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POSSIBILIDADES E DESAFIOS NO ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL E

REENTEGRÇÃO FAMILIAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.

- CENTRO DE ACOLHIMENTO – APOIO À VELHICE – QUELIMANE.

1. Introdução

A institucionalização de crianças e adolescentes faz parte de uma longa realidade


histórica, a exemplo, no Brasil já ocorre desde o período colonial. Neste país as
crianças e adolescentes eram vistos como mero objecto do Estado. Propunha a
internação com o objectivo de corrigir comportamentos antissociais, proteger a
sociedade do convívio com crianças e adolescentes pobres, isolando-as do convívio
social, com a finalidade de reeducá-los (BAPTISTA, 2006).

Mas através da interface entre a Psicologia e a Assistência Social no que tange à


infância e juventude tem sido construída historicamente a partir de influências
econômicas, políticas e sociais de cunho nacional e internacional que definiram os
serviços direcionados a esse público em cada época (SARMENTO, 2004).

Pesquisas e estudos no campo da psicanálise mostram que mais do que os fatos


reais vividos, são as palavras utilizadas pelos adultos e, principalmente a forma
como eles significam os fatos reais que determinam as marcas psíquicas que a
criança terá sobre determinado evento (Paiva, 2004).

A medida de acolhimento, portanto, será reparadora para a criança ou adolescente à


medida que puder ajudá-lo a encontrar palavras que deem sentido ao que viveu,
sem desqualificar suas raízes familiares, ajudando a reconhecer as experiências
positivas que tiveram - mesmo que alternadas a momentos de negligência ou
violência. Ao mesmo tempo, as crianças e adolescentes podem se sentir
responsáveis ou culpadas pela situação, especialmente se não encontram outras
formas de entender e explicar o que gerou o seu afastamento do ambiente familiar.
O motivo do acolhimento, portanto, deve ser de conhecimento de todos aqueles que
têm vínculo com a criança ou adolescente, para que possam responder suas
dúvidas e oferecer-lhe explicações claras e concretas sobre a situação, inclusive a
partir de alguns parâmetros legais.

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1.1. Problematização

Reintegração familiar é o termo utilizado no âmbito jurídico para se referir ao


processo de crianças/adolescentes que retornaram às suas famílias de origem
(natural ou extensa) após terem passado por acolhimento institucional ou familiar.
Documentos jurídicos que regulamentam a reintegração e a literatura sobre esse
tema enfatizam a necessidade de se investir na família para viabilizar o retorno
seguro ao convívio familiar, mas não indicam como isso deve ou pode ocorrer na
prática.

Pois, o impacto do afastamento do convívio familiar e de maus tratos no


desenvolvimento psíquico das crianças acolhidas pode ser minimizado e até
superado durante o acolhimento através das relações com adultos que exercem as
funções de cuidado, proteção e estabelecimento de limites. Além disso, os
profissionais dos serviços de acolhimento exercem um importante papel junto às
famílias, devendo estar preparados para receber de forma acolhedora não apenas o
bebê, criança ou adolescente acolhido, mas também seus pais, tios, avós, primos.

Quando uma criança ou adolescente encontra-se acolhido, há ou houve alguma


situação delicada em seu seio familiar, na maioria das vezes articulada ao contexto
de vulnerabilidade e desamparo social, que exigiu o afastamento provisório do
ambiente familiar. No entanto, tais pessoas ocupam lugar central na vida e na
identidade das crianças e adolescentes, independente da história familiar e do
momento em que a família se encontra.

Certas vezes, o contexto que levou ao acolhimento também provoca revolta,


vergonha ou resistência nas crianças e adolescentes, e também nos adultos, que
correm riscos de desqualificá-las sem um entendimento global da situação que
gerou o afastamento. Geralmente, a família encontra-se fragilizada, está socialmente
vulnerável, com laços comunitários enfraquecidos ou rompidos e é considerada
impossibilitada de cuidar de seus filhos.

Face aos aspetos acima expostos, coloca-se a seguinte questão:

 Diante das possibilidades e desafios no acolhimento institucional, como é que


ocorre o processo de reintegração familiar no Centro de Acolhimento-Apoio
Velhice?

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1.2. Justificativa

A reintegração familiar é uma construção delicada, que deve ser iniciada já na


entrada da criança ou adolescente no serviço. A aproximação com essa temática do
acolhimento institucional e o processo de reintegração familiar ocorreu através do
contacto que foi obtido durante as experiências de estágio em Assistência Social,
durante dois semestres do ano em curso na instituição Centro de Apoio a Velhice,
localizado no município de Quelimane. A instituição executa o Serviço de
Acolhimento para crianças, adolescentes, adultos e idosos que se encontram em
situação de vulnerabilidade, expressada através de violência, pobreza, negligência,
abandono, abuso e exploração sexual, consumo e tráfico de drogas, entre outros.

Por outro lado, na nossa sociedade um dos grandes desafios enfrentados pelos
agentes dos direitos das crianças e adolescentes é garantir proteção à criança em
situação de risco e, ao mesmo tempo, respeitar o seu direito à convivência familiar e
comunitária. As normas que regem os direitos das crianças e dos adolescentes tem
como princípio basilar o direito à reintegração familiar aos filhos menores que estão
em situação de acolhimento, seja familiar ou institucional.

Também e de referir que pretende-se com esta temática contribuir para o


engrandecimento dos instrumentos que retratam os mecanismos de reintegração
familiar de crianças e adolescentes nos serviços de acolhimento institucional para
assegurar que haja excepcionalidade na apartação familiar e comunitária. Isso quer
dizer que, devem-se esgotar todas as outras possibilidades de acuação em prol da
criança e ou adolescente e de sua família, a fim de mantê-la junto ao seu ambiente
de origem. Este ainda se configura como um processo de práticas sem
sistematização, sobre o qual há poucas pesquisas, havendo um desconhecimento
sobre essas famílias que sofrem intervenções.

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1.3. Objectivos
1.3.1. Geral
 Saber como ocorre o processo de reintegração familiar no serviço de
acolhimento institucional do Centro de Apoio a Velhice.
1.3.2. Objetivos específicos
 Apresentar as causas que levam as crianças e adolescentes a se
encontrarem no serviço de acolhimento institucional;
 Descrever os procedimentos pelos quais a instituição dispõe para a execução
do processo de reintegração familiar;
 Colher relatos sobre os desafios e possibilidades enfrentados pela instituição
no âmbito da reintegração familiar dos acolhidos.

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2. Metodologia

2.1. Tipo de Pesquisa

Para o alcance dos objectivos propostos, esta enquadrada sob a pesquisa


Exploratória, que tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, no sentido de torná-lo mais claro. A maioria dessas pesquisas envolve
levantamento bibliográfico bem como entrevistas com pessoas que já tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado.

Para o alcance dos objectivos preconizados no presente estudo privilegiamos a


abordagem qualitativa. Na óptica de SEVERINO (2002:84), ‘’ o método qualitativo
considera que as particularidades de um dado acontecimento ou fenómeno em
estudo e tem carácter exploratório porque estimula o entrevistado a pensar bem
como expressar livremente’’.

2.2. População e Participantes da Pesquisa

2.2.1. População

Segundo MARCONI & LAKATOS (2003:162), “a população é um conjunto de seres


animados ou inanimados que representam basicamente uma característica em
comum”.

Nesse sentido, a pesquisa terá como população toda a comunidade da Direcção do


Centro de Apoio a Velhice responsável dos Serviços de Acolhimento Institucional,
junto de crianças e adolescentes benefiarias do serviço de proteção e reintegração
familiar.

2.2.2. Participantes da Pesquisa

Participarão na pesquisa um total de 3 membros, a saber: Directora e os Técnicos


responsáveis dos serviços anteriormente referidos.

2.3. Técnicas e Instrumentos de Colecta de Dados

O Instrumento de recolha de dados a utilizar na presente pesquisa será: a entrevista.

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2.3.1. Entrevista

Para GIL (2009:30), ‘’ a entrevista é uma técnica que consiste na comunicação


verbal entre duas ou mais pessoas com uma construção previamente determinada e
realizada cuja intenção é de obter informações de uma determinada pesquisa.’’

Nesse sentido, para a presente pesquisa será usada a entrevista semi-estruturada,


com vista a ter respostas mais consistentes e que possam enriquecer o trabalho.
Sendo assim, a escolha da entrevista do tipo semi-estruturada consiste pelo facto,
desta caracterizar-se pela sua facilidade e dinâmica de perguntas.

A entrevista semi-estruturada é aquela em que o entrevistador tem a possibilidade


de desenvolver cada situação em qualquer direcção que consiste adequadamente.
Continuando com a ideia dos autores, este tipo de entrevista pode fazer emergir
informações e as respostas não estão condicionadas a uma padronização de
alternativas. (MARCON & LAKATOS, 2009)

Sendo assim, a entrevista será feita aos membros da Direcção do Centro de Apoio a
Velhice responsável dos Serviços de acolhimento Institucional com objetivos de
colher as suas sensibilidades em relação a problemática em estudo.

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2. Bibliografia

GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2009.

LAKATOS & MARCONI, Fundamentos de Metodologia Científica. 6ª Edição. Editora


Atlas. São Paulo, 2009.

MARCONI & LAKATOS. Metodologia do Trabalho Científico. Atlas Editora, São


Paulo, 4ª Edição, 2003.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São Paulo: Cortez,


2000.

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