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A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA FAMÍLIA E ESCOLA NO

ENFRENTAMENTO ÀS PECULIARIDADES DO TOD

THE IMPORTANCE OF FAMILY AND SCHOOL PARTNERSHIP IN FACING

THE TODAY'S SPECIALTIES

Josefa Paula Duarte da Silva1


Fabiola Gracia Azevedo Pereira2
Paula Faustino Neto3

Resumo: O ambiente familiar, primeiro espaço social de que participa a criança


oferece a criança uma bagagem agregada de afetividade, aprendizagem por meio de
observação de comportamentos e atitudes formando sua subjetividade, isso resulta
de um ambiente socialmente estruturado e organizado. No entanto, em um ambiente
desajustado, as vivências desta criança serão bem diferentes do que descrito
anteriormente. O objetivo deste estudo foi analisar e discutir a partir de artigos
publicados sobre o desenvolvimento ou agravamento do Transtorno Opositivo
Desafiador e as influências que os ambientes do qual participa a criança fornece. Os
resultados mostraram que o ambiente social pode desenvolver ou agravar o TOD, em
especial em crianças que apresentem outras comorbidades. O método de abordagem
utilizado foi o sistêmico e o de pesquisa o bibliográfico. Este é um assunto que requer
a continuidade das pesquisas visando o esclarecimento sobre do assunto a todos que
interagem com crianças que possuem este transtorno psicológico.
Palavras-chave: Transtorno Opositivo Desafiador. Ambiente familiar. Vivências.

Abstract: The family environment, the first social space in which the child participates,
offers the child an aggregate baggage of affection, learning through observation of
behaviors and attitudes forming their subjectivity, this results from a socially structured
and organized environment. However, in a maladjusted environment, this child's
experiences will be quite different than previously described. The aim of this study was
to analyze and discuss from published articles about the development or aggravation
of Challenging Oppositional Disorder and the influences that the environments in
which the child participates provides. The results showed that the social environment

1
FABE - Faculdade Bertioga
profpauladuarte.educacao@gmail.com

2
FABE - Faculdade Bertioga
fabiola.gracia@hotmail.com

3
FABE - Faculdade Bertioga
Profpaula-faustino@bol.com.br

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can develop or aggravate TOD, especially in children with other comorbidities. The
approach method used was the systemic one and the research method the
bibliographic one. This is a subject that requires further research to clarify the subject
to all who interact with children who have this psychological disorder.
Keywords: Challenging Oppositional Disorder. Family environment. Experiences.

1 INTRODUÇÃO

O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) é caracterizado por comportamentos


antissociais, padrão global como desobediência, postura desafiadora e hostilidade.
Os primeiros sintomas costumam aparecer aos quatro anos de idade, quando a
criança começa a apresentar dificuldades para seguir regras e reconhecer seus erros,
se ressentindo mais do que o normal quando é contrariada. O presente artigo buscou
abordar os múltiplos fatores que estão diretamente relacionados às peculiaridades e
a progressão natural acerca do Transtorno Opositivo Desafiador, situação em que os
condicionamentos sociais e ambientais, bem como, hábitos pessoais e profissionais
podem contribuir positivamente ou negativamente com esta conduta.
Segundo Kaplam, Sadock e Grebb (2003, p. 996) “os dois transtornos possam
ser variantes evolutivas um do outro, sendo o transtorno de conduta a progressão
natural do Transtorno Opositivo Desafiador com a maturação da criança”. O
transtorno de conduta se caracteriza pela violação grave das regras morais e sociais
como intimidação, agressão, maus tratos a animais, entre outros. Vale ressaltar que,
para ambos os casos um ambiente familiar negativo em que haja pais ausentes,
hostis dentre outros comportamentos inadequados, podem favorecer a ocorrência
destes transtornos.
Crianças com Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH),
Transtorno bipolar e Transtorno do espectro autista associado a um ambiente familiar
desestruturado, desorganizado, permissivo, sem regras bem definidas contribuem
para o desenvolvimento do TOD. Neste sentido, conforme Silva; Loureiro e Marturano
(2011) é importante avaliar o comportamento das crianças buscando identificar as
dificuldades para posterior diagnóstico comportamental para formulação de possíveis
intervenções a elas ou a seus pais e/ou responsáveis. Corroborando com tais

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pesquisas Ferreira; Wiezzel (2005) salientam que o ambiente familiar é o primeiro
núcleo social em que a criança é inserida, assim reflete grande importância na
formação da personalidade. É no seio familiar que a criança inicia seu
desenvolvimento e suas relações interpessoais e, ao longo de toda vida, experimenta
o processo de construção de si mesmo. Quando há uma desorganização familiar, a
criança deixa de vivenciar certos comportamentos e atitudes como boas referências
a serem seguidas, que pode resultar na reprodução de certos comportamentos e
atitudes negativas com a qual convivem.
O objetivo deste estudo é discutir sobre como as influências que o ambiente,
bem como, as interações sociais sobre as crianças contribuem para o
desenvolvimento ou agravamento do Transtorno Opositivo Desafiador.
Em consonância com diversos autores, Teixeira (2014);.traz importantes
contribuições em seu livro O Reizinho da Casa, nele o autor utiliza de uma linguagem
acessiva, sendo este, um “Manual para pais de crianças opositivas, desafiadoras e
desobedientes”, podendo inclusive servir de subsídios teóricos a professores, além
de fomentar as discussões acerca do assunto. Neste sentido, considerando o
conteúdo do material, buscamos investigar o comportamento e meio social que
convivem crianças diagnosticadas com TOD possibilitando ações preventivas e,
quando necessário, intervenções junto à criança e a família visando uma melhor
interação em seu meio social.
O artigo inicia-se com uma da Introdução sobre o tema. Apresenta-se logo após
uma Metodologia de abordagem sistêmica e qualitativa com análise valorativa de
artigos acerca do assunto. Segue depois os Resultados e Discussão com um breve
recorte sobre a educação especial, seu amparo legal previsto na Lei de diretrizes e
bases 9.394/96, além do documento MEC/SECADI o qual considera que o indivíduo
que possui o Transtorno Opositivo Desafiador deve ser trabalhado em uma concepção
inclusiva. O conceito que a literatura traz sobre o Transtorno Opositivo Desafiador e a
ocorrência de outras comorbidades associadas, além dos impactos que um ambiente
socialmente negativo no desenvolvimento ou agravamento deste transtorno
psicológico. A pesquisa realizada com base em artigos publicados sobre Transtorno
Opositivo Desafiador, buscando encontrar subsídios teóricos com relação ao

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desenvolvimento ou agravamento do TOD mediante as influencias do ambiente e das
interações sociais. O procedimento se deu na busca dos artigos observando
publicações no Brasil em português com títulos com o nome do transtorno sem
restrições de datas e leitura interpretativa relacionando as contribuições dos referidos
artigos com os comportamentos apresentados em indivíduos que possuem o
transtorno e aos que associam a outras comorbidades como TDAH, por exemplo. Em
seguida, apresentam-se as Conclusões e Referências.

2 RESULTADOS

O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) é caracterizado por comportamentos


antissociais, padrão global, ou seja, o indivíduo apresenta este comportamento em
vários ambientes, além de desobediência, postura desafiadora e hostilidade, não
aceitam responsabilidades por sua conduta hostil, discutem com frequência com os
adultos, possuem grande resistência em aceitar regras e perdem naturalmente o
controle se as coisas não acontecem da forma como desejam.
Teixeira (2014, p. 18-19), por sua vez, afirma que o TOD consiste em “um
padrão persistente de comportamentos negativistas, hostis, desafiadores e
desobedientes observados nas interações sociais da criança com adultos e figuras
de autoridade”. O autor menciona ainda que o transtorno pode se apresentar também
nos relacionamentos da criança com os colegas, sendo comum na idade escolar.
Pinheiro (2004), corroborando com os demais autores, menciona que o TOD é
um Transtorno disruptivo, com características globais de desafio, desobediência e
hostilidade. Barletta (2011) enfatiza que tais comportamentos são adotados
constantemente contra as pessoas que representam papéis de autoridade sobre o
indivíduo, principalmente, os pais, outros familiares e professores.
Com relação ao comportamento antissocial, Barbieri et al (2013) afirmam que
o termo “antissocial”, em psicopatologia, aglomera geralmente três tipos de distúrbios
que se referem ao TOD, o qual acomete especialmente crianças em idade pré-
escolar. O Transtorno Opositivo Desafiador prejudica principalmente crianças em

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idade escolar e o Transtorno de Personalidade Antissocial manifesta-se
exclusivamente no sujeito adulto.

2.1 TOD e o meio social

A presença de indivíduos com TOD em fase escolar pode levar a muitas


intercorrências dentro da instituição e rebuliços intensos no relacionamento
professor/aluno. Na família, este jovem causará desunião, sensação de desprezo
pelos demais, má adaptação aos conselhos e pouco engajamento para atividades de
interesse coletivo. Não raro, é comum seus portadores evoluírem para quadros
depressivos e/ou transtornos de conduta, tanto a família quanto as escolas muitas
vezes não sabem qual caminho seguir, podendo a demora, resultar em muitas
complicações.
O ambiente familiar é o primeiro núcleo social em que a criança é inserida,
desse modo, a família reflete grande importância na formação da personalidade do
indivíduo. No entanto, algumas famílias não possuem referenciais básicos para
serem seguidos, conforme Ferreira e Wiezzel (2005).
De acordo com Paiano (et al, 2007) a criança interioriza o meio familiar como
seu local primário de socialização e, por este ambiente ser repleto de distintas
emoções, estas podem originar entre os membros familiares, a saúde ou o transtorno
mental.
A falta de afetividade na infância é um dos indicativos mais preocupantes do
comportamento antissocial infantil, as crianças tendem a ser naturalmente
encantadas com seus pais. O acompanhamento e a presença dos progenitores são
valiosos na vida da criança. Já para quem tem transtorno desafiador o fato de ser
contrariada não vem de forma tão natural. É válido salientar que a convivência e o
conhecimento de preferências, gostos, momentos gostosos compartilhados em
família ou com amigos junto à criança são de suma importância para facilitar na
interação com o meio social e aumenta o vínculo afetivo seja ele com a família, ou a
sociedade de maneira geral. Este por sua vez tem o poder de induzir a uma aceitação,

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um engajamento desta criança a cumprir regras e rotinas pré-definidas pelas pessoas
que fazem parte da sua convivência, pois ela tende a se sentir amparada.
O meio onde a criança está inserida, as regras estabelecidas e a forma de
conduzir a situação conflituosa diante da oposição da criança, se tornam importante
no processo de desenvolvimento desse tipo de comportamento. A criança ou
adolescente que apresenta tais comportamentos pode ter um grande prejuízo na vida
escolar, no meio familiar e social, conforme Teixeira (2014).

O transtorno desafiador opositor é muito confundido com


TDAH, ou pelo menos diagnosticado como comorbidade. A
criança com TDAH apresenta comportamentos de
inquietudes, desatenção e impulsividade, excesso de
atividade, dificuldade de se acalmar e reatividade extrema,
são comportamentos comuns, tem dificuldades em seguir as
regras impostas, trazendo prejuízos para ela própria e para
os outros em sua volta. Podem incluir também baixa
tolerância à frustração, irritabilidade ou labilidade de humor.
(DSM-5, p. 61).

Neste sentido, vale ressaltar que no Transtorno do déficit de atenção e


hiperatividade (TDAH) a criança não obedece às regras por não conseguir manter
sua concentração, pois para isso é exigido um esforço mental prolongado, além do
esquecimento do que foi orientado ou pedido, ou impulsividade. No entanto,
indivíduos que possuem o TOD resistem às tarefas por não se conformar com as
exigências dos outros, tendem a enfrentar e questionar os adultos ou figuras de
autoridade que tentam colocar regras e estabelecer limites para com eles. A
característica que mais se assemelha nos dois transtornos é a oscilação de humor
constante, podendo levá-los a se tornarem agressivos diante desta oscilação,
conforme Teixeira (2014).

2.2 Diagnóstico

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O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) apresenta comportamentos
opositores leves, moderados e graves comportamentos esses que ocorrem com
frequência em grande parte das crianças e adolescentes. O diagnóstico deste
transtorno é um processo trabalhoso dada a grande variabilidade sintomatológica que
apresenta. Segundo DSM-5 (2017, p 462) encontra-se um critério geral (critério A)
interligado a outros oito critérios para diagnosticar o TOD. Eles são especificados a
seguir:

A. Um padrão de humor raivoso/irritável, de


comportamento questionador/desafiante ou de índole
vingativa, com duração de pelo menos seis meses, como
evidenciado por pelo menos quatro sintomas de qualquer das
categorias seguintes e exibido na interação com pelo menos
um indivíduo que não seja um irmão.
Humor Raivoso/ Irritável
1. Com frequência perde a calma.
2. Com frequência é sensível ou facilmente
incomodado.
3. Com frequência é raivoso e ressentido.
Comportamento Questionador/Desafiante
4. Frequentemente questiona figuras de autoridade ou,
no caso de crianças e adolescentes, adultos.
5. Frequentemente desafia acintosamente ou se
recusa a obedecer a regras ou a pedidos de figura de
autoridade.
6. Frequentemente incomoda deliberadamente outras
pessoas.
7. Frequentemente culpa outros por seus erros ou mau
comportamento. Índole Vingativa
8. Foi malvado ou vingativo pelo menos duas vezes
nos últimos seis meses.
B. A perturbação no comportamento está associada a
sofrimento para o indivíduo ou para os outros em seu
contexto social imediato, ou causa impactos negativos no
funcionamento social, educacional e profissional ou em
outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. Os comportamentos não ocorrem exclusivamente
durante o curso de um transtorno psicótico ou de transtorno
de humor.
D. Não são satisfeitos os critérios para transtorno da
conduta e, se o indivíduo tem 18 anos ou mais, não são
satisfeitos os critérios para transtorno da personalidade
antissocial.

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Com base nos nestes critérios, o DSM-5 pontua o grau de gravidade, na
condição leve quando os sintomas são observados apenas em um ambiente como
escola, trabalho ou no convívio social, moderado quando os sintomas são observados
em dois ambientes, o Transtorno Opositivo Desafiador é considerado grave quando
os sintomas estão presentes em três ou mais ambientes É importante ressaltar que,
a duração, a intensidade e a frequência desses comportamentos desajustados
precisam ser analisados criteriosamente.
No que concerne o diagnóstico do TDO, o CID10 estabelece que:

Para que um diagnóstico positivo possa ser feito, o


transtorno deve responder aos critérios gerais citados em
F91. - mesmo a ocorrência de travessuras ou de
desobediências não justifica, por si só, este diagnóstico. Esta
categoria deve ser utilizada com prudência, em particular nas
crianças com mais idade, dado que os transtornos de
conduta que apresentam uma significação clínica se
acompanham habitualmente de comportamentos dissociais
ou agressivos que ultrapassam o Psicologia.

De modo equivalente, Teixeira (2004) salienta a necessidade de se considerar


o fato do TOD ser muito mais do que o agir de uma maneira desafiadora ou acatar
um comportamento de birra o que se observa na criança, uma vez que o
comportamento opositivo comumente temporário faz parte do desenvolvimento da
personalidade. Nesse sentido o autor afirma que é necessário que as pessoas que
interajam diretamente com a criança saibam “diferenciar o comportamento de
oposição normal vivenciado pela criança em seu desenvolvimento conforme adquire
autonomia de os de um quadro de transtorno comportamental”.

3 DISCUSSÃO

Os conteúdos abordados no presente artigo estão diretamente relacionados


às peculiaridades acerca do Transtorno Opositivo Desafiador, situação onde os

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condicionamentos sociais, ambientais e hábitos pessoais e profissionais podem
contribuir positivamente ou negativamente com esta conduta.
O atendimento às crianças que apresentam necessidades educacionais
especiais requer por parte todos os envolvidos, sistemas de ensino, sistemas de
saúde, por meio de equipes multidisciplinares e famílias, um complexo e articulado
contínuo de informações que possam melhorar o processo de ensino e aprendizagem
dessa criança.
Ressalta-se que, nem todo educando que apresenta necessidades
educacionais especiais é atendido pela educação especial. De acordo com Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, a educação especial é uma
modalidade de ensino destinada a educandos com de necessidades educativas
especiais no campo da aprendizagem, originadas quer de deficiência física, sensorial,
mental ou múltipla, quer de características como altas habilidades, superdotação ou
talentos.
Sendo assim, muitos educandos, segundo a LDB, estão impossibilitados de
serem atendidos pelos especialistas em Atendimento Educacional Especializado
(AEE). Neste contexto, os educandos que apresentam Transtorno Opositivo
Desafiador, não fazem parte do grupo atendido pela Educação Especial, no entanto,
são indivíduos que necessitam de um olhar diferenciado por parte dos educadores e
de todos os indivíduos que fazem parte do processo educacional e de toda sociedade,
pois, ainda de acordo com a LDB, a educação, é dever da família e do Estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. Ainda referenciando a LDB, a garantia
de padrão de qualidade a todo e qualquer indivíduo, requer por parte dos educadores,
metodologias diferenciadas para atender a diversidade que se apresenta dentro de
uma sala de aula.
E neste sentido o documento Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) reforça que, a educação inclusiva constitui
um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que
conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação

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à ideia de equidade formal. O referido documento enfatiza o que já foi pontuado por
outros documentos, no que tange o respeito à diversidade.
De acordo com o Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais
(2014) o Transtorno Opositivo Desafiador é definido como, um padrão de humor
raivoso/irritável, de comportamento questionador/desafiante ou índole vingativa com
duração de pelo menos seis meses. Neste contexto, de acordo com o referido
documento, existe um período mínimo de observação desses comportamentos
desajustados.
Ainda de acordo com o Manual, os primeiros sintomas do Transtorno Opositivo
Desafiador surgem durante os anos de pré-escola e, raramente, mais tarde, após o
início da adolescência.
No cotidiano escolar este transtorno é frequentemente conhecido como
Transtorno Opositivo Desafiador, e requer de todos os atores envolvidos no processo
de ensino e aprendizagem desse indivíduo extrema cautela, para que as ações
tomadas para amenizar essas características possam reforçar comportamentos
adequados.
Vale ressaltar que, na maioria dos casos, as famílias também precisam de
muita orientação, pois, apresentam dificuldade em lidar com comportamentos tão
hostis e desafiadores.
Sendo a família o primeiro núcleo social no qual a criança está inserida, ela
pode ser considerada a base do desenvolvimento humano. É a partir desta interação
que a criança estabelece vínculos afetivos que irão contribuir no desenvolvimento da
sua personalidade. Entretanto a falta de estrutura familiar pode desencadear
inúmeras desordens infantis e o Transtorno Opositivo Desafiador está entre eles. Pais
usuários de drogas, falta de regras e limites, violência familiar, pais ausentes ou
negligentes podem favorecer o aparecimento do TOD.

A terapia pode auxiliar nas mudanças comportamentais presentes no meio


familiar com ações de regência educacional, ou seja, a terapia auxilia os envolvidos
orientando-lhes e esclarecendo o motivo de comandos solicitados, ter paciência e

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afeto ao falar, dar bons exemplos, dialogar com a criança, praticar a escuta ativa entre
outros.
Neste sentido, quando os pais e/ou responsáveis e a família de modo geral,
reconhecem e entendem a necessidade da orientação para um melhor
ajustamento/manejo comportamental, possivelmente poderá auxiliá-los para melhor
lidar com a situação.
A dinâmica da sociedade atual conduz pais, educadores, profissionais da
saúde e de outras áreas, por caminhos tortuosos, no que tange o atendimento
adequado às crianças com TOD, uma vez que requer de todos esses atores um olhar
holístico, acerca de todas essas características.
De acordo com Teixeira:

As intervenções preventivas para crianças em idade


escolar se baseiam em programas psicoeducacionais para
pais com estratégias de controle comportamental,
treinamento em habilidades sociais, resoluções de conflitos e
técnicas de controle da raiva. Para prevenção em
adolescentes, os programas psicoeducacionais devem se
basear em intervenções cognitivas, treinamento em
habilidades sociais, orientação vocacional e reforço escolar
para aqueles que estiverem apresentando dificuldades
acadêmicas. (TEIXEIRA, 2014, p.54).

Sabe-se que um dos problemas recorrentes no cotidiano escolar, é a omissão


de algumas famílias, no que concerne, as suas responsabilidades no processo de
educacional, o que por si só, compromete o fazer pedagógico e consequentemente o
desenvolvimento da criança, e quando essa criança apresenta uma limitação, tanto a
escola quanto a família precisam andar juntas, criando mecanismos e estratégias
para melhorar o desenvolvimento dessa criança.
Ressalta-se que não é adequado apontar uma única causa para o Transtorno
Opositivo Desafiador. Segundo Teixeira (2014) as causas do TOD são complexas e
multifatoriais, pesquisas cientificas apontam que existem diversos fatores de riscos
que estão relacionados a manifestação do transtorno, o seu avanço está relacionado
com uma gama de fatores de risco. Neste contexto, todos esses possíveis fatores

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estão intimamente ligados com questões ambientais, sociais, psicológicas e
biológicas. Para tanto, há necessidade de um diagnóstico preciso, realizado
preferencialmente por uma equipe multidisciplinar, pois, o indivíduo com TOD pode
apresentar comportamentos desajustados em todos ambientes. No entanto, é na
escola e na família que melhor se observa esses comportamentos.

3.1 NA FAMÍLIA

A família é o primeiro núcleo social do qual a criança faz parte, portanto, é no


seio familiar que a criança manifesta as primeiras características do TOD, e nem
sempre essas famílias apresentam estruturas psicológicas e culturais, ou ambientes
favoráveis que permitam o desenvolvimento adequado das crianças com este
transtorno.
Neste contexto, é importante ressaltar que, na maioria dos casos, as famílias
também precisam de muita orientação, pois, apresentam dificuldade em lidar com
estas características e por vezes a falta de conhecimento sobre o assunto pode
fragilizar o atendimento às crianças com TOD, prejudicando assim, o seu
desenvolvimento

3.2 NA ESCOLA

Nos últimos anos, por orientação de leis, decretos e diversos documentos


norteadores, a escola, de maneira geral, precisou se adequar para melhor atender a
sua clientela, e os professores, consequentemente precisam participar ativamente
dessa mudança. As estratégias utilizadas no atendimento a criança com TOD, requer
por parte dos docentes algumas adequações, pois em alguns casos, esses
professores não serão orientados pelas equipes de Atendimento Educacional
Especializado. Na maioria dos casos, as crianças que apresentam o TOD, trazem
consigo, dificuldades de aprendizagem, baixa autoestima, problemas de socialização

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e outros fatores que podem contribuir significativamente para o agravamento do
transtorno.
De acordo com Teixeira:

fatores biológicos relacionados com características da


própria criança, como temperamento, negativismo, baixa
capacidade de adaptação a mudanças, déficits
neuropsicológicos, dificuldades de linguagem, memória,
planejamento, organização, disciplina, atenção e julgamento,
também influenciariam no desenvolvimento do transtorno.
Dificuldades acadêmicas, transtornos de aprendizagem,
déficit intelectual, transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade, transtornos do humor, lesões
neurológicas, todas essas características estariam ligadas ao
surgimento do transtorno desafiador opositivo (TEIXEIRA,
2014, p.38).

Há algumas atitudes e posturas que podem ajudar aos pais a melhorarem o


ambiente do seu lar e contribuindo assim para que o TOD não se desencadeie com
tanta intensidade.
Segundo Teixeira (2014):

1) Tenha um ambiente saudável; 2) Estabeleça regras


e limites; 3) Faça pedidos claros e objetivos; 4) Pai e mãe
devem falar a mesma língua; 5) Seja um exemplo positivo e
pacifico para o seu filho; 6) Seja amigo de seu filho; 7)
Fortaleça a autoestima de seu filho; 8) Esteja atento às
mudanças da adolescência; 9) Esteja atento à saúde mental
de seu filho; 10) Ensine sobre as pressões da juventude; 11)
Estimule as práticas de esporte; 12) Comunica-se com a
escola (TEIXEIRA, 2014, p. 85-93).

Cada atitude que descrita por Teixeira (2014), reforça a teoria do quanto é
importante o ambiente no qual a criança está inserida, bem como, as relações que ali
se estabelecem.

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CONCLUSÕES

Com o objetivo de realizar uma análise de diversas publicações sobre o


Transtorno Opositivo Desafiador descrito no CID 10 - F.91.3 (Classificação
Internacional de Doenças), resultando na discussão sobre como as influências que o
ambiente, bem como, as interações sociais com as crianças contribui para o
desenvolvimento ou agravamento do TOD. Diversos autores afirmam que um
ambiente familiar negativo, em que haja uma desestruturação familiar, que seja
desorganizado, permissivo, sem regras bem definidas pode vir a desencadear os
comportamentos desajustados tais como descrevem Teixeira (2014), Pinheiro (2004),
Barletta (2011), no qual a criança age de modo desobediente, mantendo uma postura
desafiadora, sendo hostil e não aceitando responsabilidades por esta conduta,
discutindo com frequência com os adultos, apresentando resistência em aceitar
regras e perdendo naturalmente o controle se as coisas não acontecem da forma
como desejam.
Tal situação se agrava se houver um ambiente negativo associado a outras
comorbidades, como por exemplo o TDAH, pois a partir deste contexto a criança
poderá desenvolver o Transtorno Opositivo Desafiador.
Vale ressaltar que o comportamento apresentado por crianças com este
transtorno, o apresentam em todos os ambientes que frequentam, inclusive na
escola. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB
9394/96), é dever da família e do Estado, o pleno desenvolvimento do educando, com
a garantia de padrão de qualidade a todo e qualquer indivíduo, requer por parte dos
educadores, metodologias diferenciadas para atender a diversidade que se apresenta
dentro de uma sala de aula. No entanto, embora necessite de um olhar diferenciado
por parte dos educadores e de todos os indivíduos que fazem parte do processo
educacional, o aluno com o TOD não faz parte do grupo de atendimento Educacional
Especializado (AEE).
Dessa forma, é fundamental a parceria entre a família e escola no
enfrentamento às peculiaridades do TOD, além da possibilidade de orientação e
terapia sempre que necessário.

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Por meio das análises realizadas pode-se concluir que uma dinâmica familiar
saudável tem como um de seus pressupostos que este ambiente seja acolhedor,
afetuoso, que valorize e respeite cada etapa do desenvolvimento da criança, além de
considerar o estabelecimento de regras claras e objetivas que auxiliarão a criança a
conviver e se relacionar socialmente, associado as terapias as quais todos
participariam, a criança com o TOD e os pais e/ou responsáveis, que quando
necessário, possibilitará ações preventivas e intervenções junto à criança e a família
resultando em uma melhor interação em seu meio social.
Sugere-se continuidade da pesquisa a fim de obter um estudo mais amplo
sobre as influências para o desenvolvimento ou agravamento do TOD.

REFERÊNCIA

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TRANSTORNO DESAFIADOR DE OPOSIÇÃO E SUAS COMORBIDADES: UM
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