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Mestrado em Ensino da Música

Trabalho Teórico-prático

Piaget e o desenvolvimento cognitivo

Trabalho elaborado por:

Cristiana Val nº 20140569

Trabalho realizado para a disciplina de Teorias do Desenvolvimento


Pessoal e Social

7 de janeiro de 2019
Índice

Introdução ......................................................................................................................... 3
Jean Piaget ........................................................................................................................ 4
Aspetos do desenvolvimento ............................................................................................ 4
Psicologia Cognitiva - Teoria dos estágios cognitivos de Jean Piaget ............................. 5
Provas Operatórias Piagetianas ........................................................................................ 6
Música e o desenvolvimento ............................................................................................ 8
Estudo de Caso ............................................................................................................... 10
Escola de Música da Sociedade Filarmónica Payalvense Manoel de Mattos (SFPMM)
.................................................................................................................................... 10
Descrição da Atividade ............................................................................................... 11
Resultados ................................................................................................................... 11
Conclusão ....................................................................................................................... 13
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 14
Anexo I ........................................................................................................................... 16
Anexo II .......................................................................................................................... 17

2
Introdução

No âmbito da Unidade Curricular de Teorias do Desenvolvimento Pessoal e


Social I, do mestrado em Ensino da Música, foi proposto aos elementos da turma a
realização de um trabalho teórico-prático individual, cuja temática é escolhida pelos
alunos, mas tem de ser relacionada com a matéria que nos foi dada em aula.
A escolha deste tema foi baseada em eu não saber muito sobre o
desenvolvimento cognitivo e achar importante para um futuro professor saber quais as
características do desenvolvimento cognitivo que existem e como tentar resolver
eventuais problemas.
Assim, os principais objetivos desta monografia são: analisar os aspetos do
desenvolvimento, a psicologia cognitiva de Piaget, as provas operatórias de Piaget, qual
a relação entre a música e o desenvolvimento e analisar um estudo de caso realizado na
escola de música da sociedade filarmónica de Paialvo.
Inicialmente faço uma pequena biografia de Jean Piaget, de seguida apresento os
aspetos do desenvolvimento, a teoria dos estágios cognitivos de Piaget, seguidamente
apresento as provas operatórias deste epistemólogo, apresentando dois exemplos das
mesmas em anexo e uso-as para o estudo de caso com três alunos, um de 6 anos, outro
de 8 e outro de 9 anos, por fim apresento os benefícios da música para o
desenvolvimento.

3
Jean Piaget

Jean Piaget nasceu na Suíça, em Neuchâtel, a 9 de agosto de 1896 e faleceu com


84 anos a 16 de setembro de 1980. Através de Bergson e de leituras de Comte, Spencer,
LeDantec e Kant, descobre a filosofia, depois de ter feito o doutoramento em Zoologia
esteve algum tempo em Zurique, para estudar Psicologia e Psiquiatria com G. E. Lipps,
Wreschener e Bleuler. Realizou as suas primeiras investigações sobre uma análise
genética das classes e das relações, em Paris, no laboratório Alfred-Binet. Ao mesmo
tempo teve aulas com Lalande e Brunschvicg. As pesquisas que fez e as aulas que teve
determinaram a escolha das preocupações de epistemólogo: a psicologia genética.
Quando regressa à Suíça, trabalha em Genebra, no Instituto Jean-Jacques Rousseau,
com o objetivo de estudar sistematicamente a estrutura da inteligência. Em 1923 publica
o seu primeiro livro importante “LeLangageet la Penséechezl’Enfant”. As investigações
de Piaget são bastante diversificadas: conceptualizam os problemas de epistemologia,
mostra o campo da psicologia dos comportamentos percetivos, representativos e
mnemónicos. Em 1955 torna-se diretor do Centro de Epistemologia Genética de
Genebra, onde se reúnem investigadores provenientes de todo o mundo. Jean Piaget é
considerado, juntamente com Freud, uma das personalidades mais marcantes do
pensamento científico contemporâneo (Piaget, 1983).

Aspetos do desenvolvimento

Um dos motivos do desenvolvimento humano ser tão complexo é que as


mudanças ocorrem em muitos aspetos diferentes do eu. Normalmente o
desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial é abordado separadamente, no entanto
estes estão entrelaçados, um não funciona sem os outros (Papalia & Olds, 2000).
O desenvolvimento humano está sujeito a muitas influências, estas podem ser
provenientes da hereditariedade e outras do ambiente em que o sujeito está inserido.
Quando a criança nasce, ela herda alguns elementos que são as estruturas biológicas e
neurológicas, estas determinam o modo como o sujeito reage perante o meio onde vive.
A questão hereditária é muito importante, é através dela que a criança forma estruturas
mentais. Piaget deu a essa orientação mental o nome de esquema, que é a adaptação e a
organização intelectual do indivíduo ao meio onde se insere (Idem).

4
Psicologia Cognitiva - Teoria dos estágios cognitivos de Jean Piaget

A psicologia cognitiva é o estudo dos processos internos que podem acontecer


entre um certo estímulo e um determinado comportamento. Este tipo de psicologia
estuda os processos mentais que estão por detrás do comportamento, é onde nascem as
perspectivas computacionais e conexionistas do cérebro humano (Marques, 2018).
Jean Piaget é um dos principais representantes da psicologia cognitiva, para ele a
aprendizagem é entendida como o aumento do conhecimento e só há aprendizagem
quando o esquema de assimilação1 passa pelo processo de acomodação2 (Vesce, S.d.).
Através da observação dos seus filhos e de outras crianças, Piaget criou o seu próprio
método de pesquisa (método clínico) investigando o desenvolvimento infantil e a
construção da inteligência revolucionando assim a pedagogia. O método clínico de
Piaget combina a observação com o questionamento flexível, de maneira a tentar
perceber o que as crianças pensam, assim Piaget dava continuidade às respostas fazendo
mais perguntas. Este descobriu, por exemplo, que uma criança típica de quatro anos
acredita que moedas ou flores são mais numerosas quando são organizadas em fila do
que quando são empilhadas. As crianças jovens ao usarem as suas capacidades
sensoriais, motoras e reflexas aprendem e atuam sobre o ambiente à sua volta. O
principal interesse de Piaget nas suas pesquisas era o epistemológico, desenvolvendo
diversos campos de estudos científicos, como a psicologia do desenvolvimento, a teoria
do cognitivo e a epistemologia genética3. Com esta, Jean Piaget procurou mostrar as
relações dinâmicas entre a aprendizagem e desenvolvimento, através das suas pesquisas
verificou que o aprendizado era um processo na qual a criança gradativamente se vai
aperfeiçoando à medida ultrapassa os seus níveis de conhecimento. A sua teoria
pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e
previsíveis, às quais denomina de estágios ou períodos de desenvolvimento. Em cada
estágio a criança desenvolve uma nova maneira de pensar e responder ao ambiente, cada
estágio constitui uma mudança qualitativa de um tipo de pensamento ou comportamento
para outro. Piaget acreditava que todos os indivíduos passam pelos mesmos estágios na

1
Processo em que o objeto que é transformado se torna parte do organismo.
2
Criação de novos esquemas ou a modificação de esquemas antigos, o organismo transforma-se para
poder lidar com o ambiente.
3
Estudo de como se chega a conhecer o mundo externo através dos próprios sentidos. Segundo Piaget o
sujeito epistémico é o sujeito do conhecimento, que focado na interação ativa do sujeito com a
realidade externa procura entender quais os mecanismos mentais que o sujeito usa nas diferentes
etapas da vida para poder entender o mundo.

5
mesma ordem, embora que os momentos de transição variem. Assim sendo, os estágios
são os seguintes: Sensório-motor (nascimento até aos dois anos); pré-operacional (dos
dois aos sete anos); operações concretas (dos sete aos doze anos); operações formais
(doze anos até à idade adulta). Esta divisão por estágios é apenas uma referência
(Papalia & Olds, 2000).
No período sensório-motor o bebé torna-se gradualmente capaz de organizar
atividades em relação ao ambiente, nesta altura o bebé aprende mediante atividade
sensória e motora. No período pré-operacional a criança desenvolve um sistema
representacional e usa símbolos tais como palavras para representar pessoas, lugares e
eventos. No período das operações concretas a criança pode resolver problemas de
maneira lógica se eles estiverem voltados ao aqui e agora. No período das operações
formais a pessoa pode pensar em termos abstratos, lidar com situações hipotéticas e
pensar em possibilidades (Idem).
É através de processos de adaptação (assimilação e acomodação) que as
estruturas cognitivas se transformam. Piaget divide a inteligência em duas partes, a
inteligência como função (consiste na adaptação do organismo ao meio, esta é
indispensável a todos os indivíduos) e como estrutura (conjunto ou organização de
processos). Assim, existem quatro fatores que explicam o desenvolvimento cognitivo,
que são eles: a maturação, a experiência (física e lógico-matemática), a interação social
e a equilibração (Vesce,s.d.).

Provas Operatórias Piagetianas

As provas piagetianas têm muita importância para a psicopedagogia, estas


surgiram como recurso epistemológico de investigação experimental da construção do
conhecimento em crianças. Através das provas é visto teoricamente que o conhecimento
das crianças resulta de uma construção progressiva. Normalmente estas provas são
feitas a alunos com dificuldades de aprendizagem, em que os prováveis sinais destas
são: organização, atenção e concentração, memória, comportamento social, linguagem
falada e escrita, coordenação motora. As clínicas de psicopedagogia usam estas provas
para a avaliação do raciocínio e construção de conhecimento de crianças na fase escolar,
onde através delas é possível avaliar o nível cognitivo da criança e verificar se esta
corresponde à sua idade cronológica ou se existe algum desfasamento. Para que o uso
destas provas seja eficaz, o psicopedagogo tem de ter competências para as aplicar, ter

6
domínio de todo o processo que implica a sua aplicação, evolução e obtenção de
hipóteses e conclusões (Carvalhaes, s.d.).
Piaget classificou e agrupou as provas operatórias por idades. A categoria das
provas mostra o nível de estrutura cognitiva que o indivíduo mostra na altura da
avaliação. O seguinte quadro mostra as provas e a idade em que se deve fazer as provas:
Idades Prova/Categoria Prova/ Tipo
Conservação Pequenos conjuntos discretos de elementos
6 anos Seriação Seriação de palitos
Seriação Seriação de palitos
Pequenos conjuntos discretos de elementos,
7 anos Conservação matéria, comprimento, superfície, líquido.
Prova de Espaço Unidimensional
Conservação Massa, comprimento, superfície, líquido,
peso
8 e 9 anos Classificação Mudança de critério, quantificação de
inclusão de classes
Espaço Unidimensional e bidimensional
Conservação Massa, comprimento, superfície, líquido,
peso.
Mudança de critério, quantificação de
10-12 anos Classificação inclusão de classes, interseção de classes
Espaço Unidimensional e bidimensional
Conservação Volume
Conservação Volume
+ de 12 anos Pensamento Formal Combinação de Fichas, Permutação de
Fichas, Predição
Espaço Espaço Tridimensional

Existem vários tipos de provas operatórias com diferentes finalidades e objetivos


que são elas: conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos; conservação
de superfície; conservação da quantidade de líquido; conservação da quantidade de
matéria (massa); conservação de peso; conservação de volume; conservação da
quantidade de líquido (volume); conservação do comprimento; mudança de critério ou
dicotomia; quantificação da inclusão de classes; interseção de classes; seriação; espaço
unidimensional; espaço bidimensional; espaço tridimensional; pensamento formal ou
hipotético dedutivo. Em anexo serão apresentadas algumas provas usadas por Piaget
(Idem).
O nível que a criança alcança revela qual o seu grau de estrutura operatória. As
respostas das crianças são classificadas em três níveis que são eles:
• Nível 1 – não conserva, não atinge nível operatório nesse domínio;

7
• Nível 2 – intermediário, as respostas oscilam, são instáveis ou
incompletas;
• Nível 3 – respostas firmes, demonstram aquisição da noção.
Música e o desenvolvimento

A música é considerada como uma linguagem universal, como um meio de


comunicação em todo o mundo e entre as pessoas. Este tipo de linguagem já existe
desde a existência humana e é muito importante na vida e na história do ser humano,
sendo que em cada cultura é usada de maneira diferente. Segundo Nogueira (2003)
através de Claro (2012):
"A presença da música na vida dos seres humanos é incontestável. Ela tem
acompanhado a história da humanidade, ao longo dos tempos, exercendo as mais
diferentes funções. Está presente em todas as regiões do globo, em todas as
culturas, em todas as épocas: ou seja, a música é uma linguagem universal, que
ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço" (Claro, 2012:17).

Esta arte age no desenvolvimento da criança de maneira abrangente (cognitivo,


afetivo e social). A música é bastante importante no que diz respeito ao
desenvolvimento do ser humano. Desde o nascimento, que os pais instintivamente se
ligam ao filho através da música (como por exemplo acalmar as crianças com canções
de embalar, etc.). Se os pais souberem o impacto que esta arte pode trazer aos filhos no
desenvolvimento psicológico, estes poderão estar mais atentos e trazer mais ativamente
a música para o seu dia-a-dia. Como a audição é um dos primeiros sentidos a se
desenvolver no bebé, desenvolve-se ainda na barriga da mãe, a progenitora poderá ouvir
música clássica ou relaxante e cantar para o seu feto, desta forma o bebé reconhecerá a
sua voz e as músicas que o irão embalar. Tocar um instrumento, ter aulas de música ou
ate apreciar música de forma ativa, potencia a aprendizagem cognitiva, particularmente
no campo do raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstracto. A nível
cerebral e do desenvolvimento neurológico, a música expande os canais neuronais e
potencia a ligação entre os dois hemisférios cerebrais (Gonçalves, s.d.). A música
permite exercitar a estrutura da educação infantil, assim sendo as atividades musicais na
escola podem trazer benefícios nos seguintes aspetos: físico, psíquico e mental. Através
da música o educar e o cuidar podem tornar-se mais fáceis e acessíveis pois a música
“une culturas e gerações, estreitam as relações interpessoais e abre um leque de
oportunidades para o desenvolvimento cognitivo e ajuda na conquista e aprimoramento

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do conhecimento”. As atividades que são realizadas com a ajuda da musicalização4
permitem que a criança se conheça a si mesma e ao próximo, desenvolvendo a sua
definição de esquema corporal e também proporcionando a oportunidade de comunicar
com o outro. Estas atividades ajudam no desenvolvimento sócio afetivo (a criança
forma a sua identidade aos poucos, percebendo que é diferente dos outros tentando criar
ligação com as restantes crianças, ao expressar-se musicalmente em atividades que lhe
deem prazer, ela mostra os seus sentimentos, emoções e desenvolve o sentimento de
segurança e realização pessoal) , no desenvolvimento cognitivo/linguístico (ao trabalhar
com os sons, a criança desenvolve a sua capacidade de ouvir melhor, ao acompanhar a
música com gestos ou danças, ela trabalha a coordenação motora, a sua atenção e a sua
concentração, ao cantar ou imitar sons a criança descobre as suas capacidades e
relaciona-as com o ambiente onde vive) e no desenvolvimento psicomotor (a expressão
musical ativa age sobre a mente da criança) (Araujo, s.d.).
A música é benéfica na aprendizagem, esta pode ajudar os alunos a realizar
funções motoras e intelectuais, bem como a relacionar-se com o meio social, esta pode
ser usada pelos professores das disciplinas gerais como recurso no processo de ensino/
aprendizagem. Sendo o espaço escolar um dos principais sítios onde a criança
desenvolve as suas perspetivas intelectuais, motoras, linguísticas e psicomotoras, a
música deve fazer parte da escola pois esta é muito importante para o desenvolvimento
do aluno porque permite que este se torne um ser crítico. Segundo Barreto (2000),
através de Araujo (s.d.)
“Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode
contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar
(…). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao
desenvolvimento.” (Araujo, s.d.: 1)
Segundo vários estudos que correlacionam música, processamento auditivo,
linguagem e cognição a características em 2002 são que a música influencia na
aquisição e desenvolvimento fonológico e se relaciona com habilidades de leitura, em
2004 não há diferença no desenvolvimento cognitivo entre crianças que praticam canto
ou instrumento. Segundo os estudos de 2004 toda a atividade musical exerce influência

4
Processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto
musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, sentido rítmico, do prazer de
ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo,
da socialização e efetividade, contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.

9
sobre o desenvolvimento cognitivo. Perante os estudos de 2008 o tempo de estudo
musical é um fator importante para determinar as consequências no desenvolvimento
auditivo, linguístico e cognitivo. Já nos estudos de 2010 verifica-se que as principais
habilidades cognitivas (atenção e memória) melhoram após a exposição à música
(Eugênio, Escalda & Lemos, 2011).
Desde o século XX que vários pedagogos e músicos como Jacques Dalcroze,
Willems, Kodály e Orff mostravam a necessidade da vivência sensorial, corporal e
auditiva para a educação musical, outros enfatizam a necessidade de haver uma
abordagem direta com a música, ou seja, a criança deve apreciar, executar e compor
música, relacionada com o meio que a rodeia. Esta última ideia é fundamentada pelo
pedagogo Murray Schafer. Estes autores concordam com a ideia de Piaget “de que o
conhecimento se origina a partir da ação do indivíduo e não da simples perceção. A
atividade do sujeito sobre o objeto a ser conhecido é que vai determinar” o que o sujeito
vai aprender (Weiland & Valente, 2007).
As características que as crianças mostram com a música são as seguintes: dos 0
aos 3 anos, as crianças tentam imitar e responder aos estímulos externos com sons,
criando momentos no desenvolvimento afetivo e cognitivo, com cerca de 2 anos a
criança balbuciam estabelecendo conexão com os sons do cotidiano que estão ao seu
redor. Dos 3 aos 6 anos já reconhecem e distinguem os sons, participam em brincadeiras
que envolvem o corpo, nesta altura já possuem um reportório de canções em memória.

Estudo de Caso

Escola de Música da Sociedade Filarmónica Payalvense Manoel de Mattos


(SFPMM)
Esta associação foi fundada a 3 de março de 1896 e a sua fundação está
relacionada com o facto de ter havido um desentendimento entre os membros da direção
de uma banda filarmónica existente na povoação de Carrascos, hoje com o nome de
Vila do Paço, no concelho de Torres Novas. Músicos da banda referida anteriormente
foram para Paialvo e com pessoas desta mesma aldeia construíram uma nova banda
filarmónica (SFPMM) Assim, a banda de Paialvo saiu pela primeira vez à rua a 3 de
março de 1896, sendo esta a data da sua fundação. Em 1836 um benemérito de Paialvo
restaurou uma casa antiga e emprestou-a à Associação para aí fixar a sua sede. A partir
daí passou a desenvolver novas atividades como teatro, racho e biblioteca. Em 1972 foi

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edificada a atual sede graças ao sr. Comendados Manoel de Mattos. A partir daí passou
a designar-se por Sociedade Filarmónica Payalvense Manoel de Mattos. A principal
atividade desta associação é o ensino e a divulgação da música.

Participantes no estudo/amostra: três alunos (um de 6 anos, um de 8 e outro de 9 anos)


da turma de Formação Musical da escola de música da SFPMM.

Técnica de recolha de dados e instrumentos: realização das provas de Piaget (que são
apresentadas em Anexo), observação direta, exercícios práticos feitos com as crianças.

Descrição da Atividade
Inicialmente colocou-se uma música de fundo, para as crianças se ambientarem.
De seguida coloquei os materiais necessários para as experiências em cima de uma
mesa para que se pudesse iniciar a prova.

Resultados
Prova criança 6 anos Possui Noção (PN) Não Possui Transição (TR)
(Aluna A) Noção (NP)
1. Prova de
X
conservação de
massa
2. Prova de
X
conservação de
líquido
Na prova de conservação de massa a aluna A revela que está em fase de
transição pois consegue verificar que quando a plasticina tem a mesma quantidade no
cilindro, mas quando está achatada e dividida em várias partes a aluna diz que há mais
quantidade de plasticina.
Na prova de conservação de líquido a aluna A revela que não possui noção pois
quando se passou a água do recipiente A2 para B a aluna disse que o B tinha mais água
porque estava mais alto e quando se passou a água de A2 para C está disse que tinha
menos água porque estava mais baixa. No entanto quando argumentei que a água era a
mesma não tinha retirado nem adicionado esta percebeu e confirmou.

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Prova criança 8 anos Possui Noção (PN) Não Possui Transição (TR)
(Aluna B) Noção (NP)
1. Prova de
X
conservação de
massa
2. Prova de
X
conservação de
líquido
Na prova de conservação de massa a aluna B revela que possui noção, pois
consegue verificar que em todas as experiências a plasticina é a mesma e argumenta que
não se retirou nem colocou mais plasticina apenas se mudou a forma.
Na prova de conservação de líquido a aluna B revela que está em fase de
transição, pois verifica que a água é a mesma quando se coloca a água de A2 para C,
mas quando se põe de A2 para B esta diz que tem mais água porque está mais alto.

Prova criança 9 anos Possui Noção (PN) Não Possui Transição (TR)
(Aluna C) Noção (NP)
1. Prova de
X
conservação de
massa
2. Prova de
X
conservação de
líquido
Na prova de conservação de massa a aluna C revela que possui noção, pois
consegue verificar que em todas as experiências a plasticina é a mesma e argumenta que
não se retirou nem colocou mais plasticina apenas se mudou a forma.
Na prova de conservação de líquido a aluna C revela que possui noção, pois
argumenta que a água é mesma em todas as mudanças pois não se tirou nem pôs mais
água apenas se mudou o copo onde se mudou a água.
No fim das provas de conservação de massa e de líquido tentei fazer uns
exercícios baseados na formação musical, no entanto estes mostraram não ter raciocínio
lógico-matemático, pois quando dividi figuras e perguntei se tinha o mesmo valor eles
não souberam responder pois verifiquei que estes não têm noção de quanto é a metade.

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Conclusão

Perante o realizado, concluo que o trabalho de investigação feito antes de pôr em


prática o estudo de caso, foi muito importante, pois aprofundar algumas ideias que tinha
sobre a temática escolhida, permitiu-me perceber mais detalhadamente como funciona o
desenvolvimento cognitivo infantil e quais os estádios do desenvolvimento e perceber
também com a música pode influenciar no desenvolvimento da criança que está em
constante mudança.
Em relação ao estudo de caso realizado posteriormente, é possível retirar
algumas conclusões. Concluo então que os alunos que fizeram as provas que apresentei
estão nas suas idades cognitivas em relação ás provas piagetianas, no entanto quando
passei as ideias de Piaget para o ensino da música verifiquei que os alunos não têm
noção da matemática, pois a música também é matemática e quando lhes fiz perguntas
com exemplos que pus no quadro eu vi a matéria tem de ser dada com exemplos mais
práticos e não só teoria.
Na minha perspetiva, ter tido contacto com as sugestões de Piaget e relacionar
isso com música foi bastante positivo pois agora estou mais preparada para resolver
eventuais situações que possam surgir na aprendizagem das crianças.

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Referências Bibliográficas

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aprendizagem da criança. Disponível em:
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-contribuicao-da-musica-para-
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Carvalhaes, E. (s.d.). A eficácia das provas operatórias como ferramenta para uma
avaliação cognitiva. Disponível em:
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-eficacia-das-provas-
operatorias-como-ferramenta-para-uma-avaliacao-cognitiva.htm
Claro, R. (2012). A importância da música no desenvolvimento cognitivo, afetivo e
social: educacao infantil e fundamental I. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/118558/carvalhojunior_l_tcc_rcla.p
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http://andrewsduque.blogspot.com/2009/09/teoria-ecologica-de-bronfenbrenner.html.
Eugênio, M.L., Escalda, J. & Lemos, S.M.A. (2011). Desenvolvimento cognitivo,
auditivo e linguístico em crianças expostas à música: produção de conhecimento
nacional e internacional. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rcefac/2012nahead/124-11.pdf
Gonçalves, S. (s.d.). A importância da música no desenvolvimento das crianças.
Disponível em: https://uptokids.pt/educacao/a-importancia-da-musica-no-
desenvolvimento-das-crianca/
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e implicações), Coimbra: Livraria Almedina
Marques, J.R. (2018). O que é psicologia do desenvolvimento humano. Disponível em:
https://www.ibccoaching.com.br/portal/coaching-e-psicologia/o-que-psicologia-
desenvolvimento-humano/.
Nogueira, G. (2016). Provas Piagetianas. Disponível em:
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Papalia, D.E. & Olds, S.W. (2000). Desenvolvimento Humano. (7ª ed.), São Paulo:
Armed Editora Porto Alegre.
PIAGET, J., (1983), Seis Estudos de Psicologia (9ª ed.), Lisboa: Publicações Dom
Quixote

14
SPRINTHALL, N. A. & SPRINTHALL, R. C. (1993), Psicologia Educacional (Uma
abordagem Desenvolvimentista). Amadora.
Vesce, G.E.P (s.d.). Psicologia Cognitiva. Disponível em:
https://www.infoescola.com/psicologia/cognitiva/
Weiland, R. L. & Valente, T.S. (2007). Aspectos e operativos da aprendizagem musical
de crianças e pré-adolescentes, por meio do ensino de flauta doce. Disponível em:
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/a
rticle/view/280.

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Anexo I

Prova da conservação da quantidade de matéria


Materiais:
- 2 plasticinas de cores diferentes, cujo tamanho possa fazer aproximadamente 4
cm de diâmetro (a escolha das cores deve corresponder a substâncias comestíveis).
Igualdade Inicial: Alargamento: Achatamento: Partição:

Primeiro mostra-se à criança a plasticina e deixa-se a criança manipulá-la e


depois faz-se as duas bolas com a plasticina. De seguida pergunta-se: “Estas bolas têm a
mesma quantidade de plasticina? Tem a certeza?” Quando a criança dá uma resposta
positiva é finalizada a preparação.
De seguida transforma-se uma das bolas, neste caso a vermelha, num cilindro e
coloca-se ao lado da outra bola e pergunta-se à criança: “E agora qual deles tem mais
plasticina? Como sabe?” Independentemente da resposta faz-se a contra-argumentação:
Contra-argumentação:
- Conservação – O cilindro é mais comprido que a bola, será que tem mais
plasticina?
- Não-conservação – Antes as bolas tinham a mesma quantidade de plasticina. E
agora?
- Retorno Empírico – Se deste cilindro fizer uma bola, será que vai ter a mesma
quantidade que a outra?
Seguidamente faz-se novamente as duas bolas e confirma-se com a criança a
preparação inicial e pergunta-se se ambas têm a mesma quantidade de plasticina. Após a
confirmação da criança, aperta-se uma das bolas até ficar bem achatada e pergunta-se à
criança: “E agora qual tem mais plasticina? Como sabe?” Independentemente da
resposta faz-se a contra-argumentação.
Contra-argumentação:
- Conservação – A bola verde é mais alta que a vermelha tem mais plasticina?
- Não-conservação – Antes as bolas tinham a mesma quantidade de plasticina. E
agora?

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- Retorno Empírico – Se da plasticina vermelha fizer uma bola, será que vai ter a
mesma quantidade que a outra?
De seguida, faz-se novamente as duas bolas e confirma-se com a criança a
preparação inicial e pergunta-se se ambas têm a mesma quantidade de plasticina. Após a
confirmação da criança, divide-se uma das bolas em cinco pedaços iguais fazendo com
eles bolas mais pequenas e pergunta-se à criança: “E agora? Onde há mais plasticina?
Na bola grande ou em todas as pequenas juntas? Como sabe?” Independentemente da
resposta faz-se a contra-argumentação.
Contra-argumentação:
- Conservação – A bola verde é maior que as bolinhas, será que tem mais
plasticina?
- Não-conservação – Antes as bolas tinham a mesma quantidade de plasticina. E
agora?
- Retorno Empírico – Se juntar essas bolinhas, será que vai ter a mesma
quantidade que a outra?
Hipótese Diagnóstica:
(PN) – Possui Noção de Conservação de Massa – Quando afirma que as bolas
continuaram a ter a mesma quantidade, apesar da contra-argumentação do examinador,
justificando com argumentos lógicos de identidade, reversibilidade simples ou por
reciprocidade.
Argumentações Lógicas:
(A) de identidade – as bolinhas tinham a mesma quantidade de plasticina!
(B) de reversibilidade simples – se voltar a fazer a bola de novo vai ver que tem
a mesma quantidade.
(C) de reversibilidade por reciprocidade – a forma ficou diferente, mas a
quantidade de plasticina é a mesma.
(NP) – Não possui noção de conservação de massa – quando admite que a quantidade
de massa se altera quando a bola se transforma.
(TR) – Transição – Admite a conservação em algumas transformações e nega em outras.
Anexo II

Prova da conservação da quantidade de líquidos


Materiais:
- 2 recipientes iguais A1 e A2

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- 1 recipiente mais fino e alto B
- 1 recipiente mais largo e baixo C
Procedimento:

A1 A2 B C
Dispõe-se os recipientes diante da criança de modo a que a visibilidade seja
adequada. Depois explica-se à criança: “Vou colocar água nestes dois copos (A1 e A2),
quando eles estiverem cheios com a mesma água você avisa-me? Fique atento!”
Quando finalizar, a criança responde e questiona: “Tem a certeza?” Quando a criança
responde que já está, a primeira parte fica concluída.
1ª manipulação:

A1 B A2
Passa-se a água de A1 para o B e depois pergunta-se à criança: “E agora o B tem
mais água? Como sabe?” Independente da resposta faz-se a contra-argumentação.
Contra-argumentação:
- Conservação - No outro dia eu fiz esta brincadeira com um menino que disse
que neste copo (B) havia mais água porque nele a água estava alta! O que acha, ele
estava certo ou errado? Porquê?
- Não-conservação - No outro dia uma criança igual a você disse me que nestes
dois copos há a mesma quantidade de água porque ninguém tirou nem pôs mais água.
Você acha que aquele menino estava certo ou errado? Porquê?
- Retorno Empírico – Se colocarmos a água nos copos iguais terá a mesma
quantidade nos dois? Porquê?
Novo procedimento:

B A1 A2
Retoma-se a água de B para A1. Então, mostra-se à criança os copos A1 e A2 e
pergunta-se: “E agora, onde há mais água, em A1 ou A2?” Se a resposta for negativa,

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completa-se com água até que a resposta seja positiva. A preparação é finalizada quando
a criança dá uma resposta positiva.
2ª manipulação:

A1 C A2
Passa-se a água de A1 para C e depois pergunta-se: “E agora, onde há mais?
Como sabe?” Independentemente da resposta faz-se a contra-argumentação.
Contra-argumentação:
- Conservação - No outro dia eu fiz esta brincadeira com um menino que disse
que neste copo (C) havia menos água porque nele a água estava baixa! O que acha, ele
estava certo ou errado? Porquê?
- Não-conservação - No outro dia uma criança igual a você disse me que nestes
dois copos há a mesma quantidade de água porque ninguém tirou nem pôs mais água.
Você acha que aquele menino estava certo ou errado? Porquê?
- Retorno Empírico – Se colocarmos a água nos copos iguais terá a mesma
quantidade nos dois? Porquê?
Hipótese Diagnóstica:
(PN) – Possui Noção de Conservação de Quantidade – Afirma que nos copos A e B/A e
C têm a mesma quantidade de água.
Argumentações Lógicas:
(A) de identidade – têm a mesma quantidade porque não se pôs nem se tirou
água ou então tem a mesma quantidade porque apenas passamos a água de
um copo para outro.
(B) de reversibilidade simples – tem a mesma quantidade porque pusemos a água
deste copo (B) neste (A) e fica tudo igual outra vez.
(C) de reversibilidade por reciprocidade – tem a mesma quantidade porque este
copo (B) é estreito e nele a água sobe e este é mais largo e a água fica mais
baixa
(NP) – Não possui noção de conservação de quantidade – quando admite que a
quantidade de água não é a mesma nem em B nem em C.
(TR) – Transição – Admite a conservação da quantidade nalguns transvasamentos e
nega noutros.

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