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1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2
2 RELIGIÃO ................................................................................................... 3
Catequético....................................................................................................... 8
Teológico .......................................................................................................... 9
Ciências da religião......................................................................................... 10
Ecumênico ...................................................................................................... 12
Fenomenológico ............................................................................................. 14
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 RELIGIÃO
Fonte: img1.gratispng.com
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Portanto, para Sanchis (2011), não se trata apenas de uma ideologia, mas de
uma ação direta e influência na relação entre o ser humano e a sociedade. Esse
poder se manifesta por meio do coletivo, onde a religião prevalece e se materializa
por meio de objetos que se tornam sagrados.
Portanto, mesmo em uma sociedade secularizada, apesar de sua pequena
escala agora, a religião ainda consegue construir as relações sociais de tal forma
que “transforma o ‘assim é’ em ‘assim deve ser’, ou em ‘assim não pode ser’”
(OLIVEIRA, 2011, p. 179,180). Ou seja, mesmo que seu impacto não seja percebido
por todos, ainda assim consegue se tornar imprescindível nas relações sociais.
Mas antes de imaginar a religião como único motor do desenvolvimento social
sustentável, é preciso lembrar que ela é legalizada ou racionalizada pela própria
sociedade. São os membros do grupo ou comunidade que tornam a religião
importante. A necessidade contínua de transcendentes que se comunicam com a
natureza reflete a criatividade que os humanos criam para si próprios (e, portanto,
para os outros), os meios para obter respostas ou favores às suas perguntas ou
necessidades. Portanto, Danièle Hervieu-Léger fez considerações importantes
sobre a necessidade de os humanos criarem "deuses":
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Embora a sociedade atual seja secularizada, a intervenção da Igreja como
representante oficial e concreta da religião é mínima, mas na teoria, na prática, ainda
podemos ver alguns traços de santificação social. Em eventos históricos recentes
no Brasil, como a eleição presidencial de 2010, em função das demandas dos
próprios eleitores conservadores, principalmente no que se refere às posições
desses candidatos no pleito, pode-se observar a importância da religião na definição
das propostas dos candidatos. Ou seja, mesmo que o “dossel sagrado” que outrora
utilizava os costumes e as leis de tradição religiosa para proteger a sociedade seja
rompido (TEIXEIRA, 2011), ainda existem alguns vestígios que podem suscitar
discussões e até decidir apoiar a religião.
Como resultado da secularização da sociedade, também houve um
acirramento da competição religiosa, que eliminou a posição de monopólio das
religiões que antes ocupavam a maioria e abriu espaço para o advento de novas
religiões com novas crenças e costumes religiosos. Como resultado, uma nova
"estrutura razoável" foi finalmente estabelecida na sociedade e passou a buscar
respostas principalmente na sociologia do conhecimento. Por sua vez, devido à
“diversificação sistêmica da modernidade” (TEIXEIRA, 2011, p. 236), outro
fenômeno relacionado à pesquisa sociológica, essas estruturas capciosas passam
a sofrer instabilidade.
Fonte: image/png
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A historicidade do Ensino Religioso (ER) no Brasil recente não se constitui
somente por fatos, controvérsias, disputas políticas e religiosas em torno da sua
presença nas redes oficiais de ensino, mas também pelos diferentes modelos
tipológicos de ER –catequético, confessional, interconfessional, fenomenológico etc.
– que almejam conferir uma “cidadania epistemológica” e consolidá-lo enquanto área
do conhecimento (FIGUEIRA, 2012, p. 13).
Muitos autores insistem que o objeto de estudo do Ensino Religioso (ER), é a
leitura e decodificação de símbolos e expressões de crenças religiosas existentes
em diferentes culturas e sociedades. Tal objeto ainda se desdobra em um segundo:
o estudo dos “fenômenos religiosos como patrimônio imaterial do povo brasileiro” é
reconhecido como plural em termos de pertença e prática religiosa (CARNIATO,
2010, Vol. 9, p. 10).
Catequético
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“O catecismo é definido como a educação permanente e sistemática da fé.
Pressupõe que a pessoa (...) ingressou num grupo religioso que faz parte da
comunidade de fé e aí celebra, cresce espiritualmente e participa” (1997, p. 13). O
modelo derivado dessa experiência - o Catecismo - é o "mais antigo" de todos os
modelos e está relacionado ao pano de fundo de "a religião goza de hegemonia na
sociedade", mas é ainda "nas muitas práticas atuais que continuam a apostar nessa
hegemonia. “Sobreviver e usar o método moderno de (...)” (PASSOS, 2007, p. 54).
O ER catequético se baseia na ideia de relegere, a partir do entendimento da
seleção, a fim de formar seguidores e propiciar a formação do cristianismo. Também
reflete a linguagem simbólica da comunidade religiosa, suas próprias características,
razões de existência, conceitos, textos sagrados e doutrinários. Adotada durante os
períodos colonial e imperial, tem um claro caráter penitente e católico, pois a Igreja
e o Estado ainda não são domínios independentes.
Uma vez que não pode ter efeito nas circunstâncias modernas em que a
divisão da Igreja e do Estado se tornou uma realidade, a RE doutrinária só pode
existir por meio de um acordo entre esses dois poderes. Tal acordo visa se adaptar
aos seus valores fundadores de uma forma, mas não “um poder sobre outro poder”
(PASSOS, 2007, p. 59).
O catecismo é mais comum em escolas particulares, mas ainda é amplamente
utilizado por professores de escolas públicas, o que reforça as acusações de que
uniformes de ensino religioso e domesticação se tornaram os braços estendidos da
igreja cristã nas escolas (DANTAS, 2007, P. 58).
Teológico
Ciências da religião
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Para ele, o “modelo interteológico”, também conhecido como “modelo inter-
religioso” e “real”, indica a possibilidade do ER ser tematizado sob o ponto de vista
“das próprias religiões” e “responsabilizado por teólogos, membros das próprias
religiões que conhecem e valorizam sua religião”. Porém, ele mesmo admite que é
impossível implementar essa forma inter-religiosa. Afinal, no Brasil, não há
quantidade e qualidade suficientes para compensar Professor e teólogo de todos os
grupos religiosos do seminário - africanos, aborígines e orientais (BECKER, 2010, p.
291).
Confessional e interconfessional
Ecumênico
Inter-religioso (“pluralista”)
[...] dê-se a ele que nome for, traz consigo riscos de muitas violações de
direitos. Por exemplo, a afirmação frequente nesses casos deque a
divindade “é sempre a mesma”, esconde uma ânsia, ainda que inconsciente,
de submeter o outro a certa visão de fé, que não é necessariamente a dele
(FISCHMANN, 2004).
Fenomenológico
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Teologias: conjunto de afirmações e conhecimentos elaborados pelas
tradições religiosas, seja a respeito das “divindades”,“verdades de fé” ou sobre “vida
além da morte” (ressurreição, reencarnação, ancestralidade ou nada após a morte);
Ritos: celebrações rituais, seus símbolos e espiritualidades;
Ethos: conjunto de valores éticos que orienta a conduta e o comportamento
dos fiéis pertencentes a uma determinada comunidade religiosa.
A complexidade dos fenômenos religiosos revela novas formas de
espiritualidade e laços religiosos cada vez mais pessoais, autônomos e menos
institucionalizados. A hipótese em torno do “transcendental” como dado anterior
“precisa ser relativizada”, porque ignora as necessidades e características atuais das
cenas sociais e religiosas. A complexidade do contexto contemporâneo transcende
normas, símbolos e discursos institucionais, o que não significa que esses aspectos
- menos institucionalizados - não tenham algum impacto na sociedade (DANTAS,
2007).
3.2 Secularização
Fonte: gestaoeducacional.com.br
A expressão “secularização” deriva de “secular” que, por sua vez, tem relação
com o chamado tempo presente, com a realidade terrena. Luchi relatou que, na Idade
Média, a palavra "secular" se opunha ao conceito de religião e
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Portanto, a crença religiosa começou a se manifestar como uma das várias
possibilidades no pensamento e comportamento pessoal. Portanto, a secularização
produziu diferenças em dois campos distintos: objetivamente, no campo social, o
status quo da supremacia religiosa foi quebrado. A religião tem sido um verdadeiro
instrumento de coesão durante séculos e proporciona à sociedade transcendência e
absolutismo. O fundamento da sociedade pode estabilizar a sociedade.
Subjetivamente, a consciência pessoal dos cidadãos que aderem a esse processo
não é mais pautada por dogmas, preceitos e rituais relacionados ao sagrado, mas
pela aceitabilidade e pela ciência.
Casanova (2007) mencionou três possíveis conotações em torno do conceito
de secularização clássica, a saber: o declínio das práticas e crenças religiosas, a
privatização das religiões e a distinção entre as esferas sociais. Max Weber provou
sua visão do papel da religião no processo de racionalização, realizando
experimentos no Ocidente, especialmente na Europa após a Reforma Protestante.
Quanto à primeira conotação, pode-se dizer que a secularização é um forte influxo
de reformas protestantes, o que determina um certo grau de dessantificação,
acompanhado de dúvidas e negações dos cânones religiosos romanos. Utilizando-
se das lições de Berger sobre a comparação entre os âmbitos de relacionamento do
fiel católico e do fiel protestante com o sagrado, pode-se perceber tal influência
reformista:
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Estado, que prejudicou outras instituições religiosas. Ao nível do sistema político,
esta consequência do fenômeno da privatização religiosa pode ser considerada
laicismo nacional.
Atualmente, alguns países reconhecem religiões oficiais, ou seja, são países
arrependidos e mantêm relações institucionais com as religiões, incluindo
contribuições financeiras públicas. É o caso da Igreja Anglicana, que, como
autoridade máxima, constitui o verdadeiro símbolo de unidade, o monarca britânico,
embora o país não tenha deixado de figurar na lista dos países europeus mais laicos.
Nesse sentido, Ranquetat Júnior assume a seguinte posição: “observam-se em
diversos países europeus sociedades altamente secularizadas, como a Inglaterra e a
Dinamarca, onde as práticas, os comportamentos religiosos declinam, mas que,
entretanto, não são estados laicos” (RANQUETAT JÚNIOR, 2007).
A terceira consequência da secularização apontada por Casanova, ou seja, a
distinção entre as esferas sociais, é totalmente válida na experiência ocidental. Até
hoje, em termos de direito, economia, política, arte, educação e outras esferas da
vida social, eles libertaram da autoridade da religião e não mais controlado pelo
sagrado. Antes considerada o núcleo em torno de outras partes da vida social, a
religião perdeu seu poder de persuasão e, na melhor das hipóteses, tornou-se um
dos elementos que ajudam a formar as relações institucionais e a satisfazer as mais
diversas aspirações da humanidade. Portanto, quando o racionalismo e a busca de
respostas científicas e utilitárias têm se tornado cada vez mais a chave para a
solução dos principais problemas humanos, a religião começa a desempenhar um
papel (CASANOVA, 2007).
3.3 Pós-secularização
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que hoje se considera uma manifestação de uma sociedade "pós-secular" é que o
discurso religioso participa cada vez mais das vozes que participam do debate.
Habermas, ao tratar do que considera uma sociedade pós-secular, assim se
pronuncia:
No que diz respeito ao aspecto subjetivo, a prática religiosa dos fiéis, na era
pós-secular, novas experiências religiosas estão em ebulição, e a (re) invenção de
nuances teológicas doutrinárias pode satisfazer as mais diversas aspirações do
mundo de hoje. As tradições antigas foram reexplicadas e reinseridas no contexto
religioso e cultural de hoje, de modo a atender às expectativas contemporâneas
como se fossem produtos forjados em uma economia capitalista em rápida
expansão. Parece haver uma relação cada vez mais interna entre as necessidades
pessoais / de sobrevivência e a provisão do mercado religioso, que pode satisfazer
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tudo, desde as necessidades seculares e extraterrestres até as mais diárias - por
que não falar sobre secular - para segurança, sucesso profissional, prosperidade,
lazer, saúde e até carinho familiar. Como se não bastasse, a possibilidade de
experimentar o êxtase tornou-se um elemento que atrai a multidão, e a experiência
pessoal é valorizada em detrimento da tradição e do dogma. (SOUZA; VIEIRA, 2016).
Nesse sentido, Silveira destaca alguns aspectos do religioso que evidenciam o
contexto pós-secular:
3.4 Laicidade
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É de se dizer, contudo, que essas consequências da laicidade não podem ser
concebidas como algo dado, acabado, mas como algo em construção e em constante
evolução.
A separação orgânica entre o país e as várias igrejas que existem no seu
território é a face mais importante e evidente do laicismo. Na verdade, se não houver
separação orgânica, é impossível falar em secularismo, embora, como vimos, se
possa falar da experiência de países seculares como a Grã-Bretanha e a Dinamarca.
A separação orgânica se traduz em autonomia mútua entre a esfera do estado
político e as associações religiosas. Portanto, as decisões tomadas nessas duas
áreas são independentes e autônomas, não havendo necessidade de se falar em
recursos ou apelações ao tribunal da igreja diante da decisão da jurisdição da
agência, ou mesmo da agência judiciária, para intervir em sua decisão.
Esse é o magistério de Mouffe (2006),
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laicos a religião é considerada um importante fator de integração social e não pode
ser rejeitada por meio de políticas públicas nacionais.
A quinta característica do secularismo é que ele não permite que o Estado
participe da expressão da fé, o que significa a distinção entre os aspectos públicos
e privados das relações sociais e jurídicas estabelecidas. Ao contrário do que
aconteceu durante a monarquia brasileira, o estado não pode patrocinar templos ou
expressões religiosas. Nem pode a disciplina religiosa envolvendo uma única
religião, mesmo que seja opcional, ser incluída no currículo oficial da educação,
porque causará desigualdade odiosa e irracional na formação religiosa de um país
neutro. No entanto, vale ressaltar que isso não exclui a possibilidade de cooperação
entre o país e as diversas igrejas de seu território estabelecido, conforme preconiza
a Constituição Brasileira (art. 19, § 1º), desde que essa cooperação tenha por
objetivo a satisfação do público, interesse, em vez de espalhar os valores e dogmas
de uma tendência religiosa particular.
Os cinco sectários laicidade identificados por Huaco (2008) ajudam a
compreender melhor esse fenômeno e permitem que as pessoas reflitam sobre até
que ponto esse princípio foi implementado no Brasil. Observa-se que devido às
raízes históricas do país, as religiões, principalmente as religiões cristãs e católicas,
ainda são bastante comuns na esfera pública brasileira, impossibilitando a
concretização plena do laicismo.
3.5 Laicismo
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Fonte: resistencia.cc/wp-content
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O homem pós-moderno é retratado por BAUMAN (2009) como possuindo as
características: pluralidade, secularização, racionalidade e imersão no universo. O
pentecostalismo, mais particularmente seus componentes humanos, possuem todas
essas características, exceto o racionalismo. Sendo “O retorno ao sagrado, ao
esotérico, ao demoníaco e o culto ao mal, são fenômenos da pós-modernidade.”
(MELCHIOR, 2009, p. 5). Nesse contexto, o neopentecostalismo se vê em contato
com religiões de outras matrizes. Por se tratar de um conjunto de crenças que tem
como argumento central a dualidade entre o bem e o mal, é muito comum ocorrerem
rituais de exorcismo no qual o sacerdote expulsa o demônio do corpo de um fiel. Na
maior parte das igrejas neopentecostais a entidade é denominada como sendo um
orixá da matriz afrobrasileira (OLIVEIRA e ALVES, 2013; DIAS e ANDRADE, 2011).
Para MORAES (2010), a capacidade de “ressignificação” é o elemento chave para o
sucesso das igrejas neopentecostais no Brasil:
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5 O ENSINO RELIGIOSO E A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
(BNCC)
Fonte: i.ytimg.com
A Base Curricular Comum Nacional (BNCC) fez uma proposta para coordenar
a educação no Brasil. “Tanto no Brasil quanto em diversos países do mundo, o
processo de padronização dos currículos da educação básica está em constante
expansão” (SANTOS; DINIZ-PEREIRA, 2017, p. 282). Essa padronização é de
caráter federal, abrangendo instituições de ensino públicas e privadas, e para que
diferentes aprendizados se consolidem nas diferentes etapas da educação básica.
O BNCC é um documento normativo que define o conjunto de aprendizagem
básica orgânica e progressiva que todos os alunos devem desenvolver em todas as
etapas e modalidades do ensino básico, para que seja garantido o seu direito de
aprender e desenvolver-se de acordo com o previsto no Plano Educação Nacional
(PNE).
O ensino religioso no BNCC não é mais apenas um componente curricular,
mas sim uma área do conhecimento, assim como outras áreas que se consolidaram
no sistema educacional brasileiro (BRASIL, 2017, p. 27). Entre as idas e vindas das
diferentes versões da base, o espaço do ensino religioso é reconhecido na versão
aprovada deste importante documento nacional de educação. Embora faça parte do
currículo do ensino fundamental brasileiro há muitos anos, só recentemente adquiriu
características semelhantes a outros componentes curriculares.
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O Ensino Religioso (ER), como disciplina no currículo escolar, passou nas
últimas três décadas, por processos de ressignificação e reestruturação pedagógica.
Uma complexa rede de relações políticas e interesses de grupos configurou o campo
do ER no sistema de ensino. Essa configuração de forças, todavia, ainda convive no
seio do aparelho estatal, com disputas pela hegemonia de suas crenças e conquistas
de legitimidade e poder (SILVA, 2018, p. 61).
No próprio texto do BNCC, no contexto histórico da educação religiosa,
descreve a natureza de confissão e doutrina da existência e comportamento dos
componentes curriculares que dominaram o campo da educação por muito tempo.
Como sabemos hoje, a educação religiosa é o resultado de grandes investimentos
históricos feitos por instituições gestoras de ensino e instituições que realizam
pesquisas acadêmicas no campo da educação religiosa (WACHHOLZ 2015, p. 19).
A construção histórica da educação religiosa não pode ser realizada da noite para o
dia e precisa de uma reflexão profunda.
Dentro da BNCC o Ensino Religioso passa a ter como objeto de estudo o
conhecimento religioso que, em um primeiro momento, não compactua com
tendências confessionais e catequéticas e permanece como oferta obrigatória para as
instituições de ensino público, sendo facultativo para o corpo discente (Art. 33, da Lei
9394|96). A Base propõe que o Ensino Religioso atinja os seguintes objetivos:
a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e
estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos
educandos;
b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de
crença, no constante propósito de promoção dos Direitos Humanos;
c) Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo
entre perspectivas religiosas e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade
de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal;
d) Contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida
a partir de valores, princípios éticos e da cidadania (BRASIL, 2017, p. 436).
A Base Nacional Comum Curricular estabeleceu dez habilidades gerais que os
alunos precisam cultivar em todo o processo de ensino básico e ensino. Sabemos
que habilidade é uma palavra polissêmica, talvez por isso, o BNCC enfatiza o
significado de habilidade:
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[...] competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos
e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais),
atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do
pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2017, p.8).
[...] na segunda fase, nos anos finais, o ER busca fazer com que o educando
e a educanda reflitam criticamente sobre essas diversas manifestações,
linguagens, etc., justificando a utilização de verbos como analisar,
problematizar, construir, entender e construir (LINZ; CRUZ, 2017, p. 146)
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6 A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL
Fonte: vozdascomunidades.com.br
A intolerância está na raiz das grandes tragédias mundiais. Foi ela que
destruiu as culturas pré - colombianas e promoveu a inquisição e a caça às
bruxas. Foi a intolerância religiosa que levou católicos e protestantes a se
matarem mutuamente na Europa, ou hindus e mulçumanos a fazerem o
mesmo na Índia. Foi à intolerância que levou países a construírem um
sistema de apartheid ou a organizarem campos de concentração. Por trás de
cada manifestação de barbárie, que a humanidade teve a infelicidade de
assistir e testemunhar o que redundou em numerosos massacres e
extermínios esconde-se a intolerância como arquétipo e estrutura fundante.
Pela lei consiste em crime, discriminar ou ofender pessoas por causa da crença
religiosa entre outros motivos. Segundo a constituição, o crime não permite fiança
como também não prescreve, conforme Artigo 5°, incisos XLI e XLII da Constituição
Federal onde afirma que “A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
e liberdades fundamentais.” “A prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei” (BRASIL, 1988). No
entanto, apesar das intervenções supracitadas, as evidências apresentadas
anteriormente mostram que parte da população ainda resiste ao respeitar toda
liberdade de expressão e manifestação de crença.
De acordo com os PCNs:
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educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade
da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” (BRASIL, 1996).
Não obstante, os adeptos de religiões de origem africana são as vítimas que
mais sofrem preconceito no Brasil.
O racismo, que nega por todos os meios a humanidade dos negros, buscou
sempre atingir os valores culturais e civilizatórios dos descendentes de
africanos no Brasil. Tratadas depreciativamente como “curandeirismo” o u
“espiritismos”,as religiões de matrizes africanas foram criminalizadas e
duramente perseguidas em diferentes momentos de nossa história
(COLETÂNEA CERIS, 2007).
Por este ângulo, é possível constatar que o respeito mútuo entre as religiões
ainda está invisível na sociedade, e consequentemente contribuem com situações de
violência em razão das divergências e crença defendida pelo ser humano. Mesmo
com a criação da Lei 11.635/2007 que institui o Dia Nacional de Combate a
Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro percebe-se que essa problemática
ainda não extinguiu no Brasil (BRASIL, 2007).
Perante a lei, “o Brasil é um Estado laico”, aquele que acima de tudo tem um
compromisso de não favorecer, nem prejudicar as formas de práticas religiosas.
Conforme a Constituição de 1988;
Art. 19, Inciso I- É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvenciona-los, embaraçar-lhes
o funcionamento ou manter com eles ou suas representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público (BRASIL, 1988).
Como Estado laico, entende-se um Estado que concede liberdade religiosa aos
seus cidadãos representando uma democracia plena no âmbito religioso. Portanto
como cidadãos, se tem o direito de optar e escolher a religião que aprouver. No
entanto, isso representa um ganho qualitativo substancial se comparado a
Constituição de 1824, onde através da Lei do Padroado o Brasil era um considerado
um Estado Católico e assim oficializava o catolicismo como única religião nas terras
brasileiras. Segundo Costin (2010):
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Portanto, a Constituição de 1988 veio para mostrar ao brasileiro que a religião
não mais se constituía no empecilho para atividades políticas, econômicas entre
outras tantas como outrora. Neste sentido, é importante salientar que as instituições
públicas, na qual há uma representação do povo, necessita tomar cautela para não
exaltar e nem ofender aquilo que é de outra percepção religiosa, ou seja, o Estado
laico não é contra a religião, mais é um Estado que pressupõe uma organização da
máquina pública não submetida a nenhuma crença religiosa (SANTOS; SIMÕES;
SALAROLI, 2017).
Dessa forma, a liberdade de culto baseia-se no conceito que o sujeito acredita
ou cultua ou até mesmo desacredita, constituindo o princípio da liberdade individual.
Nesse caso, quando se tem o ato da intolerância religiosa, se tem a violação dessa
liberdade garantida por lei. No entanto, o princípio da laicidade do Estado consagrado
no artigo 19, inciso I, representa um valor considerado fundamental e importante, pois
visa compreender a liberdade de expressão num Estado democrático onde em
sociedade, os indivíduos lhes permitam toda forma de expressão e manifestação de
crença. Esse valor que envolve o princípio da laicidade está diretamente ligado ao
Ensino Religioso na escola pública, ou seja, quando o Ensino Religioso é ministrado
em bases confessionais ou interconfessionais, crianças e adolescentes são expostos
a visões dogmáticas, ferindo o princípio da laicidade consagrado na constituição
(SANTOS; SIMÕES; SALAROLI, 2017).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs aborda a questão da Pluralidade
Cultural e Orientação Sexual, mencionando o papel que a escola tem a desempenhar
no processo de superação dos preconceitos e combate às atitudes discriminatórias:
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
38
COLETÂNEA CERIS. Direitos humanos no Brasil 2: diagnóstico e perspectivas.
São Paulo: Mauad Editora, 2007, p. 490.
40
MUNDO CRISTÃO. Brasil terá maioria evangélica em 2020, segundo estatísticas.
41
SANTOS, M. S. et al. Religião e demanda: o fenômeno religioso em escolas
públicas. 2016.