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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO JAGUARIBE - UNIJAGUARIBE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

INGRID YOHANNA GRIGÓRIO SILVA


MARIA CLARA DOS SANTOS LIMA
MARIA YASMIN DE SOUSA BERNARDO

RELATÓRIO TEMÁTICO DE ÉTICA: MORAL E HISTÓRIA

ARACATI-CE
2023
INGRID YOHANNA GRIGÓRIO SILVA
MARIA CLARA DOS SANTOS LIMA
MARIA YASMIN DE SOUSA BERNARDO

RELATÓRIO TEMÁTICO DE ÉTICA: MORAL E HISTÓRIA

Trabalho realizado para a disciplina de


Ética em Psicologia, do Curso de
Psicologia, Centro Universitário do Vale
do Jaguaribe (UNIJAGUARIBE).

Profª Drª Mayra Serley

ARACATI-CE
2023

1.Introdução

Mormente, é notório a tendência dos indivíduos em confundir os termos


utilizados na presente pesquisa: Ética e Moral. Nesse sentido, o desconhecimento
de ambos os termos implicam nos conhecimentos diversos, como na política e no
profissionalismo. A ética é a ciência da moral, isto é, de uma esfera do
comportamento humano. Não se deve confundir aqui a teoria com o seu objeto: o
mundo moral. (VÁSQUEZ, 2002, p.13).
Dessa maneira, a pesquisa busca aprofundar-se na história da Moral, a qual
se modifica com o desenvolvimento sócio-histórico das civilizações, muda os seus
princípios e concepções daquilo que é denominado como bom ou mau. Logo, com
as sucessivas mudanças históricas, pode-se abordar sobre a moral da Antiguidade
da Idade Média, da burguesia, dentre outras, já que considera-se a moral como
mutável ao longo do tempo.
Assim, utiliza-se a visão do filósofo Adolfo Sanchéz Vásquez, o qual relata as
mudanças da Moral, citadas no presente texto, e o seu progresso durante o
desenvolvimento da sociedade com máxima propriedade. O autor tem como objetivo
introduzir os seus leitores nos problemas fundamentais da Ética nos dias atuais,
tornando a análise cada vez mais interessante, pois é possível realizar comparações
dos casos citados com a sociedade contemporânea.

É evidente que se comparamos uma sociedade com outra anterior podemos


objetivamente estabelecer uma relação entre as suas morais respectivas e
considerar que uma moral é mais avançada, mais elevada ou mais rica do
que a de outra sociedade. (VÁSQUEZ, 2002, p.39).

Portanto, os apontamos do relatório possuem o objetivo de clarificar as


mudanças históricas da moral e explanar a visão do autor, para só assim, a análise
ser apresentada aos demais estudantes em sala de aula.

2. Desenvolvimento

2.1 Conceito da Moral


Para o importante filósofo mexicano Adolfo Sanchéz Vásquez, a moral é um
conjunto de normas aceitas livre e conscientemente, que regulam o comportamento
individual e social dos homens, a qual recebe o impacto do contexto histórico no seu
desenvolvimento social.
Entretanto, para o filósofo alemão Immanuel Kant, a moral é proveniente do
senso comum e rompe com os conceitos tradicionais da filosofia em relacionar a
moral com algum fator externo à ação, sendo eles: a religiosidade, a felicidade e o
prazer. O próprio indivíduo deve ponderar as suas ações, decidindo se elas são
corretas ou não, desconsiderando o fator histórico. De acordo com Kant (CRÍTICA
DA RAZÃO PRÁTICA, 1987, p.261) “a moral, propriamente dita, não é a doutrina
que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da
felicidade.” Sendo assim, o filósofo se opõe com a ideia da variabilidade histórica da
moral de acordo com Vásquez.
Ademais, o sociólogo Émile Durkheim destaca que a moral é uma construção
social, a qual não é eterna, nem absoluta - proposta abordada por Kant - cuja a
origem é a sociedade, ou seja, cada sociedade é um conjunto de interações e
representações sociais elaboradas histórica e socialmente. Seguindo o raciocínio de
Durkheim:

É a sociedade que institui a moral, pois é ela que a ensina. Mesmo que se
suponha ser possível demonstrar a verdade moral fora do tempo e do
espaço, para que tal verdade moral chegue a se tornar uma realidade, será
preciso que existam sociedades que possam adequar-se a ela, que a
sancionem e que a tornem realidade. (DURKHEIM, 2007, p. 67)

Logo, Vásquez e Durkheim possuem tendências similares na formulação de


suas teorias, dando importância ao fator sócio-histórico, o qual não ocorre o mesmo
com as premissas de Kant, tendo em vista que o filósofo presa pelo uso da razão
nas ações dos indivíduos.

2.2 Caráter Histórico

Ao falarmos sobre moral, logo vem à mente um compilado de regras e


normas impostas a nortear as relações dos indivíduos perante a social dada, o seu
significado, sua função e validade, não podem ser algo ditado como imutável,
podendo variar historicamente nas diferentes sociedades. Portanto, a moral pode ser
considerada um fato histórico, assim também a ética, como ciência da moral, não
podemos esperar o mesmo padrão durante as décadas, tendo em vista que são algo
definitivamente mutáveis, mas a moral é considerada algo histórica porque é um
modo de comportar-se de um ser - o homem - o qual é naturalmente naturalmente
algo histórico, com a sua característica primitiva de estar sempre em uma
metamorfose, adaptando aos meios e ao seu tempo, tanto na existência espiritual
quanto material, incluída nesta a moral.
Este historicismo moral, em campo da reflexão ética, segue em três direções
fundamentais, sendo elas:
1. Deus como origem ou fonte da moral;
2. A natureza como origem ou fonte da moral;
3. O homem como origem e fonte da moral.
Diante dessas concepções, é necessário retificar o caráter histórico da moral
em consequência do próprio caráter histórico-social do homem.
Resumindo, a moral é algo não fixo, podendo sempre se adequar ao tempo
atual da natureza. É o que prova a modificação de alguns princípios e padrões por
outros, de certos valores morais ou de exatas virtudes por outras, a modificação do
conteúdo de uma mesma virtude além do seu tempo e entre outros.

2.3 Origem da Moral

Seguindo a ideia defendida por Adolfo Vásquez, a moral surge quando o


homem atinge sua natureza social, sendo membro de uma coletividade, onde ele
sente que precisa se comportar de certo modo por ter uma consciência de sua
relação com os demais. O trabalho do homem também adquire importância, e o
fortalecimento da coletividade se torna uma necessidade vital para vencer as
dificuldades de sobrevivência. Só assim, uma série de normas não escritas surgem
para benefício social, e assim nasce a moral, para conciliar o comportamento
individual com os interesses coletivos.
A questão do benefício da comunidade é a origem do que modernamente
chamamos de virtudes ou vícios. O conceito de justiça corresponde também ao
mesmo princípio coletivista, seja no sentido de igualdade na distribuição, seja no de
fazer a reparação de um mal causado a um membro da coletividade.

Em contraposto, a moral julgada por Vásquez ainda seria limitada pelo próprio
âmbito de coletividade, pois o indivíduo existiria somente em fusão com a sociedade.
Além do mais, as condições socioeconômicas influenciam na origem da moral
durante os outros períodos sócio-históricos, pois são elas que determinam a
formalidade da passagem da moral.

2.3 Mudanças históricas-sociais e mudanças da Moral

Aborda-se a mudança social como um fenômeno que mobiliza o


desenvolvimento das sociedades, uma vez que, muda as configurações e estruturas
estabelecidas dentro de um meio social. Outrossim, o conceito é visto por diferentes
autores da sociologia. Essa ciência oferece diferentes perspectivas acerca das
formas como as mudanças podem ou deveriam acontecer, assim como acerca dos
fatores ou agentes necessários para motivá-las.
É inegável que tudo muda de forma muito rápida a todo momento. O contexto
histórico social é de suma importância ser analisado quando se trata de evolução,
mudança e sociedade. Com base nisso, o aumento geral da produtividade do
trabalho, bem como o aparecimento de novas forças de trabalho, elevou a produção
material até o ponto de se dispor de uma quantidade de produtos excedentes, o que
gerou a desigualdade de bens.
Sendo assim, houve a divisão da sociedade antiga em duas classes
antagônicas fundamentais e traduziu-se também numa divisão da moral. Esta deixou
de ser um conjunto de normas aceitas conscientemente por toda a sociedade,
existindo duas morais: uma dominante, dos homens livres, e outra, dos escravos.
Portanto, de um lado, cresce a consciência dos interesses da coletividade e, de
outro, surge uma consciência dos interesses da coletividade e, de outro, surge uma
consciência reflexa da própria individualidade. Existe, pois, um progresso moral que
não se verifica, como é visto, à margem das mudanças radicais de caráter social.
Fala-se em progresso com respeito à mudança e à sucessão de formações
econômico-sociais, isto é, sociedades consideradas como totalidades nas quais se
articulam unitariamente estruturas diversas: econômica, social e espiritual.
Toda a história traz a conclusão de que a moral vivida realmente na sociedade
muda historicamente de acordo com as reviravoltas fundamentais que se verificam
no desenvolvimento social.

2.4 Progresso da Moral

Já consideramos que a moral se desenvolve ao decorrer do tempo de acordo


com o momento histórico-social. Dessa forma, é de suma importância sabermos
diferenciar as mais diversas morais já ocorridas para definirmos qual delas mostra-
se mais contemporânea.
Pode-se utilizar como índice de evolução humana quando ocorre um
desenvolvimento das forças produtivas. No entanto, isto não basta, visto que o
homem produz somente em convívio social. Todavia, outro critério de progresso
humano existe no tipo de organização na sociedade e no grau equivalente à
cooperação dos homens na sua práxis social. Existe ainda outro tópico: o da
produção de bens culturais, como no campo da ciência e da arte. Todos esses
tópicos - produção, social e espiritual - são usados simultaneamente para estimar o
sujeito do progresso histórico: o homem em seu convívio social.
Devemos nos atentar para os fatos de que a evolução humana é fruto da
cooperação coletiva voluntária dos homens, e que, também pode se afirmar
conforme os ritmos diferentes dos variados povos. Tiramos apenas duas conclusões
das características do progresso histórico:
1. Ele cria as situações necessárias para o progresso moral;
2. Ele pode implicar de forma negativa ou positiva aos homens da tal sociedade sob
o ponto de vista imposto pela moral.
O primeiro fator para compararmos o progresso moral é o acréscimo da
Esfera Moral na sociedade, o qual acontece quando os indivíduos passam a
influenciar seus atos de formas internas ou de forma íntima e indireta, e só por
normas externas.
O segundo fator é o progresso do caráter consciente e livre do
comportamento dos homens ou grupos sociais, e pelo futuro crescimento da
responsabilidade destes indivíduos ou classes no seu comportamento moral. Assim,
o progresso moral é inseparável do desenvolvimento da livre personalidade.
O terceiro padrão de evolução moral é o grau de articulação e coordenação
dos interesses sociais e pessoais. Em síntese, a moral ocorre quando há uma
harmonia entre os interesses da sociedade e os inteiramente individuais.
O progresso moral também se origina na negação e na reafirmação de alguns
elementos morais prévios: os mais eminentes - tal como a empatia - obtém uma
passagem significativa na história e se mantém no seu decorrer.

3. Referências

SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

KANT, Crítica da Razão Prática. Apud CHAUÍ (org.), Primeira Filosofia. São Paulo:
Editora Brasilienses, 1987 – p. 261.

DURKHEIM, É. O ensino da moral na escola primária. Novos Estudos CEBRAP, São


Paulo: CEBRAP, n. 78,p. 61-75, 2007

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