de Resíduos Alimentares
Lei da Reciclagem de VFV
Lei de Promoção de Compras Ecológicas

Tendências da Política de GIRS no


Japão Promoção da iniciativa dos 3Rs

A legislação Japonesa sobre Gestão de Desde 2000, o Japão tem adotado uma abordagem
mais pró-aiva na gestão de resíduos. Em paricular, as
Resíduos ao longo do tempo
cidades japonesas e as autoridades provinciais têm fo-
cado na redução dos resíduos sólidos encaminhados aos
Sem dúvida, o Japão é um dos países líderes no mundo
aterros. Isto, obviamente, é em resposta à falta de espa-
em relação a tecnologias e práicas de gestão de resídu-
ço acessível disponível, à crescente produção de resídu-
os. O Japão compreendeu muito cedo que a gestão apro-
os, à crescente complexidade e perigo dos resíduos e aos
priada dos resíduos é eiciente e bem sucedida apenas
limitados recursos naturais.
quando apoiada pelo arcabouço legal apropriado. Este
Como consequência, o Japão começou a andar em
fato levou o Japão a se tornar pioneiro, não apenas na
direção ao fortalecimento da Políica dos 3Rs (Reduzir,
Ásia, mas também em nível global. Como resultado, a
Reuilizar, Reciclar), que é descrita no Box 25, encarando
primeira tarefa legislaiva foi realizada em 1954, com o
os resíduos não apenas como coisas descartadas, mas
estabelecimento da Lei de Limpeza Pública, que inha o
como recursos valiosos.
objeivo de proteger e melhorar a saúde pública através
Sua abordagem se baseia principalmente em quatro
da disposição sanitária dos resíduos e da limpeza do am-
fatores principais: 1) progressos tecnológicos em incine-
biente de convívio. Entretanto, o rápido crescimento eco-
ração, 2) progressos tecnológicos em reciclagem de plás-
nômico da economia japonesa levou a muitas mudanças
icos, 3) Rotulagem abrangente das embalagens do luxo
na vida do povo e nas quanidades e ipos de resíduos
de reciclagem da produção e 4) ampla paricipação dos
produzidos. Estas mudanças tornaram óbvia a necessida-
consumidores e residências na reciclagem e na separa-
de de uma mudança no arcabouço legal do país, uma vez
ção de materiais dos resíduos.
que a Lei de Limpeza Pública não era suiciente para lidar
com as quanidades e ipos de resíduos crescentes. Este Box 25: A Política dos 3Rs
fato levou, em 1970, à revogação da lei acima menciona-
da e ao estabelecimento da Lei de Gestão de Resíduos O conceito dos “3Rs” se refere à reduzir, reuilizar e reci-
(hoje em dia conhecida como a Lei de Gestão de Resídu- clar, paricularmente no contexto da produção e do consu-
mo. Ele apela para o aumento na proporção dos materiais
os e de Limpeza), compreendendo o primeiro passo em
recicláveis, maior reuso de matérias primas e de resíduos
direção ao estabelecimento do atual sistema de gestão
do processo fabril e redução global nos recursos e na ener-
de resíduos.
Tendências da política global em GIRS 41

De acordo com o arigo 12 da Lei Fundamental [16], uma


gia uilizados. Estas ideias são aplicadas em todos os ciclos
de vida dos produtos e serviços – do projeto e extração de “Sociedade com Ciclo de Materiais eiciente é deinida
matéria prima ao transporte, fabricação, uso, desmonta- como a sociedade onde o consumo de recursos naturais
gem / reuso e disposição.[13] é minimizado e a carga ambiental é reduzida o máximo
possível, através da restrição aos produtos se tornarem
resíduos, promovendo a reciclagem apropriada dos pro-
Neste senido, a recuperação de recursos a parir dos dutos quando se tornam recursos recicláveis e garanin-
resíduos tem ganho importância no Japão, que está se do a disposição apropriada dos recursos recicláveis não
tornando um líder na promoção desse conceito global- reciclados”.
mente. Mais especiicamente, o primeiro ministro japo- O Box 27 apresenta os princípios básicos descritos na
nês, em 2004, propôs à Cúpula do G8 a ‘Iniciaiva dos Lei Fundamental.
3Rs’, que foi adotada pelos líderes do G8. A iniciaiva
encoraja os membros do G8 a promover os 3Rs interna-
cionalmente e a delinear diretrizes futuras para as abor- Box 27: Princípios fornecidos pela Lei Fundamental Ja-
dagens dos 3Rs.[14] ponesa
Deste modo, o Japão está consistentemente imple- Os Princípios da Gestão de Resíduos fornecidos pela Lei
mentando abordagens em direção ao estabelecimento Fundamental são:
de uma “Sociedade com um Ciclo de Materiais eiciente 1. Redução na fonte ou prevenção de resíduos
(SMS)” com “recursos circulantes (RCs)”. 2. Reuso
Culturalmente, a abordagem dos 3Rs relete o espírito 3. Reciclagem
de ‘motainai’ no Japão, um termo que transmite o senso 4. Recuperação de energia
5. Disposição apropriada
de arrependimento pelos recursos que se transformam
Note-se que sempre que seja ambientalmente benéico
em resíduos sem alcançar sua uilidade total. O termo foi e economicamente viável, eles devem ser adotados na
revivido em 2005 para conscienizar sobre os 3Rs. O Box ordem apresentada.
26 apresenta uma explicação do termo. Considerando o acima, ica conirmada a importância
dada ao conceito de 3Rs, com relação à Gestão de Resí-
Box 26: O Conceito tradicional de ‘Mottainai’ no Japão[15] duos no Japão.

É diícil traduzir “Motainai” para o português. Existem


várias traduções ou explicações, tais como: Mais especiicamente, a Lei Fundamental deine prio-
- “Que desperdício!” ridades para medidas que garantam um ciclo apropriado
- “Não desperdice o que tem valor” do material: (1) restrição à geração, (2) reuso, (3) rege-
- “É uma vergonha algo ir para o lixo sem ter sido feito neração, (4) recuperação de calor e (5) adequada dispo-
uso do seu potencial total” sição de resíduos.
A seguir, exemplos do uso de Motainai. Estabelecida em 2003, com base na Lei Fundamental,
1. Quando as crianças deixam comida no prato, os pais o Primeiro Plano Fundamental buscou alcançar estes ob-
dizem “Motainai. Você deveria comer isso” ou “Se você jeivos através da deinição de dois ipos de indicadores:
não comer isso, o fantasma do “Motainai” vai vir aqui”.
indicadores de luxo de material, que foram concebidos
2. Quando a luz está acesa em um cômodo onde não há
ninguém, “Motainai. Que desperdício. A luz deveria estar
para averiguar o luxo total dos bens na economia e na
apagada.” sociedade para garanir um Ciclo de Material apropria-
do; e índices de esforço, que foram concebidos para mo-
nitorar o progresso das medidas e esforços realizados
No diz respeito à parte legislaiva, a políica japonesa pelas enidades para o estabelecimento de uma socie-
dos 3Rs está atualmente descrita dentro do atual arcabou- dade SMS. [17]
ço legal (Ver Figura 13 abaixo), com a lei mais fundamental As metas foram revisadas no Plano 2 em 2010. As metas
sendo a Lei que estabelece uma Sociedade com um Ciclo numéricas deinidas são apresentadas nos Boxes 28 & 29.
de Materiais eiciente conforme descrito a seguir.
Box 28: Indicadores Baseados no Fluxo do Material –
A Lei Fundamental do Ciclo dos Materiais Metas que ajudam a alcançar uma “Sociedade com Ci-
clo de Material eficiente” no Japão [18,19]
A Lei Fundamental do Ciclo dos Materiais é uma das
leis mais novas e básicas com relação à Gestão dos Resí- Entrada: “Produividade dos Recursos”: é deinida
duos no Japão. A lei foi promulgada em 2000 e seu ob- como a proporção da entrada dos recursos naturais e si-
jeivo básico é estabelecer uma Sociedade com Ciclo de milares no PIB. Este índice representa o quão efeivamen-
te os materiais são uilizados pelas indústrias e nas vidas
Materiais eiciente, apresentando os princípios de como
das pessoas. Como meta, icou deinido alcançar uma pro-
a Gestão Japonesa dos Resíduos deve ser conduzida.
Tendências da política global em GIRS 42

duividade de recursos de 420 mil ienes/ton no Exercício


Fiscal de 2015 (60% de aumento em relação ao exercício
de 2000)
Ciclo: “Taxa de Uso Cíclico”: é deinida como a propor-
ção da quanidade de uso cíclico em relação à soma do
montante de uso cíclico e do insumo de recursos naturais
e similares. Como meta, icou deinido aumentar este ín-
dice a 14-15% em 2015 (aumento de 40-50% em relação
a 2010).
Saída: “Quanidade de Disposição Final”: A meta é re-
duzir os resíduos enviados aos aterros de 56 milhões de
toneladas por ano em 2000 para 23 milhões de toneladas
por ano em 2015 (redução de 50%)

Box 29: Indicadores relacionados com o esforço - Metas


que ajudam a alcançar uma “Sociedade com Ciclo de Ma-
terial eficiente” no Japão [18,19]

• Redução dos resíduos sólidos urbanos


• Redução da disposição inal de resíduos industriais
• Redução de aproximadamente 60% desde o Exercício
Fiscal 2000
• Mudanças na consciência e nas ações dos cidadãos
• Consciência: aproximadamente 90% das ações: cerca
de 50% de Promoção de Negócios
• Com Ciclo de Material Eiciente
• Dobro do mercado para negócios com Ciclo de Mate-
rial Eiciente em relação ao exercício iscal 2000

Além disso, o Plano descreveu a cooperação dos interes- Outras Legislações Importantes
sados engajados em suas áreas tais como [20]: O Box 30 apresenta uma breve descrição de Leis espe-
• Prevenção dos Resíduos, cíicas relacionadas com a gestão de resíduos no Japão.
• Uilização dos Recursos da Reciclagem,
• Promoção de Bens Reciclados,
Box 30: Descrição de Leis Japonesas específicas no
• Avaliação antecipada de Produtos Industriais,
Campo da Gestão de Resíduos [21]
• Preservação Ambiental junto à reciclagem e à disposição,
• Assistência Financeira à Prevenção de Resíduos, e 1. Gestão de Resíduos & Limpeza
• Realização e Melhoria das Pesquisas Relacionadas. A Lei classiica os resíduos como municipais ou indus-
A Figura 13 apresenta os valores dos indicadores acima triais e deine as responsabilidades do governo central,
mencionados que foram alcançados desde os anos 1990. municípios e geradores de resíduos.
Além disso, foi a Lei que introduziu a responsabilidade
pelo tratamento dos resíduos gerados através de aivida-
Figura 13: Progresso em direção às metas dos índices [18] des comerciais nos negócios.
Na úlima revisão da Lei, em maio de 2010, vários te-
mas foram levantados. Entre eles: (1) melhor controle da
disposição dos resíduos industriais e (2) reciclagem dos
resíduos gerados pelas empresas japonesas nos países em
desenvolvimento.
2. Lei da Reciclagem de Embalagens
A lei esipula que os produtores de receptáculos e em-
balagens, e os negócios que os uilizam, tais como os pro-
dutores de bebidas, são responsáveis pela reciclagem dos
resíduos dos receptáculos e das embalagens, que são co-
letados seleivamente pelos municípios.
3. Lei de Reciclagem de Aparelhos Eletrônicos
Esta lei obriga os varejistas de aparelhos eletrônicos do-
mésicos (isto é, TVs, aparelhos de ar condicionado, refri-
Tendências da política global em GIRS 43

coloca a responsabilidade pela redução das cargas am-


geradores, máquinas de lavar) a receber de volta os pro-
dutos no inal-da-vida, e os fabricantes a reciclá-los. bientais nos ombros do gerador.
4. Lei de Reciclagem dos Resíduos da Construção O conceito de responsabilidade do gerador de resíduos
Esta lei exige que, ao construir ou demolir ediicações: tem o objeivo de evitar despejo ilegal de lixo e de mini-
a) o proprietário deve noiicar a prefeitura sobre o pla- mizar o impacto ambiental negaivo que já tem ocorrido.
no de seleção e reciclagem de resíduos de construção e
demolição, com antecedência, • “Responsabilidade Estendida do Produtor” (REP)
b) o construtor deve selecionar os resíduos de C&D e O conceito de REP tem o objeivo de mudar a respon-
reciclar os materiais especíicos (isto é, madeira, concre- sabilidade (ísica e/ou economicamente; integral ou par-
to e asfalto), relatando o mesmo ao proprietário. Esta lei cialmente) em direção ao produtor e longe dos municí-
também esipula que os negócios de demolição devem ser
pios e usuários. Além disso, ele oferece incenivos aos
registrados na prefeitura.
5. Lei de Reciclagem de Resíduos Alimentares produtores que incorporam considerações ambientais
Esta lei esipula que: no projeto de seus produtos. Portanto, a REP tem o ob-
a) os negócios que envolvem alimentos devem melhorar jeivo de alcançar:
a redução na fonte e reciclar os resíduos alimentares, 1) Redução na fonte (conservação dos recursos natu-
b) os negócios que envolvem alimentos que promove- rais/conservação dos materiais),
rem a reciclagem e as instalações de reciclagem podem 2) Prevenção dos resíduos,
ser registrados junto ao ministério de agricultura. 3) Projeto de produtos mais ambientalmente compa-
6. Lei de Reciclagem de Veículos no Final-da-Vida íveis, e
Esta lei foi promulgada em julho de 2002, e entrou em 4) Fechamento dos ciclos de uso dos materiais para
vigor em 2004. Os fabricantes de automóveis são obriga-
promover o desenvolvimento sustentável.
dos a reciclar ou dispor dos resíduos de sucata de auto-
móveis (RSAs), air bags e CFCs/HCFCs, vindos dos recicla- Deste modo, a REP oferece uma ferramenta realmen-
dores de automóveis. A taxa deve ser pré-paga por cada te úil aos reguladores para cumprir o esipulado na Lei
consumidor. Fundamental.
7. Lei de Promoção das Compras Ecológicas As tendências acima são muito descritas nas leis japo-
O Governo Nacional, etc., toma a iniciaiva de incenivar nesas. Mais especiicamente, a igura apresenta as leis
a compra de produtos reciclados, etc. japonesas que enfaizam a responsabilidade do produtor
e outras leis que enfaizam a responsabilidade do gera-
O estabelecimento de leis de reciclagem para certas ca- dor de resíduos.
tegorias de resíduos, além de ins de divisão, tem o ob-
jeivo de minimizar a exploração dos recursos naturais e
alcançar um melhor sistema de monitoramento dos proce- Figura 14: Leis japonesas que enfatizam a responsabi-
dimentos de reciclagem dos ipos especíicos de resíduos. lidade dos produtores e a responsabilidade dos gerado-
res de resíduos [23]

Tendências da GIRS no Japão [22] Lei de reciclagem de embalagens


Ênfase na responsabilidade
Lei de reciclagem de aparelhos eletrônicos
A políica japonesa de gestão de resíduos e de recicla- Lei de reciclagem de veículos no final da vida
do produtor
gem segue três tendências principais.
A primeira envolve as responsabilidades dos negócios Lei de reciclagem dos resíduos da construção
Ênfase na responsabilidade
que geram resíduos; a segunda envolve o conceito de Lei da reciclagem de resíduos alimentares
Lei para promoção das compras ecológicas
do gerador dos resíduos
“responsabilidade estendida do produtor (REP)”; a úli-
ma tendência envolve a colaboração entre os interessa-
dos engajados na GR, com base nos sucessos signiicai- • Promoção de medidas municipais para os resíduos, etc.,
vos que têm sido relatados em matérias anteriores (por através da colaboração entre os governos local e central
exemplo, tratamento de dioxinas). Cada interessado desempenha um papel no sistema de
gestão de resíduos e tem certas responsabilidades:
•“Responsabilidade dos negócios que geram resíduos” - O governo central lidera a gestão da formação e re-
Este conceito se baseia no internacionalmente estabe- forma do sistema legal e de outros sistemas nacionais;
lecido “Princípio do Poluidor Pagador (PPP)”. - Os governos locais estão familiarizados com as condi-
Seu objeivo é engajar os negócios que geram resídu- ções atuais em suas comunidades locais, e
os (especialmente resíduos industriais que representam - Os consumidores e os negócios promovem os 3Rs (da
90% de todos os resíduos produzidos) em assumir a res- fabricação do produto à tecnologia de disposição).
ponsabilidade por seu tratamento através de reciclagem, As interações apropriadas entre os interessados po-
disposição inal apropriada, etc. Mais especiicamente, dem levar à remoção dos “obstáculos” e a fornecer so-
ele deine o gerador de resíduos como a origem das car- luções eicientes e sustentáveis para os problemas locais.
gas ambientais resultantes do tratamento dos resíduos e Os reguladores japoneses concluíram que os instru-
Tendências da política global em GIRS 44

mentos acima mencionados – tendências em gestão


de resíduos não são suicientes por si só para alcançar
uma Sociedade com Ciclo de Materiais Eiciente. Por esta
razão, eles combinam as tendências acima com a pro-
moção de vários desenvolvimentos técnicos, tais como
tecnologias de redução, reuso, reciclagem, incineração e
disposição inal, e através de campanhas de conscieni-
zação convidam o povo japonês a adotar um esilo de
vida novo, mais “ecológico”.
Além disso, o objeivo mais recente deinido pelos re-
guladores japoneses com relação à gestão de resíduos
diz respeito à sua relação com as mudanças climáicas
e especialmente com o aquecimento global, com uma
maior atenção à contribuição dada às mudanças climá-
icas (posiiva ou negaiva) pela gestão e tratamento de
resíduos. Os objeivos correspondentes incluem a não
disposição de resíduos biodegradáveis nos aterros (libe-
ração de metano) e a recuperação de energia a parir dos
resíduos. [14]
Tendências da política global em GIRS 45

Referências
Recomendamos a todos os leitores a visitar a base de conhecimentos da ISWA (htp://www.iswa.org/en/525/kno-
wledge_base.html), que contém mais de mil arigos, apresentações e estudos técnicos, muitos dos quais foram ui-
lizados como fonte para a elaboração deste documento. Indicaivamente, são propostos os seguintes para estudo:

1. Tojo, N. , & C. Fischer, 2010, ‘ Europe as a Recycling Society-The European Recycling Map’, ETC/SPC working
paper 5/2010, available at: htp://eea.eionet.europa.eu/Public/irc/eionet-circle/etc_waste/library?l=/european_
recycling/200810_etc-scp-/_EN_1.0_&a=d , accessed 14th November 2011.
2. European commission, Direcive 2008/98/EC on waste available at: htp://ec.europa.eu/environment/waste/
framework/index.htm , accessed 10th November 2011.
3. htp://ec.europa.eu/environment/waste/index.htm
4. Eurostat: Municipal waste recycled. Supplemented with naional Austrian data available at htp://www.eea.
europa.eu/data-and-maps/igures/trends-in-recycling-of-municipal-waste-latest-available-ive-years, accessed 14th
November 2011
5. Eunomia et. al., 2009, ‘Internaional Review of Waste Management Policy: Annexes to Main Report’, available
at: htp://www.environ.ie/en/Publicaions/Environment/Waste/WasteManagement/FileDownLoad,21598,en.pdf,
accessed 13th November 2011.
6. Tojo, N. , & C. Fischer, 2011, ‘ Europe as a Recycling Society-European Recycling Policies in Relaion to the Actual
Recycling Achieved’, ETC/SPC working paper, available at: htp://scp.eionet.europa.eu/wp/ETCSCP%202per2011, ac-
cessed 14th November 2011.
7. Landill bans and restricions in the EU and US A Green Alliance project for Defra (ref WR1202) Execuive
Summary Summary Evidence Review (inal submission August 2009) htp://randd.defra.gov.uk/Document.
aspx?Document=WR1202_8231_FRP.pdf
8. htp://www.ilsr.org/recycling/epr/index.html accessed 14th November 2011
9. htp://en. Wikipedia.org/wiki/Extended_producer_responsibility
10. Australian Government, Department of the Environment Water, Heritage and the Arts, 2011, ‘Naional Waste
Policy: Managing Waste to 2020-Consultaion Paper’ available at: htp://www.environment.gov.au/setlements/wa-
ste/publicaions/pubs/fs-naional-waste-policy.pdf accessed 10th November 2011.
11. Australian Government, Department of the Environment Water, Heritage and the Arts, 2011, ‘Naional Waste
Policy: Less Waste More Resources-Fact Sheet’ available at: htp://www.environment.gov.au/wastepolicy/consulta-
ion/pubs/nwp-consultaion-paper.pdf accessed 10th November 2011.
12. Australian Government, Department of the Environment Water, Heritage and the Arts, 2011, ‘Naional Waste
Policy: Less Waste More Resources-Implementaion Plan 2010’ available at: htp://www.ephc.gov.au/sites/default/
iles/WasteMgt__Naional_Waste_Policy_Implementaion_Plan_Final_201007.pdf accessed 15th November 2011.
13. htp://www.gdrc.org/uem/waste/3r-minimizaion.html, accessed 10th November 2011
14. Hezri, A.A. & Insitute for Environment and Development (Lestari), ‘Toward 3R-Based Waste Management: Po-
licy Change in Japan, Malaysia and the Philippines,’ Universii Kebangsaan, Malaysia, available at: htp://www.eria.
org/pdf/research/y2009/no10/Ch11_3R.pdf, accessed 15th November 2011
15. Kozima, M., Insitute of Developing Economies, JETRO, ‘Secion III C: 3R Policy & “Montainai” Concept in Japan’,
available at : htp://www.greengrowth.org/download/GGPD_CD_resources_for_website/SECTION_III_%20C_%20.
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16. Environment Agency, ‘The Basic Law for Establishing the Recycling-based Society, (Tentaive translaion) Law
No.110 of 2000’, J a p a n, available at: htp://www.env.go.jp/recycle/low-e.html, accessed 15th November 2011
17. Government of Japan, 2008, ‘Fundamental Plan for Establishing a Sound Material-Cycle Society (Tentaive
Translaion by Ministry of Environment) ’, Japan, available at: htp://www.env.go.jp/en/recycle/smcs/2nd-f_plan.pdf,
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18. Ministry of Environment, 2010, ‘Country Presentaion’, Japan, available at: htp://www.uncrd.or.jp/env/3r_02/
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19. Central Environment Council of Japan, 2010, ‘Results of the Second Progress Evaluaion of the Second Funda-
mental Plan for Establishing a Sound Material-Cycle Society, available at: htp://www.env.go.jp/en/recycle/smcs/2nd-
-f_plan-result2.pdf, accessed 14th November 2011.
20. Heck, P., 2006, ‘Circular Economy related internaional pracices and policy trends: Current situaion and prac-
ices on sustainable producion and consumpion and internaional Circular Economy development policy summary
and analysis’ , IfaS, Environmental Campus Birkenfeld, available at: htp://siteresources.worldbank.org/INTEAPREG-
Tendências da política global em GIRS 46

TOPENVIRONMENT/Resources/CircularEconomy_Policy_FinalDrat_EN.pdf, accessed 15th November 2011.


21. Environment Agency, ‘The challenge to establish the Recycling-based Society-The Basic Law for Establishing
the Recycling-based Society Enacted’, available at: htp://www.env.go.jp/recycle/panf/ig/e-guide.pdf, accessed 15th
November 2011.
22. Ministry of the Environment, Government of Japan, 2006, ‘Sweeping policy reform towards a “Sound Material-
-Cycle Society” Staring from Japan and spreading over the enire globe: The “3R” loop connecing Japan with other
countries’, available at: htp://www.env.go.jp/recycle/3r/en/approach/report_material-cycle/2006.pdf, accessed
15th November 2011.
23. Kojina, M., Insitute of Developing Economies, 2011, ‘Case from Asia: Expanding role of private sectors in waste
management & recycling business towards realizing sound material cycle society’ Presentaion at the CSD Interces-
sional Conference on Building Partnerships for moving towards Zero Waste, February 16-18 2011, Tokyo, available at:
htp://www.uncrd.or.jp/env/spc/docs/plenary1/PS1-b%20JETRO_Kojima.pdf, accessed 15th November 2011.
Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos no Brasil
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Brasil 48

Histórico disposta, a quanidade de dinheiro aplicada nos serviços


de limpeza urbana, etc.
Algumas poucas palavras sobre a Gestão dos
Resíduos Sólidos no Brasil [1] Panorama dos Resíduos Sólidos [1]

A gestão dos resíduos sólidos parece ser um dos proble- A estrutura do panorama foi feita de acordo com a ques-
mas emergentes da sociedade moderna. A medida que tão que está sendo analisada em cada subseção. As ques-
o tempo passa, as quanidades de resíduos produzidas tões analisadas estão divididas em Resíduos Sólidos Urba-
tornam-se cada vez maiores, tendo como consequência nos (RSU), Limpeza Urbana, Coleta Seleiva e Reciclagem,
o aumento das quanidades de resíduos que terminam além de Outros Fluxos.
nas unidades de desinação, muitas vezes inadequadas.
Até recentemente, o Brasil estava na posição descrita Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)
acima. Foi apenas em 2 de agosto de 2010 que o Brasil es- Os RSU contemplam um luxo básico de resíduos para
tabeleceu sua Políica Nacional de Resíduos Sólidos. Deste todos os países ao redor do mundo.
modo, o país deiniu bases sólidas para planejar e imple- As iguras 15-17 a seguir têm o objeivo de apresentar
mentar uma Gestão apropriada dos Resíduos Sólidos. ao leitor uma visão geral relacionada com a geração, cole-
O conteúdo da Lei No 12.305/2010 parece ter levado ta e disposição de RSU no Brasil no ano de 2011.
em consideração seriamente todas as práicas no estado A Figura 15 apresenta informações relaivas à geração
da arte relacionadas com a gestão dos resíduos sólidos, no Brasile per capita de RSU. Pode-se observar que existe
entre outras: uma tendência expressiva de aumento na geração de RSU,
• Não geração; mas não tão grande quanto a que foi veriicada no ano an-
• Redução dos resíduos gerados; terior. A Figura 16 mostra dados relacionados com a coleta
• Melhor uilização dos produtos – reuso sempre que geral e per capita de RSU no Brasil, novamente mostrando
possível; uma tendência expressiva, no entanto deixando mais de 6
• Separação das frações e processamento dos resíduos milhões de toneladas de resíduos sem coleta. A Figura 17
em usinas de reciclagem; apresenta dados sobre a disposição inal de RSU, onde se
• Adoção de ações para recuperar a energia conida pode observar um aumento na porcentagem dos resídu-
nos resíduos quando a reciclagem não for possível; e os que são adequadamente dispostos, sem, no entanto,
• Tratamento e disposição de resíduos com a melhor ignorar que a quanidade de resíduos que é inadequada-
tecnologia disponível, com custo acessível à população mente disposta ainda é grande.
a ser atendida.
Além do acima mencionado, a políica brasileira para Figura 15: Geração geral e per capita de RSU no Brasil,
os Resíduos Sólidos ideniica o desenvolvimento dos para os anos 2010 e 2011
Planos de Gestão dos Resíduos Sólidos, em todos os ní- Geração de RSU
veis – incluindo Nacional e Estadual -, como a principal (t/ano)
preocupação. A principal razão para esta ação é que os 60.868.080 61.936.368
Planos de Gestão dos Resíduos Sólidos integram os ele-
mentos acima, oferecendo um plano bem construído
para a implementação, exame de todas as soluções dis-
poníveis e escolha da mais preferível, tanto em termos
de aceitação social quanto de viabilidade econômica.

1,8%
É o governo federal assim como os governos estadu-
ais
que têm que oferecer uma políica clara de incenivos 2010 2011
e esímulos para os municípios, que por sua vez devem
buscar soluções conjuntas e regionalizadas, através de Geração de RSU per capita
consórcios públicos [1] (kg/hab/ano)

381,6
378,4
Entretanto, antes de andar em direção ao desenvolvi-
mento dos Planos de GIRS e antes de iniciar o Planeja-
mento, é indispensável saber onde estamos. O objeivo
das subseções seguintes é fornecer uma breve visão geral 0,8%
das questões especíicas da GIRS, tais como a geração de
RSU no Brasil, a quanidade de RSU que é adequadamente 2010 2011
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Brasil 49

Figura 16: Coleta global e per capita de RSU no Brasil, • As taxas de geração e coleta de RSU por habitante su-
para os anos 2010 e 2011 peram a taxa de crescimento populacional do país – que
Geração de RSU para este período foi de aproximadamente 1% - (registra-
(t/ano) da pelo Censo IBGE de 2010 no mesmo período)
55.534.440 • Apesar do progresso alcançado com relação à disposi-
54.157.896
ção adequada de RSU, ica mais claro que ainda há muito a
ser feito para eliminar a ameaça sanitária e ambiental dos
lixões e da disposição inadequada em geral.
• Existe uma possibilidade importante de melhoria dos
serviços de coleta – que não pode ser ignorada – para co-
letar boa parte dos RSU que em 2011 permaneceram sem
2,5% coleta e que representa cerca de 6,5 milhões de toneladas.

2010 2011 Limpeza


Urbana
A limpeza urbana é normalmente uilizada como um
Geração de RSU per capita medidor de como funciona o sistema de gestão de resí-
(kg/hab/ano)
duos sólidos. Além disso, é a qualidade dos serviços ofere-
342,1 cidos que determina o quanto que cada cidadão deve pa-
336,6
gar pelos mesmos. A Figura 18 apresenta o montante que
os municípios investem nos serviços de limpeza urbana,
enquanto a Figura 19 mostra o número real de empregos
1,7% que são diretamente criados pelo Setor de Limpeza Urba-
na e a Figura 20 apresenta os dados relacionados com o
2010 2011 mercado de Serviços de Limpeza Urbana por região.
Observando a Figura 18, nota-se um aumento no volume de
recursos aplicados nos Serviços de Limpeza Urbana em 2011.
Figura 17: Disposição final dos RSU coletados no Brasil
Desinação Final em 2010
(t/ano) Figura 18: Quantias Médias por Habitante/Ano corres-
INADEQUADO pondentes aos recursos aplicados na coleta de RSU e em
outros Serviços de Limpeza Urbana
2011
42%
Demais Serviços de Limpeza Urbana*

22.962.948 Coleta de RSU


57,56% R$/hab/ano

31.194.948 140,00

120,00

100,00 90,12
79,44
ADEQUADO 80,00
74,52 77,16

60,00 53,28 52,56


48,24 47,28
41,04 43,68
40,80
40,00 38,04

Desinação Final em 2011 20,00

(t/ano) 0
NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL BRASIL

INADEQUADO
2010
R$/hab/ano Demais Serviços de Limpeza Urbana*
140,00
41,94% Coleta de RSU
120,00
23.293.920
58,06% 100,00 87,84
32.240.520
80,00 74,64 74,88
71,64
54,48
60,00 50,28
45,48 44,52
40,08
40,00 39,12
38,28 36,00
ADEQUADO 20,00

0
A informação fornecida nas iguras 15-17 é da maior NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL BRASIL

importância porque ela destaca, do melhor modo pos- Nota: Outros Serviços de Limpeza Urbana incluem as despesas com a
sível, a necessidade de ação imediata em virtude dos disposição inal de RSU e com os serviços de varrição, capina, limpeza
seguintes fatos: e manutenção de parques e jardins, limpeza de cursos de água, etc.
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Brasil 50

Observando a Figura 19, nota-se que os serviços de Tabela 1: Quantidade e Porcentagens de Municípios
limpeza urbana, além de ser uma questão de saúde pú- por Região e no Brasil com Iniciativas de Coleta Sele-
blica, também podem criar empregos para muitas pes- tiva em 2011
soas. Em 2011, houve um aumento de 5% em relação Número Total de  Municípios com  Porcentagem (%) 
ao ano anterior, excedendo 300 mil empregos diretos. Municípios Iniciativas de  de Municípios 
Coleta Seletiva com Iniciativas de 
Deve ser mencionado que este ipo de emprego é ex-
Coleta Seletiva
tremamente importante, especialmente nas áreas ur-
Brasil 5565 3263 58,60%
banas, porque ele oferece uma chance de uilizar mão Norte 449 209 46,50%
de obra com pouca especialização, assim contribuindo Nordeste 1794 651 36,30%
para o equilíbrio social do país. Centro‐Oeste 466 131 28,10%
Sudeste 1668 1336 80,10%
Sul 1188 936 78,80%
Figura 19: Quantidade de Empregos diretos criados
pelo Setor de Limpeza Urbana no Brasil
Entretanto, deve-se mencionar que o mercado brasilei-
298.327
311.577 2011 ro parece apresentar uma grande dinâmica para os siste-
2010 mas de coleta seleiva e isto é bastante contestado pelas
taxas de reciclagem que foram alcançadas para materiais
139.933 144.483
especíicos como o alumínio, papel e vidro, cujas taxas
75.423 80.308 de reciclagem para 2009 foram 38%, 46% e 47%, respec-
36.249 37.572
20.166 21.425
26.556 27.789
ivamente. Além disso, a taxa de reciclagem de PET para
BRASIL NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL o mesmo ano foi 56%.

Outros Fluxos
Observando a Figura 20, pode-se claramente compre- Esta subseção tem o objeivo de apresentar informa-
ender a dinâmica do mercado de Serviços de Limpeza ções sobre outros dois luxos resíduos que são coletados
Urbana no Brasil, que em 2011 ultrapassou os 21 bi- pelas autoridades municipais no Brasil. Estes luxos são
lhões de reais (R$). os Resíduos de Construção e Demolição (C&D) e os Resí-
duos de Serviços de Saúde (RSS).
Figura 20: Mercado de Serviços de Limpeza Urbana
por região e no Brasil Resíduos de Construção & Demolição (C&D)
R$ milhões/ano
A Figura 21 a seguir apresenta informações relacionadas
21.195 2011
com a quanidade de resíduos de C&D que foi coletada em
19.198

2010
2010 e em 2011 pelas Autoridades Municipais Brasileiras.
Observando a igura, pode-se notar que existe uma ten-
10.311
11.453 dência expressiva na quanidade coletada de Resíduos de
4.385 4.843
C&D em todas as regiões do país. De um ponto de vista,
isto parece ser benéico já que os resíduos de C&D não
2.450
2.197
1.367 1.498 951
938

são dispostos por seus produtores em lixões ilegais, no en-


NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL
tanto, agora, são os municípios que têm que procurar um
BRASIL

desino inal apropriado para tais resíduos.


Coleta Seleiva e Reciclagem
A coleta seleiva e a reciclagem são elementos bási-
cos e indispensáveis de todo sistema moderno de GRS, Figura 21: Total dos Resíduos de C&D coletados por re-
não apenas por razões ambientais, mas também por gião e no Brasil
razões inanceiras. mil t/ano
33.244 2011
Em 2011, dos 5.565 municípios do Brasil, 3.263 indi- 30.998

2010
caram a existência de iniciaivas em coleta seleiva. A
Tabela 1 a seguir mostra as porcentagens de municípios 16.094
17.415

por região e no Brasil adotaram tal práica. 5.614


6.129

A parir dos dados apresentados na Tabela 1, ica ób- 1.096 1.218


3.596 3.816
4.598 4.666

vio que as regiões Sudeste e Sul contribuem em larga


medida na reciclagem, em relação às outras regiões. BRASIL NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL

Deste modo, pode-se deinir como primeira meta o Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS)
aumento dos programas de coleta seleiva nas regiões Os resíduos de RSS são considerados perigosos e re-
restantes do território brasileiro. querem maneiras especíicas de coleta e tratamento
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Brasil 51

antes de sua disposição. Considerando o fato de que cípios, objeivos, instrumentos e diretrizes para a GIRS
resoluções federais atribuem a responsabilidade pelos integrada no Brasil, incluindo resíduos perigosos, as res-
RSS aos geradores, todos os municípios com unidades ponsabilidades dos geradores e do poder público e os
de saúde são responsáveis pela coleta, tratamento e instrumentos econômicos aplicáveis.
disposição inal dos resíduos que produzem. A Figura O novo arcabouço legal brasileiro está em linha com as
22 a seguir apresenta as quanidades de RSS coletadas práicas globais no estado da arte da GRS, com objeivo,
por municípios por região e no Brasil para os anos 2010 entre outras ações, de:
e 2011. Observando a igura, nota-se um pequeno au- • Proteger a saúde pública,
mento das quanidades coletadas de RSS de um ano • Alcançar uma gestão integrada e ambientalmente
para outro. eiciente dos resíduos,
• Manter a qualidade ambiental,
Figura 22: Quantidades de RSS coletadas por região e • Adotar, desenvolver e melhorar as tecnologias lim-
no Brasil pas, para minimizar os impactos ambientais, e
2011 • Reduzir o volume de resíduos perigosos.
2010 A Figura 24 a seguir apresenta as prioridades da gestão
(t x 1000/ano)

250,0
de resíduos de acordo com a legislação brasileira. Como
200,0 se pode observar, a não geração e a minimização de re-
150,0 síduos são ideniicadas como prioridades, ao mesmo
100,0 tempo em que desesimula-se a disposição de resíduos,
50,0
a menos que as alternaivas de não disposição tenham
0
NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL BRASIL
sido exauridas.
2010 8,3 33,4 17,2 157,1 12,0 228,0

Figura 24: Prioridades da gestão de resíduos na legis-


2011 8,6 35,0 17,8 163,7 12,0 237,1

lação brasileira
Por im, a Figura 23 apresenta uma visão de como os
municípios dispõem dos RSS que coletam. Observa-se
que a despeito da carga perigosa dos RSS, 12,5% do to-
tal coletado ainda vão parar nos lixões a céu aberto.

Figura 23: Disposição Final de RSS Coletados pelos Mu-


nicípios em 2011
Lixão
12,5%

Aterro Sanitário 18% 39,8% Incineração

11,2%
Vala Sépica 1% 14,5%

Microondas Autoclave
A Lei Nacional de Resíduos Sólidos deine três áreas
básicas a serem abordadas: i) a preparação de Planos
Política de RS no Brasil [2, 3, 4, 5, 6] de Resíduos Sólidos, ii) o princípio de responsabilida-
de comparilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre
A Lei Brasileira para os Resíduos Sólidos governo, empresas e o público, iii) a paricipação dos
catadores de recicláveis e de materiais reuilizáveis no
Em 2 de agosto de 2010, foi sancionada a Políica Na- sistema de Logísica Reversa . Os parágrafos a seguir
cional de Resíduos Sólidos (PNRS) após duas décadas de analisam cada uma destas “áreas”.
debate no Congresso Brasileiro. Com esta decisão, o ar-
cabouço legal brasileiro para Resíduos Sólidos se torna Preparação dos Planos de Resíduos Sólidos
igual ao correspondente europeu. A legislação brasileira declara a necessidade da im-
Mais especiicamente, a Lei 12.305 fornece os prin- plementação dos planos de Resíduos Sólidos em todos
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Brasil 52

os níveis. A categorização dos Planos de Resíduos Sóli- Oprincípio da responsabilidade comparilhada pelo
dos é feita de acordo com a área que cobrem ou com ciclo de vida dos produtos entre as autoridades públi-
o projeto/objeivo com os quais estão relacionados. O cas, empresas e a sociedade
Box 31 apresenta uma lista do que deve ser contempla- Como o próprio ítulo diz, a responsabilidade compar-
do nos Planos e algumas dicas úteis sobre os mesmos. ilhada pelo ciclo de vida dos produtos não é uma ques-
tão que diz respeito a apenas um interessado envolvido
Box 31: Categorização dos Planos de Resíduos Sólidos e na GRS, mas é uma questão que exige uma abordagem
dicas úteis separada para todos os que paricipam do ciclo de vida
do produto.
I – plano Nacional de Resíduos Sólidos;
II – planos estaduais de Resíduos Sólidos; Autoridades públicas
III – planos microrregionais de resíduos sólidos e planos A Lei Nacional dos Resíduos Sólidos deine que as
de resíduos sólidos para regiões metropolitanas ou aglo- autoridades municipais são os principais responsáveis
merações urbanas; pela gestão da limpeza urbana e da coleta e disposi-
IV – planos intermunicipais de resíduos sólidos; ção inal do lixo. Além disso, as autoridades municipais
V – planos para a gestão integrada dos resíduos sólidos devem estabelecer a coleta seleiva dos recicláveis e
urbanos; sistemas de compostagem para os resíduos orgânicos.
VI – os planos de gerenciamento dos resíduos sólidos.
Deste modo, eles alcançam beneícios ambientais e
econômicos, uma vez que preservam os recursos natu-
Considerando o acima, os Planos de Resíduos Sólidos
podem ser divididos naqueles preparados pelas autori- rais, irando vantagem do valor dos materiais reciclados
dades públicas (os cinco primeiros) e aqueles preparados e mantendo seus aterros, uma vez que as quanidades
pelo setor privado (o úlimo). de resíduos que vão para os mesmos são signiicaiva-
O Capítulo II da Lei Nacional deine o conteúdo mínimo mente reduzidas.
para cada ipo de Plano de Resíduos Sólidos, o horizonte
temporal para o qual deve ser realizado e os momentos A sociedade
em que deve ser atualizado ou revisado. Quando se elabo- O público, por sua vez, isto é os usuários dos serviços
ra os procedimentos do Plano de Resíduos Sólidos, deve- de gestão de resíduos, no caso do estabelecimento de
-se garanir ampla publicidade do conteúdo do plano e o
um sistema de coleta seleiva, são chamados a pari-
controle social de sua formulação, implementação e ope-
cipar, disponibilizando para coleta os resíduos sólidos
ração. Além disso, através dos Planos de Resíduos Sólidos,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem ter reuilizáveis e recicláveis, adequadamente embalados e
acesso aos Recursos da União ou controlados por ela, que separados.
são esimados em 1,5 bilhões de reais.
Empresas
A Lei determina que os Planos Estaduais de Resíduos O princípio de responsabilidade comparilhada pelo
Sólidos e os planos de gestão integrada de resíduos sóli- ciclo de vida dos produtos está relacionado com as
dos urbanos devem ser apresentados até agosto de 2012. empresas através do conceito de logísica reversa. A
logísica reversa é considerada um marco da políica
As enidades privadas que têm que preparar Planos de
de Resíduos Sólidos brasileira, de acordo com a qual
Gerenciamento de Resíduos Sólidos são as seguintes:
quando um produto chega ao inal de sua vida úil, ele é
• Os geradores de resíduos de: saneamento básico, resí-
duos industriais, resíduos dos serviços de saúde e resíduos devolvido ao fabricante ou ao importador para recicla-
de mineração; gem ou para outro tratamento apropriado. Um meio de
• Os estabelecimentos comerciais e de serviços que ge- alcançar esta meta é a imposição pelas autoridades da
ram resíduos perigosos ou administram resíduos não peri- exigência de que os produtos não apenas devem ser fa-
gosos, que, no entanto, não são tratados pelas prefeituras bricadas com materiais que possam ser reuilizados ou
como resíduos domésicos; reciclados, mas que também sejam usadas e fabricadas
• Construtoras, em conformidade com as regras ou nor- para produzir a menor quanidade possível de resíduos
mas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama; sólidos. O Box 32 menciona alguns dos produtos que
• Os órgãos responsáveis pelos resíduos produzidos em
caem no conceito de logísica reversa.
serviços de transporte (portos, aeroportos, etc), em con-
formidade com as regras ou normas estabelecidas pelos
órgãos do Sisnama e, se aplicável, pelo Sistema Nacional Box 32: Produtos que caem no conceito de logística re-
de Vigilância Sanitária; versa
• O responsável pelas aividades agropastoris, se exigi-
do pelo órgão competente do Sisnama, do Sistema Nacio- • Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens;
nal de Vigilância Sanitária ou da Suasa. • Pilhas e Baterias;
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Brasil 53

signiicaivo setor informal (esimado em quase um


• Pneus;
• Óleos lubriicantes, materiais residuais e embalagens; milhão de pessoas) nos procedimentos de Gestão dos
• Lâmpadas luorescentes e iluminação a vapor de sódio Resíduos Sólidos, principalmente na logísica reversa.
e de mercúrio e luz mista; Deste modo, as Autoridades Públicas têm o objeivo
• Aparelhos eletrônicos e seus componentes; e de possibilitar a capacitação adequada e a integração
• Outros produtos cujas embalagens após o uso são desse importante coningente de mão de obra nas aivi-
consideradas resíduos perigosos, assim estando sujeitas dade de GIRS que permitem a atuação dos mesmos de
às regras para resíduos perigosos. maneira segura e humanizada.
A Figura 25 apresenta resumidamente as mudan-
Paricipação
dos catadores de materiais recicláveis e ças básicas que ocorreram com o estabelecimento da
reuilizáveis no sistema de LR PNRS. As mudanças ocorridas cobrem principalmente
Outro aspecto importante do arcabouço legal bra- questões de responsabilidades, deveres e moivos dos
sileiro é o esforço feito para integrar o razoavelmente interessados especíicos na gestão de resíduos.

 
Figura 25: O que Muda com a Lei – Uma Breve Visão [6]
O QUE MUDOU COM A LEI 
 
Antes   Depois 
Depois
 
 
 Municípios preparação planos e 
Autoridades Públicas 

 Não priorização de resíduos urbanos 
definirão metas com a participação das 
 Existência de lixões na maioria dos 
cooperativas de catadores de resíduos 
municípios 
 Lixões devem ser erradicados no prazo 
 Não utilização de resíduos orgânicos 
de 4 anos 
 Coleta seletiva cara e ineficiente 
 Governos locais começam a 

compostagem 
 Controle de custos e medição da 

qualidade do serviço são obrigatórios 
   
 

 
 
 Menores riscos e aumento da renda dos 
 Exploração por intermediários e riscos 
Catadores de Lixo 

catadores através das cooperativas 
à saúde 
 Cooperativas contratadas pelos 
 Informalidade 
municípios para coleta e reciclagem 
 Problemas com a qualidade e 
 Aumento da quantidade e da qualidade 
quantidade dos materiais 
do material reciclado 
 Falta de qualificação e visão de 
 Trabalhadores treinados e qualificados 
mercado 
para aumentar a produção 
 
   
 

 
 
 Arcabouço legal orientará as ações 
 Sem lei nacional para orientar os 
empresariais 
investimentos das empresas 
 Novos instrumentos financeiros para 
Empresas 

 Falta de incentivos financeiros 

 Baixo retorno pós‐consumo de 
orientar a reciclagem 
 Maior reciclagem de produtos pós‐
produtos eletro/eletrônicos 
consumo 
 Desperdício econômico através da 
 Reciclagem impulsionará alguns negócios 
falta de reciclagem 
e gerará outros novos, impactando a 
geração de renda 
   
 

 
 
 O consumidor separará os resíduos em 
 Não separação dos resíduos recicláveis 
casa mais efetivamente 
nas residências 
 Campanhas educacionais para mobilizar 
 Falta de informação 
Público 

o público 
 Serviços de coleta municipal 
 Melhoria da coleta seletiva resultará em 
deficientes 
 Poucas exigências das autoridades 
mais resíduos coletados 
 Exercício dos direitos dos cidadãos para 

pressionar os governos locais 
 
 

 
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos no Brasil 54

Referências
Recomendamos a todos os leitores a visitar a base de conhecimentos da ISWA (htp://www.iswa.org/en/525/kno-
wledge_base.html), que contém mais de mil arigos, apresentações e estudos técnicos, muitos dos quais foram ui-
lizados como fonte para a elaboração deste documento. Indicaivamente, são propostos os seguintes para estudo:

1. PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL, 2011, ABRELPE


2. Brazilian Policy on Solid Waste, Law No 12 305, August, 2nd, 2010
3. Brazilian legislaion, Decree 7404, December, 23rd, 2010
4. htp://www.brasil.gov.br/news/history/2010/08/02/brazil-approves-the-naional-policy-on-solid-waste/new-
sitem_view?set_language=en, accessed 22nd November 2011
5. htp://www.bdlaw.com/news-983.html, accessed 23rd November 2011
6. htp://www.cempre.org.uy/docs/banner_movil/cempre_brochure_nswp_english.pdf, accessed 24th Novem-
ber 2011
Avaliação do status da
Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos
Avaliação do status da GIRS 56

Dentro do processo de planejamento, é de primordial


importância coletar dados básicos, a im de determinar
‘Se
você não mensurar , você não pode gerenciar’
os requisitos de concepção e implementação de um sis-
tema de gestão de resíduos apropriado. Isso inclui não
apenas o estado ísico dos recursos e infraestrutura lo-
cais para resíduos, mas também a legislação perinente,
as políicas existentes e as aividades atuais de gestão de Gerenciamento da Informação
resíduos. É também a fase onde as partes interessadas
são ideniicadas e na qual é estabelecida uma compre- Documentos & Informações de Base
ensão mais profunda das causas subjacentes dos proble-
mas existentes. Na fase inicial do processo de planejamento é necessá-
Avaliar os padrões atuais de gestão de resíduos fornece rio coletar e gerenciar uma ampla gama de informações
informações adicionais sobre onde os materiais são gera- e dados necessários para desenvolver um PGIRS susten-
dos, onde são fabricados os produtos, onde são vendidos tável. A informação abrange geralmente uma vasta gama
e consumidos e por quem, se os resíduos são recuperados de tópicos e não se limita apenas à geração de resíduos.
e onde eles são descartados. A análise então completa Normalmente, esta informação é deinida como infor-
oferece uma tabela abrangente do luxo de materiais. mação de base ou informação contextual. As informa-
Em geral, o papel dessa avaliação do Status no planeja- ções prestadas na parte do status variam entre os planos
mento da gestão integrada de resíduos é: nacionais e regionais/locais. Normalmente, a carga de in-
• possibilitar uma compreensão global do peril da formação uilizada nos planos regional/local é mais am-
área; pla e mais detalhada do que informações e dados usados
• ideniicar as principais partes interessadas; em planos nacionais que tendem a ser mais gerais.
• deinir o sistema atual em todos os aspectos, incluin-
do termos ísicos, organizacionais e inanceiros e exami- Box 34: Informações de Base nos Planos de GIRS
nar a cooperação e o funcionamento do hardware e do
sotware do mesmo;. Limites Geográicos do Plano de Área
• esimar a faixa de acessibilidade do sistema atual; •Dados geográicos importantes para a GIRS
• produzir modelos de luxo de resíduos (projeções);
• avaliar o desempenho do sistema atual (indicadores Situação socioeconômica
de desempenho) e indicar “áreas” de melhoria e ações •Tamanho e tendências da população
que devem ser incluídas na parte de planejamento. •Estaísicas demográicas (taxas de migração, densida-
de, distribuição geográica, etc.)
Conclusivamente, uma avaliação do atual sistema de
•Peril de renda
gestão de resíduos uilizando os aspectos da Gestão In- •Emprego urbano por setor
tegrada e Sustentável dos Resíduos (GISR) dá a oportuni- •Desenvolvimento econômico
dade de fazer um diagnósico coleivo do ipo de proble- •Costumes e cultura
mas existentes relacionados com a gestão dos resíduos.
É uma base para o desenvolvimento de um Plano Diretor Habitação
para melhorar a gestão de resíduos. •Propriedade habitacional
A importância de se realizar a parte do status está resu- •Peril da unidade habitacional (ocupantes, tamanho,
mida no Box 33 abaixo. estações, acesso às estações, etc.)
•Peril de baixa renda da unidade habitacional (taxa de
crescimento, densidade, acesso às estações, etc.)
Box 33: As vantagens e desvantagens da coleta de dados
de base [1] Peril Políico
•Sistema administraivo
Vantagens
•Designação da autoridade principal
• Somente com uma profunda compreensão das condi-
•Principais iniciaivas de planejamento (nacional, regio-
ções de ajustamento na sua área, você é capaz de melho-
nal, local)
rar o sistema existente
•Principais objeivos da cidade
• A coleta de documentos e informações de base ajuda
a determinar os requisitos para um sistema adequado a
Ambiente Natural
parir de perspecivas técnicas e usuário
•Descrição do ecossistema (incluem região, não apenas
• O processo concebido para ser fortemente paricipai-
a área metropolitana, também as áreas de especial sensi-
vo, garante a aceitação e apoio da comunidade local
bilidade)
Desvantagens
•Clima (chuva, temperatura, condições de dispersão)
• O processo pode ser bastante demorado e precisa de
•Lençol freáico e fornecimento de recursos (entradas
recursos para cumprir as etapas necessárias
Avaliação do status da GIRS 57

luxos de resíduos, os dados muitas vezes têm de ser ex-


e saídas)
•Topograia
traídos de fontes diferentes, que torna a harmonização
•Riscos ambientais (ex., monções, deslizamentos, aivi- das deinições, classiicações, requisitos e relatórios um
dade sísmica e vulcânica) problema importante.
•Questões ambientais (ex., tráfego, qualidade do ar e Alguns países usam dados de associações industriais
da água) ou públicas, e da monitorização de resíduos de produtos,
além de dados de outras fontes. A opção é uilizada prin-
Uso do Solo cipalmente para dados sobre a reciclagem, recuperação
•Uso do solo urbano por categoria e exportação de materiais que constam da lista verde de
•Propriedade e registro do solo resíduos (Green list waste), que relaciona aquilo que pode
•Regulamentação do uso do solo
ser exportado para países da UE com um menor rigor.
•Uso do solo por adequação
Em geral, a informação para a avaliação da linha de
Saúde base pode ser obida a parir de uma ampla variedade
•Estaísicas básicas de fontes e deve focar as seguintes categorias de dados:
•Principais doenças e taxas Dados Existentes: É extremamente provável que uma
•Indicadores geográicos e sociais elevada proporção de dados necessários já esteja dispo-
nível. As fontes de dados potenciais disponíveis são as
seguintes:
Além disso, nem todos os dados recolhidos são da mes-
ma importância no processo de planejamento. Existem Registros
Administraivos
dados de importância média (por exemplo, estaísicas Os dados podem ser encontrados em:
de saúde) e dados de grande importância (por exemplo, • Estudos de viabilidade/planejamento
tamanho da população). • Formulários de pedido/registro
O Box 34 fornece uma visão geral dos dados de base • Relatórios de supervisão
e as informações necessárias no processo de planeja- • Relatórios de reuniões
mento GIRS. Pode parecer que a carga de informação é • Atas de reuniões da comunidade e agência
demasiado ampla, no entanto, é essencial recolher infor- • Relatórios de progresso
mações tanto quanto possível, a im de obter uma com- • Relatórios de organização da comunidade
preensão global da situação atual na área de interesse • Avisos em escritórios, centros comunitários, etc.
(peril geral). Esse comportamento é reforçado pelo fato
de que os PGIRS não se limitam a implementação de Dados Secundários
sistemas de gestão de resíduos sustentáveis, na área de • Censo
interesse, mas eles podem levar ao desenvolvimento Re- • Pesquisas
sidencial / Social / Financeiro Sustentável ou a resultados • Registros/relatórios do Ministério/Agência
opostos. [2] • Estudos especiais por ONGs, doadores
Quanto mais informações básicas forem fornecidas, • Estudos universitários
melhor, e onde houver um grupo de responsáveis pela • Meios de comunicação (jornais, rádio, TV)
tomada de decisões, com um processo de reunião e dis-
cussão de informações contextuais, será extremamente ‘Criar’ Dados: Quando os dados existentes não são su-
válido no estabelecimento de um entendimento dos in- icientes para serem uilizados no processo de planeja-
dicadores e para a preparação para o desenvolvimento mento, dados adicionais serão recolhidos uilizando um
do plano de GISR. Este processo de aprendizagem pode ou mais dos métodos alternaivos descritos abaixo:
ser muito valioso para ajudar os responsáveis pela toma-
da de decisão apreciarem os custos e beneícios associa- Observação
dos com a escolha que estão fazendo, e levar a decisões A observação implica na sistemáica de anotar e gravar
mais informadas e jusiicáveis. eventos, comportamentos e artefatos (objetos) no con-
texto social escolhido para o estudo.
Obter Dados & Informações O registro observacional é freqüentemente referido
como notas de campo - detalhadas, sem julgamento,
A coleta de dados para o planejamento da GIRS depen- com descrições concretas do que foi observado.
de fortemente do uso de dados administraivos recolhi- A observação pode variar de uma anotação altamente
dos para ins de licenciamento e monitoramento, tais estruturada e detalhada do comportamento, estrutura-
como registro da instalação, guias de remessa ou rela- da por listas de veriicação para uma descrição mais ho-
tórios de gestão de resíduos. No entanto, devido à gran- lísica de eventos e comportamento.
de variedade de operações de tratamento de resíduos e A observação é um método fundamental e muito im-
Avaliação do status da GIRS 58

portante em toda a invesigação qualitaiva. Ela é usada


Impedindo o acesso às informações coletadas – Uma
para descobrir interações complexas em contextos so- vez que a informação tenha sido recolhida não deve ser
ciais naturais. [3] “escondida”. Todo mundo deveria ter acesso, incluindo
insituições e outros departamentos governamentais,
Entrevistas bem como o público em geral.
Informações valiosas podem ser obidas através de en- Outras Restrições – (Restrições orçamentárias, limita-
trevistas com os principais interessados e especialmente ções de tempo, restrições políicas, etc.)
os produtores de resíduos. Os produtores de resíduos são especialistas – A comu-
No entanto, as entrevistas não serão limitadas apenas nidade local é uma fonte valiosa de informações e seu
aos execuivos e pessoas de status elevado. Todo mundo conhecimento deve ser plenamente uilizado. Os produ-
tores de resíduos são tão importantes como especialistas
pode ser um informante-chave na sua própria situação,
ou consultores de resíduos quando se tratar de fornecer
por exemplo: funcionários de secretarias municipais de informações sobre assuntos relacionados ao tema.
assistência social, o setor informal em GRS, etc.
Os ipos de entrevistas que podem ser uilizados são:
• Entrevistas Pessoais O papel das Autoridades
• Entrevistas por Grupo
• Entrevistas por Telefone Na realização da avaliação inicial, as Autoridades de-
vem:
Pesquisas • ideniicar as fontes e os contatos necessários para
As pesquisas são usadas para coletar dados e informa- recolher as informações necessárias;
ções. A coleta de dados e informações é realizada através • supervisionar, coordenar e, sempre que possível,
de quesionários que são enviados tanto para empresas paricipar da coleta de informações;
ou famílias, como sendo geradores de resíduos ou outras • fornecer estações e recursos para um sistema ei-
partes interessadas e organizações principais. ciente para armazenar informações e permiir o acesso
aos membros interessados do público em geral; e
Para todas as tarefas de coleta de dados é essencial • estabelecer uma lista das partes interessadas e uma
assegurar que as fontes sejam coniáveis o tanto quan- plataforma através da qual elas possam paricipar.
to possível. É úil uma veriicação cruzada de fontes (por Não é necessário para uma Autoridade que faça a ava-
exemplo, comparar os dados das autoridades de coleta liação inicial, sozinha. Várias organizações, como univer-
de lixo com aqueles da autoridade de disposição inal) sidades, insituições de pesquisa e consultores privados
e conirmar novamente que os períodos de tempo aos podem auxiliar em muitas das tarefas, incluindo a coleta
quais os dados se referem são compaíveis (por exemplo, de dados e análise de informação. [6]
exercício, ano civil, etc.). [5]
O processo de coleta de dados pode ser bem sucedido Questões de Amostragem
ou enfrentar restrições que são susceíveis de ocorrer.
(Vide Box 35). Se uma análise detalhada da situação atual na área de
planejamento não puder ser realizada para toda a área,
Box 35: Armadilhas e fatores de sucesso no processo da é preferível ter uma amostra, ideniicando um subcon-
coleta de dados [4] junto da “população” que você está interessado (popu-
Ficar atrelado na coleta de dados – A coleta de uma lação-alvo). A população-alvo pode, por exemplo, referir-
massa ininita de dados é demorada e muitas vezes des- -se a todos os domicílios em uma localidade municipal
necessária. A situação e tendências básicas muitas vezes ou área de parceria, ou podem ser todos os domicílios
tornam-se suicientemente claras, sem a necessidade de em uma área da população de “diícil acesso”, ou pode
aingir “100% da cobertura de informações”. ser “de recicladores baixos para médios”, ou pode ser to-
Resistência
de reuniões a parir de fontes de informa - das as famílias que vivem dentro de um circuito especial
ção – A resistência à prestação de informação pode vir de de coleta de resíduos. A população-alvo pode não ser
dentro ou fora da administração local e é ípica, onde as necessariamente de pessoas ou famílias (poderia, por
pessoas não têm conhecimento das razões por trás da co-
exemplo, ser todos os centros de reciclagem de resíduos
leta de informações. Envolver os “donos do conhecimen-
to” aivamente no processo de GIRS pode ajudar a superar domésicos em um município).
a resistência. A uilidade da amostragem é que permite fazer gene-
Informações de má qualidade – A coleta de informa- ralizações coniáveis sobre toda a população-alvo. Por-
ções é em vão se não for precisa o suiciente para o uso. tanto, é essencial que a amostra seja representaiva e
Todos os dados coletados devem ser validados e uilizada espelhe o peril da população-alvo. O Box 36 resume os
uma ampla variedade de fontes na coleta de informações. passos do processo de amostragem.
Avaliação do status da GIRS 59

Box 36: Etapas no processo de amostragem [7] veis da comunidade para iniciaivas de resíduos. [5]
A im de determinar as taxas de geração de resíduo
Passo 1: Deinir (peril) sua população-alvo – decidir atuais, as quanidades de resíduos futuros e esimar os
quais fatores são importantes. materiais recicláveis, a distribuição socioeconômica pre-
Passo 2: Decidir como obter uma amostra que seja o cisa ser ideniicada. As categorias ípicas são:
relexo deste peril (sua estratégia de amostragem).
• Alta renda e áreas de baixa densidade populacional;
Passo 3: Decidir quão exatos os resultados que você
quer que sejam – o tamanho da amostra vai depender
• Renda média, áreas de média densidade populacional;
disso. • Baixa renda, áreas de alta densidade populacional;
Passo 4: Desenhar a sua amostragem de uma forma que • Assentamentos informais
reduza a inluência. Estes dados e informações podem ser usadas para
Passo 5: Coletar os dados. explicar as tendências passadas nos dados, e ajudar
Passo 6: Mensurar os dados para corresponder à sua a comparar o desempenho das autoridades ou ní-
população-alvo, se necessários vel de produção de resíduos, ou explicar a base das
decisões de outras partes interessadas. Além disso,
quando ligados a informações de cada família / pro-
Definir a Linha de Base dução per capita, os dados sobre a evolução do do-
micilio podem facilitar novas previsões de aumento
Essa seção fornece orientações sobre os dados que de resíduos. [5]
serão coletados para deinir a linha de base que serão É importante correlacionar cada categoria de rendi-
posteriormente analisadas, avaliadas e uilizadas na par- mento ou cada área com a produção de resíduos espe-
te de planejamento. Os seguintes aspectos são descritos: cialmente diferentes (kg / proprietário / dia ou por ano),
• Demograia a im de obter uma abordagem mais ou menos realis-
• Condições socioeconômicas ta dos resíduos gerados. Para maiores informações ver
• Políicas atuais adiante o parágrafo sobre quanidades de resíduos.
• Coniguração insitucional da gestão de resíduos
• Linha de base de resíduos Políticas Atuais
• Práicas & Infraestrutura existentes
• Economia & Financiamento Atuais do Sistema GRS Uma ampla gama de políicas pode estar disponível em
nível internacional, nacional, regional e local. Em nível
Demografia internacional, vários tratados mulilaterais e bilaterais
e acordos, incluindo a Convenção da Basiléia, estão dis-
Dados demográicos são necessários para desenvolver poníveis. As políicas nacionais podem ter mais de uma
projeções no futuro. Isto também é uma informação es- perspeciva: elas podem ajudar a melhorar a gestão de
sencial para: resíduos no que diz respeito às condições locais e/ou
• Assegurar que as áreas anteriormente desaparecidas, podem ajudar a cumprir os tratados e acordos interna-
tais como assentamentos informais sejam considerados; cionais. Além disso, as políicas locais podem ter impor-
Incluir variações sazonais de população, por exemplo, tância, pois em muitos países a gestão de resíduos é uma
devido ao turismo questão local tratada pelos governos locais. O objeivo
• Formar a base para os volumes e ipos de resíduos dessas diretrizes é coletar políicas nacionais e locais
projetados; existentes. [8]
• Avaliar a recuperação inanceira As políicas são traduzidas em instrumentos legais e
• Avaliar a necessidade de serviços de gestão de resí- econômicos para sua implementação. Portanto, é essen-
duos e de infraestrutura. cial fornecer informações sobre políicas de resíduos e
dados atuais sobre os instrumentos jurídicos e econômi-
População de Base: A quaniicação da população de cos disponíveis.
base é necessária a im de calcular o crescimento da po-
pulação na seção de projeções. Isto pode ser obido a Instrumentos Legais
parir dos números mais recentes dos censos para a área Leis, Atos e Regulamentos nacionais podem fornecer
sob consideração. as informações necessárias sobre as disposições e os ob-
jeivos que foram deinidos em nível nacional ou local. É
Condições Socioeconômicas essencial que as leis de resíduos sejam levadas em conta
na elaboração do PGIRS.
Dados socioeconômicos e de informação fornecem ba- Além disso, é necessário ideniicar cada item em uma
ses úteis sobre fatores que inluenciam a quanidade e a Tabela em nível nacional e regional, incluindo legislação e
composição da produção de resíduos e as reações prová- políicas, e os regulamentos e as regulamentações locais.
Avaliação do status da GIRS 60

A gama possível de leis que podem exisir são: resíduos e redução na fonte, intervindo ao nível da pro-
• Legislação de Saúde Pública/Coleta de Resíduos dução e consumo), várias insituições têm se envolvido
• Eliminação de Resíduos (ou Legislação de Proteção em um ou mais aspectos do luxo de gestão de resíduos
Ambiental mais geral) sólidos.
• Leis Especiais relacionadas à Reciclagem Esta transição do que era público para insituições
• Códigos de Práica e Orientação Legal privadas para a realização de serviços exigiu que os go-
• Leis de Planejamento Físico vernos estabelecessem fortes insituições regulatórias
• Arcabouço Legal para a Privaização para garanir que os prestadores de serviços desempe-
nhassem suas aividades de maneira eicaz e eicien-
Instrumentos
Econômicos te. Pode haver mais de uma insituição envolvida no
Os “desincenivos” inanceiros (em forma de taxas, mesmo nível ou para o mesmo ipo de aividade, por
tributos, multas e penalidades para os geradores de re- exemplo, o setor informal e formal para a reciclagem ou
síduos) e incenivos econômicos (como subsídios ou pa- setores público e privado para a coleta e transporte de
gamento em troca de reciclagem) são instrumentos eco- resíduos urbanos. [8]
nômicos comumente uilizados. Alguns outros exemplos
diferenciados podem ser: [8] Linha de Base dos Resíduos
• Impostos sobre o uso de novos recursos na produção
industrial Para ser eicaz, um plano de GIRS deve ter uma visão
• Subsídios para a reciclagem na produção industrial clara dos resíduos produzidos na área estudada, por-
• Volume baseado na taxa de resíduos sólidos sobre que saber onde você está hoje é o primeiro passo para
resíduos não-recicláveis entender onde você precisa estar e, claro, saber se você
• Penalidades relaivas aos resíduos perigosos chegou.[10]
• Subsídios para a recuperação de recursos, incluindo Esta subseção tem como objeivo destacar a impor-
geração de energia no aterro tância do conhecimento das fontes de resíduos, luxos,
quanidade e composição do sistema de gestão dos re-
Configuração Institucional da Gestão de síduos estudados. Os parâmetros citados são fundamen-
Resíduos tais para muitas inalidades, especialmente para avaliar
a eiciência do sistema atual, ideniicando as suas carên-
Nesta empreitada, há uma grande necessidade de co- cias e limitações, mas também para projetar os próximos
letar informações detalhadas sobre todas as insituições passos, incluídos no processo de Planejamento.
atualmente responsáveis em qualquer nível do luxo de
gestão de resíduos sólidos para ideniicar seu papel ou Fontes de Resíduos
função, o quadro insitucional, os recursos humanos e A deinição de fontes de resíduos é realmente impor-
fontes para o inanciamento de suas aividades. tante para um sistema de gestão de resíduos, uma vez
A disciplina geral e ampla dos sistemas de resíduos só- que fornece informações sobre quem está produzindo o
lidos é tradicionalmente de responsabilidade dos gover- que e quais são as quanidades produzidas. Dessa forma,
nos nacionais, que geralmente têm a responsabilidade os gestores de resíduos podem:
para o desenvolvimento e execução de um quadro polí- • Concentrar-se em fontes de resíduos especíicos;
ico adequado, bem como a legislação ambiental geral. • Podem ideniicar as áreas que enfrentam problemas
Em nível local, os municípios são geralmente respon- e lidar com elas de forma mais eiciente.
sáveis por implementar e garanir o funcionamento e a Além disso, sabendo a qualidade e a quanidade dos
operação do sistema de gestão de resíduos sólidos. Estas resíduos sólidos gerados, é possível realizar a reciclagem
responsabilidades podem incluir: [9] ou campanhas resíduo zero (zero waste), concentrando-
• Manter um nível adequado de higiene -se em fontes que produzem a maioria dos resíduos ou
• Implantar contêineres de resíduos públicos na cidade materiais-alvo especíicos. [13]
e garanir sua manutenção O que é mais, a quaniicação de fonte especíica e ca-
• Garanir a coleta, transporte, tratamento e disposi- racterização de resíduos pode ser provado como sendo
ção de resíduos muito úil para prever a quanidade de resíduos a parir
• Evitar o acúmulo de resíduos em áreas públicas não de fontes geradoras de resíduos diversos numa área e
designadas através da aplicação de regulamentos isto pode ser usado como uma base para o planejamento
• Evitar o transporte e disposição ilegal de resíduos do sistema. Isto permiirá também a economia de mão
No entanto, com o aumento da geração de resídu- de obra, tempo e insumos inanceiros necessários para
os sólidos a parir de fontes diversiicadas, (como in- serem gastos para esimar a quanidade de resíduos para
dústrias e laboratórios), da conscienização e dos re- a maior área. [11]
gulamentos (aplicáveis para valorização da gestão de O Box 37 apresenta exemplos de fontes de resíduos:
Avaliação do status da GIRS 61

Box 37: Exemplos de fonte de Resíduos As quanidades e caracterísicas de medição visam ga-
ranir a capacidade adequada para a coleta, reciclagem
• Habitações familiares, e eliminação de resíduos. O serviço de resíduos deve ser
• Indústrias, capaz de lidar com as lutuações diárias e sazonais assim
• Empresas,
a medição da variabilidade é importante. Os valores má-
• Insituições,
• Locais de demolição e construção ximos e mínimos são de interesse, não apenas os valores
médios. O Box 39 apresenta os principais passos neces-
sários para esimar as quanidades de resíduos.
Fluxos de Resíduos
O conhecimento dos luxos de resíduos desempenha
um papel importante não só na avaliação da situação Box 39: Principais etapas necessárias para estimar as
atual, mas na parte do planejamento de um processo quantidades de resíduos
de gestão integrada de resíduos. Tendo este ipo de in- Etapa 1: coleta de dados (registros, dados demográi-
formação, ou seja, conhecendo os principais luxos de cos, sociais, etc.)
resíduos e seus valores, os gestores de resíduos podem Etapa 2: criar um peril de geração de resíduos (por ipo
monitorar a eiciência do sistema atual, mas também po- de população e área, ou por renda, etc.) O ipo de ligação
dem deinir metas para alcançar, no futuro, especialmen- de áreas e populações com uma produção de resíduos es-
te a recuperação de materiais especíicos. Além disso, o peciais (Kg / hab / ano ou por dia)
Etapa 3: Calibração do peril. Se há registros de carga
conhecimento dos luxos de resíduos pode beneiciar a
de resíduos (a parir de aterros, aividades de recicla-
redução de resíduos e a reciclagem, uma vez que pode
gem, etc.), comparar a geração de resíduos perilados
permiir que as empresas de reciclagem (especialmen- (toneladas / ano) com os dados resultantes dos registros
te as do setor informal) tomem medidas, especialmente - fazer os ajustes necessários e explicar possíveis lacunas
em fontes ideniicadas de luxos especiicas. [12, 13] e diferenças
O Box 38 traz exemplos a ítulo indicaivo e não restri- Etapa 4: Após a etapa de Calibração, criar um modelo
tos a luxos de resíduos. [13, 14] para esimar quanidades esperadas geradas para os pró-
ximos 10-15 anos. Este modelo tem que levar em conta as
Box 38: Exemplos de fluxos de resíduos expectaivas globais da área em discussão, por exemplo,
desenvolvimento econômico e residencial, questões de
Resíduos urbanos, resíduos comerciais, construção e migração, etc. É melhor trabalhar com intervalos ao invés
demolição (C & D), resíduos industriais, resíduos de equi- de números especíicos. Como exemplo, é melhor traba-
pamentos elétricos e eletrônicos, resíduos perigosos, resí- lhar com uma produção de resíduos especiais em uma fai-
duos industriais, etc. xa entre 0,2 - 0,4 toneladas geradas por habitante e por
ano do que trabalhar com 0,3 toneladas / habitante/ ano.
Etapa 5: Jusiicar os resíduos gerados em anos cruciais,
Quanidade
de Resíduos como por exemplo, no ano seguinte, o primeiro ano em
que a infraestrutura planejada estará disponível, etc.
Um dos parâmetros mais importantes de GIRS é a quan-
idade de resíduos a ser administrada. A quanidade é o
parâmetro de determinação do tamanho e número de Notar que as taxas de geração de resíduos estão ini-
unidades funcionais e equipamentos necessários para a mamente relacionadas com o PIB / capita. Um exemplo
gestão dos resíduos. Essa visão, é um componente-chave é dado no gráico seguinte.
de qualquer processo de planejamento e sua esimaiva
deve ser documentada com todas as diferentes ferra-
Figura 26: PIB per capita vs. Geração de resíduos per
mentas disponíveis.
capita [16]
As quanidades de resíduos são medidas em termos
de peso e volume. O peso é razoavelmente constante
para um dado conjunto de objetos descartados en-
quanto que o volume é muito variável. As quanidades
de resíduos são geralmente esimadas com base em re-
gistros passados de geração de resíduos - no caso de
tais registros não exisirem, os dados demográicos e
as condições sociais devem ser uilizadas a im de criar
um modelo adequado para uma abordagem das quani-
dades geradas. Outros métodos vulgarmente uilizados
para avaliar as quanidades são (i) análise da contagem
de carga, (ii) análise do volume de peso, e (iii) análise de
balanço dos materiais. [11]
Avaliação do status da GIRS 62

São apresentados mais dados abaixo. simplesmente não estão disponíveis e os estudos de com-
posição de resíduos são caros e/ou demorados para serem
Figura 27: Resíduos domésticos coletados e PIB em pa- implementados. Embora seja profundamente sugerido im-
íses ao redor do mundo [15] plementar estudos de composição de resíduos, algumas
PIB/habitantes
tendências globais são apresentadas na igura 28, a im de
País Kg/habitante apoiar uma abordagem para as composições dos resíduos.
para 2007 ($)
EUA 730 45,593 Por exemplo, as grandes porcentagens de areia e cas-
Austrália 680 42,552
EU 15 577 28,1
calho em Bamako, e ‘outros’ em Lusaka, tornam essas ci-
Turquia 480 6,547 dades exceções ao percentual geral elevado de compos-
Japão 434 34,022 tos orgânicos. As diferenças na maneira da composição
Nova Zelândia 400 29,697
Canadá (doméstico) 382 42,738 estão analisadas e também são bastante notáveis.
EU NEM 375 20,153 O Box 40 a seguir fornece a síntese de resíduos no Brasil.
Coréia do Sul
Rússia
361
346
19,624
8,611
No Anexo II, é apresentado um método para determinar
Taiwan 339 16,274 a composição de resíduos de um município ou uma área.
Brasil 337 6,841
México 332 8,426 Box 40: Síntese da composição dos RSU no Brasil
Cingapura (doméstico) 325 34,152
Chile 318 9,697
Indonésia 255 1,824 De acordo com os dados do Panorama 2011, a composi-
Marrocos (doméstico) 250 2,367 ção média dos resíduos no Brasil é a seguinte:
Tailândia 237 3,399 • Metais: 2,9%
Ucrânia 235 2,829 • Papel, Papelão e Tetrapak: 13,1 %
China 230 2,459
Venezuela 220 8,251 • Plásico: 13,5%
Argentina 209 6,309 • Vidro: 2,4%
Colômbia (doméstico) 199 3,614 • Material orgânico: 51,4%
Índia (urbano) 164 964 • Outros: 16,7 %
Vietnã (urbano) 146 808
África do Sul 144 5,723
No entanto, observa-se que a composição dos resíduos
Paquistão 127 908 pode variar de região para região, uma vez que está di-
retamente relacionada às caracterísicas, hábitos e costu-
Fonte: Ministérios do Meio Ambiente, ODCE, Eurostat, esimaivas mes de consumo e descarte das populações locais.
dos Serviçoes Ambientais Veolia, estaísicas CyclOpe e Nações Uni-
das, Banco Mundial
Fonte: PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL, 2011, ABRELPE

Composição dos Resíduos


O conhecimento da composição dos resíduos pode ter Práticas Atuais & Infraestruturas
uma ação semelhante ao conhecimento dos luxos de re- existentes
síduos. As informações sobre a composição dos resíduos
ajudam a entender onde existe potencial para reciclar Transporte e Coleta de Resíduos
mais e detectar as quanidades de materiais biodegradá- Os sistemas para a coleta e o transporte de todos os
veis disponíveis. Além disso, a importância da composi- luxos de resíduos devem ser incluídos na descrição e, se
ção dos resíduos torna-se mais evidente quando as deci- possível, devem ser combinados com uma instrução dos
sões relaivas aos métodos de tratamento e eliminação responsáveis pela coleta e transporte. [13]
de resíduos devem ser tomadas. Neste caso, as caracte- Em nível nacional é suiciente um esboço geral da coleta
rísicas de composição especíicas, como umidade, teor de resíduos e sistemas de transporte. No entanto, é neces-
da fração orgânica e poder caloríico são parâmetros es- sária uma análise mais detalhada em nível regional / local
senciais para a seleção de tecnologias apropriadas. (ver exemplo no Box 41).
Densidade e umidade dos resíduos são dois parâme- É essencial avaliar o nível de serviço da linha de base a
tros de grande interesse. O primeiro é usado para de- seguir para serviços de coleta e transporte:
terminar as correlações entre o volume e o peso dos • Número e localização dos pontos de coleta e rotas
resíduos, inluenciando mais a coleta e os métodos de de coleta;
transferência de resíduos, enquanto que o segundo, re- • Tipo de serviço
lacionado com a densidade de resíduos, é o parâmetro - Coleta comum
indicado por deinição do tratamento, especialmente, - Coleta nos quarteirões
se é o caso de incineração. - Coleta em pontos determinados
A maioria das pesquisas relacionadas com a composi- - Coleta porta-a-porta
ção dos resíduos disingue materiais entre: matéria orgâ- • Percentual de domicílios atendidos por um sistema de
nica, papel e papelão, plásico, vidro, metal, outros. coleta existente, bem como o percentual não atendido;
O problema é que muitas vezes os dados de composição • Freqüência da coleta
Avaliação do status da GIRS 63

• Inventário dos veículos de coleta e transporte Tratamento de Resíduos


• Quanidades e ipos de resíduos recolhidos e trans- A descrição e avaliação das estações de tratamento de
portados resíduos existentes são cruciais para o processo de pla-
• Nomes das empresas de transporte de resíduos; um ca- nejamento. Isso vai deinir “lacunas de infraestrutura” e
dastro de empresas de transporte de resíduos perigosos que informar a necessidade de novas estações para cobrir as
existe está sendo estendido para transporte de resíduos gerais; necessidades presentes e futuras.
Na maioria das vezes são observadas duas etapas na Os sistemas de tratamento são classiicados generica-
coleta de resíduos sólidos. Uma “primeira coleta” envol- mente conforme segue:
vendo resíduos em habitações e seu transporte para um - Tratamento mecânico
local de transferência e, em seguida um sistema de cole- - Tratamento biológico
ta secundário que recolhe os resíduos do local de trans- - Tratamento térmico, incluindo a pirólise, incinera-
ferência e transporta para um local de disposição inal. ção e gaseiicação.
A im de preparar um relatório detalhado das estações
Reciclagem de Resíduos atuais, devem pelo menos ser descritos os seguintes ele-
Esta seção da parte do status deve deinir o ipo, quan- mentos essenciais:
idade e qualidade dos materiais que estão sendo re- • O número e ipo de estações já existentes.
ciclados e descrever o funcionamento das estações de • As caracterísicas ísicas e operacionais das estações de ges-
reciclagem. Especialmente os sistemas de reciclagem tão de resíduos (quanidade de resíduos tratados anualmente,
devem ser descritos conforme segue: capacidade máxima, tempo de vida esperado das plantas, cus-
• Material reciclado (ex., papel, plásicos, metal, etc.) tos de tratamento), as informações mais detalhadas podem
• Estações de reciclagem existentes (localização, capa- ser obidas e estão apresentadas no Box 42 mais adiante.
cidade, tratamento, tempo, etc.) • O modo de transporte e a distância média de trans-
• Coleta organizada de material reuilizável (área servi- porte entre a origem dos resíduos e as estações de ges-
da, ipo de resíduo, quanidade, método de coleta, fre- tão de resíduos, e se for o caso, entre as estações de ges-
qüência da coleta); tão de resíduos e de processamento de recicláveis.
• Coleta informal de materiais recicláveis • O ipo de rota uilizada para o transporte de resíduos
• Comércio de materiais reciclados (por exemplo, vias urbanas ou rurais, ou rodovias).
• Custos de reciclagem • O registro pode ser feito através de quesionários ou
• Empresas de Reciclagem visitas às plantas.

Figura 28: Composição dos resíduos em diferentes cidades ao redor do mundo [15]
Resíduos perigosos Material
Cidade Papel (%) Vidro (%) Metal (%) Plásticos (%) Orgânicos (%) Outros (%) domésticos (RPD) (%)
Total
residual (%)
Adelaide, Austrália 7 5 5 5 26 52 0 0 100
Bamako, Mali 4 1 4 2 21 52 0 0 83
Belo Horizonte, Brasil 10 3 2 11 66 4 0 5 100
Bengaluru, Índia 8 2 0 7 72 9 1 0 100
Canete, Peru 6 2 2 9 70 11 0 0 100
Curepipe, República de Maurício 23 2 4 16 48 7 0 0 100
Deli, Índia 7 1 0 10 81 0 0 0 100
Daca, Bangladesh 9 0 0 4 74 13 0 0 99
Ghorahi, Nepal 6 2 0 5 79 7 0 0 99
Kunming, China 4 2 1 7 58 26 0 0 98
Lusaka, Zâmbia 3 2 1 7 39 48 0 0 100
Manágua, Nicarágua 9 1 1 8 74 1 0 5 100
Moshi, Tanzânia 9 3 2 9 65 5 0 7 100
Nairóbi, Quênia 6 2 1 12 65 15 0 0 100
Cidade de Quezon, Filipas 13 4 4 16 50 12 0 0 100
Roterdã, Holanda 27 8 3 17 26 19 0 0 100
São Francisco, EUA 24 3 4 11 34 21 3 0 100
Sousse, Tunísia 9 3 2 9 65 11 0 1 100
Condado de Tompakins, EUA 36 6 8 11 29 11 0 0 100
Varna, Bulgária 13 15 10 15 24 23 0 1 100
Média 12 3 3 10 53 17 0 1
Mediana 9 2 2 9 61 12 0 0

Box 41: Exemplo de conteúdos dos detalhes de um relatório de avaliação para coleta de resíduos em nível local
Em nível local deve ser realizada uma avaliação mais detalhada, incluindo: - Distancia do aterro
- Recursos humanos envolvidos - Rota de coleta
- Equipamento para o ipo especíico de serviço - Freqüência da coleta na estação de transferência
- Manutenção de equipamento - Transferência de equipamentos das estações (ipo) e higiene
- Estrutura organizacional do prestador de serviços - Gestão de pessoal, saúde e segurança
- Custos e receitas - Comunicação do usuário do serviço, usuário do serviço como
- Distancia do ponto de transferência (se houver) município e o prestador de serviços com o município
Avaliação do status da GIRS 64

Box 42: Informações detalhadas a serem coletadas a deposição em aterro sanitário ou descargas descontro-
para cada estação de tratamento ladas. Estes ipos de descarte podem incluir a disposição
de resíduos sólidos mistos ou os resíduos podem ser pré
- Nome da estação de tratamento
tratados em estações apropriadas .
- Área, região, município ou indústria atendida
- Tipo de tratamento A parte do status do plano deve incluir a seguinte infor-
- Localização geográica da estação mação sobre a disposição de resíduos:
- Ano de construção • Número de locais de disposição de resíduos (núme-
- Capacidade de cada estação ro de aterros sanitários e número de aterros controla-
- Rendimento diário/semanal/anual dos e lixões)
- Horário de funcionamento (por dia, semana, ano) • Áreas servidas pelos locais registrados
- Fluxograma para entrada e saída dos resíduos em pro- • Dimensão dos locais registrados
cesso de tratamento • Quanidades e ipos de resíduos dispostos nesses locais
- Produção de material recuperável a parir da estação • Tipo de pré-tratamento antes do descarte para cada local
- Equipamentos para limpeza de emissões de gases e líquidos
• Esimaiva do número de catadores que trabalham
- Programa de monitoramento ambiental para a estação
- Número de pessoas empregadas no local e a quanidade de resíduos a ser recuperada.
- Impactos ambientais devidos à operação da estação de A Figura 29 resume o luxo de um inventário de status
tratamento ípico para a gestão de resíduos. Este ipo de gráico é
- Licenças/alvarás/ceriicado de registro. conhecido como Diagrama de Fluxo de Processo (DFP)
e é considerado como a forma mais úil para visualizar e
Além do mencionado, existe uma necessidade de se entender o status de gerenciamento de resíduos de uma
avaliar os dados coletados e medir o desempenho das es- área. Se os planejadores conseguirem criar um gráico de
tações existentes. Os indicadores de desempenho poten- sucesso como este, então a base para qualquer decisão
ciais das plantas podem ser a densidade expressa quer em será estabelecida da melhor maneira.
número de domicílios por estação, ou a área média servi-
da por cada estação – fornece uma medida aproximada Economia & Financiamento do Sistema GIRS
do nível do acesso proporcionado por estas estações. atual
Eliminação de Resíduos Economia
As práicas mais comuns de disposição inal de resídu- A economia na Gestão de Resíduos movimenta cifras
os sólidos, na maioria dos países ao redor do mundo, são consideráveis, a maioria consumida em elementos do

Figura 29: Diagrama do fluxo de processo de Canete, no Perú [15]

Perda de resíduos orgânicos Coleta formal


0,32 t/dia
0,66 em caminhões
68,1% 21,06 t/dia Recuperado 1

Coleta formal
Transporte formal Lixão ‘La Arena’
em triciclos
75,2% 23,26 23,26 t/dia
1,3% 0,40 t/dia
75,2%

Varrição de rua

5,8% 1,80 t/dia


Geração de resíduos
Coleta seleiva de
0,10 t/dia
inorgânicos
1,3% 0,39 t/dia Recuperado 2
Total 31,60 t/dia
Residências 21,74 t/dia 68,8%
Mercados 3,83 t/dia 12,1% Não coletado Pequenos lixões
Comércios 2,90 t/dia 9,2% 3,80 t/dia
Varrição & outros 2,2 t/dia 7,0% 13,7% 4,23 t/dia Recuperado 1
12,3%
Insitucional 0,93 t/dia 2,9% 0,32 t/dia
Urbano 23,55 t/dia 74,5%
Rural 8,04 t/dia 25,5% Recuperado
Reciclagem dos resíduos Recuperado 2
pelos informais
Perdas 0,66 t/dia 3,88 t/dia 0,10 t/dia
9,9% 3,06 t/dia 12,5%
Andando 0,60 t/dia Recuperado PMR
Geração Líquida 30,94 t/dia Triciclos 0,96 t/dia
de Resíduos CIR 1,50 t/dia 0,39 t/dia
Avaliação do status da GIRS 65

sistema de gestão de resíduos, tais como a coleta, tra- existente e as práicas devem ser descritas da seguinte
tamento, disposição, etc. Independentemente do mon- forma:
tante gasto com os procedimentos acima, um sistema • Mecanismo de inanciamento para a coleta, tra-
GIRS apropriado deve alocar os recursos necessários de tamento e disposição inal. Por exemplo, encargos do
modo a ser desenvolvido e modernizado, adaptando-se usuário, autoridades iscais, lucro da venda de materiais
às condições mutáveis e a complexidade da produção de recuperados, emprésimos e outras fontes de inancia-
resíduos. mento.
Um PGIRS é caracterizado na práica a parir da área • Encargos atuais com taxas/usuário por unidade para
que ele estuda. Por esta razão, especialmente quando a a coleta, tratamento e desinação inal de resíduos.
área de cobertura é grande, por exemplo, um Plano Dire- • Principais problemas vivenciados no inanciamento
tor nacional, é diícil fornecer uma apresentação analíica dos serviços de gestão de resíduos, tais como o não-pa-
dos dados inanceiros do sistema existente, pois devido gamento, dinheiro arrecadado para a gestão de resíduos
à extensão da área de cobertura e o tempo necessário que é usado para cobrir déicits em outros serviços; etc.
para coleta das informações os dados podem apresen-
tar grandes desvios.No entanto, ele deve fornecer custos Avaliação da Situação Atual
sumariamente indicaivos das principais aividades, tais
como custo por tonelada descartada, custo por tonela- Esta seção apresenta conselhos e ferramentas práicos
da coletada, etc., proporcionando ao público uma visão sobre como avaliar o desempenho do sistema atual de
clara sobre a situação inanceira atual de gestão de resí- gestão de resíduos na área de interesse.
duos e estabelecendo dessa forma uma base para com- Um pré-requisito essencial é ter concluído a coleta de
paração com as ações que serão propostas na Parte de dados e informações que foram descritos anteriormente.
Planejamento No entanto, no caso de um Plano Diretor O processo de avaliação não só permiirá que as au-
estudar uma área menor, é possível ter mais informa- toridades avaliem se os esquemas estão tendo um bom
ções disponíveis relacionadas com o sistema de gestão desempenho, mas também ajudará a diagnosicar pro-
de resíduos e, portanto, devem fornecê-las. A ítulo in- blemas, projetar novas abordagens e, inalmente, me-
dicaivo, os planos locais podem fornecer dados sobre: lhorar a eiciência e eicácia do sistema de GIRS atual.
o custo por tonelada coletada, o custo por tonelada tra- Além disso, ele ajudará as autoridades locais a reduzir o
tada em vários serviços (térmica, separação, biológicas, desperdício e reciclar mais, fazendo melhor uso dos re-
etc.), o custo da distribuição da coleta - especialmente cursos e ajudando a combater as mudanças climáicas.
aqueles coletados para sistemas de reciclagem -, etc. A im de executar a avaliação, as seguintes etapas de-
De acordo com o acima mencionado, existe uma ne- vem ser tomadas:
cessidade de estabelecer os custos de invesimento e de Etapa 1: Ideniicar os papéis dos Principais Interve-
funcionamento da captação atual, transporte, tratamen- nientes no planejamento GRS
to, e sistemas de desinação. Estes incluem muitas vezes Etapa 2: Avaliar o Hardware & Sotware do sistema
os custos para: atual
• Pessoal (salários, pagamentos) Etapa 3: Criar Modelos de Fluxo de Resíduo
• Transporte (reparação, combusível) Etapa 4: Faixa de Esimaiva de Acessibilidade
• Operação e manutenção Etapa 5: Deinir Indicadores de Desempenho
• Treinamento em administração e pessoal
• Redução do impacto ambiental e penalidades Interessados na Linha de Base
• Juros e amorizações
Como foi mencionado nos capítulos anteriores, as par-
Financiamento tes interessadas são um elemento básico nos procedi-
Quanto ao inanciamento, são várias as combinações mentos de Planejamento da Gestão de Resíduos Sólidos.
uilizadas para sustentar sistemas de gestão de resíduos,, Ao deinir a linha de base, é de grande importância iden-
incluindo a operação de unidades a parir de enidades iicar todas as partes envolvidas, para deinir o interesse
públicas e privadas, parcerias intermunicipais, consór- fundamental de cada uma e avaliar qual pode ser a sua
cios e parcerias público-privadas. O inanciamento de contribuição para o projeto da linha de base. O Box 43
um sistema de GIRS depende muito da legislação da área fornece uma dica úil para os planejadores.
de cobertura em vigor. Por isso, é sugerido que o Plano
GIRS mencione claramente os mecanismos de inancia-
Box 43: Dica útil sobre as partes interessadas
mento existentes, tanto em termos de pagamentos ao
prestador de serviços e encargos para os usuários do ser- A ideniicação das partes interessadas durante o proje-
viço, para evitar falhas e disfunções do sistema. Mais es- to de estudo de base visa principalmente criar um modelo
peciicamente, o inanciamento do sistema de resíduos
Avaliação do status da GIRS 66

Uma boa ferramenta que realizou avaliações de har-


mental sobre a decisão tomada e as inluências esperadas,
mas também coletar os dados adequados para avaliar a
dware e sotware é o uso de Tabelas detalhadas e abran-
linha de base. Por esta razão, é aconselhável formar uma gentes como estas das iguras 30 e 31.
equipe mulidisciplinar com representantes dos princi- As duas tabelas devem fornecer informações sobre
pais interessados, que serão encarregados de coletar os os pontos fracos e fortes de cada um dos aspectos que
dados necessários garanindo ao mesmo tempo em que consituem, em seguida, as partes principais do hardwa-
todos os aspectos do sistema de gestão de resíduos fo- re e sotware. Os aspectos inanceiros, sociais e insitu-
ram totalmente cobertos. Ao garanir a paricipação dos cionais do Sotware e aspectos ambientais, Recuperação
interessados, a credibilidade dos resultados da avaliação é de Saúde e Recursos do Hardware devem ser examina-
aumentada e é evitada uma obstrução posterior das par- dos cuidadosamente.
tes interessadas.
Finalmente, os resultados da avaliação formarão a li-
nha de base, indicando as melhorias necessárias que de-
Definir Pontos Fortes & Fracos do Hardware vem ser realizadas e incluídas na parte de planejamento.
& Software De acordo com o acima mencionado o papel das tabe-
las de avaliação é o seguinte:
Como já mencionado um sistema sustentável de ges- • Organizar os dados coletados nas tarefas anteriores
tão de resíduos exige a boa funcionalidade do sistema • Avaliar a situação existente de uma forma rápida e fácil
de hardware e sotware e sua cooperação harmoniosa. • Ideniicar áreas problemáicas e pontos fortes do
Neste senido, é importante avaliar o seu desempenho sistema existente
no sistema existente e tratar áreas de forte interesse po- • Indicar as melhorias necessárias que devem ser in-
tenciais e/ou problemáicas. cluídas na parte de planejamento
 

Figura 30: Tabela de avaliação de software

SOFTWARE  Exemplo de questões em análise  Pontos Fortes  Pontos Fracos 

     

el de subsídio & incentivos econômicos     
Aspectos Financeiros 

Procedimentos para redução de custos / incentivos     

Sistema  de  cobrança  do  usuário  (nível  da  taxa,  mecanismo  de     
cobrança, eficiência da cobrança) 
Contabilidade financeira e recuperação de custos     
Outros     
Condições sociais dos trabalhadores dos resíduos     
Aspectos Sociais   

Orientação  do  serviço  de  GRS  para  atender  as  necessidades  e     


demandas da população 
Consciência  do  público  sobre  os  problemas  e  prioridades  dos     
resíduos 

Nível da participação comunitária nos serviços de coleta de resíduos     
Questões socioeconômicas para os catadores     

Distribuição de funções, responsabilidades e autoridade     
Estruturas de gestão/organizacionais     
Institucionais 
Aspectos 

Interações entre os departamentos, entre municípios diferentes, etc.     
Capacidades Institucionais     

Envolvimento do setor informal e do setor privado     
Administração de pessoal     

 
  Avaliação do status da GIRS 67

 
Figura 31: Tabela de avaliação de hardware
HARDWARE  Exemplo de questões em análise  Pontos fortes  Pontos fracos 

     

Gestão do local & desempenho das instalações     
Ambientais 

Condições ambientais     
Aspectos 

Outros     

     
     
Condições de trabalho (segurança/higiene/carga de trabalho)     
Aspectos de 

Saúde pública     
Saúde 

Outros     

     
     
Metas realistas     

Separação na fonte – catação     
Aspectos dos 

Recuperação 
Recursos/ 

Mercado para recursos recuperados     
Consciência pública     
Outros     

     

 
Criar Modelos de Fluxos de Resíduos séries temporais, de acordo com a qual os dados ante-
(Projeções)
Figura 31: Tabela de avaliação de hardware  riores e a sua distribuição são usados para determinar os
luxos de resíduos no futuro. No entanto, este método
 Depois de ter recolhido todos os dados relacionados parece evoluir com o aumento de determinados fatores
com os resíduos da área estudada, antes de passar para que também levam em consideração outros parâmetros,
o projeto de cenários de planejamento, é essencial e in- tais como as tendências de mudança nas condições so-
 
dispensável determinar os parâmetros de entrada para cioeconômicas, no uso de tecnologias mais limpas, etc.
os cenários. Isto é feito fazendo projeções de dados so- Esta abordagem visa não só fazer previsões para futuros
 
bre os resíduos e, mais especiicamente de quanidades luxos de resíduos e de síntese, mas também para revelar
e composição de resíduos. relações causais hipotéicas entre os fatores e os dados
 Os principais fatores que determinam a geração e a de resíduos.
composição anual de resíduos são a população e o pa- O Box 44 menciona parâmetros indicaivos que devem
drão ser levados em consideração na realização de projeções
  de vida de uma área. As suposições são feitas ge-
ralmente para o primeiro parâmetro a considerar que de dados de resíduos, enquanto o Box 45 mostra dois
quanto maior a população, maior será a geração de re- exemplos de relação entre os fatores e dados de resíduos.
 
síduos. Quanto ao segundo parâmetro, as coisas são um
pouco mais complexas, uma vez que os padrões de vida Box 44: Parâmetros indicativos que afetam os fluxos de
  elevados indicam tanto uma geração maior de re-
mais resíduos e características dos resíduos
síduos e um luxo de resíduos mais complexos, ou seja,
com • Mudanças na população
  menor presença de fração biodegradável e aumen- • Mudanças no tamanho da família
to da presença de materiais recicláveis.
• Mudanças no PIB/capita
Projeções válidas de resíduos são muito diíceis de ser • Migração interna
 
realizadas e a sua coniabilidade muitas vezes ica real- • Cumprimento das metas de reciclagem
mente diícil de ser provada. Até hoje, muitos planeja- • Evolução das metas estabelecidas pelo arcabouço legal
 
dores conduzem as projeções uilizando a abordagem de

 
Avaliação do status da GIRS 68

• Promoção de tecnologias mais limpas Definir a Faixa de Acessibilidade


• Aparecimento de novos materiais
• Desenvolvimento tecnológico A im de criar uma solução acessível na fase de plane-
jamento, há uma grande necessidade de esimar os pa-
râmetros a seguir, que resultam da coniguração da linha
Box 45: Exemplos de relação entre fatores e dados de
de base:
resíduos
- Perspecivas de crescimento econômico na área de
• A geração total de resíduos relatada na Europa OCDE interesse
aumentou quase 10% entre 1990 e 1995, enquanto o cres- - Produto Interno Bruto (PIB)
cimento econômico foi de cerca de 6,5% a preços constan- - Custo do sistema existente
tes, à condição de que para cada percentual do crescimen- A viabilidade econômica exige que o custo dos siste-
to econômico, o aumento correspondente na produção de
mas de gestão de resíduos seja aceitável para todos os
resíduos fosse de cerca de 1,6%.
• Há um declínio observado nos resíduos da produção
setores da comunidade atendida, incluindo proprietá-
em alguns países, provavelmente devido à melhor uiliza- rios, comércio, indústria, insituições e governo.
ção de tecnologias mais limpas. No entanto, isto não tem O custo dos sistemas de gestão de resíduos deve ser
sido suiciente para neutralizar o aumento da quanidade bem avaliado , pois nos sistemas que não são inancei-
de resíduos totais, devido ao crescimento na quanidade ramente viáveis muitas vezes decorrem rapidamente
de produtos produzidos e consumidos. falhas onerosas com impactos negaivos signiicaivos
sobre o ambiente e a população local.
Os modelos ípicos de luxo uilizados são apresentados
nos gráicos a seguir constantes da igura 32. PIB & Orçamento de Resíduos
Como já foi mencionado, a geração de resíduos está
Figura 32: Modelos típicos de fluxo de resíduos[18] relacionada com a população e o crescimento da renda.
Dos dois, o nível de renda que é medido em termos de
PIB é o indicador mais potente.
Mas ainda mais úil, é o dado que divide o orçamento
municipal total para a gestão de resíduos pela população
e, em seguida, expressa aquilo como uma percentagem
do produto interno bruto (PIB) per capita: a maior parte
dos gastos de gestão de resíduos das cidades do mundo
está na faixa de 0,1-0,7% do PIB / per capita.[15]
O percentual dos gastos de resíduos em relação ao PIB
pode ser semelhante para os países em desenvolvimen-
to e os países desenvolvidos (olhando para casos especí-
icos), mas há uma diferença signiicaiva no valor gasto
com a gestão de resíduos expresso em termos per capita.
A cidade de Dhaka, por exemplo, gasta US$ 0,90 por ano
per capita (0,2% do PIB) na gestão de resíduos enquanto
Viena gasta US$ 137 per capita por ano (0,4% do PIB).[16]
Outros fenômenos importantes a serem observados
é que os países em desenvolvimento normalmente gas-
tam mais da metade do seu orçamento apenas na co-
leta de resíduos (principalmente com mão de obra e
combusível), embora a taxa de coleta coninue baixa e o
transporte de resíduos ineiciente. Os gastos com outros
segmentos do luxo de gestão de resíduos, tais como as
tecnologias apropriadas de recuperação, tratamento e
disposição geralmente são bastante baixos. Nesses paí-
ses, um maior invesimento em serviços básicos de co-
leta, no transporte de resíduos e remediação de lixões é
um ponto de parida para uma GIRS sustentável.
Neste senido, considera-se que para o sistema de gestão
sustentável dos resíduos, a faixa de gastos deve estar entre
0,3% - 0,5% do PIB / per capita. A igura a seguir apresenta a
distribuição de gastos ípicos de diferentes países.
Avaliação do status da GIRS 69

Figura 33: Distribuição típica das despesas em diferen- Oportunos e rentáveis — há considerações práicas
tes países [16] quando se desenvolve indicadores de desempenho. Os
dados uilizados para os indicadores de desempenho de-
vem ser relevantes para a tomada de decisão e, portanto,
precisam estar imediatamente disponiveis. Pode haver
uma troca entre a atualização e a precisão dos dados. O
custo da coleta de dados não deve exceder o beneício.

Os indicadores básicos de desempenho são apresenta-


dos conforme seguem:

Indicadores de desempenho técnico


• Taxa de coleta (% de resíduos coletados do total ge-
rado)
• Cobertura da coleta (Número de pessoas atendidas
em % da população total)
• Desempenho de plantas de processamento de resídu-
os (quanidade processada como % da capacidade nomi-
Estimativa dos Indicadores de Desempenho nal)
• Quanidade de resíduos processados por geração total
Uma ação críica antes do planejamento é avaliar o de- de resíduos
sempenho do sistema existente usando indicadores de • Quanidade de materiais recuperados (reciclados) por
desempenho. Os indicadores de desempenho são medi- geração total de resíduos
das quaniicáveis que encapsulam fatores críicos de su- • etc.
cesso e são uma estrutura para avaliar os sistemas de ges-
tão de resíduos. Eles são apresentados como unidades de Indicadores de Rentabilidade
medida (por exemplo, número, porcentagem, tonelagem) Uma maneira pela qual a comunidade pode receber
e o seu cálculo é baseado em dados coletados na parte do mais informações é através do uso de indicadores de cus-
status. Além disso, a precisão dos seus valores está for- to-efeividade devidamente fundamentados, tais como o
temente relacionada com a precisão e credibilidade dos custo de obter maiores taxas de reciclagem ou menores
dados uilizados. taxas de eliminação em aterros. A melhoria da informação
São preferíveis os indicadores que forneçam uma medi- sobre custo-efeividade é benéica para formuladores de
da quaniicável, embora às vezes exista lugar para indica- políicas em todos os níveis de governo e à comunidade
dores qualitaivos. O Box 46 apresenta caracterísicas de em avaliar os custos de diferentes opções de gestão de
bons indicadores de desempenho. resíduos. Além disso, os indicadores de custo-efeividade
contribuem para assegurar que opções preferenciais de
Box 46: Características dos bons indicadores de desem- gerenciamento de resíduos sejam aplicadas a um custo
penho [17] menor.
• quanidade de resíduos processados por custo total
Bons indicadores de desempenho são geralmente: • custo da coleta por geração total de resíduos
Focados em objeivos/resultados — dadas as restrições • etc.
externas, os indicadores de desempenho devem releir se
(são) adequados, mensuráveis e (se) resultados claramen-
Indicadores
Ambientais
te deinidos e viáveis estão sendo atendidos.
• % dos resíduos coletados, que são depositados em um
Abrangentes mas concisos — um conjunto de indicado-
res de desempenho deve releir todos os objeivos impor- aterro sanitário ou controlado
tantes para demonstrar diferentes aspectos do desempe- • O estado de saúde da população medida pela preva-
nho global, apesar de não sobrecarregar os usuários com lência de resíduos / dejetos e doenças relacionadas como
informações. a hepaite A, febre ifóide / paraifóide, cólera, disenteria
Transparentes — indicadores de desempenho devem amebiana, ascaridíase, esquistossomose, ilariose
ser acompanhados de material explicaivo com as limita- • A quanidade de dióxido de carbono por quanidade
ções e restrições descritas, incluindo (aquelas) dos dados. de resíduos desviados dos aterros
Sempre que possível, devem ser usados dados compa- • etc.
raivos para ilustrar o desempenho com base em deini-
Uma comparação do status quo da GIRS em Viena, Da-
ções consistentes, tanto ao longo do tempo e através das
masco e Dhaka e os indicadores selecionados para a ava-
jurisdições.
liação de sistemas de GIRS são apresentados na Figura 34.
Avaliação do status da GIRS 70

Figure 34: Comparação do status quo da GIRS em Viena, Damasco e Dhaka [16]

Unidade Viena (2002) Damasco (2003) Daca (2002)

Geração de RSU [t/a] 850,000 450,000 1,400,000


Capita [milhões] 1.56 2 10
RSU/capita [kg/capita/a] 545 225 140
RSU/capita/dia [g/capita/dia]
K 1.5 0.6 0.4
Custos Totais [milhões Euros/a] 169 7.5 6.6
Custos por tonelada de RSU coletados [€/t] 200 18 10
Custos per capita [€/capita/a] 106 3.8 0.7
Produto Interno Bruto (PIB) [€/capita] 27,300 1,360 370
Custos GRSU/PIB [%] 0.40 0.28 0.18
Indicadores selecionados para avaliação dos sistemas de gestão de resíduos sólidos
Porcentagem da população com contato direto com os resíduos [% da população total] <0.01 40-50
Emissões de N [gN/capita/a] 7 41 170
Emissões de gases de efeito estufa (equivalente em CO2) [kgCO2/capita/a] 27 98 92
Taxa de reciclagem de material [%] 25 7 6
Volume de aterro necessário [m3/capita/a] 0.21 0.23 0.21
Taxa de disposição [kg/capita/a] 167 185 129
Qualidade final do armazenamento Não Não Não
Avaliação do status da GIRS 71

Referências
O autor encoraja todos os leitores a visitar a base de conhecimentos da ISWA (htp://www.iswa.org/en/525/kno-
wledge_base.html), que contém mais de mil arigos, apresentações e estudos técnicos, muitos dos quais foram ui-
lizados como fontes para a elaboração deste documento. Indicaivamente, são propostos os seguintes para estudo:

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rent-status/base
2. Leitmann, J., 1995, Rapid Urban Environmental Assessment - Lessons from Ciies in the Developing World, Volume
2: Tools and Outputs. UMP Technical Paper No. 15, The World Bank, Washington
3. htp://www.sagepub.com/upm-data/10985_Chapter_4.pdf
4. htp://www.cri.dk/wastedataguideline/03_001.htm
5. htp://archive.defra.gov.uk/environment/waste/localauth/planning/documents/infosheet06.pdf
6. Philip, R., Anton, B., Bonjean, M., Bromley, J., Cox, D., Smits, S., Sullivan, C. A., Van Niekerk, K.,Chonguiça, E., Mong-
gae, F., Nyagwambo, L., Pule, R., Berraondo Lopez, M., 2008, Local Government and Integrated Water Resources Mana-
gement (IWRM), Part III: Engaging in IWRM – Pracical Etapas and Tools for Local Governments, available at:
htp://www.sGRS.info/sites/default/iles/reference_atachments/PHILIP%20et%20al%202008%20Part%20III%20
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7. WRAP, 2010, Improving the desempenho of waste diversion schemes – A good pracice guide to monitoring and
evaluaion (WRAP Project EVA092-000), Chapter 3, report prepared by Resource Futures and WRAP, Banbury,
8. UNEP, 2009, ‘Developing Integrated Solid Waste Management Plan-Training Manual’, Vol. 2: Assessment of Cur-
rent Waste Management System and Gaps therein
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Municipal Solid Waste Systems, SCANDEC, Duebendorf, available at: htp://www.eawag.ch/forschung/sandec/publi-
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10. htp://www.wastestrategies.com/soluions/waste-audit/index.html
11. Gawaikar, V., Dr Deshpande, V. P., 2006, Source Speciic Quaniicaion and Characterizaion of Municipal Solid
Waste – a Review, available at: htp://www.seas.columbia.edu/earth/wtert/sofos/Gawaikar_Source%20Speciic%20
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12. htp://www.calrecycle.ca.gov/lgcentral/WasteStream/
13. European Commission & Environment DG, 2003, ‘Preparing a Waste Management Plan - A methodological
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14. UNEP, 2009, ‘Developing Integrated Solid Waste Management Plan-Training Manual’, Vol. 1: Waste Characteri-
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15. UN-HABITAT, 2010, “Solid Waste Management in the World’s Ciies/Water & Sanitaion in the World’s Ciies
2010”, Malta.
16. Brunner P., Fellner J., 2007, “From 1 to 10 to 100 €/Person and Year – Uniform Waste Soluions for Everyone?”,
Vienna University of Technology, Insitute for Water Quality, Resources and Waste Management
17. htp://www.pc.gov.au/__data/assets/pdf_ile/0014/21614/waste.pdf
18. EPEM S.A., 2011, DIADYMA (Diadimoiki Dyikis Makedonias) Waste Flow Model
Planejamento
Planejamento 73

Introdução Definição do âmbito do plano

Planejamento é o núcleo da GIRS. O processo de pla- Os limites do plano devem ser claramente deinidos.
nejamento é uma ferramenta fundamental de envolver Isso envolverá a tomada de decisões sobre a área de pla-
os interessados. nejamento, período, e os ipos de resíduos a serem co-
Um planejamento para GIRS signiica a adoção de po- bertos pelo plano.[1]
líicas e planos de gestão de resíduos que incluem: (1)
paricipação de partes interessadas; (2) todos os seis as- Área de Planejamento
pectos da GIRS e (3) todos os elementos do sistema de A área de planejamento é normalmente deinida como
resíduos. A base para o planejamento GIRS é a avaliação o limite geográico da área que precisa ser atendida pelo
inicial descrita anteriormente, para analisar e documen- sistema de gestão de resíduos. A área de planejamento
tar o sistema de gestão de resíduos existente, trabalhar precisa ser ampla o suiciente para capturar ambos os
com clientes e interessados para avaliar o seu funciona- principais centros de geração de resíduos e a área de pes-
mento, ideniicar recursos e necessidades, e assim por quisa dos locais de eliminação. Muitos fatores inluencia-
diante. rão a decisão sobre a seleção da área de planejamento.
O planejamento GISR é um processo conínuo e não Uma seleção desses fatores é apresentada no Box 47.
uma aividade única ou quaniicada. O processo deve
começar com uma análise da situação, isto é, uma ava- Box 47: Selecionando a Área de Planejamento [2]
liação do ambiente interno, bem como do ambiente ex-
terno. Esta avaliação da situação existente é a base para Geográica: Tamanho ísico da área urbana, caracterís-
a ariculação de critérios; estabelecimento de metas, ob- icas topográicas, localização de instalações de gestão de
jeivos e indicadores; formulação de um plano de ação resíduos existentes
Demográica: População da área urbana, densidade po-
para aingir as metas e objeivos. O plano de ação tem
pulacional, número de famílias, taxa de crescimento popu-
de ser então monitorado para veriicar se os objeivos lacional (ou declínio)
foram alcançados ou não. Caso as metas não sejam ain- Econômica e Financeira: Orçamento disponível para a
gidas, o processo deve ser repeido até que as metas de- gestão de resíduos, receitas iscais, peril socioeconômi-
sejadas sejam cumpridas. co da população a ser atendida, projeções de crescimento
econômico, potencial de serviços de subvenções cruzadas
Planejamento para áreas de menor renda por áreas mais ricas.
Insitucional: Arranjos de governo local e regional, pla-
nejamento e situação do uso do solo, relacionamento com
A visão do plano / Objetivo geral autoridades vizinhas e compromisso políico com a gestão
de resíduos.
Um Plano de GIRS precisa deinir uma ‘visão/meta glo-
bal’ do que se pretende alcançar. Uma vez que a visão
tenha sido deinida e acordada entre os principais inte- Durante o processo de seleção é essencial que todas as
ressados, ela atuará como uma plataforma a parir da oportunidades razoáveis para o planejamento regional
qual se desenvolverá uma compreensão comparilhada e uso comparilhado de instalações sejam exploradas.
dos objeivos do Plano de GIRS. Além disso, em nível municipal, as autoridades devem
Por exemplo, a visão pode se referir ao seguinte: considerar arranjos comparilhados de gestão de resí-
• diminuir os custos e riscos de resíduos para a so- duos com os municípios vizinhos, como uma forma de
ciedade; reduzir custos de GRS.
• reduzir danos ambientais e o mal causados pela gera-
ção e eliminação de resíduos; Período de Planejamento
• aumentar o beneício econômico, uilizando recursos O Plano de GIRS é geralmente deinido como abran-
materiais de forma mais eiciente; gendo 15-20 anos, a im de cobrir problemas no longo
• Etc. prazo. Um horizonte de tempo de 5 anos pode ser esta-
belecido para o Plano de Ação. Todo o plano GIRS deve,
em qualquer caso, ser revisto pelo menos a cada 5 anos
para assegurar que ele permaneça atual.
Um objeivo global é um objeivo de longo alcance por O plano deve deinir uma visão estratégica de longo
umEle
período
deve serespecíico.
especíico e realista.
prazo em linha com as expectaivas locais, regionais e na-
Objeivos de longo prazo estabelecidos por meio de pla-
nejamento são traduzidos em objeivos que, por sua vez, cionais que devem ser estabelecidas em um documento
são traduzidos em metas e ações. de alto nível. Se as autoridades locais estão consideran-
do irmar um contrato de gestão de resíduos, elas devem
Planejamento 74

assegurar que o plano cobre um período de tempo sui- Definindo objetivos & metas [3]
ciente para se provar atraente para o invesimento.
Deinindo objeivos
Tipo de resíduos abrangidos pelo Plano O principal resultado do planejamento de GIRS depois
Os planejadores também terão que decidir quais os i- de reunir todas as informações necessárias, é a deinição
pos de resíduos que serão incluisos em seu Plano. Por de objeivos com base no objeivo geral do Plano de GIRS.
exemplo, o plano incluirá resíduos industriais não perigo- A deinição de objeivos envolve um processo conínuo
sos ou apenas resíduos comerciais? Qual será o vínculo de invesigação e de tomada de decisão em que o co-
com o descarte inal do lodo de esgoto, etc. [1] nhecimento da situação atual sobre GIRS é um ponto de
Em princípio, o plano abrangerá todos os ipos de re- parida vital.
síduos sólidos gerados no âmbito da área de planeja- Podem ser objeivos gerais de um Plano de GIRS:
mento, independentemente da sua responsabilidade de - desviar resíduo (biodegradável) da disposição inal
gestão. No entanto, é provável que os resíduos sólidos (aterros sanitários)
municipais sejam geralmente classiicados como os re- - aumentar a reciclagem
síduos prioritários que o plano de GIRS examinará em - controlar a poluição de resíduos no ambiente
maior detalhe. - aumentar a eiciência econômica na gestão de resíduos
O Box 48 apresenta os ipos de resíduos sólidos que - reduzir a geração de resíduos
precisam ser cobertos no plano de GIRS. Deinir os objeivos corretos é fundamental para o de-
sempenho eicaz de uma GIRS.
Box 48: Tipos e definições de resíduos sólidos [2] Durante o planejamento os objeivos do processo de-
vem ser divididos em objeivos de curto prazo (geral-
Resíduos Domésicos: resíduos sólidos que são consequ- mente de 1 a 5 anos) e objeivos de longo prazo (ou seja,
ência de aividades domésicas. Em alguns países, até dois
5 a 12 anos)
terços desta categoria consiste em resíduos orgânicos.
Resíduos comerciais: resíduos de instalações uilizadas Os boxes 49 e 50 apresentam exemplos de objeivos
total ou principalmente para efeitos de comércio ou negó- que podem ser incorporados a um plano de GIRS.
cio ou para ins de esporte, recreação ou diversão. Os re-
síduos consistem ipicamente de embalagens e materiais
de embalagem, material de escritório usado e resíduos DEFININDO OBJETIVOS E METAS
alimentares. A deinição de objeivos & metas pode ser liderada
Resíduo Insitucional: resíduos originários de escolas, pelos interessados em uma discussão facilitada e em co-
fóruns, insituições de pesquisa, e outros ediícios públi- operação com especialistas que dão suas opiniões e con-
cos. Quando a insituição envolve moradores, a composi- selhos metodológicos e comentários sobre os resultados
ção dos resíduos é semelhante à dos agregados familiares.
Varrição de rua: são materiais como areia, folhas, vidros
quebrados, pequenos pedaços de metal, e outros ipos de
Box 49: Exemplo de objetivos gerais para GIRS
resíduos e detritos reirados das ruas, estacionamentos e
calçadas, a im de evitar que esses materiais sejam leva- Quadro jurídico e políico
dospara os esgotos pluviais e de águas supericiais, e para • A harmonização de políicas nacionais e da legislação
melhorar a aparência e segurança de vias públicas. no domínio da gestão de resíduos com as políicas nacio-
Resíduos de Construção e Demolição: materiais de nais e as disposições legais, e com as disposições dos acor-
construção e demolição (C&D) consistem do entulho ge- dos e convenções internacionais das quais o país é parte.
rado durante a construção, reforma e demolição de edií- • Integração da problemáica da gestão de resíduos nas
cios, estradas e pontes. Materiais de C&D contêm muitas políicas Setoriais e empresariais.
vezes materiais volumosos, pesados, tais como concreto, • Aumentar a eiciência da aplicação da legislação no
madeira, metais, vidro e componentes de construção re- domínio da gestão de resíduos.
cuperados.
Resíduos de Saneamento: estes são resíduos prove- Aspectos insitucionais e organizacionais
nientes de águas residuarias, esgotos e fossas que, depen- • Adaptação e desenvolvimento do quadro insitucional
dendo do nível de serviço oferecido, podem ser lançados e organizacional tendo em vista o cumprimento dos requi-
inadequadamente nas ruas e, portanto, aparecem na lim- sitos nacionais;
peza de drenos e nos serviços de varrição.
Resíduos Industriais: são resíduos produzidos por ai- Recursos humanos
vidade industrial, tal como fábricas, usinas e minas. A • Garania de recursos humanos com número e qualii-
composição é especíica conforme o local e dependedas cação proissional;
matérias-primas e mercados que fornecem a base para
uma determinada aividade industrial. Pode incluir resídu- Financiamento do sistema de gestão de resíduos
os líquidos, lamas, sólido ou resíduos perigosos. • Criação e uilização de sistemas e mecanismos econô-
Planejamento 75

micos e inanceiros para a gestão de resíduos nas condi- coletados e a eiciência da coleta seleiva de resíduos de
ções de observância de princípios gerais, especialmente o embalagens;
princípio “poluidor pagador”; • Criação e oimização de sistemas de recuperação de
materiais;
Conscienização das partes envolvidas • Criação e oimização de sistemas de recuperação ener-
• Promoção de um sistema de informação, sensibiliza- géica de resíduos de embalagens (“impróprias” para a re-
ção e moivação para todas as partes envolvidas; cuperação material).

Coleta e comunicação de dados e informações relai-


vas à gestão de resíduos Deinição de metas
• Obtenção de dados completos e precisos e informa- As metas são as ferramentas uilizadas no planeja-
ções que correspondam aos requisitos de informação em mento de GIRS, a im de concreizar os objeivos e, ge-
nível nacional; ralmente, relacionadas com o desempenho e cobertura
dos serviços. Desde que sejam realistas, podem ser uma
Prevenção da geração de resíduos
• Maximização da prevenção da geração de resíduos;
ferramenta eicaz para o avanço de melhorias. Em alguns
casos, as metas de GIRS foram estabelecidas nas Políicas
Recuperação do potencial úil a parir de resíduos Nacionais ou Estratégias Setoriais. [1]
• Exploração de todas as possibilidades de natureza téc- As Metas serão ‘SMART’ o que signiica que elas de-
nica e econômica em relação à recuperação de resíduos; vem ser:
• Desenvolvimento de aividades de recuperação mate- • ESpecíicas
rial e energéica; • Mensuráveis
• Aingíveis
Coleta e transporte de resíduos • Realistas
• Garania de atendimento a um maior número de ge-
• OporTunas
radores de resíduos por sistemas de coleta e transporte
de resíduos;
O Box 51 explica de que formas as metas serão SMART.
• Garania das melhores opções para a coleta e trans-
porte de resíduos, tendo em vista uma recuperação eicaz; Box 51: Metas SMART em planejamento de uma GIRS [4]

Tratamento de resíduos Metas SMART são especíicas, mensuráveis, alcançáveis,


• Promoção de tratamento de resíduos tendo em vista realistas e oportunas:
assegurar uma gestão ecológica racional; • Metas especíicas são simples e inequívocas. Elas enfa-
izam o que você quer que aconteça.
Eliminação de resíduos • Metas mensuráveis são explicitamente deinidas de
• Eliminação dos resíduos de acordo com os requisitos modo que você sabe quando as aingiu. Termos como
da legislação em matéria de gestão de resíduos com a i- “tanto quanto possível” ou “logo” não são tão mensurá-
nalidade de proteger a saúde da população e o meio am- veis quanto “reduzir em 5 por cento” ou “pelo PIB.”
biente; • Metas alcançáveis são razoáveis e exequíveis. Porque
elas são especíicas e mensuráveis, não deve haver ambi-
Pesquisa & Desenvolvimento guidade quanto a saber se os objeivos são práicos. Me-
• Incenivo e apoio à pesquisa no campo da gestão inte- tas inaingíveis correrão o risco de perder a credibilidade
grada de resíduos; de deinição de meta.
• Metas realistas são aquelas que as autoridades e públi-
co estão dispostos e aptos a trabalhar para implementar.
Uma análise de viabilidade, ou pelo menos uma esima-
Box 50: Exemplo de objetivos direcionados para fluxos iva feita por especialistas, é necessária para estabelecer
de resíduos específicos metas realistas. Padrões setoriais, pontos de referência e
uma comparação com o que outros países / cidades seme-
• Redução da quanidade de resíduos biodegradáveis lhantes alcançaram no passado também pode dar alguma
através de reciclagem e processamento (minimização do ideia sobre ela.
material orgânico para a redução dos poluentes emiidos • Metas oportunas deinem um calendário e cronogra-
por chorume e gás de aterro sanitário); ma para garanir que o trabalho possa ser feito dentro
• Aumentar o grau de reuilização e reciclagem de em- de um prazo determinado e realista. Metas precisam de
balagens; marcos ou cronogramas, que deinirão etapas a serem al-
• Oimização da quanidade de pacotes por produto em- cançadas dentro de prazos concretos, oferecendo assim
balado (através de redesign); pouca moivação para a implementação oportuna.
• Redução da quanidade de resíduos de embalagens por
meio de recuperação;
• Aumentar as quanidades de resíduos de embalagens
Há muitas maneiras diferentes de enquadrar metas.
Algumas opções são apresentadas na Tabela 2.
Planejamento 76

Tabela 2: Exemplos de metas de enquadramento [5] • Reciclar ou compostar pelo menos 33% dos resíduos
domésicos até 2015
Tipo Exemplos Prós Contras
Reduzir a Mais difícil de atingir
Reduzir a carga de Metas nacionais de recuperação:
quantidade de dado o crescimento
Absoluto
aterro para 100 t/d
poluição real ao
econômico e • Recuperar o valor de 40% dos resíduos urbanos
meio ambiente
para o ano X populacional até 2005
• Recuperar o valor de 45% dos resíduos urbanos
Reduzir o percentual Mais fácil de atingir A poluição total do
de aterro sanitário sob um rápido meio ambiente até 2010
Relativo
para 40% até o ano crescimento ainda pode • Recuperar valor de 67% dos resíduos urbanos até 2015
X econômico aumentar

Comparar com Reduzir a taxa de aterro Mais prático em


Poluição total do
meio ambiente
Considerações sobre o Desenvolvimento de Objeivos
sanitário em 20% até o ano
a tendência X, comparado ao cenário
rápido crescimento e Metas
provavelmente
esperada econômico
Ao estabelecer objeivos e metas, os seguintes aspec-
de negócios atuais
ainda aumentará

Relacionado ao Economizar 50% de Fornecer incentivo


tos devem ser levados em consideração (ver Figura 35):
custo/ valor
fundo do governo
financeiro e
Eficácia ambiental • requisitos legais ao abrigo da legislação existente;
para incineração no não é clara
pelo dinheiro ano X
recompensas • impactos ambientais signiicaivos;
• opções tecnológicas;
• exigências inanceiras e operacionais; e
A deinição de meta pode variar de caso para caso de- • opiniões das partes interessadas.
pendendo dos luxos de resíduos visados e do ipo de Além disso, a escolha de objeivos e metas para o planeja-
metas escolhidas.. Disponibilidade e qualidade de infor- mento de GIRS precisa levar alguns fatores em consideração:
mação básica e projeção, o nível desejado de exigência • A estratégia global nacional, provincial e / ou local e
da GIRS e a capacidade e recursos disponíveis para o pro- os planos relacionados com a gestão de resíduos
jeto são fatores básicos de formação das metas corretas. • Planos de desenvolvimento socioeconômico
O Box 52 apresenta como exemplo, as metas nacio- • Plano de desenvolvimento industrial
nais do Reino Unido que foram estabelecidas, a im de • Importância relaiva ou urgência de cada meta
cumprir a obrigação da Direiva de Aterro Sanitário da CE
(99/31/CE) para reduzir os resíduos urbanos biodegradá-
Figura 35: Considerações para o desenvolvimento de
veis enviados para os aterros.
objetivos e metas
Box 52: Resumo das Metas Nacionais de Gestão de Resí-
duos no Reino Unido relacionadas com o desvio de resí- Opções tecnológicas

duos biodegradáveis dos aterros sanitários.

O Reino Unido está vinculado pela Direiva de Aterros


Sanitários da CE (99/31/CE) que estabelece metas obriga- Considerações inanceiras
tórias para a redução dos resíduos urbanos biodegradá-
veis enviados para aterros sanitários. As metas nacionais
britânicas são: OBJETIVOS
• Até 2010 reduzir os resíduos urbanos biodegradáveis Considerações operacionais &
enviados para aterros para 75% do que foi produzido em ALVOS
1995;
• Até 2013 reduzir os resíduos urbanos biodegradáveis de-
positados em aterros para 50% do que foi produzido em 1995; Considerações ambientais
• Até 2020, reduzir os resíduos urbanos biodegradá-
veis depositados em aterro para 35% do que foi produ-
zido em 1995.
Considerações organizacionais
Para ajudar a atender a essas exigências, o Governo esta-
beleceu metas nacionais para a recuperação de resíduos sóli-
dos urbanos e reciclagem / compostagem de lixo domésico:

Metas nacionais de reciclagem / compostagem:


Priorização de Objeivos e Metas
• Reciclar ou compostar, pelo menos 25% dos resíduos Os objeivos e metas devem ser listados e priorizados. [5]
domésicos até 2005 A lista de objeivos e metas é provavelmente longa e
• Reciclar ou compostar pelo menos 30% dos resíduos muito exigente tanto em termos de custo quando de re-
domésicos até 2010 cursos humanos. Alguns objeivos e metas podem entrar
em conlito com outros. Daí, uma técnica de priorização
Planejamento 77

imparcial deve ser aplicada para selecionar a quais obje- portante consultá-los, estabelecer os objeivos e metas em
ivos e metas será dada preferência. Coerência metodo- conjunto com as razões por trás deles, antes de inalizar.
lógica é vital para se chegar a resultados coniáveis. Além disso, a ixação de objeivos e metas deve envol-
ver pessoas na(s) área(s) funcional(s) relevante(s) a im de
As prioridades podem ser deinidas em vários estágios construir compromisso. Essas pessoas devem estar bem
do planejamento GRS: posicionadas para criar, planejar e alcançar essas metas.
• deinir problemas prioritários;
• deinir objeivos prioritários; Controlando Opções
• deinir metas / ações prioritárias
O objeivo deste passo é ideniicar as opções práicas
A metodologia de priorização depende do que está (ou soluções alternaivas) disponíveis para abordar cada
sendo priorizado, da disponibilidade de dados, do grau um dos componentes do Sistema de Gestão de Resíduos
de paricipação no planejamento de GIRS e do tempo e Sólidos em geral, a im de aingir os objeivos e metas
recursos disponíveis. estabelecidos no processo de planejamento.
A priorização pode ser facilitada pela classiicação. Muitos sistemas de GIRS foram implementados em ní-
Classiicar pode ser na forma de Alta, Média ou Baixa, vel mundial. Embora a ideniicação dos diferentes sis-
baseado em diferentes fatores, tais como beneícios de temas e subsistemas de GIRS seja um processo fácil, a
longo prazo, beneícios no curto prazo, autodependên- seleção dos sistemas adequados que saisfaçam as ne-
cia, crescimento da comunidade, distribuição equitaiva cessidades especíicas da área de planejamento é uma
dos resultados e múliplos beneícios inanceiros. tarefa diícil.
Outra opção é seguir uma matriz de decisão que permita Um sistema integrado de GRS, muitas vezes, consiste
analisar as ações contra determinados critérios. Um exem- das seguintes fases:
plo de matriz de decisão é mostrado na seguinte Tabela 3: • Coleta de resíduos (misto, separados por fonte, etc.)
• Transferência de resíduos (até a estação de transfe-
Tabela 3: Exemplos de classificação de objetivos / me- rência, instalação de recuperação e reciclagem, planta
tas / ações [5] de tratamento ou aterro sanitário)
• Coleta de resíduos em estações de transferência
Objetivo/Meta/Ação
• Separação mecânica dos resíduos (recuperação de
Taxa em escala de  material e instalação de reciclagem)
Nº Fator
0 a 10
• Tratamento de resíduos (tratamento térmico, quími-
1
Benefícios de  co, ísico ou biológico)
longo prazo • Disposição de resíduos
Benefícios de  Não obstante o acima exposto, cada sistema de gestão
2
curto prazo
Viabilidade 
de resíduos deve operar a um custo aceitável para os ci-
3 dadãos pariculares, empresas e governo. Os custos de
econômica
4 Autoconfiança
operação de um sistema eicaz dependerão da infraes-
trutura existente
Resultados  Neste senido, as seguintes categorias de opções serão
benéficos para 
5 mais de uma das 
ideniicadas:
partes  • Opções Insitucionais
interessadas • Opções Técnicas
Crescimento em  • Opções Financeiras
6 termos de  O Box 53 apresenta importantes parâmetros de cria-
conhecimento ção de um sistema de GIRS nos países em desenvolvi-
Melhoria no  mento e em transição, de acordo com os princípios de
7
padrão de vida
Outros 
hierarquia na gestão.
8
(especificar)
Box 53: Questões fundamentais para criação de um
10: Resultado altamente positivo sistema de GIRS em países em desenvolvimento e em
10: Resultado altamente posiivo
0: Neutro
0: Neutro transição [23]
NA: Não se aplica
NA: Não se aplica • Diminuir a descarga gradaivamente. A abordagem
que vai trazer as maiores melhorias à situação atual é a
Comunicar Objeivos e Metas às partes interessadas de levantar o sistema de gestão de resíduos local para a
Aingir a meta exige esforços combinados de governos primeira etapa do sistema de gestão de resíduos através
e setores de aividade em todos os níveis. É, portanto, im- da modernização dos padrões de eliminação dos resíduos.
Planejamento 78

Isso signiica introduzir “controles” da práica do descarte sistema em que o gerador de resíduos individual deve
de resíduos. levar o resíduo até um local de reciclagem central. Um
• Preservar e construir com base no sistema informal sistema de coleta regular, no entanto, é com frequência,
de recuperação de material. Muitos países têm prósperos mais caro. [6]
mercados secundários de materiais. À luz disso, sistemas Além disso, a legislação em vigor pode determinar em
concebidos ‘de cima para baixo’ para esimular insitu- detalhe a estrutura de um sistema de coleta e, similar-
cionalmente a prevenção, minimização, separação e reci- mente, a introdução de sistemas de coleta pode ser pro-
clagem de resíduos sólidos urbanos interferem mais com movida por nova legislação, que estabelece qual o ipo
sistemas funcionais do que ajudam. Sistemas informais de sistema de coleta deve ser escolhido. [6]
de recuperação de materiais oimizam o uso de recursos
No que diz respeito a reciclagem, os planejadores de-
naturais, criam emprego e renda e reduzem as quanida-
des de resíduos exigindo coleta e descarte. A opção mais vem ter em mente que alguns luxos de resíduos são es-
viável é apoiar o setor informal de recuperação, enquanto peciais devido a requisitos para reciclagem. [6]
em paralelo se desenvolve um sistema de GIRS com base
nas soluções tecnológicas e práicas adequadas. Opções de Tratamento e Descarte de Resíduos
• Mover as práicas para cima na hierarquia. As práicas Os planejadores devem fornecer uma lista de tecnolo-
de gestão de resíduos serão selecionadas, a im de melho- gias de tratamento de RS disponíveis e técnicas de des-
rar a hierarquia de resíduos. carte. Uma ampla gama de tecnologias de tratamento
• Abordagem de longo prazo. A evolução histórica dos está disponível no mercado, incluindo e não se limitando
sistemas de gestão de resíduos com desenvolvimento eco- às seguintes opções de tratamento de resíduos:
nômico conínuo de um país; a atração do sector secun-
- Aterro Sanitário
dário recuperação de materiais como meio de geração de
emprego e renda diminuirá. Consequentemente, haverá - Incineração (Recuperação Energéica)
uma necessidade crescente de os governos e municípios - Compostagem
esimular, ‘de cima para baixo’ o movimento de gestão de - Digestão Anaeróbia
resíduos para cima na hierarquia. - Outros
Eles descreverão posteriormente algumas das tecnolo-
gias mais convencionais disponíveis e realçarão seu po-
• Opções Insitucionais tencial de aplicabilidade na área de planejamento.
Organização e gestão eicazes são necessárias para Os planejadores devem ser realistas quanto à viabilida-
manter um sistema de GIRS eicaz. Ao planejar melho- de e praicidade da tecnologia de tratamento de RS sele-
rias no sistema GIRS, atenção precisa ser colocada em cionada. No passado, a seleção de tecnologias de trata-
assegurar que as responsabilidades insitucionais sejam mento inadequadas levou à falha do sistema de GIRS na
claramente deinidas, e que as insituições tanto tenham área de aplicação (ver Box 54).
recursos suicientes quanto sejam responsáveis pelo seu
desempenho. Para fazer isso, diferentes esquemas para
Box 54: Casos de Falha de Instalações de Tratamento
formar ou melhorar o quadro insitucional devem ser de-
de RSU [23]
inidos.
•África
1970s/80s
Ocidental
• Opções Técnicas Número de casos de usinas de incineração construídas,
mas nunca usadas. Os problemas incluíram os resíduos es-
Opções de Coleta de Lixo e Reciclagem tarem muito umidos para queimar; falta de reservas cam-
Este componente é centrado principalmente na ideni- biais para peças de reposição, e até mesmo a construção
do incinerador, mas não da estrada de acesso para trans-
icação e seleção das opções de subsistema operacional
portar os resíduos até ele.
adequado relaivas a: • 1979 - Ásia
- Armazenamento de resíduos Uma usina de compostagem mecanizada foi construída
- Coleta para resíduos urbanos. Pouca atenção foi dada à viabili-
- Transferência dade técnica do processo; facilidade de manutenção da
- Serviços de Limpeza planta; caráter misto de resíduos e falta de demanda con-
- Manutenção de Veículos iável para o produto composto. A planta não funcionou
- Recuperação e Reciclagem de Materiais corretamente e teve longos períodos de fechamento.
- Outros • Sul da Ásia 1986
Sistemas de coleta e reciclagem podem desempenhar Incinerador Flagship inanciado por um país europeu.
Trabalhou com interrupções por alguns anos. O poder ca-
um papel importante na realização das metas, portanto
loríico dos resíduos era inferior ao previsto, e assim exigia
a análise deve ser feita de qual ipo de sistema é o mais combusível adicional para queimar. A instalação provou-
adequado levando em conta as metas. Por exemplo, um -se não econômica e ineicaz.
sistema de coleta regular pode ser mais eicaz do que um
Planejamento 79

ro / capacidade das instalações de gestão de resíduos


• 1990
Ásia Sudeste da (referindo-se principalmente a estações de tratamento,
Estudo de Planejamento recomendou aterro sanitário
instalações de recuperação e reciclagem de materiais,
para 2.000 toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia.
A empresa incineradora convenceu o município a cons- estações de transferência e aterros sanitários)
truir um incinerador para 200 toneladas por dia (10% dos
resíduos). O efeito foi dobrar o custo total de implementa-
Box 55: Planejamento de Cenários
ção do plano. Quando construído, o incinerador não fun-
cionou conforme pretendido: resíduo úmido demais / va- O planejamento de cenários é um processo no qual os
lor caloríico menor que o previsto. Portanto, ao invés de cidadãos e planejadores analisam as principais tendências
gerar eletricidade, o incinerador exigia o suporte de com- e forças que podem moldar o futuro de uma área ou re-
busível para queimar resíduos. A planta foi desaivada. gião para prever possíveis situações ou resultados futu-
ros. Não é uma tentaiva de prever o futuro, mas sim uma
ferramenta que permite aos parceiros de planejamento
Opções Financeiras preparar-se para o futuro, avaliando várias opções poten-
São descritas em detalhe nas seções seguintes. ciais de desenvolvimento, ideniicadas na etapa anterior.
Os planejadores podem usar várias técnicas para avaliar as
tendências dos fatores-chave, tais como transporte, meio
Análise de Opção ambiente e uso do solo para desenvolver alternaivas de
cenários futuros que relitam premissas diferentes de ten-
Esta seção é o núcleo de um plano de GIRS, uma vez dências e avaliação de vantagens e desvantagens.
que nela são determinados os aspectos técnicos básicos A Figura 36 apresenta forças motrizes ípicas inluen-
do sistema integrado de gestão de resíduos. Mais especi- ciando a dinâmica de sistemas de GIRS. Portanto, é essen-
icamente, nesta fase: cial que os cenários criados devam ser ainda mais reina-
• Zonas de gestão de resíduos, que receberão serviços dos e modiicados para tratar condições em evolução. [7]
de gestão de resíduos comuns são determinadas Figura 36: Forças motrizes na GIRS [8)
• Os locais ou as áreas mais amplas da infraestrutura
principal de gestão de resíduos são selecionados, com A seguir são apresentadas algumas das forças motoras í-
picas: - Crescimento populacional; - Industrialização (extra-
destaque para a instalação central de gestão de resídu-
ção e processamento de recursos); - Urbanização; - (Falta de)
os, que será composta do aterro e das estações de trata- Infraestrutura (adequada); - Forças motoras intermitentes
mento de resíduos como turismo religioso ou de lazer
• O sistema de coleta que será implementado será se-
lecionado Passos no Planejamento de Cenário
• As tecnologias que serão aplicadas para o tratamento Planejamento de cenários é uma tarefa exigente que
de resíduos serão selecionadas pode ser descrita como na igura 37.
• Os principais aspectos inanceiros do sistema serão
apresentados Figura 37: Passos no planejamento de cenário

Criar Cenários
1.
Pesquisa
Com base nos princípios de planejamento de cenários das Forças
2.
6. Motoras
(ver Box 55), esquemas eicazes de uma combinação de Monitoramento
Determinação
dos Padrões de
dos indicadores
opções de GIRS serão criados. Os cenários precisam ofere- interação
cer lexibilidade para projetar, adaptar e operar sistemas
PASSOS DO
de forma que melhor atendam às atuais condições sociais, PLANEJAMENTO
DO CENÁRIO
econômicas e ambientais. Estes são propensos a mudar
ao longo do tempo e variam de acordo com a geograia. 5. 3.
Cenários alternaivos podem se referir a diferentes ca- Avaliação Criação de
dos cenários cenários
tegorias, tais como: 4.
Análise
• Alternaivas em termos de tratamento / gestão téc- das
implicações
nica de resíduos
• Locais alternaivos de infraestrutura de gestão de resí-
duos (referindo-se principalmente a estações de tratamen-
to, instalações de recuperação e reciclagem de materiais,
No passo 1, os planejadores devem deinir as forças
estações de transferência de resíduos e aterros sanitários)
motrizes que inluenciam a GIRS e no passo 2 determinar
• Zoneamento alternaivo em termos de gestão de como essas forças poderiam se combinar para inluenciar
resíduos comuns (zonas de gestão), bem como o núme-
Planejamento 80

condições futuras. tantes da cidade serão usados tanto veículos a gás natural
O passo 3 é a criação de cenários, pensando nas diferen- quanto veículos com motores a diesel de baixa emissão.
tes forças motrizes em ambientes futuros Para uma parte da cidade de Roma, o transporte de re-
No passo 4 os planejadores precisam analisar as im- síduos será executado por trens a parir de uma estação
plicações de cada cenário desenvolvido, considerando o ferroviária intermediária até o desino inal.
transporte, uso do solo, invesimento público e as políicas A coleta e tratamento de resíduos podem ter efeitos so-
ambientais e outros fatores fundamentais. bre a saúde ocupacional e as taxas de lesões de trabalha-
O cenário precisa ser avaliado no passo 5, medindo um con- dores. Ao planejar sistemas de coleta, cuidados especiais
tra o outro e comparando as implicações de cada um deles devem ser tomados para evitar o levantamento de peso e
Finalmente, o passo 6 monitora as implicações à medida a tensão da movimentação de contêineres, bem como a
que o tempo passa, de modo que cada cenário possa ser prevenção de acidentes nas plantas de incineração, com-
ainda mais aperfeiçoado e modiicado conforme necessá- postagem ou reciclagem.
rio, à medida que o futuro se desdobra. [7]
Cenário alternaivo 2: Políica Verde
O segundo cenário alternaivo foi projetado para pro-
O Box 56 e a Figura 38 ilustram exemplos de aborda- porcionar a gestão de resíduos mais sustentável, na qual
uma aplicação radical dos princípios hierárquicos de re-
gens alternaivas de GIRS no planejamento.
dução de resíduos da UE (-15% do valor de referência) e
elevadas taxas de reciclagem / compostagem (70%) e será
Box 56: Criando cenários: um exemplo de gestão de re- aplicado o fechamento progressivo dos aterros. A preven-
síduos em Lazio, Itália [9] ção de resíduos será um fator chave: se em primeiro lugar
a quanidade de resíduos gerados for reduzida e classii-
Cenário de referência cados de forma adequada para reciclagem, então sua eli-
No cenário de referência (2008) a coleta de resíduos é minação se tornará automaicamente mais simples. Como
feita com caminhões a diesel altamente poluentes (Euro consequência, no cenário verde, haverá uma redução no
2), uilizando recipientes de rua, e as taxas de reciclagem e número das plantas operacionais: dois incineradores, seis
compostagem são muito baixas. Um total de sete plantas aterros e sete TBMs. Os critérios pelos quais algumas plan-
biológicas municipais (TMB) estão operando, e dois inci- tas serão fechadas são baseados no número de pessoas
neradores queimam combusível derivado dos resíduos que residem nas proximidades, níveis de emissão, e na
produzidos nos TMB; um total de nove aterros estão fun- idade da estação de tratamento. Além disso, na grande
cionando, onde o descarte de resíduos ocorre principal- área central da cidade dentro do anel ferroviário, a coleta
mente sem pré-tratamento. e transporte de resíduos serão executadas com veículos
elétricos.
Cenário alternaivo 1: Estratégia de Resíduos
O primeiro cenário alternaivo é reirado do plano de re- Figura 38: Exemplo de Planejamento de Cenário
síduos regional (Estratégia de resíduos) e considera o perí-
odo até 2016, e prevê um aumento na taxa de reciclagem e Sem flexibilidade contratual
compostagem de até 60%, uilizando-se a coleta de resídu-
os porta-a-porta. A estratégia desina-se a recuperar o ma-
terial (especialmente papel e vidro), e usar vários processos Número
Uso limitado
limitado de
de tratamento mecânicos e biológicos para transformar tecnologias
de tecnologias
resíduos mistos em combusível derivado de resíduo para “verdes”
“verdes”
Gestão de Gestão de
recuperação de energia através da incineração / gaseiica- resíduos resíduos
ção. Em 2016, somente a fração orgânica estabilizada após através de guiada por
tecnologias baixo custo
a compostagem chegará aos aterros e somente ferro e me- “verdes” marginal
tais serão separados. A recuperação crescente de materiais Inundação Tecnologias
“verde” - comprovadas
reduzirá o uso de aterros, e eles não aceitarão resíduos sem vários incluindo
pré-tratamento. Segundo o plano, seis novas plantas para fornecedores tecnologias
tratamento de resíduos (2 plantas de gaseiicação e 6 novos inovadores de “verdes”
solução “verde” comprovadas
TMB) serão construídas até 2016, enquanto o número de
aterros permanecerá inalterado.
Uma coleta seleiva ‘porta-a-porta’ de resíduos será Flexibilidade contratual
implementada para reduzir a produção de resíduos não
classiicados, e aumentar a coleta separada. Em termos Avaliação de Cenários / Opções
de transporte de resíduos, atenção especial será dada à
subsituição dos caminhões recolhendo latões por veícu-
los menores e menos poluentes. Por exemplo, no centro
Após a gama relevante de cenários / opções ser deter-
histórico da cidade de Roma a coleta de resíduos será rea- minada técnica e inanceiramente aparecerá o melhor
lizada por veículos elétricos, enquanto que nas partes res- cenário para cumprir os objeivos e metas estabelecidos
nas seções anteriores. Ferramentas podem ser uilizadas
Planejamento 81

para avaliar o número de diferentes cenários de tomada apresentadas, especialmente quando as partes interessa-
de decisão. das, ou alguns deles, não estão realmente envolvidos na
O Box 57 apresenta os princípios básicos do processo tomada de decisões. Uma maneira de superar esse pro-
de tomada de decisão em resíduos. blema é criar um processo inclusivo de tomada de deci-
sãoou criar um sistema de tomada de decisão com inter-
Box 57: Princípios de Tomada de Decisão em Resíduos valos de pesos especíicos (ao invés de números exatos) e
apresentar resultados também como intervalos.
A tomada de decisão em resíduos deve ser baseada nos
Aqui está um exemplo para um cenário eicaz de toma-
seguintes princípios:
• Indivíduos, comunidades e organizações devem assu- da de decisão em relação à seleção de uma tecnologia
mir a responsabilidade por seus resíduos; adequada [24]. Duas fases de trabalho são propostas:
• Na tomada de decisões, deve haver consideração de
opções alternaivas de forma sistemáica;
• O envolvimento com a comunidade local e os princi-
pais interessados deve ser uma parte importante e inte- Fase 1
grante do processo decisório; 1. Criar um peril da área examinada
• Os impactos ambientais de opções possíveis devem ser ava- 2. Criar um peril para as tecnologias examinadas
liados olhando tanto para o longo prazo quanto o curto prazo; 3. Criar um peril para os produtos de cada tecnologia
• As decisões devem procurar entregar os resultados am- Triagem
bientais que fazem mais para aingir os objeivos e levarão Fase 2
em conta o que é facível e o que tem um custo aceitável. 4. Criação de cenários completos
• Ao desenvolver suas estratégias, as autoridades devem 5. Critérios de avaliação
também levar em conta as previsões governamentais de pro- 6. Análise de custo-beneício
dução de resíduos municipais e conselhos sobre expectaivas
realistas da proporção de resíduos que podem ser reciclados.

Esses princípios podem orientar os tomadores de de- Para o peril da área examinada, os seguintes pontos-
cisão a im de formular seus próprios critérios e proce- -chave são propostos.
dimentos. Aqui estão algumas sugestões para a tomada
de decisão práica relacionada com a gestão de resíduos. Tabela 4: Dados mínimos para o perfil da área exami-
nada [24]
Sugestão 1: Estar ciente de que os cenários devem ser ELEMENTOS MÍNIMOS COMENTÁRIOS
desenvolvidos de uma forma uniforme;baseados nos Problema devido à má gestão Pontos-chave para as soluções
mesmos pressupostos e incluirão a mesma informação. de resíduos propostas
A melhor maneira de fazer isso é resumir os cenários Quantidade-tendências-
para avaliar determinados indicadores quanitaivos ou distribuição espacial dos RS Dis respeito a todos os tipos de
Composição de tendência de RS RS
semi-quaniicados. A menos que cenários sejam cons-
Variações sazonais
truídos deste modo, eles não serão comparáveis.
Fração combustível estimada
Sugestão 2: Garanta que os dados necessários para
Fração reciclável estimada Base para a estimativa de
fazer uma comparação entre diferentes cenários já este- viabilidade
Fração orgânica estimada
jam incluídos na sua descrição. Como exemplo, se a taxa
Fração inerte estimada
de reciclagem de plásicos é um dos critérios de avalia-
Veja se há algum que pode ser
ção de cenários, ela precisa ser esimada para cada cená- Instalações existentes
utilizado
rio e descrita no seu desenvolvimento. Custos atuais de coleta e Base de comparação com o
Sugestão 3: Preste atenção ao modo como os critérios transferência custo futuro
são combinados a im de ter uma decisão inal. Normal- Custo atual de tratamento e Comparação da base com custo
mente, vários critérios são deinidos, tais como inancei- destinação final seguro
ros, ambientais, técnicos, sociais, etc. O problema é como Principais atividades Base para a definição do
mercado para o produto
esses critérios são combinados entre si de modo a criar a econômicas
tratamento
ferramenta de tomada de decisão. Uma forma usual para Base para a fização de um
enfrentar o problema consiste em vincular os critérios a Tendências para o
limite superior para o custo de
desenvolvimento econômico
pesos especíicos (%). A soma de todos os pesos especíi- GRS
cos devem ser 100% e para se ter a classiicação inal de Base para a determinação de
Tendências para o
cada cenário, a pontuação de cada critério é muliplicada desenvolvimento social
medidas de coscientização -
por cada peso especíico, e a soma de todos os produtos educação - sensibilização

produz a classiicação inal. Neste caso, há sempre mui- Autoridades envolvidas na GRS
Base para o desenvolvimento
institucional futuro
ta subjeividade envolvida e muitas objeções podem ser
GRUPO DE CRITÉRIOS CRITÉRIOS

Planejamento 82

Para as tecnologias em discussão, os seguintes dados Nenhum impacto social adverso


apresentados na tabela 5 precisam ser coletados. Efeitos de longo prazo sobre a saúde
humana
Contribuição para o efeito estufa e chuva
Tabela 5: Questões críticas para a formulação de um ácida

perfil de tecnologia [24] Emissão e controle de odor


Produção e controle de águas residuais
CRITÉRIOS AMBIENTAIS
Produção e controle de resíduos sólidos
PERGUNTAS CRÍTICAS
Consumo de terrenos
1. A tecnologia é comprovada? Poluição Sonora
Poluição estética
2. Existe uma lista de referência com instalações semelhantes? Recuperação de materiais
Recuperação de energia
3. Qual é o resíduo mais adequado? Redução do volume de resíduos
4. Que tipos de resíduos podem ser aceitos?
5. Quais são os processos mecânicos, físicos e químicos do
tratamento de resíduos? Custo de investimento
Modo de financiamento
6. Quais são os resíduos e os subprodutos de cada processo Custo operacional, sem a renda das
separado? CRITÉRIOS ECONÔMICOS vendas do produto
7. Qual é a composição dos resíduos e como eles podem ser Compatibilidade com as tendências de
gerenciados? desenvolvimento socioeconômico
Renda estimada das vendas dos produtos
8. Que são os produtos finais do processo como um todo?
9. Quais são os possíveis mercados para o processo final?
Flexibilidade - adaptação às variações
10. Qual será o valor adicionado pelo uso da tecnologia sazonais
CRITÉRIOS TÉCNICOS
específica? Necessidades operacionais
11. Qual é o custo do investimento? Lista de referência de confiabilidade

12. Qual é o custo operacional líquido por tonelada de resíduo


processado?

Ferramentas de Análise de Sistemas


Para os produtos de tecnologias, as seguintes pergun-
tas devem ser respondidas. Existe um grande número de diferentes ‘Ferramentas de
análise de sistemas’, apoiando as decisões de gestão de
Tabela 6: Questões críticas para a formulação do perfil resíduos. Estas ferramentas podem ser tanto processuais
do produto final [24] quanto analíicas. Ferramentas processuais se concen-
PERGUNTAS CRÍTICAS tram nos procedimentos e as conexões com seu contexto
1. Quais são as possíveis utilizações do produto? social e decisório, ao passo que as ferramentas analíicas
2. Existe uma experiência comprovada pela utilização do se concentram em aspectos técnicos da análise.
produto? A escolha da ferramenta adequada em situação dife-
3. Que são as especificações do produto (composição, forma, rente é amplamente decidida por dois aspectos: o objeto
etc.)?
4. Existem mercados adequados ou usuários potenciais para o
em estudo e os impactos de interesse. Algumas das fer-
produto na área examinada? ramentas mais úteis no processo de tomada de decisão
5. Existe uma oportunidade de transferir o produto para outro de gestão de resíduos são descritas da seguinte forma:
lugar? Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) & Avaliação
6. Qual é a capacidade total do mercado para o produto? Ambiental Estratégica (AAE) são, ambos, ferramentas
7. Quem realizará a entrega do produto? processuais.
A AIA é uma ferramenta estabelecida prin -
8. Qual poderia ser o preço mais baixo para os produtos? cipalmente para a avaliação de impactos ambientais de
9. O descarte do produto está garantido? projetos. Ela é, geralmente, uma ferramenta especíica
de local. Os locais do projeto planejado e as emissões
Finalmente, o seguinte conjunto de critérios é propos- associadas são muitas vezes conhecidos, e uma AIA é
to para o estabelecimento do procedimento de tomada frequentemente usada para avaliar localizações alter-
de decisão. naivas. Ela é necessária nos diferentes regulamentos
em muitos países, por exemplo, a im de obter uma
licença para uma estação de tratamento de resíduos.
Tabela 7: Um sistema de critérios múltiplos proposto A AAE é uma ferramenta mais recente desinada a ser
para comparação de cenários [24] uilizada em uma fase anterior à tomada de decisão,
em um nível mais estratégico. Ela se desina a ser usada
GRUPO DE CRITÉRIOS CRITÉRIOS
para políicas, planos e programas.
Adequação ao status da legislação Uma vez que a AIA e a AAE são ferramentas processu-
CRITÉRIOS SOCIAIS
Aceitação social ais, diferentes ferramentas analíicas podem ser uiliza-
das como parte do processo.
Nenhum impacto social adverso

humana
Planejamento 83

Tanto a EIA (Estudo de Impacto Ambiental) quanto a As perguntas ípicas que podem surgir em ambientes
SEA (Strategic Environmental Assessment) ipicamente locais ou regionais incluem:
incluem impactos ambientais, bem como o uso de recur- • É melhor reciclar o lixo ou recuperar energia a parir
sos naturais. Às vezes, é sugerida a inclusão de aspectos dele?
econômicos e sociais, bem como uma avaliação mais am- • Quais são os prós e contras de luxos de resíduos par-
pla de sustentabilidade. [10] iculares?
• É melhor subsituir aparelhos por novos modelos
Pensamento & Avaliação de Ciclo de Vida mais eicientes em termos energéicos ou coninuar
Durante sua vida úil, os produtos (bens e serviços) po- usando os anigos e evitar a geração de resíduos?
dem contribuir para vários impactos ambientais. O Pen- • São as emissões de gases com efeito de estufa cria-
samento do Ciclo de Vida considera a gama de impactos das quando a coleta de resíduos é jusiicada pelos bene-
em toda a vida de um produto. A Avaliação do Ciclo de ícios esperados?
Vida quaniica isso avaliando as emissões, os recursos O Box 58 fornece um exemplo práico de como o Pen-
consumidos e as pressões sobre a saúde e o ambiente samento do Ciclo de Vida foi aplicado para responder es-
que possam ser atribuídas a um produto. Ela leva todo o ses ipos de perguntas.
ciclo de vida em conta - a parir da extração de recursos
naturais, passando pelo processamento de materiais, fa-
bricação, distribuição e uilização, e, inalmente, a reui- Box 58: Pensamento do Ciclo de vida - o exemplo de Co-
lização, reciclagem, recuperação energéica e eliminação penhague [12]
dos resíduos restantes (ver Figura 39). [11] Seguindo as exigências legais em matéria de coleta de
O objeivo fundamental do Pensamento do Ciclo de resíduos, a cidade de Copenhague precisou procurar no-
Vida é reduzir os impactos ambientais globais. Isso pode vas opções para o gerenciamento de resíduos de embala-
envolver trocas entre impactos em diferentes estágios gens de bebidas, em especial metais e plásicos.
do ciclo de vida. No entanto, cuidado deve ser tomado Para ajudar na tomada de decisões, uma Avaliação de
para evitar a transferência de problemas de uma fase Ciclo de Vida foi realizada para complementar uma avalia-
ção econômica.
para outra.
O objeivo era ver se a estratégia existente de coleta e
Reduzir o impacto ambiental de um produto na fase de tratamento poderia ser subsituída por uma mais eicien-
produção pode levar a um maior impacto ambiental mais te, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.
abaixo na linha. Um beneício aparente de uma opção de A avaliação ambiental levou em conta os impactos, tais
gestão de resíduos pode, portanto, ser anulado se não como as emissões de gases com efeito de estufa e a aci-
for completamente avaliado. diicação, medidos em toneladas de equivalentes a CO2 e
SO2, respecivamente.
Quatro cenários alternaivos foram estudados e compa-
Figura 39: O Pensamento do ciclo de vida [11] rados com a atual estratégia, que envolveu a coleta de ou-
tros ipos de resíduos domésicos, seguida de incineração:
Matérias Primas
1. Coleta, para reciclagem, nos pontos existentes de en-
Energia Tr Mudanças climáicas
an trega de garrafas de vidro
m /
ge ão

sp
la raç

or
te
2. Coleta de rua para a reciclagem
cic pe
Re ecu
R

3. Coleta centralizada em centros de reciclagem


4. Separar a coleta em contentores junto aos pontos de
Produção

entrega de garrafas de vidro já existentes


Materiais Eutrofização A avaliação concluiu que a coleta de rua (alternaiva 2) é
preferível do ponto de vista puramente ambiental (230 to-
Uso

neladas de CO2 equivalente , e 0,6 toneladas de SO2 eco-


nomizadas) com a coleta em bancos de garrafas de vidro
já existentes (Alternaiva 1) em segundo lugar, economi-
te
or

zando 110 toneladas de CO2equivalente e 0,4 toneladas


sp

Tr
an
an

sp
Tr

or
te
Armazenamento
Pressão tóxica de SO2.
Uso do Solo no varejo No entanto, uma avaliação combinada ambiental e eco-
nômica mostrou que a coleta de plásico e metal em pon-
tos de entrega de garrafas de vidro (Alternaiva 1) provou
A gestão de resíduos é uma área onde as condições ser a melhor opção. Isso se tornou a nova estratégia de
locais, muitas vezes inluenciam a escolha das opções gestão para metal usado e embalagens plásicas de bebi-
políicas. Pensamento do Ciclo de Vida e Avaliação do Ci- das em Copenhague.
clo de Vida podem ser usados para ponderar os possíveis Este exemplo demonstra que as abordagens de ciclo de
vida podem ser aplicadas a uma situação bem deinida de
beneícios ambientais e os inconvenientes ligados às op-
uma cidade, e ilustra como a Avaliação de ciclo de vida
ções de políica em uma situação especíica.
Planejamento 84

Contabilidade de Fluxo de Material (CFM) é uma famí-


pode ser usada para complementar uma análise puramen-
te econômica. Ela pode ajudar a encontrar soluções que lia de métodos diferentes que pode facilitar a integra-
sejam melhores para o meio ambiente, ao mesmo tempo ção das políicas ambientais e econômicas e provar-se
em que considera as restrições inanceiras. essencial para formulação de políicas ambientais. [15]
A CFM se concentra em insumos, mas também segue
Análise de Custo-Beneício (ACB) é uma ferramenta materiais dentro do sistema econômico para rastrear os
analíica para avaliar o custo total e os beneícios resultados.
da
opção alternaiva em um projeto ou políica. Avaliação de Impacto é uma ferramenta úil que mui-
Os beneícios de uma opção são comparados aos seus cus- tas vezes acompanha as propostas políicas diferentes.
tos associados (incluindo os custos de oportunidade) dentro O conteúdo e as ambições para tais avaliações podem
de um quadro analíico comum. Até onde isso é possível, variar em diferentes países, e elas podem ou não incluir
todos os custos e beneícios devem ser expressos em uma aspectos ambientais.
[10]

unidade comum ou numeração, e este é o valor monetário.


A principal vantagem é que a ACB dá uma visão abran- Priorização de Medidas de Projeto
gente de todos os efeitos importantes de uma políica
ou projeto, e que esses efeitos podem ser comparados Um número de opções foi avaliado na etapa anterior
por meio do uso de uma unidade comum. Usando uma para propor um sistema de GIRS.
unidade comum para todos os efeitos, os beneícios e Estas medidas são priorizadas por meio de uma série
custos da implementação de uma políica ou projeto de passos, como segue:
podem ser ponderados entre si, para ajudar os tomado- • Priorização de medidas, que são necessárias para o
res de decisão a escolher a alternaiva que proporciona cumprimento das leis nacionais sobre outras medidas.
o maior beneício líquido para a sociedade. Como regra • Priorização daquelas medidas que podem ser realiza-
geral, os projetos com um beneício líquido posiivo de- das dentro da capacidade local atual
vem ser implementados, enquanto que projetos com um • Priorização daquelas medidas que terão maior im-
beneício líquido negaivo devem ser rejeitados. pacto sobre as metas para melhoria da situação de ges-
Na práica, entretanto, nem todos os projetos ou polí- tão de resíduos.
icas benéicos serão realizados simultaneamente, seja • Priorização de outras medidas, de acordo com outras
porque uma restrição orçamentária pode limitar as pos- necessidades críicas no sistema GRS
sibilidades, ou porque os projetos são mutuamente ex-
clusivos. Então, os projetos terão que ser classiicados de Plano de Ação
acordo com o seu beneício líquido.
Um plano de ação será deinido com base nos resul-
Deve-se ressaltar que a ACB é uma ferramenta de
tados do Processo de Avaliação de Cenários. Isto pode
apoio à decisão, não uma ferramenta de tomada de de-
ser considerado como o resultado central do processo
cisão. Supõe-se que a ACB forneça a melhor informação
de planejamento.
disponível sobre o assunto em questão. No entanto, nem
O plano de ação deinirá pormenorizadamente os pas-
todas as informações podem ser ou serão capturadas em
sos a serem tomados na implementação de cada compo-
uma ACB, e os tomadores de decisão também pode ter
nente do cenário escolhido por um período especíico,
outros problemas políicos a considerar, razão pela qual
quem deverá realizar as ações e quando.
a ACB não representa “a verdade inal”. [13]
Além disso, este plano se concentra na primeira fase da
implementação do projeto (a ser inanciado durante este
Custo de Ciclo de Vida (CCV) pode ser usado para ava-
período de inanciamento) e os respecivos invesimentos
liar os custos de um produto ou serviço a parir de uma
na infraestrutura principal, mas também dá uma indica-
perspeciva
Ele pode incluir
de ciclo
diferentes
de vida.
ção de todas as aividades futuras (aividades de infraes-
ipos de custos.
trutura ou leves), que precisarão ser implementadas.
O CCV é um método de comparação de diferentes op-
ções / projetos, levando em conta os custos relevantes
ao longo do tempo; incluindo o invesimento inicial, cus- Implementação
tos de subsituição futura, custos de operação e manu-
tenção, receitas do projeto, e de salvamento ou valores Instrumentos para uma implementação bem
de revenda. Todos os custos e receitas ao longo da vida sucedida de um Plano de GRS
do projeto são ajustados para uma base de tempo con-
sistente e combinados para explicar o valor do tempo em A maneira em que um Plano de GIRS é implementada
dinheiro. Este método de análise proporciona uma medi- deine, em grande medida o sucesso que ela será. A im-
da de custo-eicácia única que torna mais fácil comparar plementação de um Plano em si desempenha um papel
os cenários / projetos diretamente. [14] crucial, porque se o equipamento ou as instalações que
Planejamento 85

foram concebidos durante o processo de Planejamento • Acordos ambientais entre um setor e as autorida-
não forem implementados de forma adequada, eles não des ambientais, para produzir produtos mais sustentá-
terão os resultados esperados. veis. Esses acordos podem ser uma abordagem úil para
Para assegurar a correta implementação de um plano reduzir o impacto ambiental das aividades industriais.
de GRS, foram desenvolvidos certos instrumentos, co- Muitas vezes, tem sido oferecida à indústria uma escolha
brindo um amplo espectro de aspectos, com o objeivo entre cumprir certos requisitos legais ou entrar em um
de integrar as alterações concebidas para o sistema de acordo sobre como aingir um conjunto de metas.
GIRS existente. Estes instrumentos são divididos de acor- O Box 59 abaixo fornece exemplos indicaivos de ins-
do com seu conteúdo em: trumentos de políica da Europa.

• Instrumentos de políica; Box 59: Exemplos de instrumentos de política da Europa [6]


• Instrumentos legislaivos;
• Instrumentos econômicos; Responsabilidade
EEE na Suécia do Produtor para R
• Instrumentos de comunicação; e A responsabilidade do produtor tornou-se uma medida
• instrumentos Organizacionais / Insitucionais. popular nos úlimos anos, principalmente porque ela im-
plementa o princípio de que o poluidor paga e, portanto,
reduz os custos suportados pela autoridade local. Além
Os parágrafos a seguir analisam o conteúdo de cada
disso, a decisão sobre como conigurar sistemas para lidar
instrumento, seu signiicado e sua contribuição para o com a responsabilidade do produtor é geralmente tomada
sucesso da implementação de um Plano de GRS. pelos próprios produtores. Por outro lado, questões inan-
ceiras podem ser menos transparente para o público.
Figura 40: Instrumentos para o sucesso da implemen- Na Suécia, uma portaria sobre a Responsabilidade do
Produtor por resíduos de equipamentos elétricos e eletrô-
tação de um Plano de GIRS
nicos (REEE) entrou em vigor em 1 de Julho de 2001. O
Instrumentos Instrumentos
produtor tem, entre outras coisas, a obrigação de reirar
organizacionais/ o equipamento anigo, gratuitamente, quando o cliente
Instrumentos Instrumentos Instrumentos
programáicos legislaivos econômicos
de
comunicação insitucionais
compra um produto novo e apresentar um plano de rei-
rada às autoridades locais.

Pacto Holandês de Embalagem


Implementação Quando o governo holandês transpôs a Direiva de Em-
bem sucedida
de um Plano balagens para a legislação holandesa, foram impostas di-
de GRS
versas obrigações para os produtores individuais e impor-
tadores de embalagens. No entanto, a cadeia produiva
de embalagens recebeu a oportunidade de concluir um
Instrumentos de políica [16] pacto em que as partes interessadas concordariam sobre
a forma como as obrigações previstas no regulamento se-
Políica é um dos elementos mais importantes, se não
riam implementadas. O segundo Pacto de Embalagem foi
o mais importante relacionado com as práicas de gestão assinado em 1997. Uma das metas do pacto é que o cres-
de resíduos de uma determinada área ou de um país. A cimento da quanidade de embalagens que estão sendo
implementação bem sucedida de um objeivo estratégi- colocadas no mercado deve ser limitado para o crescimen-
co, muitas vezes depende da existência de um quadro to do PIB, menos 10%. Um terceiro Pacto de Embalagens
políico adequado. Por esta razão, poderia ser realmente está sendo negociado.
úil e benéico em áreas em que são desenvolvidos pla-
nos de GRS, para ideniicar e avaliar a políica ambiental,
sempre que necessário adaptá-la e alterá-la para apoiar Instrumentos Legislaivos [16, 17]
a realização dos objeivos estratégicos. A promulgação de legislação adequada é fundamental
A ítulo indicaivo, são mencionados os instrumentos para o desenvolvimento e a implementação bem suce-
de políica a seguir: dida dos planos de gestão de resíduos sólidos em todos
• A Políica Integrada de Produtos, incluindo medidas os níveis. Os instrumentos legislaivos podem ser usados
tais como a responsabilidade do produtor, eco-rotulagem, como um meio extra de pressão para alcançar os objei-
análises do ciclo vital e sistemas de gestão ambiental. Ela vos estratégicos deinidos pelo Plano GRS. Mais especi-
se desina à integração das considerações ambientais na icamente, este ipo de instrumento oferece uma base
concepção de produtos para reduzir a pressão ambiental legal para regular o comportamento de pessoas ísicas
durante todo o ciclo de vida dos produtos. A redução da e jurídicas, garanindo assim a base legislaiva para a
pressão do ambiente é, por exemplo conseguida através implementação do plano de gestão de resíduos, manu-
da redução da uilização de substâncias perigosas ou au- tenção de sistemas de coleta e descarte de resíduos, e
mento da reciclabilidade de produtos. fornecendo a base para a execução e as sanções.
Planejamento 86

A ítulo indicaivo, os instrumentos legislaivos podem mento Conforme o Descarte (PCD), uma das tendências
deinir: mais importantes para os encargos sobre coleta de lixo,
• As obrigações do geradordos coletores privados e e alguns de seus principais beneícios.
aos desinadores de resíduos;
• A percentagem de resíduos produzidos a ser recicla- Box 61: Princípio do “Pagamento Conforme o Descar-
da ou enviada para aterro sanitário; te” e seus principais benefícios [25]
• A porcentagem de um luxo especíico que será leva-
da para aterros sanitários. Nos úlimos anos - paricularmente nos Estados Unidos,
O Box 60 abaixo prevê um paradigma de instrumento Austrália e Canadá - os encargos de coleta de resíduos
são determinados de acordo com o princípio do”poluidor
legislaivo.
pagador”. O encargo é chamado de “preço unitário” ou
“preço de taxa variável”, enquanto todo o sistema é cha-
Box 60: Paradigma de Instrumento Legislativo mado Pagamento Conforme o Descarte (PCD). Sistema de
cobrança visa minimizar/reduzir a produção de resíduos
A políica ambiental europeia ixou como objeivo re- através de uma conexão direta entre as quanidades reais
duzir o uso de aterros sanitários por seus estados mem- de resíduos que cada família produz, e os custos de coleta
bros. Por isso, estabeleceu uma série de instrumentos le- de resíduos.
gislaivos, um dos quais é a Direiva 99/31/CE relaiva ao Mais especiicamente, de acordo com o princípio, os
descarte de resíduos. A Direiva impõe a todos os Estados custos de coleta de resíduos devem ser proporcionais à
membros reduzir gradualmente a quanidade de resídu- quanidade de resíduos produzida por cada agregado fa-
os urbanos biodegradáveis que é enviada a aterros sani- miliar, e não uma determinada quania deinida em di-
tários. Mais especiicamente, a quanidade enviada para nheiro, por exemplo, pelo tamanho do apartamento/casa
descarte em 2006 deveria ter sido reduzido para 75% da da pessoa, como é feito ainda hoje em muitos países ao
quanidade total ponderada gerada em 1995; em 2009 a redor o globo. Dessa forma, pode-se dizer que são desen-
50%, enquanto que o alvo para 2016 foi deinido em 35%. volvidos incenivos econômicos tanto para a redução da
produção de resíduos per capita quanto para promoção
da reciclagem.
Instrumentos econômicos Os principais beneícios que podem surgir da implemen-
Os instrumentos econômicos uilizados para a imple- tação desse sistema, por exemplo, em um município, po-
dem ser resumidas como segue:
mentação de um Plano GIRS podem desempenhar um
papel duplo. Em primeiro lugar, eles podem ser usados • Minimização - redução dos resíduos urbanos produzidos
para assegurar que os custos de serviços de gestão de Estudos de casos de aplicação do princípio nos Estados
resíduos sejam recuperados e em segundo lugar, para Unidos da América mostraram uma redução média na pro-
inluenciar o comportamento de geradores de resíduos dução de resíduos variando de 14% a 27% (Gordon H. Jr,
visando causar menos pressão sobre o ambiente, as- 1999). Os usuários do sistema, moivados pelos incenivos
segurando, ao mesmo tempo, a direção preferida do econômicos do sistema, mudaram seu comportamento
luxo de resíduos. Os instrumentos econômicos podem, de consumo, através da compra de produtos ambientais
portanto, promover uma uilização oimizada dos servi- amigáveis, “forçando” dessa forma as empresas a adaptar
ços e proporcionar incenivos para reduzir a produção seus produtos e embalagens. Além disso, provou-se que
os sistemas que cobram de seus usuários de acordo com
de resíduos. Geralmente os instrumentos econômicos
o volume de resíduos disponibilizados para coleta, levou
para a proteção ambiental podem gerar o mesmo nível os usuários a comprimir seus resíduos.
de redução de resíduos a um custo menor do que atra-
vés de abordagem regulatória mais convencional. [17] • Aumento da paricipação dos cidadãos em progra-
Impostos, encargos e taxas são incenivos econômicos mas de reciclagem e compostagem
comuns, mas não os únicos. Subsídios também podem Reciclagem e compostagem são as formas mais comuns
ser usados para criar um incenivo, como a entrega de para as pessoas reduzirem a quanidade de lixo que dei-
veículos em inal de vida a sucateiros de automóveis xam para coleta. De acordo com a EPA dos EUA, foi docu-
autorizados. [6] mentado um aumento da paricipação em programas de
A ítulo indicaivo, são mencionados alguns instrumen- reciclagem nos municípios que implementaram os sistema
de cobrança conforme o descarte, variando de 32% até
tos econômicos:
59% (Gordon H. Jr, 1999).
• Impostos sobre aterro sanitário; • Reforçar a hierarquia de práicas de Gestão de Resíduos
• Taxas ou encargos sobre a coleta de resíduos; O sistema promove a ideia de redução de resíduos na
• Taxas ou encargos sobre resíduos tratados. fonte e a reciclagem ou compostagem dos resíduos produ-
zidos. Além disso, proporciona aos cidadãos um sistema
Um exemplo de instrumento econômico é fornecido justo de cobrança, de acordo com os serviços prestados e
no Box 61 a seguir, que apresenta o princípio do Paga-
Planejamento 87

Para alcançar um sistema de gestão de resíduos sólidos


a quanidade de resíduos que eles produzem.
eiciente e em bom funcionamento é importante que o
• Conscienização pública ambiental - a paricipação público compreenda o sistema e o apoie. [6] Pelas razões
do Cidadão mencionadas acima, existe uma grande necessidade de
Cidadãos ideniicam o efeito do descarte de resíduos transferência de informação entre as pessoas, mais em
no meio ambiente e têm a chance de reduzir sua contri- forma de comunicação. Por esta úlima, entende-se que
buição, economizando, ao mesmo tempo, as taxas ou os a informação especíica deve alcançar as pessoas não
encargos que precisam pagar pela prestação do serviço. como alunos, mas como um público-alvo. [8]
A informação pode ter duas inalidades: uma instruiva
• Limitação de impactos ambientais e outra moivadora.
Menos resíduos signiica menos poluição.
A inalidade instruiva tem como objeivo informar as
• Redução de custos gerenciais, operacionais e admi- pessoas sobre o que fazer. Ela pode ter informações so-
nistraivos bre a triagem correta dos resíduos, ou podem ser infor-
Este ipo de redução decorre da limitação das tarefas mações sobre onde entregar determinados resíduos, por
gerenciais e operacionais, reduzindo, como resultado as exemplo, onde entregar baterias usadas. Este ipo de in-
necessidades administraivas do serviço. formação instruiva será, muitas vezes, uma combinação
de campanhas nacionais e informação local.
• Aumento da eiciência do serviço prestado As informações moivadoras serão muitas vezes ob-
Devido à redução dos custos de gestão para a mesma jeito de campanhas nacionais, regionais e locais, infor-
tarefa (coleta de resíduos), ela aumenta a eiciência global mando e moivando as pessoas a realizarem o descarte
do sistema.
consciente. Elas poderiam incluir campanhas que expli-
• Promoção de uma melhor imagem pública dos servi- cam por que a sociedade deve paricipar aivamente na
ços de limpeza gestão de resíduos. O Box 62 oferece formas indicaivas
Procedimentos de custeio e cobrança são mais transpa- sobre como reforçar a consciência pública, enquanto o
rentes, para não mencionar que as taxas são mais justas Box 63 deine quais devem ser os objeivos de um Centro
para os cidadãos. de Consciência Ambiental, com base no estudo de caso
da cidade de Pune, na Índia.

Instrumentos de comunicação
Box 62: Formas indicativas para a disseminação de in-
A comunicação eiciente é crucial para o sucesso global formações - reforçar a consciência pública [6,8]
e para a sustentabilidade de um Plano de GIRS. A melhor • Anúncios na Internet em síios diversos
maneira de sensibilizar o público em torno de questões de • Colocação de um site informaivo dedicado e simples
gestão de resíduos é através da informação e educação. • Workshops Temáicos
O processo de desenvolvimento de uma GIRS é vital • Reuniões individuais com setores
para assegurar a compreensão do desaio dos resíduos • Criação de um Centro de Conscienização Ambiental
e apoio da comunidade para a forma como os resíduos • Uso de meios de radiodifusão
sólidos são tratados. Para assegurar uma implementa- • Aividades de educação em massa, tais como arigos
ção bem sucedida do PGIRS é essencial que as principais em jornais, discursos, etc.
• Concurso de cartazes e exposições
partes interessadas internas (transportes, planejamento,
inanças, membros eleitos) sejam envolvidas no início
do processo, para garanir que as propostas tenham o
apoio inanceiro e políico necessário. As autoridades Box 63: Criação de Centro de Conscientização Am-
devem igualmente envolver a comunidade local e outros biental na cidade de Pune, Índia [8]
parceiros externos de maneira inovadora e aivamente
em uma fase precoce. Uma consulta adequada deve ser O principal objeivo deste centro será a construção de
uma comunidade ambientalmente consciente e bem in-
conínua ao longo do processo de desenvolvimento do
formada - como primeiro passo essencial no desenvol-
sistema de GIRS vimento de uma éica ambiental melhorada dentro da
comunidade. Ele prestará serviços ao público, com fácil
Informação e educação acesso às informações ambientais e será um espaço para
O papel de diferentes interessados na GIRS, tais como programas de educação ambiental para escolas, organi-
produtores de resíduos (empresas e pariculares), cole- zações comunitárias, empresas e moradores. O Centro
tores de resíduos, etc., coninua a aumentar, exigindo de Conscienização Ambiental facilitará como um local
deles em muitas ocasiões a classiicação de materiais na cidade de Pune, que será uilizado por, todos os in-
recicláveis, para entregá-lo aos recipientes certos, etc. teressados, tais como indústrias, ONGs, insituições de
Planejamento 88

ensino e os cidadãos para a difusão de informações e menos uma vez a cada 5 anos, ou eles devem ser enviados
conscienização sobre diferentes técnicas e questões de para treinamento para se preparar com os avanços feitos
gestão de resíduos. no campo.

• Exposição a membros eleitos: Se esses membros re-


Instrumentos Organizacionais / Insitucionais. cebem orientação adequada para a modernização da ges-
É muito comum, especialmente nos países em desen- tão de resíduos sólidos e a importância dela em termos de
volvimento, as mudanças que um Plano de GIRS exige saneamento e saúde, eles seriam capazes de superar as
para se diferenciar muito das práicas atuais de gestão diiculdades inanceiras e outras diiculdades administra-
de resíduos. Por esta razão, o conhecimento de novas ivas e reforçar a implementação do plano de ação. Eles
também ajudam na obtenção do apoio público através de
tecnologias e métodos, juntamente com formação em
sua rede de trabalhadores de campo.
todos os níveis são necessários, e isso é conseguido atra-
vés de programas de Capacitação. [8] • Oportunidades Promocionais: Para reter a equipe de
supervisão no departamento, oportunidades promocio-
Programas de Capacitação [8] nais adequadas deveriam ser disponibilizadas na hierar-
Para implementar, controlar e monitorar um PGIRS, quia de GIRS descentralizada. Isso também ajuda a manter
é necessário uma certa capacidade administraiva em seu interesse em seu trabalho.
todos os níveis. Programas de capacitação referem-se
às aividades que fortalecem uma organização ou um • Construindo parcerias: O Departamento de Gestão
indivíduo e ajudam a cumprir melhor a sua missão. de Resíduos Sólidos deve desenvolver parcerias de traba-
lho com as organizações dos setores público e privado, e
Essas aividades, além do treinamento, podem incluir,
também grupos comunitários, prestando apoio aos seus
entre outras: negócios em recursos e gestão de resíduos.
• Desenvolvimento de recursos humanos: o proces-
so de equipar as pessoas com a compreensão, habili-
dades e acesso ao conhecimento, informação e treina- Parcerias
mento que lhes permitam desempenhar eficazmente O desenvolvimento de parcerias é ideniicado como
suas funções. um importante mecanismo para a prestação de serviços
• Desenvolvimento organizacional: a elaboração de es- e instalações exigidos para a GIRS. As categorias de par-
truturas de gestão, processos e procedimentos, não só cerias que devem ser consideradas incluem:
dentro da organização, mas também a gestão das rela- • Parcerias público-públicas
ções entre as diferentes organizações e setores (público, • Parcerias público-privadas
privado e comunitário). • Parcerias ONG / OSCIP
• Desenvolvimento do quadro insitucional e legal: rea- Um grande número de diferentes ipos de parcerias
lizar mudanças legais e regulamentares para que as orga- pode ser desenvolvido, incluindo:
nizações, insituições e agências em todos os níveis e em • Cooperação
todos os setores tornem-se mais proicientes. • Subcontratação de gestão e / ou funções de serviço;
• Locações
Capacitar é signiicaivo, a im de assegurar a aplica- • Concessões, incluindo, p.ex. COT (Construir, Operar,
ção adequada de todas as ações determinadas por um Transferir)
PGIRS. Um exemplo das ações exigidas por autoridades • Locações
municipais / cívicas de modo a proporcionar um sistema • Privaização / transferência de propriedade
adequado é descrito no Box 64 a seguir. • Compra de controle ou concessão de Gestão / Em-
pregado
Box 64: Exemplo de como autoridades municipais / cí- • Joint ventures
vicas deveriam construir capacidades, de modo a ope- As parcerias em planejamento de gestão de resíduos
rar corretamente um sistema GIRS [8] devem ser incenivadas. A formação de parcerias públi-
co-privadas para a implementação de planos de GIRS
• Treinamento especial de pessoal não qualiicado: deve ser esimulada. Parcerias público-públicas (consór-
Eles podem ser enviados para treinamento em insituições cios públicos) para autoridades locais menores poderiam
responsáveis pela concepção de cursos especiais para os
reduzir em muito o custo de equipamentos e salários, e
trabalhadores e supervisores de saneamento.
devem ser incenivadas. Parcerias em coleta de resíduos
•Curso de reciclagem em todos os níveis de pessoal: O podem se provar muito benéicas para as pequenas au-
curso de reciclagem deve ser conduzido para trabalhado- toridades locais, e devem ser consideradas.
res de saneamento, bem como pessoal de supervisão pelo Nos úlimos anos, há uma tendência mundial para a
adoção de Parcerias Público-Privadas (PPPs) no domínio
Planejamento 89

da gestão de resíduos, especialmente em nível munici- O programa de implementação da gestão de resíduos


pal. A tendência é maior no coninente europeu, confor- deve detalhar as aividades a serem desenvolvidas, me-
me mostra a tabela 4 do anexo I, onde muitos países têm tas de entrega e marcos. Ele também fornecerá informa-
estabelecido PPPs para coleta e tratamento de resíduos ções sobre as responsabilidades de gestão de projeto da
sólidos urbanos. [2] No entanto, a necessidade de PPPs equipe sênior e os cronogramas para a implementação
parece ser mais urgente em países em desenvolvimen- do projeto.
to, onde os recursos públicos são limitados e serviços
de gestão de resíduos ineicientes e inadequados não só Monitoramento e Revisão
prejudicam o meio ambiente, mas também representam
um perigo grave para a saúde humana. O Papel do Monitoramento e Avaliação
Parcerias Público-Privadas são analisadas em maior
profundidade no Anexo I, devido à sua importância na Monitoramento e Avaliação do desempenho da imple-
implementação de GIRS. mentação de um PGIRS consituem uma parte essencial
e integrante do processo de planejamento, garanindo
Programa de Implementação [16] tanto que o plano coninue a ser relevante para suas me-
tas e objeivos ao longo do tempo, e que a gestão susten-
Um programa de implementação de uma GIRS será de- tável de resíduos seja alcançada.
senvolvido com base nas informações coletadas, objei- Além disso, o monitoramento e avaliação visam me-
vos e metas, e os instrumentos de execução do PGIRS. lhorar a prestação de serviço, determinar se os obje-
Isso compreenderá: ivos são aingidos, e ajudar na ideniicação de áreas
para melhorias. E mais, eles asseguram que o progresso
• Uma análise econômica de todos os aspectos do na implementação do Plano de GIRS está no caminho
PGIRS certo, de acordo com o programa de implementação os
• Um plano de invesimento em infraestrutura ou capital ajustes e aperfeiçoamentos podem ser feitos quando
• Um plano insitucional necessário. Além disso, o acompanhamento e a avalia-
• Uma comunicação (conscienização, transferência de ção podem proporcionar uma ferramenta econômica,
informação e paricipação pública) sustentável e úil para adaptar o Plano às condições
• Um plano inanceiro atuais, já que em muitos casos, o planejamento foi ba-
seado em suposições, que exigem veriicação e reina-
A Análise Econômica incluirá uma esimaiva de uma mento com o tempo. [8, 16]
projeção de médio prazo das despesas de capital e ope- O Box 65 fornece objeivos especíicos durante o mo-
racionais. A análise fornecerá esimaivas orçamentais nitoramento e avaliação de um sistema de gestão de re-
para aingir os objeivos do PGIRS. síduos; o Box 66 apresenta as caracterísicas que a ava-
liação deve ter para ser eicaz, enquanto que o Box 67
O Plano Insitucional & Organizacional será formulado, apresenta uma lista indicaiva das aividades de monito-
e se desina a orientar a transformação insitucional e a ramento de um sistema GIRS.
reorganização de estruturas de apoio para a realização
do PGIRS e o cumprimento dos objeivos de uma gestão
Box 65: Metas enquanto se monitora e se avalia um
de resíduos. Este plano deve incluir o desenvolvimento
sistema GIRS [18,19]
de recursos humanos e do pessoal adicional necessário.
Opções alternaivas, tais como parcerias e terceirização Monitorar o desempenho de um sistema GIRS municipal
devem também ser consideradas. (ou regional, ou distrital) tem uma série de objeivos:

• Observar de perto a qualidade do serviço prestado, a


A comunicação e o plano de paricipação pública de-
im de manter ou melhorar a qualidade de serviço;
vem detalhar o processo de comunicação e paricipação
• Incenivar o uso eiciente dos recursos disponíveis;
pública, para garanir que as medidas necessárias este- • Relacionar os resultados de um serviço com as entra-
jam implantadas para que os interessados sejam infor- das (e, em úlima análise, seu custo);
mados sobre o progresso e para realimentar o processo • Melhorar a qualidade geral do serviço e em relação
de implementação do plano de GRS. aos custos;
O plano inanceiro releirá as prioridades da gestão • Impor a responsabilização de prestadores de serviços;
de resíduos ideniicadas no PGIRS desenvolvido. O orça- • Colocar pressão sobre o custo da prestação do serviço;
mento anual será baseado nos planos inanceiros e insi- • Comparar e avaliar os serviços prestados em relação às
tucionais de médio prazo, a im de direcionar e gerenciar metas estabelecidas no Plano municipal de estratégia de GIRS;
• Fornecer informações com base nas quais a adminis-
recursos de maneiras focada, visando aingir os objeivos
tração pode tomar decisões políicas e de gestão sobre o
do processo de planejamento.
Planejamento 90

serviço; • Taxas de geração de resíduos, veriicadas pelo sistema


• Comparar o serviço prestado em diferentes áreas de informação sobre resíduos;
(p.ex., entre dois ou mais distritos ou municípios em uma • Relatórios:
associação regional); • Disposição ilegal de resíduos;
• Comparar a qualidade da prestação de serviços em • Melhoria das condições ambientais e de saúde;
uma área especíica a um mês ou ano anterior; • Reporte a departamentos ambientais provinciais;
• Monitorar e avaliar a qualidade dos serviços prestados • Legislação, regulamentos, portarias e/ou estatutos em
por empreiteiros de serviços privados; vigor;
• Veriicar se os serviços prestados são aqueles que a • Reclamações relacionadas com má gestão de resíduos.
população local deseja ou precisa; Prevenção e a minimização de resíduos
• Veriicar o progresso do sistema; • Relatórios anuais dos programas de minimização de
• Criar uma base para o planejamento futuro; resíduos e projetos;
• Demonstrar se os recursos - tempo e dinheiro - foram • Relatórios anuais ambientais sobre as emissões para
uilizados de forma eicaz; o ar, água e terra;
• Explicar aos inanciadores o que foi alcançado e quão • Cumprimento de metas para luxos de resíduos e po-
bem sucedido ele é. luentes prioritários;
• Intercâmbio de informações e estabelecimento de ini-
ciaivas de minimização de resíduos.
Coleta e transporte
Box 66: Dicas para avaliação bem sucedida de um Pla-
• Relatórios anuais sobre a execução de serviços de co-
no de Ação [8] leta e transporte;
• Pagamento recebido pela coleta de resíduos e serviços
A avaliação do Plano de Ação é mais eicaz quando:
de transporte em relação ao custo real para a prestação
desses serviços.
• É um processo conínuo (e não apenas uma só vez), à
Reciclagem
medida que o projeto se desenvolve;
• Relatórios anuais sobre programas e projetos de reci-
• Envolve todos aqueles que têm interesse no projeto
clagem de resíduos;
na deinição das questões que eles querem respondidas;
• Intercâmbio de informações entre partes interessadas;
• Usa abordagens originais e criaivas, que envolvem os
• Fóruns de interessados coordenando novas aividades
interessados;
de reciclagem;
• Ajuda projetos a ser mais responsáveis perante a co-
• Os impactos sociais e ambientais da implementação
munidade em geral;
de novas iniciaivas de reciclagem.
• Destaca e comemora sucessos e realizações;
Tratamento
• Encoraja uma avaliação honesta de progresso, de
• Registro e licenciamento de instalações de tratamento
modo que você possa aprender com o que não funcionou,
de resíduos;
assim como com o que funcionou.
Auditoria de instalações de tratamento de resíduos pe-
las autoridades estaduais;
• Desempenho e impacto ambiental;
• Provisão de instalações adequadas para tratamento
Em muitas ocasiões, acredita-se que o monitoramen- de resíduos perigosos.
to e a avaliação de um sistema de GIRS sejam a mesma Disposição
coisa. No entanto, não são, pois o monitoramento é o • Registro e licenciamento de instalações de disposição
processo de coleta e fornecimento da informação e de de resíduos;
dados necessários para o desempenho de um sistema de • Auditoria das instalações de disposição de resíduos
GRS; enquanto a avaliação é o processo de uilizar estas por departamentos estaduais;
informações e dados, para calcular e avaliar o desempe- • Desempenho e impacto ambiental;
nho do sistema. Em outras palavras, pode-se dizer que • Provisão de instalações adequadas de disposição de
o monitoramento é uma parte fundamental do processo resíduos perigosos;
de avaliação. • Gestão e controle de aterros sanitários.

Condução de Monitoramento e Avaliação


Box 67: Lista indicativa das atividades de monitora-
mento de um sistema GIRS [16, 17]
Monitoramento e avaliação de um sistema GIRS de-
Assuntos Gerais vem fornecer a qualquer momento as informações ne-
• Caracterísicas gerais do resíduo; cessárias para o desempenho do sistema. Este processo
• Nomeações de pessoal, deinição de funções e trei- não é fácil, uma vez que grandes quanidades de dados
namento; devem ser coletadas e transformadas em informações
• Pagamento pelos serviços; úteis. [19] Por esta razão, foram desenvolvidos diferentes
Planejamento 91

ipos de ferramentas, para tornar mais fácil este proces- para melhora.
so. As ferramentas de monitoramento mais simples e co- 2. Quão eiciente é o serviço prestado, ou seja, se os
muns, que ainda são amplamente usados em países de recursos disponíveis são uilizados da melhor maneira
baixa renda, são: possível, e se sua uilização pode ser melhorada.
• Observações visuais; Eicácia e eiciência estão inimamente relacionados.
• Feedback geral da força de trabalho; e / ou Aumentos de eiciência levam na maioria dos cenários
• Reclamações de Clientes. [19] a aumentos da eicácia, desde que os recursos não se-
Apesar do imediaismo das ferramentas acima mencio- jam cortados simultaneamente. [19]
nadas, tais observações podem levar a resultados impre- O Box 68 deine as caracterísicas que os IDs deveriam ter.
cisos e não quaniicáveis que não ajudam os gestores a
tomar decisões de planejamento, de modo a melhorar o Indicadores de desempenho para sistemas de GIRS
desempenho do sistema. Além disso, eles podem forne- Cada PGIRS representa um número de ações a serem
cer informações supericiais sobre um sistema de GIRS implementadas dentro de um prazo. Um passo muito
aplicado, e poder falhar em ideniicar outras razões para importante para alcançar os resultados é as autoridades
o seu baixo desempenho, o que poderia ter aparecido públicas decretarem um processo de monitoramento
através de uma análise mais detalhada e formal. [19] adequado. Isto pode ser conseguido através do estabe-
Em muitas ocasiões, e especialmente nos países de lecimento do conjunto necessário de Indicadores de De-
baixa renda, a falta de fundos é ideniicada como a prin- sempenho exigidos, que deinem o Plano e seus elemen-
cipal causa para o baixo desempenho dos componentes tos sob controle e revisão. [8]
do sistema GIRS em um município. No entanto, uma Por esta razão, ao criar um Plano de IDs para um deter-
análise detalhada de, p.ex., um serviço de coleta pode minado sistema de gestão de resíduos, as autoridades
revelar que o desempenho poderia ser muito melhorado devem:
através da melhoria das rotas, pessoal, ou uma gestão • Vincular um ID a cada função do sistema de entrega
mais eicaz, nenhum dos quais realmente exige qualquer que tenha a ver com um resultado que afeta os cidadãos;
aumento substancial na gestão. • Incluir um ID Financeiro, que garanta que a entrega
O estabelecimento de indicadores de desempenho daquele serviço seja feita de uma forma inanceiramente
(IDs) viabiliza o conhecimento mais profundo da evolu- eiciente;
ção e do comportamento de um sistema. • Ideniicar os dados que precisam estar disponíveis
para quaniicar o ID; e
Conigurar uma forma de suporte aos dados que serão
Cabe às autoridades desenvolver e manter Indicadores publicados.
de Desempenho durante o processo de planejamento. Os
IDs ajudarão os responsáveis pelo Plano a acompanhar e Box 68: Características dos Indicadores de Desempe-
analisar a sua evolução em um período. Sugere-se que nho [8]
os IDs sejam desenvolvidos no processo de Planejamen-
to, em consulta com as partes interessadas. No entanto, Para serem práicos, úteis e benéicos para o monitora-
em nível administraivo mais baixo (p.ex.,municípios), mento de um sistema GRS, Indicadores de desempenho
sugere-se (sempre que possível) que o processo coleivo devem ser:
para a extração dos IDs envolva, além das autoridades e • Quaniicáveis - Deve-se evitar criar um ID para o qual
as partes interessadas mais importantes, também uma os dados não possam ser realisicamente reunidos ou cor-
grande parte dos cidadãos. [8,16] roborados.
• Acionáveis - As autoridades devem poder inluenciar o
resultado de um ID através de medidas concretas que elas
possam tomar. Um ID de muito “alto nível” não se presta
Indicadores de Desempenho bem a uma estratégia. Porque “saisfação do cidadão”, por
exemplo, é um ID de nível muito elevado, que é inluen-
Indicadores de Desempenho são deinidos como os pa- ciado por uma série de fatores. Não será possível criar um
râmetros uilizados para proporcionar um quadro geral conjunto de estratégias que possam afetar este ID, a me-
signiicaivo, conciso do desempenho de projeto / pro- nos que a natureza exata de “insaisfação” esteja clara.
• Orientado para Resultado - Um ID deve representar
grama da organização. [8]
um resultado, e não uma estratégia para alcançar o resul-
O desempenho essencial respondendo a um sistema tado. O Município deve ser livre para pesar as opções e
de gestão de resíduos deve oferecer respostas a duas procurar qualquer estratégia para alcançar um melhor de-
questões críicas: sempenho e, assim, melhorar cada ID.
1. Quão eicaz é o sistema GIRS aplicado, fornecendo a • Sintoma vs Indicador - Muitas vezes, o comportamen-
medida da saisfação da necessidade de um serviço atra- to dos cidadãos é um resultado da natureza do serviço
vés do sistema implantado e onde estão os requisitos
Planejamento 92

prestado. Um ID deve releir uma faceta da prestação Economia


efeiva de serviço, e não um resultado do serviço. • Número de trabalhadores empregados no setor de re-
• Responsável a todos os cidadãos - Um ID deve estar re- síduos sólidos.
lacionado com um resultado (operacional ou inanceiro), • Total de recursos arrecadados sobre total de recursos
que afete todos os cidadãos e nãos partes interessadas gastos com os serviços.
individuais no serviço. Em uma parceria público-privada, • Aumento de turistas em relação ao ano anterior.
que o Município possa celebrar, a im de prestar um servi-
ço, a natureza da PPP não está sujeita a avaliação, apenas Condições Ambientais
o resultado dessa parceria.Embora seja entendido que os • Percentagem ponderada de RSU coletado sobre RSU
termos exatos da PPP inluenciarão fortemente o resulta- gerado.
do, a PPP em si é uma estratégia. Se a PPP não entregar o • Percentagem ponderada de RSU corretamente descar-
resultado esperado medido por um indicador, o município tado sobre RSU coletado.
deve avaliar os termos da PPP ou mesmo dissolver tal par-
ceria, mas isso deve ser considerado como uma escolha Condições Sociais
estratégica. • Percentual de população peri-urbana que dispõe de
serviços de coleta sobre a população peri-urbana total.
• Aumento/redução anual do número de catadores no
O Box 69 oferece dicas úteis sobre Indicadores de De- desino inal (úlimos 5 anos).
sempenho, enquanto o Box 70 apresenta um resumo ge- • Número de programas comunitários de educação am-
ral dos Indicadores de Desempenho para um sistema de biental.
gestão de resíduos, classiicando-os por assunto.
Resíduos Sólidos Geração
• Produção per capita (kg / pessoa / dia): tonelagem
total de resíduos sólidos coletados por dia, divididos por
Box 69: Dicas sobre Indicadores de Desempenho [8,16] milhares atendidos.
• Indicadores de desempenho são uma forma rápida de
fornecimento de informações às diversas partes interessa- Recuperação
das e regularmente sobre o status de um sistema. • Tonelagem de resíduos sólidos coletados por dia divi-
• Metas são um requisito de grande importância para a dida pela tonelagem de resíduos sólidos gerados por dia.
correta uilização dos Indicadores de Desempenho, a im
de avaliar se os resultados foram aingidos. Cobertura e acesso a Saneamento Urbano Serviços
• Um dos indicadores de desempenho mais importan- • Coleta urbana: população urbana atendida dividida
tes relacionados a um sistema, que é geralmente encara- pela população urbana total, muliplicada por 100.
do como um barômetro do desempenho do sistema como • Coleta Peri-urbana: População Peri-urbana atendida divi-
um todo, é a redução de um ano para outro dos resíduos dido pela população peri-urbana total, muliplicado por 100.
gerados e / ou descartados. • Composição urbana: população Peri-urbana dividido
• A limpeza geral de uma cidade é também considerada pela população urbana total, muliplicado por 100.
como um outro parâmetro fundamental a ser medido.
• Os indicadores devem ser usados para monitorar o Gestão, Operação e Finanças
desempenho tanto das insituições do governo (para ga- • Número de funcionários de serviço de saneamento
ranir um governo transparente e responsável), quanto do básico por lote de mil pessoas atendidas.
setor privado envolvido na gestão de resíduos. • Taxa ou tarifa de saneamento urbano média mensal
• Um Indicador de Desempenho é uma medida quan- por domicílio em Dólares.
itaiva do grau em que o sistema está prestando seu • Capacidade de pagamento: taxa mínima mensal ou
serviço no nível desejado. Para avaliar um Indicador de tarifa mínima de saneamento urbano, contra renda ou sa-
Desempenho, dados adequados precisam ser coletados lário mínimo mensal (%).
pelo departamento em questão usando uma determinada • Orçamento de serviços de saneamento contra orça-
metodologia. mento municipal total (%).
• Invesimentos de capital versus orçamento total do
serviço de limpeza urbana (%).
• Geração de renda através de tarifas e taxas versus cus-
to total do serviço (%).
Box 70: Visão geral Resumida de Indicadores de De-
• Eiciência da coleta (%) : valor arrecadado dividido
sempenho relacionados à GIRS global de uma região [20]
pelo valor faturado, muliplicado por 100.
Saúde • Custo unitário do serviço de saneamento (R$ / t):
• Taxas de morbidade e mortalidade devido a doenças Soma de todos os custos diretos anuais, custos indiretos,
relacionadas, direta ou indiretamente, com resíduos sóli- beneícios sociais, pagamentos de contrato, custos inan-
dos, tais como, cólera, tétano, dengue, hepaite, etc, por ceiros, depreciação e outros, divididos pela tonelagem re-
zonas urbanas e peri-urbanas cebida no local de desino inal, por ano.
Planejamento 93

Box 71: Métodos para coleta de informações adicionais [18]


Outros Indicadores Recomendados
• Cobertura de varrição de rua (%): comprimento da Este Box fornece uma lista de métodos para a coleta de
varrição de ruas pavimentadas dividido pelo comprimento informações adicionais para monitoramento e avaliação
total de ruas pavimentadas, muliplicado por 100. de um sistema aplicado. Geralmente sugere-se escolher
• Eiciência da manutenção de equipamento de coleta dois ou três dos seguintes métodos, a im de obter uma
(%): Equipamento total dividido pelo número de equipa- imagem completa. Menciona-se que diferentes métodos
mentos em operação + equipamento de reserva + equipa- de coleta de informações ajustam-se melhor em diferen-
mento em manutenção, muliplicado por 100. tes projetos. Os métodos são:
• Índice de faturamento (%): Número de estabelecimen- • Pesquisa por quesionário
tos comerciais que recebem contas dividido pelo número Uma pesquisa por quesionário pode ser usada para des-
de instalações atendidas, muliplicado por 100. cobrir mais sobre as opiniões e experiências de usuários,
a comunidade mais ampla, agências, etc. Use alternaivas
ou perguntas que podem ser respondidas com um sim ou
não, se você quiser pesquisar um grande número de pesso-
Coleta de Dados [8, 18] as. Perguntas que permitem às pessoas dizer mais do que
apenas sim ou não lhe darão informações mais detalhadas,
Indicadores de Desempenho só são válidos quando os mas elas demoram mais tempo para serem preenchidas,
dados uilizados para calculá-los são coniáveis. Por esta muito mais tempo para serem analisadas, e menos pesso-
razão, é importante deinir que informações são neces- as as preencherão. As respostas aos quesionários são fre-
sárias para cada indicador; descobrir que informação já quentemente baixas, assim pense em oferecer um prêmio.
está disponível, que informação adicional precisará ser •Entrevistas em profundidade
coletada, que métodos serão usados para coletá-las, Geralmente é melhor limitar o número de entrevistas
quem assumirá a responsabilidade pela coleta de infor- em profundidade àquelas pessoas cujo envolvimento com
o projeto lhes dá percepções pariculares ou experiência
mação, e o cronograma.
valiosa - mas tente falar com uma gama de pessoas que
Durante a monitoramento, será exigida a coleta de di-
provavelmente terão diferentes perspecivas e pontos de
ferentes ipos de dados, incluindo: vista sobre o seu projeto.
• números (por exemplo, o número de pessoas que • Formulários de Comentários
tenham sido aingidas, o número de caixas situadas em Você pode descobrir se as pessoas acharam úteis seu
uma área, o número de veículos uilizados para presta- treinamento e outros eventos, pedindo-lhes que preen-
ção de serviços); cham um pequeno formulário. Pergunte-lhes, por exem-
• opiniões, visões e experiências das pessoas (por plo, o que eles acharam mais úil e menos úil; o que eles
exemplo, as histórias de pessoas sobre sua experiência poderiamfazer de maneira diferente, como resultado; o
no programa, fotos da área ‘antes e depois’, a opinião que poderia ser melhorado.
• Grupos de discussão e mesas redondas
das pessoas sobre se elas acham que têm mais poder);
Um ‘grupo de discussão’ reúne cerca de meia dúzia de pes-
• quem se beneiciou e quem não se beneiciou.
soas que são muito semelhantes (por exemplo, todos eles
O Box 71 oferece uma série de métodos para a coleta são pais solteiros com crianças pequenas), para discuir te-
deste ipo de informação adicional, enquanto os Boxes mas ou questões que você pretende abordar na avaliação.
72 e 73 fornecem uma lista indicaiva dos requisitos de Uma discussão em ‘mesa redonda’ é uma ideia semelhante,
dados relacionados com serviços de coleta e descarte, que reúne pessoas com perspecivas diferentes (por exem-
duas das mais importantes aividades relacionadas com plo, pais adolescentes, professores, agentes de saúde).
GRS, que os municípios precisam obter. • Diários
Peça às pessoas-chave que mantenham diários de seu
envolvimento com o projeto.
• Relatórios da imprensa
Colete e analise os relatórios de imprensa sobre a área
(por exemplo, você poderia ver se relatórios posiivos so-
Para extrair IDs coniáveis, são necessários:
bre a área estão aumentando).
• Coleta de dados precisa, coniável e regular;
• Observação
• Procedimentos contábeis de custo precisos e coniáveis;
Tire fotos de sua área ao longo do tempo, para ver se você
• Pesagem dos resíduos;
pode observar qualquer alteração. Observe quem contribui
• Disponibilidade de informações sobre a natureza da
para reuniões ou vem ao seu centro, e veja se isso muda
operação de serviço GRS;
ao longo do tempo. Isto lhe dará uma ideia de quais ipos
• Unidades às quais os indicadores de desempenho
de pessoas você está aingindo (homens, mulheres, jovens,
podem ser relacionados (por exemplo, custos por 1.000
mais velhos) e quais desses ipos de pessoas estão desem-
de população atendida, custos por domicílio, tempo por
penhando um papel mais coniante no projeto.
tonelada de resíduos coletados, etc.) [19]
• Estudos de Caso
Para tornar a avaliação gerenciável, você pode escolher
por planilha diária de motorista: 
Identificação de veículo e do condutor; 
Horas de trabalho de veículos; 
Quilometragem coberta pelo veículo;  Diariamente
Comustível usado nos veículos;   Planejamento 94
Número de viagens do veículo até 
locais de descarte;                         
algumas peças de trabalho (estudos de caso) para explo- Número de operadores
rar em detalhe, ao invés de tentar explorar tudo. Escolha 4. Custos operacionais de veículo por 
peças de trabalho que ilustram seus objeivos principais. registro de manutenção para cada 
• Workshops de avaliação e reuniões de revisão [18]
veículo:                                        
Realize workshops especiais/ reuniões de revisão de Identificação de veículo;          
pessoas que estejam envolvidas em seu projeto, e use Combustível e óleo;                         
imagens, fotograias ou modelos, bem como a palavra fa- Pneus;                                     
Semanalmente
lada, para obter feedback dos paricipantes. Manutenção de rotina;           
Manutenção e reparos, descrição de 
gravação, custo e tempo para terminar: 
Box 72: Requisitos de coleta de dados para que municí- Motor, transmissão e freios, sistemas 
hidráulicos, chassis e supensão, 
pios compilem e Informem o Desempenho dos Serviços funilaria e vidros e outros.
de Coleta de Resíduos Sólidos [21]
Frequência recomendada 
Informa ões financeiras
Frequência recomendada  da Coleta de Dados
Prestação de serviço em geral
da Coleta de Dados
1 Custos operacionais de veículo por 
Mensalmente
1. Tonelagem coletada ‐ Pesada ou  veículo e por frota
Diariamente
carga de veículos estimada
2 Custos de mão de obra: mais 
2. População ou o número de  encargos de folha de pagamento,  Mensalmente
domicílios em área de responsabilidade  Anualmente consumíveis, etc.
do município pela coleta de resíduos
 Todos os outros custos 
3. População ou o número de 
Anualmente departamentais de coleta de resíduos  Mensalmente
domicílios efetivamente coletados
sólidos
4. Frequência de serviços de coleta por 
Anualmente
tipo, doméstico, comercial, clínico, etc.
 Custos totais apresentados como  
custo total da operação de coleta       
5. Número de veículos da frota 
Por tonelada de resíduos coletados;     
municipal por tipo, tamanho, idade,  Mensalmente Anualmente
Por pessoa/domicílio atendido;          
marca, número de registro
Por número de pessoas empregadas na 
coleta de resíduos sólidos
6. Nome da pessoa responsável pelo 
Anualmente
serviço de coleta de resíduos sólidos
 Receitas arrecadadas de Imposto Duas vezes por ano
7. Estrutura de gestão e número de 
pessoas envolvidas no serviço de coleta 
Anualmente  Receitas cobradas dos produtores de 
designado: administração da coleta; 
resíduos comerciais e industriais      
manutenção Duas vezes por ano
Como uma soma total                      
8. Número de reclamações recebidas  Como um receita por tonelada coletada
do público, natureza da reclamação e  Semanalmente
medidas tomadas

Frequência recomendada 
Informações Operacionais
da Coleta de Dados Box 73: Requisitos de Coleta de Dados para os Municí-
pios para compilar e informar o desempenho dos Servi-
1. No de veículos de coleta  ços de Descarte de Resíduos Sólidos [21]
operando e total de horas trabalhadas  Diariamente
Frequência recomendada 
de veículos Prestação de serviço em geral
da Coleta de Dados

2. Número de pessoas operando  1. alização de locais de destinação e 
serviço de coleta designado:  Diariamente tipo de operação; aterro, incineração,  Anualmente
administração da coleta e manutenção usina de reciclagem, etc.

3. Registros operacionais de veículos  2. Tonelagem recebida pesada ou 
por planilha diária de motorista:  cargas de veículos estimadas por tipo 
Identificação de veículo e do condutor;  de resíduos e pela autoridade de 
Horas de trabalho de veículos;  coleta:                                            
Quilometragem coberta pelo veículo;  Diariamente Doméstica;                                  
Diariamente
Comustível usado nos veículos;   Doméstica e comercial;               
Número de viagens do veículo até  Somente comercial;                         
locais de descarte;                          Clínica;                                             
Número de operadores Industrial ‐ que tipo de resíduos e 
origem
4. Custos operacionais de veículo por 
registro de manutenção para cada 
cargas de veículos estimadas por tipo  Manutenção de rotina;            
de resíduos e pela autoridade de  Manutenção e reparos, descrição de 
coleta:                                             gravação, custo e tempo para terminar: 
Doméstica;                                   Motor transmissão e freios, sistemas 
Doméstica e comercial;               
Diariamente Planejamento
hidráulicos, chassis e supensão,  95
Somente comercial;                          funilaria e vidros e outros
Clínica;                                             
Industrial ‐ que tipo de resíduos e  5. Gestão de chorume instalada no 
origem local:  Quantidade produzida por dia ‐ 
estimada ou medida;   Tipo de  Anualmente
3. Equipamentos de veículos e  tratamento ou descarte;  Custos de 
instalações utilizados em operações de  operação
Mensalmente
descarte por tipo, tamanho, idade, 
marca, número de registro

4. Nome da pessoa responsável pelo  Fora os dados que precisam ser recolhidos durante a


Anualmente
serviço de coleta de resíduos sólidos execução de um PGIRS, é necessário, antes disso, deter-
5. Estrutura de gestão e número de  minar a situação atual. O estabelecimento da referência
pessoas envolvidas no serviço de  Anualmente é de crucial importância, uma vez que determina o ponto
descarte designadas de parida da implementação e pode ser uilizado como
uma primeira indicação “de qual a evolução percorrida
 Número de reclamações recebidas 
durante o projeto”.
do público, natureza da reclamação e  Semanalmente
medidas tomadas
como uma primeira indicação “de qual a distância foi
percorrida durante o projeto”.
7. Gestão ambiental em aterros  Deve-se notar mais uma vez que a coleta de informa-
sanitários e estações de transferência:  ção é um processo moroso. Por este moivo, é impor-
incidentes de poluição, violação de  tante ideniicar e coletar as informações necessárias,
Semanalmente
condições da licença, ações corretivas, 
evitando desse modo ser esmagado pela enorme quani-
a frequência de monitoramento 
ambiental dade de dados, que na maioria dos casos pode revelar-se
inúil. [18]
Frequência recomendada 
Informações Operacionais
da Coleta de Dados Sistema de Informações de Gestão [19]
Face ao exposto, é mais que claro que o monitoramen-
1.No de veículos operando e total 
Diariamente to e avaliação conínuos são elementos cruciais tanto
de horas de veículo trabalhadas
para a implementação bem sucedida de um PGIRS quan-
2.  Número de pessoas designadas para  to para operação bem sucedida e sustentável de um sis-
o serviço de destinação: administração  Diariamente tema de gestão de resíduos. Além disso, é a “qualidade
operacional, manutenção. e a quanidade” de informações e dados coletados que
especiicam o sucesso do monitoramento e avaliação de
3. Registros de veículo ou 
equipamentos operacionais por  um sistema.
planilha diária do condutor:  Apesar da atenção que é dada ao monitoramento, mui-
Identificação de veículo ou  tas autoridades não conseguem melhorar o desempe-
equipamento e condutor;                  nho de seu sistema devido à falta de atenção aos custos,
Horas de trabalho de veículos ou 
qualidade dos serviços prestados e prestação de contas.
equipamentos;                                    Diariamente
Horas de veículo ou equipamento 
A principal razão dessa falha é o uso ineiciente dos re-
inoperante para manutenção;          cursos existentes. No entanto, se os mesmos recursos
Horas de veículos ou equipamentos  fossem uilizados de forma mais eiciente, eles poderiam
inoperantes para reparo;         prestar serviços melhores e mais abrangentes. A única
Combustível de veículo ou  maneira de conseguir isso é com mais informações ou
equipamento utilizado
informações
melhor
uilizadas por meio de Sistemas de
4. Custos operacionais de veículos ou 
Informações Gerenciais (SIG).
equipamento por registro de 
manutenção de cada veículo ou  Um
Sistema
de
Informações
Gerenciais
(SIG)
édeini -
equipamento:                            do
como
um
sistema
no
qual
as
informações
são
coleta -
Identificação de veículo ou  das,
armazenadas,
organizadas,
processadas,
uilizadas
equipamento;                            
e divulgadas. [22]
Combustível e óleo;                         
Semanalmente
Pneus;                                      
Manutenção de rotina;             Um SIG é um processo conínuo, que exige um luxo
Manutenção e reparos, descrição de  regular de dados a serem coletados e enviados a ele. Ele
gravação, custo e tempo para terminar:  também exige um meio para armazenamento de dados
Motor transmissão e freios, sistemas 
e de processamento. O Box 74 fornece os beneícios de
hidráulicos, chassis e supensão, 
funilaria e vidros e outros um SIG, enquanto o Box 75 fornece as etapas de como
operar um SIG.
5. Gestão de chorume instalada no 
local:  Quantidade produzida por dia ‐ 
estimada ou medida;   Tipo de  Anualmente
Planejamento 96

Box 74: Benefícios do SIG [19] se voltaram contra você (por exemplo, as políicas locais ou
• Através do fornecimento de informações gerenciais exa- nacionais mudaram, ou um grande empregador fechou).
tas, relevantes, comparáveis e atualizadas, os recursos po- om
Problemas
ealização
ade
seus
planos
dem ser avaliados e comparados aos resultados entregues; • Afastou-se dos objeivos iniciais.
• Propostas orçamentárias anuais podem ser feitas com • Não calculou tempo suiciente ou recursos.
base em necessidades reais, levando em conta as mudan- • Mudanças na organização não permiiram cumprir o
ças nas caracterísicas do serviço, custos e receitas; que foi originalmente planejado (por exemplo, um traba-
• Requisitos globais de receitas podem ser melhor esta- lhador-chave se demiiu).
belecidos e políica e socialmente aceitáveis e sistemas de • A qualidade do desempenho tem sido abaixo do es-
cobrança planejados; perado (por exemplo, os trabalhadores ou membros não
• A arrecadação de receitas pode ser melhorada através completaram as tarefas que lhes haviam sido designadas).
de uma melhor mobilização de recursos; Problemas
com
as
ideias
por
trás
do
que
você
deseja
• O desempenho inanceiro pode ser monitorado em alcançar
relação aos objeivos; • Os planos iniciais de fazer as coisas acontecerem não
• O planejamento de invesimentos e procedimentos de foram bem sucedidos.
tomada de decisão podem ser melhorados; e • Os objeivos iniciais eram inadequados (talvez eles
• Informações sobre o custo total e a eicácia de custo acabaram por não ser o que as pessoas queriam).
da prestação de serviços dão ao departamento de gestão Diferentes pessoas envolvidas no projeto estavam tra-
de resíduos uma base para avaliar o desempenho em uma balhando uns contra os outros e visando diferentes ob-
base comparaiva contra critérios especiicados, e produ- jeivos.
zir um guia para a necessidade de invesimentos futuros.
Dependendo do tamanho da área em que o PGIRS é
Box 75: Passos para operar um SIG aplicado, é desejável que seja revisto em intervalos de
3-5 anos, com o princípio de melhoria conínua sendo a
1. Determine os IDs para o monitoramento e avaliação caracterísica básica da revisão. Muitas vezes, para aju-
do sistema GIRS dar a aingir as novas metas e objeivos que foram es-
2. Determine os dados que precisam ser coletados para tabelecidos pelo Plano revisado, é úil introduzir instru-
se extrair os IDs
mentos atualizados e mais adequados para a execução
3. Escolha o método adequado para coletar os dados
do Plano.
4. Determine a frequência em que os dados precisam
ser coletados
5. Coleta, armazenagem e processamento de dados
6. Relatório de desempenho do sistema

Revisão de um Plano de GIRS

A análise de desempenho de um Plano de GIRS pode


ser usada como uma ferramenta úil para determinar o
sucesso do Plano. A razão e a necessidade de revisar o
plano e sua implementação regularmente são para ga-
ranir a sua praicidade, adequação e usabilidade. Duran-
te a revisão, deve ser avaliada a adequação das políicas,
metas e objeivos estratégicos que foram deinidos, e se
eles precisam ser alterados e adaptados.
Caso as metas ou objeivos não tenham sido aingidos,
é durante a revisão do Plano que os planejadores de-
vem pensar nos moivos pelos quais eles não aingiram
as metas e objeivos, e o que eles podem aprender com
isso. Poderia haver uma variedade de explicações, algu-
mas das quais são apresentados no Box 76.

Box 76: Razões potenciais para falha no atendimento às


metas ou objetivos definidos por um Plano de GIRS [18]

om
Problemas
xternas
circunstâncias
• O ambiente no qual você está trabalhando mudou ou
Planejamento 97

Referências
O autor encoraja todos os leitores a visitar a base de conhecimentos da ISWA (htp://www.iswa.org/en/525/kno-
wledge_base.html), que contém mais de mil arigos, apresentações e estudos técnicos, muitos dos quais foram ui-
lizados como fonte para a elaboração deste documento. Indicaivamente, são propostos os seguintes para estudo:

1. htp://www.wastekeysheets.net/pdf/s_guide_inal.pdf
2. ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM -User Guide to Step 3: Establishing the Strategic
Planning Framework
3. htp://www.1000ventures.com/business_guide/mgmt_seing_objecives.html
4. htp://www.sustainabilityroadmap.org/strategies/smartgoals.shtml
5. UNEP, 2009, ‘Developing Integrated Solid Waste Management Plan-Training Manual’, Vol.3: Targets and Issues of
Concern for GIRS
6. European Commission & Environment DG, 2003, ‘Preparing a Waste Management Plan - A methodological gui-
dance note’
7. htp://subregional.h-gac.com/toolbox/Community_Planning/Scenario_Planning_Final.html
8. UNEP, 2009, ‘Developing Integrated Solid Waste Management Plan-Training Manual’, Vol.4: GIRS Plan
9. htp://www.integrated-assessment.eu/guidebook/creaing_scenarios_example_waste~~V
10. Finnveden, G., Bjoklund, A., Ekvall, T. & Moberg, A., 2007, Models For Waste Management: Possibiliies and Limi-
taions, Stockholm, Sweden
11. htp://lct.jrc.ec.europa.eu/pdf-directory/Making-Sust-Consumpion.pdf
12. Villanueva, A., Kristensen, K. B., Hedal, N., 2006,. In Danish Topic Centre on Waste and Resources (Ed.): A quick
guide to LCA and CBA in waste management
13. Nordic Council of Ministers, 2007, ‘Nordic guideline for cost-beneit analysis in waste management’, Copenhagen,
available at: htp://www.norden.org/da/publikaioner/publikaioner/2007-574/at_download/publicaionile, accessed
10th January 2012
14. Artz, N. S., Beachey, J. E., O’Leary, P., 2004, HANDBOOK OF SOLID WASTE MANAGEMENT: FINANCING AND LIFE-
-CYCLE COSTING OF SOLID WASTE MANAGEMENT SYSTEMS, Chapter 16, available at: htp://www.accessengineeringli-
brary.com/mghpdf/007145019x_ar024.pdf, accessed 10th January 2012
15. Wernick, I. K., Irwin, F. H., 2005, Material Flows Accounts: A TOOL FOR MAKING ENVIRONMENTAL POLICY, availa-
ble at: htp://pdf.wri.org/WRI_MFA_Policy.pdf
16. Department of Environmental Afairs and Tourism, Programme for the Implementaion of the Naional Waste Ma-
nagement Strategy, Starter Document for Integrated Waste Management Planning in South Africa, Guideline Document,
Final Drat, May 2000
17. Boitumelong Ennvironmental Consultants (PTY) LTD, The Waste Management Plan for the city of Johannesburg, A
Framework for Sustainable Waste Management in the City of Johannesburg, April, 2005
18. Marilyn Taylor, M., Purdue, D., Wilson, M., Wilde, P., “Evaluaing community projects – A pracical guide”, available
at: htp://www.jrf.org.uk/sites/iles/jrf/1859354157.pdf, accessed 27th December 2011
19. ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM -User Guide to Step 7: Implemening the Strategic
Plan
20. USAID, IADB, PAHO, World Bank, 1995, Methodological Guidelines for Sectoral Analysis in Solid Waste-Preliminary
version, Pan American Health Organisaion, Regional Plan for investment in the Environment and Health, technical report
Series No.4 PAHO, Washington DC, situated in: ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM -User
Guide to Step 7: Implemening the Strategic Plan
21. ERM and TÇT, 1996, Naional Strategy for Waste Management in Turkey, For METAP, the World Bank and the Mi-
nistry of the Environment, situated in: ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM -User Guide to Step
7: Implemening the Strategic Plan
22. WHO, PEPAS, 1992, “Informaion Management for Municipal Solid Waste Management Service”, World Health
Organisaion, Western Paciic Region, situated in: ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM -User
Guide to Step 7: Implemening the Strategic Plan
23. ERM for World Bank/SDC, ‘Strategic Planning Guide for MSWM-User Guide to STEP 4-Identify and evaluating
options’.
24. Mavropoulos A.,2011, ‘Avaliacao da Valiabilidade um Cenario de Tratamento-Disposicao de Residuos Solidow em
Paises em Desenvolvimento’, in Conexao Academia, A Revists Cieniica sobre Residuos Solidos, Ano 1, Vol.1. pg. 11-16.
25. EPEM S.A., 2010, “Solid Waste Management and Uilizaion of municipal and industrial waste at source, Munici-
pality of Tavros, Athens, Greece.
Anexo I
Anexo I 99

Parcerias Público-Privadas (PPPs) leta de lixo - que em muitas ocasiões consome mais que
a 60-80% do orçamento de serviços de gestão de resídu-
Parcerias Público-Privadas são deinidas pela os - prestados por PPPs, apresentou queda na despesa
UNPPPUE (Organização das Nações Unidas para Par- líquida entre 10-20%)
ceria Público-Privada para o Meio Ambiente Urbano) (4) cumprimento de metas especíicas (por exemplo,
como a forma triparite de acordo contratual entre o metas de reciclagem, desvio de aterro, etc.)
setor público (governo e município) e o setor privado (5) melhorou a proteção ambiental, dedicando pessoal
(empresas) para prestação de serviços básicos com altamente qualiicado para garanir uma operação ei-
base na combinação de viabilidade comercial, susten- ciente e cumprimento das exigências ambientais; e
tabilidade, consciência ambiental, responsabilidade (6) acesso ao capital privado para invesimento em in-
social, responsabilidade pública (equidade, compeii- fraestrutura pela ampliação e aprofundamento do forne-
vidade e transparência) com a paricipação efeiva da cimento de capital domésico e internacional. [3]
sociedade civil (comunidades, ONGs, grupos de pesqui-
sa) como grupos-alvo beneiciários.[1]
Nos úlimos anos, há uma tendência mundial para a
adoção de Parcerias Público-Privadas (PPPs) no domínio Dica úil: A maneira mais eiciente para “usar” os prós
da gestão de resíduos, especialmente em nível munici- prestados pelo estabelecimento de PPPs e ao mesmo tem-
pal. A tendência é maior no coninente europeu, confor- po evitar o aparecimento de potenciais contras, é extrair
me mostra a tabela 10, onde muitos países têm estabele- PPPs só a parir de licitações transparentes e mecanismos
adequados de contratação, garanindo dessa maneira a
cido PPPs para a coleta e tratamento de resíduos sólidos
prestação altamente eiciente e eicaz de serviço de ges-
urbanos. [2] No entanto, a necessidade de PPPs parece tão de resíduos, com monitoramento conínuo do desem-
ser mais urgente nos países em desenvolvimento, onde penho da prestação de serviços.
recursos públicos são limitados e serviços de gestão de
resíduos ineicientes e inadequados não só prejudicam
o meio ambiente, mas representam também um perigo
grave para a saúde humana. Elemento importante para o estabelecimento de uma
PPP é a deinição do serviço público que vai ser prestado.
Tabela 10: Quota Público - Privada de coleta e trata- Tendo deinido o serviço, ele pode ser exposto a licitação
mento de resíduos sólidos urbanos em países europeus e extrair através de concorrência e de teste de mercado,
a eiciência máxima na prestação de serviços com o míni-
Mercado Terceirizado a Empreiteras Particulares 
País
Coleta Tratamento mo impacto sobre o erário público. [2] O Box 77 apresenta
Finlândia 10 5 uma lista indicaiva dos serviços públicos de gestão de
França 49 70 resíduos que o contratado pode proporcionar, enquanto
Alemanha 60 88
Itália 40 28
o Box 78 oferece algumas das formas que as PPPs podem
Holanda 28 38 assumir. As listas não são exausivas.
Espanha 75 90
Suécia 42 7
Reino Unido 48 82 Box 77: Serviços indicativos que podem ser prestados
através de PPPs
Como todas as questões, as PPPs têm defensores apai- • Coleta de resíduos mistos ou de luxos especíicos
xonados e “inimigos”, No entanto, os paridários das • Armazenagem - operação de estações de transferência
PPPs parecem se muliplicar, especialmente nos países • Pré-tratamento
em que o modelo de PPPs foi aplicado, vistoque
as
PPPs • Operação de plantas de triagem
têm-se
revelado
eicazes
ealtamente
eicientes
na • Operação de instalações de reciclagem - incluindo
prestação de serviços de gestão de resíduos. [2] compostagem
Entre as vantagens das PPPs na prestação de serviços • Operação de plantas de desinação
de gestão de resíduos, podem ser citados:
(1)melhorou o desempenho do setor público através
do emprego de operação inovadora e métodos de ma- Box 78: formas indicativas de PPPs [4]
nutenção; • PCFO – Projeto, Construção, Financiamento e Operação
(2)
garaniu a prestação de serviço para determinados anos Um contrato concedido sob os princípios da iniciaiva de
(3)reduziu e estabilizou custos da prestação de servi- inanciamento privado através do qual o mesmo fornece-
ços, garanindo que as aividades de trabalho são rea- dor empreende a concepção e construção de um aivo e,
lizadas pelos meios mais produivos e econômicos (por posteriormente, o mantém por um período prolongado,
muitas vezes de 25 ou 30 anos
exemplo, muitos autores mencionam que o custo da co-
Anexo I 100

•P
C – Projeto e Construção uma contribuição para o custo anual que relete algumas
Um contrato em que um único fornecedor é responsá- das economias que ele vê em não ter que pedir emprestado
vel por projetar e construir um aivo. os fundos. O setor público de cada lado deine o nível de
• GI – Gestão de Instalações serviço necessário de resultados de serviços prestados em
Gestão de serviços relacionados com a operação de um troca de um pagamento anual de receita ao empreiteiro. Os
ediício. Inclui aividades tais como manutenção, segu- encargos cobrem um pagamento pela prestação daquele
rança, fornecimento de alimentação e limpeza externa e serviço, gestão e manutenção de instalações durante o pe-
interna. ríodo do contrato. Com o im do contrato e dependendo de
• O&M – Operação e Manutenção seus termos, a propriedade do aivo pode permanecer com
Estes projetos envolvem o setor privado operando uma o empreiteiro ou passar para o setor público.
instalação de propriedade pública sob contrato com o Go-
verno.
• ADO – Alugar, Desenvolver, Operar Box 80: O Ecoparc II de Barcelona
Este ipo de projeto envolve um desenvolvedor privado
a quem está sendo concedido um contrato de longo prazo A grande necessidade de aumentar o tempo de vida úil
para operar e expandir uma instalação já existente. dos aterros levou rapidamente as autoridades de Barcelo-
• CPOT – Construir, Possuir, Operar, Transferir na, Espanha, a procurar uma alternaiva, elevou à concep-
Projetos do ipo Construir-Possuir-Operar-Transferir ção do Ecopac II.
(CPOT) envolvem um inanciamento paricular do empre- O Ecopac II é uma instalação que usa digestão anaeró-
endedor, construção, posse e operação de uma instalação bia e compostagem para o tratamento de RSU. Mais espe-
por um período determinado. Ao término do período de- ciicamente, após a digestão anaeróbica, há uma fase de
terminado, a instalação é devolvida ao Governo compostagem, o material é uilizado principalmente em
• CPO – Construir, Possuir, Operar mercados agrícolas, que podem ser limitados no futuro.
O projeto Construir-Possuir-Operar (CPO) opera de for- Biogás produzido a parir da instalação é usado para ge-
ma semelhante a um projeto CPOT, exceto que o setor pri- rar eletricidade que se beneicia de uma tarifa de energia
vado possui a facilidade perpetuamente. renovável. Deve ser mencionado, entretanto, que, apesar
do tratamento dos resíduos sólidos recebidos, 45% deles
ainda são enviados a um aterro.
O proprietário da instalação é a cidade de Barcelona,
Exemplos de PPPs enquanto seu operador é a Ecoparc del Besos SA. A uni-
dade iniciou sua operação comercial em 2004, com sua
Diante do exposto, é claramente entendido que as capacidade de 265.000 toneladas por ano.
PPPs podem ser uilizadas como um instrumento real- O custo de construção da unidade foi cerca de 115 mi-
mente úil para a realização de invesimentos de capital lhões de Euros, com 67% deles (em torno de 77 milhões
mais intensivo, um dos quais pode ser a infraestrutura de Euros) fornecidos por emprésimos do Fundo de Co-
de GRS. Os Boxes 79-81 abaixo pretendem fornecer ao esão da UE. O montante restante foi fornecido pelos go-
leitor uma visão mais clara e práica sobre a aplicação de vernos federal e local, que cobra uma Taxa Ambiental
PPPs em GRS, fornecendo exemplos de capacidade ins- Metropolitana de Resíduo Urbano (TAMGREM) dedicada
dos cidadãos de Barcelona (33 Municípios) para inanciar
itucional e unidades construídas e operadas com base
a gestão de resíduos.
em PPPs. Antes e durante a construção do Ecoparc II, € 4 milhões
foram gastos durante 5 anos em relações da comunida-
de em um programa muito ligado aos objeivos da Agen-
Box 79: Modelo de PPP do Reino Unido [2]
da21. O Programa Metropolitano de Gestão de Resíduos
O Reino Unido apresenta uma das formas mais bem su- Urbanos (PMGRM) criou um Conselho de Revisão para co-
cedidas de PPPs em todo o mundo. A necessidade de esta- municar informações da Agência Metropolitana de Meio
belecer PPPs surgiu quando se observou uma necessidade Ambiente (EMMA) ao público e vice-versa. A cidade con-
urgente de atualizar a infraestrutura nacional de resíduos, tratou um arquiteto de renome mundial, Joseph Crivillers
de modo a cumprir com a legislação da UE e, especialmen- Costa, para projetar a fachada do ediício principal que
te a Direiva de Aterros 1999/31/CE. Como consequência contribuiu para uma grande melhoria da área industrial
dessa necessidade, foi oferecida a oportunidade às auto- abandonada anteriormente.
ridades de adquirir serviços de capital intensivo do setor
privado, através de um novo mecanismo de inanciamento
estabelecido, a Iniciaiva de Financiamento Privado (IFP). Box 81: Contrato PFI de Reciclagem e Gestão de Resídu-
Projetos de IFP são normalmente contratos de longo pra- os da Grande Manchester [5]
zo, envolvendo o setor privado na prestação de serviços
públicos principalmente, através de licitação pública, inan- Em 2009 e após dois anos de trabalho intensivo, a Au-
ciando e construindo bens de capital e prestando serviços toridade de Descarte de Resíduos da Grande Manchester
relacionados com esses aivos. O governo central fornece (GMWDA) assinou um contrato PFI de 25 anos com Viri-
Anexo I 101

dor Laing (Grande Manchester) Limited (VLGM), desen- • coninuar a desenvolver trabalho em parceria entre a
cadeando um programa de construção de $ 631 milhões GMWDA e os ACRs.
de libras, criando uma rede de instalações de gestão de A im de cumprir as metas e os objeivos acima referi-
resíduos e reciclagem moderníssima em toda a Grande dos, os resíduos foram divididos em 4 luxos:
Manchester, tornando-a ao mesmo tempo, o maior con- • Resíduos verdes (jardim e restos de comida), que vão
trato de resíduos urbanos na Europa Ocidental. Para a para as instalações de Compostagem e são transformados
realização do Plano, o Contrato foi assinado com o apoio em adubo;
do Banco Europeu de Invesimento (EIB) e a Unidade de • Papel, papelão e Tetra Pak, que são transformados em
Financiamento de Infraestrutura do Tesouro do Governo granel e enviados para processamento;
do Reino Unido (TIFU). • Recicláveis secos misturados (recipientes de vidro, gar-
O inanciamento para o projeto vem de um grande nú- rafas plásicas e latas), que passarão por uma Instalação
mero de fontes. É um Contrato PFI garanido pelo governo de Recuperação de Materiais (RM) para serem separados;
e receberá $ 124,5 milhões de libras em créditos de PFI. os materiais são então enviados para reciclagem; e
A VLGM, como patrocinadora, está viabilizando o inan- • Resíduos mistos, que são processados em instalações
ciamento por meio de uma série de grandes insituições de Tratamento Mecânico Biológico (TMB). O Combusível
inanceiras: o Banco Europeu de Invesimento; o Bank of Derivado de Resíduo (CDR) e o material biodegradável são
Ireland; a Sumitomo Mitsui Banking Corporaion, o Ban- separados. O material biodegradável é uilizado em ins-
co Bilbao Vizcaya Argentaria, e o Lloyds Banking Group. talações de Digestão Anaeróbia (DA) para a produção de
O Grupo Pennon, da empresa matriz da Viridor também metano, que fornece uma fonte de energia para a totalida-
está fornecendo invesimento direto. A GMWDA fornece de da instalação e a energia excedente é colocada na rede
aporte de capital de 68 milhões de libras. pública. O resíduo do processo de DA é uilizado como
A GMWDA lida com o equivalente a 5% dos resíduos do CDR de baixo grau ou como cobertura de aterro.
Reino Unido, que abrange as nove Autoridades de Coleta de Para tratar eicazmente os luxos de resíduos acima,
Resíduos da Grande Manchester (ACRs), atendendo 973,000 uma rede de tecnologias é desenvolvida na Grande Man-
domicílios e uma população de mais de 2,27 milhões. chester. Em resumo, as instalações que estão sendo cons-
As tecnologias que estão sendo desenvolvidas no âmbi- truídas ou reconstruídas, como parte do Contrato são:
to do contrato oferecem uma solução inovadora, capaz de • Uma Planta de Recuperação de Materiais;
lidar com 1,35 milhões de toneladas de resíduos urbanos, • Cinco plantas TMB (quatro com Digestão Anaeróbia);
e é o primeiro deste ipo no Reino Unido nesta escala. • Uma planta de recuperação de energia térmica e elé-
A GMWDA pretende desviar mais de 75% dos resídu- trica em Runcorn;
os da Grande Manchester para longe dos aterros. Sendo • Quatro plantas de compostagem;
responsável por 5% dos resíduos urbanos do Reino Uni- • Uso reido da Planta de Recuperação de Energia Tér-
do, a GMWDA estará dando uma contribuição poderosa mica em Bolton;
para garanir que o Reino Unido estará em conformidade • Duas instalações de Trituração de Resíduo Verde;
com as exigências da Direiva de Aterros da União Euro- • Sete Estações de Transferência de Carga (ETC);
peia. Além disso, ao abrigo do presente contrato, a Grande • 25 Centros de Reciclagem de Resíduos domésico
Manchester será capaz de reciclar e compostar uma im- (CRRD) (nove construções novas, nove reformas mais im-
pressionante quanidade de resíduos urbanos, com o alvo portantes e sete melhorias); e
a ser deinido em pelo menos 50% até 2015. • Quatro centros de educação pública (dois novos e dois
Mais especiicamente, entre as metas e os objeivos es- reformados).
tabelecidos pelo Contrato estão: A GMWDA está coniante de que vai entregar as instala-
• deter o crescimento da geração de resíduos munici- ções da Grande Manchester até 2012, em serviço e total-
pais até: mente operacionais.
- não mais que 1% ao ano até 2010; Os seguintes tópicos resumem os pontos principais do
- zero até 2020; e Contrato:
- nenhum crescimento até 2030. • Durante os 25 anos, o Contrato tem um valor de £ 3,8
• para aingir níveis de reciclagem e compostagem de bilhões, chegando a um total de aproximadamente £ 4,7
lixo domésico de: bilhões, quando os custos de aterros e os custos da pró-
- 33% até 2010; e pria GMWDA são adicionados.
- um mínimo de 50% de 2020 até 2030 (o Contrato deve- • O contrato prevê £ 631m de invesimento.
rá, contudo, aingir isso cinco anos antes, ou seja, até 2015). • O inanciamento vem de uma variedade de fontes -
• Reduzir o lixo domésico em 50% na proporção da pro- com aporte de capital de £ 68 milhões da GMWDA. Excep-
dução atual de resíduos municipais, que reduzirá a tonela- cionalmente, a GMWDA passa a ser um “banco” empres-
gem total em 10%. tando ao seu próprio esquema.
• dar a maior prioridade para: • Há cerca de £ 125 milhões em créditos PFI inanciados
- redução e minimização de resíduos; e pelo regime PFI do Governo.
- reciclagem e compostagem • Isso ajuda na consecução dos objeivos ambientais es-
• atender a regulação aplicada à licença do Aterro no tabelecidos pela legislação, incluindo as metas de recicla-
tocante à fração biodegradável dos resíduos urbanos ; e gem, quanidade de resíduos enviados a aterros, redução
Anexo I 102

de resíduos, mais os beneícios climáicos das reduções de


emissões de carbono.
• Garania de 620 postos de trabalho dentro da força de
trabalho existente (na que estava a Greater Manchester
Waste Limited) e a criação de 100 postos de trabalho da
nova força de trabalho. Espera-se que o Contrato, além de
suas obras associadas, proporcione 5.000 postos de traba-
lho durante os primeiros anos do programa de construção.
• Ela fortalece a consciência pública ambiental com a
entrega constante de informações aos usuários e com a
entrega de material educaivo e instalações para visitantes
em locais especíicos.
• Ele mantém a avaliação do desempenho geral do siste-
ma através da realização de pesquisas de saisfação.
Anexo I 103

Referências
1. Badan Lal Nyachhyon, 2006, “Prospects and Constraints of Public Private Partnership for Urban Waste Manage-
ment, Economic Policy Network, Policy Paper 15
2. Eduljeefm, G., van Eilk, F., Perianu, T., “A model for the eicient delivery of Waste Management Services, available
at : htp://www.iswa.org/uploads/tx_iswaknowledgebase/598299_Paper.pdf, accessed 28th December 2011
3. Massoud M, El-Fadel M., 2002, Public–Private Partnerships for Solid Waste Management Services, Environmental
Management Vol. 30, No. 5, pp. 621-630
4. Hall D., de la Mote R., Davies S., Terminology of Public-Private Partnerships (PPPs), March 2003
5. Dunn P., Jenkinson S., Greater Manchester’s World-Class Recycling and Waste PFI Contract, available at: htp://
www.iswa.org/uploads/tx_iswaknowledgebase/Dunn_Jenkinson.pdf, accessed 11th January 2012
6. EPEM S.A., BC BERLIN-CONSULT GmbH, KSzI Ltd, “Drivers and Barriers for the applicaion of the PPP concept in
waste management in Hungary”, 2008
Anexo II
Anexo II 105

Como realizar uma análise de composição de suas áreas, o processo de estraiicação é aplicado,
dos resíduos ou seja, o total da amostra é dividido e categorizado de
acordo com determinados critérios, evitando dessa for-
Conhecer a composição dos resíduos de uma área é ma grandes variações nas composições dos resíduos. A
muito importante para uma série de fatores, entre os divisão de grupos deve ser realizada de maneira a evitar
quais: a sobreposição de grupos. Tais critérios podem ser a sa-
• Projetar e aplicar o sistema de gestão de resíduos zonalidade, o ipo de habitação ou o status socioeconô-
adequado; mico dos moradores. Considera-se que a estraiicação
• Monitorar e melhorar os sistemas de reciclagem exis- aumenta a precisão dos dados derivados do estudo.
tentes, especialmente no caso de coleta regular; e Para prosseguir com a análise, é necessário determi-
• Implementar e desenvolver novos sistemas de reci- nar a amostra a ser analisada. Geralmente, o tamanho
clagem. da amostra a ser escolhida para o estudo depende muito
Idealmente, a informação reirada da análise deve ser da variação no luxo de resíduos, e da precisão deseja-
avaliada juntamente com informações sobre: da dos resultados. Além disso, o tamanho da amostra é
• Paricipação do Residente no domicílio; muitas vezes limitado pelos recursos disponíveis para as
• Fatores socioeconômicos e ipos de moradia; autoridades em termos de tempo e custo.
• Prestação de outros serviços de coleta de resíduos; Durante a coleta, as amostras devem ser classiicadas
• Maturidade do regime de coleta. separadamente e ser claramente marcadas. É muito co-
Na maioria dos casos, a responsabilidade pela gestão mum a ideniicação de amostras para incluir um núme-
da análise deve permanecer com a autoridade local. Re- ro de referência codiicado ao invés do endereço do mo-
comenda-se que a análise possa ser melhor realizada em rador, para garanir a conidencialidade. Em cada caso e,
conjunto com outras autoridades locais na mesma área dependendo do volume da amostra, disposiivo de ele-
de estratégia de resíduo ou grupo de revisão de opções vação apropriado deve ser usado para carregar o veículo,
estratégicas. que em nenhum caso deve compactar as amostras.
Ao efetuar a análise, é necessário cumprir todos os re- Quando as amostras são coletadas para a área de aná-
quisitos de segurança e saúde, por exemplo, os traba- lise e é necessário determinar a composição, ocorre o
lhadores devem usar pelo menos o seu equipamento de seguinte procedimento:
proteção individual. 1. Pese os resíduos recebidos para fornecer um peso
Para escolher a área necessária para conduzir a análi- de resíduos para cada família. A pesagem deve ser rea-
se, sugere-se que seja coberta e fechada, ter um piso de lizada três vezes e um valor médio anotado. Este proce-
concreto selado, iluminação adequada, instalações para dimento deve ser seguido rigorosamente ao registrar os
a sua limpeza, ser facilmente acessível por veículo e ter pesos.
instalações de banho e vesiários para os funcionários. 2. Divida o resíduo por morador / grupos sócio-demo-
Para se evitar uma mudança de comportamento du- gráicos (para economizar tempo e quanidade de vezes
rante o estudo, sugere-se não informar diretamente os que as lixeiras precisarão ser esvaziadas).
cidadãos de que uma análise da composição de resíduos 3. Corte os sacos usando as facas fornecidas, tomando
está sendo preparada. No entanto, recomenda-se, pelo o cuidado de aderir aos protocolos de saúde e seguran-
menos que: ça. Deve-se evitar rasgar os sacos, para reduzir o contato
• A equipe de coleta e veículos deve ostentar idenii- potencial com o resíduo cortante ou prejudicial.
cação clara; 4. Esvazie os sacos na área de classiicação um pouco
• Os moradores cujos resíduos são recolhidos e uili- de cada vez.
zados no estudo devem receber uma carta explicando o 5. Classiique os resíduos em lixeiras e contentores.Ob-
processo de análise, como a sua conidencialidade será jetos cortantes (agulhas hipodérmicas, etc.) devem ser
manida, e fornecendo os números de contacto no âmbito colocados nos latões de objetos cortantes fornecidos.
do município, onde eles podem obter mais informações; 6. Periodicamente, durante a análise, as lixeiras devem
• A equipe de coleta deve respeitar qualquer morador ser pesadas e, em seguida, esvaziadas.
que não deseja que sua lata de lixo seja incluída no estudo; Pese as lixeiras / contentores (três vezes como antes)
• Cada equipe de coleta deve incluir um supervisor ins- para registrar a quanidade de resíduos já classiicados.
truído para responder às perguntas dos moradores; Se a densidade dos resíduos está sendo calculada como
• As linhas telefônicas de ajuda do município devem ser parte do estudo, o volume dos resíduos também deve
instruídas para responder às perguntas dos moradores; ser registrado neste ponto (ver seção sobre densidade,
• Qualquer pessoal do município com probabilidade abaixo).
de entrar em contato com o estudo deve ser devidamen- A pesagem das lixeiras não se dará necessariamente
te instruído; apenas quando elas esiverem cheias. As lixeiras preci-
Para se ter uma visão mais precisa sobre a composição sam ser pesados:
Anexo II 106

• Antes de se tornarem demasiadamente pesadas para metade da amostra original;


serem levantadas de forma segura nas balanças 7. Os passos 3 até 5 são repeidos até que a quanidade
• No inal de cada dia necessária de material de amostra permanece.
• Em outras ocasiões consideradas necessárias para
ins de limpeza / saúde e segurança
7. Registre o peso do conteúdo da lixeiras de uma for-
ma apropriada. A icha de dados deve registrar os pesos
de resíduos, ideniicados por morador e estrato em par-
icular.
8. Esvazie as lixeiras nas instalações de descarte forne-
cidas.
9. Coninue até que todos os resíduos tenham sido
analisados.

Quando a densidade precisa ser determinada, o se-


guinte procedimento é seguido:
Antes de esvaziar as lixeiras de amostra contendo os
materiais classiicados (após pesagem):
1. Levante e deixe cair a lixeira cinco vezes para permi-
ir que os resíduos se acomodem
2. Esime o volume de resíduos de acordo com o con-
teúdo da lixeira (por exemplo, meia lixeira de 240 litros),
levando em conta a forma cônica da lixeira
3. Registre o volume dos resíduos em cada lixeira.
4. A densidade de cada um dos resíduos é calculado
por:
Densidade = Peso do resíduo / Volume de resíduos

DICA 1: Para o caso em que os resíduos não são reco-


lhidos em sacos, mas diretamente descartados em lixei-
ras, veículos de coleta de refugos podem ser usados para
transferir os resíduos para a área de análise. No caso
em que a amostra não está em um nível administrável o
“método do Cone” pode ser usado.
DICA 2: Método do cone (Cone & Quarter)
Cone é o método de amostragem para a extração de
sub-amostras do material de amostra coletado. Embora
este método de amostragem seja, talvez, mais demora-
do do que alguns outros métodos (por exemplo, tomar
sub-amostras “aleatórias” de locais na pilha grande que
parecem “normais”), o método do cone é a maneira me-
nos viciada de extrair uma sub amostra e trará os resul-
tados mais precisos.
O método do Cone é feito como segue:
1. Descarregue a amostra no chão:
2. Todos os objetos volumosos são separados da carga,
categorizados e pesados.
3. O material restante é misturado por pá mecânica, ou
à mão usando ancinhos ou pás, em uma pilha uniforme e
homogênea de aproximadamente 0,8 metros de altura;
4. A pilha é dividida em duas partes por uma linha reta
através do centro da pilha;
5. A pilha é uma vez mais dividida por uma segunda
linha aproximadamente perpendicular à primeira;
6. Cada par de quartos opostos é removido, deixando
Anexo II 107

Referências
1. Naional Methodology for Household Waste Composiion Analysis in Scotland, March 2008
www.iswa.org

www.abrelpe.org.br

APOIO

www.ambiente.sp.gov.br

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