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FORMAÇÃO FACULDADE INTEGRADA

CÂMPUS SÃO LUÍS/MA

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

GLEICIANE SILVA SANTOS

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA): COMPREENSÃO,


LEGISLAÇÃO E ACOLHIMENTO NAS ESCOLAS

SÃO LUÍS/MA
04/2024
Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa que
afeta o desenvolvimento da comunicação, interação social e comportamento. Este
trabalho tem como objetivo proporcionar uma compreensão mais profunda do TEA,
abordando suas características, diagnóstico, tratamento e impacto na vida das pessoas
afetadas e suas famílias. No contexto educacional, o acolhimento e a inclusão de
crianças com TEA nas escolas são desafios importantes que exigem uma compreensão
abrangente das necessidades desses alunos e a implementação de estratégias
adequadas de apoio.

Neste trabalho, exploraremos o cenário do TEA no Brasil, abordando dados sobre as


leis educacionais, as taxas de prevalência e como deve ser o acolhimento de uma
criança com TEA em uma escola. Compreenderemos as políticas educacionais vigentes,
as demandas sociais e as estratégias práticas para promover a inclusão e o
desenvolvimento positivo desses alunos no ambiente escolar.
 O que é TEA e suas Características

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição caracterizada por dificuldades na


interação social, comunicação verbal e não verbal, interesses restritos e
comportamentos repetitivos. As manifestações do TEA podem variar amplamente
entre os indivíduos, resultando em um espectro de sintomas que vão desde formas
leves até graves.

As características do TEA podem incluir dificuldades em compreender e expressar


emoções, padrões de fala repetitivos, sensibilidade sensorial aumentada ou diminuída,
interesses específicos e padrões de comportamento restritos. É importante reconhecer
a diversidade de experiências e necessidades das pessoas com TEA, desenvolvendo
abordagens individualizadas de apoio.

-Diagnóstico do TEA:

Critérios diagnósticos conforme o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais).

Processo de avaliação e identificação do TEA.

Importância do diagnóstico precoce.

-Tratamento e Intervenção:

Abordagens terapêuticas e educacionais para o TEA, incluindo Terapia ABA (Análise do


Comportamento Aplicada), Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Intervenção
Precoce.

Papel da família e da escola no suporte às pessoas com TEA.

Terapias complementares e alternativas.

 Impacto do TEA na Vida das Pessoas e Famílias:

Desafios enfrentados pelos indivíduos com TEA em diferentes áreas da vida, como
educação, trabalho e vida social.
Impacto emocional e psicológico do TEA nas famílias e estratégias de enfrentamento.

Importância do apoio e da inclusão social para pessoas com TEA.

 Leis e Normativas

No Brasil, existem algumas leis e normativas que abordam a educação de pessoas com
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Abaixo, está destacado algumas delas:

Lei nº 12.764/2012 - Lei Berenice Piana (Lei do TEA): Esta lei institui a Política Nacional
de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Ela garante
uma série de direitos e medidas de proteção às pessoas com TEA, incluindo o acesso à
educação inclusiva e adequada às suas necessidades.

Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência: Embora não específica para o
TEA, esta lei estabelece diretrizes gerais para a inclusão de pessoas com deficiência,
incluindo aquelas com TEA, na sociedade brasileira. Ela reforça a importância da
educação inclusiva e do acesso à educação de qualidade para todos.

Pareceres e Resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE): O CNE emite


pareceres e resoluções que orientam a implementação da educação inclusiva no país.
Alguns documentos específicos abordam a inclusão de alunos com TEA, como o
Parecer CNE/CEB nº 4/2009 e a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, que tratam das
Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação
Básica, incluindo o Atendimento Educacional Especializado (AEE) para alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Plano Nacional de Educação (PNE): O PNE estabelece metas e estratégias para a


melhoria da qualidade da educação no Brasil. Ele inclui ações relacionadas à educação
inclusiva e ao atendimento das necessidades educacionais especiais dos alunos,
incluindo aqueles com TEA.
No Brasil, diversas leis e políticas foram implementadas para promover a inclusão de
pessoas com deficiência, incluindo aquelas com TEA, no sistema educacional.
Destacam-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), a Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e o Decreto nº
7.611/2011, que estabelece o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência -
Viver sem Limite.

Essas leis garantem o direito à educação inclusiva, o acesso a recursos e serviços


especializados, além do apoio necessário para o desenvolvimento pleno das
habilidades das pessoas com TEA. No entanto, é fundamental que tais políticas sejam
efetivamente implementadas e acompanhadas para garantir sua aplicação prática nas
escolas.

 Prevalência do TEA no Brasil

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa global é de que 1


em cada 160 crianças tem TEA. No entanto, as taxas específicas para o Brasil podem
variar.

Alguns estudos nacionais e internacionais têm sido realizados para tentar estimar a
prevalência do TEA no Brasil. No entanto, é importante reconhecer que esses estudos
podem apresentar metodologias diferentes e amostras variadas, o que pode
influenciar os resultados.

Um estudo realizado em 2019 pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade de São


Paulo (USP) estimou uma prevalência de TEA de 1,43% entre crianças brasileiras de 7 a
12 anos. Outro estudo, conduzido em 2016 pela Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP), estimou uma prevalência de TEA de 1,4% entre crianças de 18 a 36 meses
na cidade de São Paulo.

É importante ressaltar que esses números podem não refletir completamente a


realidade devido a fatores como subnotificação, falta de acesso a serviços de saúde e
diagnóstico inadequado. Além disso, as taxas de prevalência podem variar em
diferentes regiões do Brasil e ao longo do tempo devido a mudanças na
conscientização, diagnóstico e acesso a serviços de saúde.

Portanto, embora existam algumas estimativas disponíveis, é importante continuar a


pesquisa e a vigilância epidemiológica para entender melhor a prevalência do TEA no
Brasil e garantir o acesso a serviços adequados para as pessoas afetadas.

 Planejamento Escolar

Objetivo: Garantir a inclusão, o bem-estar e o desenvolvimento educacional da criança


com TEA na escola.

1. Sensibilização e Capacitação:

Realizar sessões de sensibilização para todos os funcionários da escola sobre o TEA,


suas características e necessidades.

Oferecer treinamento específico para professores, auxiliares de sala, profissionais de


apoio e demais funcionários envolvidos no cuidado da criança com TEA, abordando
estratégias de comunicação, manejo comportamental e adaptações curriculares.

2. Parceria com a Família:

Estabelecer uma comunicação aberta e constante com os pais ou responsáveis da


criança com TEA, buscando compreender suas expectativas, necessidades e
preocupações.

Envolver a família no processo de desenvolvimento do plano de acolhimento,


compartilhando informações sobre o ambiente escolar e colaborando na
implementação de estratégias de apoio.

3. Avaliação Individualizada:

Realizar uma avaliação detalhada das habilidades, interesses e necessidades


específicas da criança com TEA, em colaboração com profissionais de saúde e
educação especial.
Desenvolver um perfil individual da criança, destacando suas preferências, desafios e
estratégias eficazes de apoio.

4. Ambiente Físico e Social:

Realizar ajustes no ambiente físico da escola para torná-lo mais acessível e inclusivo,
incluindo sinalização clara, espaços de descanso e áreas de estimulação sensorial.

Promover um ambiente social acolhedor e respeitoso, incentivando a interação


positiva entre a criança com TEA e seus colegas de classe.

5. Apoio Individualizado:

Designar um profissional de apoio ou auxiliar de sala para acompanhar a criança com


TEA durante suas atividades na escola, oferecendo suporte individualizado conforme
necessário.

Estabelecer estratégias de comunicação claras e consistentes para facilitar a interação


e compreensão da criança com TEA.

6. Adaptações Curriculares:

Desenvolver um plano educacional individualizado (PEI) que leve em consideração as


necessidades específicas da criança com TEA, incluindo adaptações no currículo,
material didático e métodos de ensino.

Oferecer recursos adicionais, como materiais visuais, tecnologia assistiva e estratégias


de ensino diferenciadas para apoiar o aprendizado da criança com TEA.

7. Monitoramento e Avaliação:

Realizar avaliações periódicas do progresso da criança com TEA, identificando áreas de


sucesso e oportunidades de melhoria.

Manter uma comunicação regular com a família e profissionais de saúde para garantir
uma abordagem colaborativa e integrada no apoio à criança com TEA.

8. Intervenção em Caso de Dificuldades:


Estabelecer protocolos claros para lidar com situações de desafio ou comportamento
da criança com TEA, priorizando abordagens positivas e de apoio.

Envolver uma equipe multidisciplinar, incluindo profissionais de saúde mental e


educação especial, para oferecer suporte adicional e desenvolver estratégias de
intervenção individualizadas.

Conclusão

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta uma complexidade única, refletida


nas suas diversas manifestações e na amplitude de suas características. Desde
dificuldades na interação social até padrões de comportamento repetitivos, o TEA
demanda uma compreensão profunda e uma abordagem individualizada para o
suporte eficaz às pessoas afetadas.

A legislação educacional no Brasil estabelece bases sólidas para a inclusão de pessoas


com TEA no sistema educacional, garantindo direitos fundamentais e medidas de
proteção. No entanto, é imprescindível que essas políticas sejam implementadas de
forma efetiva, com atenção às necessidades específicas de cada aluno.

A prevalência do TEA no Brasil ainda é objeto de estudos e pesquisas, refletindo a


necessidade contínua de vigilância epidemiológica e de acesso a serviços de saúde e
diagnóstico adequados. A compreensão do cenário epidemiológico é essencial para
direcionar recursos e estratégias de intervenção de maneira eficaz.

O acolhimento de crianças com TEA nas escolas demanda um planejamento cuidadoso,


envolvendo sensibilização da equipe escolar, parceria com a família, avaliação
individualizada e adaptações curriculares. A implementação de estratégias de apoio
individualizado, aliada a um ambiente inclusivo e respeitoso, é fundamental para
promover o desenvolvimento educacional, social e emocional dessas crianças.
Em última análise, o impacto do TEA estende-se além do indivíduo, afetando também
suas famílias e a sociedade como um todo. O apoio e a inclusão social são essenciais
para promover a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas com TEA, reconhecendo
suas potencialidades e valorizando sua diversidade.

Portanto, é imperativo que continuemos a investir em pesquisa, educação e políticas


públicas que promovam a inclusão e o suporte adequado às pessoas com TEA,
garantindo que todos tenham acesso a oportunidades e recursos que lhes permitam
alcançar seu pleno potencial. Juntos, podemos construir uma sociedade mais inclusiva
e acolhedora para todos.
Referencias

Araújo, C. B., & Bezerra, J. C. (2018). Transtorno do Espectro Autista: aspectos gerais e
perspectivas terapêuticas. Revista de Psicologia da IMED, 10(1), 62-73.

https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cintedi/2018/
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Fombonne, E. (2003). Epidemiological surveys of autism and other pervasive


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https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Transtorno-do-Espectro-Autista-TEA#:~:text=O
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https://autismoerealidade.org.br/2023/04/14/uma-a-cada-36-criancas-e-autista-
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https://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/autismo

Rocha, M. M., & Rizzutti, S. (2017). Transtorno do espectro autista: atualidades sobre
avaliação e intervenção. Psicologia: Reflexão e Crítica, 30(1), 1-10.

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