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TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO E AVALIAÇÃO

INSTITUCIONAL
Sumário

NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................... 3

Instituição e Intervenção Institucional ............................................................. 4

Técnicas de intervenção institucional .......................................................... 7


Avaliação Institucional .............................................................................. 10
A avaliação e o diagnóstico ...................................................................... 14
Técnicas de avaliação .............................................................................. 18
Instrumentos de intervenção e avaliação institucional ............................... 21
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 24

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Instituição e Intervenção Institucional

O aparecimento da instituição está visceralmente ligado ao desenvolvimento


do capitalismo. Com a Revolução Industrial, a partir de 1750, sentiu-se a necessidade
de um número maior de pessoas que soubessem pelo menos ler, escrever e contar.
Pessoas essas que seriam jogadas nas nascentes indústrias, fornecendo mão-de-
obra para o manejo das máquinas. Por outro lado, a burguesia já no poder percebeu
também a necessidade de "socializar" e "educar" a massa trabalhadora existente nos
grandes centros urbanos, para formá-los como "bons" cidadãos e trabalhadores
disciplinados. Com isso, vemos a Escola surgindo com claras funções: inculcar os
valores, hábitos e normas da classe que domina, ou seja, inculcar a ideologia
burguesa e, com isso, mostrar a cada um o lugar que deve ocupar na sociedade,
segundo sua origem de classe.

A educação sempre existiu; que educar era viver a vida do dia-a-dia da


comunidade, ouvindo dos mais velhos as suas experiências e com isso formando-se
para atuar em comunidade. As festas coletivas, as tradições eram, assim, passadas
naturalmente, sem a necessidade de uma instituição específica para isso. Portanto,
nas formações sociais mais antigas todos os adultos (os mais velhos) ensinavam.

Na Europa, a partir da idade média, a educação se tornou produto da escola e


um conjunto de pessoas (em sua maioria religiosos) se especializaram na
transmissão do saber. Entretanto nesta época, embora o ensino fosse reservado às

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elites (principalmente à nobreza), não havia separações entre crianças e adultos. A
escola não estava organizada para disciplinar seus alunos.

O estudo das instituições escolares é também o estudo da história da


educação, e que pode acontecer, analisando uma ou mais fontes como a edificação
e sua arquitetura, a cultura, os sujeitos, o contexto histórico, as práticas pedagógicas
entre outros.

No que se refere ao estado do conhecimento e análise do conteúdo, contou-


se com as obras de Romanowski e Ens (2006) e Bardin (1977).

Para o desenvolvimento da pesquisa na modalidade estado do conhecimento,


foram seguidos os procedimentos segundo Romanowski e Ens (2006). Primeiramente
foram definidos os descritores e localizou-se o resultado no banco de dados. Em
seguida, o material selecionado foi catalogado, e após a leitura, mapeado de acordo
com a denominação “história das instituições escolares”, com as categorias públicas
ou privadas e subcategorias: municipal, estadual, federal, étnica, confessional ou
privada com fins lucrativos. Após a escolha da subcategoria “instituições escolares
confessionais” realizou-se novamente uma leitura para análise do conteúdo e
disposição dos dados em tabelas e quadros. O próximo procedimento foi analisar os
dados obtidos e elaborar uma síntese geral (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 43- 44).

Cada instituição escolar tem um significado próprio e contribui para a educação


conforme o fim a que se propõe.

Algumas instituições têm a sua origem marcada pelos interesses de uma elite
local, formação de professoras ou religiosos, e outras para atender crianças carentes
e/ou abandonadas ou levar instrução para população local. Assim, compreende-se o
sentido de existência de cada uma: educar, instruir ou formar.

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É de suma importância conhecer a reconstrução histórica de um
estabelecimento de ensino, pois constitui-se de um material histórico valioso no
sentido de compreender o papel que desempenharam no âmbito histórico-
educacional, social, cultural, político e econômico.

Sabemos que o conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente


na escola, mas também são construídos pela criança em contato com o social,
dentro da família e no mundo que a cerca. A família é o primeiro vínculo da criança
e é responsável por grande parte da sua educação e da sua aprendizagem.

Considerando o exposto, cabe aos profissionais da educação, intervirem junto


à família das crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por
exemplo, de uma entrevista com essa família para tomar conhecimento de
informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social.

Ao psicopedagogo, cabe a função de prevenir as dificuldades de


aprendizagem. Ou seja, ele realiza um trabalho institucional: averigua a formação dos
professores; o currículo que está sendo dado e se está sendo adequado às
necessidades dos alunos. E a partir dessas necessidades, se o professor está ou não
preparado para atender ao aluno. O psicopedagogo vai intervir na formação do
professor, supervisor ou orientador pedagógico.

A intervenção psicopedagógica vai fazer com que o aprender na escola esteja


sempre em movimento, sem esquecer-se de acompanhar o momento histórico e
prevenindo a cristalização de vínculos, que só dificultam o desenvolvimento

Nunca se deve confundir "intervir" com "interferir". No intervir a intenção é de


ajudar a pensar para se alcançar a resposta. Já o interferir está centrado na
manipulação da ação do outro

As escolas estão muito preocupadas com os alunos que mostram problemas


na aprendizagem. E por diversas vezes desconhecem qual atitude praticar em razão

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que não tem uma política de intervenção apta a colaborar para a suplantação destas
dificuldades.

A família do aluno é o primeiro elo da criança, e é autor principal por sua


aprendizagem e seu ensino. A compreensão e o conhecimento não somente são
obtidos numa instituição educacional, também será edificada pelo o aluno em convívio
com a sociedade em que ele vive, e a família está dentro desse contexto da criança.

Analisando o que foi citado, competi ao psicopedagogo interceder juntamente


com a família da criança em questão que mostra dificuldades na aprendizagem,
através de entrevistas com as famílias utilizando técnicas de intervenção com esses
pais para com os alunos, assim obtendo conhecimento de esclarecimentos sobre a
vida cognitiva, no emocional, no social e na vida orgânica desse aluno.

Técnicas de intervenção institucional

O trabalho de intervenção, geralmente parte de uma dificuldade do aluno em


seu processo de aprendizagem. Jardim (2001) separa as questões relacionadas a
aprendizagens ineficientes em dois eixos: dificuldades e disfunções. As dificuldades
estão associadas em sua maioria a fatores externos à criança, muitas vezes
momentâneos, influenciando sua atividade escolar. Já as disfunções refletem
quadros identificados clinicamente, como anomalias neurológicas e lesões cerebrais.
Jardim ressalta que, em se tratando das dificuldades, um acompanhamento
pedagógico apropriado, enriquecido com procedimentos de ensino-aprendizagem,
ajuda a criança a superar esse quadro.

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Segundo Souza (1995, p.58) fatores
LEMBRE-SE
da vida psíquica da criança podem atrapalhar
o bom desenvolvimento dos processos
O aconselhamento de carreira supõe
um plano de avaliação que se vai cognitivos, e sua relação com a aquisição de
executando de uma maneira
consequente com vista a atingir conhecimentos e com a família, na medida
determinados fins;
em que atitudes parentais influenciam
sobremaneira a relação da criança com o
conhecimento. Sabemos que uma criança só aprende se ela tem o desejo de
aprender. E para isso é importante que os pais contribuam para que ela tenha esse
desejo.

É trabalho do psicopedagogo criar estratégias pedagógicas e psicológicas que


o facilita a olhar para o progresso do desenvolvimento e aprendizagem. Assim,
atuando num traçado de prevenção e um trabalho terapêutico.

As estratégias são meios de ação, postas a serviço das necessidades


relacionadas a cada situação em particular. Quando se trata da intervenção
psicopedagógica, a estratégia adotada dependerá da hipótese diagnóstica com a qual
o psicopedagogo vai trabalhar, sempre levando em consideração as estruturas de
aprendizagem mais afetadas, como organismo, corpo, estrutura cognitiva e estrutura
dramática ou desejante.

Se a criança tem problemas relacionados ao funcionamento do organismo, o


psicopedagogo deve sempre usar como estratégia o contato constante com os
médicos e demais profissionais que atendem à criança, tendo em vista a troca de
informações necessárias para que todos possam atuar em conjunto, sem que haja
interferências de uns no trabalho de outros.

Alícia Fernández lembra que "aprender é quase tão lindo como brincar" e que
aprender e brincar ocupam o mesmo espaço transicional no qual razão e emoção,
objetividade e subjetividade se encontram. Por isso, o jogo é um material por
excelência da intervenção psicopedagógica, na medida em que possibilita o exercício

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destas lógicas racionais e afetivas necessárias para a ressignificação dos aspectos
patológicos relacionados com a aprendizagem humana.

No ambiente escolar, o psicopedagogo tem como alicerce sua atuação na


construção de uma pesquisa. Dessa maneira, apropriar-se da análise, entendimento
e desempenho da aprendizagem, numa ação que se define por diversas maneiras,
para assim se chegar à intervenção.

O desempenho psicopedagógico no ambiente escolar tem como alvo essencial


causar modificações, tanto nos instantes de intervenção à frente de dificuldades que
a instituição mostra ou que nela se mostram, como também para aprimorar as
circunstâncias, os meios e o ensinamento, fazendo a função preventiva. Nesse caso,
necessita-se identificar que as transformações se convertem provável quando se
examina brechas, erros ou reconhece-se dificuldades.

A intervenção se destina em realizar uma intercessão entre alunos e seus


instrumentos de entendimento, dar funcionamento as ligações interpessoais, de
maneira a incentivar a aprendizagem, e o aperfeiçoamento do aluno, numa
expectativa preventiva.

O psicopedagogo utiliza de jogos, e os utiliza de maneira diferente dos demais


profissionais, porque o vê como uma técnica de intervenção que permite a articulação
de aspectos objetivos e subjetivos, necessários para que a aprendizagem aconteça
sem problemas.

Várias técnicas podem ser utilizadas pelo psicopedagogo quando está


intervindo junto às dificuldades de aprendizagem. São destacadas aqui algumas que
têm seu uso mais difundido, por sua amplitude: o psicodrama, a caixa de areia,

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estimulação cognitiva, as técnicas expressivas plásticas, que utilizam atividades
artísticas em suas diversas modalidades e a informática.

Técnica é teoria aplicada, isto é, fruto da aplicação de um conhecimento


científico em uma determinada área. Assim sendo, por exemplo, temos as técnicas
de expressão corporal, as técnicas dramáticas, o psicodrama, as técnicas
psicomotoras e tantas outras que podem se usadas na intervenção psicopedagógica,
todas elas conectadas a uma teoria correspondente.

O jogo psicopedagógico possibilita que o aluno concretize o pensamento


através da ação, passando a se reconhece e se identifica, assim contribuindo para a
construção da sua personalidade. A atividade lúdica seja ela uma brincadeira ou um
jogo pressupõe o estabelecimento de relações e interações sociais. Enquanto a
pessoa joga, mobilizam-se esquemas mentais, colocam-se em movimento funções
psicomotoras, estimulando o pensamento, despertando processos internos de
desenvolvimento. É neste momento acontecem às aprendizagens.

Figura 1 – Crianças jogando com a professora

Fonte – Internet

Avaliação Institucional

A avaliação, em qualquer transtorno e para qualquer paciente, o primeiro passo


é a realização de uma avaliação minuciosa que possa trazer dados consistentes a fim
de se traçar uma linha de base. Isto é, conhecer quem é a pessoa, qual sua demanda,

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como foi sua história de aprendizagem e quais são as relações estabelecidas com o
contexto.

A avaliação permite fazer um diagnóstico topográfico e funcional, apontar


diagnósticos diferenciais e escolher as técnicas mais pertinentes e eficazes para
serem utilizadas no processo terapêutico. Além disso, a avaliação não ocorre apenas
no início do acompanhamento psicoterápico, mas durante todo o processo. Uma vez
que a criança e os pais vão se transformando ao longo do processo, vão aprendendo
e desenvolvendo novas formas de relacionamento e adquirindo maior poder de
discriminação de situações consideradas aversivas. Dessa forma, diferentes
maneiras de interpretação das situações vão sendo favorecidas e,
consequentemente, novas habilidades de enfrentamento podem ser emitidas. Nesse
sentido, o processo avaliativo deve estar presente durante todo o processo
psicoterápico, a fim de focar as metas, verificar possíveis resultados, restabelecer
intervenções e objetivos terapêuticos.

A escola tendo como referência seus objetivos prescritos no Projeto


Pedagógico tem dois processos para avaliar seu trabalho, quais sejam, a avaliação
da aprendizagem aplicada aos alunos e a avaliação da organização administrativa,
financeira e pedagógica escola, denominada avaliação institucional.

A avaliação institucional tem sua legitimidade quando a escola estabelece a


relação entre a sua política educacional, o Projeto Pedagógico, sua organização, suas
ações definidas no Plano de Desenvolvimento da Escola e a prática do dia a dia da
instituição.

A partir das avaliações a escola estabelece metas e ações no seu Plano de


Desenvolvimento Escolar.

Uma das formas da gestão conhecer o que pensam os diferentes segmentos,


seus anseios, fragilidades e pontos fortes, seria através da avaliação institucional.

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Com as análises que os resultados da aplicação da avaliação institucional permitem,
o gestor tem condições de promover e estimular a melhoria do desempenho de toda
a equipe escolar, estabelecendo a sintonia do trabalho e entre as pessoas.

Na prática a avaliação institucional trata-se de uma maneira assertiva e eficaz


de identificar falhas, problemas, oportunidades e dificuldades que tem impedido uma
empresa de crescer e atingir os seus objetivos. É um dos instrumentos mais
essenciais dentro de uma gestão corporativa. Isso porque através da avaliação
institucional é possível realizar mudanças e tomar decisões assertivas com base em
dados reais e concretos que visam a melhoria da organização como um todo.

Há várias maneiras para se organizar a aplicação de instrumentos que


compõem o processo de avaliação institucional, alguns aspectos, porém, são de
relevância comum a qualquer tipo de organização: a garantia de que todos os
segmentos da escola sejam avaliados e se auto avaliem, bem como o gestor escolar;
a cientificidade do processo seguindo etapas como a coleta de dados, de maneira
fidedigna, sigilosa, preservando o autor das informações; a divulgação e utilização
dos resultados da avaliação.

LEMBRE-SE

A avaliação também pode ter como propósito a predição de desempenhos futuros, tanto na
escola como na profissão, tendo em conta que a informação que resulta da avaliação pode
ser relevante para o empenhamento do indivíduo na prossecução da exploração e da
procura de alternativas escolares ou profissionais.

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Sendo assim, atualmente, o modelo de gestão mais adotado é a gestão
democrática, uma forma de gerir as instituições de ensino visando possibilitar a
participação de professores, educandos, funcionários e da comunidade na
administração escolar.

Uma das dificuldades para se fazer uma avaliação bem feita é que não existe
um padrão de testes e inventários com respostas exatas (Koch & Gross, 2005). Por
isso, o manejo clínico passa a ser a principal estratégia para se alcançar os dados,
isto é, a postura empática e assertiva, a capacidade de continência, a capacidade de
fazer perguntas adequadas, pouco vagas e não indutoras, que possibilitem as
respostas almejadas

Figura 2 – Avaliação Institucional

Fonte - Internet.

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A avaliação e o diagnóstico

A avaliação é um processo dinâmico, e não é algo que antecede a uma


prevenção, tratamento, cuidado, prática de ensino. Ela esta sempre ocorrendo,
antes/durante/após e muito após (follow-up ou acompanhamento). Na prática, ela é
descritiva. Quanto mais eu observo detalhadamente o que esta acontecendo (uma
criança brincando), mais eu posso ver “dados” aparentemente ocultos. Quanto mais
eu descrevo com minúcias e detalhes, mais aquele “espaço-ali escuro” irá se
“iluminando” aos olhos de quem vê.

“Uma avaliação para com o ser nas clínicas, nas instituições do psicólogo e
nas práticas educativas dos pedagogos, deve cristalizar sempre um estar-sendo. No
dizer de Hoffmann (2000), a “reflexão transformada em ação”. O que faz a “avaliação”
ser significativamente vivenciada é no seu “âmago” conter algo: não definitivo; não
sentencioso; não ser classificatório; não estática; não determinista etc.

O diagnóstico visa essencialmente a captação da singularidade através da


identificação e avaliação que caracterizam a individualidade, isto é, que diferenciam
o indivíduo dos outros indivíduos e que fazem dele um ser único.

O diagnóstico pode ser entendido como o ponto de partida da avaliação, na


medida em que permite conhecer “os pontos fortes” e “os pontos fracos”, as
preferências mais relevantes, os objectivos que se pretendem alcançar, o estilo de
vida que se pretende; em suma, o diagnóstico permite ajudar o indivíduo a situar-se
dentro do seu próprio universo, e a confrontar-se com os seus próprios pontos de
vista que, eventualmente, podem ser inconsistentes com os resultados da avaliação;
mas o diagnóstico significa também identificar e avaliar o conjunto dos determinantes
situacionais que podem ou não condicionar escolhas ou processos de tomada de
decisão.

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Digamos que o diagnóstico tem duas faces intrinsecamente ligadas: a
identificação da singularidade, com as consistências e as inconsistências, e a
identificação de determinantes exteriores ao indivíduo que igualmente contribuem
para que ele funcione como uma unidade na sociedade.

O diagnóstico psicopedagógico busca investigar, pesquisar para averiguar


quais são os obstáculos que estão levando o sujeito à situação de não aprender,
aprender com lentidão e/ou com dificuldade; esclarece uma queixa do próprio sujeito,
da família ou da escola.

“Se nos atemos à origem etimológica e não ao uso comum (que pode significar rotular,
definir, etiquetar), podemos falar de diagnóstico como “um olhar - conhecer através de”, relacionado
com um processo, com um transcorrer, com um ir olhando através de alguém envolvido mesmo
como observador, através da técnica utilizada e, nesta circunstância, através da família.”
(FERNANDEZ, 1991).

Para fazermos um diagnóstico correto, devemos verificar inicialmente, se no


histórico familiar existem casos de dislexia ou de dificuldades de aprendizagem e se
na história desenvolvimental da criança, ocorreu um atraso na aquisição da
linguagem, pois as pessoas disléxicas pensam primariamente através de imagens e
sentimentos, e não com sons e palavras, sendo bastante intuitivas.

De acordo com a ABD, o diagnóstico só pode ser feito após a alfabetização da


criança, entre a primeira e a segunda série. Pois a escola alfabetiza precocemente, e
a criança não acompanha porque não tem maturidade neurológica suficiente.

A avaliação tem seu início com o psicólogo entrevistando os pais, e enviando


um questionário para o professor. Após, o psicólogo realizará uma bateria de testes,

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onde avaliará o nível de inteligência e aplicará testes visomotores, neuropsicológicos
e de personalidade.

Durante a avaliação o fonoaudiólogo e o psicopedagogo aplicarão testes de


lateralidade (direita, esquerda, mista) e avaliação da aquisição das habilidades
(organização espacial e temporal, discriminação e percepção visual e auditiva,
memórias tátil e cinestésica, memória imediata e de longo prazo, organização de
figuras e praxias orofaciais), teste de leitura (segmentação de palavras – sons
unitários e em sílabas, grupos consonantais, dígrafos, vocabulário adquirido, leitura
oral e silenciosa, com compreensão e habilidade para a aquisição fonológica) e testes
de linguagem escrita (ditado, cópia, escrita espontânea e material escolar). Também,
são solicitados parecer neurológico e testes oftalmológicos e audiométrico.

O diagnóstico final só acontece quando a equipe discute e direciona as suas


necessidades, através da entrevista devolutiva, que é feita com os pais.

Os pais conhecem seus filhos melhor do que ninguém, por este motivo, devem
estar atentos as frustrações, tensões, ansiedades, baixo desempenho e
desenvolvimento. É de suma importância que os pais focalizem sempre o que ele faz
melhor, encorajando-o a fazê-lo. Faça elogios, por ele tentar fazer algo que considera
difícil e não o deixando desistir. Ressalte sempre as respostas corretas e não as
erradas, valorizando seus acertos. Tranqüilize a criança, pois apesar das dificuldades
de aprendizagem, ela é inteligente e esperta. E não deixe a criança sentir que o seu
valor está relacionado ao seu desempenho escolar.

Assim, o processo diagnóstico, nosso cotidiano de ser, no ofício do ser, nos


ofícios psicólogos e pedagogo/educador/professor, ganha mais “sentidos-sentidos”
(Pinel, 2000). Subverter é necessário nessa área que já colaborou tanto para
construção de rótulos.

Conforme Fonseca, distúrbio de aprendizagem está relacionado a um grupo


de dificuldades específicas e pontuais, caracterizadas pela presença de uma
disfunção neurológica. Já a dificuldade de aprendizagem é um termo mais global e
abrangente com causas relacionadas ao sujeito que aprende, aos conteúdos

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pedagógicos, ao professor, aos métodos de ensino, ao ambiente físico e social da
escola.

Diante de todo o contexto envolvendo distúrbios de aprendizagem, é


necessário que se reflita acerca de como podemos contribuir na aprendizagem
dessas crianças. Uma conclusão prévia que já nos atrevemos a traçar é de que não
é prudente inserirmos todas as crianças com distúrbio de aprendizagem num mesmo
grupo.

O processo de diagnosticar é como levantar hipóteses. Uma boa hipótese ou


teoria explica uma grande quantidade de dados observáveis que são originados de
diferentes níveis de análise.

O diagnosticador apresenta vantagens importantes que compensam. Uma


delas é que ele possui muito mais dados sobre um sujeito do que geralmente um
pesquisador tem sobre todo o grupo de sujeitos. Para diagnosticar deve haver:

• Sintomas apresentados;

• O histórico inicial do desenvolvimento;

• Histórico escolar;

• O comportamento durante os testes;

• Os resultados dos testes;

Os diagnósticos são um emaranhado de situações associadas, que dependem


de algumas poucas restrições de peso e de muitas restrições mais leves. Nem todos
os pacientes com determinados distúrbios apresentam os sintomas característicos.

Outro componente importante no processo de diagnóstico é o reconhecimento


de que isto é um processo e de que as decisões diagnósticas não são possíveis até
que haja dados de avaliações suficientes. A avaliação também pode ter como
propósito a predição de desempenhos futuros, tanto na escola como na profissão,

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tendo em conta que a informação que resulta da avaliação pode ser relevante para o
empenhamento do indivíduo na prossecução da exploração e da procura de
alternativas escolares ou profissionais.

Técnicas de avaliação

LEMBRE-SE

A avaliação psicológica constitui,


A utilização da avaliação no ensino
básico e secundário visa contribuir
desde os primórdios da psicologia vocacional,
para que o jovem adquira um melhor um instrumento de base para ajudar os
conhecimento de si próprio: para tal,
deve avaliar-se um conjunto de indivíduos a realizarem as suas escolhas.
dimensões psicológicas, tendo quatro
delas particular importância: a Escolhas de carácter estritamente
exploração, o planeamento, a
maturidade vocacional, e a formação profissional ou relacionada com o
da identidade.
prosseguimento de estudos.

A avaliação engloba, hoje, um conjunto


de procedimentos que ultrapassa, em muito, a mera definição de variáveis que
medem as capacidades do indivíduo com vista a compará-las com as que são
exigidas pela profissão. A avaliação psicológica é assim um processo integrador do
conjunto de determinantes situacionais e de características pessoais que definem e
sustentam a individualidade e a singularidade.

As técnicas de avaliação utilizadas nos diferentes níveis e contextos da


intervenção vocacional decorrem da própria natureza da avaliação. Daí que os
procedimentos da avaliação devam considerar a utilização das técnicas ou métodos
que melhor se adequem aos objectivos pretendidos.

Um outro aspecto importante diz respeito à preparação do conselheiro para


utilizar as técnicas e para proceder a interpretações avaliativas: utilizar uma
determinada técnica desenquadrada de uma sólida preparação teórica, pode pôr em
risco os resultados da avaliação e todo o processo de aconselhamento. Portanto,
subjacente à escolhas de técnicas tem que estar o saber dar resposta a um conjunto

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de situações: o conselheiro domina a técnica que se propõe utilizar? A técnica ou
técnicas propostas merecem a concordância do indivíduo? As técnicas a utilizar
ajudam à prossecução dos objectivos? As técnicas são adequadas ao indivíduo? Este
tipo de questões deve acompanhar não só o processo de avaliação, mas também
estar presente no decorrer de todo o processo de aconselhamento.

O esquema de classificação proposto por Crites (1981) e retomado por Walsh


(Walsh e Osipow, 1990) para caracterizar os aspectos significativos das diferentes
abordagens de aconselhamento de carreira, comporta duas partes: o modelo,
constituído por três fases (diagnóstico, processo e consequências), e os métodos,
que incluem as técnicas de entrevista, a interpretação de testes e a utilização da
informação. Segue-se aqui a mesma metodologia de abordagem, ou seja, procede-
se ao enquadramento das técnicas de avaliação com os modelos ou abordagens
teóricas (traço e factor, centrada na pessoa, psicodinâmica, desenvolvimentista,
aprendizagem social, psicológico-social e computacional).

Então, mais importante que as técnicas é o modo como o psicólogo e o


pedagogo as manejam, as “olha”, as “observa”... O olha(dor) tem um modo-de-ser
observa(dor): “ao invés de alienação, a resistência. Ao invés de limitações,
criatividade. Ao invés de conformismo, subversão” (Certau, 1996 ). No dizer mais
ameaça(dor) de Ferraço (2001, p. 93): “Em lugar de olhar, sentir [...] [pois] queiramos
ou não, fazemos parte do cotidiano pesquisado e por mais alheios e neutros que
desejamos ser, sempre acabamos por alterálo”.

Atualmente, no nosso meio psicológico acadêmico e profissional, alguns


profissionais de formação psicanalista rejeitam radicalmente o uso de qualquer teste
ou técnica de investigação da personalidade. No trabalho diagnóstico, utilizam apenas
a entrevista psicanalítica nos moldes realizados por Freud (1969a), Lacan (apud
QUINET, 1991) e Mannoni (2004), conforme destaca Priszkulnik (1998).

Mas a prática mais comum, principalmente com crianças, introduz na entrevista


diagnóstica técnicas menos estruturadas, como o “jogo do rabisco” de Winnicott

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(2005a); ou o brincar de forma livre e espontânea, como propõe Aberastury (1992),
na “hora do jogo”; ou ainda o desenhar e contar estórias, conforme Trinca (1997) no
Procedimento de “Desenhos-Estórias”.

Tradicionalmente usadas dentro do processo do psicodiagnóstico, essas


técnicas são, hoje, freqüentemente empregadas de forma mais flexível. Como aponta
Trinca (1997), a flexibilização do uso de técnicas auxiliares, na entrevista clínica,
consolida uma nova maneira de realizar o diagnóstico psicológico como um
procedimento predominantemente clínico.

O jogo do rabisco é uma técnica (apresentada como jogo) que facilita a


comunicação de aspectos profundos do psiquismo e tem valor diagnóstico e
terapêutico. É de fácil apreensão e muito bem-aceita pelas crianças. O fato de o
terapeuta jogar livremente com a criança, na troca dos desenhos, tem grande
importância para o sucesso da técnica, pois não dá à criança a impressão de que está
sendo avaliada, como ocorre, com freqüência, quando lhe é aplicado um teste
psicológico. Winnicott (2005a, p. 232):

Em um momento adequado, após a chegada do paciente [...] digo à criança: “Vamos jogar
alguma coisa. Sei o que gostaria de jogar e vou lhe mostrar”. Há uma mesa entre a criança e eu, com
papel e dois lápis. Primeiro apanho um pouco de papel e rasgo as folhas ao meio, dando a
impressão de que o que estamos fazendo não é freneticamente importante, e então começo a
explicar. Digo: “Este jogo que gosto de jogar não tem regras. Pego apenas o meu lápis e faço assim”
[...] e, provavelmente, aperto os olhos e faço um rabisco às cegas. Prossigo com a explicação e digo:
“Mostre-me se se parece com alguma coisa a você ou se pode transformá-lo em algo; depois faça o
mesmo comigo e verei se posso fazer algo com o seu rabisco”

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Figura 3 – Jogo do Rabisco de Wiinnicott

Fonte - Internet

Instrumentos de intervenção e avaliação institucional

Os instrumentos psicológicos de avaliação têm como um importante objectivo


contribuir para a auto-conhecimento e para o desenvolvimento pessoal (Anastasi,
1988), e por isso a informação adquirida através dos resultados dos testes, e a
importância dada à análise e discussão dos resultados com o cliente e o conselheiro,
evidencia cada vez mais a relevância da utilização dos instrumentos psicológicos.
Consideremos, sumariamente, as grandes categorias de testes mais utilizados na
intervenção vocacional, referindo em linha gerais o que são e como devem ser
utilizados no aconselhamento de carreira.

Ginzburg (1989) fala do “método indiciário”, utilizando-se para isso da crítica


de arte de Norelli (criticar uma obra é “ver através dela”; ir aos detalhes imperceptíveis
ao desatento; ir atrás das minúcias e descrever, descrever... e ainda iluminar o escuto,
aquilo que, para o investigador, não resiste ao seu olhar de significado-sentido), da

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Psicanálise de Freud (inventor ou descobri(dor) do “inconsciente” que é “alicerce”
para o “eu” ou “ego”: “o eu não é senhor, nem mesmo de sua própria casa”.

A seguir, alguns instrumentos e textos mais utilizados no processo diagnóstico


e de avaliação psicopedagógica:

a) conheça, estude, sinta e reflita sobre filosofia, moral e ética;

b) cuidar de si para cuidar do ofício, dos objetos, e então cuidar dos modos de
cuidar do “outro”;

c) procurar supervisão de um outro psicólogo, com renome ou experiência na


área;

d) não se utilizar instrumentos como verdade definitiva, considerando o “ser


sempre estar sendo”, e sua faticidiade é a finitude, sempre pré-sente;

e) seguir o Código de Ética do Conselho Federal de Psicologia.

• Testes Projetivos

• Provas

• Testes de Critério

• Portfólio

Atualmente, a avaliação é considerada uma das principais etapas no processo


de ensino e aprendizagem. E, necessariamente não pode ser desvinculada das outras
dimensões que integram o processo ensino-aprendizagem. Os alunos devem ser
avaliados constantemente, a todo o momento, durante o desenrolar o processo. A
avaliação irá revelar resultados para análise e detecção de problemas no aprendizado
dos alunos.

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Figuras 4 – Desenho de crianças em sala de aula

Fonte - Internet

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REFERÊNCIAS

ALLIENDE, Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. Leitura: teoria, avaliação e


desenvolvimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

BEAUCLAIR, João. Para Entender Psicopedagogia: perspectivas atuais,


desafios futuros. Editora WAK: Rio de Janeiro, 2006.

CIASCA, S.M. & ROSSINI, S.D.R. Distúrbio de aprendizagem: mudanças


ou não? Correlação de uma década de atendimento. Temas sobre
desenvolvimento, 8(48): 11-16, 2000.

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