Você está na página 1de 88

©2021 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução desde que citada a fonte.


A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é do autor.

Elaboração, distribuição e informações:


Coordenação Geral de Qualidade Vegetal - CGQV
Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal – DIPOV
Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA

Coordenação Geral:
Hugo Caruso

Coordenação Editorial:
Karina Fontes Coelho Leandro

Autora do conteúdo do curso:


Fátima Chieppe Parizzi

Autora do conteúdo dos tutoriais:


Ana Cláudia Marques Cintra
Sumário
Apresentação...............................................................................................................................6
1. Classificação vegetal: uma ferramenta fundamental no controle da qualidade
no comércio dos produtos vegetais........................................................................................6
Unidade 1: Princípios e fundamentos da classificação e padronização de
produtos vegetais.................................................................................................................6

1.1 Introdução........................................................................................................................7

1.2. A gestão da qualidade nas empresas agrícolas.....................................................7

1.3. Importância da classificação no controle de qualidade......................................9

1.4. Adequação das empresas às normas de certificação....................................... 11

1.5. Normas ISO aplicáveis à classificação vegetal................................................... 11

1.6. Programas de certificação e rastreabilidade de produtos agrícolas............ 13

Unidade 2: Procedimentos operacionais da classificação de produtos


vegetais....................................................................................................................................... 18
2.1. Amostragem................................................................................................................ 18

2.1.1. Tipos de amostras....................................................................................................... 19

2.1.2. Requisitos para amostragem correta................................................................. 20

2.1.3 Amostragem de produtos ensacados.................................................................. 22

2.1.4. Amostragem de produtos a granel....................................................................... 22

2.1.5. Equipamentos utilizados na amostragem de grãos....................................... 25

2.1.6. Destinação das amostras......................................................................................... 28

2.1.7. Precauções e cuidados especiais.......................................................................... 29

2.2. Determinação de umidade...................................................................................... 30

2.2.1. Mudança de base........................................................................................................ 31

2.2.2. Métodos de determinação de umidade............................................................. 31

2.2.3. Controle metrológico dos medidores de umidade de grãos...................... 42


Classificação vegetal: Legislação e procedimentos........................................................ 44
3.1. Histórico da padronização vegetal........................................................................ 44

3.2. Elaboração dos padrões: parâmetros qualitativos e quantitativos............. 45

3.3. Regras fundamentais da padronização................................................................ 46

3.4. Termos técnicos empregados nas especificações.............................................. 47

3.5. Obrigatoriedade da classificação.......................................................................... 50

3.6. Responsabilidades..................................................................................................... 51

3.7. Credenciamento......................................................................................................... 53

3.8. Estrutura dos postos de serviço de classificação............................................... 54

3.9. Equipamentos e materiais utilizados na análise e classificação


de produtos.......................................................................................................................... 55

3.9.1. Balança eletrônica de precisão.............................................................................. 55

3.9.2. Caladores e sondas.................................................................................................... 55

3.9.3. Determinador de umidade...................................................................................... 57

3.9.4. Homogeneizador........................................................................................................ 59

3.9.5. Lupa.................................................................................................................................. 60

3.9.6. Máquina teste para arroz........................................................................................ 60

3.9.7. Mesa de classificação................................................................................................ 60

3.9.8. Paquímetro digital...................................................................................................... 61

3.9.9. Jogo de peneiras.......................................................................................................... 61

3.9.10. Pinça.............................................................................................................................. 62

3.9.11. Bandeja de amostras............................................................................................... 63

3.9.12. Outros equipamentos............................................................................................ 63


3.10. Cadastro geral de classificação – CGC/MAPA................................................. 70

3.11. Custo da classificação............................................................................................. 70

3.12. Documento de classificação................................................................................. 74

3.13. Vantagens da padronização e da classificação................................................ 75

3.14. Legislação básica...................................................................................................... 75

3.14.1. Legislação geral......................................................................................................... 75

3.14.2. Legislação específica............................................................................................... 77

3.15. Procedimentos corretos na classificação.......................................................... 78

3.16. Avaliação periódica dos produtos classificados.............................................. 79

3.16.1. Procedimentos especiais...................................................................................... 80

3.17. Qualificação técnica e profissional..................................................................... 81

3.17.1. O Classificador de acordo com o Ministério do Trabalho e


Emprego-MTEC....................................................................................................................... 81

3.17.2. O Classificador de acordo com o Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento-MAPA.................................................................................... 82

3.17.3. Formação de classificadores................................................................................ 84

3.18. Entraves detectados no processo........................................................................ 85

Bibliografia consultada........................................................................................................... 87
Apresentação

1. Classificação vegetal: uma ferramenta


fundamental no controle da qualidade no comércio
dos produtos vegetais

Unidade 1: Princípios e fundamentos da classificação e


padronização de produtos vegetais
A demanda por informações relacionadas à classificação de produtos vegetais vem aumentando
significativamente nos últimos anos, impulsionada pela intensificação do comércio de grãos e
de outros produtos agrícolas, graças ainda à consolidação dos blocos econômicos, tais como a
Comunidade Europeia, a ALCA e o MERCOSUL.
Os princípios básicos dessas estruturas estão fundamentados no livre comércio entre os países, cujas
barreiras legalmente impostas devem estar baseadas na sanidade dos produtos agrícolas, incluindo os
parâmetros fitossanitários e a QUALIDADE deles.
Na verificação da qualidade, ainda que disponíveis modernos e avançados dispositivos eletrônicos e
computadorizados, os segmentos envolvidos na comercialização agrícola têm na classificação uma
ferramenta importante para a tomada de decisão quanto à aceitação ou rejeição de lotes disponíveis
nos mercados interno e externo, além de ser reconhecidamente um instrumento de rastreabilidade
do produto.
A segurança do alimento inclui uma série de atributos relacionados à qualidade da matéria-prima
utilizada no processo produtivo, sendo que a classificação está inserida desde a primeira etapa da
cadeia agrícola, quando o produto é colhido, e se mantém como forma de controle nas etapas
subsequentes até chegar à mesa do consumidor.
Sendo assim, as informações incluídas no presente material, longe de esgotar o assunto, objetiva
disponibilizar um referencial informativo e permitir o entendimento dos diferentes fatores envolvidos
na determinação da qualidade de um produto.

6
1.1 Introdução
Os resultados promissores alcançados pelos setores da economia ligados à indústria, tecnologia,
construção civil, que têm a certificação como passaporte para o mercado externo ou ainda como
requisito para participação em licitações públicas, vêm se tornando modelo para o setor primário,
em especial para as cooperativas e empresas agrícolas, permitindo a consolidação de mercados já
conquistados e a abertura de novas oportunidades de comercialização.
E quando o assunto é certificação, é quase consenso entre o empresariado, excetuando-se aqueles
que atuam no setor primário, que a adequação a uma norma ISO é extremamente relevante, pelo
significado que tal selo representa, sendo associado automaticamente a: agilidade, eficiência e garantia
de qualidade do produto ou serviço.
A busca por qualidade na produção de alimentos tem mostrado um crescimento constante na última
década, impulsionada pelas mudanças nas preferências dos consumidores, os quais estão dispostos a
pagar mais por produtos que apresentem atributos desejáveis.
Tais possibilidades de segmentação e diferenciação estão entre os fatores mais relevantes que
influenciam a competitividade dos produtos agroindustriais.
A adoção orientada de programas de qualidade na agroindústria é um processo irreversível e visa
atender às recentes exigências dos mercados, que vêm trabalhando no monitoramento da cadeia
produtiva, com enfoque na segurança alimentar e energética voltada, sobretudo, para a preservação
da saúde dos consumidores.

1.2. A gestão da qualidade nas empresas agrícolas


A implementação dos sistemas de gestão da qualidade vem permitindo a adequação das empresas
agrícolas de processamento ou armazenamento às normas preestabelecidas por entidades
internacionalmente reconhecidas, para fins de aferição da certificação de qualidade dos produtos e
serviços colocados à disposição dos clientes.

Tais sistemas encontram-se inseridos estruturalmente nos processos de certi-


ficação e exigem, na fase inicial de diagnóstico, alterações importantes de com-
portamento de toda a empresa e requer uma ampla organização interna visando
colocar a “casa em ordem” e definir estrategicamente as metas a serem atingidas.

7
A missão da empresa deve ser definida, em função dos contratos com os fornecedores e clientes,
cujos termos orientarão e delimitarão a ação proposta. A partir daí, mediante o gerenciamento dos
processos, deve-se buscar a racionalização e o aperfeiçoamento dos produtos e serviços.
Os princípios básicos que norteiam os programas de qualidade incluem parâmetros importantes
como organização, limpeza, higiene e segurança. Para que possam ser implementados, tais programas
requerem delegação de competência, gerência participativa, contínuo aperfeiçoamento dos envolvidos
e busca constante de informações.
As atividades devem ser multidisciplinares e interinstitucionais com o objetivo de produzir soluções
sob medida para problemas específicos, mediante a aplicação de tecnologias que otimizem as
oportunidades e os recursos existentes.
A base estratégica do processo de decisão deve levar em consideração as percepções dos
consumidores, avaliação de risco e exigências de qualidade da sociedade, contextos socioeconômicos
locais, regionais, nacionais e internacionais, regulamentos existentes e pretendidos, normas de
qualidade, padronização e legislação e respeito aos regulamentos internacionais pertinentes.

O controle dos processos deve abranger todas as etapas do processo, desde o


projeto até o produto final, mantendo-se todas as informações inerentes aos
padrões e requisitos de cada etapa de produção devidamente sistematizadas, por
normas escritas, constantes nos Manuais de Qualidade.
Para as empresas processadoras ou armazenadoras de produtos agrícolas os
Manuais de Qualidade devem incluir as normas de recebimento, amostragem,
classificação, processamento e expedição dos produtos.

Como resultado da adoção e implementação dos programas de qualidade, almejam-se maior


eficiência, serviços com menor custo e sobretudo a satisfação do cliente. Tal satisfação é alcançada
se o produto entregue ou serviço prestado atendeu aos requisitos de qualidade estabelecidos pelo
cliente.

8
1.3. Importância da classificação no controle de qualidade
Quando manuseamos produtos agrícolas, a identificação da qualidade requer o conhecimento de
atributos físicos, químicos e biológicos, sendo que neste contexto a classificação vegetal constitui-se
uma ferramenta importante e imprescindível, quando adequadamente utilizada.
Portanto, faz-se necessário um entendimento claro dos termos PADRÃO, CLASSIFICAÇÃO
e TIPO.
Tais termos indicam a qualidade de um produto, podendo representar vantagens ou limitações da
condição do grão, associadas à sua tipificação.
Sempre que mencionamos aspectos relacionados ao controle ou à manutenção da qualidade dos
produtos agrícolas, devemos lembrar que, neste contexto, a classificação vegetal, sem dúvida, assume
um papel relevante.
E, ao aceitarmos a classificação como sendo um dos instrumentos disponíveis ao controle de
qualidade, devemos considerar principalmente a destinação do produto, ou seja, o armazenamento
por períodos de tempo variáveis, ou o processamento, que poderá ser para fins de consumo humano
ou animal.
Nas duas situações mencionadas, é imprescindível que se tenha um “diagnóstico”, um raio X do
produto, obtido pela análise minuciosa de uma amostra representativa do lote a ser manuseado.
A esse procedimento chamamos de CLASSIFICAÇÃO, que nada mais é do que a determinação
das características intrínsecas e extrínsecas de um produto, com base em PADRÕES
QUALITATIVOS previamente elaborados.
Vem a ser um serviço auxiliar da comercialização que objetiva aproximar os diferentes agentes do
mercado e estabelecer parâmetros de qualidade a serem praticados pelos diversos segmentos
envolvidos.
A classificação inicia-se com a amostragem e neste ponto temos a identificação do lote, quanto à
sua uniformidade ou à presença de pontos de deterioração ou de focos de infestação por insetos.
O documento expedido após a classificação do produto visa proteger ambas as partes envolvidas na
comercialização, ou seja, o comprador e o vendedor.
A análise de um produto tem como função básica verificar a sua QUALIDADE, com a consequente
avaliação do processo de manipulação e de controle pelos quais o produto foi submetido, permitindo
ainda o conhecimento do seu potencial de armazenamento ou de utilização.
Por sua vez, a QUALIDADE pode ser entendida como sendo o atendimento das necessidades ou
aspirações do usuário, seja ele uma pessoa ou uma empresa.

9
As diversas etapas do controle de qualidade incluem a interpretação de uma “norma” ou de uma
“especificação” aplicável ao produto objeto da inspeção.

Segundo a Organização Internacional de Normas (ISO), “NORMA é um


conjunto de regras e especificações técnicas acessíveis ao público,
estabelecida com a cooperação e o consenso, ou apuração geral
de todos os interessados, fundamentada nos resultados conjugados
da ciência, da tecnologia e da experiência, visando beneficiar a
comunidade como um todo e aprovada por quem de direito”.
Portanto, o termo NORMA refere-se a um padrão legal, isto é, que tem as suas
imposições baseadas em Lei.
A normalização consiste, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas/
ABNT no “processo de estabelecer e aplicar regras a fim de abordar
ordenadamente uma atividade específica, para o benefício e com a
participação de todos os interessados e, em particular, de promover
a otimização da economia, levando em consideração as condições
funcionais e as exigências de segurança”, cabendo tal responsabilidade
na maioria dos casos ao Poder Público, nas diferentes instâncias administrativas.
ESPECIFICAÇÃO refere-se a um padrão voluntário, estabelecido pelo fabricante
para a sua própria aplicação ou por força do contrato, devendo estar de acordo
com o padrão legal.

Á luz destes parâmetros, cabe ao profissional responsável pelo controle de qualidade o conhecimento
das normas e das especificações a serem seguidas, a informação de como medir ou analisar os
parâmetros a serem trabalhados, e ainda como interpretar os resultados obtidos.
O trabalho de interpretação dos resultados da inspeção do produto final deve ser realizado por um
técnico que tenha inclusive conhecimentos sobre a elaboração do produto e de como as variáveis
referentes à matéria-prima e processo interferem na sua qualidade.
É através da classificação que preços diferenciados, de acordo com a qualidade do produto, são
estabelecidos no mercado, exercendo assim uma arbitragem entre compradores e vendedores. É
uma atividade que requer normatização sistematizada para sua execução, bem como equipamentos
específicos e a especialização técnica de seus executores, dadas a sua importância no mercado, a
diversificação da produção agrícola e a sua amplitude de ação.

10
1.4. Adequação das empresas às normas de certificação
Ainda que ciente das vantagens advindas com a certificação, a dificuldade das empresas reside
principalmente na identificação do momento e na escolha do procedimento adequados para iniciar
um processo de certificação.
Tal decisão requer o conhecimento pleno de todos os objetos e processos de uma organização para
que as alternativas possam ser pensadas e criadas.
O conhecimento de toda a empresa inicia-se com investimentos em capacitação do pessoal,
implementado pelo setor de recursos humanos, podendo contar ainda com a contratação de
assessorias especializadas.
Faz-se necessário o envolvimento de todos, inclusive dos dirigentes máximos, para garantir que os
princípios da nova norma sejam realmente aplicados.

Todas as tarefas de um sistema de gestão da qualidade devem ser executadas


sempre da mesma forma, para que o produto final seja sempre o mesmo, de for-
ma a comprovar a consistência e repetibilidade dos processos, que são requisitos
inerentes à certificação ISO.

A implementação do sistema torna-se realidade mediante treinamentos, documentos ou registros e


comunicação interna, para que todos os colaboradores tenham ciência das exigências estabelecidas
pela norma e possam praticá-las no dia a dia da empresa.
A avaliação das competências de cada um dos colaboradores deve obrigatoriamente ser incluída no
processo, de forma a permitir a identificação de talentos, aptidões ou mesmo fragilidades de cada
profissional, e assim viabilizar a adequação do serviço executado ao perfil do colaborador.

1.5. Normas ISO aplicáveis à classificação vegetal


ISO (Internacional Organization for Standardization) é uma federação mundial constituída por
representantes dos órgãos de estandardização nacional, de cada País participante.
O trabalho de preparação das Normas Internacionais é normalmente realizado pelo comitê técnico
ISO.

11
Cada membro interessado em uma matéria, para qual um comitê técnico foi estabelecido, tem o
direito de ser representado neste comitê. As organizações internacionais, governamentais e não
governamentais ligadas à ISO também participam deste trabalho.
Os registros de estandardizações internacionais adotados pelos comitês técnicos são circulados pelos
membros para aprovação antes de serem aceitos como Normas Internacionais pelo Conselho ISO.
Eles são aprovados mediante os procedimentos necessários ISO, através de votação dos membros
com aprovação de no mínimo 75% dos votos.
Todas as Normas Internacionais são revistas periodicamente para adequação dos procedimentos
entre os participantes.

Na execução da classificação dos produtos de origem vegetal, os órgãos


oficiais conveniados com o Ministério da Agricultura, as empresas credenciadas
oficialmente, bem como as cooperativas, os armazéns gerais, as agroindústrias e
os demais usuários do Sistema Nacional de Classificação Vegetal, vêm adequando
os procedimentos utilizados às Normas Internacionais ISO disponíveis para
Amostragem de Grãos (ISO 13690) e para Determinação do Teor de água em
Grãos/Método Referencial (ISO 712), nos trabalhos de controle dos serviços
prestados e na aferição dos equipamentos disponíveis no mercado.

As empresas agrícolas de processamento ou de armazenamento de produtos que vêm aperfeiçoando


seus serviços, a fim de auferir a certificação de qualidade, são orientadas a adotar as normas ISO em
seus procedimentos de rotina, os quais estão inseridos nos programas de controle e na elaboração
dos manuais de boas práticas específicos de cada área de atuação.
Outros aspectos importantes relativos às demais análises previstas nas normas de classificação
ainda não se encontram normatizados dentro do padrão ISO, quais sejam: determinação do teor
de matérias estranhas e impurezas, determinação do peso hectolitro e determinação da renda e do
rendimento do arroz em casca, dentre outras.

12
1.6. Programas de certificação e rastreabilidade de
produtos agrícolas
As atuais iniciativas voltadas para a reorientação da política agrária mundial têm retratado as tendên-
cias futuras favoráveis à proposição de políticas nacionais e internacionais visando apoiar iniciativas
que orientem esforços para propiciar programas de redução de contaminações nos alimentos e o
desenvolvimento da agricultura sustentável.
As decisões de compra de alimentos, tradicionalmente baseadas em aspectos como variedade,
conveniência, estabilidade de preço e valor, receberam parâmetros adicionais relacionado à qualidade,
nutrição, sustentabilidade ambiental e segurança.
Os conceitos de segurança relacionados aos alimentos vêm sendo percebidos de maneira diferente
no mercado globalizado, sendo que, para os países desenvolvidos, o enfoque está voltado para a
saúde pública (“food safety”), enquanto, para os países em desenvolvimento, esse conceito relaciona-
se a problemas de acesso a padrões nutricionais suficientes do alimento (“food security”);

Para dirimir as possíveis dúvidas, os termos “SEGURANÇA ALIMENTAR” e


“SEGURANÇA DOS ALIMENTOS” foram academicamente definidos demons-
trando que, embora conceitualmente distintos, tais termos estão cada vez mais
interligados.
A expressão “segurança alimentar (e nutricional)” envolve quatro grandes campos
de políticas abertos à atuação de organizações sociais: a garantia da oferta de
alimentos no território nacional, a garantia de acesso aos alimentos a todos os
cidadãos, a garantia da qualidade sanitária e nutricional dos alimentos consumidos
e a conservação da base genética do sistema agroalimentar para as gerações
futuras.

Já a expressão “segurança do alimento” refere-se à garantia de alimentos de qualidade, livres de


contaminações química, biológica, genética ou de qualquer substância que possa acarretar problemas
à saúde do consumidor (Pessanha, L., Revista do IDEC, set. 2007).
Este cenário mostra a evolução na necessidade de gestão de riscos tais como fatores antinutricionais,
agrotóxicos, metais pesados, dioxinas, aditivos e medicamentosos, micotoxinas, agentes de transmissão
não convencionais (príons), contaminações virais, bacterianas e parasitárias, dentre outros.
Concomitantemente, o Código de Defesa do Consumidor e legislações afins permitiu uma evolução
significativa na exigência da informação, que além de ser cada vez mais transparente e objetiva, deve

13
permitir ao cliente parâmetros de avaliação da conformidade e segurança do produto adquirido.
A busca pelo controle e conhecimento dos fatores explicativos de origem e produção dos bens
e serviços, aliada à qualidade ambiental como base do desenvolvimento sustentável, criaram uma
demanda espontânea para os processos de certificação.
De forma equivocada, a certificação vem sendo associada a processos puramente burocráticos e
onerosos, como se todo o processo objetivasse simplesmente ao pagamento de mais uma taxa e à
obtenção de mais um selo ou carimbo.
Entretanto, face à implementação do livre comércio consolidado pelos acordos e blocos recepciona-
dos pela OMC, esses procedimentos de controle e qualidade são a garantia de segurança das partes
envolvidas.
A incorporação de atributos de qualidade, passíveis de certificação, é apresentada como um
instrumento de concorrência do produto final, que sobretudo permite a agregação de valores ao
segmento agroindustrial.
Tais atributos incluem uma ampla gama de conceitos, que vão desde as características físicas, como
origens, variedades, cor e tamanho, até preocupações de ordem ambiental e social, como os sistemas
de produção e as condições da mão de obra sob as quais o produto é obtido.
Toda e qualquer certificação requer projeto específico, com definição de responsabilidades e de
direitos, devidamente documentados em contratos, devendo atender às diretrizes estabelecidas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

Segundo a ABNT, certificação é “um conjunto de atividades desenvolvidas


por um organismo independente da relação comercial, com o
objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado
produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos
especificados. Estes requisitos podem ser nacionais, estrangeiros
ou internacionais. As atividades de certificação podem envolver;
análise de documentação, auditorias/inspeções na empresa, coleta
e ensaios de produtos, no mercado e/ou na fábrica, com o objetivo
de avaliar a conformidade e sua manutenção.”
A certificação, no âmbito de cada cadeia agroprodutiva, deve atender a requisitos
específicos, previstos em normas reconhecidas e adequadas ao produto objeto
de certificação.

14
Comumente o processo de certificação tem início com a inspeção prévia dos locais onde os
produtos serão cultivados e continua nas demais fases de plantio, desenvolvimento vegetativo,
floração, maturação, colheita e em todos os processos de pós-colheita, até a emissão do respectivo
documento de certificação.

A responsabilidade pela certificação dos diferentes produtos compete a empresas


legalmente constituídas e aptas a desenvolverem as atividades de inspeção e
monitoramento, mediante visitas periódicas aos locais de produção, orientação
e execução de análises residuais, durante todo o processo produtivo. As áreas
sob certificação devem ser previamente aprovadas e obedecerem às normas
ambientais brasileiras, assim como as normas sociais devem estar baseadas nos
acordos internacionais do trabalho.

Todos os procedimentos de responsabilidade da entidade ou empresa certificadora devem dispor


de documentação que permitam o registro das etapas executadas, providências adotadas e análises
efetuadas.
As empresas certificadoras normalmente conferem “selos de qualidade” específicos para cada
programa, como forma de garantir ao consumidor a origem e qualidade do produto adquirido.
A certificação exige métodos científicos diversos que viabilize o atendimento às legislações vigentes
para o mercado nacional e internacional, devendo para tal fazer uso de laboratórios reconhecidos e
dispor de pessoal altamente especializado e credenciado, inclusive para a classificação dos produtos
certificados.
No Brasil, os programas de certificação agropecuária estão presentes em projetos nas áreas de
agricultura orgânica e biodinâmica, pecuária orgânica, indústria de alimentos orgânicos e insumos
para agricultura orgânica.
A certificação, apesar dos custos a ela associados, permite que pequenos produtores passem a
incorporar grandes mercados e venham a receber melhores remunerações por um produto saudável,
correto e diferenciado.

15
Os principais produtos agrícolas certificados, disponíveis no mercado na-
cional, são o açúcar (branco e mascavo), algodão, cacau, café (verde, tor-
rado e moído, solúvel), castanha de caju, cereais e farinhas (arroz, trigo),
erva mate, extratos fitoterápicos de ervas medicinais e frutas, fécula de
mandioca, feijão, frutas (abacaxi, acerola, banana, citrus, coco, goiaba, man-
ga, maracujá, melão, morango, uva), frutas desidratadas, polpa de frutas,
suco de laranja, gado de corte, gado de leite e laticínios, geleias, gengibre,
guaraná, mel, óleo de babaçu, óleo de girassol, palma de dendê (óleo cru,
oleína), palmito, soja (grão, farinha, leite e óleo) e urucum.
O segmento de cafés especiais representa um setor importante do agronegócio nacional,
correspondendo atualmente a cerca de 12% do mercado internacional da bebida.
Os atributos de qualidade do café cobrem uma ampla gama de conceitos,
que vão desde características físicas, como origens, variedades, cor e
tamanho, até preocupações de ordem ambiental e social, como os
sistemas de produção e as condições da mão de obra sob as quais o café
é produzido, com destaque para os programas Café Gourmet, Selo de
Origem, Café Orgânico e Café Fair Trade, que além do monitoramento,
incorporaram ainda a prática da rastreabilidade.
Nos cafés certificados como orgânico e fair trade, que além de atributos
físicos, como aroma e sabor, também incorporam preocupações de ordem ambiental e social, o
problema de mensuração das informações pelo consumidor é muito mais complexo.
Também conhecidos como cafés conscientes, esses segmentos estão ampliando sua parcela no
mercado de cafés especiais, dado o aumento da preocupação com as dimensões ambientais e sociais
nos padrões de consumo, o que tem estimulado as preferências por bens produzidos de forma
sustentável.
O consumidor, contudo, não consegue distinguir, mesmo após saborear a bebida, se ela possui os
atributos por ele desejados. São os chamados bens de crença.
Nesses casos, o fortalecimento da confiança no organismo certificador estimula a comprovação dos
atributos contidos no selo impresso na embalagem.
Para isso, é necessário criar uma reputação, ou seja, relações de confiança, que só se estabelecem no
longo prazo. Além disso, é preciso monitorar - ou rastrear - todo o caminho do produto ao longo
do sistema produtivo, para reduzir perdas de informação ao longo do processo.

16
Dentro do Sistema Nacional de Classificação, incluindo a conformidade dos pro-
dutos, serviços e processos, cabe ao Ministério da Agricultura a responsabilidade
pela supervisão técnica e fiscalização daqueles envolvidos que venham a optar
pela certificação voluntária, conforme estabelecido no artigo 29 do Decreto
6.268 de 22.11.07, observando-se que as definições, os conceitos, os objetivos,
os campos de aplicação, a forma de certificação e as condições gerais para a
adoção dessas ações previstas ainda serão fixadas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.

Conceitos de rastreabilidade e certificação foram incorporados ao agronegócio brasileiro nos


últimos anos, mas ainda falta clareza sobre vantagens e custos para implantar estes procedimentos
na produção.
A rastreabilidade da produção vegetal pressupõe um sistema de preservação de Identidade dos
produtos que se inicia na propriedade e requer o acompanhamento sistemático da produção,
exigindo que o produtor registre cada procedimento, desde o plantio, tratos culturais, até a saída da
propriedade.
Considerando que apenas 8% dos produtores brasileiros têm capacidade de armazenagem na
propriedade, a etapa seguinte é comumente executada por cooperativas e traders, responsáveis pela
comercialização dos grãos.
O segmento armazenador vem exigindo o histórico do produto que está recebendo, já que a produção
se organiza nos armazéns, de onde parte para a indústria e o varejo. Desta forma, a rastreabilidade
permite maior segurança no processo, identificando falhas na produção.
Contudo, nem sempre a certificação é sinônimo de melhor remuneração, mas se constitui garantia
de liquidez, principalmente porque conquista nichos de mercado.

17
Unidade 2: Procedimentos operacionais da
classificação de produtos vegetais

2.1. Amostragem
A amostragem dos grãos é a prática que consiste em se obter uma porção representativa de um lote
ou volume do qual se origina, objetivando o conhecimento da sua qualidade, devendo ser observadas
determinações contidas no Capítulo IV do Decreto 6.268, de 22 de novembro de 2007.
A metodologia, os critérios e os procedimentos necessários à amostragem, confecção, guarda,
conservação, autenticação e identificação das amostras serão fixados pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, cabendo ao proprietário, possuidor, detentor ou transportador arcar com
a identificação e com a movimentação do produto a ser amostrado, independentemente da forma
em que se encontrem, propiciando as condições necessárias à sua adequada amostragem.
As amostras coletadas, que servirão de base à realização da classificação, deverão conter os dados
necessários à identificação do interessado ou solicitante da classificação e do produto, observando-
se as seguintes condições:
A) Nas operações de compra e venda ou doação pelo Poder Público, a amostragem e a confecção
das amostras para a classificação serão realizadas por entidade credenciada;
B) Na classificação de produtos importados, a amostragem e a confecção das amostras serão
realizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou pela entidade credenciada
que prestar apoio operacional;
C) Na classificação de produtos destinados diretamente à alimentação humana, a amostragem e
a confecção das amostras serão de responsabilidade da entidade credenciada ou do interessado,
devendo ser observados os mesmos critérios e procedimentos de amostragem fixados pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A finalidade da amostragem é obter uma amostra de tamanho adequado para os testes, na qual
estejam presentes os mesmos componentes do lote a ser classificado e em proporções semelhantes.

18
É uma quantidade do produto, identificado por número, letra ou uma combinação dos
Lote dois, com especificações de identidade, qualidade e apresentação perfeitamente definidas;

Amostra É a porção representativa de um lote ou volume que é selecionada e analisada a fim de se


obterem informações sobre o lote.

2.1.1. Tipos de amostras


Para fins de uniformização de procedimentos, as amostras obtidas de cada lote devem atender aos
critérios de obtenção, observadas a situação em que o produto se encontra armazenado ou sendo
transportado, conforme demonstrado na Figura 1.
Os principais tipos de amostras são:

Amostra simples: é uma pequena porção do produto retirada de diferentes pontos de um


lote.
Amostra composta: é formada pela mistura das amostras simples retiradas do lote. Por ser
geralmente bem maior que a necessária para as diferentes análises, necessita ser reduzida antes
de ser enviada ao laboratório ou posto de classificação.
Amostra média: é a recebida para análise, sendo resultante da homogeneização e redução
da amostra composta. Em atendimento à legislação, tal amostra deverá conter as alíquotas
necessárias às análises e ainda às prováveis situações de contestação do resultado.
Amostra de trabalho: é obtida por homogeneização e divisão da amostra média para ser
usada nas determinações analíticas.

19
Figura 1 – Denominação e esquema de obtenção das amostras

2.1.2. Requisitos para amostragem correta


O lote objeto da classificação deve estar marcado e identificado para permitir o amarrio entre o
certificado emitido e o produto disponível no momento da comercialização.
As amostras coletadas que servirão de base para a classificação deverão ser identificadas com o lote
ou o volume de produto do qual se originou.
A retirada de amostras deve ser efetuada corretamente de modo a representar com segurança a
qualidade do produto a que se referem.
Por mais minucioso que seja o procedimento técnico empregado na análise de grãos, o uso de
amostras coletadas de maneira incorreta promoverá distorções de dados, podendo até invalidar a
operação.
A homogeneização é importante para que a amostra seja representativa e deve ser feita utilizando-
se o homogeneizador e divisor de amostras (Figura 2), ou então mediante a utilização de conchas,
réguas ou quaisquer materiais ou métodos que permitam uma razoável mistura das amostras obtidas.

20
Figura 2 – Homogeneizador e divisor de amostras tipo Boerner

Ao comparecer ao local de amostragem o classificador poderá se recusar a


retirar amostras quando constatar as seguintes condições:

Produto contaminado com


doenças ou pragas que
constituam ameaça à produção Produto infestado por insetos Produto armazenado de forma a
agrícola nacional e que tenha vivos; não permitir a retirada de
sua comercialização proibida amostra representativa;
pela Defesa Sanitária Vegetal, e
destinar ou transitar por região
indene;

Produto armazenado de forma


Produto ensacado armazenado Produto expurgado sem que o inadequada, dificultando o
sem identificação; período de carência tenha sido acesso ao mesmo ou em locais
completado; que comprometam a segurança
do amostrador.

O responsável pela amostragem deverá seguir rigorosamente as normas e procedimentos estabele-


cidos pelo Ministério da Agricultura, quanto aos percentuais do lote a serem amostrados em função
do tipo de armazenamento e acondicionamento.

21
2.1.3 Amostragem de produtos ensacados

Amostrar, no mínimo, 10% do total de Retirar, em média, 30 (trinta) gramas de


sacos que compõem o lote; cada saco;

Introduzir o calador de baixo para cima, Fazer um “X” com a ponta do calador no
e fazer um movimento de vai-e-vem, local perfurado para recompor as malhas
para facilitar o escoamento do produto; da sacaria.

2.1.4. Amostragem de produtos a granel


Em veículos
Estabeleça as regiões de amostragem seguindo os seguintes critérios:
• Em veículos de até 15 (quinze) toneladas, retirar amostras em, no mínimo, cinco pontos;

• Em veículos de 15 a 30 toneladas, retirar amostras em, no mínimo, oito pontos;

22
Em veículos de 30 a 500 toneladas, retirar amostras em, no mínimo, onze pontos.

Em veículos com mais de 500 toneladas, observar a Tabela 1.

Tabela 1 – Número de pontos a serem amostrados em veículos com mais de 500 toneladas

Procedimentos a serem adotados


• As regiões de amostragem devem variar de veículo para veículo, de forma a evitar fraudes;
• Utilizar o calador composto;
• Introduzir o calador fechado até o fundo do veículo;
• Abrir o calador, para coleta da amostra, fechando-o em seguida.
Em veículos, durante a descarga do produto
• Abrir as comportas ou laterais do veículo;
• Coletar as amostras em todas as comportas ou em vários locais da lateral do veículo.
Observação: Esse tipo de amostragem, respeitadas as normas de segurança de cada empresa, pode
ser utilizado para complementar a amostragem descrita anteriormente, conforme demonstrado na
Figura 3.

23
Figura 3. Amostragem complementar na descarga do produto

Em silos ou graneleiros
• Nos silos, marque na superfície dos grãos cinco pontos para amostragem, sendo um deles
no centro;
• Em graneleiros ou piscinas, deve-se aumentar o número de pontos de coleta e distribuí-los
uniformemente em toda a superfície de grãos;
• Colete as amostras nas regiões marcadas, a cada metro de profundidade do silo ou grane-
leiro.
• A coleta poderá ainda ser efetuada em cada válvula de descarga ou esteira da célula, durante
a transilagem, com a duração mínima de 30 (trinta) minutos, variando-se o tempo em
função do fluxo de descarga.
Em armazém graneleiro
• Lote com até 100 (cem) toneladas: 10 (dez) coletas;
• Lote acima de 100 (cem) toneladas e até 500 (quinhentas) toneladas: 30 (trinta) coletas;
• Lote acima de 500 (quinhentas) toneladas: 30 (trinta) coletas, mais 15 (quinze) coletas para
cada série de 500 (quinhentas) toneladas ou fração excedente.
Em transportadores
• Coleta-se no mínimo 50 (cinquenta) quilos de amostra, em intervalo de tempo constante,
obedecendo os seguintes critérios:
• Lote com até 100 (cem) toneladas: 10 (dez) coletas, no mínimo;
• Lote acima de 100 (cem) toneladas e até 500 (quinhentas) toneladas: 30 (trinta) coletas, no
mínimo;
• Lote acima de 500 (quinhentas) toneladas: 30 (trinta) coletas, mais 15 (quinze) coletas para
cada série de 500 (quinhentas) toneladas ou fração excedente.

24
• As amostras devem ser coletadas com caneco, na saída dos dutos de descarga ou nas es-
teiras.
Em navios
Recomenda-se a adoção dos procedimentos especificados a seguir, regulamentados pela Instrução
Normativa Nº 39/2017 do Ministério da Agricultura, que aprovou o funcionamento do Sistema
de Vigilância Agropecuária Internacional - VIGIAGRO, suas regras e os procedimentos técnicos,
administrativos e operacionais de controle e fiscalização executados nas operações de comércio e
trânsito internacional de produtos de interesse agropecuário, constante no “Manual do VIGIAGRO”,
disponível para livre consulta mediante acesso ao link:
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/vigilancia-agropecuaria/manual-do-vigiagro
A Empresa Paranaense de Classificação de Produtos/CLASPAR adota o seguinte procedimento na
coleta de amostras no Porto de Paranaguá/PR: utilizando uma sonda de 1,85 m, são coletados 40 kg
de produto, em 36 (trinta e seis) tomadas ao acaso, em cada porão com capacidade aproximada de
7.000 toneladas.
À medida que o produto vai sendo descarregado, o procedimento deverá ser repetido, devido à
profundidade da massa de grãos e o cumprimento da sonda, sendo que nesse caso as amostras são
coletadas a cada 1,80 m de profundidade, o que corresponde a aproximadamente 1.000 toneladas
de produto.
Considerando que a capacidade dos porões varia de 3.500 a 7.000 t, recomenda-se a amostragem
ponderada, para que a amostra final represente o lote de todo o navio.
Para fins de orientação, as determinações da Umidade e do Peso Hectolitro, quando tratar-se do
trigo, deverão ser efetuadas separadamente, para cada porão.

2.1.5. Equipamentos utilizados na amostragem de grãos


A escolha do equipamento a ser utilizado deve acontecer em função da forma como o produto se
encontra armazenado, se ensacado ou à granel, observando-se ainda as condições da amostragem,
a embalagem do produto, o tipo de veículo ou de silo e se o produto se encontra estático ou em
sendo movimentado.
Os seguintes equipamentos são usados na amostragem de grãos sob diferentes circunstâncias e na
manutenção da representatividade da amostra:
a) Caladores simples
São extratores metálicos utilizados para a retirada de amostra em sacaria, através de simples furação
dos sacos (Figura 4).

25
Figura 4 – Sonda manual e Caladores simples

b) Sondas manuais
São extratores metálicos utilizados na amostragem de grãos a granel. São providos de divisões
(septos) no seu interior, permitindo a retirada de muitas pequenas amostras de uma só vez, em várias
profundidades. São dotados de dupla tubulação, sendo que a tubulação interna pode ser movimentada
regulando a abertura dos orifícios da tubulação externa. Esse tipo de amostrador permite a adaptação
de um “T” na extremidade superior e um helicoide na ponta, facilitando a introdução na massa de
grãos pela torção, à semelhança de um parafuso (Figuras 4 e 5).

Figura 5 – Sonda manual

c) Sondas pneumáticas
São utilizadas em veículos, silos e graneleiros, retirando as amostras através da sucção dos grãos
(Figura 6). A utilização desses equipamentos na recepção de grãos é polêmica, visto que pode favo-
recer a retirada de grandes quantidades de impurezas leves, interferindo no resultado da avaliação
da amostra. Para contornar este problema, os fabricantes vêm aperfeiçoando os equipamentos de
sucção, dotando a extremidade das sondas com dispositivos de contrafluxos, de forma que simulta-
neamente à sucção o excesso de partículas leves é expelido pela parte central da tubulação.

26
Figura 6 – Sonda pneumática

d) Sondas a vácuo
Foram desenvolvidas para atender ao sistema de amostragem observado principalmente nos portos,
quando os grãos estão acondicionados em compartimentos com grandes profundidades como os
porões de navios e barcaças, ou ainda armazenados em silos ou armazéns graneleiros. O sistema a
vácuo permite atingir profundidade de até 15 metros (Figura 7).

Figura 7 – Sonda a vácuo

e) Sondas torpedo
São extratores utilizados para a coleta de amostras de produto a granel a grandes profundidades.
Possuem um cilindro metálico, cuja capacidade varia de 125 a 254 gramas, dotado de uma ponta na
extremidade inferior para facilitar a introdução na massa de grãos; na extremidade superior é acoplada
uma peça com rosca para encaixe de extensões para diferentes profundidades de amostragem. O
cilindro permanece fechado durante a sua introdução na massa de grãos, sendo que um movimento
em sentido contrário provoca a sua abertura e a consequente coleta da amostra (Figura 8).

27
Figura 8 – Sonda torpedo

f ) Canecos
São coletores de amostras de produtos a granel em queda livre (dutos de descarga) ou na saída dos
transportadores como correias transportadoras, elevadores de caneca, rosca sem fim, dentre outros.
A caneca tipo Elis (Figura 9) pode ser utilizada na coleta manual de produtos em movimentação
pelas correias transportadoras. Os canecos são constituídos do bico onde é coletada a amostra e
de um cabo de extensão variável. Os canecos pelicanos geralmente são acoplados a cabos de maior
cumprimento (Figura 9). Podem ainda serem utilizados baldes plásticos para depósito de amostras
simples à medida que elas vão sendo retiradas, visando a posterior homogeneização.

Figura 9 – Pelicano e e caneca tipo Elis

2.1.6. Destinação das amostras


As amostras resultantes do processo final de amostragem, cujo número de vias pode variar de acordo
com o procedimento, são chamadas de amostras médias ou legais. Devem pesar NO MÍNIMO 1 kg
cada, deverão ser lacradas, identificadas, autenticadas e distribuídas da seguinte forma:

28
- 1 (uma) para o responsável pelo produto;
- 3 (três) para o órgão classificador/fiscalizador.

O volume de amostra excedente deverá retornar ao lote original, cobrando-se ao depositante o


invólucro para a reposição da sobra, quando se tratar de produto ensacado.
Para os produtos a granel, o procedimento de reposição relativo às amostragens efetuadas por
ocasião da descarga, inspeções periódicas, transferência ou carga, consiste na devolução à célula
na qual a partida de grãos foi armazenada, ou ao caminhão ou vagão do qual o produto tenha sido
retirado.

As embalagens utilizadas no acondicionamento das amostras médias devem ser


resistentes, novas, limpas e secas. A inviolabilidade delas deverá ser garantida por
lacres do órgão classificador, considerando a autenticação efetuada pelo usuário
e pelo classificador.

As três amostras recebidas pelo laboratório devem ser numeradas e codificadas, sendo a primeira
destinada às análises, a segunda arquivada pelo prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir da
emissão do documento de classificação, de forma a garantir o direito de contestação mediante a
realização de arbitragens e a terceira, uma amostra de segurança ou para fins de análises adicionais.
Importante ressaltar que, na classificação de produtos vegetais importados, a arbitragem deverá ser
solicitada no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas contados a partir da data de emissão do
Certificado de Classificação de Produto Vegetal Importado.

2.1.7. Precauções e cuidados especiais


1) Não usar, em hipótese alguma, as mãos em contato direto com os grãos, tanto nas operações de
coleta e homogeneização, bem como quando na realização no laboratório, da análise do teor de água;
2) Ao retirar amostras em transportadores como correias, roscas-sem-fim elevadores de caneca,
deve-se pensar sempre na segurança durante a operação, mediante a utilização de Equipamentos de
Proteção Individual (EPI), lembrando que as amostras devem ser retiradas nas bocas de saída dos
grãos, alçapões apropriados ou moegas de carga;
3) Nunca fazer as determinações de umidade de matérias, estranhas e impurezas sem antes realizar
a homogeneização e a redução das amostras;

29
4) Dispensar cuidados especiais com as amostras, de forma a se evitar a trocas, identificando-as e
autenticando-as corretamente no momento e no local de amostragem;
5) Arquivar adequadamente as amostras em local apropriado quanto às condições de ventilação e
umidade do ar, utilizando armários abertos, tipo prateleiras, observando ainda:
a) as condições de segurança do local, que não deve ser acessível às pessoas estranhas ao
serviço;
b) a organização das amostras de acordo com a espécie e a época de amostragem, de forma
a facilitar a sua localização, quando requisitada;
c) a não exposição das amostras aos raios solares, à chuva ou ao vento, em qualquer fase do
seu manuseio;
d) a não exposição das amostras a pássaros ou roedores;
e) a realização do expurgo das amostras ao menor sinal de infestação, durante o período
recomendado para o seu arquivamento.

2.2. Determinação de umidade


O conteúdo de água é talvez o fator mais importante a ser considerado nas diversas etapas de
produção e comercialização do grão, pois afeta diretamente a sua qualidade, armazenabilidade e
consequentemente o preço final de comercialização.
Os grãos são constituídos de água, e de matéria seca representada pelos diversos componentes das
células, tais como os carboidratos, as proteínas, as gorduras, as cinzas e as vitaminas.
O teor de água, que representa a quantidade de água contida no grão, pode ser expresso em base
úmida (Ubu) ou em base seca (Ubs).
O teor de água em base úmida é determinado pela razão entre o peso da água (Pa) contida na
amostra e o peso total (Pt) dessa amostra:

U bu (%) = [Pa / (Pa + Pms )] × 100

A umidade contida nos grãos em base seca é determinada pela razão entre o peso da água (Pa) e o
peso da matéria seca (Pms):

U bs(%) = (Pa / Pms ) × 100

30
onde:
Pa = Peso da água;
Pms = Peso da matéria seca;
Pt = Peso total = Pa + Pms.

Pelas equações, vê-se claramente que o teor de água expresso em base seca é numericamente maior
que o teor de água em base úmida. Isto porque, no segundo caso, com apenas Pms, o denominador é
menor que no primeiro caso, em que ele representa o peso total do grão (Pa + Pms) e, em ambos
os casos, o numerador permanece constante, ou seja representa sempre o peso da água (Pa).
Geralmente a porcentagem em base úmida é usada em designações comerciais e no estabelecimento
de preços.
Por outro lado, o teor de água em base seca (decimal) é comumente usado em trabalhos de pesquisa.

2.2.1. Mudança de base


Uma tabela de conversão é muito útil e precisa quando se deseja passar da base seca para a base
úmida e vice-versa, podendo ser construída utilizando-se as seguintes equações:
a) Passar de Ubu para Ubs:

U bs = [U bu / (1 – U bu )] × 100

b) Passar de Ubs para Ubu:

U bu = [U bs / (1 + U bs )] × 100

2.2.2. Métodos de determinação de umidade


Os métodos de determinação de umidade dos produtos agrícolas podem ser divididos em diretos
ou indiretos.
Nos métodos diretos a umidade de uma amostra é removida, e o teor de água é determinado por
diferença do peso da amostra inicial, ou por coleta e medição da água extraída.
Os métodos indiretos baseiam-se em determinadas propriedades físicas do grão, as quais são
amplamente dependentes do teor de água.

31
a) Métodos Diretos

a.1) Estufa:
É o método reconhecido internacionalmente para a determinação de umidade, e baseia-se na
secagem, em estufa de uma amostra de peso conhecido. Considerando que para cada tipo de grão
existe um procedimento específico, recomenda-se a utilização das normas descritas no manual
“Regras para Análise de Semente”, editado pelo Ministério da Agricultura do Brasil, ou a adoção dos
métodos reconhecidos pela comunidade científica, tais como aqueles recomendados pela AACC
(American Association of Cereal Chemists), AOAC (Association of Official Analytical Chemists),
AOCS (American Oil Chemists Society) ou USDA (United States Department of Agriculture), dentre
outros. Os processos usuais de determinação de umidade usando a estufa são:

Estufa sob pressão atmosférica


- Método em uma etapa: consiste em colocar amostras de 25 a 30 gramas de grãos em estufa
a 100° C, durante um período de 48 a 72 horas. As mesmas deverão ser retiradas e colocadas num
dissecador, até atingir a temperatura ambiente, para que seja feita a pesagem. A diferença de peso
entre o inicial e o final representa o peso da água contida no grão. O tempo acima mencionado, para
permanência do grão na estufa, é variável de acordo com o tipo de produto, devendo-se portanto
consultar o manual 00 do método escolhido (RAS, AOAC, AACC, USDA etc.).
- Método em duas etapas: é utilizado para grãos com teor de água acima de 13% b.u.:
1a etapa: colocar as amostras com 25 a 30 gramas de grãos inteiros em estufa a 130oC,
até atingir o teor de água em torno de 13% b.u.. Na prática, essa operação leva aproxima-
damente 16 horas. Pesada a amostra, segue-se a segunda etapa;
2a etapa: a amostra retirada na primeira etapa é moída e separada em subamostras de 2
a 3 gramas. Em seguida, as subamostras são mantidas em estufa a 130oC durante uma hora.
Posteriormente, faz-se a pesagem conforme descrito anteriormente.
Esse método exige mais tempo do operador, mais pesagens de amostras, e mais cálculos estão
envolvidos, devendo-se ter mais cuidado para evitar erros de medição.

Estufa a vácuo
As amostras são inicialmente moídas, colocadas em estufa a aproximadamente 100oC e mantidas
sob pressão de 25 mm de Hg durante aproximadamente cinco horas. A seguir, elas são retiradas e,
como nos processos anteriores, são pesadas após atingirem a temperatura ambiente. A perda de
peso representará a quantidade de água da amostra.
As seguintes recomendações devem ser seguidas para aumentar a precisão na determinação da
umidade, utilizando-se o método em estufa:

32
Amostra representativa Proteção da amostra Precisão da pesagem da amostra

A amostra deverá ser mantida em


Como são utilizadas pequenas recipiente a prova de umidade, para Deverão ser utilizados equipamentos e
quantidades do produto, deve-se usar um reduzir ao mínimo o tempo de exposição técnicas adequadas, compatíveis com o
método de amostragem adequado, para ao ar ambiente, tanto na pesagem, como grau de exatidão desejado;
minimizar os erros de medição; na moagem. Usar um dessecante
apropriado, e pesar as amostras
imediatamente após o resfriamento;

Preparação das amostras Tamanho da amostra Estufas

Para as amostras que necessitam de Esse parâmetro é crítico na Tanto as estufas de convecção natural
moagem, deve-se escolher moinhos em determinação da umidade, devido como as de convecção forçada podem
que a amostra fique o mínimo período principalmente à densidade das várias ser usadas, sendo que essa última é
de tempo possível exposto ao ar espécies de grãos. De um modo geral, o mais recomendável. As estufas devem
ambiente, e que sejam de fácil limpeza. tamanho da amostra varia de 2 a 5 ser operadas continuamente quando
Utilizar peneiras de malhas adequadas gramas, para o produto moído, ou de 25 estão em uso para garantir o
à granulometria que se deseja obter de a 30 gramas, quando se utiliza o produto aquecimento uniforme e uma maior
acordo com o produto e a inteiro. estabilidade da temperatura. Cada
recomendação do método; estufa deve ser conferida quanto à
estabilidade da temperatura,
uniformidade de aquecimento,
Ventilação
ventilação, taxa de fluxo de ar, taxa de
Estabilidade da temperatura Uniformidade de aquecimento
recuperação da temperatura após a
inserção das amostras e precisão do
A temperatura da estufa deve Deve ser verificada mediante a termômetro.
permanecer constante, ou com uma distribuição de uma mesma amostra em
variação em torno de ± 1ºC; diversos pontos da estufa;
Ventilação

A ventilação inadequada pode resultar


em baixos valores de umidade, com erro
de cerca de 1% ou mais;
Fluxo de ar Taxa de recuperação de temperatura

Deve ser regulado a uma taxa tal que não A estufa deverá voltar à temperatura
sopre o produto; ajustada dentro de 15 a 20 minutos após
a inserção das amostras. A marcação do
período de secagem deverá ser iniciada
quando o termômetro estiver marcando Precisão do termômetro
uma diferença de 1ºC em relação à
temperatura ajustada; O termômetro deve ser conferido
utilizando-se um termômetro padrão, a
cada seis meses de uso contínuo.

Dessecante Umidade Relativa do ar do laboratório

Recomenda-se a utilização da alumina Pode afetar a determinação da umidade


ativada, tipo 4A ou 4AXW, ou outro quando são utilizadas temperaturas de
produto que seja adequado a essa até 103 oC, não interferindo nos casos de
finalidade; temperaturas de secagem mais
elevadas;

a.2) Destilação
Nesse método a umidade é removida pelo aquecimento dos grãos inteiros ou moídos, em banho
de óleo, cuja temperatura de ebulição é muito superior à da água. Assim, o vapor d’água oriundo da
amostra é condensado, recolhido e medido, ou pela diferença de peso da amostra, obtém-se o teor

33
de água do produto. Os métodos de destilação mais utilizados são: Destilação em Tolueno: utiliza-
se de 5 a 20 gramas da amostra moída, que deve ser aquecida, em 75 ml de tolueno, à temperatura
aproximada de 110oC. Essa operação dura em média duas horas, e necessita de um equipamento
laboratorial adequado.
Método Brown-Duvel: é o método padrão adotado nos Estados Unidos, e assemelha-se ao método
do tolueno, não necessitando porém da moagem da amostra. O equipamento utilizado funciona
mediante a imersão do grão em óleo vegetal, e possui um sistema termométrico que desliga
automaticamente a fonte de aquecimento.
O tamanho da amostra, a temperatura e o tempo de exposição variam com o tipo do grão, sendo
aconselhável, portanto, consultar o manual do aparelho antes de executar a determinação da umidade
(Figura 10).

Figura 10 – Determinador de umidade por destilação Método Brown-Duvel

Encontram-se disponíveis no mercado alguns medidores de umidade que utilizam o princípio da


destilação, como o modelo CA-25 comercializado pela Gehaka (Figura 11a).

34
Figura 11 – Determinador de umidade por destilação (a) e por infravermelho (b)

a.3) Método Infravermelho


Nesse método a amostra de grãos é moída e colocada sobre o prato de uma balança e exposta à
radiação infravermelha, por um determinado período de tempo, que depende da espécie do grão. Esse
tipo de aparelho também é utilizado para a determinação de umidade de farelos, farinhas e rações.
A determinação da umidade do grão baseia-se na secagem de uma amostra de peso conhecido, e
requer de 5 a 30 minutos para cada determinação.
Os parâmetros intensidade da fonte de radiação, distância da fonte ao prato e tempo de exposição
são estabelecidos de acordo com cada produto (Figura 11b).
a.4) Fontes de erros nos Métodos Diretos
Embora considerados padrões, os métodos diretos de determinação de umidade estão sujeitos a
grandes variações, tais como a secagem incompleta e a oxidação do material;
À medida que o grão vai sendo submetido à secagem, ocorre uma gradativa perda de peso.
Posteriormente o peso permanece constante devido à remoção de toda a “água livre” existente
no grão. Nessa fase a secagem deve ser interrompida para evitar a oxidação do produto, a qual
acarretará erros na determinação da umidade.
* Erros de amostragem: a amostragem inadequada resultará em resultados não confiáveis,
independentemente do método utilizado;
* Erros de pesagem: ocorrem devido à utilização de balanças inadequadas ou imprecisas, à pesagem
de amostras não resfriadas, e ainda devido aos erros de paralaxe relacionados aos cuidados do
operador.

35
b) Métodos Indiretos

Os métodos indiretos baseiam-se em determinadas propriedades físicas dos grãos, as quais variam
com o seu teor de água.
Tais métodos são calibrados em relação a um dos métodos diretos, e são geralmente empregados em
transações comerciais e unidades armazenadoras, devido à rapidez na determinação. Os resultados
são sempre expressos em base úmida.
b.1) Método da Resistência Elétrica
A resistência ou a condutividade elétrica de um material varia segundo o seu teor de água, e é este
o princípio aplicado na construção de eterminadores de umidade. Considerando o caso dos grãos, o
teor de água (U) é inversamente proporcional ao logaritmo da resistência elétrica.
Numa determinada faixa, a umidade contida no grão equivale a:

onde:
U = teor de água;
K = constante que depende do material;
R = resistência elétrica.

O circuito básico usado nesses determinadores de umidade é mostrado na Figura 12.


A representação gráfica da relação entre o teor de água dos grãos e a resistência elétrica oferecida
por eles é apresentada na Figura 13.
Os determinadores baseados na resistência elétrica do material devem ser testados através de um
método direto, conforme o tipo de grão.
A resistência elétrica dos grãos, assim como dos outros materiais, varia também em função da
temperatura, sendo necessária a utilização das tabelas de correção para esse fator e que acompanham
os aparelhos de medição de umidade.
A resistência elétrica depende ainda da pressão exercida pelos eletrodos sobre o produto, sendo que
cada tipo de grão deverá ser submetido a uma pressão predeterminada conforme a especificação
do fabricante.

36
Figura 12 - Esquema do método da resistência elétrica.

Figura 13 - Variação da resistência elétrica em função da umidade.

O equipamento mais conhecido e comercializado no Brasil é o medidor de umidade “Universal”


(Figura 14), constituído de um sistema mecânico de prensagem da amostra, de uma fonte de potência
com acionamento manual (megômetro) e de um galvanômetro.

Figura 14 – Determinador de umidade modelo “Universal”

37
A leitura é obtida diretamente em uma régua de conversão, utilizando-se a indicação da temperatura
e o valor obtido no galvanômetro.
Amplamente utilizado pelas empresas credenciadas para a execução dos serviços de classificação, o
“Universal”, não são recomendados para a medição de umidade dos produtos recebidos diretamente
da lavoura, devido ao grande movimento observado durante a safra e ao alto conteúdo de água
presente nestes produtos, geralmente superior a 25-28%.
Testes recentes realizados pela empresa Gehaka, representante desse equipamento no Brasil,
indicaram que o medidor de umidade Universal teve um desempenho “bastante sofrível” quando
comparado aos demais instrumentos disponíveis no mercado.
Essas informações são de suma importância e devem ser corretamente utilizadas em um trabalho
contínuo de conscientização dos responsáveis técnicos pelas unidades armazenadoras, cooperativas
e agroindústrias, para que o Universal seja de uma vez por todas substituído por equipamentos mais
precisos e exatos.
Sabemos que não se trata de uma tarefa fácil, principalmente pelo fato de que durante muito tempo
foram alardeadas aos produtores e industriais as inúmeras vantagens deste equipamento, o que
resultou em uma ampla aquisição do mesmo por todos os segmentos envolvidos na comercialização
de grãos.Tais vantagens incluíam o fato do Universal ser um equipamento robusto, de fácil manuseio,
preciso e por atender de forma satisfatória às determinações de umidade de vários produtos.

Entretanto, devemos observar que com a evolução tecnológica observada na agricultura na-
cional, alguns fatores contribuíram para a identificação das principais desvantagens atualmente
atribuídas ao Universal:
1. O equipamento mostra uma tendência de, em altas umidades, indicar um valor de umidade
inferior ao valor real observado no produto: esse comportamento, ao indicar leituras errôneas,
pode acarretar grandes prejuízos aos compradores, cooperativas e armazenadores, uma vez
nas transações comerciais são aplicados ágios ou deságios em função do conteúdo de água
presente no produto recebido. Muitos usuários do Universal somente se deram conta desse
problema, no momento da expedição do produto, quando o quantitativo disponível estava
muito aquém do total esperado e os responsáveis não conseguiam explicações plausíveis para
tamanha “quebra técnica”;
2. O equipamento apresenta uma alta dependência do operador: esse é um fator de difícil
controle, uma vez que a medição é executada em várias etapas, sendo que em todas existem
chances de erros humanos e que de forma cumulativa podem resultar em um erro grave na
leitura final;

38
3. Alta interferência do operador: devido às várias etapas a serem executadas em uma medição,
o operador acaba sendo submetido a um estresse físico, o que compromete a confiabilidade da
leitura. Isso ocorre principalmente durante os períodos de safra, em que o classificador chega a
realizar 150 medições, em jornadas de trabalho de até vinte horas ininterruptas;
4. Posicionamento inadequado do termômetro no equipamento: como nesse método
de medição faz-se necessária a utilização da temperatura do produto para a obtenção do
resultado, observa-se que, na posição em que o termômetro se encontra inserido no corpo
do aparelho, lemos, na verdade, a temperatura do ambiente. Para que o termômetro possa
realmente registrar a temperatura do produto, o seu tempo de permanência na cuba de
medição teria que ser bastante prolongado, o que inviabilizaria a utilização do equipamento.
Para tentar agilizar a medição, a maioria das empresas fixam a temperatura entre 25 e 28ºC, o
que também não resolve o problema, pois se a temperatura do grão for maior do que o valor
fixado ocorre favorecimento ao comprador e se for menor implicará em prejuízo para quem
estiver comprando.

Outro questionamento sobre a utilização do Universal no recebimento de soja, refere-se à presença,


na amostra destinada à determinação da umidade, de grãos imaturos (verdes), que ao serem
prensados irão se tornar pontos de baixa resistência à passagem da corrente elétrica, fazendo com
que o aparelho indique uma umidade superior ao valor real.
Considera-se também um ponto crítico a utilização do Universal no acompanhamento da secagem
dos grãos. Esse procedimento não é recomendado, pois pode conduzir a resultados que não retratam
a correta umidade do grão, devido à temperatura e ao gradiente de umidade entre a superfície e
a parte interna dos grãos. Os equipamentos que utilizam o princípio da resistência elétrica dos
materiais biológico, como o Universal, são recomendados para produtos com o teor de água na faixa
de 10 a 20%.
Alguns cuidados deverão ser observados na utilização desses aparelhos:

Podem testar com Os modelos Para amostras


maior precisão os automáticos são retiradas do secador,
Estão menos sujeitos Grãos com umidade
grãos que possuem autônomos e não recomenda-se manter
aos erros resultantes superficial, devido a
elevado ou baixo teor permitem a o produto em repouso
da má distribuição de condensação ou à
de água; interferência do por algum tempo,
umidade dos grãos; chuva, resultarão em
operador durante a para que não ocorra
leituras acima do real.
medição. erro de leitura (teor de
água abaixo do real);

39
b.2) Método Dielétrico (Capacitância Elétrica)
A propriedade dielétrica do grão é dependente do seu teor de água.
A capacidade de um condensador é afetada pela propriedade dielétrica do grão colocado entre as
suas placas, sendo que os grãos úmidos possuem elevada constante dielétrica, enquanto em materiais
secos essa constante é baixa.
Assim, determinando as variações da capacidade elétrica do condensador, cujo dielétrico é
representado por uma massa de grãos, podemos indiretamente determinar o seu teor de água.
A Figura 15 mostra o esquema básico de determinadores que utilizam as propriedades dielétricas
dos grãos.
A relação entre a capacidade dielétrica e o teor de água dos grãos é dada pela seguinte equação:

onde:
D = dielétrico;
U = teor de água.
C = constante (depende de aparelho, material)

Figura 15 - Esquema básico do método dielétrico.

Os aparelhos que utilizam esse princípio podem apresentar algumas vantagens em relação àqueles
baseados na resistência elétrica, tais como:

40
Podem testar com Os modelos
Estão menos sujeitos maior precisão os automáticos são
aos erros resultantes grãos que possuem autônomos e não
da má distribuição de elevado ou baixo teor permitem a
umidade dos grãos; de água; interferência do
operador durante a
medição.

A correção da temperatura da amostra em relação à de calibração do aparelho é essencial neste tipo


de equipamento.
Os fatores limitantes à sua ampla utilização estão relacionados com o elevado custo, para os bons
aparelhos, e à dificuldade na regulagem e alinhamento entre os diversos tipos.

Para operar corretamente esses determinadores, as seguintes recomendações devem ser observadas:

Amostra deve ser Medir a temperatura


A amostra de grãos colocada na célula de da amostra de grãos Não compactar a Efetuar a calibração
deve estar isenta de teste sempre da para efetuar a amostra colocada na periódica do aparelho
impurezas; mesma forma, tal correção da umidade célula de medição; com um método
como foi utilizada na medida; direto.
calibração do
aparelho;

Os determinadores de umidade comumente encontrados disponíveis no mercado, e que se baseiam


nesse princípio são os produzidos pela Motonco, Gehaka, Dickey John e Perten (Figura 16).

41
Figura 16 – Determinadores de umidade por capacitância

2.2.3. Controle metrológico dos medidores de umidade de grãos


Compete ao INMETRO o estabelecimento de normas técnicas de controle metrológico, referentes
às unidades de medida, métodos e instrumentos de medição, incluindo as balanças, peneiras,
refratômetros, penetrômetros e mais recentemente os medidores de umidade, cujo Regulamento
Técnico Metrológico-RTM se encontra aprovado pela Portaria INMETRO nº 402, de 15 de agosto
de 2013, com as alterações dadas pelas Portarias INMETRO nº 617, de 20/12/2013 e nº 70, de
28/03/2017.

42
Tais legislações se encontram disponíveis mediante livre acesso ao link:
http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/rtac002013.pdf

Embora a umidade não seja um parâmetro de tipificação do produto e também não sejam os padrões
oficiais, instrumentos de determinação direta de ágio ou deságio, quando da comercialização de
tais produtos, devemos reconhecer a importância das informações obtidas na classificação para o
conhecimento das características qualitativas do lote e por conseguinte, como ferramenta auxiliar na
tomada de decisão quanto aos procedimentos de conservação ou utilização do produto.
Sendo assim, reveste-se de suma importância a adoção dos cuidados necessários à determinação
eficiente e correta do teor de umidade dos produtos vegetais, apurado no momento da classificação.
A conformidade analítica dos resultados obtidos na avaliação da qualidade dos produtos vegetais é
fundamental para garantir a credibilidade e a transparência das ações que visam assegurar a qualidade
dos alimentos disponibilizados ao consumo ou processamento.
Neste contexto, temos que o RTM para os medidores de umidade atende aos anseios dos agentes
envolvidos no processo de classificação ao longo de toda a cadeia produtiva, os quais poderão
dispor de equipamentos aprovados pelo INMETRO e devidamente calibrados pelos laboratórios
acreditados pela Rede Metrológica nacional, eliminando assim as discrepâncias e as inconsistências
observadas pela utilização de aparelhos obsoletos ou tecnicamente incompatíveis.
De maneira complementar, temos que o disciplinamento metrológico poderá permitir ao MAPA
ampliar as exigências relacionadas à utilização de equipamentos calibrados, incluindo os medidores
de umidade, cuja calibração não seria aplicável pela ausência da competente norma regulatória.

Para fins de aplicação plena do Regulamento Metrológico, O INMETRO vem se


reunindo com representantes do setor agrícola, e se encontra em fase de publica-
ção um normativo complementar estabelecendo um cronograma de substituição
gradual dos medidores de umidade antigos. Esse cronograma é elaborado com
base no ano de fabricação dos equipamentos antigos, mas determina a manuten-
ção dos procedimentos regulares de verificação metrológica dos medidores de
umidade que não tenham modelos aprovados.

43
Classificação vegetal: Legislação e procedimentos

3.1. Histórico da padronização vegetal


Admite-se que a primeira padronização oficial de produtos agrícolas aconteceu na Inglaterra, no ano
de 1800, com a classificação do algodão utilizado para fins industriais.
No Brasil, por iniciativa da Associação Comercial de Santos, a ideia de se adotarem os padrões para
a classificação teve início no final do século XIX, devido ao mercado brasileiro do café.
Entretanto, apenas em 1907 foram instituídos os primeiros padrões para esse produto, que
obedeceram a classificação utilizada na Bolsa de Nova York, considerada modelo naquela época.
Posteriormente, em 1925, foi aprovado pelo Ministério da Agricultura o padrão oficial para o algodão,
também baseado em modelos americanos.
Em 1931 foram adotados sob a forma de instruções os primeiros padrões rudimentares para a
classificação de banana, de frutas cítricas e de abacaxi.
Considera-se o Decreto-Lei 334, de 15 de março de 1938, que determinou a obrigatoriedade
da classificação dos produtos agrícolas exportáveis, exigindo, consequentemente, a sua prévia
padronização, como sendo o marco oficial da padronização de produtos agrícolas no Brasil.
Outros dispositivos legais foram sendo criados, regulamentando, acrescentando ou normatizando o
DL 334/38, até que em 1966, objetivando dinamizar as exportações brasileiras, foi criado o Conselho
Nacional de Comércio Exterior-CONCEX, através da Lei 5.025/66 e do Decreto 59.607/66, que
praticamente revogou toda a legislação existente, prejudicando, principalmente, a classificação dos
produtos agrícolas destinados à comercialização interna.
Essa situação de total falta de amparo legal às normas de classificação vegetal perdurou até os anos
70, quando a Lei 6.305 de 15.12.75, regulamentada pelo Decreto 82.110 de 15.08.78,
tornou obrigatória a classificação dos produtos agrícolas destinados à comercialização interna. Tal
situação vigorou por mais de vinte anos, caracterizada principalmente pelo monopólio estatal da
atividade, uma vez que a legislação mencionada anteriormente previa a celebração prioritária de
convênios com entidades públicas estaduais que dispusessem das condições mínimas necessárias à
execução da classificação de produtos vegetais.
A obrigatoriedade, aliada ao monopólio, resultou em um período de duras críticas, oriundas dos
diversos setores do agronegócio, os quais chegaram, publicamente, a imputar à classificação uma
parcela considerável do chamado “custo Brasil”.

44
Apesar do desgaste causado por tal polêmica, o resultado foi positivo, uma vez
que culminou com uma ampla reforma de todo o sistema nacional de classificação,
mediante a publicação da Lei 9.972, de 25 de maio de 2000, revogando
a Lei 6.305/74, e do Decreto 3.664, de 17 de novembro de 2000, os
quais, ao estabelecerem novas diretrizes, permitiram a abertura da execução da
atividade às empresas privadas, cooperativas, universidades e centros de pesquisa.
No intuito de adequar a legislação ao dinamismo do agronegócio brasileiro, o
Ministério da Agricultura, através do seu órgão técnico competente, promoveu
a reformulação da legislação, o que resultou na publicação, no dia 23 de
novembro de 2007, do Decreto 6.268 de 22.11.07 regulamentando
a Lei 9.972/00 e revogando o Decreto 3.664/00.

3.2. Elaboração dos padrões: parâmetros qualitativos e


quantitativos
Para que a classificação seja possível, faz-se necessária a elaboração prévia do padrão físico e
descritivo de cada produto.
Compete ao Ministério da Agricultura estabelecer os critérios e os procedimentos técnicos para
a elaboração dos padrões oficiais de classificação, bem como a sua revisão e acompanhamento,
assegurando, em sua discussão, a participação consultiva do setor de agronegócios e demais
segmentos interessados.
Sob o ponto de vista das atividades inerentes à classificação vegetal, e quando examinado sob o
ângulo da comercialização, padrão oficial de classificação é o conjunto de especificações
de identidade e qualidade de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico,
estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A Portaria do Ministério da Agricultura Nº 381, de 28 de maio de 2009, estabeleceu
os critérios e os procedimentos técnicos para a elaboração, aplicação, monitoramento e revisão do
padrão oficial de classificação de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico,
e aprovou o modelo de estrutura do regulamento técnico que define o referido padrão.
Os padrões de classificação podem ser revistos a qualquer tempo objetivando adequá-los às evoluções
tecnológicas do setor agrícola, ou mesmo às preferências do consumidor, aos hábitos culturais e
processos de utilização nas diferentes regiões do País e sua operacionalização ocorre mediante
a participação de representantes dos diversos segmentos envolvidos no processo produtivo e

45
mercadológico, e ainda pelos setores ligados à pesquisa, de forma a se obter os subsídios necessários
à reformulação de cada padrão.

Para os produtos destinados à exportação, compete à Câmara de Comércio


Exterior – CAMEX, órgão do Ministério do Desenvolvimento Indústria e
Comércio Exterior, a responsabilidade de referendar as determinações de
qualidade previstas em contrato, podendo incluir a recomendação de que
sejam acatados os padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. Tal
procedimento passou a ser adotado pela Resolução CAMEX NO 08, de
25.4.02, que revogou as Resoluções que tratavam da classificação de diversos
produtos agrícolas destinados à exportação, dentre estes a soja, o milho e o
sorgo.

Os produtos importados após a nacionalização efetuada nos locais de desembarque ou descarrega-


mento ficam sujeitos às normas estabelecidas para o mercado interno.
Para fins de operacionalização do acordo do MERCOSUL, os órgãos competentes dos quatro países
integrantes do sistema - Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai - vêm realizando seminários e reuniões
para harmonização e ajustes das legislações agroalimentares necessárias à padronização de produtos
a serem comercializados entre eles, ou importados de outros países que não compõem o acordo.
As resoluções aprovadas no âmbito do MERCOSUL devem ser incorporadas ao ordenamento
jurídico brasileiro mediante a publicação do competente normativo no Diário Oficial da União.

3.3. Regras fundamentais da padronização


Ao estabelecer os padrões de qualquer produto, devem-se levar em conta certas condições básicas,
capazes de conferir à padronização o máximo de racionalidade e facilidade de compreensão das
especificações.

46
Entre outras, podem ser consideradas como principais as seguintes condições:
Os padrões devem abranger a maior parte
das safras, evitando grandes faixas
desclassificadas, ou outras classificadas
injustamente;

A maior parte das safras deverá recair no tipo


médio da série de padrões;

Os padrões devem ser fixados com


características que o consumidor considere
importante;

As diferenças entre os tipos devem ser


interpretáveis, e passíveis de medição
precisa;

A terminologia deve ser, tanto quanto


possível, exata e compreensível pelos
produtores e pelos consumidores;

Sempre que possível, os intervalos entre os


tipos devem ser equivalentes.

3.4. Termos técnicos empregados nas especificações


3.4.1. Grupo
Refere-se à forma de apresentação para produtos como o arroz e o amendoim que podem ser
enquadrados com “Em casca” ou “Beneficiado”.
Para o milho, o grupo significa a consistência do grão: “Duro”, “Semiduro” e “Dentado”, e, para a
soja, especifica o grupo de acordo com a finalidade de uso, se destinada ao consumo in natura ou se
destinada a outros usos.

3.4.2. Subgrupo
Especificação prevista para poucos produtos poderá significar a forma de preparo quando tratar-se
de arroz cujos subgrupos são: “Natural”, “Parboilizado”, “Integral” e “Polido”; ou indicar o método de
preparo ou limpeza quando tratar-se de amendoim.

47
3.4.3. Classe
Identifica o produto de acordo com os seguintes aspectos:
a) Cor: refere-se geralmente à coloração da película para produtos como o milho, sorgo e feijão. Na
classificação de algumas frutas a cor pode referir-se à casca (abacate) ou à polpa (abacaxi).
b) Tamanho, forma ou peso: estes fatores podem ser considerados separadamente ou agrupados,
dependendo do produto analisado. Para o amendoim considera-se o tamanho e o peso dos grãos,
e para o arroz as - dimensões-comprimento, largura e espessura - e a relação comprimento/largura
dos grãos. O algodão em pluma ou em caroço será enquadrado em classes de acordo com o
cumprimento da fibra.

3.4.4. Tipo
Refere-se à qualidade do produto, podendo ser representado por números ou letras. Na tipificação
final do produto classificado poderão ser encontrados ainda os seguintes termos:
a) Fora de Tipo ou Abaixo do padrão: refere-se ao produto que pelas suas características não se
enquadre nas tolerâncias mínimas estabelecidas pelas normas de padronização;
b) Desclassificado: refere-se ao produto que, devido a condições inadequadas de transporte,
armazenagem ou manuseio, apresenta-se com características atípicas quanto ao aspecto físico-
químico, estando prevista em lei a proibição da sua comercialização para consumo humano e animal,
ou outra destinação, que será definida após ouvido o órgão competente do Ministério da Agricultura.
A classificação por tipos ou categoria é realizada em função da sua natureza, da sua perecibilidade ou
do sistema de comercialização do mesmo. Alguns produtos ou grupo de produtos vegetais podem
atender apenas a determinados requisitos ou parâmetros estabelecidos em legislação.

3.4.5. Tipos de defeitos


A descrição dos defeitos deve constar nas normas de padronização de cada produto de forma a
facilitar a identificação e quantificação deles.
Comumente se adota a separação dos defeitos em leves ou gerais e graves considerando o
prejuízo que poderá advir da presença deste ou daquele em uma massa de grãos.
São considerados defeitos leves ou gerais aqueles que alteram a coloração, o peso ou a forma
do grão sem contudo afetar a sua conservação por não implicar em alterações químicas ou biológicas
do grão, como por exemplo grão manchado, descolorido ou quebrado.

48
Grão manchado
Quando apresentar qualquer tipo de mancha no grão ou na película de revestimento sem contudo
afetar a polpa;

Grão descolorido
Quando houver alteração na cor original do grão;

Grão quebrado
Quando ocorre separação dos cotilédones, ou quebras em qualquer parte do grão.

Os defeitos graves caracterizam-se por indicar processos bioquímicos de fácil disseminação na


massa de grão e que podem comprometer a conservação do produto.
Grão mofado, queimado, ardido, preto ou carunchado, matéria estranha e impureza são alguns
exemplos de defeitos graves cujos índices de tolerância são mínimos em todas as normas de
classificação.

Grão mofado
Quando apresentar sinal visível de fungo (bolor);

Grão ardido
Quando apresentar coloração escura proveniente do processo de fermentação;

Grão preto
Quando houver escurecimento total do grão por ação excessiva do calor ou umidade;

Grão carunchado
Grão que se apresentar prejudicado por caruncho;

Matéria estranha
É todo e qualquer detrito estranho ao produto, como grãos ou sementes de outras espécies vegetais,
sujidades e restos de insetos;

49
Impurezas
São fragmentos de grãos ou de partes da planta como cascas, folha, talos etc.
A presença de matéria estranha e impurezas em uma massa de grãos poderá interferir na umidade
de equilíbrio do produto, favorecendo a infestação e propagação de fungos. Poderá ainda prejudicar
a aeração dos grãos devido ao preenchimento do espaço intergranular por materiais finos que
impedem a distribuição uniforme do fluxo de ar.

3.5. Obrigatoriedade da classificação


Conforme determina a Lei 9.972, de 25.05.2000, regulamentada pelo Decreto 6.268, de 22.11.2007,
a classificação é uma prática obrigatória para os produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos
de valor econômico que possuam padrão oficial de classificação estabelecido pelo Ministério da
Agricultura, nas seguintes situações:

a) Quando destinados diretamente à alimentação humana;

b) Nas operações de compra e venda do Poder Público;

c) Nos portos, aeroportos e postos de fronteiras, quando da importação.

São considerados como destinados diretamente à alimentação humana, aqueles que, a granel ou
embalados, estejam em condições de serem oferecidos ao consumidor final.
A informação das características dos produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor eco-
nômico que não possuam padrão oficial de classificação estabelecido pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento será de responsabilidade do seu fornecedor.
Nas operações de compra, venda ou doações pelo Poder Público de produtos vegetais, seus
subprodutos e resíduos de valor econômico, caberá ao órgão ou instituição que coordena o processo
competente adquirir, comercializar ou doar produtos devidamente classificados e acompanhados
dos correspondentes documentos comprobatórios da classificação.

50
Nos portos, aeroportos, terminais alfandegários e demais postos de fronteira e
estações aduaneiras, a classificação tem como objetivo aferir a conformidade dos
produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico importados
com os padrões oficiais de classificação estabelecidos pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, podendo ser dispensadas da classificação
obrigatória, observadas orientações legais, as pequenas quantidades de produtos
vegetais.

A legislação estabelece, ainda, que fica sujeito à nova classificação o produto que por qualquer
motivo perder a característica de apresentação ou rotulagem original, alterar as especificações de
identidade e qualidade que constavam no documento de classificação original ou for misturado ou
mesclado para formação, aumento ou composição de novo lote.

3.6. Responsabilidades
A competência para normatizar, supervisionar tecnicamente, fiscalizar e controlar a atividade, em
todos os seus níveis, cabe ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, através dos órgão
competentes devidamente instituídos, conforme demonstrado na Figura 17.

51
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/acesso-a-informacao/lei-de-acesso-a-informacao/organograma
(Acessado em 23/02/2021)”

A legislação estabelece que a classificação dos produtos destinados à alimentação


humana e nos casos de compra e venda pelo Poder Público, poderá ser executada
por entidades públicas e privadas, devidamente credenciadas pelo Ministério da
Agricultura.

Nos casos de produtos importados, ficou estabelecido que classificação obrigatória nos portos,
aeroportos, terminais alfandegados e demais postos de fronteira será executada diretamente pelo
Ministério da Agricultura, que poderá utilizar, além de sua própria estrutura, entidades credenciadas
para o apoio operacional e laboratorial, a qual responde solidariamente pela prestação do serviço.

52
3.7. Credenciamento
Consiste no procedimento administrativo que objetiva conceder autorização para que as pessoas
jurídicas executem a classificação de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor
econômico, devendo obedecer aos seguintes aspectos:

a) Ser por empresa ou posto de serviço;

b) Habilitar por produto vegetal, subproduto ou resíduo de valor econômico; e

c) Gerar um número de registro no Cadastro Geral de Classificação que terá validade


em todo o território nacional.

O número de registro no Cadastro Geral de Classificação de um posto de serviço ligado a uma


mesma entidade credenciada deverá indexar, além do número de registro de sua sede, dígitos que
diferenciem e individualizem sua ação e responsabilidade.
A legislação estabelece ainda que todos os credenciados deverão dispor de estrutura física, de
instalações, de equipamentos e de profissionais habilitados para execução dos serviços de classificação,
cabendo ao Ministério da Agricultura a responsabilidade por divulgar a relação das entidades
credenciadas a executar a classificação e editar normas simplificando o processo de credenciamento
para produtos hortícolas e outros perecíveis em função das necessidades determinadas pelas
especificidades desses produtos.
A reformulação recente da legislação permitiu ainda que o Ministério da Agricultura venha a cre-
denciar pessoas jurídicas que utilizam seu fluxo operacional para a execução da classificação, desde
que as especificações finais do produto vegetal estejam em conformidade com o respectivo Padrão
Oficial de Classificação aprovando em que momento do fluxo operacional poderá ser exercida tal
classificação.
Permite-se ainda o credenciamento de Unidade Volante, que consiste em uma unidade móvel
constituída por veículo equipado, estruturado e autorizado para a execução dos serviços de
classificação e que esteja vinculada a um Posto de Serviço, do qual compartilhará o mesmo número
de registro no CGC/MAPA e as mesmas exigências.
Os demais requisitos, os critérios, a estrutura e as instalações exigidas, os prazos e as demais con-
dições para o credenciamento encontram-se normatizados pela Instrução Normativa MAPA No 54,
de 24 de novembro de 2011, com as alterações dadas pela Instrução Normativa MAPA No 30, de 23
de setembro de 2015.

53
A relação completa e atualizada das empresas credenciadas junto ao Ministério da
Agricultura encontra-se disponível no sítio eletrônico institucional, no endereço
www.agricultura.gov.br, mediante acesso ao link (aba Credenciadas):
http://indicadores.agricultura.gov.br/qualidadevegetal/index.htm
Serão estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, sob a forma de emolumentos,
os valores a serem pagos pelos interessados quando do credenciamento inicial,
suas atualizações e demais serviços solicitados.

3.8. Estrutura dos postos de serviço de classificação


O posto de serviço é a unidade física, devidamente equipada, estruturada e credenciada para a
prestação dos serviços de classificação vegetal. É o local onde os produtos são analisados.
Compete ao credenciado a manutenção e administração destas unidades, que prioritariamente
devem ser instaladas em locais de maior demanda dos serviços de classificação.

Os postos de serviço de classificação devem atender a requisitos indispensáveis ao bom de-


sempenho dos serviços principalmente com relação aos seguintes aspectos:
estar localizado próximo ao usuário;
apresentar facilidade de acesso;
possuir algum meio de comunicação - rádio, telefone, fax, telex - para permitir melhor
atendimento aos interessados;
estar devidamente identificado;
possuir instalações com espaço físico adequado ao deslocamento distribuição de pessoal
e equipamentos;
estar devidamente equipado para atender aos usuários;
possuir classificadores habilitados e registrados pelo Ministério da Agricultura.

54
3.9. Equipamentos e materiais utilizados na análise e
classificação de produtos

3.9.1. Balança eletrônica de precisão


Com painel digital que utilize no mínimo duas casas decimais (Figura 18).
• Cuidados no manuseio:
Manter o plano de sustentação nivelado;
Calibrar e verificar periodicamente;
Utilizar a balança em ambiente isolado de outros objetos;
Utilizar a trava para transporte do equipamento;
Manter o equipamento limpo.

Figura 18 – Balança eletrônica

3.9.2. Caladores e sondas


Para obtenção de amostras dos produtos a serem classificados:

• Especificações:

Calador tipo simples (Nobbe)


Em aço inoxidável, com cabo de madeira e ponta afunilada.
Comprimento em torno de 50cm incluindo o cabo de 10cm e a ponta de 6cm, ficando livre cerca de
34cm, o suficiente para alcançar o meio de qualquer saco comercialmente adotado; diâmetro interno
do tubo em torno de 1,5cm.

55
Manuseio: inseri-lo no saco com a ponta voltada para cima, num ângulo de 30 graus com a
horizontal, com a abertura para baixo, até atingir o centro da massa; a seguir, gira-se a abertura
para cima e se vai retirando em velocidade decrescente, para que a quantidade retirada do produto
aumente do centro para a periferia do saco.
Calador tipo duplo
Consiste em dois cilindros ocos de metal, perfeitamente ajustados um dentro do outro, com uma
extremidade sólida e afilada. Ambos os cilindros são providos de aberturas ou janelas iguais que
podem ser justapostas por meio da rotação do cilindro interno.
Estes amostradores variam em comprimento, diâmetro e número de aberturas de acordo com as
diferentes espécies de grãos e com os vários tamanhos dos recipientes, e podem ou não apresentar
divisões internamente.
Os amostradores para produtos acondicionados em sacos devem ter o comprimento mínimo
aproximado da diagonal das embalagens, com o diâmetro variando de 1,25 a 2,50cm e com seis a
nove aberturas.
Os amostradores para produtos a granel são bem maiores, chegando até a 2 metros de comprimento,
4,0cm de diâmetro e com seis a nove aberturas, podendo ser usado tanto no sentido horizontal
como vertical. Para serem usados verticalmente devem ser providos de septos transversais internos,
que os dividem em compartimentos, cada um dos quais correspondendo a uma das aberturas.
Manuseio: o calador deve ser inserido na embalagem com as aberturas desencontradas e em
posição fechada, no sentido diagonal (produto ensacado) ou vertical (produto à granel). Uma vez
aberto no interior da massa, deve ser girado ou levemente agitado até se encher de produto, e a
seguir fechado e retirado cuidadosamente.
Sonda
Em latão com cabeçote em “T”, medindo 1,8 a 1,7m de comprimento, com 8 aberturas em formas de
janelas, 7,5cm de diâmetro interno em toda sua extensão, com ponta aguda na extremidade inferior.
A capacidade de extração pode variar de 125 a 264g por operação.
Manuseio: inserir a sonda na massa do produto mantendo-a fechada. Alcançado o ponto desejado,
movimentar o cilindro com cuidado para abertura das janelas e retirada da amostra.

56
• Cuidados gerais

O comprimento do calador ou sonda escolhido deve alcançar a metade da embalagem ou silo


a ser amostrado;
A tomada da amostra é feita através da diagonal da embalagem e na vertical para os produtos
a granel;
Após a retirada do amostrador, deve-se fechar o orifício do saco de juta, algodão ou polipro-
pileno com a ponta do amostrador. Para as embalagens de papel, deve-se fechar a perfuração
com uma fita ou adesivo do órgão de classificação;
Efetuar limpezas periódicas nos instrumentos de amostragem.

3.9.3. Determinador de umidade


Principais modelos ou marcas disponíveis no mercado:
Universal
O princípio de funcionamento deste aparelho baseia-se na variação da resistência elétrica ou
condutividade de um material de acordo com o seu teor de umidade. O produto é prensado e
submetido a uma corrente elétrica proveniente de um gerador de energia (megômetro), e o resultado
é fornecido em função da temperatura do produto.
Geole
Determina a porcentagem de umidade com base nas propriedades dielétricas dos materiais biológicos.
É construído em chapa de metal, com alimentação por bateria de 9 volts, e tem como acessórios uma
cuba de pesagem, uma balança e um contrapeso.
Motonco
Diversos modelos, automatizados, com saída serial para impressora. Baseia-se no princípio dielétrico
e dispõe de curvas de calibração para cada grão que correlacionam a leitura obtida e o fator de
calibração do produto.
Gehaka
Dispõe de equipamentos eletrônicos, digitais que realizam medidas rápidas, sendo que alguns modelos
possuem sistemas de automação da análise, reduzindo a interferência do operador. Dentre os
acessórios disponíveis estão as impressoras portáteis para impressão de relatórios e ainda sistemas
de interface com computadores e outros dispositivos de registro.

57
GAC-2100 e GAC 2500, da DICKEY-John
Equipamento totalmente automatizado, com autocarregamento e pesagem automática da amostra.
Ajustes para compensação da temperatura e da umidade superficial do grão.

Recomendações importantes:
* Manter próximo ao equipamento uma cópia do manual, que deve ser lido pelo
operador;
* Consultar periodicamente o manual;
* Manter o plano de sustentação do aparelho nivelado;
* Limpar regularmente o aparelho;
* Utilizar rigorosamente a quantidade de amostra especificada no manual;
*Verificar o aparelho antes de utilizá-lo e realizar manutenções técnicas periódicas;
* Efetuar, quando necessário, as correções do teor de umidade conforme as
tabelas de cada aparelho;
* Não efetuar ajustes ou consertos não autorizados pelo fabricante ou não
contidos no manual de uso;
* Evitar contato manual com o produto;
* Transportar o equipamento de forma adequada;
* Observar, com quais produtos o determinador de umidade tem condições de
trabalhar;
* Efetuar a calibração periódica do aparelho com um método direto (estufa,
destilação);
* Contatar o fabricante sempre que surgirem dúvidas no funcionamento do
equipamento.

58
3.9.4. Homogeneizador
Equipamento indispensável para homogeneizar a amostra e reduzir o tamanho da amostra dividindo-a
em duas subamostras iguais.

• Especificação e funcionamento:

O tipo mais utilizado é o homogeneizador “Boerner” (Figura 19c), confeccionado em dois


tamanhos. Suas partes essenciais consistem em uma moega cônica ou alimentador, de um cone
invertido e de uma série de lâminas separadoras que formam pequenos canais iguais na largura e
comprimento. Os grãos são alternadamente conduzidos durante a sua queda para duas bicas opostas
situadas na base do aparelho. Uma válvula na base da moega retém o produto que deve ser despejado
bem no centro do alimentador. Quando a válvula é aberta, os grãos caem por gravidade sobre o cone
invertido; são uniformemente distribuídas para os canais e através das bicas são conduzidas para os
recipientes. A cada passagem é descartada uma das bolsas e se repete a operação sucessivamente até
que a amostra seja reduzida à quantidade necessária à classificação.
Recomenda-se ainda a utilização de outros quarteadores, como o tipo Bertini (Figura 19a) ou o
tipo Johnes (Figura 19b), que são mais fáceis de serem transportados.

Figura 19 – Quarteadores/homogeneizadores de amostra tipo Bertini (a), Johnes (b) e


homogeneizador tipo Boerner (c)

• Cuidados no manuseio:

manter o equipamento limpo;


verificar o funcionamento da válvula que deve mover-se facilmente;
eliminar todo e qualquer resto de grãos que possa ficar retido nas bolsas e canaletas.

59
3.9.5. Lupa

Instrumento auxiliar na visualização dos grãos e identificação dos defeitos,


somente em caso de dúvidas. A classificação é uma operação que deve ser
realizada a “olho nu”.

3.9.6. Máquina teste para arroz


Utilizada para determinar com precisão a renda e o rendimento da amostra de arroz a ser classificada
(Figura 20).

Figura 20 – Maquineta para classificação de arroz em casca e beneficiado

3.9.7. Mesa de classificação


Recomenda-se a utilização de mesa ou outro tipo de superfície plana (Figura 21), constituída
de material texturizado e fosco, cuja cor permita o contraste com o produto a ser classificado,
facilitando a visualização e identificação dos defeitos.
A mesa deverá possuir gavetas para colocação de formulários, carimbos, legislação, mostruário de
defeitos e outros materiais necessários à classificação tais como pinças, estilete e paquímetro.

60
Figura 21 – Mesa/prancheta de classificação

3.9.8. Paquímetro digital


Equipamento utilizado para determinar as dimensões do grão de arroz (comprimento, largura e
espessura), com precisão de 0,01 mm, devendo ser calibrado periodicamente (Figura 22).

Figura 22 – Paquímetro digital

3.9.9. Jogo de peneiras


Equipamento auxiliar na determinação de matérias estranhas e impurezas, e na separação de grãos
quebrados dos diversos produtos, e de quirera e fragmentos de grãos na classificação do arroz
beneficiado (Figura 23).

61
• Especificação

Constituída de madeira e chapa metálica com crivos circulares ou cilíndricos cuja densidade de furos
por área varia de acordo com a norma de classificação de cada produto.

Figura 23 – Jogo de peneiras para classificação de grãos

3.9.10. Pinça
Equipamento para uso manual usado para facilitar a separação e análise dos grãos.

• Especificação

Em aço inoxidável, medindo em torno de 16cm de comprimento, com ranhuras na ponta e na parte
interna para facilitar a aderência ao grão (Figura 24).

Figura 24 – Pinça para classificação de grãos

62
3.9.11. Bandeja de amostras
Acessório utilizado para transporte da amostra dentro do laboratório, facilitando as operações de
manuseio nos diversos equipamentos (Figura 25).

Figura 25 – Bandeja de amostras

• Especificação

Em madeira com fundo liso, largura interna de 16cm, comprimento de 26cm, saída afunilada medindo
5cm e borda protetora de 3cm de altura.

3.9.12. Outros equipamentos


De acordo com as particularidades de cada produto, serão necessários equipamentos adicionais para
permitir as análises especificadas nas normas de classificação:
Trigo e Aveia
Na classificação desses produtos está prevista a determinação do peso hectolitro, definido como sendo
o peso em quilos, de cem litros do produto. Esta característica revela a aptidão do produto para utili-
zação industrial e é determinada utilizando-se a balança de peso hectolitro. Recomenda-se o modelo
Dalle Molle de um quarto de litro ou outro que proporcione resultado equivalente (Figura 26).

63
Figura 26 – Balança de peso hectolitro Dalle Molle

Algodão em pluma
Para o algodão em pluma as exigências são maiores, iniciando-se com a utilização de uma sala
especial e exclusiva (Figura 27).
A sala deve atender aos requisitos de iluminação, coloração das paredes e móveis, temperatura,
umidade relativa e sistema de exaustão, observados os seguintes aspectos:
a) Ar-condicionado;
b) Iluminação artificial mediante a instalação de luminárias com lâmpadas fluorescentes, para que
se tenha o efeito da luz do dia, com intensidade de luz entre 80 e 90 lumens, aferida por meio do
aparelho luxímetro (Figura 28), posicionado sobre qualquer ponto da mesa de classificação;

Figura 27 – Sala de classificação de algodão em pluma

64
Figura 28 – Luxímetro digital

c) A distância entre as luminárias e as paredes mais próximas, e a altura entre a luminária e a banca
de classificação devem garantir a uniformidade da intensidade de luz exigida;
d) A tonalidade das paredes deve ser de cor cinza muito claro ou branco acinzentado (fosco);
e) Teto falso igual à cor das paredes;
f) Piso preferencialmente preto ou em cor que não interfira na classificação visual;
g) Móveis com a mesma cor das paredes ou pretos;
h) Bancada ou mesa de cor preta fosca ou cinza escuro para exposição da pluma de algodão possuindo
as seguintes dimensões:
- Comprimento mínimo de 4,00 m;
- Largura de 0,90 a 1,00 m;
- Altura de 0,80 a 0,90 m
i) Temperatura ambiente em tomo de 22º C;
j) Umidade relativa do ar em tomo de 75%;
k) Altura do piso ao teto de 2,80 a 3, 10 m;
I) Exaustores instalados a uma altura de 0,60 a 1,00 m em relação ao piso, ou de forma que se
garanta a salubridade do ambiente;
m) Conjunto completo do Padrão Físico (Figura 29);
n) Estante ou balcão para os padrões físicos;
o) O uniforme do classificador deverá ser de textura leve, de preferência de algodão, na cor cinza
neutra;
p) Equipamentos facultativos Fibrógrafo, Shirley Analyser e HVI;

65
q) Sala de aclimatação das amostras;
r) Sala de recepção das amostras.
Todos os equipamentos acima mencionados devem estar devidamente calibrados por métodos
oficiais e atestados por laboratórios acreditados pelo INMETRO/RBC.
O HVI (High Volume Instrument) vem sendo exigido de forma OBRIGATÓRIA
em todos os laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura para a classificação de algodão
em pluma.
Tal aparelho é utilizado para medir propriedades essenciais da fibra do algodão, importantes tanto
para o mercado cotonicultor, quanto para as empresas têxteis.
Dentre as principais características analisadas pelo teste HVI estão:
• Comprimento da fibra
• Uniformidade do comprimento
• Resistência da fibra
• Micronaire (finura da fibra)
• Reflectância
• Grau de amarelamento
• Trash (o que não é fibra)

Figura 29 – Conjunto de Padrão Físico de algodão em pluma

66
Entretanto, a utilização do HVI não exclui a obrigatoriedade da classificação física da fibra, que
consiste na análise das características extrínsecas da pluma de algodão, visando enquadrá-lo nos
tipos apresentados pelo Padrão Universal da USDA. A classificação visual inclui as seguintes análises:
• Tipo
• Cor
• Comprimento
• Impurezas
• Contaminantes (materiais estranhos)
• Beneficiamento

Frutas

a) Refratômetro
Nas frutas, o conteúdo de açúcares é usado como referência de ponto de colheita e consumo.
Na prática, medimos o conteúdo de sólidos solúveis, que são os compostos dissolvidos no suco
da fruta. Como a maior parte dos sólidos solúveis é açúcar, sua medida é referência para o teor de
açúcar. A unidade de medida do conteúdo de sólidos solúveis é o grau Brix (ºBrix), sendo 1º Brix
igual a um grama de sólidos dissolvidos em 100 gramas. Uma uva, com 15 ºBrix, possui 15 gramas de
sólidos solúveis dissolvidos em 100 gramas de suco, ou seja, 15% de concentração de sólidos solúveis.
O modo mais prático e confiável de se medir o conteúdo de sólidos solúveis das frutas e hortaliças
é através do uso de refratômetro. Ele mede o índice de refração, a diminuição da velocidade da luz
quando ela passa através do suco de fruta e é expresso em graus Brix (°Brix).
Na aquisição do equipamento, é preciso verificar se o aparelho permite a calibração com água
destilada e se tem compensação automática de temperatura, bem como a sua escala de abrangência
(0 a 32 °Brix), além de se tem boa visibilidade, leitura fácil e ajuste de foco.
O conteúdo de sólidos solúveis varia dentro da fruta. Normalmente, a uva é mais doce próximo ao
pedúnculo, o abacaxi na sua base e o melão amarelo próximo às sementes.
A medição ficará mais eficiente organizando uma caixa com o refratômetro, pisseta (encontrada
em casas de artigos para laboratório e de artigos de cabeleireiro), água destilada, papel macio, faca,
tesoura ou furador, caderneta, lápis. A operação de medição é simples:
1. calibre o refratômetro para 0°Brix com água destilada e o seque com papel macio.
Consulte o manual do seu aparelho.

67
2.Antes de cada medida, lave o prisma com água destilada e o seque com cuidado, usando
papel macio.
3. Coloque 2 ou 3 gotas do suco da fruta sobre o prisma
4- Leia a escala através da ocular, com o refratômetro voltado contra a luz. Ajuste o foco
se necessário e anote o valor lido.
5. Lave e seque o prisma com cuidado após cada medição. Cuidado para não riscar o
prisma.
6. A densidade dos líquidos varia com a temperatura e, por isso, a medição dos sólidos
solúveis também varia. A variação é de 0,5% de açúcar para cada 5,6 ºC de variação de
temperatura.
7. Evite medir o conteúdo de sólidos solúveis quando a temperatura estiver muito alta
ou a fruta estiver gelada, para evitar erros.

Fonte: hortibrasil.org.br

68
Figura 30 – Refratômetro
“b) Penetrometro
A firmeza da polpa das frutas é dada pelas substâncias pécticas que compõem as paredes celulares.Com a
maturação,tais substâncias vão sendo solubilizadas,o que ocasiona o amolecimento dos tecidos das frutas.
A medida da firmeza da polpa é feita com um aparelho denominado penetrômetro (Figura 31), cuja
leitura indica o grau de resistência da polpa. Recomenda-se a realização de duas ou mais leituras em
cada fruta, em posições opostas, devido ao fato de que a maturação não ocorre de maneira uniforme
na fruta.

Figura 31– Penetrometro

69
3.10. Cadastro geral de classificação – CGC/MAPA
É o procedimento administrativo para registro, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, das pessoas físicas ou jurídicas processadoras, beneficiadoras, industrializadoras e
embaladoras de produtos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico padronizados
sujeitos à classificação e das pessoas físicas ou jurídicas autorizadas a executar a classificação desses
produtos, ou seja, todos aqueles que de uma forma ou de outra estejam envolvidas no processo de
classificação.

“Conforme previsto no artigo 28 do Decreto 6.268/07, o Ministério da Agri-


cultura estabeleceu, pela INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA nº 9, de
21/5/2019, em vigência a partir de 24/11/2019, os requisitos, os prazos, os
critérios e os demais procedimentos para o registro no Cadastro Geral de Clas-
sificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (CGC/MAPA)
ou mesmo a sua isenção parcial ou total para cada segmento, pessoa física ou
jurídica.”

3.11. Custo da classificação


O artigo 109 do Decreto 6.268, de 22.11.07, estabeleceu competência ao Ministério da Agricultura
para fixar os emolumentos devidos nos casos de classificação dos produtos importados.
Até que tal procedimento seja oficializado, os serviços de classificação, de competência exclusiva do
Ministério da Agricultura, continuam sendo retribuídos mediante cobranças de taxas instituídas pelo
Decreto-Lei 1.899, de 21.12.81, e calculadas com base na Ufir, no peso do lote classificado e nos
coeficientes estabelecidos pela Portaria Interministerial MF 606 de 25.11.93, atualizados pela Portaria
Interministerial MF 531, de 13.10.94, após a implantação do Plano Real e Portaria Interministerial
MF 233 de 8.9.1998 (Tabela 3).
Na execução dos serviços prestados pelas entidades ou empresas credenciadas, quando da
classificação dos produtos destinados diretamente à alimentação humana e nas compras e vendas
do Poder Público, os emolumentos serão livremente pactuados entre as partes contratantes (Artigo
110 do Decreto 6.268, de 22.11.07), sendo obrigatória a divulgação dos preços, discriminados
separadamente por produto, regiões, safras, tamanho dos lotes e outras eventuais características.

70
Tabela 3 - Taxas De Classificação de Produtos Vegetais - (Anexo da Portaria
Interministerial MF Nº 531 de 13.10.94 e 233 de 8.9.98)
VALOR EM REAL POR
PRODUTO
TONELADA OU FRAÇÃO

I - CLASSIFICAÇÃO

Algodão em caroço 1,27

Algodão em pluma 4,48

Alpiste 0,43

Amêndoa de babaçu 0,51

Amêndoa de caju 0,51

Amêndoa de tucum 0,51

Amendoim beneficiado 1,96

Amendoim em casca 0,61

Aparas de juta 0,43

Aparas de malva 0,43

Arroz beneficiado 1,49

Arroz em casca 0,87

Aveia 0,43

Café beneficiado 0,61

Canjica de milho 1,27

Caroço de algodão 0,61

Castanha de caju 0,65

castanha-do-brasil 0,65

Centeio 0,43

Cera de carnaúba 0,36

Cevada 0,72

Coco-da-baía 0,36

71
VALOR EM REAL POR
PRODUTO
TONELADA OU FRAÇÃO

I - CLASSIFICAÇÃO

Cumaru 1,12

Farelo de babaçu 0,98

Farelo de soja 0,98

Farinha de mandioca c/análise física 0,76

Farinha de mandioca c/análise físico-química 1.89

Farinha de soja 0,98

Feijão 1,27

Fibra de casca de coco 0,36

Fibra de juta indiana 0,72

Fibra de malva ou guaxima 0,72

Fragmentos de arroz 0,87

Fruto de oiticica 1,12

Girassol 0,61

Guaraná 2,25

Linter 1,27

Malte cervejeiro 1,20

Mamona 0,91

Milho 0,76

Produtos amiláceos da raiz da mandioca 1,89

Óleo de babaçu 1,31

Óleo de menta 4,48

Óleo de soja 1,31

Piaçava 0,36

72
VALOR EM REAL POR
PRODUTO
TONELADA OU FRAÇÃO

I - CLASSIFICAÇÃO

Pimenta-do-reino 1,89

Pó de cerífero de carnaúba 2,25

Rami 0,76

Resíduos de algodão 0,43

Resíduos de sisal 0,43

Resíduos de tabaco em folha beneficiada 3,27

Resíduos de tabaco em folha cru 2,44

Sisal 0,76

Soja 0,76

Sorgo granífero 0,76

Tabaco em folha beneficiado 3,27

Tabaco em folha cru 2,44

Torta de babaçu 0,98

Torta de soja 0,98

Trigo sarraceno ou mourisco 0,76

Trigo comum 0,76

Outros produtos 0,43

II - RECLASSIFICAÇÃO DE CADA PRODU- Duas vezes o valor fixado para a


TO MENDIONADO NO ITEM ANTERIOR respectiva classificação

73
3.12. Documento de classificação

Conforme estabelecido pelo inciso XII, do artigo 1o e pelo artigo 10 do Decreto


6.268, de 22.11.07, a realização da classificação poderá ser comprovada por
certificado, planilha, romaneio ou outro documento, devidamente reconhecido
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O embalador ou responsável pela garantia das indicações qualitativas do produto vegetal, subproduto
ou resíduo de valor econômico deverá manter em arquivo e à disposição das autoridades fiscalizadoras
os documentos comprobatórios da classificação, por um período mínimo de cinco anos, cabendo a
eles a responsabilidade por fazer constar nos documentos fiscais emitidos o número do documento
de classificação, as especificações qualitativas do produto e a identificação do lote.
Quando a comprovação da classificação por meio desses documentos não for possível ou sendo
desconhecida a procedência, o detentor do produto responderá isolada ou solidariamente pela
qualidade dele.
A emissão e a assinatura do certificado de classificação de produtos importados serão realizadas
pela autoridade fiscalizadora do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento habilitada
tecnicamente como classificador, conforme estabelecido no § 3o, artigo 1o.do Decreto 6.268/07.
Os demais requisitos e os critérios para utilização do documento de classificação, bem como as in-
formações mínimas obrigatórias que devem nele constar estão estabelecidas na Instrução Normativa
MAPA nº 8, de 22 de abril de 2014.

74
3.13. Vantagens da padronização e da classificação
A padronização e a classificação dos produtos vegetais são imprescindíveis à comercialização e
apresentam as seguintes vantagens:

possibilita a seleção de produtos para diferentes usos, em função da qualidade,


com consequente diferenciação de preços e redução de despesas de embalagem,
armazenamento, seguro, transporte, aumentando a eficiência no manuseio do produto
nas diversas etapas da comercialização;

facilita a fixação de preços mínimos e as operações de financiamento de produtos;


identifica os fatores de importância econômica aos processadores e demais usuários do
sistema;
permite o controle efetivo da matéria-prima e do processo, minimizando a rejeição do
produto acabado;
facilita a rápida comparação de preços dos produtos em diferentes mercados;
possibilita a comercialização sem o exame prévio do produto;
facilita a realização de negócios nas bolsas, para entregas imediatas ou futuras;
evita a comercialização de produtos inadequados ao consumo;
proporciona subsídios aos órgãos públicos e privados de pesquisa e assistência técnica,
contribuindo para o aumento e melhoria da produção.

3.14. Legislação básica

3.14.1. Legislação geral


Lei 9.972 de 25.05.00: Instituiu a classificação de produtos vegetais, seus subprodutos e
resíduos de valor econômico;
Decreto 6.268 de 22.11.07: Regulamentou a Lei 9.972/00;
De forma a permitir a execução da classificação, bem como de todas as demais atividades inerentes
a ela, instituíram-se legislações complementares, já citadas anteriormente, as quais enumeramos a
seguir:
• Decreto-Lei 1899, de 21.12.81: institui as taxas relativas as atividades agropecuárias
de competência do Ministério da Agricultura;

75
• Portaria Interministerial Ministério da Agricultura/Ministério da Fazenda
Nº 531 de 13.10.94: Fixa os valores das taxas de classificação de produtos vegetais;
• Instrução Normativa MAPA Nº 46, de 29.10.2009: Aprova o Regulamento
Técnico de Cursos de capacitação e qualificação de classificadores de produtos de origem
vegetal
• Instrução Normativa MAPA Nº 54, de 24.11.11: Aprova os requisitos, critérios
e prazos para autorizar por meio de credenciamento as pessoas jurídicas de direito público
ou privado a prestar ou executar serviços de classificação de produtos vegetais, seus sub-
produtos e resíduos de valor econômico, com base nos Padrões Oficiais de Classificação.
• Orientação Técnica CGQV/DIPOV Nº 01/2012, de 17.02.2012: estabeleceu
procedimentos complementares visando dirimir dúvidas e padronizar os entendimentos na
aplicação da IN MAPA 54/2011.

IMPORTANTE: Com a publicação do Decreto 6.268/07, as legislações


complementares citadas a seguir serão reformuladas de forma a adequá-las aos
novos procedimentos, mas, até que isso ocorra, elas servirão de referencial na
execução das atividades relacionadas à classificação:
• Instrução Normativa MAPA Nº 8, de 22.4.2014: Estabeleceu os
requisitos e critérios para a utilização do documento de Classificação
de produtos vegetais;
• Instrução Normativa SARC/MA Nº 6, de 16.05.01: Estabeleceu o
Regulamento Técnico para a Arbitragem relativa à classificação de
produtos vegetais com as alterações dadas pela IN MAPA Nº 8 de
22.4.2014;

76
3.14.2. Legislação específica
Os trabalhos de elaboração de projetos objetivando a definição dos padrões dos produtos agrícolas,
muitas vezes resultam na separação de alguns subprodutos, do produto básico, adotando critérios da
natureza do produto e da finalidade a que se destina.

A soja, por exemplo, tem o seu padrão estabelecido por uma Portaria diferente
daquela que aprova o padrão para o óleo e o farelo de soja. Assim como o
tomate para consumo “in natura” e tomate para indústria, a amêndoa de babaçu,
a torta, o farelo e o óleo de babaçu. Daí a necessidade de que sejam elaboradas
legislações específicas e adequadas a cada caso.
A observação e o estudo comparativo da legislação específica de cada produto,
no decorrer dos anos, permite o conhecimento da evolução histórica e técnica
da padronização, retratando inclusive aspectos interessantes com relação à
evolução tecnológica da agricultura de um País.

A elaboração de um novo padrão, ou mesmo a modificação de um padrão já existente, requer a


participação de todos os órgãos e entidades, públicas ou privadas, que estejam de alguma forma
envolvidas no processo de classificação.
Conforme relatado anteriormente, as normas de identidade e qualidade dos diversos produtos
agrícolas destinados ao comércio interno são instituídas mediante Portarias do Ministério da
Agricultura e do Abastecimento/MA.
A Tabela 4 (disponível no link) contém a listagem atualizada dos produtos de origem vegetal
padronizados e respectiva legislação de competência do Ministério da Agricultura.

Para conferir a legislação da Classificação Vegetal, acesse: https://


www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/legislacao-1/
normativos-cgqv/relacao-dos-produtos-padronizados.pdf

Veja na tabela de Relação dos padrões oficiais estabelecidos pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento para a classificação. Atualizado em 15/05/2020.

77
3.15. Procedimentos corretos na classificação
A amostra destinada à análise deverá ser homogeneizada e dividida com o auxílio do homogeneizador
ou manualmente sobre uma superfície limpa e seca, para obtenção das amostras de trabalho.
Os métodos analíticos utilizados na classificação compreendem basicamente as operações de
determinação do teor de água, de matérias estranhas e impurezas, e de exame visual do produto
para identificação dos defeitos.
Análises químicas de rotina são previstas para produtos como farinhas e óleos vegetais devido às
informações qualitativas necessárias para definição do tipo, e ainda para o amendoim que apresenta
grande susceptibilidade à contaminação por micotoxinas.
Para os demais produtos poderão ser solicitadas análises nos casos de suspeita de contaminação
por resíduos químicos ou substâncias tóxicas, ou quando tratar-se de produto desclassificado, cuja
destinação final poderá ser decidida pela autoridade competente em função do resultado analítico
complementar.
O tamanho da amostra destinada à determinação do teor de água será definido em função do
método e do equipamento disponível no local de classificação.
Para a caracterização dos defeitos e dos demais parâmetros, tais como grupo, classe, subclasse, o
tamanho da amostra é definido pelas normas oficiais de classificação.
Tais normas definem ainda o roteiro de classificação que estabelece a sequência racional a
ser adotada na análise do produto. Tal roteiro deve ser didático, de forma a justificar os critérios
observados, e permitir que o classificador visualize a razão das prioridades adotadas.

78
De modo geral, a classificação da amostra de trabalho obedece à seguinte sequência:
Verificações gerais da amostra média;
Homogeneização da amostra;
Determinação do teor de água;
Iniciar o preenchimento do Laudo de Classificação;
Determinação do tamanho da amostra de trabalho;
Determinação das matérias estranhas e impurezas;
Identificação e separação dos defeitos;
Avaliação quantitativa e percentual dos defeitos;
Enquadramento do produto em tipo;
Completar o preenchimento do Laudo de Classificação;
Emissão do Certificado de Classificação, quando se tratar de classificação oficial.

a) Laudo de Classificação:
Constitui-se um documento de uso interno das empresas ou entidades executoras da classificação, e o
seu preenchimento é efetuado gradativamente pelo classificador durante os trabalhos de classificação
de um determinado produto, facilitando o enquadramento em tipo, e o posterior preenchimento do
certificado de classificação. O laudo de classificação permite o conhecimento detalhado das etapas
de classificação, bem como as quantidades exatas de cada defeito, que são anotadas separadamente.
É um documento de suma importância aos trabalhos de revisão de amostras, e imprescindível à
avaliação do desempenho de cada técnico classificador.

3.16. Avaliação periódica dos produtos classificados


Tendo efetuado a coleta de amostra, a classificação do produto e a emissão do certificado de
classificação, e não havendo, em tempo hábil, a discordância do usuário com relação ao resultado
apresentado, cessa então a responsabilidade do classificador sobre o produto objeto de análise.
Desse ponto em diante compete ao detentor do produto propiciar as condições adequadas para a
manutenção da qualidade atestada no documento de classificação, observando-se principalmente as
informações relativas ao teor de água, que serão de suma importância na definição dos procedimentos
a serem adotados na armazenagem, beneficiamento e manuseio do produto, os quais serão mais bem
discutidos a seguir.

79
3.16.1. Procedimentos especiais
a) PGPM (Política de Garantia de Preços Mínimos)
Ocorre em período de safra agrícola, normalmente de abril a agosto. São efetuadas classificações
para o produtor em operações de EGF (Empréstimo do Governo Federal) e AGF (Aquisição do
Governo Federal). Nesses procedimentos existe a interveniência do Banco do Brasil, das unidades
armazenadoras e de órgãos governamentais responsáveis pela execução da PGPM.
b) Classificação prévia ou com amostra apresentada
Efetuadas para o produtor rural ou para os demais usuários do sistema, apenas para fins educativos
ou informativos, resultando apenas na emissão do laudo de classificação.
c) Classificação quando da desova de estoques reguladores do Governo Federal
São operações maciças, acertadas entre o Órgão executor, o Banco do Brasil e a CONAB, visando à
classificação dos produtos a serem ofertados através das Bolsas de Mercadorias.
d) Controle de estoques governamentais
Mediante solicitação da autoridade competente, no âmbito federal, o Órgão executor poderá
proceder à lacração, marcação, vistoria periódica e classificação dos produtos estocados (estoques
reguladores).
e) Perícias
São classificações específicas previstas na legislação, tais como a classificação fiscal, arbitragem, e ain-
da classificações periciais efetuadas mediante solicitação de empresas, públicas ou privadas, unidades
armazenadoras, exportadores, importadores, Polícia Federal etc.
f ) Fiscalização do trânsito de produtos
Efetuada em unidades ou postos de barreiras, em operações especiais de controle e fiscalização com
a adoção dos procedimentos normais de classificação.
g) Classificação de produtos e matérias-primas
Consiste no trabalho executado pelas cooperativas, unidades armazenadoras, agroindústrias
e outras empresas afins, as quais efetuam a classificação dos produtos recebidos ou expedidos
como mecanismo de controle de qualidade. Esse procedimento vem sendo efetuado para fins de
comercialização privada, prestação de serviços de armazenagem ou processamento de produtos
agrícolas, nas situações em que a legislação não determina a obrigatoriedade da classificação.

80
3.17. Qualificação técnica e profissional

3.17.1. O Classificador de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego-


MTEC
O Ministério do Trabalho e Emprego-MTEC incluiu recentemente a profissão de classificador na
CBO-Classificação Brasileira de Ocupações, sob código 8484 - “Trabalhadores na degustação
e classificação de grãos e afins”.
Na descrição sumária da atividade consta: “Classificam e preparam amostras de matérias-
primas (uvas, frutas, chá, cacau, café e grãos em geral) e de produtos (vinhos, licores,
chás, cafés e derivados de cacau). Preparam ambientes para a realização de análise
sensorial das amostras de matérias-primas e de produtos. Redigem documentos como
resultados das análises, dados e informações das amostras e interpretação de dados
climáticos; emitem laudos e certificados, sendo este último exclusivo dos profissionais
habilitados pelo mapa. Trabalham de acordo com normas e procedimentos de higiene
e segurança no trabalho.”
De acordo com os critérios de elaboração da CBO a profissão contempla as seguintes áreas:
8484-05 - Degustador de café - Classificador de café, Provador de café, Selecionador de café
8484-10 - Degustador de chá - Provador de chá
8484-15 - Degustador de derivados de cacau - Provador de cacau
8484-20 - Degustador de vinhos ou licores - Classificador de bebida, Classificador de
licores, Classificador de vinhos, Degustador de bebidas, Provador de bebidas, Provador de licores,
Provador de vinhos
8484-25 - Classificador de grãos - O detalhamento das funções e responsabilidade do
classificador inclui os seguintes aspectos:

CLASSIFICAR AMOSTRAS
Identificar tipos de amostras, enviar amostras para laboratório, identificar padrões de qualidade,
determinar umidade das amostras, peneirar amostras, separar manualmente impurezas e matérias
estranhas (sujidade), identificar defeitos, avaliar amostras de acordo com padrões de qualidade
preestabelecidos, preparar ligas (blends) e lacrar veículo transportador.
COLETAR AMOSTRAS
Selecionar equipamentos, aferir equipamentos, verificar estado de conservação do lote, inspecionar
condições fitossanitárias das unidades armazenadoras e veículos transportadores, homogeneizar
amostras e quartear amostra.

81
PREPARAR AMOSTRAS
Acondicionar amostras, lacrar amostras, identificar amostras, pesar amostras, moer amostras, medir
volume de amostras, torrar amostras, preparar veículos líquidos para testes de degustação, codificar
copos, xícaras e taças para degustação, controlar temperatura das amostras, preparar infusão de amos-
tras, controlar maceração e decantação de amostras e realizar teste de poder germinativo (cevada).
REALIZAR ANÁLISE SENSORIAL DA AMOSTRA
Degustar amostras, testar, visualmente, as amostras, identificar aroma e odor das amostras, interpretar
dados de análises físico-químicas e microbiológicas e reanalisar contraprova para rastreamento.
PREPARAR AMBIENTE PARA ANÁLISES
Orientar limpeza do ambiente, higienizar equipamentos e ambientes, eliminar odores do ambiente,
controlar temperatura e umidade do ambiente, controlar luminosidade do ambiente, identificar
necessidades de manutenção e correções no ambiente, solicitar manutenção e correções no
ambiente e propor melhorias no ambiente.
ELABORAR DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA
Documentar resultados de análises sensoriais, registrar dados e informações técnicas das amostras,
apresentar resultados de análises sensoriais, emitir laudo, emitir certificado e interpretar dados
climáticos
TRABALHAR COM SEGURANÇA
Participar de ações preventivas contra incêndios e acidentes, manter asseio e higiene pessoal, utilizar
equipamentos de proteção individual, prever situações de risco, adequar-se às condições ergonômicas
do trabalho e passar por consultas e exames médicos frequentes.
Quanto ao nível de instrução, para o exercício das ocupações listadas requer-se ensino médio concluído
e curso básico de qualificação profissional na área de atuação ou áreas correlatas, observando-se que
o pleno desempenho das atividades ocorre entre quatro e cinco anos de experiência profissional.

3.17.2. O Classificador de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária


e Abastecimento-MAPA
Conforme estabelece a legislação de responsabilidade do MAPA, o classificador de produtos vegetais,
cuja formação constitui-se o objetivo deste evento, é “a pessoa física, devidamente habilita-
do e registrado no Ministério da Agricultura, responsável pela classificação dos pro-
dutos vegetais, seus subprodutos e resíduos de valor econômico” (inciso VIII, parágrafo
único, art. 1o, Decreto 6.268/07), e cuja credencial o habilita para as seguintes funções:
• emitir o certificado de classificação;
• atuar nos negócios de importação e exportação de produtos vegetais;
• detectar fraudes na comercialização;

82
• contribuir na elaboração e aprimoramento dos padrões comerciais;
• atuar nos trabalhos de perícia técnica, e arbitragem em processos de discordâncias entre
as partes.
O âmbito de ação do classificador inclui atividades nos setores público e privado, com a ressalva
de que ele somente poderá emitir e assinar certificados de classificação enquanto mantiver vínculo
empregatício com uma empresa ou entidade credenciada.
Nas demais situações, inclusive aquelas mencionadas no item 3.17.1, ele poderá atuar na área de
controle de qualidade de grãos, emitindo laudos internos e participando de operações comerciais de
interesse da empresa que o contratou.
Além de possuir a credencial e o conhecimento técnico necessário, o classificador deverá ter
consciência da responsabilidade oficial e profissional que o seu trabalho representa para a sociedade,
sob o risco de sofrer as penalidades previstas na legislação, nos casos em for constatada fraude ou
má fé na emissão de um documento público como é o certificado de classificação (Figura 32).

Figura 32. Deontologia do Classificador

83
3.17.3. Formação de classificadores
Todo classificador deverá ser habilitado em curso específico, devidamente homologado e
supervisionado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, desde que sejam atendidos
os requisitos e exigências estabelecidos pela Instrução Normativa MAPA Nº 46 de
29.10.09, DOU de 30.10.09.

Em âmbito nacional, compete ainda ao Ministério da Agricultura a responsabilidade


de credenciar os órgãos interessados na formação de classificadores, desde que
atendidas as exigências referentes ao corpo técnico capacitado e às instalações
adequadas à realização de cursos para formação de classificadores.

O curso inclui as disciplinas de Conhecimentos Gerais,Tecnologia e Padronização


e Legislação, totalizando no mínimo 16 horas-aula, e a Classificação propriamente
dita, que requer a seguinte carga horária por produto:
• Algodão em pluma - 160 horas
• Arroz - 64 horas
• Café - 240 horas
• Feijão - 40 horas
• Milho - 24 horas
• Soja - 24 horas
• Trigo - 16 horas
*As cargas horárias podem ser alteradas pela CGQV.

Ao final do curso serão aprovados os participantes que alcançarem a média mínima exigida, e que
estarão aptos a atuar como classificadores de produtos vegetais.
Ao adquirirem os conhecimentos e as habilidades referentes aos métodos, técnicas e procedimentos
adotados no processo de classificação, o profissional habilitado estará em condições de detectar
falhas e sugerir melhorias visando a organização e racionalização do serviço, podendo ainda auxiliar
na solução de problemas relacionados à qualidade e classificação de grãos.

84
O classificador habilitado deverá receber treinamentos periódicos objetivando a reciclagem e
atualização de técnicas e de conhecimentos.
Os cursos de formação de classificadores, devido às exigências de carga horária, envolvem altos
custos, tornando-se inviável a sua realização por entidades ou empresas que não atuam diretamente
na execução oficial da classificação.
Considerando a importância de se ter, em armazéns, indústrias e cooperativas, um profissional com
conhecimentos na área de classificação, a alternativa viável tem sido a realização de cursos rápidos de
“Noções de Classificação”, que, apesar de não possibilitar o credenciamento do profissional, permite
o conhecimento das técnicas, procedimentos e funcionamento do sistema nacional de classificação.
Cabe ao interessado buscar esse tipo de serviço junto a entidades idôneas e que possuam condições
de oferecer os cursos que atendam às necessidades de cada empresa.

3.18. Entraves detectados no processo


O maior problema observado atualmente na inspeção e classificação dos produtos vegetais é
conseguir a exatidão (valor correto) e a precisão (repetição) dos resultados obtidos nos diversos
parâmetros analisados.
Esses fatores são afetados principalmente pelo equipamento e procedimento de amostragem, pela
homogeneização da amostra e pelos métodos de determinação dos parâmetros de classificação, que
vão desde a utilização de equipamentos sofisticados (métodos objetivos), até à utilização simples dos
órgãos de sentido: tato, paladar, visão e olfato (métodos subjetivos).
Apesar dos recentes esforços das empresas agrícolas para implementação de programas de quali-
dade e melhoria dos processos, são raras aquelas que dispõem de manuais de procedimentos com
descrição minuciosa dos serviços a serem executados desde a amostragem até a emissão do docu-
mento final de qualidade.
As dificuldades para se uniformizar os procedimentos e obter um alto índice de repetibilidade dos
resultados esbarra nas condições de trabalho disponibilizadas nas plataformas de recebimento de
grãos e principalmente nas propriedades rurais (aquisição FOB) onde o produto é classificado para
fins de aquisição pelas indústrias e unidades armazenadoras. Em tais condições, além de não dispor
de equipamentos adequados, o classificador fica sujeito a outras situações estressantes ocasionadas
por pressões exercidas pelos proprietários do produto.
A ausência de um planejamento prévio das atividades a serem executadas durante a época da safra
tem resultado em sérios problemas devido à contratação emergencial de pessoal, na maioria das
vezes mão de obra não qualificada.

85
A demanda excessiva de trabalho durante o período de safra resulta ainda em jornadas de trabalho
demasiadamente longas, incompatíveis com a função do classificador, que por utilizar os órgãos do
sentido na execução das análises, poderá cometer erros ocasionados pelo cansaço e estresse.

Deve-se considerar ainda, que alguns segmentos, tais como as indústrias de trans-
formação de produtos vegetais, necessitam de análises que retratem a aptidão
do produto para fins industriais, tais como o teor de amido e proteína, o teor de
óleo e a susceptibilidade à quebra. Esses testes, embora sejam mais precisos e
mais fáceis de serem quantificados, apresentam dificuldades de interpretação, ou
seja, como transformar tais resultados em informações úteis.
A inclusão dessas análises na rotina da classificação implicaria em gastos elevados
com equipamentos e treinamento de pessoal, que muito provavelmente requer
um período para adequação das empresas credenciadas.

Da forma como vem sendo efetuada, a classificação é uma prática simples e de baixo custo, e que no
Brasil apresenta problemas de aceitação por parte dos usuários.
Para as companhias armazenadoras, principalmente os oficiais, existe uma dificuldade em aceitar
a diferenciação de tipos constantes nos padrões quando se trata de comercialização a granel. Isso
ocorre porque essas empresas não possuem estruturas graneleiras em número suficiente para
armazenar lotes diferenciados por tipo, ou sejam elas armazenam o produto independente da
qualidade atestada no certificado de classificação.
Dessa forma, existe uma pressão por parte do segmento armazenador para que haja uma alteração
da legislação, de forma a adequá-la à estrutura de armazenagem, em detrimento da qualidade
do produto, que, até o momento, tem sido o fator de resistência dos órgãos responsáveis pela
normatização do assunto.
Porém, há que se concordar que algumas portarias de padronização devam ser reformuladas, por
não retratarem o comportamento mercadológico do produto, lembrando principalmente que
a classificação de grãos, como um serviço auxiliar da comercialização, deve conter métodos e
parâmetros harmônicos com as necessidades dos usuários.

86
Bibliografia consultada
BAUWIN, G.R., RYAN, H.L. Sampling, inspection, and grading of grain. In: CHRISTENSEN, C.M.
(Ed.) Storage of cereal grains and their products, St. Paul, Minnesota: A.A.C.C., p.115-157.
1974.
BOTELHO, J. Manual de fiscalização da classificação de produtos vegetais, seus
subprodutos e resíduos de valor econômico., Campinas/SP: CATI, 1986. 164 p. (Manual 6).
BRANDÃO, F. A padronização de produtos agrícolas. Belo Horizonte/MG, 26 p.
HILL, L.D, Achieving uniform grades and standards for international trade in corn and soybeans.
In: HILL, L.D. (Ed.). Uniformity by 2000 highlights of an international workshop on
maize and soybean quality.  Urbana, Illinois: The Department of Agricultural Economics -
University of Illinois, p.7-17. 1991.
KOELTZOW, D.E. Grain standards and grades: where do we go from here?  Grain Quality
Newsletter, v.15, n.2, p.12-13, 1994.
MANIS, J.M. Sampling, inspecting, and grading. In: Storage of cereal grain and their products. St.
Paul, Minnesota: A.A.C.C., p.563-588. 1992.
PARIZZI, F.C. Classificação de produtos de origem vegetal. In: BORÉM, F.M. (Ed.) Lavras: UFLA/FAEPE,
Vol. 1, 1999. 61p.
SHEPHERD, A.W. Aspectos econômicos e de comercialização do manejo pós-colheita de grãos,
resumo, Divisão de Serviços Agrícolas, FAO, Roma, 1993.
SOUZA E SILVA, J. de Pré-processamento de produtos agrícolas. In: SOUZA E SILVA, J.
(Ed.) Juiz de Fora, MG: Instituto Maria, 1995. 500p.
WEBER, E. Armazenagem Agrícola, Kepler Weber Industrial, Porto Alegre, RS , 1995, 400p.
Sites consultados: Acesso em 20/08/2020
http://www.gehaka.com.br
http://www.motonco.com.br
http://www.perten.com/Products/Aquamatic-5200/
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf
http://hortibrasil.org.br/jnw/

87

Você também pode gostar