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PROCEDIMENTO DE DESENHOS TEMÁTICOS EM CRIANÇAS E


ADOLESCENTES INSTITUCIONALIZADOS: CONCEPÇÕES SOBRE A VIDA
NO ABRIGO
Edna Pereira Torrecilha
Helena Rinaldi Rosa
Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo
Rilza Xavier Marigliano

RESUMO:

O presente estudo baseia-se numa atividade realizada com crianças e


adolescentes moradores de uma instituição na cidade de Jandira, Brasil, que
aceitaram livremente participar das atividades. O objetivo da atividade foi
compreender as concepções e representações de crianças e adolescentes
sobre a vida deles na instituição de acolhimento, ou seja, visou-se realizar um
estudo compreensivo da experiência emocional dessas crianças e
adolescentes relativa à vida deles, a partir da temática “Criança Abrigada”. O
método empregado foi o Clínico-Qualitativo, que visa conhecer o fenômeno
estudado em profundidade. Foi empregado o Procedimento de Desenhos
Temáticos, o qual se constitui em unidade grafo temática, ou seja, se solicita
um desenho com o tema que se quer estudar e uma narrativa (história ou
associações) decorrente; permite a aplicação coletiva, como se fez no presente
estudo. Participaram 12 crianças e adolescentes, de ambos sexos, com as
idades entre 12 e 16 anos. De forma geral, os achados neste estudo revelam
que predominaram nas crianças e adolescentes atitudes básicas de aceitação.
Pode-se observar pelo conjunto das unidades que ao mesmo tempo em que
aceitam a situação de abrigamento diante de dificuldades que eram ainda
maiores nos seus próprios lares, eles trazem sua angústia, solidão e
desamparo. Por fim, conclui-se que este trabalho mostrou a importância da
atenção à população de crianças e adolescentes institucionalizados, condição
social que traz muitas implicações ao seu desenvolvimento.

Palavras-chave: Criança. Adolescente. Institucionalização. Oficinas


Terapêuticas. Desenhos-Estória com Tema.

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INTRODUÇÃO

A privação da convivência familiar pode afetar profundamente a


personalidade em formação de uma criança ou adolescente. É necessário um
cuidado muito grande ao se retirar uma criança de um lar, mesmo que esse
ambiente familiar possa ser considerado prejudicial. Desta forma, antes de
destituir uma família da guarda de uma criança ou adolescente, deve-se fazer
um levantamento minucioso das condições em que estes se encontram, pois o
ambiente familiar ainda é considerado a melhor opção para o bom
desenvolvimento do indivíduo.
De acordo com Kaêz (1991), a instituição é capaz de suprir várias
necessidades psíquicas, culturais e sociais das crianças e adolescentes
acolhidos por ela, porém, devido a normas que são impostas, muitas vezes
esta mesma instituição que garante a segurança pode se tornar persecutória.
Essa relação de ambiguidade pode dificultar que o jovem nela abrigado se
vincule positiva e afetivamente, e isso pode acarretar uma grande evasão.
Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
(1995/2005), ficou mais claramente estabelecido quais são as funções das
instituições que amparam menores. Estabeleceu-se um modelo que trabalha
com a emancipação e a capacitação do jovem para uma vida mais autônoma,
ao contrário do modelo anterior que tinha características mais assistencialistas
e não preparava essa população para uma vida emancipada, não
reconhecendo a criança e o adolescente como sujeito de direitos (Tafner &
Tardivo, 2013).
Segundo as autoras, muitas vezes a falta de recursos materiais dentro
das instituições de acolhimento torna ainda mais difícil a tarefa de suprir todas
as necessidades dessas crianças e jovens, deixando de assistir a muitos de
seus direitos. Esse quadro pode configurar abandono e omissão, o que, para
uma criança que já está em abrigamento devido a condições semelhantes, faz
com que os vínculos se tornem ainda mais difíceis de se estabelecer.
Em muitos casos a retirada da criança ou adolescente de seu núcleo
familiar pode estar diretamente ligada à situação de pobreza extrema, pais ou
responsáveis usuários de drogas e outras substâncias, que os tornam
negligentes quanto ao cuidado, por exemplo. Diante destes quadros, além da

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desorganização familiar, muitas vezes, políticas públicas ineficientes, que não
possibilitam aos pais ou responsáveis condições para suprir as necessidades
dos filhos ou dos menores sob sua guarda, geram as questões que podem
provocar o acolhimento (Livramento, Brasil, Charpinel & Rosa, 2012).
São várias as condições que podem resultar em desabrigamento e levar
à retirada de crianças e adolescentes do poder familiar, entre elas, a
constatação de situação de abandono e/ou vulnerabilidade social, nas quais a
criança está envolvida, fazendo desta ação uma medida necessária. A respeito
de crianças acolhidas, Siqueira e Dell’Aglio (2006) e Tse, Avoglia e Tardivo
(2015) defendem que o espaço institucional é um ambiente importante, pois é
ali que as relações recíprocas de afeto devem ser estabelecidas.
Os autores também ressaltam a necessidade de as instituições de
abrigamento considerarem o afeto presente nas relações entre seus
integrantes em âmbito geral. Para isso, deve ser considerado como se dão as
relações de vínculo e afeto, tanto entre as crianças e adolescentes residentes
na instituição, quanto entre seus monitores e os outros funcionários que
interagem com eles.
Sendo a dimensão afetiva parte inerente das relações humanas, não
pode ser excluída enquanto elemento propiciador de desenvolvimento. Assim,
a maneira como a criança ou o adolescente desenvolve a afetividade
determinará como estes vivenciarão suas relações interpessoais (Siqueira &
Dell’ Aglio, 2006).
Em estudo realizado por Ferreira, Littig e Vescovi (2014) com a
participação de 14 crianças e adolescentes residentes em três instituições de
abrigamento, foi observado quão é importante para esta população, a nova
formação de vínculos afetivos e de confiança. Verificou-se também uma grande
dificuldade na formação desses vínculos, uma vez que a história de
rompimento das relações familiares, as decepções com pessoas, que de
alguma maneira não corresponderam às suas expectativas, como também o
abandono advindo das autoridades, é uma constante em suas vidas.
Tafner e Tardivo (2013) realizaram uma pesquisa com 11 crianças e
adolescentes abrigados, na qual as questões referentes à formação de
vínculos afetivos também tiveram grande relevância. Após a destituição do
pátrio poder familiar e a necessidade de abrigamento, os participantes da

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pesquisa queixaram-se da dificuldade de se vincular com outras pessoas, pois
não sentiam garantia de que suas expectativas seriam correspondidas e tinham
medo de um novo abandono.
Buscando compreender como essa experiência emocional pode
influenciar na formação de vínculos afetivos em crianças e adolescentes neste
contexto, esta pesquisa tem como objetivo apresentar os resultados de uma
intervenção realizada junto a uma instituição de acolhimento a crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade social, que foram encaminhadas
para abrigamento na grande São Paulo, por ordem do Poder Judiciário.

MÉTODO

Para o alcance dos objetivos propostos por essa pesquisa, foi


empregado o Método Clínico-Qualitativo (Turato, 2008) que visa conhecer o
fenômeno estudado em profundidade, buscando a apreensão das acepções
existentes. Este trabalho foi desenvolvido por psicólogas do Projeto APOIAR,
do Laboratório de Saúde Mental e Psicologia Clínica Social do IPUSP e foi
sendo desenvolvido junto a uma Casa da Criança onde crianças e
adolescentes são colocados em situação de abrigamento pelo Poder Judiciário .
Foi realizado o Procedimento Desenhos-Estórias com Tema- DE-T, o
qual se constitui em unidade grafo temática, ou seja, se solicita um desenho
com o tema que se quer estudar e uma narrativa (história ou associações)
decorrente; permite a aplicação coletiva, como se fez no presente estudo.
Frente a isso, o contato com atividades lúdicas tornou-se de fundamental
importância, já que se configura como meio para a partilha de questões,
vivências e questionamentos, com vistas à criação de um espaço de escuta e
conversa entre pares, servindo como ferramenta de auxílio para reflexão de
suas identidades, individuais e coletivas. Para a execução deste procedimento
foi solicitada a seguinte tarefa: “desenhe uma criança abrigada” e, a seguir,
conte uma história sobre o desenho que você fez.
Visando a compreensão das percepções que crianças e adolescentes
abrigados têm com relação à vida na instituição, foi realizada uma oficina que
aconteceu em um único encontro, dividido em dois momentos, com duas
intervenções distintas, que tiveram a duração de 45 minutos cada. Participaram

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12 crianças e adolescentes, de ambos sexos, com as idades entre 12 e 16
anos.

O Procedimento DE-T pode ser utilizado como um recurso fecundo para


a pesquisa com o uso do método psicanalítico na produção de conhecimento
compreensivo sobre determinantes lógico-emocionais subjacentes aos
fenômenos humanos e a partir de desenvolvimento conceitual, teórico e
epistemológico, que concebe interlocução entre a perspectiva teórica da
psicologia concreta, na qual os objetos a serem estudados em uma pesquisa
seriam os “dramas da vida”. Neste sentido, um paradigma relacional pode ser
entendido como uma concepção intersubjetiva do inconsciente (Politzer, 1998).
O Procedimento DE-T que deriva do procedimento Desenhos-Estórias
proposto por Trinca em 1972, passou a ser uma estratégia investigativa
importante em pesquisas sobre imaginários coletivos, tanto em entrevistas
individuais como coletivas. Tendo por vocação configurar uma forma especial
de entrevista, onde um ambiente propício para abordagem de concepções
imaginativas fica facilitado, o Procedimento de DE-T serve de inspirador para o
uso de outros mediadores, bem como permite que diversas temáticas possam
ser estudadas (Tardivo, 2007: Tardivo, 2015:Trinca, 2013).
No segundo momento com a participação dos 12 adolescentes de 12 a
16 anos de idade e 2 do crianças sexo masculino, com idades entre 5 e 6 anos,
foi solicitado que se dividissem em pequenos grupos para realização de
cartazes, contemplando recortes e colagens de imagens em revista sobre com
o tema “Criança Abrigada”. Ao final, foi realizado um diálogo sobre os temas
abordados nos cartazes.
Tal tipo de proposta possibilita à criança institucionalizada a observação
do meio em que se encontra inserida e de si mesmo, estimulando reflexões
sobre as questões iminentes em que estão sujeitos, permitindo um
protagonismo acerca de seu contexto. Para Trinca (1997), crianças e
adolescentes podem possuir recursos limitados para uma representação
simbólica verbal, portanto, o desenho surge como um importante aliado no
trabalho com este público, favorecendo a obtenção de diversas informações
sobre seus aspectos subjetivos.

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Dessa forma, a oficina também pode assumir um caráter terapêutico,
apresentando-se como um dispositivo do fazer clínico. Sendo a psicoterapia,
de acordo com a teoria winnicottiana, uma forma especializada de brincar
dotada de potencial mutativo, a oficina terapêutica constitui-se a partir de um
enquadre diferenciado, mediado por uma materialidade, o brincar, como uma
realidade e uma possibilidade de expressão (Aiello-Vaisberg & Machado,
2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 Primeiro Momento da Intervenção


Aplicação do procedimento Desenho-Estória com Tema (DE-T) - as
concepções individuais de adolescentes “experiência emocional”

O primeiro momento da pesquisa foi realizado de forma individual e


participaram oito adolescentes do sexo feminino: duas com 12 anos, duas com
14 anos, duas com 15 anos e duas com 16 anos. Participaram também quatro
adolescentes do sexo masculino: dois com 12 anos, um com 13 anos e um
com 14 anos.
De maneira geral, os adolescentes demonstraram boa vontade em
participar da tarefa, porém algumas características se repetiram no decorrer da
atividade. J.G, um menino de 13 anos copiou o desenho de um sorvete e foi
repreendido pelos colegas e P, um menino de 12 anos, solicitou à psicóloga
que dissesse ao Coordenador da instituição que lhes desse dinheiro para
comprar sorvete, pois, segundo ele, não serviam esta sobremesa na instituição.
Segundo o relato das educadoras da Casa Abrigo, os adolescentes tem
passado por momentos de muitas divergências entre eles, mas o coordenador
sempre consegue dar fim as confusões que ocorrem. Uma das razões da
insatisfação destas crianças e adolescentes deve-se a falta de recursos para
algumas atividades fora da instituição, ou algo que eles desejem
especificamente. Essa característica de falta de recursos também foi
encontrada no estudo de Ferreira, Littig e Vescovi (2014) e além do
adolescente terem dificuldades na formação de vínculos afetivos positivos e
terem passado por muitas privações, quando percebem que a instituição pode

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não ser capaz de prover suas necessidades, ficam ansiosos temendo passar
por mais algum tipo de abandono.
Durante a atividade alguns adolescentes demostraram muita resistência
em participar das tarefas. Nas produções 4, 7 e 9, foram feitos apenas os
desenhos e negaram-se a escrever as histórias, fazendo apenas uma narração
das mesmas. Nas produções 8 e 10, as adolescentes relutaram muito em
realizar a tarefa, mas depois de uma boa conversa cm a psicóloga aceitaram a
proposta. Na pesquisa de Tafner e Tardivo (2013) também foi ressaltada essa
característica de resistência, principalmente pela enorme dificuldade que essas
crianças e adolescentes têm em confiar nas pessoas e assim, colaborar com
elas.

 Segundo Momento da Intervenção: Oficina em grupo

Na proposta da atividade coletiva, foi solicitado que se dividissem em


quatro grupos para realização de cartazes, contemplando recortes e colagens
de imagens em revista, com a seguinte consigna “Desenhe uma Criança
Abrigada” escrevam uma história relacionada ao desenho ou façam
associações ao desenho realizado. Posteriormente, foi solicitado que o grupo
elegesse um adolescente para falar sobre os tópicos levantados, associando
as colagens com a história.
A reflexões dos temas foram abordados pelos adolescentes maiores, os
quais não aceitaram as regras em eleger apenas um representante da turma,
justificando que todos almejavam liberdade para falar.

Produção 1: Duas adolescentes com 15 anos e 14 anos de idade. L. falou que


as figuras das revistas não representavam a criança abrigada, pois a vida no
abrigo era bem diferente daquilo. Então, elas colaram e escreveram em cima o
que realmente representavam para elas. Começou como se fosse uma
apresentação de trabalho escolar, dizendo: “a gente fez um projeto aqui com
a psicóloga da USP, ela veio hoje aqui, visitar o nosso abrigo e o nosso
tema é melhoria para cada criança” (sic). Em seguida, E. falou sobre a
comida, que raramente chega para a casa, a falta de atenção que os

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acolhidos têm e que precisam. L. completou: é bom atenção, às vezes as tias
estão aqui, e na correria, e às vezes nem é na correria, mas às vezes é porque
elas não querem mesmo. E eu acho que a gente precisa de atenção, é algo
que eu, a gente não tem aqui. Este desenho aqui representa a liberdade, tipo
fez 18 anos, tchau. A gente precisa de um lar, uma família, ser adotada,
este desenho aqui é para assimilar um desejo que a gente tem de sair
daqui, mas, não é a realidade que a gente vive aqui. Queria dinheiro para
sorvete, comprar algum presente para dar a uma amiga da escola, que faz
aniversário, aqui ninguém ouve a gente, “o E (orientador) não deixa a gente
falar. A educadora fala que é pra gente voltar a morar com as nossas
mães, chacoalha o braço da gente, machuca” (SIC).
Temas abordados: falta de alimentação, falta de atenção, esperança, ter lugar
para se divertir, dinheiro, lazer, emprego, liberdade, agressão física.

Produção 2: M., um menino e uma menina de 12 anos, não foram inseridos no


grupo e se reportaram à psicóloga, a qual orientou que fizessem a atividade
juntos. Também teve a participação de outra adolescente L. (16 anos) que não
participou do recorte das figuras e da colagem, contribuindo somente com a
apresentação do cartaz. Pois o grupo em que L. iniciou a atividade não aceitou
o desenho escolhido por ela, contribuindo com que ela se retirasse para um
canto da sala, isolando-se e aparecendo somente na apresentação, juntou-se a
eles apenas. M. e A. colocaram seus nomes nos desenhos escolhidos e
colados por eles, como se desejassem uma identidade. O adolescente M.
referindo-se à 3 figuras, falou: “são crianças desabrigadas”, apontando para a
colagem de uma família, disse: “era uma família, antes de serem
divorciados, comendo melancia e a outra imagem é uma menina com
câncer de mama, elas estão pensando na vida, pensando na casa, não na
escola” (sic). Nesse momento, seu semblante ficou triste. A adolescente, A. o
interrompeu, apontando para outra figura, dizendo: “aqui, é um menino
bravo” (sic). O adolescente puxou a cartolina, demostrando agressividade.
Encerraram a apresentação. L. participou repetindo as frases ditas por M:
“esta é uma família divorciada” (sic).
Temas abordados: criança desabrigada, família divorciada, alimentação,
doença, sentimentos relacionados à casa, à vida e ao desinteresse escolar.

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Produção 3: três participantes: P. de 15 anos, C. com 16 e C. com 12 anos. P.
iniciou a narrativa, falando: “as imagens aqui, representam o que nós
queremos e na verdade o que nós temos. Aqui a gente tem muitas coisas,
vai às escolas e aprendemos, aqui na casa com as educadoras, com o
coordenador e com nós mesmos (sic). Apontando para a colagem de uma
família, disse: “isso aqui, é o que nós precisamos e o que nós queremos
uma família, aqui é uma coisa que a gente tem só um pouco na casa e na
escola que é a amizade. aqui é o que nós tem em casa e em vários
lugares, em casa, na escola, que é a felicidade, o governo dá dinheiro
para gente, mas eles não repassam, a gente queria ter dinheiro para
comprar alguma coisa que a gente gosta” (sic). As adolescentes não
falaram na apresentação e uma delas, de 16 anos, já havia participado de outro
grupo, também sem falar na hora da apresentação. No final da apresentação,
as adolescentes interromperam P., mesmo com a intercessão da psicóloga
para continuar, ele encerrou a apresentação.
Temas abordados: Falta de família, amor, felicidade, amizade, mais atenção,
o desinteresse pelo aprendizado escolar.

Produção 4: J.G., 1 de 13 anos e G. uma de 14 anos.


G. falou: “a imagem aqui representa duas meninas que foram abrigadas e elas
não estão felizes, mas, elas estão tristes. Esse menino aqui representa o B. A
gente não quer que aconteça com outras crianças que chegam aqui na casa, o
que acontece com a gente. Ao ser perguntado pela psicóloga, quais as coisas
que estavam acontecendo, G respondeu: “as educadoras batem em nós,
tinham que escutar um pouquinho. Não um pouco; escutar mais, não só
prejudicar a gente”. Algumas vezes interrompidos pelos outros adolescentes,
que pediam para falar mais sobre os cuidados que têm ou gostariam de
receber, pelos educadores, demostrando insatisfação. No final da
apresentação, o grupo recebeu um salve de palmas pelos adolescentes.
Temas abordados: sentimento de tristeza, desamparo, cuidados, afeto,
insatisfação com o tratamento que recebem.
Discussão

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Foi observada na atividade individual, de maneira geral, uma grande
resistência por parte dos adolescentes no momento de se criar as histórias.
Dois deles se recusaram a escrever a história e um participante quis apenas
contar verbalmente sem escrever. Na atividade produzida, evidência a
dificuldade em se expressarem e um aprendizado, aquém, do que se é
esperado para a idade, ainda, prevalecendo este déficit intelectual e cognitivo
nos adolescentes com as idades entre 14 e 16 anos de idade. Visto, que um
deles diante de uma exposição que ele era analfabeto, sentindo-se indiferente
da turma ele isolou-se dos demais, tendo a sua participação somente no
trabalho individual.
Uma característica notada nos relatos feitos, foi a ruptura dos vínculos
familiares e o desejo de retornar para sua família. Na produção 11 a
adolescente traz uma história ambígua, relatando ser bom estar na instituição e
ao mesmo tempo ser ruim, queixando-se que sente falta de carinho e atenção,
enquanto que na produção 10 a adolescente fala da liberdade que teria se
estivesse vivendo com sua família.
Observa-se que são trazidos conteúdos do contexto da instituição. É
muito presente o discurso retratando comportamentos dos colegas, inclusive
sendo atribuído o nome do colega ao personagem da história. Este é o caso
das Produções 1, 2, e 4, nas quais os adolescentes criaram histórias em um
contexto triste e deram os nomes de seus colegas de abrigo.
Os adolescentes trouxeram de maneira geral, insatisfação com o
tratamento que recebem na instituição, como a falta de alimentação, falta de
atenção e desamparo, bem como, práticas de violência física e falta de escuta.
No estudo realizado por Ferreira, Littig e Vescovi (2014) com participantes de
três instituições públicas de acolhimento, com idades entre 10 e 17 anos, de
ambos os sexos, estes temas foram abordados. As autoras ressaltam que o
abandono e a exclusão acabam sendo um fator preponderante na vida de uma
criança ou adolescente que se encontra abrigado.
Nesta pesquisa, observa-se nas atividades coletivas que os
adolescentes tiveram necessidade de falar sobre esses temas abordados.
Temos em suas falas a ilustração de desejo, não somente de serem escutados

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pelos funcionários da instituição, mas também, de aprofundamento no
sentimento de reconstrução das relações familiares rompidas.
Durante o desenvolvimento das atividades em grupo, foi comentado
pelos participantes a respeito de desentendimentos que ocorrem entre eles e a
instituição, como apontado e verbalizado por eles “Chocoalha o braço da gente,
machuca”, “As educadoras batem em nós, deviam escutar um pouquinho” “A
educadora fala que é pra gente voltar a morar com as nossas mães”.
A violência é uma constante na vida destes jovens e este tipo de
comportamento acaba sendo levado por eles para os relacionamentos na
instituição e para as relações socias. Tomando com apoio as contribuições de
Tafner e Tarvivo (2013) em uma pesquisa, envolvendo 11 crianças e
adolescentes abrigados, verifica-se históricos de violência familiar e no relato
das vivências na instituição esse tipo de comportamento continua se repetindo.
Segundo as autoras no estado de São Paulo cerca de 57% das crianças
e adolescentes que se encontram em instituições de acolhimento têm família,
porém não há perspectiva de volta ao convívio familiar, pois as causas do
abrigamento normalmente são antecedidas por relações de violência física,
psicológica e sexual. Diante deste contexto, 8% das famílias ficam proibidas
judicialmente de realizar visitas a eles, fazendo com que isto seja um agravante
no caso de uma proposta de desacolhimento e retorno a família de origem.
Diante destas histórias de vida, parece natural que esses jovens
acolhidos repitam em seus comportamentos essa conduta violenta. Embora
sintam falta de carinho, observa-se uma dificuldade muito grande em formar
vínculos afetivos positivos, podendo-se inferir que o receio de abandono e
frustração seja uma das causas na dificuldade desta vinculação.

Considerações Finais

De forma geral, predominaram nas crianças e adolescentes uma


ambivalência, observa-se pelo conjunto das unidades, que ao mesmo tempo
em que aceitam a situação de abrigamento diante de dificuldades que eram
ainda maiores nos seus próprios lares, eles trazem sua angústia, solidão e
desamparo, ainda mantendo traços que são os esperados na fase do

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desenvolvimento em que se encontram, como o anseio de liberdade, de
quebrar regras, etc.
No estudo observou-se um sofrimento psíquico evidenciado em suas
tentativas de negar a realidade, temas similares de sentimentos de abandono,
falta de atenção e busca de afetividade dos pais, expectativas quanto ao futuro
e a retornar a uma família e desejo de liberdade.
Como limitações da pesquisa pode-se ressaltar que a Oficina Lúdica e a
Aplicação do Procedimento Desenhos-Estórias com Tema se deram em um
único encontro, propondo-se que seja realizada uma intervenção com maior
número de encontros, nos quais pudessem ser trabalhados com mais atenção
os temas levantados neste primeiro encontro. Todavia, algumas ações como o
apoio emocional contínuo aos adolescentes são exemplos de estratégia
necessárias para o êxito de cuidados com as crianças e adolescentes
abrigados.
As oficinas temáticas se revelaram como fonte de estímulo para os
adolescentes, proporcionando espaço seguro para a expressão de conteúdos
internos suscitados em frente a temática. Também permitiu a possibilidade de
elaboração de tais conflitivas e de reconhecimento das dificuldades e
alternativas ao contexto. Por fim, os resultados demonstram a importância de
experiências de cuidado à criança e ao adolescente institucionalizado, bem
como, para os familiares, cuidadores e profissionais que trabalham em
instituição de abrigo, valorizando a relação entre o ambiente e o
desenvolvimento do adolescente .
Desta forma, seria possível buscar uma melhor compreensão das
representações da vida em instituições de acolhimento para crianças e
adolescentes visando construir estratégias para minimizar o sofrimento e
preparar esses jovens e crianças para uma vida em sociedade. Assim, torna-se
necessário um maior número de pesquisas dentro deste tema, envolvendo uma
equipe multidisciplinar, proporcionando uma visão holística dos significados de
ser uma criança ou um adolescente vivendo institucionalizado e longe da
família.

REFERÊNCIAS

12
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Politzer, G. (1998). Crítica aos Fundamentos da Psicologia – a psicologia e a


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e pintura de crianças e adolescentes abrigados e seus cuidadores. Tese de
doutorado apresentada a Universidade de São Paulo. São Paulo- SP.

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13
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(Doutorado em Psicologia) — Instituto de Psicologia da Universidade de São
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Turato, E.R. (2008). Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa:


construção teórico-epistemológica, discussão comparada da saúde e
humanas, 3ª Petrópolis, Vozes.

Apêndice 1: Primeiro momento da Intervenção


Produção Procedimentos Desenhos Estórias com Tema DE-T

Produção 1: M., masculino, com 12 anos de idade, foi um dos primeiros a


terminar a atividade proposta, perguntando do que iríamos brincar na
sequência. Desenhou 18 crianças, colocando os respectivos nomes. História:
Criança do Abrigo (título). Era uma vez essas crianças que viviam no abrigo,
irritados e, eram felizes e bravos. Mas as educadoras têm que aguentar ele,
essa história perte (talvez, quisesse dizer: pertence? grifo, nosso) a M.

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Figura 1: Produção 1 Desenho/História M. masculino 12 anos

Produção 2: J.G., masculino, 13 anos de idade, mostrou-se bastante


interessado na proposta, pegando a folha e executando a tarefa rapidamente.
Após a observação e reclamação das outras crianças de que ele havia copiado
o desenho de seu caderno e perguntado o porquê de tal atitude, foi proposto
que ele fizesse outro desenho. J.P. respondeu que tinha copiado apenas o
sorvete e que o menino desenhado ao lado era ele mesmo. Algumas crianças
mais velhas deram risada, quando um dos meninos falou que não tinha sorvete
no abrigo. J.G. mostrou-se sem graça, abaixando a cabeça e os ombros.
Solicitou outra folha, desenhou um sol entre nuvens, um menino (com o nome
de Fernando) e uma menina com o nome de Laysla. Sendo interrompido por L.,
apagou o nome, substituindo-o por Gilda. Em seguida, falou que Fernando era
fortão e que tinha saído do abrigo por ter completado 18 anos. Completando a
fala, disse, esse sou eu e a minha irmã. Nesse momento, sua irmã disse: “sai
oh, não fala de mim, não fala no meu nome” (sic). Foi ignorada por J.G., o qual
deu risada. História: Ela é rebelde, ela xinga a mãe e foi mandada para o
abrigo com o irmão.

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Figura 2: Produção 2 Desenho J.G. masculino 13 anos (apenas narrou a história)

Produção 3: C, feminino, com 12 anos. Fez o desenho em silêncio, interagiu


pouco com as outras crianças. História: Era uma menina muito triste que
perdeu a família, a pessoa que ela mais ama que é a mãe dela. Eu nunca vou
me perdoar porque não dei valor e nem amor, mas eu sinto muito por isso. Não
é só eu que fiz errado, foi a minha avó que fez toda a confusão, mas se ela não
gosta da minha mãe eu não me importo com isso. Pelo menos eu não estou
sozinha, tenho meus amigos para me ajudar, eu sou muito grata por isso.
Obrigada a todos que me ajudam (sic).

Figura 1 Produção 3 Desenho/História C. Feminino 12 Anos

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Produção 4: 12 anos de idade, masculino. Recusou-se escrever a história,
inserindo o nome e a idade na folha. História: Desenho de uma criança com
cabeça e tronco, sem um dos braços, cabelo feito um coque, olhar para baixo,
com um colar de coração pendurado no pescoço. Escreveu: Paulo, conhecido
como Pou!, 12 anos.

Figura 4: Produção 4 Desenho/História Feminino 12 Anos

Produção 5: R. masculino, com 14 anos de idade, mostrou o desenho e


perguntou à psicóloga se ela sabia do que se tratava. Antecipadamente, as
outras crianças responderam que era o momento atual. Ao ser solicitado que
escrevesse a história no verso da folha, as crianças responderam que ele era
analfabeto. Após esse momento, Edmilson (coordenador do abrigo) o chamou.
R., retornou quando estávamos finalizando a atividade em grupo. O
adolescente não participou da colagem e não quis participar da apresentação,
isolando-se. História: Não foi escrita, apenas verbal. Falou que representava o
momento atual e que gostaria de mais atividades como aquela. Apontou para
um dos personagens do desenho e disse que era a psicóloga E.

Figura 5 Produção 5 Desenho R. Masculino 14 Anos (apenas narrou a história)

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Produção 6: C., feminino, com 16 anos de idade. Ao desenhar, chamou a
atenção dos demais, quando disse que se esqueceu de colocar os peitinhos
nas meninas. Ao ser solicitada a história, ignorou o combinado, respondendo
que iria escrever enquanto estivessem realizando a atividade em grupo. O
desenho escolhido por ela para colar na cartolina, não foi aceito pelo grupo,
fazendo com que ela se isolasse dos demais. Logo em seguida, pegou a folha
de desenho individual e solicitou a outra adolescente que escrevesse a história
no verso. Em seguida, pegou lápis de cor e pintou o desenho. Sendo apontado
pela psicóloga que não poderia pintar, mostrou-se chateada, ficando quieta em
um canto e observando as outras adolescentes mais velhas. História: Essa
menina se chama Isabela, 5 anos. Ela tem, ela é muito maltratada, e ela gosta
de ficar no abrigo porque sai.

Figura 6: Produção 6 C. Desenho/História Feminino 16 Anos

Produção 7: A, uma adolescente de 14 anos de idade. Vestia um vestido


rodado, fala um pouco infantilizada, sentou-se nas escadas para desenhar.
Recusou-se a escrever a história da criança abrigada no verso da folha de
sulfite. Escreveu a história separadamente da turma, em algum outro local do
abrigo. No trabalho em grupo, disse que não faria, só porque ninguém iria
deixa-lá entrar. Foi sugerido pela psicóloga que realizasse a tarefa com o
adolescente M., que também não se inseriu em nenhum grupo. História: Ela
que ria com a sua mãe, mas ela que ria fica com os seus irmãos e amor. Ela
ama muito a sua mãe, você é muito especial.

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Figura 7. Produção 7 Desenho/história A. Feminino 14 anos

Produção 8: B, adolescente de 14 anos. Recusou-se a escrever a história no


verso da folha, afirmando que iria escrever a sua história na frente com o
desenho. Utilizou duas folhas. Na primeira, desenhou um rosto de uma figura
feminina com sorriso, olhos, nariz e cabelo preso com fita. Diferentemente, na
outra folha desenhou uma menina com traços mais detalhados, dentes
acirrados, demostrando agressividade, com olhos, nariz, cílios, queixo. Obteve
ajuda do adolescente E., o qual disse que não iria participar da atividade, mas
que só estava ajudando B a desenhar. História: Essa menina se chama
Isabela. Ela tem 14 anos, ela veio morar no abrigo porque ela era maltratada e
também ela se dava bem na casa, era muito legal.

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Figura 8: Produção 8 Desenho/história B. Feminino 14 anos

Produção 9: P., um adolescente de 12 anos. Fazia brincadeira com J.G.. Na


apresentação fez trocadilho com o nome da psicóloga, mudando o seu nome.
No final da apresentação da atividade em grupo, falou: “E. (psicóloga), o E.
(coordenador) precisa dar um pouco de dinheiro para gente, pois ele
recebe do governo e não repassa nunca. A gente gostaria de comprar
alguma coisa, tipo chupar um sorvete e não podemos” (SIC). Desenhou
uma criança dentro de um quadrado com grades. Mas a gente sabe que morar
aqui é bom, mas um dia eu vou embora com uma família. História: Não quis
escrever, disse que não gostava.

Figura 9: Produção 9 Desenho/História P. Masculino 12 anos

Produção 10: E., uma adolescente de 15 anos de idade. A atividade já havia


começado quando E. aproximou-se e falou que não iria participar. Ao ser
explicado como realizar a atividade e deixado livre a participação, a
adolescente mostrou-se interessada, aceitando o material para a realização da

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tarefa. Terminada a atividade, perguntou se seria mostrado a alguém do abrigo
ou lido para a turma. Ao certificar-se que seria discutido apenas com as
supervisoras da USP, mostrou-se aliviada com um sorriso, entregando a folha
com o desenho. História: Essa menina se chama E., ela tem 15 anos. Nem
sempre é bom estar na casa, mas é melhor do que nada. Essa menina não
tem a total liberdade que ela quer, mas o que tem está bom. Ela não vê a
hora de ir embora com os parentes para ter a sua liberdade, ter a sua
família por perto, enfim esta é a história de E (sic).

Figura 10: Produção 10 Desenho/História E. Feminino 15 anos

Produção 11: L, gênero feminino, 15 anos. Antecipadamente, as crianças do


abrigo disseram que ela não iria participar, pois estava deitada com cobertor
por causa de um resfriado. L. aproximou-se e se debruçou sobre a mesa,
dizendo que não iria participar porque não sabia desenhar. Questionou como
seriam as tarefas e se a psicóloga era da USP. Mesmo após a explicação da
psicóloga, manteve-se só observando e interferindo no que as outras crianças
faziam. Quando percebeu que seu amigo J.G. (13 anos) tinha colocado seu
nome no desenho, ao tirar satisfação com ele, aproximou-se da psicóloga e
perguntou com o tom de voz bem baixo: “Eu posso escrever a história da
menina abrigada, sem fazer o desenho (sic)”. História: essa menina foi
abrigada porque estava passando por uma situação triste. Mas ela está
bem “agora” porque está em um lugar melhor, mas também não é tão
bom assim, porque no abrigo falta muita coisa, tipo, falta de atenção e
carinho, ser ouvida, etc....

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Figura 11. Produção 11 Desenho/Desenho L. Feminino 15 anos

Produção 12: C., uma adolescente de 16 anos de idade. O primeiro desenho


produzido, foi amassado e escondido na cadeira. Posteriormente, aceitou a
ajuda de E. para fazer o seu desenho. História: Recusou-se escrever a
história da criança abrigada.

Figura 12: Produção 12 Desenho/Desenho C. Feminino 16 anos

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