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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

Licenciatura em Psicologia Social e do Trabalho

Cadeira de Psicologia Social

Tema: Resumo do Capitulo 2, Desenvolvimento Humano

Discente:

 Juvenal Eugénio Mabombo

Turma: B

Período: Pós-laboral

Docente

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Maputo, Setembro de 2023


Índice

1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ................................................................................... 2

2. TEORIA E PESQUISA .................................................................................................. 3

2.1. QUESTÕES TEÓRICAS BÁSICAS .......................................................................... 3

3. Questão 1: O Desenvolvimento é Activo ou Reactivo?.................................................. 4

4. Questão 2: O Desenvolvimento é Contínuo ou Descontínuo?........................................ 4

5. PERSPECTIVAS TEÓRICAS ....................................................................................... 5

6. MODELOS DE PESQUISA ........................................................................................... 6

7. MÉTODOS BÁSICOS DE PESQUISA ......................................................................... 7

8. MODELOS DE PESQUISA SOBRE DESENVOLVIMENTO .................................... 7

9. ÉTICA NA PESQUISA ................................................................................................ 10

10. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 12

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 12

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1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Neste trabalho, apresentamos o resumo do capítulo 2 do livro “Desenvolvimento Humano”, de


autoria de Diane E. Papalia. Esse capítulo versa, respectivamente, sobre Teoria e Pesquisa,
abordando o assunto sob a óptica de perspectivas teóricas. Serão demonstrados os tipos de
pesquisa e modelos mais adotados.

Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman são autoras conhecidas na área de


desenvolvimento humano e psicologia da infância e adolescência. Elas têm contribuído para a
compreensão desses tópicos por meio de seus livros e pesquisas. Embora eu não tenha
informações específicas sobre uma teoria ou pesquisa específica delas, posso oferecer algumas
informações gerais sobre como essas autoras abordam a teoria e a pesquisa em seus trabalhos.

Abordagem do Desenvolvimento Humano: Papalia e Feldman têm uma abordagem que


se concentra no desenvolvimento humano ao longo do ciclo de vida. Elas exploram como as
pessoas mudam física, cognitiva e socialmente desde o nascimento até a idade adulta. Suas
teorias e pesquisas muitas vezes enfocam a natureza contínua e progressiva do
desenvolvimento.

Psicologia do Desenvolvimento: Suas obras frequentemente abordam conceitos e teorias da


psicologia do desenvolvimento, como as teorias de Jean Piaget, Erik Erikson e outros teóricos
importantes. Elas explicam como essas teorias se aplicam ao desenvolvimento infantil e
adolescente.

Pesquisa Empírica: Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman enfatizam a importância da


pesquisa empírica e baseada em evidências em seus trabalhos. Elas frequentemente incorporam
estudos de caso, pesquisas quantitativas e qualitativas para apoiar suas teorias e argumentos.

Integração de Dados: Elas também se esforçam para integrar descobertas de diversas áreas da
psicologia, como a psicologia cognitiva, a psicologia social e a psicologia do desenvolvimento,
a fim de fornecer uma visão holística do desenvolvimento humano.

Aplicação Prática: Além de sua pesquisa teórica, Papalia e Feldman também se concentram na
aplicação prática de conceitos de desenvolvimento humano em contextos do mundo real, como
educação, cuidados infantis e aconselhamento.

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2. TEORIA E PESQUISA
2.1.QUESTÕES TEÓRICAS BÁSICAS

Uma teoria científica do desenvolvimento é um conjunto de conceitos ou enunciados


logicamente relacionados que procura descrever e explicar o desenvolvimento e prever os tipos
de comportamento que poderiam ocorrer em certas condições. Teorias organizam e explicam
dados, que são as informações reunidas pela pesquisa. Assim como a pesquisa minuciosa faz
crescer, pouco a pouco, o conhecimento, os conceitos teóricos, como a ideia de crise de
identidade discutida mais adiante neste capítulo, nos ajudam a dar sentido aos dados isolados
e a ver conexões entre eles.

Teoria e pesquisa são como fios entrelaçados no tecido sem costuras do estudo científico.
Teorias inspiram mais pesquisas e preveem resultados. Isso é feito pela geração de hipóteses,
explicações provisórias ou previsões que podem ser testadas por futuras pesquisas. A pesquisa
pode indicar se uma teoria é precisa em suas previsões, mas não pode mostrar conclusivamente
se uma teoria é verdadeira.

Teorias podem ser refutadas, mas nunca provadas. Teorias mudam para incorporar novas
descobertas.

Às vezes a pesquisa apoia uma hipótese e a teoria sobre a qual ela se baseava. Em outras
oportunidades, os cientistas devem modificar suas teorias para dar conta de dados não
explicados. As descobertas feitas durante as pesquisa geralmente sugerem hipóteses adicionais
a serem examinadas e fornecem orientações para as questões práticas.

Uma teoria baseia-se em certos pressupostos, que podem ou não ser verdadeiros. Por exemplo,
os primeiros cientistas do desenvolvimento supunham que a psicologia humana era a mesma
em todas as culturas. Em outras palavras, acreditava-se que sua natureza era universal. No
entanto, à medida que a ciência da psicologia progredia, ficava claro que as diferenças culturais
existiam e eram importantes. As teorias do desenvolvimento tiveram que ser alteradas para
acomodar essas descobertas.

A ciência do desenvolvimento não pode ser completamente objetiva. Teorias e pesquisas sobre
o comportamento humano são produtos de indivíduos humanos, cujas indagações e
interpretações são inevitavelmente influenciadas por seus próprios valores e experiência. Ao

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se esforçarem na busca por objectividade, os pesquisadores devem analisar como eles e seus
colegas conduzem o trabalho, as suposições em que se baseiam e como chegam a suas
conclusões.

Neste livro examinamos muitas teorias, várias delas conflitantes. Ao avaliá-las, é importante
estar consciente de que elas refletem as perspectivas dos seres humanos que deram origem a
elas. O modo como os teóricos explicam o desenvolvimento depende em parte de seus
pressupostos sobre as duas questões teóricas básicas sobre as quais os cientistas do
desenvolvimento discordam são:

 Se as pessoas são ativas ou reativas em seu próprio desenvolvimento.


 Se o desenvolvimento é contínuo ou ocorre em estágios.

3. Questão 1: O Desenvolvimento é Activo ou Reactivo?

O desenvolvimento humano pode ser considerado ativo, ou seja, os indivíduos desempenham


um papel ativo na sua própria trajetória de desenvolvimento. Eles interagem com o ambiente,
fazem escolhas, tomam decisões e influenciam o curso do seu próprio desenvolvimento.

4. Questão 2: O Desenvolvimento é Contínuo ou Descontínuo?

O desenvolvimento humano pode ser considerado tanto contínuo quanto descontínuo,


dependendo da perspectiva teórica adotada. Segundo a abordagem mecanicista, o
desenvolvimento é visto como contínuo, gradual e cumulativo, onde as mudanças ocorrem de
forma quantitativa ao longo do tempo. Nessa perspectiva, o desenvolvimento é comparado a
subir uma rampa, onde os processos são consistentes e previsíveis.

Por outro lado, a abordagem organicista enfatiza a mudança qualitativa, onde o


desenvolvimento ocorre em estágios distintos e marcados pela emergência de novos fenômenos
que não podem ser previstos com base no funcionamento anterior. Nessa perspectiva, o
desenvolvimento é visto como descontínuo e não linear.

É importante ressaltar que ambas as perspectivas têm suas vantagens e limitações, e a escolha
entre considerar o desenvolvimento como contínuo ou descontínuo depende da teoria adotada
e das questões de pesquisa em foco.

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5. PERSPECTIVAS TEÓRICAS

As teorias geralmente abrangem amplas perspectivas que enfatizam diferentes tipos de


processos de desenvolvimento e assumem diferentes posições sobre as questões descritas no
segmento anterior. Essas perspectivas influenciam as perguntas feitas pelos pesquisadores, os
métodos que eles usam e o modo de interpretar os dados. Para avaliar e interpretar a pesquisa,
é importante reconhecer a perspectiva teórica em que ela se baseia. Cinco grandes perspectivas
sustentam boa parte das teorias influentes e da pesquisa sobre desenvolvimento humano: (1)
psicanalítica, que se concentra nas emoções e nos impulsos inconscientes; (2) da
aprendizagem, que estuda o comportamento observável; (3) cognitiva, que analisa os processos
do pensamento; (4) contextual, que enfatiza o impacto do contexto histórico, social e cultural;
e (5) evolucionista/sociobiológica, que considera as bases evolucionistas e biológicas do
comportamento.

 Perspectiva psicanalítica: Esta perspectiva, desenvolvida por Sigmund Freud e Erik


Erikson, enfatiza a importância dos impulsos emocionais e dos conflitos inconscientes
no desenvolvimento humano. A teoria psicanalítica de Freud se concentra no
desenvolvimento psicossexual, enquanto a teoria de Erikson se concentra no
desenvolvimento psicossocial.
 Perspectiva da aprendizagem: Esta perspectiva, representada por teóricos como John
B. Watson, B.F. Skinner e Albert Bandura, enfatiza a importância da aprendizagem
baseada na experiência no desenvolvimento humano. O behaviorismo de Watson e
Skinner se concentra no condicionamento clássico e operante, enquanto a teoria da
aprendizagem social de Bandura enfatiza o papel da aprendizagem observacional e da
autoeficácia.
 Perspectiva cognitiva: Esta perspectiva, representada principalmente por Jean Piaget
e Lev Vygotsky, enfoca os processos mentais e cognitivos no desenvolvimento
humano. A teoria dos estágios cognitivos de Piaget descreve como as crianças
constroem seu conhecimento em estágios sequenciais, enquanto a teoria sociocultural
de Vygotsky enfatiza a importância do contexto social e cultural na aprendizagem e no
desenvolvimento.
 Perspectiva contextual: Esta perspectiva, influenciada por teóricos como Urie
Bronfenbrenner, destaca a importância do contexto histórico, social e cultural no
desenvolvimento humano. A teoria ecológica de Bronfenbrenner enfatiza a interação

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entre os diferentes sistemas nos quais uma pessoa está inserida, como a família, a escola
e a comunidade.
 Perspectiva evolucionista/sociobiológica: Esta perspectiva, baseada em teóricos
como Charles Darwin e Edward O. Wilson, considera as bases evolucionistas e
biológicas do comportamento humano. Essa perspectiva explora como os processos
evolutivos moldaram o desenvolvimento humano e como um equilíbrio cambiante entre
fatores genéticos e ambientais influencia o desenvolvimento

6. MODELOS DE PESQUISA
Os investigadores do desenvolvimento humano trabalham dentro de duas tradições
metodológicas: quantitativa e qualitativa. A pesquisa quantitativa lida com dados numéricos
medidos objetivamente. A pesquisa qualitativa concentra-se no como e no porquê do
comportamento e envolve descrições não numéricas (verbais ou pictóricas) de compreensão,
sentimentos ou crenças subjetivas sobre experiências.

A pesquisa quantitativa baseia-se no método científico, que tradicionalmente tem caracterizado


a maioria das investigações. Em contraste com a investigação quantitativa, a investigação
qualitativa é mais flexível e informal e menos estruturada e sistemática. Em vez de gerar
hipóteses de pesquisas anteriores, como costumam fazer os pesquisadores quantitativos, os
pesquisadores qualitativos podem reunir e examinar um grande volume de dados para ver quais
hipóteses podem surgir.

Os pesquisadores quantitativos procuram distanciar-se dos participantes do estudo para não


influenciar os resultados. Os pesquisadores qualitativos podem conhecer os participantes para
entender melhor por que eles pensam, sentem e agem daquela maneira. Cada uma dessas
metodologias utiliza diferentes tipos de amostragem e coleta de dados.

Uma amostra aleatória, especialmente se for grande, provavelmente representará bem a


população. Muitos estudos utilizam amostras selecionadas por conveniência ou acessibilidade.
Na pesquisa qualitativa, as amostras tendem a ser focadas e não aleatórias. Os participantes
podem ser escolhidos pela sua capacidade de comunicar a natureza de alguma experiência.

A investigação qualitativa tende a basear-se em auto-relatos, geralmente sob a forma de


entrevistas aprofundadas e perguntas abertas. Para estudar crianças pequenas, é comum utilizar
auto-relatos parentais – diários, entrevistas ou questionários – muitas vezes combinados com
outros métodos, como filmagens ou gravação de áudio.

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7. MÉTODOS BÁSICOS DE PESQUISA

O modelo de pesquisa é um plano para conduzir uma investigação científica: quais as perguntas
a serem respondidas, como os participantes devem ser testados, como os dados devem ser
coletados e interpretados e como se pode tirar conclusões válidas. Quatro dos modelos básicos
utilizados na pesquisa sobre desenvolvimento são os estudos de caso, estudos etnográficos,
estudos correlacionais e experimentos. Os dois primeiros modelos são qualitativos; os dois
últimos são quantitativos. Cada modelo tem suas vantagens e desvantagens, e cada um é
apropriado para certos tipos de problemas em pesquisa.

 Estudos de caso: Este método envolve a análise detalhada de um indivíduo, grupo ou


situação específica. Os pesquisadores coletam dados por meio de observações,
entrevistas e análise de documentos, buscando compreender em profundidade o
desenvolvimento e os processos envolvidos.
 Estudos etnográficos: Nesse método, os pesquisadores imergem em uma determinada
cultura ou grupo social por um período prolongado de tempo, observando e interagindo
com os participantes. O objetivo é compreender as práticas culturais e os processos de
desenvolvimento dentro de um contexto específico.
 Estudos correlacionais: Esses estudos buscam identificar relações entre variáveis, sem
manipulá-las diretamente. Os pesquisadores medem as variáveis de interesse e analisam
a relação entre elas, buscando identificar padrões e associações.
 Experimentos: Os experimentos são projetados para investigar relações de causa e
efeito. Os pesquisadores manipulam uma variável independente e observam os efeitos
dessa manipulação na variável dependente. Os participantes são aleatoriamente
designados para grupos experimentais e de controle, permitindo a comparação dos
resultados.

8. MODELOS DE PESQUISA SOBRE DESENVOLVIMENTO

As duas estratégias de pesquisa mais comuns em desenvolvimento são os estudos transversais


e os longitudinais. Estudos transversais mostram semelhanças e diferenças entre faixas etárias;
estudos longitudinais revelam como as pessoas mudam ou permanecem as mesmas à medida
que envelhecem. Como cada um desses métodos apresenta desvantagens, os pesquisadores
também criaram modelos sequenciais.

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Estudos transversais, longitudinais e sequenciais No estudo transversal, pessoas de diferentes
idades são avaliadas num único momento. Num desses estudos, os pesquisadores fizeram a
crianças de 3, 4, 6 e 7 anos perguntas a respeito de uma imagem onde se via uma mulher de
aparência pensativa. Esses pesquisadores encontraram em crianças um notável aumento, com
a idade, da consciência do pensamento como atividade mental (J. H. Flavell, Green e Flavell,
1995). Essas descobertas são um forte indicativo de que, à medida que as crianças crescem,
aumenta a sua compreensão do processo mental. Não podemos, porém, ter certeza
de tal conclusão. Não sabemos se a consciência da atividade mental por parte de crianças de 7
anos, quando elas tinham 3 anos, era a mesma que a das crianças de 3 anos do estudo. A única
maneira de ver se de facto ocorre mudança com a idade é conduzir um estudo longitudinal de
uma determinada pessoa ou grupo.

No estudo longitudinal, os pesquisadores avaliam a mesma pessoa ou o mesmo grupo em


mais de uma oportunidade, às vezes no intervalo de alguns anos. Eles poderão medir uma única
característica, como tamanho do vocabulário, inteligência, altura ou agressividade, ou focalizar
vários aspectos do desenvolvimento para procurar relações entre eles. O Estudo sobre
Crescimento de Oakland foi um estudo longitudinal inovador sobre o desenvolvimento físico,
intelectual e social de 167 crianças de 5a e 6a séries em Oakland, California. O estudo começou
por volta do início da Grande Depressão na década de 1930. Esses jovens foram
acompanhados intensivamente até 1939, quando tinham 18 ou 19 anos, e em cinco ocasiões
durante a idade adulta. Os acompanhamentos geralmente incluíam entrevistas, avaliações de
saúde, testes de personalidade e questionários com folha informativa. Uma das descobertas
mais importantes foi que a ruptura societal, como a que ocorreu durante a Grande Depressão,
afetou processos familiares e o desenvolvimento da criança.

Tanto o modelo longitudinal quanto o transversal possuem pontos fortes e pontos fracos. Entre
as vantagens da pesquisa transversal estão a velocidade e a economia; os dados podem ser
coletados com relativa rapidez e de um grande número de pessoas. Como os participantes são
avaliados apenas uma vez, não há problema de desistência (participantes abandonando o
estudo) ou de repetição da testagem, como é o caso da pesquisa longitudinal. Uma das
desvantagens dos estudos transversais é que podem obscurecer as diferenças individuais ao
focalizarem apenas médias grupais. Sua principal desvantagem, porém, é que os resultados
podem ser afetados por diferenças de coorte – experiências diferentes de pessoas nascidas em
épocas diferentes, por exemplo, antes e depois do advento da internet. Os estudos transversais

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às vezes são interpretados como estudos que geram informações sobre mudanças no
desenvolvimento, mas tais informações geralmente são enganosas. Por exemplo, as primeiras
pesquisas transversais sugeriam que adultos mais velhos apresentavam notáveis declínios em
sua capacidade de completar tarefas que envolvem raciocínio formal à medida
que envelheciam.

A pesquisa longitudinal, no entanto, por acompanhar as pessoas individualmente, mostrou que


não era isso que acontecia. Era menos provável que os adultos mais velhos tivessem tido
experiências educacionais formais, e assim não pontuavam tão bem quanto os adultos mais
jovens. O que originalmente havia sido interpretado como uma alteração no desenvolvimento
da capacidade cognitiva na verdade era uma diferença de coorte (Neimark, 1979). Por causa
de descobertas como essa, a proporção de pesquisas dedicadas a estudos longitudinais,
especialmente os estudos de curto prazo, está aumentando.

A pesquisa longitudinal, ao estudar repetidamente a mesma pessoa, pode acompanhar padrões


individuais de continuidade e mudança. Entretanto, o estudo longitudinal de uma coorte pode
não se aplicar a outra. Assim, os resultados de um estudo sobre crianças nascidas na década de
1920, como o Estudo sobre Crescimento de Oakland, talvez não se apliquem a crianças
nascidas na década de 1990. Além do mais, estudos longitudinais geralmente são mais
demorados e caros que estudos transversais; pode ser difícil acompanhar um grupo grande de
participantes ao longo dos anos, manter registros e continuar o estudo, apesar da possível
rotatividade na equipe de pesquisa. Depois, há o problema da desistência; participantes podem
morrer, mudar para longe ou abandonar o estudo. Estudos longitudinais também tendem a
apresentar viés na medida em que os participantes que permanecem no estudo tendem a ter
inteligência e nível socioeconômico acima da média. Finalmente, os resultados podem
ser afetados pela repetição da testagem. Os participantes podem se sair melhor em testes
posteriores por causa da familiaridade com os procedimentos do teste.

Uma tendência atual são os estudos longitudinais multicentrados e de grandes dimensões, com
apoio do governo ou de grandes instituições, que possam acompanhar o desenvolvimento de
uma população em uma escala bem ampla. Por exemplo, um Estudo Nacional sobre Crianças
(2004), cuja duração é de 21 anos, patrocinado pelo Departamento de Saúde e Serviços
Humanos dos Estados Unidos e por outros órgãos públicos, acompanhará aproximadamente
100 mil crianças norte-americanas em todo o país, da concepção até os 21 anos. O estudo é
prospectivo: incluirá casais com idade para gerar filhos, mas que não estejam esperando uma
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criança. Seguindo essas famílias, os pesquisadores esperam medir como a biologia e os fatores
ambientais interagem para influenciar a saúde das crianças.

O estudo sequencial – uma sequência de estudos transversais ou longitudinais – é uma


estratégia complexa elaborada para superar as desvantagens tanto das pesquisas transversais
quanto das pesquisas longitudinais. Os pesquisadores podem avaliar uma amostra transversal
em duas ou mais ocasiões (em sequência) para identificar mudanças nos membros de cada
coorte etária. Esse procedimento permite aos pesquisadores separarem mudanças relacionadas
à idade de efeitos de coorte. Outro modelo sequencial consiste em uma sequência de estudos
longitudinais que seguem simultaneamente, porém, um começando depois do outro. Esse
modelo permite aos pesquisadores compararem diferenças individuais durante as mudanças do
desenvolvimento. Uma combinação de sequências transversais e longitudinais pode oferecer
um quadro mais completo do desenvolvimento do que seria possível apenas com a pesquisa
longitudinal ou transversal.

As maiores desvantagens dos estudos sequenciais estão relacionadas a tempo, esforço e


complexidade. Modelos sequenciais exigem um grande número de participantes e a coleta e
análise de enormes quantidades de dados durante anos. A interpretação dos resultados e das
conclusões pode exigir um alto grau de sofisticação.

9. ÉTICA NA PESQUISA
Pesquisas que podem causar algum mal aos participantes deveriam ser realizadas? Como
podemos equilibrar os possíveis benefícios e o risco de danos mentais, emocionais ou físicos
aos indivíduos? Objeções ao estudo do “Pequeno Albert” (descrito anteriormente neste
capítulo), bem como a vários outros estudos mais antigos, deram origem aos padrões éticos
actuais, mais rígidos. Comitês institucionais de análise em faculdades, universidades e outras
instituições examinam, de um ponto de vista ético, as pesquisas propostas. Diretrizes da
American Psychological Association (APA, 2002) incluem questões como consentimento
informado (consentimento dado livremente com pleno conhecimento das implicações da
pesquisa), evitação de logro, proteger os participantes de danos e perda da dignidade,
garantir a privacidade e o sigilo, o direito a recusar ou a se retirar de um experimento a
qualquer momento, e a responsabilidade dos pesquisadores em corrigir quaisquer efeitos
indesejáveis, como ansiedade e vergonha.

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Para resolver dilemas éticos, espera-se que os pesquisadores sejam guiados por três princípios:
(1) beneficência, a obrigação de maximizar benefícios potenciais para os participantes e
minimizar possíveis danos; (2)respeito pela autonomia dos participantes e proteção àqueles
incapazes de exercer seu próprio julgamento; e (3) justiça, inclusão de grupos diversos, com
sensibilidade para qualquer impacto especial que a pesquisa possa ter sobre eles. Ao avaliar
riscos e benefícios, os pesquisadores devem considerar as necessidades de desenvolvimento
dos participantes (Thompson, 1990) e ser sensíveis a questões e valores culturais (Fisher et al.,
2002).
A Sociedade para a Pesquisa do Desenvolvimento da Criança (2007) criou padrões para o
tratamento de crianças na pesquisa de acordo com a idade, que abrangem princípios como
evitação de danos físicos ou psicológicos, obtenção da anuência da criança, bem como o
consentimento informado de um dos pais ou de um tutor, e responsabilidade de verificar
qualquer informação que possa pôr em risco o bem-estar da criança. Por exemplo, a capacidade
dos bebês e de crianças muito pequenas de suportar o estresse da situação de pesquisa pode
depender da presença de um dos pais ou de um cuidador de confiança, de um ambiente e
procedimento familiares e de objectos familiares.

Finalmente, depois destes capítulos introdutórios podemos dizer que o livro inteiro está longe
da palavra final. Apesar de termos tentado incorporar as informações mais importantes e mais
actualizadas sobre como as pessoas se desenvolvem, os cientistas do desenvolvimento estão
sempre aprendendo mais. À medida que você ler este livro, certamente terá suas próprias
perguntas. Ao pensar sobre elas, e talvez no futuro conduzindo uma pesquisa para descobrir as
respostas, é possível que você mesmo – agora apenas se iniciando no estudo do
desenvolvimento humano – algum dia contribua para o nosso conhecimento sobre essa
interessante espécie a que todos nós pertencemos.

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10. CONCLUSÃO

Em conclusão, existem diversos métodos de pesquisa utilizados no estudo do desenvolvimento


humano. Alguns dos principais métodos incluem estudos de caso, estudos etnográficos, estudos
correlacionais e experimentos. Cada método tem suas vantagens e limitações, e a escolha do
método depende das questões de pesquisa e dos objetivos do estudo.

Os estudos transversais, longitudinais e sequenciais são modelos de pesquisa comumente


utilizados para investigar o desenvolvimento humano. Os estudos transversais mostram
semelhanças e diferenças entre faixas etárias, enquanto os estudos longitudinais revelam como
as pessoas mudam ou permanecem as mesmas ao longo do tempo. Os estudos sequenciais
combinam elementos dos estudos transversais e longitudinais, permitindo uma compreensão
mais abrangente do desenvolvimento.

Além disso, a observação naturalista e laboratorial são métodos de pesquisa que permitem aos
pesquisadores observar e registrar o comportamento em ambientes naturais ou controlados.
Cada abordagem tem suas vantagens e desvantagens em termos de controle e generalização
dos resultados.

É importante considerar que nenhum método de pesquisa é perfeito e todos têm suas limitações.
Portanto, é comum que os pesquisadores utilizem uma combinação de métodos para obter uma
compreensão mais completa do desenvolvimento humano.

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Papalia, D. E., & Feldman, R. D. (2013). Desenvolvimento humano. AMGH Editora, 12ª
edição.

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