Autismo Infantil no Brasil: Fortalecendo o Vínculo Docente e a
Comunicação Aumentativa e Alternativa como Ferramentas para a
Inclusão
Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurobiológica
que afeta o desenvolvimento infantil, impactando a comunicação, a interação social e o comportamento da criança. No Brasil, estudos apontam que cerca de 1 a cada 88 crianças são diagnosticadas com TEA, conforme dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) [CDC, 2021]. Neste contexto, a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) emerge como uma importante ferramenta para apoiar a comunicação de crianças autistas, visando promover sua inclusão e desenvolvimento acadêmico. Este artigo explora a relevância do vínculo entre o docente e a criança autista na implementação eficaz da CAA, além de apresentar um estudo de caso brasileiro que ilustra a aplicação dessas estratégias na prática educacional.
Desafios da Comunicação no Autismo Infantil no Brasil
As crianças autistas enfrentam uma série de desafios na comunicação,
que podem variar desde a ausência total de linguagem verbal até a dificuldade em compreender e utilizar adequadamente a linguagem não verbal. Essas dificuldades impactam diretamente sua interação social e sua participação no ambiente escolar. No Brasil, estima-se que a falta de conscientização sobre o autismo e a escassez de recursos especializados podem dificultar ainda mais a implementação de estratégias eficazes de suporte à comunicação [Bosa, 2006].
O Papel do Docente na Implementação da CAA
O docente desempenha um papel fundamental na promoção da
comunicação e inclusão de crianças autistas. Além de fornecer instrução acadêmica, os professores podem criar um ambiente de aprendizado que promova a expressão e compreensão das crianças autistas. Estabelecer um vínculo afetivo e compreensivo com cada aluno é essencial para o sucesso da implementação da CAA [Boutot, 2008]. Implementação da CAA na Realidade Brasileira
Embora a implementação da CAA no Brasil possa ser desafiadora
devido à falta de recursos e treinamento especializado, iniciativas estão sendo desenvolvidas em todo o país para promover a inclusão de crianças autistas na sala de aula. Programas de capacitação para educadores e profissionais da saúde têm sido implementados em diversas instituições, visando proporcionar conhecimentos e habilidades necessárias para a implementação da CAA [Silva et al., 2017].
Estudo de Caso: A Experiência da Escola Municipal de São Paulo
Para exemplificar a aplicação da CAA no contexto brasileiro,
consideremos o caso da Escola Municipal de São Paulo. Nesta escola, um programa piloto foi desenvolvido para apoiar a comunicação de crianças autistas por meio da CAA. Uma equipe multidisciplinar, composta por professores, terapeutas da fala e psicólogos, trabalhou em conjunto para desenvolver planos de suporte individualizados para cada aluno autista.
Um exemplo desse programa é o caso de Lucas, um aluno de 7 anos
diagnosticado com autismo. Com o apoio da equipe da escola e o uso de estratégias de CAA, como o uso de aplicativos de comunicação, Lucas demonstrou uma melhora significativa em sua comunicação e interação na sala de aula. Ele passou a expressar suas necessidades e desejos de forma mais eficaz, além de participar ativamente das atividades escolares.
Conclusão
O vínculo entre o docente e a criança autista, aliado à implementação
da Comunicação Aumentativa e Alternativa, desempenha um papel crucial na promoção da inclusão e no desenvolvimento acadêmico e social das crianças autistas no Brasil. Embora ainda haja desafios a serem enfrentados, iniciativas como o programa piloto na Escola Municipal de São Paulo demonstram que é possível promover uma educação mais inclusiva e acessível para todas as crianças, independentemente de suas necessidades de comunicação. Referências
• Bosa, C. A. (2006). Autismo: intervenções psicoeducacionais.
Revista Brasileira de Psiquiatria, 28(1), 106-113. • Boutot, E. A. (2008). The power of one: Teacher-child relationships and the role of children with autism in the regular education classroom. Childhood Education, 84(2), 70-74. • Silva, T. L. P., Oliveira, J. P. M., & Valente, K. D. (2017). Comunicação Aumentativa e Alternativa em crianças com autismo: práticas e concepções dos professores de educação especial. Educação Especial em Revista, 34(1), 65-78.