Liga Acadêmica de Psicologia do Desenvolvimento da
Criança e do Adolescente (LAPDCA)
PATOLOGIZAÇÃO NA INFÂNCIA Gabriela Pereira Vanzela. Maria Fernanda Chagas. Mayra de Sá Galdiano
INTRODUÇÃO Alguns funcionários da escola, ao referir-se àquelas
crianças, diziam frases como “Ele é assim mesmo, é por A patologização na infância tem se transformado em um conta do seu diagnóstico”, para justificar que esta criança fenômeno cada vez mais presente no desenvolvimento não teria capacidade para entender ou participar das infantil e escolar. Por meio desse processo a criança, ao atividades propostas pelos discentes da extensão. receber um diagnóstico, sendo considerada como Segundo Corrêa (2010) ainda é comum a visão desviante, passa a construir uma subjetividade alicerçada adultocêntrica da infância, que a considera como uma fase nessa patologia rotuladora (Barbosa & Leite, 2020). Em transitória, e não como uma vivência individual e distinta do função dos cuidados investidos no processo de adultismo, bem como contribui para interpretações subjetivação da criança durante o desenvolvimento etapistas, que estabelecem padrões de desenvolvimento, na (Winnicott, 1988, citado por Azevedo, 2018), há uma qual casos que fogem a esta normatividade são considerados preocupação, por parte de educadores e responsáveis, patológicos. Além disso, como a suspeita destas com as oportunidades dessas crianças na sua adequação à psicopatologias acontecem, em sua maioria, diante do sociedade, instituindo padrões de normalidade fracasso escolar e da aprendizagem da criança em relação ao comportamental e social (Barbosa & Leite, 2020) conteúdo ministrado, é importante destacar o cuidado que impostos aos infantes. Paralelamente, se instala uma deve ser tomado nas relações estabelecidas com as crianças medicalização e intervenção a fim de reconstituir os diagnosticadas para que o enfoque não seja restrito no desvios que não se amoldam a essa norma. Considerando transtorno, mas sim que seja tratado como um dos múltiplos esses pressupostos, o referido estudo tem como objetivo aspectos da vida da criança, dentre tantas outras apresentar reflexões sobre os possíveis impactos da potencialidades dela (Barbosa & Leite, 2020). patologização e da epidemia de diagnósticos no Vale ressaltar que mais do que um ambiente que visa o desenvolvimento infantil suscitadas através das vivências aprendizado conteudista, a escola possui uma função no projeto de extensão da Liga acadêmica de Psicologia primordial nas trocas de experiências que formam valores do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente no ser humano. Assim, a escola deve ser um lugar de (LAPDCA). Tal projeto propiciou diálogos com segurança em que a criança vai aprendendo o que é ser educadores e profissionais da área infantil. A justificativa humano com as trocas de experiências que exploram as para a realização deste trabalho fundamenta-se na potencialidades em cada indivíduo (Barbosa & Leite, 2020). importância de fomentar compreensões críticas, a partir da prática, sobre essa epidemia de diagnósticos na CONCLUSÃO infância, e as implicações na auto representação (Signor & Santana, 2020) e no processo de estruturação de ser- As aulas administradas pela LAPDCA constituíram uma no-mundo dessas crianças. base para as situações vivenciadas na extensão, de modo a
ser possível nos atentar quanto aos atravessamentos METODOLOGIA presentes em instituições educacionais ao lidarem com crianças que possuem diagnósticos ou que apresentam O presente estudo se caracteriza como um relato de comportamentos atípicos, perante a sociedade. Portanto, experiência, baseado nas vivências das discentes do curso buscamos por meio do relato de experiência, promover de psicologia da Universidade Federal do Triângulo uma reflexão sobre o fenômeno da patologização na Mineiro (UFTM) através da extensão promovida pela infância, a fim de que haja uma maior conscientização dos LAPDCA. As vivências ocorreram em uma instituição de pais e da comunidade escolar, podendo então, preservar a ensino, localizado na cidade de Uberaba (MG), através de subjetividade das crianças e prevenir os excessos de cinco encontros quinzenais com duração de uma hora. diagnósticos precoces. Foram realizados com crianças de 6 a 12 anos, por meio
de atividades que permitiram ser trabalhadas temáticas
REFERÊNCIAS como a família e o desenvolvimento da identidade, despertando questões importantes para as crianças. Azevedo, L. J. C. d. (2018). Medicalização das infâncias: entre
os cuidados e os medicamentos. Psicologia USP, 29(3), 451- RESULTADOS E DISCUSSÃO 458. Barbosa, M. d. B., & Leite, C. D. P. (2020). Infância e Durante os encontros e os diálogos com profissionais da patologização: Contornos sobre a questão da não instituição, foi observado um número significativo de aprendizagem. Psicologia Escolar e Educacional, 24, 1-9. crianças diagnosticadas com TDAH e TEA. Esta vivência Signor, R. d. C. F., & Santana, A. P. d. O. (2020). A chamou a atenção das discentes sobre como as relações constituição da subjetividade na criança com diagnóstico de interpessoais eram estabelecidas para com essas crianças, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. abrindo espaços para reflexões sobre a patologização. Bakhtiniana, 15(2), 210-228.
Educação e Saúde na Escola: abordagens pedagógicas da educação sexual nas escolas do ensino fundamental da rede pública da cidade do Recife, Pernambuco