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Daniele Cavalcante

Organizadora

Metodologias Ativas
na Neuropsicopedagogia
@2023 e-book produzido coletivamente.

Disciplina de Metodologias Ativas na Ciência.


Especialização em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional, T10.
Universidade Ateneu - Und. Harmony Bezerra de Menezes

Editor: Daniele de Sousa Cavalcante


Capa e Projeto Gráfico: Daniele de Sousa Cavalcante
Diagramação: Daniele de Sousa Cavalcante

Coordenação pedagógica: Regina Assunção Mendes Pompeu

Apoio Institucional: Universidade Ateneu

Esta obra foi produzida a partir das produções entregues durante a


disciplina Estratégias e Técnicas Ativas na Ciência.

2023

Reprodução total ou parcial apenas com autorização dos autores

Universidade Ateneu
Unidade Harmony - Edifício Harmony Premium Business
Av. Humberto Monte, 2929
CEP 60440-593 | Fortaleza - CE
www.uniateneu.edu.br
A curiosidade é um
impulso para
aprender.
MARIA MONTESSORI
SUMÁRIO

A importância da relação família versus escola na PG 08


inclusão da criança com TEA
Experiências e vivências para uma educação PG 16
libertadora em confronto ao SPAECE

A sensibilidade pós pandemia no ambiente PG 25


escolar

A inclusão de crianças com autismo na educação PG 33


infantil

Jogos na alfabetização PG 40
Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia

APRESENTAÇÃO

Apresento-lhes este material advindo de experiências riquíssimas


vividas pela turma NEURO010, do curso de especialização em
Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional.

Como trabalho culminante da disciplina Estratégias e Técnicas


Ativas da Ciência, a proposta do Projeto e-book perpassou pelas
estratégias de ensino com o objetivo de incentivar as futuras
profissionais da Neuropsicopedagogia a aprenderem de forma
autônoma e participativa, por meio de situações reais, realizando as
discussões, pesquisas, entrevistas e lidando, também, com situações
que não saíram como o planejado pelo grupo.

Como professora da disciplina, fui apenas coadjuvante no processo


de ensino e aprendizagem, pois as autoras foram protagonistas de
seus aprendizados.

Durante o percurso da disciplina foram aplicados os modelos de


metodologias ativas de aprendizagem:

Aprendizagem baseada em projeto (Projeto e-book)


Aprendizagem baseada em problema
Sala de aula invertida
Aprendizagem baseada em Times ou Team-Based Learning
Design Thinking

Ter propriedade sobre o que cada metodologia propõe fez com que
a condução das equipes se desse de forma espontânea,
possibilitando aos grupos de trabalho a unicidade do tema base
decidido pelo grupo.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia

Sei que sou suspeita de falar sobre o que vocês encontrarão nos
capítulos deste e-book e, mesmo assim, afirmo que você, caro leitor,
encontrará um material de muita qualidade, cientificidade, pesquisa,
dedicação e muito amor pelo fazer neuropsicopedagógico.

Espero que os trabalhos deste e-book possam auxiliá-los em suas


buscas por conhecimento.

Com carinho,

Daniele de S. Cavalcante
Profª Especialista

@neuropsi_danielecavalcante
www.aprenderedivertido.com.br

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CAPÍTULO 1
Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia - Capítulo 1

CAPÍTULO 1
A importância da relação família versus escola na
inclusão da criança com TEA
Autores:
Lorena Lima do Nascimento | e-mail: lorijoaquim17@gmail.com
Rycliscia Passos Silva | e-mail: leorycliscia@gmail.com
Sarah Mikaelle Ferreira Lima Conde | e-mail: mikaelleconde@gmail.com

A vulnerabilidade das crianças com autismo está ultimamente


relacionado a falta de habilidades sociais.

Eles têm dificuldade de interpretar texto sociais e de compreender


as intenções dos outros. Isso pode fazer com que elas se tornem
vítima de bullying. Infelizmente, não perceberam ainda podem trazer
problemas sérios, como depressão infantil no autismo, pode ver
repressões irreversíveis para eles.

Muitos perdem habilidade de falar, se alimentar, podendo ter


problemas de seletividade alimentar que a grande maioria tem.
Gerando assim manifestações clínicas mais graves. Então, para os
pais, o maior problema está no início do processo escolar, muitas
vezes pelo despreparo ou a falta de conhecimento.

Palavras-chave: Ansiedade, Isolamento Social, Crianças e


adolescentes, transtornos.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 1

Contextualizando o tema

O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a relação


família e escola, mostrando a importância que apresenta no
desenvolvimento escolar das crianças com TEA.

Relação família e escola é um ponto fundamental para o processo


de ensino e aprendizagem da criança, uma relação que requer
divisões de responsabilidades de ambas as partes, visando de forma
contínua o desenvolvimento escolar e social do aluno.

Durante esse processo de desenvolvimento a dedicação de ambas


as partes é fundamental, pois quando a criança não tem assistência
de um lado seja da família ou escola, as consequências são
desfavoráveis para seu rendimento. Quando se trata da inclusão de
crianças nas escolas essa dedicação precisa ser dobrada, pois
necessitam de uma atenção mais delicada, pois os métodos de
aprendizagem e também de adaptação precisam ser eficientes para a
realidade que eles enfrentam.

Cenário atual

A relação família/ escola é de fundamental importância para o


desenvolvimento educacional das crianças, funcionando como
suporte para a construção do seu desempenho e dando o incentivo
que a aluno vai necessitar durante sua caminhada. Quando se faz
referência a palavra “ relação “ estamos visando a união de dois
grupos sociais primordiais para a criança, se tratando da família e
também dá escola.

Família que mantém uma responsabilidade constante na


construção de carácter e personalidade da criança, acompanhando
sempre nas atividades e dificuldades do seu filho, já a escola que
transmite os saberes para a construção de seus conhecimentos,
desenvolvendo seus papel na sociedade.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 1

Essa relação se trata da dedicação, atenção e comunicação da


família com a escola, quando um dos lados se ausenta no papel que
tem que desempenhar o reflexo vem no rendimento da criança.

Um dos grandes desafios enfrentados na escola é a falta de


parceria com a família, que acaba não cumprindo o seu papel. Esse
desafio se torna maior quando se trata da carência da parceria com
os pais da criança com transtorno do espectro autista ( TEA).

Crianças que são diagnosticados com TEA tendem a ter um atraso


no seu desenvolvimento comprometendo sua socialização,
comunicação e imaginação. Na escola, essa criança tende a
apresentar algumas dificuldades que passam a fazer parte da rotina
dos professores e da escola, esse é o ponto onde a escola precisará
do apoio da família para contornar a situação.

Análise da inclusão e exclusão entre a relação família versus escola

A relação entre a família e a escola é fundamental para garantir e


atender as necessidades das crianças com Transtorno do Aspecto
Autismo (TEA), é na escola que elas passam boa parte do seu dia, e é
aí que eles tem a oportunidade de interagir, e promover o seu
desenvolvimento.

Os responsáveis são os primeiros a observar o comportamento


atípico da criança, ou muitas vezes são os próprios professores a
alertar os pais para procurar o apoio especializado. A escola por sua
vez tem o papel de acolher, e oferecer em um ambiente inclusivo
atendendo a sua necessidade, e de esta preparada para quais quer
desafio, para que posar ter a melhor interação com a sociedade e
possui recursos adequados para atender a suas necessidades
especifica.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 1

A educação inclusiva deve esta em constante mudança, para que


possamos inclui a todos, e compreender e vê quem esta sendo
excluído. Pois a educação é direito de todos, por que muitas vezes
nem percebemos quem esta de fora. E essas crianças com (TEA), que
quando entram na escola já estão passando por esse grande desafio,
de como vai ser? Por que muitas vezes são negados a matricula, o
acolhimento, a escola não esta preparada, a partir dai já percebemos
o preconceito e a exclusão.

É preciso compreender que o autismo não é doença, e como


próprio nome já diz transtorno no desenvolvimento do cérebro que
atinge algumas áreas comportamentais que causa dificuldades na
fala e na interação social. Porém por muitas vezes, por falta de
conhecimento e entendimento essas crianças são vistas como mal
educadas, mimadas, rebeldes.

A exclusão acontece quando os familiares ou responsáveis, não


notam o comportamento ou ate muitas vezes os ignoram. E faz com
que, crianças e adolescentes não tem um tratamento de qualidade e
isso faz com eles fiquem reservadas, e venham a sofrer
preconceitos, quando forem exposto a sociedade. E também
acontece quando pessoas sabem do que se trata, mas passam a
ignorar, aquela pessoa, fazem bullying e não entendem a
necessidade, da criança. O que ela precisa de atenção especial, ser
tratada como todos.

Após muitos filhos sofrerem com a exclusão social, varias mães


conseguiram que fosse sancionada em 8 de janeiro de 2020, a Lei
13.977, conhecida como Lei Romeo Mion, cria a carteira de
identificação da pessoa com Transtorno do Espectro Autista. A lei
veio como resposta a várias mães que lutaram por direitos de seus
filhos para que eles possam a ser reconhecido e incluso pela
sociedade, sendo possível identificar o tipo de autismo e seu grau, e
passaram a ter direito ao acesso a atendimento prioritários e a
serviços que eles têm por direito, como estacionar em uma vaga
para pessoa com deficiência.
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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 1

O documento é emitido de forma gratuita por órgãos estaduais e


municipais. É importante ressaltar que crianças com TEA tem os
mesmos direitos garantido a todos o cidadãos do país, dessa forma
as crianças e adolescentes autista possuem todos os direitos
previstos no Estatuto da criança e Adolescente.

Relato de sucesso na inclusão família versus escola

A criança X, tem 8 anos de idade, apresenta quadro clinico de


atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, epilepsia, transtorno
do espectro autista nível 1 e uma síndrome ultra rara Pilarowski
Bjornsson. Estuda em escola pública na cidade de caucaia, onde
cursa o 2º ano do ensino fundamental.

Ela tem apresentado, em geral, um bom relacionamento com a


turma, vem socializando com seus amigos, tanto na sala, quanto na
hora do intervalo, participando de brincadeiras em grupo. Gosta de
relatar experiências vividas na escola com familiares e realiza as
atividades com apoio.

Apesar de um bom relacionamento com a turma, quando frustrada,


ela mostra descontrole emocional no qual grita, joga objetos, recusa
contato físico, se houver insistência da parte do outro, pode haver
agressividade e procura se isolar para regular.

Normalmente andar de um lado para o outro a acalma quando está


ansiosa, nervosa ou com raiva. Essas atitudes têm sido frequentes,
pois ocorre pelo fato de distúrbios de integração sensorial. Pessoa
com autismo tem seus sentidos mais sensíveis. Ao chegar na sala de
aula se a luminosidade tiver alta, professora falar em tom de voz
mais alto, os alunos tiverem mais agitados, sala quente, isso
provavelmente desencadeia uma crise sensorial.

Os problemas enfrentados na escola tem sido, principalmente, por


falta do despreparo dos professores e cuidadores.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 1

Eles não percebem o que ocasionam crises e nem sabem como


lidar diante delas. Fora o despreparo que não sabem lidar com crises
epiléticas e como socorrer. Isso traz transtornos para a criança e
toda sua família, pois quando as crises acontecem, ela se machuca,
acontece de chegar a machucar quando tentam se aproximar e trás a
ela bastante constrangimento ao chegar na escola no dia seguinte.

Os pais e professores olhando para diferente para ela. Isso nos da


a visão de como é a inclusão nas escolas, se nosso país tivesse curso
preparatório para mais acessíveis os pais típicos da escola terão uma
melhor vivência das pessoas com autismo na escola havendo um
melhor acolhimento, não só da escola mas das crianças.

Por muitos vezes ela já chego em casa relatando que as crianças a


chamam de doida e doente. E seus pais tivesse as informações
corretas do que o autismo, e que as pessoas com autismo são
capazes de aprender assim como as outras crianças?

É necessário que a família ensine seu filho a socializar


adequadamente com as diferenças assim como orientá-los
identificar situações em que precisem pedir ajuda ou ajudar.

Considerações Finais

Ao desenvolver este trabalho constatamos que quanto mais os


pais souberem sobre o autismo, tiverem engajado com seus filhos
seja na escola ou na rua, melhor vão poder ajudar suas crianças a
aprender e crescer se sentindo capaz e bem consigo mesmo.

Os pais devem estar cientes de quaisquer preconceitos que


possam ter em relação ao autismo e á inclusão ao reconhecer esses
preconceitos, os pais podem trabalhar para superá-los e se tornar
mais inclusivo, converse com outros pais de crianças com autismo
pode ser uma ótima maneira de compartilha experiência, estratégias
e aprendizados, juntos podem compartilhar sua vivência para apoiar
seus filhos.
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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 1

Esse trabalho é bastante relevante porque através dele, iremos


nos aprofundar e buscar meios de realizar mais projetos sobre o
tema como fazer, palestras, realizar rodas de conversa para que
fique mais fácil expor o assunto para abrir caminhos para combater
esses preconceitos que tanto tem crescido.

Através desse trabalho, queremos buscar alternativas que


estimulem os pais a família a participar de projetos dentro da escola
e trabalhar em conjunto. Eles devem ser defensores ativos da
inclusão e trabalhar para garantir que seus filhos tenham acesso a
oportunidade.

Referências externas

Os desafios da inclusão escolar da pessoa com autismo


https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/34/autismo-e-
inclusaoescolar-os-desafios-da-inclusao-do-aluno-autista

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CAPÍTULO 2
Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia - Capítulo 2

CAPÍTULO 2
Experiências e vivências para uma educação
libertadora em confronto ao SPAECE
Autora:
Vitória Daisy Pereira de Freitas | e-mail: vitoriadaisy@hotmail.com

O artigo apresenta uma reflexão crítica acerca da politicagem que


envolve o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do
Ceará (SPAECE) em uma escola na rede municipal de educação de
Fortaleza, bem como visa enaltecer os benefícios da pedagogia
progressista na escola, a partir de relatos das práticas no cotidiano
docente que confrontam o sistema e corroboram para a
implementação da educação libertadora como instrumento de luta.

Os relatos explanados nesta pesquisa qualitativa foram coletados


mediante ao método observador participante e o instrumento
utilizado foi o diário de campo.

Palavras-chave: SPAECE. Prática Docente.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 2

Contextualizando o tema

O Sistema Permanente de Avaliação – SPAECE é um eixo de


avaliação externa que possui sua origem atrelada ao Sistema de
Avaliação Nacional da Educação Básica – SAEB, tendo em vista que
em meados dos anos 90 a avaliação foi concebida como um fator
necessário para apontar a qualidade da educação. Entretanto, com o
passar dos anos, as políticas educacionais que norteiam este sistema
tornaram-se equivocadas e colaborativas para a ampliação das
injustiças sociais, visto que para obter metas favoráveis à mídia, as
gestões de educação municipais restringem o papel libertador das
escolas.

Em 8 de outubro de 2009, foi instituída a lei Estadual de n° 14.


484 que legitima o ato de premiar o grupo funcional das escolas com
melhor pontuação no SPAECE. Este é fato deveras intrigante, visto
que o atual cenário educacional brasileiro assemelha-se a uma
espécie de gincana, que sobrepõe-se aos reais interesses da escola,
que deveria ser a promoção de uma educação libertária para
promover a acessão da classe trabalhadora. Enfim, evidencia-se um
processo de mercantilização da educação, é nítido que a educação
pública envolveu-se nos emaranhados do capitalismo.

O arsenal de injustiças não limita-se somente a este fato. No


município de Fortaleza, além da premiação para os gestores e
professores, há também uma premiação financeira para as
instituições que alcançam o resultado almejados pela gestão
municipal, mas porque não ganha aquelas escolas cujo os resultados
foram desfavoráveis devido a falta de recursos e outros fatores de
cunho social que interferem na aprendizagem? Seria um recurso
financeiro propício para as escolas investirem em melhorias e
projetos para auxiliar na acessão de seus educandos.

O fato é que esta segregação no âmbito de investimentos


educacionais não é justa, afinal todas as escolas deveriam receber
valores igualitários, pois é um direito da criança a obtenção de uma
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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 2

educação e escola de qualidade, ela não necessita realizar uma


prova, afim de conseguir dinheiro para a instituição em que estuda.

Não parece uma relação de compra e venda? Entretanto, a


educação pública não é mercado, é de todos e para todos! Portanto,
o presente trabalho trata-se de uma pesquisa que emergiu a partir
de vivências conflituosas oriundas do embate entre o sistema e os
ideais de uma pedagogia progressista durante cotidiano docente.

A Referida pesquisa, possui como objetivo realizar uma reflexão


crítica acerca da politicagem que envolve o Sistema Permanente de
Avaliação da Educação Básica do Ceará – SPAECE, em uma escola
na rede municipal de educação de Fortaleza, a partir de relatos das
práticas docente que confrontam o sistema e visam a
implementação de uma educação libertadora como instrumento de
luta.

3. UM OLHAR SENSÍVEL ACERCA DA PRÁTICA DOCENTE:


CONSTRUINDO REFLEXÕES A LUZ DA TEORIA.

“Pra não dizer que não falei das flores...” 27 de novembro de 2019.

O dia da prova. Logo na entrada da escola havia um banner


anunciando o evento. No pátio havia várias mesas com toalhas
verdes e uma mesa maior também com a toalha verde com os
sorvetes para as crianças e professores. “pelo menos algo positivo
deste spaece” pensei comigo mesma. Em seguida despertei dos
meus pensamentos quando começou a tocar uma música em forma
de parodia do spaece.

Aliás desde o início do mês que toda a escola está enfeitada com
uma cor no tom de verde escuro,,as pessoas estão vestindo roupas
verdes todos os dias e essa paródia tocando na acolhida, pois é a cor
que representa o SPAECE. A cor verde remete a um jardim, mas
esse aqui está parecendo um jardim abandonado, coberto de mato e
com flores que foram podadas antes mesmo de desabrocharem.
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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 2

Então hoje resolvi usar um vestido branco, afinal o branco reflete


todas as cores e nada mais apropriado para combinar com o tipo de
educação que eu acredito: uma educação colorida, divertida e
principalmente pluralista, abrangente, sem distinção de cor, gênero
ou religião. Enfim, depois desta minha visão panorâmica do cenário,
resolvi adentrar mais a fundo neste “jardim” para procurar meus
alunos.

Até que os avistei todos reunidos em volta de uma mesa e pensei:


“Será que estão brigando? ” Então me aproximei e neste momento
presenciei a cena que mudaria meu dia para melhor: o motivo da
reunião era a organização da peça teatral sobre a história de Maria
Felipa, a mulher negra que ajudou a expulsar os portugueses da ilha
de Itaparica durante a guerra da independência.

Ver essa cena, foi como ver flores desabrochando, pois plantei
essa semente em minhas aulas, durante todo mês que estive
presente nesta turma, pois quando cheguei para ministrar aulas para
esses alunos, soube que havia situações de racismos entre os
estudantes, que já era um caso conhecido da gestão e da professora
efetiva da turma, mas que foi ignorado por vezes, ou tentaram
resolver de forma punitiva e não educativa.

O trabalho de combate ao preconceito por meio da educação foi


difícil, tendo em vista que ocorreu durante o mês da avaliação e o
trabalho da escola para com essa prova é bastante ostensivo
durante todo ano e quando se aproxima a prova intensifica o ritmo
de treinamento.

Entretanto, os alunos estavam todos ali, unidos no dia da prova,


incentivando uns aos outros a participarem, escolhendo o elenco, as
personagens, o cenário, produzindo as falas e até pesquisas sobre o
tema realizaram para construir a falas.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 2

Estavam construindo seu próprio conhecimento, a partir de uma


metodologia ativa. Piaget afirma que “[...] os conhecimentos derivam
da ação, não no sentido de meras respostas associativas, mas no
sentido muito mais profundo da associação do real com as
coordenações necessárias e gerais da ação.

Conhecer um objeto é agir sobre ele e transformá-lo, apreendendo


os mecanismos dessa transformação vinculados com as ações
transformadoras. [...] (PIAGET, 1970, p. 30).

Quem estava à frente era a menina que havia sofrido violências


racistas e que foi negligenciada pela escola até o presente momento,
mas foi incrível vê-la exercendo seu lugar de fala e usando sua voz
para enfrentar o preconceito. Quando me avistaram fui convidada
para estar junto deles, me contaram seus planos e eu fui mediando
as ideias e os conflitos durante as divergências de opiniões.

A coordenadora chama no microfone para ceder as últimas


informações antes deles entrarem na sala para realizar a prova. Eles
se recusam a parar de falar e meu coração se recusa a parar de
saltitar de tanto orgulho e emoção. Enfim, eles param mas fiquei ali
ao lado deles até que a menina que liderava o grupo me estendeu a
mão, eu recebi a mão dela e ficamos ali de mãos nadas, trocando
olhares, em um certo clima de travessura e cumplicidade, afinal nós
duas sabemos o que é realmente importante ali.

O tempo passou, chegou o fim da tarde e com isso o fim da prova


também. Fiquei sabendo que os aplicadores da prova retiraram da
sala aquele jornal que meus alunos da manhã produziram e que
relatei neste diário, porém eles podem até tirar das paredes, mas
nunca do coração e da mente dessas crianças todas as experiências
e conhecimentos construídos ali durante toda jornada juntos.

Logo em seguida vi as crianças, estavam indo embora apressadas


pois não aguentavam mais passar tantas horas sentadas, despedira-
se com beijos e abraços e dentre tantas manifestações de carinho
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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 2

eis que surge por parte de um menino, uma frase para acariciar
ainda mais minha alma de professora libertadora; “tia, isso foi muito
chato, eu preferia tá lendo aqueles livros que você trouxe ontem. ”

Os livros os quais ele se refere, são os livros sobre a cultura afro.


Eu prometi que vou disponibilizar mais vezes, visto que agora haverá
mais tempo.

Fiquei imóvel ali na porta da sala, refletindo sobre como eles


utilizam a arte em forma de resistência. O sistema insistia em dizer e
expor para a toda a escola que eles eram “críticos”, “muito críticos”
ou “intermediários”, mas eles viravam as costas para este lamentável
fato e continuavam ali fazendo suas poesias, criando narrativas
fantasiosas, escrevendo texto teatral, cantando (e muito), lendo os
livros que os interessam, desenhando. Enfim, resistindo.

De repente me dei conta que apesar deste jardim possuir um solo


infértil, restou um pequeno pedaço de terra fértil para que as
sementinhas plantadas germinassem. Diante deste fato, só resta
almejar que tornem-se flores esplendorosas e que realce o colorido
da vida neste jardim, até então, encoberto somente pelo verde.

Eu acredito no poder das flores quando desabrocham. Ainda faço


delas meu mais belo e forte refrão. Elas não esperam acontecer,
simplesmente fazem acontecer aquilo que desejam. E o meu desejo
é que continuem caminhando, cantando, mas também desenhando,
escrevendo, pintando.... Na escola foi ensinado uma antiga lição,
aquela baseada em opressão, mas acredito nas flores vencendo o
canhão, aquele travestido de capitalismo que oprime a nação...
(Vandré, 1968).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que, a política em torno do spaece é uma ameaça para


a formação de indivíduos autônomos, pensantes e livres.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 2

Por isso faz-se necessário compreender a escola como um espaço


proposto para quebrar paradigmas e promover a libertação das
amarras sociais impostas a classe trabalhadora pelo sistema
capitalista no qual o país está inserido, ou seja, é preciso
“desvendar” a população e retirá-la da ignorância mediante a
educação, a fim de que a sociedade adquira a consciência da
exploração e de seus direitos. Então, entende-se que uma educação
pautada nesta política de resultados não é favorável para conquistar
a libertação dos indivíduos, pois para libertar é preciso pensar, e
cabe ao professor, estimular o senso crítico, ouvir o educando e suas
ideias para assim, ajuda-lo a construir seus conhecimentos a partir
de uma educação libertadora, afinal não possível promover esta
concepção de educação utilizando somente camisetas e botons com
a imagem do educador Paulo Freire, tampouco, exibindo suas ideias
e teorias como frases motivacionais.

É preciso mais. “Mas é preciso ter força, é preciso ter raça [...] é
preciso ter sonho sempre” (Brant, nascimento, 1978). Portanto,
torna-se primordial que Paulo Freire esteja presente de fato nas
escolas, ou seja, que abandone o lugar meramente ilustrativo no
qual encontra-se. Diante dos relatos explanados, evidencia-se que a
figura do educador necessita esguiar-se destes artefatos de
decoração, a fim de torna-se revolução. É imprescindível ultrapassar
as barreiras imposta por esta mercantilização da educação pública e
permitir que Paulo Freire viva e que suas ideias manifestem-se
mediante as intervenções no cotidiano escolar.

Cabe ao professor, este papel desafiador de ludibriar o sistema


para compor uma sociedade mais justa, a partir da formação de
pessoas livres e sem posturas etnocêntricas, com a consciência de
classe desenvolvida para não compactuar com as propostas
ardilosas dos disseminadores do capitalismo.“Nós podemos tudo,
nós podemos mais, vamos lá fazer o que será? ”(Gonzaguinha, 1984)

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 2

Referências

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 24 de


dezembro de 1996. CEARÁ. Sistema de Permanente de Avaliação da Educação
Básica. 2009 In: https://www.seduc.ce.gov.br/spaece/

CORREIA, M. C. (1999). A Observação Participante enquanto técnica de investigação.


Pensar Enfermagem, 13(2), 30-36.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? Série


Ideias, n.8, São Paulo: FDE, 1998.. In :
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/16/12/a-avaliao-segundo-a-lei-
dediretrizes-e-bases-da-educao.

LUCEKSI, Cipriano Carlos. Entrevista concedida à Aprender a Fazer, publicada em IP


– Impressão Pedagógica, publicação da Editora Gráfica Expoente, Curitiba, PR, nº 36,
2004, p. 4-6.

JÚNIOR, Antônio; FARIAS, Maria Adalgisa. SPAECE: Uma história em sintonia com
avaliação educacional do Governo Federal. In: Rev. Humanidades, Fortaleza, v. 31, n.
2, p. 525-547, jul./dez. 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. Rio


de Janeiro: Paz e Terra, 1997. In: http://www.profala.com/arteducesp174.htm

____________. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido.


Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. In: http://www.profala.com/arteducesp174.htm

LIBÂNEO, José Carlos. Didática, Cortês, 1994. Democratização da escola pública, São
Paulo, Edições. Loyola,1985.

VYGOTSKY, L. S. Problemas de método. In: A formação social da mente. Tradução


José Cipolla Neto, Luis S. M. Barreto, Solange, C. Afeche. 3. Ed. São Paulo Martins
Fontes, 1989. In: https://www.efdeportes.com/efd176/atividade-grupal-a-luz-
depiaget-e-vygotsky.htm

PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. Tradução de Dirceu Accioly Lindoso e Rosa


Maria Ribeiro da Silva. São Paulo e Rio de Janeiro: Editora Forense, 1970

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CAPÍTULO 3
Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia - Capítulo 3

CAPÍTULO 3
A sensibilidade pós pandemia no ambiente
escolar
Autores:
Carine Cordeiro Gonçalves | e-mail: carine.cordeiro.g@gmail.com
Giselle Raquel Silva Benigno | e-mail: giselleraquel@hotmail.com
Maria Eliete Duarte | e-mail: elieteduart1511@gmail.com
Vanessa Celia Silva | e-mail: silvavenessac@hotmail.com

Esse estudo tem como finalidade, mostrar algumas reflexões sobre a


sensibilidade pós pandemia no ambiente escolar, ao que se referem
aos transtornos de ansiedade enfrentados por crianças e
adolescentes.

O retorno às aulas após o período de distanciamento social


ocasionado pela COVID-19, foi mais um quebra de rotina e na vida
dos estudantes que reflete muito no desenvolvimento social e
também abala drasticamente o sistema emocional, toda essa
mudança trouxe para nossas crianças e adolescentes alguns
enfrentamentos, dentre eles a ansiedade e a depressão. Embasamo-
nos para a construção deste presente artigo com a pesquisa
bibliográfica, com estudos em artigos e sites, que abordaram temas
relacionados ao cenário pós pandemia e as heranças emocionais que
o distanciamento social deixou.

Foi possível entendermos quais os grupos sociais, e a faixa etária


que mais foram impactadas com tudo o que o mundo viveu, são
transtornos que afetaram significativamente a comunidade escolar e
social dos indivíduos de uma forma generalizada.

Palavras-chave: Rotina, Ansiedade, Isolamento Social, Crianças e


adolescentes

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 3

INTRODUÇÃO

Este artigo com o tema abordado "A sensibilidade pós-pandemia


no ambiente escolar" foi escolhido por se tratar de um assunto
recente e bastante pertinente ao que se refere às mudanças
comportamentais e emocionais que uma doença viral ocasionou
globalmente, e quais foram os efeitos e as consequências que esta
doença nos causou, de forma individualmente e coletivamente.

Com o intuito de compreender como as crianças e adolescentes


foram impactados e quais as soluções já encontradas para o alivio e
tratamento de traumas de curto e longo prazo, fazemos o
questionamento, quais são os sintomas e como identificarmos até
que ponto tudo isso transformou nossa comunidade infanto-juvenil
dentro e fora das escolas?

Em Março de 2020 a OMS declarou estado de pandemia global


relacionada à doença do coronavírus (COVID 19) e isso gerou uma
mudança repentina no mundo todo, quebrando toda uma rotina na
vida social das pessoas, no modo como se organizavam socialmente,
na rotina diária, o que acabou trazendo consequências devastadoras
na vida das pessoas e principalmente para crianças e adolescentes.

O isolamento social acarretou em estresse para a rotina das


crianças e adolescentes tornando-os mais frágeis, podemos observar
que quando estão em contato com outras crianças elas criam um
estímulo, se comparam, imitam, ou seja, estão tendo um
desenvolvimento cerebral. E, durante a pandemia, os efeitos foram
contrários, o que ocasionou em muitos transtornos de ansiedade,
depressão, pela rotina que foi totalmente mudada.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 3

O cenário escolar pós-pandemia

Quando falamos em ambiente social de grande importância


durante seu desenvolvimento nos lembramos da escola, entretanto
durante a pandemia os estudantes ficaram impossibilitados de
frequentar esses espaços que faziam parte de sua rotina e buscando
minimizar essa situação buscaram se relacionar de maneiras virtuais,
onde passaram a ficar mais tempo em um quarto através de um
mundo digital, esse tipo de contato não atendeu de forma integral as
necessidades físicas, pois o contato com as pessoas é essencial para
o desenvolvimento da cognição, das emoções e dos
relacionamentos.

Toda essa mudança entre infância e adolescência trouxe um


momento de sensibilidade aos contextos sociais, sem o período
escolar, as atividades físicas, aumentaram o tempo em aparelhos, o
que ocasionou irregularidades no sono podendo ser prejudicial ao
seu desenvolvimento uma vez que a adolescência trás um período
de pico para o início de alguns transtornos sendo os mais
conhecidos à ansiedade e a depressão, podendo ter momentos de
alto risco para o uso de substâncias e comportamentos suicidas.

Mesmo voltando à normalidade os quadros de depressão


permanecem, e podem ser levados para o resto da vida, pois toda
essa alteração do estresse causa ao cérebro um desequilíbrio
emocional.

O cenário atual em que vivemos é cercado de crianças e


adolescentes adoecidos fisicamente e emocionalmente, e o que
observamos é que cada vez mais esse número cresce. São gatilhos e
crises que vão crescendo e se desenvolvendo, e um dos principais
causadores foi o momento pandêmico em que o mundo viveu.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 3

Se imagine no auge de sua infância e adolescência, onde tudo que


você precisa se preocupar são com as brincadeiras com os amigos,
atividades escolares, diversão com a família, e de repente você se vê
em um período de medos e inseguranças, em torno de uma doença
viral, que ataca não só seu ciclo social mais o mundo todo, que te
afasta de sua rotina, seus hobbies e te deixa em isolamento, onde
você drasticamente precisa mudar tudo isso.

Não é fácil, e nós como adultos muitas vezes não conseguimos


lidar com tudo isso, então como iremos ajudar e cuidar da saúde
dessas crianças e adolescentes.

O isolamento social é um estressor agravante quando falamos de


saúde mental infanto-juvenil, ele se torna um importante
desencadeador de transtornos psiquiátricos em longo prazo, e um
deles é a ansiedade, que iremos tratar aqui. Sendo assim, as crianças,
como sendo a população mais vulnerável emocionalmente, tendem a
apresentar ainda mais problemas de saúde mental, como ansiedade,
estresse, depressão e dificuldade para dormir devido ao impacto
causado no seu bem-estar e na sua rotina (Yesamin et al., 2020).

Como sabemos o Sistema Nervoso na adolescência ainda está em


desenvolvimento, e é nessa fase da vida que passamos por vários
períodos críticos, esse é o exato momento onde o nosso cérebro
está adaptável a receber novas habilidades e funcionalidades, por
conta da plasticidade neural, que nada mais é que a capacidade do
sistema nervoso de se modificar e se adaptar quando passamos por
novas experiências.

Então, nesse período de maturação do Sistema Nervoso, quando


passamos por situações de estresse excessivo estamos mais
propícios a desencadear danos fisiológicos, cognitivos e
comportamentais.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 3

A escola e suas relações

A comunidade escolar entra então com uma grande missão de


trabalhar de forma humanizada e empática com essas crianças e
jovens, com o intuito de tornar essa volta à rotina escolar o mais
branda possível.

São jovens que agora apresentam novas experiências e vivências,


que trazem para dentro das salas de aulas novos comportamentos, e
debates muitas vezes pertinentes, porém com pensamentos
imaturos e sem conhecimento, e que acima de tudo buscam ajuda
para entender o que estão passando internamente, adolescentes
que agora necessitam de olhar minucioso, de profissionais mais
capacitados e dispostos.

A escola jamais será a mesma do período antes da pandemia. Da


mesma forma, o professorado e famílias também mudaram. O
mundo mudou e com ele mudamos hábitos, comportamentos,
valores e criamos novas formas de existir. (Santana e Borges Sales,
2020).

É inegável a mudança de comportamento que o grupo infanto-


juvenil sofreu durante o isolamento social, e com o retorna às
escolas essa mudança se tornou mais visível aos profissionais da
educação, são crianças que foram afetadas devido às circunstâncias
restritas, e mudanças drásticas de suas rotinas como: a falta de
contato entre pares, a exposição excessiva a telas, a falta de
alimentação e sono saudáveis, a falta de exercícios físicos, esses
foram fatores imprescindíveis.

São fatores que mudaram internamente a vida de diversos grupos


familiares, e que hoje necessitam de profissionais capacitados e
especializados para reparar essas heranças que o isolamento social
nos trouxe, é de extrema importância para todos os envolvidos que
busquem ajuda e que se façam presentes nos processos.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 3

Ansiedade, avaliações e rotina escolar

O fechamento de creches, escolas e ambientes educacionais, foi


um dos grandes protagonistas para o crescimento de transtornos
como a ansiedade, a falta de contato com o outro trouxe a tona
sentimentos e inquietações que antes eram desconhecidos por
grande parte da população, transtornos que antes eram pouco
falados vieram à tona com uma força gigantesca, afetando todas as
classes sociais e principalmente os mais vulneráveis, as crianças e
adolescentes, que tiveram que enfrentar um dos nossos maiores
inimigos ocultos, o seu próprio eu.

Além de aprenderem a entender sentimentos e emoções, os


alunos precisam enfrentar toda a pressão e estresse que a rotina
escolar os apresenta, sendo basicamente caracterizado por um
julgamento do colega por uma resposta errada quando é feito um
questionamento do professor, uma dúvida que é apresentada, ou até
mesmo alguma nota baixa que se é tirada, tudo isso atrelado à
pressão de pais e responsáveis.

O medo sobre o julgamento e a pressão psicológica contribui


significantemente para o aumento de casos de ansiedade, é
necessário que se encontre maneiras de driblar de forma orgânica
todos esses fatos que de alguma forma geram gatilhos e traumas
nos indivíduos envolvidos.

Considerações finais

O intuito desta pesquisa foi buscar uma reflexão sobre como estão
se dando as reações e as relações no ambiente escolar após esse
distanciamento social obrigatório, que causou em crianças e
adolescentes marcas na qual a maioria não esta sabendo lidar.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 3

O ideal seria que assunto tivesse continuidade, visto que possui


limitações por ser uma reflexão sobre o ambiente escolar voltado
para crianças e adolescentes, e não tratou sobre ambiente familiar
no qual devemos ter também um olhar sensível, pois se trata do
lugar na qual eles devem se sentir mais acolhidos.

REFERÊNCIAS

Santana, Camila Lima Santana., e Borges Sales, Katia Marise. (2020). Aula
em casa: Educação, tecnologias digitais e pandemia Covid-19. Interfaces
Científicas - Educação, 10(1), 75-92. doi: https://doi.org/10.17564/2316-
3828.2020v10n1p75-92

YEASMIN, Sabina; BANIK, Rajon; HOSSAIN, Sorif; et al. Impact of COVID-


19 pandemic on the mental health of children in Bangladesh: A cross-
sectional study. Children and Youth Services Review, v. 117, p. 105277,
2020.

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CAPÍTULO 4
Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia - Capítulo 4

CAPÍTULO 4
A inclusão de crianças com autismo na educação
infantil
Autores:
Jéssyca Maria Cruz Oliveira | e-mail: jessycamariacruz@gmail.com

Este capítulo relata os estágios do transtorno do espectro autista,


que tem seus níveis medidos por dados de acordo com o grau de
funcionalidade da criança. Que crianças autistas apresentam
dificuldades na interação social. Trata também do processo de
inclusão da educação infantil na escola, e das dificuldades vividas
pelas crianças, pais e até mesmo pelas instituições de ensino, que
tentam se adequarem as novas necessidades de seus alunos com
autismo e outros transtornos.

Palavras-chave: Autismo. Inclusão. Educação Infantil

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 4

Contextualizando

O transtorno do espectro autista é um transtorno do


neurodesenvolvimento que está dividido em três níveis, nível 1
considerado leve e exigindo apoio, nível 2 considerado moderado e
exigindo o apoio substancial, e nível 3 considerado severo e
exigindo apoio muito substancial. Os níveis são dados de acordo
com o grau de funcionalidade da criança.

Algumas crianças autistas apresentam dificuldades na interação


social, dificultando sua linguagem, estereotipias quando expressam
sentimentos, restrição sensorial, ecolalia, padrões atípicos de
brincadeiras, comportamentos repetitivos, sensibilidade auditiva e
ausência de brincadeira típica.

Para que a escola seja inclusiva é necessário que a inclusão


comece pela hierarquia escolar, desta forma, trabalhando a inclusão
com os docentes e outros funcionários que estão no âmbito escolar.

A construção da inclusão na educação infantil no processo escolar

A educação inclusiva pressupõe uma reorganização no sistema


educacional de forma a garantir o acesso, permanência e condições
de aprendizagem a toda a população em idade escolar. Embora
“todas” seja abrangente e englobe uma variedade de segmentos,
nesta reflexão vamos nos ater a um segmento populacional
específico, alunos com deficiência, que, por características distintas,
muitas vezes requerem da escola ações diferenciadas.

Processo de adequação da escola às necessidades individuas de


seus alunos para que eles possam estudar, aprender, desenvolver-se
e exercer plenamente a sua cidadania.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 4

Inclusão, não se significa simplesmente matricular todos os


educandos com necessidades educacionais especiais na classe
comum, ignorando suas necessidades específicas, mas significa dar
ao professor e á escola o suporte necessário à sua ação pedagógica.

Implica, construir um espaço democrático e competente para


trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe,
gênero ou características pessoas, baseando-se no princípio de que
a diversidade deve não só ser aceita como desejada.

A educação inclusiva quando é aceita, abandona-se a ideia de


que as crianças devem se tornar normais para contribuir para o
mundo. A ela também requer a superação da tradicional concepção
antropológica de seres humanos ideais, sempre dispostos a uma
entrega generosa em prol do bem comum.

É difícil para o ser humano estar em contato, estar presente e


confirmar o outro, suspendendo seus preconceitos, permanecendo
aberto para a alteridade, sem que haja qualquer diferença visível ou
manifestação de necessidades especiais.

Inclusão escolar não trata apenas de colocar uma criança com


deficiência em uma sala de aula ou em uma escola. Esta é a menor
peça do quebra cabeça. Inclusão trata sim de como nós lidamos com
a diversidade e com a diferença.

Ensino inclusivo e a relação professor x aluno

A escola é o principal ambiente social da criança, é na escola que


a criança tem suas primeiras vivências fora do âmbito familiar,
descobre seus gostos, desejos, brincadeiras favoritas, tem interação
com vários colegas da escola. A escola é um lugar cheio de estímulos
pedagógicos que ajudam no desenvolvimento da criança.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 4

Observamos que, na maioria das vezes a criança com autismo


participa pouco das atividades propostas pela professora e
brincadeiras com o grupo, além de na maioria das vezes
permanecerem fora da roda de atividades por não possuírem
interesse.

Percebemos que elas brincam pouco ou não possuem nenhum


interesse com objetos estruturados, que são brinquedos fabricados
como, boneca, carros, jogos e possuem mais interesse nos materiais
não estruturados como, sucata, tampinhas, garrafas, panelas, Os
professores tentam incluir no grupo, mas muitas vezes a criança não
aceita participar, não é um trabalho simples.

Algumas crianças com autismo possuem o hiper foco em uma


determinada área, seja desenho, objetos, letras, números, dentre
outros. Trabalhar as áreas de interesses é uma das formas que os
professores podem ensinar, avaliar e perceber se ela está
aprendendo algo. Desta forma, ajudando a criança a manter a
atenção e a aprendizagem se torna mais divertida, podendo ter
resultados positivos no seu processo de aprendizagem.

O professor poderá fazer a adaptação de materiais para que a


criança consiga acompanhar os assuntos e atividades caso tenha
algum atraso no desenvolvimento escolar, mas sempre deixando
claro o objetivo central da atividade.

A atividade adaptada é feita conforme a necessidade de cada


aluno, além disso, é necessário que a escola também esteja adaptada
para acolher as crianças, dispondo de salas com uma boa estrutura,
espaços externos que atendam as suas necessidades para que ela se
sinta acolhida em todos os espaços do ambiente escolar.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 4

O professor deve ter um olhar reflexivo, empático e afetivo para


as crianças com TEA, a partir do momento que o professor conhece
o seu aluno, ele consegue perceber quais são as suas habilidades e
especificidades.

A interação entre o professor e a criança é o que possibilita o


desejo da criança em aprender e torna essa aprendizagem mais leve
e significativa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para que a criança autista consiga ter avanços positivos em seu


processo de ensino e aprendizagem é necessário que ela esteja em
uma escola inclusiva.

A gestão deve estar preparada para lidar com os desafios,


incentivar e oferecer cursos de qualificação e preparação para os
professores, desta forma, os gestores e docentes podem
conscientizar os alunos, falando sobre respeito, diferenças, ajudar o
próximo, e ter empatia com colegas atípicos.

O professor deve ter um olhar reflexivo para aquela criança e


buscar sempre novas metodologias para que a criança seja
beneficiada em seu processo educativo e nas suas vivencias em
sociedade.

É necessário que ela seja estimulada fora do âmbito escolar, que


a família seja presente e ajude no seu desenvolvimento, e que ela
tenha acompanhamento com uma equipe multifuncional.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 4

REFERÊNCIAS

AMERICAN psychiatricAssociation. Manual diagnóstico e estatístico


de transtorno: DSM-5. 5 ed. Tradução: Maria Inês corrêa
Nascimento et al. Revisão técnica: Aristides volpatoCordioli et al.
Porto Alegre: Artmed,2014.

GAIATO, Mayra. S.O.S autismo: guia completo para entender o


transtorno do espectro autista. São Paulo: nVersos, 2018.

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CAPÍTULO 5
Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia - Capítulo 5

CAPÍTULO 5
Jogos na alfabetização
Autores:
Juliana Lima de Almeida | e-mail: julianaeroh@gmail.com
Yan Karen Silva Lopes | e-mail: yankarem@yahoo.com.br

Este capítulo aborda a importância dos jogos educativos na


aprendizagem durante a alfabetização. A pesquisa teve o objetivo de
analisar os jogos como prática pedagógica na alfabetização, assim
como analisar a metodologia do professor com o uso dos jogos na
educação básica. A metodologia foi o próprio jogo – a pesquisa foi
feita com o aluno do Ensino Fundamental I, turma do 1º ano, e
através de observações em sala de aula, em uma escola particular
de Fortaleza/CE, localizada no Bairro Quintino Cunha. Constatou-se
que os jogos são utilizados em sala de aula, de maneira correta, de
acordo com as disciplinas, de forma lúdica, para que os alunos
possam sentir o prazer de estar em sala de aula. A alfabetização é
um processo contínuo, na qual a criança não é obrigada a aprender a
ler somente no primeiro ano e que os jogos tem bastante
contribuição para esse processo

Palavras-chave: Jogos. Alfabetização. Aprendizagem

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 5

Contextualizando...

O presente capítulo, cujo tema vem abordando os jogos como


instrumento de aprendizagem no período em que a criança está se
alfabetizando, vem mostrar que os jogos devem ser trabalhados em
sala de aula, pois os mesmos são um ótimo instrumento pedagógico
de aprendizagem da criança, além de ser lúdico; ele é um material
que não pode ser esquecido, e sim utilizado.

Os jogos são grandes contribuintes para a aprendizagem da


língua falada e escrita, mas que muitas vezes são deixados de lado,
não sendo valorizados. É bem verdade que, uma escola de qualidade,
no que diz respeito à educação infantil, deve oferecer espaços
lúdicos, com materiais, jogos e brinquedos adequados para cada
série e um plano pedagógico que possam incorporar tudo que é
oferecido e exigido por lei no desenvolvimento do aprendiz e que
possa estimular interesse dele através do brincar.

Com o uso do material concreto as crianças desenvolvem uma


melhora significativa no seu processo de alfabetização, pois são
através das brincadeiras que elas conseguem compreender o que
está fazendo de forma mais simplificada e divertida. É
extremamente importante que o professor não se esqueça da
importância e da grande contribuição que o jogo tem para a
aprendizagem.

O ensino fundamental é o período em que a criança passa por


uma transição, pois a mesma saiu da educação infantil, e passa ser
uma rotina diferente, nada melhor do que usar os jogos como
ferramentas de desenvolvimento de ensino e aprendizagem. Assim,
através desse trabalho buscou-se uma melhor compreensão de
como os jogos contribuem para o processo de aprendizagem dos
alunos.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 5

Considerações

Entender os aspectos positivos que jogos podem contribuir para


a aprendizagem e os benefícios que ele pode trazer para a criança.
Sendo assim, tentamos mostrar as maneiras pelas quais os jogos
podem ser trabalhados na alfabetização das crianças e como esse
seria benéfico para uma aprendizagem significativa.

Verificamos que os jogos estiveram presentes em sala de aula de


maneira correta. Percebemos também o quanto a professora sentia
o prazer de estar usando os jogos como objeto de ensino e de
aprendizagem do aluno, pois eles estavam presentes nas atividades
das crianças, como forma de estímulo, de acordo com os conteúdos
trabalhados.

Vimos que os jogos podem ser utilizados de diversas maneiras:


nas atividades relacionadas ao conteúdo, atividades em grupos e
acolhidas. Percebemos que os alunos podiam manusear os jogos de
maneira livre e espontânea, dando, de certa forma autonomia no
desenvolvimento do aprendizado deles.

Por fim, os objetivos do trabalho foram alcançados, pois além da


observação, pudemos confirmar através da pesquisa bibliográfica
que os jogos utilizados na idade de alfabetizar são bastante
condutores para um conhecimento abstrato, pois a criança assimila o
mundo ao seu redor; unidos, evidentemente com o papel da
professora como mediadora desse aprendizado.

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Metodologias Ativas na Neuropsicopedagogia | Capítulo 5

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Manual do pacto: Pacto pela


Alfabetização na Idade Certa: o Brasil do futuro com o começo que
ele merece. Brasília, DF, 2012.

CARVALHO, A. M. C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura: viajando


pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992

MURCIA, Juan Antônio Moreno (Org.). Aprendizagem através do


jogo. Porto Alegre: Artmed, 200

SOARES,Magda. Alfabetização e letramento. 6º ed. São Paulo:


Contexto, 2015.
_______________ Letramento: um tema em três gêneros. 2ª ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2003.

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