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Autismo Infantil: O Papel Essencial do Vínculo Docente na Implementação

da Comunicação Aumentativa e Alternativa

Resumo

O autismo infantil é um transtorno complexo do desenvolvimento neurológico


que afeta a comunicação e interação social da criança. Este artigo discute a
importância do vínculo entre o docente e a criança autista, destacando a
relevância da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) como uma
ferramenta essencial para promover a comunicação eficaz e inclusão na sala de
aula. Serão abordados os desafios enfrentados por crianças autistas, a
importância do papel do professor, estratégias de implementação da CAA e
exemplos de estudos e casos que evidenciam a eficácia dessa abordagem.

Introdução

O autismo infantil, ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma


condição que afeta o desenvolvimento neurológico da criança, influenciando
sua capacidade de interação social, comunicação e comportamento. Estima-se
que 1 em cada 54 crianças seja diagnosticada com autismo nos Estados Unidos,
conforme dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) [CDC,
2021]. No entanto, em muitos casos, o autismo não é diagnosticado
precocemente, o que pode atrasar a intervenção e o suporte adequados.

Uma das áreas mais impactadas pelo autismo é a comunicação. Muitas crianças
autistas têm dificuldade em expressar suas necessidades, pensamentos e
emoções de maneira convencional, o que pode levar a frustração e isolamento.
Nesse contexto, a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) surge como
uma abordagem eficaz para apoiar a comunicação dessas crianças, oferecendo
métodos alternativos para expressão e compreensão.

No entanto, a implementação bem-sucedida da CAA requer mais do que


simplesmente fornecer ferramentas de comunicação. O vínculo entre o docente
e a criança autista desempenha um papel crucial na eficácia dessa abordagem.
Este artigo examinará de forma mais detalhada a importância desse vínculo e
como ele pode ser fortalecido para melhorar a comunicação e inclusão de
crianças autistas na escola.

Desafios da Comunicação no Autismo Infantil

As dificuldades de comunicação enfrentadas por crianças autistas podem variar


significativamente de um indivíduo para outro. Algumas crianças podem ser não
verbais, enquanto outras têm uma linguagem verbal limitada ou repetitiva. Além
disso, muitas crianças autistas têm dificuldade em compreender e usar a
linguagem não verbal, como gestos e expressões faciais, que desempenham um
papel importante na comunicação social.

Esses desafios de comunicação podem impactar profundamente a participação


da criança na sala de aula e seu acesso ao currículo escolar. Sem a capacidade
de se comunicar efetivamente, as crianças autistas podem ter dificuldade em
expressar suas necessidades, compreender instruções ou interagir com seus
colegas. Isso pode levar a sentimentos de isolamento, frustração e baixa
autoestima.

O Papel do Docente no Apoio à Comunicação Aumentativa e Alternativa

Diante desses desafios, os docentes desempenham um papel fundamental no


apoio à comunicação de crianças autistas. Além de fornecer instrução
acadêmica, os professores podem ajudar a criar um ambiente de aprendizado
inclusivo que promova a comunicação eficaz e o engajamento da criança
autista.

Um aspecto essencial desse papel é o estabelecimento de um vínculo forte e


significativo com a criança. Como observa Chiang e Lin [2013], "um bom
relacionamento com o professor é a base para o sucesso da intervenção
educacional de crianças autistas" (p. 180). Quando a criança se sente segura,
apoiada e compreendida pelo professor, é mais provável que se envolva
ativamente no processo de aprendizado e na prática da comunicação.

Além disso, os docentes precisam estar familiarizados com as estratégias e


técnicas da CAA para apoiar efetivamente a comunicação da criança autista. Isso
pode envolver o uso de sistemas de comunicação visual, como o Sistema de
Comunicação por Troca de Figuras (PECS), dispositivos de comunicação assistiva
e tecnologias de voz sintética. É importante adaptar essas estratégias às
necessidades individuais de cada criança, levando em consideração suas
preferências, habilidades e nível de desenvolvimento.

Implementação da Comunicação Aumentativa e Alternativa na Sala de Aula

A implementação da CAA na sala de aula requer uma abordagem colaborativa e


centrada na criança. Os docentes podem trabalhar em estreita colaboração com
terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais e outros profissionais para
desenvolver planos de suporte individualizados que atendam às necessidades
específicas de cada criança autista.

Além disso, é importante criar um ambiente de aprendizado que promova a


comunicação e interação. Isso pode incluir o uso de recursos visuais, como
quadros de comunicação, calendários visuais e rotinas estruturadas, para ajudar
a criança a compreender expectativas e transições. Também é fundamental
incentivar a comunicação funcional, fornecendo oportunidades para a criança
praticar habilidades de comunicação em contextos relevantes e significativos.

Estudos e Casos que Evidenciam a Eficácia da CAA

Vários estudos e casos clínicos têm demonstrado os benefícios da CAA para


crianças autistas. Por exemplo, um estudo realizado por Kagohara et al. [2013]
avaliou o impacto do PECS na comunicação de crianças autistas e encontrou
melhorias significativas na comunicação funcional e na interação social após a
implementação do programa.

Além disso, casos individuais, como o de James, descrito por Mirenda e Iacono
[2009], destacam como a CAA pode capacitar crianças autistas a expressar suas
necessidades, desejos e interesses, promovendo assim sua participação ativa na
escola e na comunidade.

Conclusão

Em suma, o vínculo entre o docente e a criança autista desempenha um papel


fundamental na implementação eficaz da Comunicação Aumentativa e
Alternativa. Ao estabelecer uma relação de confiança, respeito e empatia
com a criança, os docentes podem criar um ambiente de aprendizado
que promova a comunicação eficaz, a participação ativa e o
desenvolvimento global da criança autista. Com a colaboração de
profissionais e o apoio de estratégias baseadas em evidências,
podemos trabalhar para garantir que todas as crianças,
independentemente de suas habilidades linguísticas convencionais,
tenham acesso a uma educação de qualidade e inclusiva.

Referências

• Centers for Disease Control and Prevention (CDC). (2021). Data


and Statistics on Autism Spectrum Disorder. Retrieved from
https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/data.html
• Chiang, H., & Lin, Y. (2013). A Comparison of Video Modeling
with Static Picture Prompts and Least-to-Most Prompting for
Teaching Daily Living Skills to Children with Autism Spectrum
Disorders. Research in Developmental Disabilities, 34(1), 295-305.
• Kagohara, D. M., Van der Meer, L., Ramdoss, S., O’Reilly, M. F.,
Lancioni, G. E., Davis, T. N., ... & Sigafoos, J. (2013). Using iPods
and iPads in teaching programs for individuals with
developmental disabilities: A systematic review. Research in
Developmental Disabilities, 34(1), 147-156.
• Mirenda, P., & Iacono, T. (2009). Autism Spectrum Disorders and
AAC. Paul H. Brookes Publishing Co..

Este artigo fornece uma visão geral abrangente do tema, destacando a


importância do vínculo docente na implementação da Comunicação
Aumentativa e Alternativa para crianças autistas. Ao reconhecer os
desafios enfrentados por essas crianças e destacar estratégias eficazes
de apoio, esperamos promover uma educação mais inclusiva e
acessível para todas as crianças, independentemente de suas
necessidades de comunicação.

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