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DOI: 10.1590/1413-81232021262.

40762020 435

A experiência contada pela criança que vive em abrigo

artigo article
por meio do brinquedo terapêutico

The experience told by the child who lives in a shelter


through therapeutic play

Fabiane de Amorim Almeida (https://orcid.org/0000-0002-8062-3579) 1


Deborah Ferreira Souza (https://orcid.org/0000-0002-9399-2058) 1
Carolline Billett Miranda (https://orcid.org/0000-0002-6467-2944) 1

Abstract Objective: To understand the meaning Resumo O objetivo deste artigo é compreender o
of the experiences of children living in a shelter significado da experiência vivenciada por crianças
through therapeutic play. Method: Descriptive, institucionalizadas em abrigo, por meio do brin-
qualitative study, carried out in a non-govern- quedo terapêutico. Estudo descritivo, de aborda-
mental philanthropic shelter located in the city of gem qualitativa, realizada em uma instituição de
Santos (SP) - Brazil. The sample was composed of abrigo não governamental, filantrópica, situada
five children between four and 11 years old, who no município de Santos, São Paulo, Brasil. Para a
agreed to participate in the study and were also amostra, selecionaram-se cinco crianças de quatro
authorized by their legal guardian. Observation a 11 anos de idade, que concordaram em partici-
during a dramatic therapeutic play session was par da pesquisa, com autorização do seu respon-
the strategy used for data collection. Data were sável legal. A observação durante uma sessão de
analyzed using Bardin’s content analysis techni- brinquedo terapêutico dramático foi a estratégia
que. Results: Six categories emerged from the data, usada para a coleta dos dados, que foram anali-
highlighting aspects of the child’s daily life in the sados por meio da técnica de análise de conteúdo
shelter and at school, as well as the nostalgia for de Bardin. Seis categorias emergiram dos dados,
family and the way they deal with fear in the shel- evidenciando aspectos do cotidiano da criança no
ter. It is also worth mentioning the constant at- abrigo e na escola, bem como a falta que sente de
tempt to obtain the approval of the adult and the sua família e a maneira como lida com o medo
contentment experience while playing with this no abrigo. Ressalta-se, ainda, a tentativa constan-
adult. Final considerations: The therapeutic play te de obter a aprovação do adulto e o prazer que
allowed the children to reflect on their experiences sente em brincar com ele. O brinquedo terapêutico
and have moments of catharsis. For the adult, it possibilitou à criança refletir sobre suas vivências,
was possible to understand how it is to live in a além de momentos de catarse. Para o adulto, foi
shelter and the challenges faced by the children in possível compreender como é para ela viver em um
this context. abrigo e os desafios que tem que enfrentar neste
Key words Orphanages, Play and playthings, contexto.
1
Faculdade Israelita de Child, Pediatric nursing Palavras-chave Orfanato, Jogos e brinquedos,
Ciências da Saúde Albert
Einstein. Av. Professor Criança, Enfermagem pediátrica
Francisco Morato 4293, Vila
Sônia. 05521-200. São Paulo
SP Brasil.
fabiane.almeida@einstein.br
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Almeida FA et al.

Introdução para aliviar tensões e ansiedades causadas pela vi-


vência de situações incomuns à criança5.
O desenvolvimento infantil é fortemente influen- Identificam-se três modalidades de BT: dra-
ciado pelos aspectos social, cognitivo e afetivo, mático ou catártico, que permite à criança re-
que devem estar em equilíbrio para que a criança viver na brincadeira uma situação estressante,
se desenvolva1. Assim, a família desempenha pa- expressando o que sente e pensa e aliviando sua
pel fundamental neste processo de desenvolvi- tensão; instrucional, utilizado quando é preciso
mento, alicerçando a formação de pessoas adul- explicar para a criança sobre uma situação ou
tas com boa autoestima, preparadas para assumir procedimento a ser realizado; e capacitador de
responsabilidades e enfrentar desafios2. funções, que auxilia a criança a desenvolver e
Algumas crianças, contudo, não têm opor- fortalecer suas potencialidades no uso de funções
tunidade de usufruir de um sistema familiar es- fisiológicas de acordo com sua condição5.
truturado e, por diversos fatores, são obrigadas a O uso do BT é amplamente divulgado na li-
viver em abrigos ou lares substitutos. A história teratura, em diferentes contextos, com destaque
familiar de violência doméstica e dependência para situações relacionadas à saúde, doença e
química dos genitores, abandono ou morte dos hospitalização6-14, contemplando, também, seu
pais, vivência nas ruas e pobreza são algumas das emprego com crianças que vivem em abrigos15.
situações que levam crianças a serem encaminha- Assim, este estudo propõe-se a compreen-
das para instituições de apoio que, na maioria der o significado da experiência vivenciada por
dos casos, não ocorrem de maneira isolada3,4. crianças institucionalizadas em abrigo, por meio
Entretanto, mesmo com o intento de pro- do brinquedo terapêutico.
teger e resguardar a integridade dos direitos in-
fantis, a institucionalização interfere de manei-
ra significativa na trajetória de vida da criança, Método
comprometendo sua capacidade de se relacionar,
sua organização interna e de estabelecer vínculos Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem
socioafetivos1. qualitativa, desenvolvido em uma instituição de
A experiência de uma das autoras deste es- abrigo não governamental com característica fi-
tudo como colaboradora em uma instituição de lantrópica, situada no município de Santos (SP),
abrigo, participando de campanhas de visitas e Brasil, que por ocasião da realização da pesquisa,
adoções, motivou-a a conhecer mais a respeito da atendia aproximadamente 15 crianças, de zero a
experiência de crianças abrigadas. Surgiram, en- 18 anos.
tão, os seguintes questionamentos: Como é para Esta instituição recebe crianças e adolescentes
a criança viver em um abrigo? Como se estabele- encaminhados pelo Juiz da Infância e da Juventu-
ce a convivência com as outras crianças e com os de, sendo que aí permanecem até serem adotadas
profissionais da equipe? Quais são seus sonhos e ou retornarem ao lar de origem, seguindo sempre
expectativas? determinação judicial.
Buscando compreender o significado da ex- A amostra, selecionada intencionalmente, foi
periência vivida por estas crianças, as autoras constituída por três meninas e dois meninos, de
realizaram esta pesquisa no sentido de investigar quatro a 11 anos de idade, que concordaram em
como elas percebem a situação de abrigamento e colaborar com a pesquisa, sendo que os respon-
quais os seus sentimentos neste contexto de vida. sáveis legais autorizaram as respectivas participa-
Para alcançar este intento, torna-se necessá- ções no estudo. Esta faixa etária é a que mais se be-
rio o uso de estratégias que favoreçam a comu- neficia do brinquedo terapêutico, especialmente
nicação com a criança, uma vez que, até a fase no período pré-escolar, de três a cinco anos, quan-
escolar, ela tem dificuldade de expressar verbal- do se evidencia o auge da brincadeira simbólica16.
mente seus sentimentos. Dessa forma, o brinque- Por se tratar de um estudo qualitativo, o nú-
do, especialmente o brinquedo terapêutico (BT), mero de participantes foi definido no decorrer da
mostra-se efetivo na tarefa de auxiliar a criança coleta de dados. Segundo a literatura, a inclusão
a expressar o que sente e pensa sobre a situação de novos participantes em uma pesquisa deve ser
vivenciada por ela5. encerrada quando os dados foram suficientes para
Conceituado como um tipo de brincadeira a compreensão do fenômeno ou situação estuda-
estruturada, conduzido por um profissional ca- da17.
pacitado, o BT é uma técnica que se fundamenta Para que o leitor conheça um pouco mais das
nos princípios da ludoterapia, sendo empregado crianças do estudo, será apresentado, a seguir,
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uma breve descrição das principais característi- A coleta de dados realizou-se durante uma
cas de cada uma delas. sessão de BT dramático, que inicialmente, se-
Cinderela tem dez anos, mora no abrigo com riam conduzidas individualmente. Entretanto,
três irmãos, dois meninos e uma menina, com 12, algumas crianças cujos irmãos se encontravam
14 e 17 anos. O irmão, de 17 anos, voltou para na mesma instituição resistiram em brincar sozi-
casa dos pais por ordem do juizado e os outros nhas com a pesquisadora, concordando em par-
dois permanecem no mesmo abrigo. Encami- ticipar da brincadeira junto com o irmão/irmã.
nhada três vezes para esta instituição, da última Registrou-se, em um diário de campo, as ob-
vez, retornou após os vizinhos presenciarem servações ocorridas antes e após a sessão de BT, a
brigas entre seus pais. Sua mãe foi internada em fim de auxiliarem na análise posterior dos dados.
uma clínica de reabilitação, devido ao uso cons- O material utilizado nas sessões de BT incluiu:
tante de drogas. É comunicativa e bastante ativa, bonecos para representar familiares, profissionais
no entanto tem dificuldades para ler e escrever, e outras crianças do abrigo; objetos do cotidiano
havendo suspeita de transtorno de déficit de da casa e do abrigo, como telefones, panelas, co-
atenção com hiperatividade (TDAH). mida, banheira; massinha de modelar, jogos de
Mulher Maravilha tem 11 anos, foi transferi- montar, lápis e papel para desenho5,19.
da de outro abrigo, onde viveu desde os quatro A sessão de BT durou 30 minutos em média,
anos de idade junto com a irmã de 13 anos. Está variando de 15 a 45 minutos, como recomenda
na nova instituição por ordem judicial. É uma a literatura5,19, sendo registrada em vídeo para
menina tímida, fala baixo e pouco comunicativa. possibilitar a transcrição das observações na ín-
Hulk tem quatro anos e vivia em situação de tegra. Foi conduzida pela primeira pesquisadora,
rua com seus pais e três irmãos, com dois, sete que permaneceu algum tempo interagindo com
e dez anos. Passou a morar na instituição após as crianças, antes de iniciar a brincadeira, a fim
ser encaminhado pelo juiz da vara da infância e de estabelecer vínculo de confiança com elas. A
juventude. É um menino muito alegre, gosta de criança era convidada a brincar com a seguinte
brincar, porém tem dificuldades em obedecer a pergunta: “Vamos brincar de uma criança que
ordens, mostrando-se agressivo. mora em abrigo”?
Princesa Elsa tem seis anos, morava em uma Os brinquedos foram oferecidos em uma
casa de apoio que abriga famílias carentes que sacola à criança, após ser explicado que ela po-
não tem condições de estabelecer uma moradia. deria brincar como desejasse e que seria avisada
Foi trazida ao abrigo pela assistente social, pois a um tempo antes de terminar a sessão. Todas as
mãe dela estava prestes a dar à luz um outro filho. crianças encerraram a brincadeira antes do tem-
É uma menina amável, carinhosa, tímida e muito po máximo previsto.
apegada à mãe e ao irmão. Durante a sessão de Os dados foram analisados por meio da téc-
BT, preocupava-se a todo o momento, com a au- nica de análise de conteúdo de Bardin, que se ca-
sência do irmão na brincadeira. racteriza por um conjunto de estratégias de aná-
Homem Aranha tem oito anos, é irmão da lise de comunicação, utilizadas para identificar o
Princesa Elsa e veio com ela para o abrigo. É um que é dito acerca de um determinado tema, por
menino muito alegre, carinhoso, extrovertido e meio de procedimentos sistemáticos e objetivos20.
adora brincar, porém tem dificuldades para se Realizou-se, primeiramente, uma leitura
concentrar e dividir os brinquedos com as crian- mais abrangente das transcrições das sessões de
ças. BT, buscando obter uma percepção inicial do
Os dados foram coletados em 2017, após a conteúdo. Leituras sucessivas foram feitas em se-
aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em guida, buscando destacar as frases significativas,
Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein e que foram destacadas no texto20.
autorização do responsável pela instituição onde Cada trecho selecionado recebeu um código
foi realizada a coleta. na etapa de categorização. Estes trechos foram
Foi obtido o assentimento das crianças para a agrupados inicialmente pelas diferenças temáti-
participação da pesquisa, utilizando-se o Termo cas que emergiram e, posteriormente, por simi-
de Assentimento do Menor, elaborado conforme laridade de conteúdo. Elaborou-se, então, a sín-
a capacidade de compreensão da criança, como tese dos discursos, a partir da aproximação dos
preconiza a Resolução 466, de 2012, do Conselho pressupostos teóricos aos dados empíricos da
Nacional de Saúde18. realidade20.
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Resultados saídas da instituição para visitar seus familiares


ou para ficar na casa de outras famílias durante o
Seis categorias emergiram da análise dos dados, período de férias.
que serão apresentadas em seguida, acompanha- C: Hoje, a tia me levou para eu visitar minha
das de trechos da transcrição das sessões de BT. mãe! C: Eu já estou de férias e nós, aqui do abrigo,
Destaca-se que a letra “C” identifica as verbaliza- saímos pra casa de alguém [famílias voluntárias].
ções da criança e a letra “P”, as da pesquisadora. Eu gosto muito de sair [...]. Eu morei aqui já duas
vezes. P: Sério? C: Sim... mas aquela vizinha que
Refletindo sobre o seu cotidiano no abrigo mora do lado da minha casa, que fez eu vim pra cá.
P: Como ela fez isso? C: Ela viu meu pai e minha
As crianças dramatizaram várias situações mãe brigando, aí ligou para a tia daqui [do abri-
relacionadas ao seu dia-a-dia no abrigo, como o go] e ela foi me buscar... eu e meus irmãos – disse
preparo das refeições, os cuidados com a higiene enquanto jogava com força a panelinha no chão
e a aparência e o momento de dormir. [...]. C: Eu tenho muita raiva daquela vizinha, mas
Pegou a massinha e colocou dentro da panela, meus pais brigavam muito e eu não gostava. (Cin-
começou a dar comida na boca da sua boneca. C: derela)
Nhac, nhac – imitou o som com a boca, simulan-
do que a boneca estava comendo. C: Tia ela gosta Dramatizando a rotina da escola
bastante dessa comida que eu fiz...A sua [boneca] na brincadeira
também quer. Dá pra ela – falou, enquanto ofe-
recia comida para as outras bonecas. (Cindere- O momento da ida para a escola pareceu ser
la) C: Tia, que é isso aqui, hein? – perguntou-me, um evento prazeroso, segundo a dramatização
ao pegar a bucha de banho. P: É uma bucha para apresentada por algumas crianças na brincadeira.
dar banho nas bonecas. C: Nem parece uma bucha C: Estou levando um monte de carrinhos pra
– disse ao colocar a bucha dentro da banheira. C: passear – disse cantarolando, enquanto arrastava
Elas vão tomar banho. (Princesa Elsa) o caminhão para o outro lado da sala. C: Agora eu
C: Este vai ser o monstro que vai ficar de está- sou o tio da perua... Estou levando meus carrinhos
tua, cuidando do quarto das barbies – disse ao pe- para a escola [...]. Subiu em cima de uma motoca,
gar um dinossauro de plástico. C: Não gosto nada, colocou os carrinhos na cesta e carregou consigo.
nada de bagunça – disse enquanto arrumava os C: Agora eu sou o tio da perua. (Hulk)
brinquedos, C: Ninguém consegue brincar com ba- Uma delas comparava sua atual escola, que
gunça. (Mulher Maravilha) era pública, com a escola particular, que havia
C: Eu preciso de muita coisa pra colocar aqui frequentado anteriormente, graças à uma bolsa
[no fogãozinho] pra ficar cheio de comida… Igual de estudos.
o armário aqui do abrigo – falou, enquanto mexia Virou para o lado e pegou várias bonecas.
no fogãozinho. (Homem Aranha) C: Elas vão para a escola, mas falta cadeiras. [...]
Algumas crianças disseram, durante a brinca- Explorou os brinquedos e pegou uma caixa com
deira, que gostavam do abrigo. Uma delas verbali- peças para montar... C: Agora sim, vou fazer ca-
zou, inclusive, que preferia viver nesta instituição, deiras... para ser a escola, tá? – verbalizava en-
uma vez que viera de outro abrigo. Outra criança, quanto manuseava as peças de montar. Sentou a
contudo, permaneceu calada quando a pesquisa- boneca na cadeira feita com as peças de montar
dora perguntou-lhe se gostava do abrigo. e continuou montando outras cadeiras de cores
C: Eu vim de outro abrigo com minha irmã. diferentes. C: Tia, as escolas particulares têm ca-
Eu contei [os dias] e estou aqui há 13 dias, mas deiras coloridas, né? A minha é pública e não tem
já converso com um monte de meninas... As tias – falou enquanto colocava as cadeiras já monta-
daqui também são bem legais. C: Ah, eu prefiro este das do seu lado. Depois, construiu mesas com as
abrigo aqui - disse baixinho. (Mulher Maravilha) peças. C: Biiiiii. Olha o sinal! A escola acabou! –
P: Você gosta daqui onde você mora? – a crian- fez barulho com a boca simulando o sinal sonoro
ça manteve-se calada, sem responder à pergunta, que indica o término das aulas. Então, colocou
mostrando-se novamente desconfiada e apresen- as bonecas na cama novamente para descansar e
tando certo rubor facial. (Cinderela) pegou uma outra boneca [...]. C: Eu gosto muito
As crianças contavam, também, como che- de piscina, algumas escolas têm, mas a minha não.
garam ao abrigo enquanto brincavam e sobre as (Mulher Maravilha)
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Sentindo falta da família e da rotina de casa de brigas. Eles quebram tudo... pac, pac, pac... [re-
produz o som de algo quebrando com a boca].
Como era de se esperar, a perda do conta- Assim, viu? – bate uma panelinha na outra, mos-
to com sua família é muito significativa para a trando para a pesquisadora. (Cinderela)
criança, sendo que, às vezes, sequer compreen- Uma criança demonstrava estar constante-
dem o motivo pelo qual foi encaminhada a um mente preocupada, mostrando-se reservada e
abrigo. Verbaliza sobre a saudade que sente dos interagindo pouco. Também se mostrava receosa
pais e dos animais de estimação. em relação à presença de outras crianças, retrain-
C: Tia, posso contar um segredo? Minha mãe do-se a todo momento que alguma delas entrava
não pode me visitar... Ela está na clínica. P: Por- no local ou interferia na brincadeira, pedindo
que ela está lá? C: Porque eu via ela usar droga. para encerrar a sessão de BT.
Aí, todo mundo falava que não podia... Depois, ela C: Tia, pode mexer em todos os brinque-
foi para a clínica... quando eu vim de novo morar dos? – disse, olhando fixamente para a sacola de
aqui. (Cinderela) brinquedos. P: Sim. Após alguns minutos, olhou
C: Eu tô com saudade da minha mãe – falou dentro das sacolas, parecendo desconfiada, e ti-
baixinho, abotoando a roupa da boneca. […] rou devagar os brinquedos, um a um, colocan-
Vou fazer comida como minha mãe. A comida dela do-os no chão e organizando-os para começar a
é mais gostosa do que a daqui [do abrigo] – dis- brincar [...]. A todo o momento, falava em tom
se, mexendo tudo na panelinha com uma colher. baixo, sendo difícil entender algumas palavras.
(Princesa Elsa) Ao entrar outra criança na sala, retraiu-se, pa-
C: Essa [cadela] latindo é a Xuxa, a cachorri- rando de brincar e ficou olhando para ela… C:
nha daqui do abrigo – diz ao ouvir o latido vin- Tia, podemos guardar os brinquedos? Você não fica
do da área externa do abrigo. [...] Ela lembra o chateada? – e começa a guardar os brinquedos na
Baby, meu cachorro... Ele se perdeu na praia, um sacola. (Mulher Maravilha)
dia, e eu nunca mais achei. – começou a guardar As crianças também parecem temer serem es-
os brinquedos na sacola. C: Tia, eu quero pará de quecidas e, por vezes, pedem para tirar fotos ou
brincar. – então, pegou papeis e lápis para dese- serem filmadas, além de pedir para o adulto vir
nhar (Cinderela) visitá-las em outras ocasiões.
Outra criança também parou de brincar, fi- Volta outro dia para brincar comigo – falou,
cando irritada quando a pesquisadora se referiu enquanto guardava os brinquedos dentro das sa-
às pessoas do abrigo como sendo sua família atual. colas. C: Tia, pode tirar uma foto de mim com sua
P: Você gosta da família do abrigo? C: As pes- câmera? É para você não esquecer de mim. (Mu-
soas daqui não são minha família, tá? Só minha lher Maravilha)
mãe, que está no médico pra tirar o bebê da barriga Uma das crianças relatou que sentia medo
[a mãe estava grávida e estava internada para o por ter que dormir longe da irmã que estava no
parto] e o Homem Aranha [seu irmão]... C: Tia, mesmo abrigo. Em casa, elas dormiam juntas,
vou desenhar minha família pra você – falou, en- mas no abrigo, tinham que dormir em alojamen-
quanto colocava os brinquedos de lado. P: Você tos separados, em função da diferença de idade
vai parar de brincar? C: É… eu vou desenhar agora entre elas.
(Princesa Elsa) C: Tenho uma irmã bem grande, que mora
aqui [no abrigo] comigo – falou, enquanto ma-
Tendo que enfrentar o medo no abrigo nuseava a massinha de modelar. C: Sabe, eu te-
nho medo, porque as tias não deixam eu dormir na
Situações de violência física vivenciada pela cama com minha irmã. (Cinderela)
criança em relação a outras mais agressivas, é um Algumas crianças também não queriam ficar
dos fatores que causam medo pela possibilidade distantes dos irmãos, demonstrando preocupa-
de lesão física. ção constante com o irmão enquanto brincavam,
C: Às vezes, estes meninos novos me dão medo como se temessem serem separados a qualquer
– disse baixinho, referindo-se a algumas crianças momento. Ressalta-se, ainda, o fato de que nos
recém-admitidas na instituição. P: Porque você abrigos, os objetos são compartilhados entre as
sente medo deles? C: Hum.... Eles brigam muito e crianças, de modo que estavam sempre atentas
se eu falar, vai que eles batem em mim também. para que outras crianças não pegassem os brin-
(Mulher Maravilha) quedos da sessão de BT.
C: Deixa eu falar! Os meninos novos são muito C: Tia, eu vou chamar o Homem Aranha [ir-
chatos. Eles brigam o tempo todo e eu não gosto mão]. Eles [os outros meninos] vão mexer [nos
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brinquedos]... Vem logo brincar! E não é para sair C: Nossa, que legal! – falou entusiasmada ao
de novo – falou para o irmão, irritada. [...]. Sentou encontrar uma toalhinha entre os brinquedos.
ao lado dos brinquedos que o irmão tinha sepa- (Princesa Elsa)
rado antes de sair do quarto. C: Tia [pesquisa- C: Adivinha o que eu estou fazendo? P: Acho
dora], nós duas vamos olhar, porque alguém pode que é bife. C: Sim, isso mesmo. Você é inteligente –
pegar (Princesa Elsa) falou para pesquisadora (Cinderela)
C: Vou ligar para eles dois, meus irmãos – pega C: Faz um penteado na sua filha também.
o telefone e aperta as teclas. Eles estão na escola, Quando eu crescer e sair daqui, vou ser cabelereira.
sabia? (Hulk) (Mulher Maravilha)
Algumas vezes, as crianças pareciam receo-
sas em conversar sobre determinados assuntos,
como se guardassem segredos. Discussão
C: Às vezes, não tem nada para fazer aqui. A
gente não pode ir para a rua, mas.... Não era para A análise dos discursos das crianças durante a
eu ter falado... É segredo, tá? – disse, enquanto brincadeira possibilitou compreender as experi-
olhava de um lado para outro, como se estivesse ências vivenciadas no abrigo, no que se refere à
procurando alguém, mudando rapidamente de sua rotina de vida diária, como o momento do
assunto. (Mulher Maravilha) banho, das refeições e de dormir.
Destaca-se, ainda, as atividades na escola,
Buscando obter a aprovação do adulto que representam um momento prazeroso no dia,
sendo uma oportunidade para sair da instituição
Durante a brincadeira, torna-se clara a ne- e passear pela cidade. Uma das crianças (Hulk)
cessidade de obter aprovação do adulto, pergun- dramatizou este momento, utilizando os carri-
tando repetidamente sobre o que achava em re- nhos para simbolizar as crianças, identificando-
lação à forma como brincava, dizendo gostar de se como o motorista do veículo de transporte es-
brincar com ela. Era comum, também, a criança colar. Era a criança mais nova do grupo, estando
pedir para a pesquisadora voltar para visitá-la no ainda no estágio pré-escolar de desenvolvimento,
abrigo e trazer um presente. o que justifica a presença forte do simbolismo em
C: Tia, você gosta de brincar comigo? P: Sim, eu suas brincadeiras de faz-de-conta.
gosto de brincar com você. C: Eu também gosto de Um estudo desenvolvido com crianças abri-
brincar com você, tia. (Homem Aranha) gadas também aponta os detalhes do cotidiano
Tia, eu sei brinca direitinho, né? P: Sabe sim, na instituição em seus relatos. Elas comentavam
você sabe brincar. C: Hum, minha mãe me ensi- sobre as normas e rotinas do abrigo, o motivo de
nou. (Princesa Elsa) estarem abrigadas e como se relacionavam com
C: Hum, eu gosto de brincar com você, tia. as outras crianças e os adultos da instituição, aos
(Hulk) quais denominavam tios e tias15.
C: Tia, você pode trazer um presente pra mim A organização do ambiente também se evi-
da próxima vez? Um spray rosa, de pintar o cabelo. denciou como algo rotineiro no abrigo. Uma
(Mulher Maravilha) das crianças (Mulher Maravilha) dramatizava a
As crianças também demonstraram interesse supervisão das crianças pelos cuidadores, utili-
em conhecer mais sobre a pesquisadora e sobre o zando um dinossauro de plástico para cuidar do
que fazia no abrigo. quarto das bonecas.
C: Tia, você só brinca com meninas? P: Não, O abrigo é um novo lar para as crianças, onde
brinco com meninos também. C: Porque, você exercem as atividades rotineiras e estabelecem
grava? P: Porque eu estou fazendo uma pesquisa. novas relações com os funcionários da institui-
(Cinderela) ção e as demais crianças abrigadas. A instituição
C: Tia, esse monte de brinquedos são da sua fi- passa representar, então, uma nova rede de apoio
lha? P: Eu não tenho filha. (Princesa Elsa) social e afetivo1.
Um aspecto significativo que emergiu dos da-
Demonstrando grande satisfação dos do presente estudo refere-se ao fato de que
em brincar com o adulto no abrigo, a criança tem que lidar com a ausência
da família e a saudade da rotina de sua casa, sen-
Várias vezes, a criança mostrou-se satisfeita do que um dos temas mais evidentes nas brinca-
em brincar. Tomava a decisão na brincadeira, deiras foi o preparo das refeições.
dando ordens ao adulto e dominando a situação No estudo desenvolvido com crianças abriga-
na brincadeira. das vítimas de violência, já citado anteriormente,
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também se verificou que elas brincaram muitas em sua individualidade, seja devido à quantidade
vezes de casinha nas sessões de BT, com verbali- reduzida de cuidadores em relação ao número de
zações e gestos relacionados aos afazeres domés- crianças, ao despreparo destes cuidadores para
ticos15. lidar com elas, ou, ainda, em função do rodízio
Embora se reconheça como inegável a impor- entre os funcionários, dificultando a formação de
tância do abrigamento para crianças em situação um vínculo afetivo1.
de vulnerabilidade, o afastamento do contexto O medo gerado pela violência sofrida dentro
familiar, o rompimento dos laços afetivos com a e fora do abrigo também se evidenciou na brin-
família de origem e a escassez de vínculos afetivos cadeira, quando as crianças relatavam que outras
alternativos na instituição impactam significati- eram agressivas. Uma delas (Mulher maravilha),
vamente no desenvolvimento socioafetivo1. inclusive, pediu para encerrar a brincadeira logo
Além do mais, apesar do conforto, bem-es- que outra criança se aproximou. Desconfiada e
tar e possibilidades de desenvolvimento que um muito tímida, ela viera recentemente de outra
abrigo proporciona para a criança, as caracterís- instituição, parecendo não estar ainda adaptada.
ticas deste ambiente diferem de um lar1. Sobre A esse respeito, considerando o comporta-
este fato, destaca-se o relato de uma das crianças mento da criança de encerrar prontamente a
(Princesa Elsa), que se mostrou irritada, parando brincadeira, ressalta-se que diante de situações
de brincar, no momento em que a pesquisadora que geram ansiedade, a criança fica tensa e não se
se referiu às pessoas do abrigo como sendo sua concentra, não conseguindo brincar.
família. O encaminhamento de crianças e adolescen-
A instituição onde foi realizado o estudo, por tes a instituições de abrigamento tem aumen-
sua vez, busca favorecer o contato da criança com tado a cada dia, em função a maior ocorrência
sua família de origem, promovendo visitas a seus de situações de maus-tratos a menores. Embora
familiares. Uma das crianças (Cinderela) relatou esta seja uma importante medida de proteção,
durante a brincadeira que foi levada por uma das também se constitui em fator de vulnerabilidade
cuidadoras do abrigo para visitar sua mãe. Ela para elas, uma vez que as situações de violência
também contou sobre o período de férias, quando podem se repetir nesse cenário22.
era acolhida por outras famílias, tendo a oportu- O brincar também evidenciou sua função
nidade de receber um cuidado mais individuali- catártica, quando a criança (cinderela) contou
zado, diferente da instituição de abrigamento. sobre como havia chegado ao abrigo, depois que
Instituições de abrigamento trabalham no uma vizinha denunciou a briga de seus pais. Ape-
sentido de promover a reinserção da criança em sar de viver em situação de violência, não queria
sua família biológica ou extensa. Entretanto, se se afastar deles, expressando raiva ao atirar os
isso não é possível, ela é encaminhada a uma fa- brinquedos no chão.
mília substituta, de modo que durante a perma- Um estudo desenvolvido em Vila Velha (ES),
nência no abrigo, a criança é preparada e incenti- com crianças e adolescentes abrigados após vi-
vada a fortalecer novos laços familiares21. verem em situação de rua, também aponta que,
Outro aspecto que se evidenciou na brinca- mesmo reconhecendo o abrigo com um lugar
deira relaciona-se ao sentimento de medo asso- que oferece moradia e alimentação, garantindo
ciado à ausência de uma pessoa significativa para a continuidade dos estudos, a maioria desejava
ela e, também, à possibilidade de ser agredida por retornar para sua família de origem23
outras crianças. Uma menina (Cinderela) dizia Estes mesmos achados também foram encon-
não poder dormir junto com a irmã mais velha, trados em outro estudo anteriormente citado, em
como era costumeiro em sua casa, e do medo que que crianças vítimas de violência abrigadas ma-
sentia por não ter a companhia dela. As irmãs nifestam o desejo de voltar para sua casa, junto
não podiam dormir juntas, pois eram de faixas de sua família, mesmo que sofram violência15.
etárias diferentes, sendo acomodadas em quartos A família tem grande peso na vida da criança
separados. e, mesmo não sendo estruturada, é reconhecida
Constata-se, portanto, que da mesma manei- por ela como um sistema de apoio, dando supor-
ra que as crianças abrigadas têm que aprender a te afetivo e social22,23.
conviver com a falta de vínculo no abrigo, elas Refletindo, agora, sobre a tentativa de obter
também precisam aprender a lidar com as regras a aprovação do adulto durante a brincadeira,
e rotinas institucionais15. percebe-se uma preocupação da criança de cor-
Na maioria das vezes, os abrigos enfrentam responder às expectativas do adulto, como se
dificuldades e não conseguem atender a criança buscasse constantemente atenção e afeto. Parece
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Almeida FA et al.

ansiar por relacionamentos mais duradouros ao trópica, o atendimento e os recursos disponibi-


desejar que ele retorne para visita-lo. lizados no atendimento destas crianças difere da
Independente do desejo de obter a aprovação realidade da maioria das instituições de abriga-
do adulto, a oportunidade de brincar livremente mento público.
tornou o momento da sessão de BT muito praze- Vale citar, ainda, que uma das limitações do
roso, dando-lhe a oportunidade de assumir o do- estudo foi o número reduzido de crianças que se
mínio da situação, sentindo-se fortalecido para encontravam abrigadas no período de coleta de
decidir e tomar a iniciativa. dados, sendo que, na ocasião, algumas crianças
O brinquedo terapêutico traz um bem-estar que atendiam aos critérios de inclusão haviam
único às crianças institucionalizadas, pois propi- sido encaminhadas para adoção ou retornado
cia uma comunicação eficaz com o adulto à sua para suas casas.
volta, dando-lhe oportunidade de expressar seus
sentimentos, fantasias, desejos e experiências vi-
vidas, assim como as críticas ao meio onde vive e Considerações finais
às relações familiares15.
O uso do lúdico na abordagem de crianças A possibilidade de usar o brinquedo como ins-
vítimas de violência constitui-se em uma im- trumento de comunicação mostrou-se, mais uma
portante estratégia, auxiliando-as a criar seus vez, efetiva no sentido de dar voz à criança abriga-
espaços, vínculos sociais e, consequentemente, da para falar de si, além de uma estratégia valiosa
a se sentirem autoconfiantes e capazes de buscar para o desenvolvimento de pesquisas no contexto
soluções para seus problemas22. da institucionalização infantil, que ainda apresen-
Embora a brincadeira parecesse ser prazerosa ta uma lacuna importante do conhecimento.
para as crianças, quase todas as crianças decidi- Os resultados do estudo permitiram desven-
ram encerrar a sessão de BT, mostrando-se in- dar peculiaridades da vivência destas crianças no
quietas, tristes ou agressivas nesse momento. Por abrigo, que de outra forma não seria possível co-
vezes, era como se o conteúdo dramatizado na nhecer, considerando a limitada capacidade que
brincadeira levasse a criança a reviver situações possuem para expressar o que sentem e pensam
estressantes como lembrança da ausência dos neste período do desenvolvimento.
pais e a perda de animais de estimação ou, ainda, O cotidiano do abrigo, as idas para a escola,
pelo medo de sofrerem violência no abrigo, pa- a saudade da família e da rotina de casa, a inse-
rando de brincar. gurança de estar em um ambiente estranho para
Crianças abrigadas vivenciam constantemen- alguns, o medo de sofrer violência e, principal-
te situações de perda ou frustração de expectati- mente, de ser esquecido pelo adulto, emergiram
vas, como o afastamento dos pais e irmãos, perda claramente na brincadeira.
ou morte do animal de estimação e mudança no O brincar revelou-se uma experiência pra-
ambiente social, tanto em relação ao abandono zerosa para a criança e, mais do que isso, deu
da casa, como a mudança de escola24. oportunidade a ela de se beneficiar de sua função
A perda é um dos processos mais desorga- catártica, na modalidade do BT dramático, levan-
nizadores da vida humana, não somente em do-a a refletir sobre suas experiências e expressar
relação a pessoas, mas a qualquer processo que livremente seus sentimentos.
envolve mudança de vida, denominado como O uso rotineiro do BT para crianças em
pequenas mortes25. As perdas consideradas como vulnerabilidade social, como as que vivem em
“pequenas mortes” constituem-se em mortes abrigo, pode ser significativamente útil. Cabe ao
simbólicas e são capazes de despertar angústia, adulto que cuida dela promover condições para
medo e solidão, desencadeando sentimento de que esta prática ocorra, instrumentalizando-se e
dor e tristeza26. assumindo o papel de facilitador do brincar com
Embora os dados deste estudo tenham pos- finalidade terapêutica neste contexto social.
sibilitado compreender a experiência da criança Acredita-se que os subsídios obtidos por
que vive em um abrigo, a realização de pesquisas meio deste estudo contribuirão para que os pro-
envolvendo outros tipos de instituição de abri- fissionais que atuam em instituições de abrigo,
gamento podem ampliar a visibilidade para este sensibilizem-se para as reais necessidades desta
contexto de vida infantil. Ressalta-se que, por ser clientela, de modo a atendê-las de maneira mais
este estudo realizado em uma instituição filan- efetiva e com melhor qualidade.
443

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