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36298/gerais202013e14744
Abstract
The current study aimed to analyze the perception of parents about prejudice suffered by their deaf children. Eight
parents of the deaf children were surveyed through a semi-structured interview which was analyzed using the
Iramuteq Software through the Descending Hierarchical Classification (CHD). The results generated a dendrogram
with five classes that represent, in the parents' view, the prejudices that deaf children, who use the Libras as a form
of communication, face. It is perceived that the deaf people are still treated as deficient and "sick." Thus, several
types of prejudices are present in the daily life of the deaf person; and whose main authors are their own family
members, the school and the health professionals.
1
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Brasil. E-mail: dekaaraujo@hotmail.com.
2
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Brasil. E-mail: joilsonp@hotmail.com.
Nome
Idade Sexo Escolaridade Renda familiar
fictício
Acima de 6 salários
Maria 58 F Pós-graduação
mínimos
Joana 42 F Superior completo 4 a 6 salários mínimos
Acima de 6 salários
Pérola 46 F Superior completo
mínimos
Felipe 47 M Mestrado 4 a 6 salários mínimos
Acima de 6 salários
Aline 60 F Pós-graduação
mínimos
Superior
Rafael 37 M 1 a 3 salários mínimos
Incompleto
Cristina 46 F Ensino médio 1 a 3 salários mínimos
Superior
Guilherme 45 M 4 a 6 salários mínimos
Incompleto
Fonte: Autoria própria.
Sobre a idade, seis dos participantes têm Sensu e um, Pós-Graduação Stricto Sensu.
idade de até 48 anos, enquanto dois, acima de 48 Além disso, faz-se importante detalhar
anos. Cinco participantes são pertencentes ao informações como: composição familiar, causa
sexo feminino (mãe dos surdos), enquanto três, da surdez e se o filho surdo faz uso de aparelho
masculino (pais dos surdos). coclear, pois a forma que o sujeito e o filho
A respeito da escolaridade, um surdo são/estão modifica a forma que ele vai se
participante tem Ensino Médio Completo; dois, relacionar com o mundo. A Tabela 2 traz essas
Ensino Superior Incompleto; dois, Ensino informações:
Superior Completo; dois, Pós-Graduação Latu
A criança nasceu
Joana Separada, só tem uma filha surda. Já utilizou
prematura.
semelhança dos segmentos de texto (Figura 1), apresentação as 10 primeiras palavras exibidas.
apresentou cinco classes de segmentos de texto. Os segmentos de textos (falas dos participantes),
Além desse dendograma, a interface de mostradas ao longo dos Resultados e da
resultados possibilita que se identifique o Discussão, foram gerados na aba “Perfis”, sendo
conteúdo lexical de cada uma das classes, a possível verificar os segmentos de textos que
partir da aba Perfis (Camargo & Justo, 2005). contêm a palavra, expressa em determinada
As palavras mais frequentes em cada classe do dendograma, de forma que possa se
classe estão listadas no dendograma constante recuperar o seu contexto (Camargo & Justo,
na Figura 1. Foram selecionadas para 2005).
Em uma primeira etapa, o corpus foi trabalho. Essa classe se opôs às demais por
dividido (1ª partição) em dois subcorpora. De um apresentar uma visão ampla do preconceito,
lado, a classe 5, e do outro, as classes 4, 3, 2 e 1. objeto do estudo. Posteriormente, considerar-se-
Em uma segunda etapa, o segundo subcorpus foi á a classe 4, intitulada “Manifestações de
dividido em dois (2ª partição), opondo a classe 4 preconceito contra o surdo no ambiente
e 2 de um lado e, de outro, as classes 3 e 1. Num escolar”; depois, a classe 2, “Experiência e
terceiro momento (3ª partição), a classe 2 se expectativas com relação à surdez”, a classe 3,
opôs à classe 4. Em uma última divisão (4ª “Relações familiares e preconceito” e a 1,
partição), as classes 3 e 1 se opuseram entre si. “Principais dificuldades e aprendizados”, por
Iniciar-se-ão os resultados e a discussão ordem de revelação do dendograma gerado pelo
pela Classe 5, intitulada “Percepções dos pais programa Iramuteq, conforme explicado
acerca dos preconceitos”, pelo seu grau de anteriormente.
importância, considerando o objetivo do A classe “Percepções dos pais acerca
dos preconceitos” foi a terceira maior classe e realidade, levando em conta não somente o
abarcou 20,4% dos fragmentos da categoria. individual, mas, sobretudo, a cultura.
Com base nas palavras e principais segmentos, Corroborando essa ideia, Crochík (2006)
notou-se que essa classe aborda o conceito dos esclarece que as condutas preconceituosas se
pais sobre o preconceito e os principais baseiam em estereótipos culturais. Os
preconceitos sentidos pelos filhos. estereótipos, por sua vez, são passados de
O conteúdo referente à conceituação do geração para geração, reproduzidos pelas
preconceito pode ser visto nos extratos a seguir. culturas e veiculados em diversos meios sociais,
como internet e televisão, fortalecendo as ideias
[...] é um preconceito, preconcebido, em preconceituosas.
função de suas experiências anteriores e Arendt (2012), por sua vez, explica que
do grau de conhecimento, de o preconceito está ancorado a um juízo passado,
informação. É a falta de informação, apresentado como verdade absoluta, que impede
insensibilidade, reação ao diferente [...]. que se visualize a experiência atual e as
(Maria) novidades e novos conhecimentos. Dessa forma,
repetem-se no presente os conhecimentos
[...] o preconceito, ele vem da falta de
surgidos anteriormente, sem considerar novos
conhecimento, eu acho, a pessoa não
dados.
tem conhecimento das coisas, é uma
O preconceito é então baseado na ideia
pessoa primitiva, que não tem
de classificação, fundamentado em
conhecimento do mundo [...]. (Aline)
ensinamentos e expectativas e, a partir disso, é
[...] o preconceito é uma falta de
formada uma opinião em relação aos indivíduos
informação, insensibilidade, reação ao
que apresentam características diferentes e
diferente, intolerância, egoísmo... é uma
particulares, baseando-se em um conceito
falta de respeito não aceitar a pessoa, a
formulado de maneira parcial. Os indivíduos que
pessoa não é como ela quer [...]. (Rafael)
fogem do padrão de normalidade, imposto pela
maioria, passam a ser excluídos ou
Foram comuns, nessa classe, respostas estigmatizados.
de participantes que salientaram o preconceito O participante Felipe salienta, ao
ser um conceito prévio, uma falta de abordar o tema preconceito, referindo-se a sua
conhecimento, de informação ou até de filha surda, que “[...] o preconceito sempre
insensibilidade ao diferente, que acaba por esteve muito presente, sempre procuramos tirar
discriminar as pessoas. isso por menos e dar a ela uma vida normal,
De acordo com Pinheiro (2011), mostrar que ela é importante pra gente, que a
preconceitos são valores diversos, a partir de gente ama ela [...]”.
juízos preconceituosos que o sujeito tem sobre a
colegas do prédio foram proibidos de andar com existiu preconceito. As escolas não
o seu filho surdo. Esse impedimento configura o deram certo justamente por isso. [...]
grau de preconceito sentido pelo pai do colega, (Aline)
talvez por ignorância, pensando, provavelmente,
[...] A principal dificuldade foi a questão
que seu filho poderia contrair a surdez, ou
da Libras. Ele foi uma vez para uma
algum deficit de desenvolvimento por não estar
escola, tipo assim, uma sala de inclusão,
atuando com “normalidade” em seu
mas os meninos ficavam mexendo com
pensamento, ou ainda por vergonha de seu filho
ele [...]. (Rafael)
estar convivendo com um surdo.
A respeito das principais suposições que
O riso, postulado no seguimento
explicariam o preconceito, Peregrino (2013)
anterior é, segundo Peregrino (2015), uma
reflete e interroga se o preconceito tem força
atitude preconceituosa, originada pelo estigma
por ser um juízo passado, permanente e não
da surdez. O olhar diferente para o surdo e essa
revisto que vê o surdo como um defeito a ser
forma de discriminação, as risadas, acontecem,
corrigido, como anormal, doente, incapaz e
provavelmente, pela forma de comunicação
inferior, conforme visto, ou se é reflexo da
diferente, uma vez que, geralmente, utilizam a
própria condição surda, da dificuldade do
modalidade visuoespacial e, além disso, há o
ouvinte se comunicar com o surdo, por este ter
desconhecimento desta pelos ouvintes. Pode-se
uma língua própria, que não é a língua vista
considerar que a Libras, apesar da Lei n.
como natural, pela grande maioria, o português,
10.436/02, que promoveu o conhecimento e
oral-auditivo. Os participantes apostam na falta
visibilidade como língua natural dos surdos,
de conhecimento como motivo principal de
ainda não é respeitada e valorizada pela
manifestações preconceituosas por parte das
sociedade, de forma geral.
pessoas.
Corroborando essa ideia, Espote,
Na classe 4, intitulada “Manifestações
Serralha e Scorsolini-Comin (2013) esclarecem
de preconceito contra o surdo no ambiente
que a forma específica de comunicação dos
escolar”, a maior do corpus, com 23,6% dos
surdos, representada pela ausência da fala e
segmentos da categoria, revela, pela fala dos
carregada por gestos e ruídos, causa, às vezes,
pais, a condição de sofrimento emocional,
estranhamento, que pode ser o início da
vergonha, bullying e rejeição sofridos pelos
discriminação, visto que a pessoa pode
surdos, especialmente nas escolas, como
demonstrar a sua não familiaridade e
indicado no segmento de texto ilustrativo.
conhecimento por meio de atos
[...] Olham de outra forma para ele, dão
discriminatórios, ou mesmo ignorar os surdos,
risada, a partir disso, ele já fica com o
por não saber como se comunicar com eles.
sofrimento, ele passou por tudo isso.
Assim, os intérpretes são uma ponte para os
Nas escolas regulares que ele estudou,
surdos entenderem e se fazerem entender.
surda é tratada em casa irá determinar a imagem vida dos pais e eles a aceitam, incluindo suas
que ela terá de si mesma, pois é na família que limitações e reestruturam, assim, suas vidas,
muitos dos valores, crenças e costumes incluindo seus sistemas de valores (Luterman,
transmitidos de geração para geração são 1979).
repassados por meio da linguagem. Os participantes, que contribuíram para
Porém, esse processo de buscar a Libras a classe 2, já se apresentam na fase da aceitação e
e de se adaptar ao mundo do surdo não é afirmam que a presença de um filho surdo
automático. Geralmente, acontece depois de trouxe uma transformação positiva na forma de
algum tempo depois de receber o diagnóstico da eles verem o mundo. Isso é representado nos
surdez; e pode-se afirmar que é um processo trechos a seguir:
gradual e difícil para a maioria dos pais. De
acordo com Iervolino, Castiglione e Almeida [...] Mudou muito a minha maneira de
(2003), posterior à fase do diagnóstico, os pais ver o mundo. Às vezes, tinha mania de
têm um tempo de negação que possibilita reclamar das coisas, vejo meu filho
acolher o impacto, superar o seu “pesar” e surdo e não tem tempo ruim para
aceitar-se novamente como pais. Harrison aquele menino [...]. (Guilherme)
(1994), em seu estudo, assinala para a fragilidade
[...] é um presente, é muito bom
dos pais, no momento inicial, pós-diagnóstico da
conviver, ter ela na vida, é bom demais,
surdez, demonstrando sentimentos dolorosos e
mesmo que ela não fale e ouça, ela sabe
intensos.
quando tô triste, quando estou alegre,
Os pais passam pelas seguintes fases,
ela percebe, então é um presente na vida
depois de receberem à notícia da surdez:
[...]. (Joana)
negação, resistência, afirmação e aceitação
[...] Ela me ensina o tempo todo com
(Bevilacqua & Formigoni, 2000). De acordo
posicionamento, caráter, perseverança,
com Melo (2011), na fase da negação, os pais
então eu sou feliz. Eu sou uma pessoa
não aceitam a notícia da surdez, indo,
feliz, eu não tenho do que me lamentar,
geralmente, de médico em médico para buscar
ela é feliz [...]. (Felipe)
uma notícia positiva, diferente da já ofertada. Na
fase da resistência, os pais sabem que o filho é
surdo, mas acreditam que ele terá uma vida igual Marchesi (1995) relata que os pais,
à do ouvinte. No estágio da afirmação, a surdez geralmente, apresentam como estratégia de
sobrepuja sua vida em todos os aspectos, adaptação à notícia da surdez reforçar o vínculo
assimilando informações e tomando decisões com o filho surdo, reconhecendo e aceitando
sobre o processo de reabilitação (Schmaman & sua deficiência auditiva; ou podem não aceitar a
Straker, 1980, citado por Melo, 2011). Já no deficiência, isolando e discriminando o filho; ou,
estágio da aceitação, a surdez já é um fato na ainda, reorganizar a família e responsabilizar um
dos seus membros, geralmente a mãe, pelo filho mesmo tempo, quero ver se ela tem
surdo. também mais independência, quero ver
Williams e Darbyshire (1982), citado por se introduzo ela na vida dos surdos [...].
Melo (2011), destacam que o processo de (Felipe)
preocupação e frustração do momento do
diagnóstico reaparece em outras circunstâncias:
Percebe-se, nas falas, a preocupação dos
quando acaba a escola, quando entra na
pais por perceberem a dificuldade de os filhos
adolescência, quando conclui seus estudos e
serem inseridos e incluídos socialmente. Glat
entra na idade adulta, quando começa a trabalhar
(1995) considera que ainda hoje existem grandes
e pretende casar, entre outras. Como
dificuldades de inclusão social, sobretudo de
expectativas com relação ao futuro do filho,
marginalização imposta aos surdos e a sua
têm-se os seguintes elementos significativos:
família, “por contaminação”.
Espote, Serralha e Scorsolini-Comin
[...] Eu vejo para ele um futuro duro,
(2013) esclarecem que, mais do que uma questão
difícil, muito difícil, ele é muito
cultural, o preconceito leva com ele ideias
inteligente, agora ele tem que acordar
quanto à deficiência apresentada, a maioria
para ver que as coisas não estão fáceis
catalogada com a ideia de falta de capacidade.
para nós ouvintes, as coisas já estão
Desse modo, entende-se a preocupação dos pais
difíceis... ele vai pegar uma barra pesada
quanto ao futuro do filho surdo.
[...]. (Guilherme)
Guilherme apresenta uma visão muito
[...] É muito difícil, ela quer fazer um realista sobre o assunto e, na fala de Cristina, foi
curso, ter um dinheiro dela, moto ela possível perceber certa simbiose, talvez pela
não quer não, porque a irmã tem e ela culpa que a mãe traz por ter aceitado a surdez da
acha perigoso, mas comprar um carro e filha com apenas 10 anos. Atualmente, essa mãe
me ajudar. Ela fala que quer muito me vive para filha e a filha para ela. É como se elas
ajudar [...]. (Cristina) quisessem recuperar o tempo perdido. Na sua
fala, Cristina demonstrou o sentimento de
[...] Eu tenho que jogar ela pro mundo e
independência que a filha deseja.
ver como vai ser... a minha preocupação
Joana e Felipe têm a esperança de tornar
é, por exemplo, a gordura interfere
os filhos mais independentes, pois acreditam que
socialmente, já dificulta ela estar no
isso pode ajudá-los. Provavelmente, os pais
meio, dá vergonha, além de não falar,
agiram até o momento com uma superproteção
não ouvir, então esse processo é mais
inconsciente – fato que Melo (2011) enfatiza ser
difícil [...]. (Joana)
comum – na busca do crescimento do filho,
[...] Então, vou botar na academia, gosta
visando preservá-lo e defendê-lo de possíveis
muito de natação, dança, quero ver se
dificuldades. Porém, agindo assim, dificulta-se a
introduzo também nessa parte, ao
autonomia do filho para a conquista de suas
com a mentira, muita falta de acho que ele sempre foi muito exaltado [...]”
profissionalismo [...]. (Maria) (Maria).
Esse caso, portanto, de acordo com o
[...] Ele começou a balbuciar muito,
visualizado na pesquisa, constitui-se uma
nessa época, e dava aquele ânimo,
exceção à regra. Maria complementa: “[...] ele
aquela coisa, eu não tinha muita
sempre foi muito consciente das coisas, nunca
orientação, nem informação, achava que
demonstrou nenhuma frustração por ele ser
ele pudesse falar, falta de informação
surdo, nunca se colocou em nenhuma limitação
mesmo [...]. (Pérola)
por ser surdo, ele acha, às vezes, que a gente faz
muitas coisas por ele, que ele devia fazer mais
Os pais, como se pode perceber nesses
[...]”.
trechos, tinham a esperança da normalização de
A não reação de preconceito da família,
seus filhos, por meio da fala, influenciados pelas
provavelmente, influenciou o fato de esse
ciências médicas, como se fossem regimes de
participante aceitar a sua condição e se sentir
verdade, como se o filho precisasse ser corrigido
realizado com ela, assumindo sua identidade e
por profissionais da saúde, como o
cultura. Porém, o relato da mãe, de que o filho
fonoaudiólogo, e pelo uso de aparelhos
procura ser mais independente, demonstra a
cocleares. A medicalização da surdez, conforme
superproteção, comum pelo excesso de
declara Witkoski (2011), é sustentada por uma
preocupação e indiretamente pode manifestar
ideologia oralista, percebida na fala de Pérola,
um preconceito sutil, por não confiar no
quando compartilha, com alegria, a sua
potencial dele para se desenvolver – fato
esperança de o filho falar ao vê-lo balbuciando
enraizado no estigma de que o surdo não tem
e, depois, explica a falta de orientação recebida
condições efetivas de desenvolvimento
por anterior “ignorância” no assunto.
semelhante às dos ouvintes.
Maria, no segmento de trecho anterior,
Glat (1995) afirma que a marginalização
adverte que, possivelmente por estar enraizado
imposta ao indivíduo surdo acaba provocando o
no discurso baseado no oralismo, visto como
isolamento de muitas famílias e, por
algo normal, ela e o marido, apresentaram
conseguinte, reforçando a superproteção,
muitas necessidades que, se tivessem
fazendo com que a condição especial do sujeito
conhecimento, não precisariam ter passado.
surdo seja atribuída a dimensões maiores, em
Hoje em dia, ela e o marido, com o filho,
comparação a suas capacidades e aptidões.
abraçam a causa, cultura e identidade surda.
Na classe 1 (22,29%), é exaltada a
Além disso, Maria foi a única
experiência de ter um filho surdo, com todas as
participante que não sentiu reação de
dificuldades e aprendizagens que isso suscita.
preconceito na família: “[...] nunca senti então
Essa classe recebeu o nome de “Principais
nenhuma reação, pelo contrário, para ele, eu
dificuldades e aprendizados”. O segmento de
texto a seguir é ilustrativo dessa classe: “[...] Foi
um privilégio aprender Libras e não ficar só pra preconceito, por significar sua exclusão e
mim, expandir pra quem precisa, as dificuldades privação de direitos básicos constitucionais.
foram muitas e o aprendizado é que eu não fico Como ponto positivo, os pais declaram:
só pra mim, eu procuro ajudar as pessoas
também [...]” (Cristina). [...] a gente passa a ser mais sensível,
As dificuldades da relação com o filho passa a ter um olhar diferente sobre a
surdo podem influenciar no preconceito ou, às deficiência, pode ser a qualquer uma,
vezes, é até o próprio preconceito, conforme não só a surdez, passa a ser mais
trechos a seguir. humano e a acreditar mais nas pessoas
[...]. (Felipe)
[...] nós tínhamos uma orientação muito
[...] o principal é a gente começar a ser
deturpada, encaminhavam a gente e era
mais humano e ver as coisas de forma
aquela coisa: tem que ir para o
diferente. No momento que eu tive um
psicólogo, psicopedagogo,
filho surdo e passei por todas as
fonoaudiólogo; então, tratam o surdo
dificuldades para conseguir seguir o
como doente, eles não estão preparados
caminho dos surdos [...]. (Maria)
para a orientação [...]. (Maria)
[...] Não que eu não era humano, mas eu
[...] outra dificuldade é a questão da
fiquei mais humano, de eu enxergar que
própria discriminação que ela sente da
as dificuldades não são esse bicho de
família em geral, não a gente, mãe, pai,
sete cabeças, que tem coisas muito mais
irmã, e depois há discriminação de
difíceis que as pessoas superam [...].
amigos em geral e da própria sociedade
(Guilherme)
[...]. (Felipe)
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Anexo