Você está na página 1de 17

UNIVERSIDADE MUSSA BIN BIQUE

FACULDADE DE DIREITO
(Curso de Licenciatura em Psicologia Clínica)

Psicologia de Desenvolvimento I

Nampula, Março de 2024.


Elementos dos Estudantes do 5º Grupo:

Amândio Jorge Alberto


Cristina Isaura Elias
Helena Luís Gigante
Jeremias Fonseca Calala
Joaquina Paulo Mussage
Valdimiro M. D. dos Santos

Tema: Teoria de Aprendizagem na Educação

Trabalho de caracter avaliativo a ser entregue


na Universidade Mussa Bin Bique,
pertencente a Cadeira de Psicologia de
Desenvolvimento, leccionado pelo docente:
Dra. Mariamo Anli Adiame

Nampula, Março de 2024


Índice

1. Introdução.................................................................................................................. 4
1.1. As principais ideias de Jean Piaget sobre aprendizagem ........................................... 4
2. Objectivos.................................................................................................................. 6
2.1. Objectivo Geral ...................................................................................................... 6
2.2. Objectivos específicos ........................................................................................... 6
3. Metodologia .................................................................................................................. 6
4. Preliminares Acerca de Jean Piaget .............................................................................. 7
5. Pressupostos da Teoria Piagetiana ................................................................................ 7
5.1. Período sensório-motor ............................................................................................. 8
5.2. Período intuitivo ou simbólico .................................................................................. 8
5.3. Período das operações concretas ............................................................................... 9
5.4. Período das operações formais .................................................................................. 9
6. Processo de transformação: assimilação e acomodação ............................................... 9
7. Três (3) períodos principais apresentados pelo Jean Piaget ....................................... 10
8. Compreensões do construtivismo acerca do contexto escolar ................................ 12
9. Papel do Psicólogo na Prática Clínica ..................................................................... 14
10. Conclusão ............................................................................................................ 16
11. Referências bibliográficas ................................................................................... 17
1. Introdução

Desde décadas antecedentes, o processo de aprendizagem tem sido permeado por


atravancamentos ríspidos, um deles se refere à maneira como são estabelecidas as suas
relações, desencadeando assim problemas atrozes aos desenvolvimentos cognitivo,
psicológico e social do sujeito. Com efeito, tornando-se objeto de estudo dos mais
distintos saberes científicos, sendo construídos pressupostos sublimes ao seu respeito e,
não menos, controvérsias. Justifica-se porque, à época, os intelectuais objetivavam
compreender o sujeito sob duas principais perspectivas: (1) alguns, senão sob uma
perspectiva natural; (2) outros, senão sob uma perspectiva sócio-histórica (Filho; Ponce;
Almeida, 2009, p. 27).

Desse modo, o presente artigo fundamenta as suas argumentações na perspectiva de Jean


Piaget, porque esse expressava que o processo de aprendizagem sucede de maneira
construtivista: inicia-se desde a tenra idade e dá-se devido à interação com o meio. Em
virtude, fornecendo subsídios necessários ao sujeito para a construção dos seus aspectos
figurativos, mais especificamente, aspectos relacionados às sensações e às percepções, os
quais são imprescindíveis até que se consiga alcançar o nível de autonomia no transcorrer
da vida. Além disso, devido a esse peculiar teórico ter analisado a realidade e, igualmente,
as suas influências no sujeito, chegando à conclusão de que ela é, sobretudo, a responsável
pela sua estruturação mental (Valente, 2007, p. 2-3).

Quanto à metodologia de pesquisa, sustenta-se nos pressupostos de Jean Piaget, contidos


em alguns dos seus livros, e em artigos científicos de escritores que realizaram a sua
revisão bibliográfica, a fim de elucidarem questões que afligem a sociedade
contemporânea. Portanto, todos os referenciais teóricos utilizados foram
melindrosamente ressaltados no título destinado às referências.

Segundo o Piaget afirmou que qualquer questão psicológica ou epistemológica deveria


ser observada por meio da genética, pôs, de acordo com os seus estudos em biologia, para
ver uma evolução na aquisição de conhecimento, antes é necessário ocorrer uma evolução
no organismo que aprende, uma evolução cognitiva.

1.1. As principais ideias de Jean Piaget sobre aprendizagem

Segundo Piaget, defende que o indivíduo se desenvolve a partir da acção sobre o meio
em que está inserido, priorizando, o princípio, os factores biológicos que podem

4
influenciar o seu desenvolvimento mental. Dando em fase em seus estudos ao carácter
construtivo.

Segundo Piaget, a função do professor deve ser de criar situações favorecedoras de


aprendizagem, a construção de conhecimento pelos alunos e fruto da sua acção, o que faz
com que eles se tornem cada vez mais autônomos intelectualmente.

5
2. Objectivos

2.1. Objectivo Geral

Central a necessidade de estudar a gênese dos processos mentais, ou seja, como esses
processos são construídos ao longo da vida do indivíduo. O conhecimento resultaria de
interações que produzem entre o sujeito e o objeto. A troca inicial entre sujeito e objeto
se daria a partir da ação do sujeito.

2.2. Objectivos específicos

O objetivo é de contribuir para o ensino na educação nesse sentido, realizou-se um


mapeamento sobre as principais teorias de aprendizagem fundamentam a prática
docente contemporânea. Como objetivos específicos, pretendemos relacionar as teorias
de aprendizagem com trabalhos em Ensino, por meio da

 Busca e coleta de sequências didáticas presentes em artigos para o ensino de


física;
 Análise destas sequências didáticas à luz das teorias de aprendizagem
pesquisadas.

Através destes conhecimentos esperamos motivar também outros profissionais a


proporem suas sequências didáticas fazendo uso deste corpo teórico. propostas desde o
século XX, de modo a fornecer subsídios para práticas subsequentes.

3. Metodologia

A metodologia usada para realização deste trabalho será uma pesquisa bibliográfica
referente às teorias de aprendizagem. Serão abordadas teorias dos campos da
psicologia e pedagogia. A partir de fontes eletrônicas, livros, artigos publicados,
revistas, etc, será desenvolvido um corpo teórico contendo as teorias de aprendizagem.
Também será feita pesquisa bibliográfica para identificação de aplicações no ensino na
educação com uma fundamentação teórica estruturada, será elaborada uma análise
relacionando as teorias de aprendizagem selecionadas com possíveis aplicações no
ensino de educação. Investigaremos se estas aplicações estão alinhadas com algum
conceito das teorias de aprendizagem, podendo assim, contribuir para uma perceção
mais aprofundada das abordagens e possibilidades em sala de aula.

6
4. Preliminares Acerca de Jean Piaget

Jean Piaget nasceu no ano de 1896 em Neuchâtel na Suíça. Desde a sua adolescência, era
considerado um observador peculiar das coisas naturais, tanto é que chegou a publicar o
seu primeiro opúsculo a respeito de pássaros albinos aos 11 anos de idade. Em
consequência, sendo-lhe possibilitado obsequiar para o diretor do museu da sua cidade,
motivo que o fez despertar interesse pela malacologia – estudos dos moluscos.
Posteriormente, identificando-se com os estudos epistemológicos, os quais influenciaram
significativamente a construção da sua teoria (Caetano, 2010, p. 1).

Na sua fase adulta, aproximadamente aos 20 anos de idade, doutorou-se em malacologia.


Durante o seu doutorado, foi-lhe despertado um interesse extraordinário pelos estudos da
Psicologia, justificara-o proferindo que esta é uma ciência a qual investiga os
comportamentos do ser humano e, sem dúvida, estuda como ele adquire e apropria-se do
conhecimento. A partir disso, fez uso assíduo do método experimental no
desenvolvimento das suas pesquisas (Caetano, 2010, p.1).

Na maturidade, devido à experiência, foi convocado para laborar como o pedagogo e


psicólogo Alfred Binet (1857-1911), realizando e conferindo padronizações referentes
aos testes de inteligência. Conseguintemente, efetivou pesquisas que tinham por enfoque
avaliar respostas de teor verbal e de raciocínio obtidas pelas crianças, motivo que o
instigou tanto a construir a sua teoria – Teoria da Epistemologia Genética – quanto a
analisar o desenvolvimento infantil e a construção da inteligência (Caetano, 2010, p.1).

No ano de 1980, após 60 anos destinados às pesquisas, Jean Piaget faleceu. Sendo assim,
os seus estudos foram copiados em outros países, deixando-os ainda mais vívidos.

5. Pressupostos da Teoria Piagetiana

Piaget fundamentou a sua teoria nos estudos da Biologia, da Filosofia, da Física, da


Lógica, da Matemática, da Psicologia e, sobretudo, nos estudos da Teoria da
Epistemologia Genética: nomenclatura comumente utilizada para denominar a Teoria do
Conhecimento. Então, realizando pesquisas que tinham por enfoque compreender como
o sujeito consegue progredir de um nível de conhecimento mais rudimentar a outro nível
de conhecimento mais estruturado, chegando à conclusão de que o desenvolvimento da
inteligência está intrinsecamente relacionado à adaptação do sujeito ao meio: é suscitado
devido à interação do sujeito com os objetos da sua realidade. Portanto, sendo construídas

7
estruturas de inteligências, as quais recebem a incumbência de possibilizar ao sujeito
adaptar-se à sua realidade em um processo cada vez mais intenso (Caetano, 2010, p. 1-
2).

Ainda nesta perspectiva, o processo de adaptação do sujeito à sua realidade, o qual é


responsável pelo desenvolvimento da inteligência, é compreendido por dois conceitos:
(1) Acomodação e (2) Assimilação. O primeiro refere-se ao momento em que ocorre
a adaptação do sujeito aos objetos da sua realidade, exercendo assim modificações na sua
estrutura. O segundo, ao contrário, refere-se ao momento em que o sujeito exerce a ação
sobre os objetos da sua realidade. Embora sejam conceitos distintos, são indissociáveis
(Coutinho, 2001, p. [...]).

Por conseguinte, é imprescindível ressaltar que o equilíbrio entre esses conceitos, durante
o processo de adaptação, é responsável por fomentar a aprendizagem; o desequilíbrio,
porém, por causar perturbações psíquicas, dificultando a aprendizagem. Desse modo,
Silva (2010, p. 4-5) conclui proferindo que tanto o equilíbrio quanto o desequilíbrio do
processo de aprendizagem estão interligados a quatro principais períodos. São eles:

5.1. Período sensório-motor

Ocorre da nascença aos dois (2) anos de idade. Caracteriza-se pelos reflexos existentes
no mundo externo. A título de explicação tem-se o fenômeno do amamentar. É importante
deixar a salvo que nesse período a criança não se furta da sua realidade por completo, ao
contrário, está em um momento onde seu processo de inteligência é eminentemente
relacionado à prática, o que Piaget conceituou de indiferenciação. Portanto, é quando
surge a acomodação, porque a particularidade da criança é de toda sensorial e motora,
sendo forçoso estimulá-la com atrativos (Silva, 2010, p. 4-5);

5.2. Período intuitivo ou simbólico

Ocorre dos dois aos sete (2 à 7) anos de idade. É quando a criança percebe a sua
realidade externa e, a partir dos subsídios que por ela são fornecidos, constrói uma
realidade simbólica. Entretanto, esta simbolização é circunscrita, porque a criança ainda
está demasiado submetida à ação do outro. As crianças nesse período não conseguem
fazer diferenciações matemáticas (Silva, 2010, p. 4-5);

8
5.3. Período das operações concretas

Ocorre dos sete aos onze (7 à 11) anos de idade. É quando a criança dá início ao
desenvolvimento das suas estruturas mentais, sendo-lhe possibilitada a elaboração de
abstrações. Há duas peculiaridades principais nesse período: a primeira refere-se às
operações matemáticas, pois não são construídas de maneira generalizada; a segunda
refere-se à superação do egocentrismo, sendo possível colocar-se no lugar do outro (Silva,
2010, p. 4-5);

5.4. Período das operações formais

Ocorre a partir dos doze (11) anos de idade ou mais aproximadamente. É, porventura,
o período de culminação da criança, porque é a inserção integral dela no mundo. Assim,
o seu pensamento lógico é desenvolvido, passando a agir de maneira autônoma e a cogitar
acerca de temas essenciais como, por exemplo, os relacionados à família (Silva, 2010, p.
4-5).

Além do mais, embora tenha conseguido solidificar pressupostos sublimes concernentes


ao desenvolvimento intelectual, Piaget, ainda, objetivou apreender como é que se dá o
desenvolvimento dos valores ético-morais na criança, partindo da perspectiva de que a
educação é, particularmente, a responsável por ressignificar os paradigmas da sociedade
(Caetano, 2010, p. 3). Mais especificamente, que a construção da moral é, sobretudo, um
processo de aprendizagem de valores, os quais irão direcionar a conduta do sujeito. Sendo
assim (PIAGET, 1994, p. 23), “Toda moral consiste num sistema de regras e a essência
de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas
regras”.

6. Processo de transformação: assimilação e acomodação

Segundo Piaget a aprendizagem só se dá com a desordem e ordem daquilo que já existe


em cada sujeito. É necessário ter contato com o difícil, com o incomodo para desestruturar
o já existente e logo em seguida estruturá-lo novamente.

Os processos de transformação: assimilação e acomodação:

Segundo Piaget o desenvolvimento cognitivo, que é a base da aprendizagem, se dá


por assimilação e acomodação.

Desequilíbrio → Assimilação → Acomodação → Equilíbrio

9
Esquema:

Antigo → Adaptação → Novo Esquema

A assimilação é o processo de adaptação do indivíduo onde ele incorpora os novos


conhecimentos as estruturas cognitivas que já possui. (1977), a assimilação é tomada
como a capacidade de o sujeito incorporar um novo objeto ou ideia a um esquema, ou
seja, às estruturas já construídas ou já consolidadas pela criança.

O conhecimento é um processo, que se dá por assimilação e acomodação, que são


ferramentas onde na assimilação o sujeito incorpora uma nova ideia a um conhecimento
já existente; na acomodação o pensamento se modifica a partir do novo conhecimento o
que leva a um equilíbrio entre os dois processos, a assimilação que
traduz, estabilidade a acomodação que traduz, novidade e mudança.

Nesse processo expressa o que Piaget indicou, ao afirmar que não a gênese sem estrutura,
nem estrutura sem gênese. Esses conceitos revoluciona o entendimento sobre o
desenvolvimento infantil

Essencialmente, para o equilíbrio. Da mesma maneira que um corpo está em evolução até
atingir um nível relativamente estável – caracterizado pela conclusão do crescimento e
pela maturidade dos órgãos, direção de uma forma de equilíbrio final, representada pelo
espirito adulto. O desenvolvimento, portanto, é uma equilibrarão progressiva, uma
passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio
superior (PIAGET, 1983, p.11).

7. Três (3) períodos principais apresentados pelo Jean Piaget

Em consequência das suas pesquisas, chegou à conclusão de que há avanços


significativos referentes ao desenvolvimento moral na criança. A partir disso (Piaget,
1994, p. 23-24), apresentando três períodos principais, são eles:

7.1. Anomia

O primeiro período: é a parte, mais simples, porque se refere à idade que a criança não
se encontra cônscia das regras existentes, cumprindo-as de maneira inconsciente, não as
considerando como condutas obrigatórias.

10
7.2. Heterônoma

O segundo período: heterônoma ou realismo moral. Refere-se ao momento em que a


criança começa a torna-se cônscia das regras existentes na realidade onde está inscrita,
como também a cumpri-las. Entretanto, o cumprimento das regras por ela, nesse período,
está intrinsecamente relacionado à autoridade e à admiração aos adultos. Em
consequência, cumprindo as regras que lhes são apresentadas ou impostas para conservar
a afetividade, ou por medo das punições. Jean Piaget (PIAGET, 1994, p.34) reforça esta
linha de raciocínio proferindo que “A regra é considerada sagrada, intangível, de origem
adulta e de essência eterna; toda a modificação é considerada pela criança como
transgressão”. Quer isso dizer que a regra é compreendida pela criança como uma lei
ríspida, severa, devendo ser obedecida com honra, até que as compreenda como
norteadoras de conduta moral. Tornando-se indispensável salientar que nesse período a
criança já se encontra consciente dos seus comportamentos, compreendendo, assim, se
eles estão ou não equiparados ao que é exigido pelo social, mesmo estando sob a
orientação de adultos.

A partir disso, a criança dá início à cogitação acerca dos objetivos e sentidos das regras,
passando a valorizar significativamente o sentimento de justiça. Por conseguinte,
internalizando-as e avaliando-as sob o seu crivo de moralidade, motivo que lhe faz
ingressar no terceiro estágio de desenvolvimento moral.

7.3. Autonomia

O terceiro estágio: Segundo Piaget (1994, p. 34), nesse período a criança despoja-se da
concepção de que as regras são, sobretudo, mandamentos a serem seguidos de maneira
inviolável, passando a compreendê-las como organizadoras das relações, as quais têm
como valor principal o respeito, sendo, portanto, possível realizar algum determinado
comportamento com o outro desde que haja consentimento recíproco. Compreendendo
que as regras são essenciais para que se viva em sociedade.

Em relação ao desenvolvimento da moral, percebe-se que o seu nível mais preponderante


está relacionado ao estágio de autonomia, sendo esse a superação do estágio de
heterônoma. Porém, um não exclui o outro; ao contrário, complementam-se.

Em suma, observa-se que a teoria piagetiana faz emergir mudanças acadêmicas e sociais,
não desqualificando o sujeito tampouco o estigmatizando. Além disso, conforme salienta

11
8. Compreensões do construtivismo acerca do contexto escolar

Na construção da sua teoria, Jean Piaget proferiu que o conhecimento nunca deve ser
apresentado ao sujeito de maneira determinativa, fazendo emergir cogitações acerca do
estado da pedagogia. Em consequência, percebe-se que, atualmente, as relações
estabelecidas entre os professores e os estudantes têm recebido um novo caráter, sejam
elas em escolas públicas ou privadas. Por exemplo, sendo mais propícias a diálogos, a
mudanças, a dialéticas hodiernas e a recursos tecnológicos. No entanto, somente isso não
faz com que a educação seja profícua. Portanto, serão elucidadas nos parágrafos a seguir
algumas contribuições portentosas desse teórico no que tange à educação.

Nesse caso, torna-se indispensável proferir que o conceito de desequilíbrio psíquico,


proposto por Piaget, embora seja uma conjuntura de perturbações, não é de todo
pernicioso. Ao contrário, pode ser essencial, porque suscita o desenvolvimento do
processo de aprendizagem: as dificuldades e os erros são artefatos da concepção do
sujeito, portanto, não devem ser ignorados. Nessa linha de raciocínio, percebe-se que o
papel do educador é o de apresentar ao estudante situações problemáticas acerca dos
diversos contextos nos quais ele esteja inscrito, assim, dando-lhe liberdade para descobrir
novas possibilidades de ação, mesmo que as sejam meras quimeras (Silva, 2010, p. 10).

Segundo Piaget, nós, seres humanos, estamos à procura da organização e da generalização


das nossas experiências e vivências, através de representações simbólicas.
Compreendendo isso, portanto, os educadores podem possibilitar ao estudante novas
discussões e vivências, despertando-lhe o raciocínio concreto (Silva, 2010, p. 10). Para
isso, é indispensável que haja comunicação, porque os contextos nos quais o sujeito está
inscrito devem ser compreendidos como grupos educativos, que façam emergir,
sobretudo, discussões, reflexões e iniciativas de decisão. Ou seja, deve-se ter
conhecimento de que a realidade é dinamizada e exige a participação do sujeito para o
seu próprio desenvolvimento.

Ademais, o contexto escolar exerce influências extraordinárias às crianças e aos


adolescentes, pois eles estão em processo de aprendizagem. Sendo assim, Piaget ressalta
postulando que devido a essas faixas etárias estarem relacionadas ao começo da
escolaridade, sinaliza alterações significativas no que se refere ao desenvolvimento
psíquico e social, porque (PIAGET, 1999, p. 40):

12
Em cada um dos complexos da vida psíquica, quer se trate da inteligência ou da vida
afetiva, das relações sociais ou da atividade propriamente individual, observa-se o
aparecimento de formas de organização novas, que complementam as construções
esboçadas no decorrer do período precedente, assegurando-lhes um equilíbrio mais
estável e que também inaugure uma série de interrupta de novas construções (PIAGET,
1999, p. 40).

Isso é perceptível no contexto escolar, pelo fato de ser ensejado às crianças certo nível de
liberdade para trabalharem em grupo ou individualmente e, sobretudo, por poderem
realizar a conversação durante as atividades designadas. No entanto, compreender o
discernimento das crianças, daquilo que é particular e grupal, através das atividades
realizadas individualmente e em colectivo no contexto escolar, pode ser uma tarefa
complexa, porque elas, com frequência, iniciam o ato de conversação, mas, não é exato
saber se praticam o acto de auscultação. Em verdade, é possível saber se as crianças
dedicam-se ao mesmo trabalho, mas não se a intenção delas é a de ajuda mútua (Piaget,
1999, p. 41).

Nessa perspectiva, Jean Piaget (1999) postula que, embora seja impreciso apreender o
intuito das crianças ao estabelecerem as suas relações, é nessa fase da vida que ocorre o
progresso dos relacionamentos interindividuais. Em consequências, as crianças tornam-
se activas para (PIAGET, 1999, p. 41):

[...] Cooperar, porque não confundem mais seu próprio ponto de vista com o dos outros,
dissociando-os mesmo para coordená-los. Isso é visível na linguagem entre crianças. As
discussões tornam-se possíveis, porque comportam compreensões a respeito do ponto de
vista do adversário e procura de justificação ou provas para a afirmação própria (PIAGET,
1999, p. 41).

Com efeito, os seus comportamentos colectivos vão sendo construídos, notando-se com
clarividência mudanças relacionadas a atitudes sociais. Quanto a isso, o contexto escolar
disponibiliza-se de instrumentos como, por exemplo, jogos, que são essenciais para o
desenvolvimento da moral, porque impõem às crianças regras de distintas ordens,
destinadas a organizar as suas relações e o sentimento de perda e ganha.

No tocante aos adolescentes, percebe-se que os maiores, durante a inscrição no contexto


escolar, são abarcados pelo sentimento de colaboração afectiva. Tornam-se tão solidários
que, às vezes, fica complexo discernir se são deveras capazes de refletir com sensatez, de

13
coordenarem os seus comportamentos com os dos outros, em consequência, se o processo
de socialização é quem faz os seus pensamentos serem reforçados e interiorizados (Piaget,
1999, p. 41).

Além disso, essa é uma fase decisiva, também, porque é quando a estruturação dos valores
morais se dá realmente, tendo como consequência a sua organização e a sua
hierarquização. É relevante salientar que nessa fase da vida o sujeito, devido ao início da
construção da sua personalidade, consegue estabelecer relações que apresentam
sentimento de igualdade, principalmente com os mais velhos (Piaget, 1999, p. 61-62).

Quanto à vida social do adolescente, o contexto escolar exerce um papel significativo,


porque o sujeito apresenta-se, às vezes, antissocial, tendo ínfimos interesses. Sendo assim,
o contato com outros adolescentes no contexto escolar serve como base, mesmo que
sejam relações impetuosas (Piaget, 1999, p. 63-64).

Em síntese, o processo de aprendizagem não deve – ou pelo menos não deveria – ser
estático, mas, sim, dinâmico e aberto a mudanças, propiciando a interação do sujeito com
a sua realidade. Não obstante, para isso se tornar realizável, é indispensável,
principalmente, a colaboração dos educadores, com ações que despertem o interesse dos
estudantes pelo aprendizado (Silva, 2010, p. 10).

9. Papel do Psicólogo na Prática Clínica

O psicólogo, ao aplicar a teoria de Piaget, deve:

 Observar o Desenvolvimento Cognitivo: Avaliar como a criança ou o indivíduo


processa informações em diferentes estágios.
 Estimular a Interação com o Ambiente: Criar contextos que promovam a
exploração e a adaptação.
 Identificar Possíveis Obstáculos: Identificar dificuldades de assimilação ou
acomodação.
 Adaptar Intervenções: Ajudar a criança a superar desafios cognitivos
específicos.
 Promover o Equilíbrio Cognitivo: Facilitar o desenvolvimento saudável e
aquisição de conhecimento.

14
O psicólogo desempenha um papel crucial ao aplicar a teoria de Piaget na prática clínica,
compreendendo o desenvolvimento cognitivo e adaptando estratégias para promover o
crescimento intelectual das pessoas.

Segundo Piaget, da teoria de aprendizagem na área de psicologia clínica, envolve


entender como os estágios de desenvolvimento cognitivos influenciam a compreensão do
paciente sobre si mesmo e o mundo, adaptando intervenções terapêuticas de acordo com
estágio de desenvolvimento em que o paciente se encontra. Isso pode incluir ajudar o
paciente a superar desafios cognitivos emocionais através de estratégias que promovam
a reflexão, a resolução de problemas e do desenvolvimento de habilidades adaptativas

15
10. Conclusão

O segundo o Piaget conclui-se que, para a perspectiva Piagetiana, aprender é construir ou


reconstruir conhecimentos e não copiá-lo do real isso se dá através dos esquemas de
assimilação de um sujeito e da coordenação das mesmas estruturas de conhecimentos.
Defende que o indivíduo desenvolve a partir da acção sobre o meio em que está inserido,
periodizando, a princípio, os factores biológicos que podem influenciar o seu
desenvolvimento mental.

O sentimento de honra ao Doutor Jean Piaget. Justifica-se porque fora um homem que
dedicou grande parte da sua vida aos estudos a fim de proporcionar ao contexto
acadêmico compreensões sublimes relacionadas ao ser humano, que inclusive não passam
nem perto de serem mecanicistas como tantas outras. Portanto, finda-se este artigo com
uma sutil citação, que se compreende fazer alusão à sua pessoa: (CORALINA, 1889-
1985, p. [...]) “Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do
que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas.”.

16
11. Referências bibliográficas

CAETANO, L., M. A Epistemologia Genética de Jean Piaget. Campinas: 2010. 4 p.

COUTINHO, M., T., C; MOREIRA, M. Psicologia da Educação: Um Estudo dos


Processos Psicológicos. Belo Horizonte: 2001. 176 p.

FILHO, I., A., T., V; PONCE, R., F; ALMEIDA, S., H., V. As Compreensões do Humano
para Skinner, Piaget, Vygotsky e Wallon: Pequena Introdução às Teorias e Suas
Implicações na Escola. São Paulo: 2009. 28 p.

PIAGET, J. O Juízo Moral na Criança. 1. Ed. São Paulo: Summus, 1994. 302 p.

________. Seis Estudos de Psicologia. 24. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
1999, 136 p.

O DESENVOLVIMENTO HUMANO NA TEORIA DE PIAGET Márcia Regina


Terra https://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm

JEAN PIAGET origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível


em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget

PIAGET.J. A psicologia.2. Ed. Lisboa: Livraria Bertrand.1973.

SILVA, D., F. As Contribuições das Teorias de Piaget e Vygotsky para a Área da


Educação. Curitiba: 2010. 13 p.

VALENTE, T., S. Entendeu, ou quer que eu desenhe? Curitiba: 2007. 13 p.

Internet:

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br

https://ensinareducareaprendercomapedagogia.school.blog

17

Você também pode gostar