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https://novaescola.org.br/conteudo/11604/7-perguntas-e-respostas-sobre-autismo
Inclusão
O autismo – ou Transtornos do Espectro Autista (TEA) – refere-se a uma série de transtornos que
caracterizados por desafios em habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação
não verbal, assim como características únicas e diferentes. Não existe um autismo único autismo e sim
vários tipos, causados por diferentes combinações genéticas.
Aproximadamente 1 em cada 160 crianças em todo o mundo possui algum transtorno do espectro
autista, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde. Uma criança autista apresenta
dificuldades no desenvolvimento da linguagem, nos processos de comunicação, interação e
comportamento social. Mas estudos já mostraram que programas de treinamento e educação podem
reduzir essas dificuldades.
Não há testes de sangue ou genéticos que possam determinar se uma criança é autista. O diagnóstico
é baseado no comportamento.
LEIA MAIS Desafios na inclusão dos alunos com deficiência na escola pública
O processo de identificar uma criança autista assemelha-se a identificar uma deficiência de
aprendizado. O professor precisa olhar para as habilidades sociais da criança e ver se elas ficam
aquém do seu potencial. Não existe uma maneira simples de conferir se uma criança demonstra
comportamento social apropriado para sua idade, da mesma maneira que as habilidades de leitura e
escrita.
Tal como qualquer pessoa, quem é diagnosticado com TEA tem pleno direito à educação em escolas
regulares, sejam públicas ou particulares. Estar na sala de aula comum permite à pessoa diagnosticada
com TEA socializar e aprender com pessoas diferentes. Por lei, toda criança tem o direito de conviver
em sociedade e aprender em um ambiente heterogêneo - o que é positivo para o desenvolvimento
humano.
Para tentar diminuir os estigmas que ainda pesam sobre o autismo, NOVA ESCOLA levou uma série de
dúvidas básicas, mas que ainda geram dúvida, a Liliane Garcez, gerente de programas do Instituto
Rodrigo Mendes (IRM).
Com qual idade geralmente é possível diagnosticar se a criança possui TEA?No caso de
Asperger, valem as mesmas recomendações?
Não há consenso quanto a isso. Ao contrário, trata-se de uma questão bastante polêmica. Se, por um
lado, há quem defenda o diagnóstico precoce, por outro, uma parte significativa de especialistas afirma
que é preciso considerar que nos anos iniciais estamos em pleno desenvolvimento e um diagnóstico
equivocado pode gerar sérios prejuízos. O diagnóstico de TEA é o que chamamos de diferencial, que é
um método sistemático usado para identificar doenças realizado, essencialmente, por processo de
eliminação. Envolve a somatória de algumas características e a exclusão de outras, ou seja,
características que podem indicar que uma criança tem um transtorno do espectro autista podem não
estar presentes em outra com o mesmo diagnóstico. Após o lançamento do DSM V, o transtorno de
Asperger passou a ser considerado dentro da designação geral, ou seja, ele está contemplado no
transtorno do espectro autista. O importante é compreender que a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão estabelecem que os processos de Habilitação e
Reabilitação devem começar “no estágio mais precoce possível e sejam baseados em avaliação
multidisciplinar das necessidades e pontos fortes de cada pessoa”. Estabelecem ainda que a atenção
integral à saúde das pessoas com TEA deve “envolver diagnóstico diferencial, estimulação precoce,
habilitação, reabilitação e outros procedimentos definidos pelo projeto terapêutico singular”. Ou seja, a
avaliação deve considerar os aspectos biopsicossociais, assegurando que o direito ao diagnóstico
precoce seja contemplado de maneira mais abrangente.
Toda criança com um interesse específico por um assunto pode ser diagnosticada com TEA?
Não. Trata-se de um mito. Nem todas as crianças com TEA apresentam necessariamente o que se
convenciona chamar de “interesse focal” e nem todas as crianças com um interesse específico têm esse
diagnóstico médico. De fato, crianças costumam demonstrar maior interesse por algo. Identificar tais
interesses é fundamental para engajá-las no processo de aprendizagem que justamente tem como um
de seus objetivos ampliar repertórios e agregar conhecimentos novos. Esse é um dos papéis da
educação.
Quais as recomendações para os pais que enfrentam dificuldade para matricular os filhos?
Nenhuma escola pode recusar a matrícula de qualquer estudante com base em seu diagnóstico
médico. Até mesmo dificultar seu acesso representa crime. O direito de frequentar a escola e participar
plenamente de todos os aspectos da vida escolar é assegurado em todas as leis brasileiras.
Especificamente, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) determina que o acesso de crianças e adolescentes
com deficiência à educação não pode mais ser negado, sob qualquer argumento, tanto na rede pública
quanto na rede particular. Além disso, a lei proíbe a cobrança de qualquer valor adicional nas
mensalidades e anuidades que tenha como justificativa a deficiência ou o TEA.
Assim, a escola mais indicada para qualquer aluno é a mais próxima de sua residência. No caso da rede
privada, é aquela que a família escolhe como de sua confiança. Quando os pais enfrentam dificuldade
para matricularem seus filhos na escola, é recomendável, em primeiro lugar, estabelecer diálogo. Se,
no entanto, essas tentativas forem esgotadas, uma alternativa é contatar a Secretaria de Educação do
município e, oportunamente, o Ministério Público, exigindo os direitos do estudante. Lembrando que o
direito a uma educação inclusiva não se restringe a matrícula e presença; compreende também o
desenvolvimento de suas potencialidades para a plena participação em igualdade de condições com
seus pares.