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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA
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Os familiares tentam observar, entender e significar os comportamentos
antes que conhecer o diagnóstico, o que lhes provoca angustia e insegurança.
"Nessa perspectiva, o surgimento de uma condição crônica e o seu manejo no
seio das interações familiares são um desafio, o que pode determinar o
enfraquecimento dos laços familiares e de sua estrutura." (Mapelli et al. 2018, p.
2).
Na esteira do diagnóstico está a procura de soluções para os problemas
identificados. Assim, nos primeiros momentos após o diagnóstico os familiares
sofrem com adaptação aos medicamentos, com medo do novo, além dos
contínuos ajustes na dinâmica familiar.
Percebe-se um grande diferencial na aceitação e envolvimento da família
dependendo de como lhe é apresentado a suspeita ou diagnóstico de autismo, o
envolvimento aumenta quanto mais assertivas e positivas são as orientações
iniciais dos profissionais.
Outro aspecto às vezes negligenciado é a assistência aos familiares.
Geralmente a criança é encaminhada e segue com seu tratamento, mas a família
fica desassistida. Um diagnóstico de deficiência ou transtorno costuma ser
devastadora, dessa maneira é interessante que a família também receba apoio e
encaminhamento. Muitos pais têm como primeiro apoio grupos organizados
formados por outros pais de autistas. Talvez um dos mais conhecidos e
estruturados é o AMA (Associação de Amigos do Autista), cujo site está no
endereço: <https://www.ama.org.br/site/>.
Grupos de apoio têm impacto social importante, além de auxiliar familiares
e pessoas com TEA, mas não substituem as demais instâncias como as políticas
públicas, que precisam ser pensadas e elaboradas para atender a todos. Até
mesmo a equipe escolar, quando percebe dificuldade dos pais em dar conta das
pressões e demandas do atendimento do(a) filho(a) autista, pode e deve alertar e
oferecer apoio e indicar opções de atendimento.
Os pais costumam participar ativamente na intervenção. Com suspeita e/ou
diagnóstico, o primeiro aspecto de intervenção a criança com TEA está na
conquista dos marcos desenvolvimentais, para essa tarefa os pais precisam
estudar, conhecer, se preparar para atuar em áreas geralmente desconhecida
deles. Assim segue ao longo de todo o tratamento, os comportamentos em
excesso e inadequados, a comunicação e relações de convivência estão sempre
presentes em casa.
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Serra (2010) resgata Krynski no que diz respeito às fases vividas pelos
familiares após saber do diagnóstico de TEA, “do alarme, do estresse, da
angústia, da rejeição e da revolta” (Serra, 2010, p. 45). Após essas fases,
geralmente ocorre a busca por tratamento e cura milagrosa, até conseguirem
conquistar algum tipo de equilíbrio, uma aceitação mais consciente.
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próximos até o momento que entram na escola, quando passa a conviver com
outros adultos e muitas crianças. A convivência com outros é estressante para o
autista. Possivelmente passará por situações provocadas por preconceito e
variadas reações a sua presença na escola, com ambientes barulhentos e
“desorganizados”.
Assim como é imprescindível à escola receber informações dos pais sobre
a criança, o caminho de volta precisa acontecer, como via de mão dupla. Os
familiares precisam saber como seu filho se comporta na escola, as atividades
que realiza e as dificuldades que encontra. A troca de informações deve ser
rotineira, importante programar estratégias para permiti-la. Considere também o
PNE 2020, no qual os familiares têm papel fundamental para tomada de decisão
quanto à forma de escolarização dos filhos com necessidades especiais.
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diversas áreas, inclusive na área da saúde, que anteriormente demonstrava
resistência às relações mediadas por tecnologias da comunicação e da
informação.
Os períodos de isolamento social e quarentena provocados pela pandemia
do Corona Vírus se tornou momento de muita dificuldade para os familiares de
pessoas com autismo. Em parte, pela descontinuidade do atendimento
terapêutico e educacional, mas principalmente pela sobrecarga que coube aos
pais, assim como a alteração radical na rotina dos autistas.
Também as escolas têm enfrentado grande dificuldade em atender
remotamente todos os seus alunos, tanto mais aqueles da Educação Especial.
Acreditamos que orientações sistematizadas para pais que atendem em casa
seus filhos autistas podem servir de referência para atividades escolares on-line.
Algumas delas estão no artigo de Araripe et al. (2019), são:
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naturalística na análise comportamental, aproveitando os elementos, objetos e
espaços do dia a dia, com certo controle dos estímulos e materiais.
Por exemplo, separando e apresentando para a criança material específico
por atividade. Os reforçadores serão aqueles viáveis no contexto do lar,
considerando as condições de cada família. Lembrando que na proposta
naturalística o reforço quase sempre é intrínseco a atividade, como a conclusão
da mesma ou a conquista de um novo nível, o que facilita para os familiares.
Exemplo de reforçador intrínseco citado pelos autores seria
uma brincadeira com blocos de encaixar, por exemplo, pode ser uma
oportunidade para se realizar um treino de imitação com o objeto, cuja
consequência reforçadora intrínseca seria a observação dos objetos se
empilhando, formando um objeto maior, caindo no chão e se
espalhando, bem como pela interação com pais, cuidadores e/ou irmãos
em tom de diversão, obtidos na própria atividade lúdica (Araripe et al.
2019, p. 5).
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TEMA 4 – TECNOLOGIAS DIGITAIS
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Figura 1 – ABC Autismo
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Figura 2 – Incorporação de tecnologias digitais
Políticas
públicas de
inclusão
escolar e
digital
Empode-
ramento de
estudantes
com
deficiência
Dispositivos
Práticas de
móveis
inclusão
(laptops e
escolar e
computa-
social
dores
Fonte: Santarosa; Conforto, 2015, com base no Relatório Geral da UNESCO, 2014.
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A segunda recomendação é a preocupação em preparar adequadamente
o ambiente da aplicação dos recursos de informática, principalmente para
pessoas com TEA, eliminando distrações e organizando materiais associados a
cada atividade. No que se refere especificamente aos robôs, uma orientação está
na busca de opções com mais autonomia, pois a manipulação remota por parte
do terapeuta em tempo integral tem impactos nos custos, por exemplo (Alves et
al., 2020).
A revisão dos autores foi relacionada à aplicação dos princípios do
behaviorismo radical, representado pela Análise do Comportamento Aplicada
(ABA), o que levou a percepção de que a maioria das pesquisas estava muito
mais voltada aos processos intrínsecos ao programa de informática, do que
propriamente aos resultados no desenvolvimento da habilidade proposta.
Sugerem a necessidade de atentar a critérios de desempenho para verificar se as
habilidades são de fato conquistadas pela pessoa que se utiliza do robô ou
programa.
Os estudos analisados descrevem a utilização dos princípios da ABA no
tratamento de crianças com TEA. No âmbito da ABA, o uso de robôs
contribuiu para o aprimoramento das seguintes habilidades: atenção,
comunicação, leitura, comportamento social e socioemocional. No
entanto, a descrição das melhorias nessas habilidades não se ateve aos
princípios da ABA, de modo que não pode se arvorar gozar da mesma
pressuposição de efetividade e deve demonstrar de maneira mais
assertiva o efeito positivo sobre as habilidades-alvo enfocadas.
Sugerimos a colaboração entre desenvolvedores e Analistas do
Comportamento para esta finalidade. (Alves, 2020, p.144-145)
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retenção escolar à evasão do aluno, uma vez que apenas um aluno com retenção
seguiu o trajeto de forma ininterrupta.
As autoras também associam a evasão à mudança do atendimento da rede
municipal para estadual, o que acontece na sexta série, quando os alunos passam
a ter um professor para cada disciplina, dentre outras mudanças. No município
em questão há maior apoio aos autistas nas escolas municipais, e possivelmente
os pais se sentem inseguros com a mudança de escola. Também pode interferir
a quase ausência de retenção escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental,
responsabilidade da rede municipal.
Lima e Laplane (2016) afirmam que poucos alunos autistas chegam ao
ensino médio, com taxas de evasão muito altas neste nível de ensino
Na idade adulta, a maior parte destes indivíduos esteve e/ou ainda está
inserida em instituições educacionais especiais, sendo que apenas uma
parcela muito pequena de adultos com TEA se manteve no ensino
regular. Foram reveladas perspectivas educacionais para a vida adulta,
nas quais os participantes buscam locais para convivência, realização
de terapias multidisciplinares, acolhimento às famílias, atividades de
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profissionalização para os adultos com TEA, atendimento individualizado
e a presença de profissionais qualificados. (Rosa et al., 2019, p. 314)
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REFERÊNCIAS
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Cad. Bras. Ter. Ocup. São Carlos, v. 27, n. 2, p. 302-316, 2019. Disponível em:
<https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1845>. Acesso em: 5 maio. 2021.
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