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1

SUM Á RIO

IN TRODUÇÃO 3

S A ÚDE M ENTA L NA S ES COL AS 4

S A ÚDE M ENTA L É S INÔNIMO 8


DE F ELICIDA DE?

MA S, EN TÃ O, O QU E É SAÚDE M ENTAL? 10

S E UM A PES S OA S A UDÁV EL PO D E FIC AR 11


TR IS TE E CHORA R, COM O SABER SE EL A
ES TÁ A DOECENDO?

PA PEL DA ES COLA : ES TRAT ÉG IAS 14


E C UIDA DOS

P R OM OV ENDO S A ÚDE 19
SA ÚD E MEN TA L E A P RENDIZAGEM 21
SO C I OE MO C I ON A L

PA PEL DA FA M ÍLIA 22
A LG UMA S SUG E STÕ E S DE ATIVIDADES 25

EN CERRA MENTO 27
3

Saúde mental: apesar de tanta conversa, palestras, trabalhos e artigos


sobre o tema, por que ainda é tão difícil falar sobre?

Não é incomum que as pessoas que estão em sofrimento tenham receio de


serem tachadas como fracas, preguiçosas ou incapazes. “O que será que
vão pensar de mim se souberem que fui a um psicólogo ou psiquiatra?”

O obstáculo enfrentado pelos jovens, muitas vezes, é o medo de não se-


rem escutados ou levados a sério – ou, ainda, pedir ajuda para alguém e
essa experiência não ser muito boa.

Para as famílias, pode ser difícil aceitar que seu filho ou filha está vivendo
algum tipo de sofrimento emocional. Isso pode desencadear uma mistura
de culpa, vergonha e medo da exposição, às vezes, até gerando negação.

Já para educadores e educadoras, esse tende a ser um terreno delicado,


tendo em vista que, na teoria, isso é assunto para profissionais da Saú-
de. Além disso, como cuidar de alunos e alunas que estão em sofrimento
mental quando nós mesmos também estamos?

Essas questões sempre aparecem nas nossas andanças pelas escolas do


Brasil e, logo nos primeiros meses de 2022, em que o retorno presencial
foi quase que geral, constatamos um aumento significativo de episódios
e situações relacionadas à saúde mental da comunidade escolar, deixan-
do todo mundo em alerta.

Pensando em como lidar com esse cenário, o LIV – Laboratório Inteligên-


cia de Vida – criou o “Movimento LIV: pela saúde mental nas escolas”,
que acontece em diferentes etapas, iniciando com rodas de conversa
com as escolas parceiras que oferecem acolhimento e suporte para os
educadores e educadoras.

Em um primeiro momento, as rodas foram criadas com o intuito de propor-


cionar um espaço de cuidado, de troca de experiências e de apoio mútuo.
Assim, tivemos uma percepção melhor do que a escola está sentindo.

Esse movimento se desdobra além dos espaços de trocas e construção


coletiva, com diversos conteúdos trabalhados em forma de textos, in-
fográficos, entrevistas e vídeos com especialistas debatendo a saúde
mental nas escolas, incluindo este e-book, com informações, dicas e re-
flexões que podem ajudar na construção de caminhos mais saudáveis e
possíveis para as comunidades escolares.

Saúde mental não se faz sozinho. O LIV está sempre junto nesse percurso!
4

SAÚDE MENTAL
NAS ESCOLAS
5

A vida emocional é constitutivamente


humana e, por isso, impossível de ser
deixada fora de sala de aula

Angústia, depressão, agressividade, crise de pânico e ansiedade são


termos que não são exclusivos dos dicionários dos adultos. Já faz um
tempo que essas palavras aparecem no universo infantil e adolescente.
E os números crescentes têm deixado a popualação cada vez mais preo-
cupada, incluindo educadores e educadoras de todo o Brasil.

adolescentes já sentiu crianças possui de 10 a 19 anos


necessidade de pedir sintomas emocionais convive com algum
ajuda em relação à que indicam transtorno mental
saúde mental necessidade de
avaliação clínica

*VARGENS, Paula; SERRÃO, Beatriz; ARAÚJO, Conceição. A escuta na educação infantil: Construindo
Possibilidades para libertação através de Paulo Freire. Revista: Práticas em Educação Infantil, v. 6,
n. 7, p. 108-119. ANO: 2021.
6

Mas por que esse debate tem ganhado cada vez mais espaço no con-
texto escolar?

Não somos feitos de pedacinhos desmontáveis, portanto, aonde quer


que a gente vá, nossos sentimentos, emoções, memórias, angústias e
problemas vão junto. Eles não ficam do lado de fora do muro da escola.

Dessa forma, todo o panorama apresentado de agravamento da saúde


mental das crianças e adolescentes também é vivido nas escolas, tra-
zendo implicações não só individuais – como queda do desempenho aca-
dêmico – como também para o convívio coletivo e o clima escolar, como
são os casos de agressividade, bullying e indisciplina em sala de aula.

Isso não deve ser uma novidade para você, não é? Como tem sido essa
questão na sua escola?
7

Apesar de não ser fácil, sabemos que a escola tem um lugar importante
quando o assunto é saúde mental de crianças e adolescentes:

Primeiro, porque é na escola onde as crianças e adoles-


centes passam a maior parte do tempo (a maioria fica mais
tempo na escola do que na própria casa!).

O segundo ponto, que é consequência do primeiro, diz respei-


to à ampliação de oportunidade de identificação de situações
de risco, tendo em vista que os educadores podem observar
os alunos em contextos diferentes (fazendo uma tarefa, so-
cializando, etc) e por um longo período de tempo.

Terceiro, porque a escola é mais acessível do que os cen-


tros de saúde mental e carregam menos estigma. Talvez
seja mais tranquilo e confortável conversar primeiro com
um educador do que com um psiquiatra.

O quarto ponto é que a escola é um espaço de convivência en-


tre diversas pessoas e por isso mesmo um ambiente privilegia-
do para promover o desenvolvimento de habilidades socioemo-
cionais, fundamentais para o cuidado da saúde mental.

(A lista poderia continuar, mas vamos nos ater por aqui)

Diante desse cenário, quais são as ações que a escola pode adotar em
prol da saúde mental dos seus alunos e alunas?

Para responder a essa pergunta, temos que dar um passo para trás e
entender melhor o que é Saúde mental.

O QUE É
SAÚDE
MENTAL?
8

SAÚDE MENTAL
É SINÔNIMO DE
FELICIDADE?
9

Quando falamos em saúde mental, qual é a primeira coisa que te vem à


cabeça? Para muita gente, e acredito que para a maioria das famílias que
conversa com você, a saúde mental está relacionada a uma sensação de
bem-estar, e esta, por sua vez, vem associada a uma imagem de alguém
alegre, sorrindo e cheio de disposição.

Talvez seja aí que more o grande perigo: saúde mental não é sinônimo de
felicidade.

A vida é recheada de surpresas, muitas delas nem sempre agradáveis,


incluindo perdas e conflitos. Responder sempre com alegria a tudo isso
não faz sentido, não é mesmo?

POR EXEMPLO:

em uma situação de tensão, eu posso sentir


medo e ficar em alerta. Nessa situação, não fi-
car contente, não significa que estou adoecido
ou que minha saúde mental está comprometi-
da. Pelo contrário, mostra que consigo identifi-
car um cenário de risco e, assim, me organizar
para me proteger.
Ou diante da morte de uma pessoa querida, viver
a tristeza faz parte do processo de luto. E essa
tristeza é importante, pois nos ajuda a pensar
sobre nossas relações com as coisas e pessoas
que nos importam, nossas prioridades e nossas
escolhas. Em outras palavras, a tristeza pode
nos ajudar no nosso autoconhecimento.

Felicidade, assim como tristeza, raiva e medo são sentimentos que fa-
zem parte da experiência e do desenvolvimento humano. Sentir cada um
deles nos faz aprender sobre o mundo e sobre nós mesmos.

Por isso, a felicidade não é um lugar de chegada nem uma conquista


permanente. O que podemos viver são momentos de felicidade, assim
como vivemos momentos de tristeza e de outras emoções.

A FELICIDADE NÃO É UM
LUGAR DE CHEGADA!
10

MAS, ENTÃO, O QUE


É SAÚDE MENTAL?
Se a vida é essa montanha-russa de aconte- Dessa forma, assim como a saúde “física”, a
cimentos, saúde mental é ter as condições e saúde mental requer manutenção e acompa-
recursos para conseguir passar por esses obs- nhamento cotidianos (que você poderá ler mais
táculos e imprevistos. A Organização Mundial à frente). Não existe uma única pessoa ou ins-
de Saúde (OMS) afirma que uma pessoa sau- tância responsável pela nossa saúde mental.
dável seria aquela capaz de usar suas habilida- Não podemos cuidar sozinhos da nossa saúde
des para recuperar-se do estresse rotineiro e mental nem acreditar que a família ou a escola
reconhece esse movimento como um percurso dará conta de tudo, por exemplo. Como disse-
pessoal.
mos, trata-se de um movimento de contínuo
Assim, saúde mental não pode ser entendida investimento e cuidado – e, como ninguém está
como um estado estático, permanente ou ple- disponível o tempo todo nem é capaz de ofere-
no, mas sim um processo diário sobre a ma- cer tudo o que precisamos, é preciso uma rede
neira como nos relacionamos com nós mes- de gente, serviços e estratégias para que nossa
mos e o mundo à nossa volta. saúde seja sempre estimulada e alimentada.

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*Lembrando que a saúde física e emocional não são autônomas.


Praticar exercícios físicos pode contribuir para a diminuição dos
níveis de ansiedade e depressão, por exemplo
11

SE UMA PESSOA
SAUDÁVEL PODE
FICAR TRISTE
E CHORAR,
COMO SABER
SE ELA ESTÁ
ADOECENDO?
12

Importante sempre lembrar que educadores já são promotores de saúde


na própria prática escolar, como veremos mais pra frente. E não sugerimos
aqui que os mesmos tenham a responsabilidade de realizar diagnósticos
nem de aplicar qualquer tipo de conhecimento que transborde a área da
educação. É que a escola, por ser um dos lugares em que as crianças e os
adolescentes mais passam tempo (senão o mais), é um lugar privilegiado
para identificar algum sinal de possível transtorno ou estado de adoeci-
mento. Esse primeiro olhar cuidadoso do educador pode, em muitos ca-
sos, agilizar o acesso ao atendimento especializado em saúde que muitas
crianças e adolescentes precisam.

Três pontos podem ajudar na identificação: a persistência, o prejuízo e


o sofrimento.
PERSISTÊNCIA: A SENSAÇÃO OU COMPORTAMENTO
É PERSISTENTE OU FOI PONTUAL?
Sentir medo em situações de risco é um bom modo de
nos proteger, mas ter um medo permanente de tudo é
paralisante – assim como chorar de vez em quando faz
parte da vida, mas chorar todos os dias por qualquer
situação pode ser um sinal de alerta. A frequência com
que aparecem atitudes, reações e sentimentos pode
dar pistas sobre como a pessoa está.

PREJUÍZO: QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DESSE


MAL-ESTAR E/OU COMPORTAMENTO?
Desde questões físicas, como emagrecimento drástico
e ferimentos no corpo, até questões sociais, como bai-
xar o rendimento escolar subitamente, ajudam a apon-
tar quem necessita de um cuidado específico.

SOFRIMENTO: QUAL É A INTENSIDADE DO SOFRIMENTO?


Sofrimento não é número para ser quantificado, por
isso é importante perguntar para a pessoa que sofre
como está sendo para ela. O que é suportável para um
pode não ser para o outro.
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Além desses pontos, abaixo listamos alguns comportamentos que exi-


gem atenção especial:

Mudança repentina Mudança de hábitos


de humor alimentares

Baixo rendimento Isolamento social


escolar

Baixa autoestima Agressividade

Agitação
psicomotora Autolesão

Faltas frequentes Alteração no sono

Apatia
14

PAPEL DA
ESCOLA:
ESTRATÉGIAS
E CUIDADOS
15

Após observar alguns desses sinais de alerta, refletir sobre a persis-


tência, o prejuízo e o sofrimento e reconhecer que pode haver alguma
situação que merece mais cuidado, qual caminho seguir?

Para uma condução mais tranquila, é importante ter estrutura definida e


informações disponíveis. Uma escola em que os funcionários e funcioná-
rias estão alinhados já é, por si só, um espaço de segurança e conforto.
Aqui vão algumas dicas:

TER UMA PESSOA OU TIME RESPONSÁVEL PELAS QUES-


TÕES DE SAÚDE MENTAL NA ESCOLA
* Se a escola não tiver funcionário da área da Psi-
cologia ou de um campo em comum, é importante
escolher alguém que receba uma formação para
exercer esse tipo de atividade e conseguir ser
essa referência.
* É importante que todos na escola saibam quem é a
referência para as questões de saúde mental, tanto
para tirar dúvidas dos funcionários, alunos e fami-
liares, quanto para escuta e encaminhamento de
alguma situação específica.

MAPEAR SERVIÇOS E RECURSOS DISPONÍVEIS


* Conhecer e mapear os serviços, pessoas e estabe-
lecimentos da sua região que podem ser acionados
em situações ligadas à saúde mental, como: Uni-
dade de Pronto Atendimento (UPA); Centro de Aten-
ção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi); Conselho
Tutelar; Unidade Básica de Saúde (UBS); Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) – 192; Bom-
beiros – 193.
* Ter todos esses contatos de serviços em fácil aces-
so para todos.
* Estabelecer quem contatar em situações de emer-
gência e não emergência (lembrando que cada caso
é um caso e, com exceção dos de emergência, não
é necessário sair tomando decisões e contatando
pessoas imediatamente).
16

ESTABELECER PROCESSOS
* Mesmo sabendo que cada situação é única e preci-
sa ser escutada como tal, é importante estabelecer
alguns processos, como: quando e como acionar a
família? Quem faz esse primeiro contato?

ACOMPANHAMENTO
* Mesmo que a criança ou o adolescente seja encami-
nhado para um serviço de saúde, é importante lem-
brar que grande parte da sua vida continua sendo
na escola. Logo, entender como apoiar a família e o
aluno ou aluna nesse processo (caso inicie o uso de
um medicamento ou tenha que trocar de turma, por
exemplo) é fundamental.

Uma estrutura bem definida e conhecida por toda a comunidade escolar


não tem o intuito de mecanizar as ações, mas sim de dar mais segurança
para as pessoas na condução das mais variadas situações.

Mas nenhum desses pontos acima será útil se as relações interpessoais


não forem cuidadosas. Afinal de contas, estamos falando de saúde men-
tal e, portanto, de sentimentos, de histórias de vida, de pessoas.
17

Seguindo na trilha das dicas, listamos algumas condutas que devem ser
evitadas e as que podem ajudar:

PARA EVITAR:

Julgar;

Dar conselhos;

Tentar resolver o problema por ele (a);

Fazer suposições do que está acontecendo;

Tentar remover à força;

Diagnosticar.

PARA AJUDAR:

Escuta atenta e interessada;

Oferecer um espaço tranquilo e privado,


caso ele ou ela se sinta mais à vontade;

Legitimar o sofrimento apresentado.

A escuta responsável é aquela que demonstra atenção e cuidado. Não


é ter resposta para tudo, mas sim se fazer presente. Principalmente
porque, na maioria das vezes, quem sofre quer desabafar e precisa de
alguém que escute e não que fique dizendo o que deve ou não fazer.

É importante tratar as emoções do outro com cuidado, priorizando um


ambiente que resguarde a sua integridade física e certificando-se de que
o ambiente seja seguro, para que a pessoa fale sobre seus sentimentos e
qualquer outra questão sem ter sua privacidade violada.

É normal que conversas que acontecem durante um episódio


de crise, os sentimentos do ouvinte também sejam tocados.
Caso se emocione, não entenda isso como um problema. O
que importa é que a sensibilidade, a atenção e a sinceri-
dade estejam presentes, demonstrando sua disposição a
ouvir e acolher a pessoa.
18

E AS NOSSAS EMOÇÕES? É POSSÍVEL


CUIDAR SEM SER CUIDADO?
Ao pensar na saúde emocional das nossas escolas, temos nos incluído na
equação? Vemos, diversas vezes, professores, diretores e gestores es-
colares preocupados com a saúde mental de seus alunos sem se atentar
para suas próprias emoções. Com altas demandas de resultado, novas
organizações curriculares e elevadas cargas de trabalho, não é difícil en-
contrar profissionais da educação que apresentem sintomas de exaustão
física e emocional.

Por isso, precisamos caminhar para o reconhecimento de que, para cuidar


dos alunos, é preciso cuidar da equipe escolar. Se pretendemos promo-
ver uma educação que percebe e considera o outro, precisamos entender
que é essencial estabelecer espaços de diálogo, bem-estar e cooperação
também entre os adultos.

CUIDANDO DE QUEM CUIDA:

Com espaços seguros de troca entre a equi-


pe escolar;

Reconhecendo e estabelecendo limites (por


exemplo: admitindo que determinada situa-
ção é muito delicada para você e pedir para
que um colega a conduza);

Sabendo (e podendo) pedir ajuda;

Tendo acesso a formações continuadas.


19

PROMOVENDO
SAÚDE
20

Cuidar da saúde mental não significa apenas realizar ações diante de


pessoas que estão em sofrimento intenso ou adoecendo. Como falamos
no começo deste e-book, saúde mental é um horizonte para o qual nos
movemos em direção; é um processo e não uma linha de chegada.

Se saúde é movimento, nenhum lugar mais rico para promovê-la que a


escola!

Então, muito provavelmente você e sua escola já devem propiciar condi-


ções que contribuem para a promoção da saúde mesmo sem saber. Isso
acontece quando:

A escola prioriza mais as atividades de colaboração


do que a competição;

As diferenças são valorizadas e o respeito é estimulado;

O “erro” é entendido como parte do processo


de aprendizagem e não como um defeito ou
algo vergonhoso;

A participação ativa das alunas e alunos é promovida;

Existe espaço para o conflito (sem violência) para que


as divergências sejam resolvidas e cuidadas com diálogo;

As questões de saúde mental não sejam tratadas


como estigmas;

Existem espaços de fala e escuta sem julgamento;

Os sentimentos e as histórias são legitimados e respeitados;

O acolhimento e a empatia são base para as relações.

Por essa listinha acima, já deu pra perceber que o desenvolvimento das
habilidades socioemocionais pode ajudar bastante nesse processo, né?
21

SAÚDE MENTAL E APRENDIZAGEM


SOCIOEMOCIONAL

Conhecer melhor a si mesmo, reconhecer e es- área e que esses profissionais não precisam ser
cutar os sentimentos vividos, pensar critica- os condutores de uma aprendizagem de habili-
mente, comunicar-se de maneira compreensível dades socioemocionais.
e assertiva: tudo isso aumenta a capacidade de
Como as habilidades são desenvolvidas e
criar estratégias para lidar com os desafios e
aprendidas ao longo da vida, elas podem ser
atravessar momentos de sofrimento que fazem
ensinadas, seja por pedagogos(as), seja por
parte da vida, bem como potencializa formas
outro profissional da educação. O que nós do
mais saudáveis, criativas e interessantes de se
LIV nunca deixamos de lembrar é que esse tra-
relacionar e estar no mundo.
balho precisa ser feito de forma intencional,
Em outras palavras, as habilidades socioemocio- processual e por pessoas que recebam forma-
nais (como comunicação, colaboração, pensa- ção adequada.
mento crítico, criatividade, autoconhecimento,
Porque não basta apresentar as emoções ou
entre outras), quando desenvolvidas, favorecem
competências e avaliar se as crianças conse-
o autocuidado e o cuidado com nossas relações.
guem identificar, conceituar e nomeá-las. É
Assim, a educação socioemocional é uma gran- preciso criar espaços seguros em que possam
de aliada na promoção e no cuidado com a saú- conviver com essas emoções em ação, ao lado
de mental, mas não é sinônimo de terapia. Isso de tantas outras manifestações subjetivas que
significa que ela não substitui um tratamento nos afetam, pois só aprendemos com a mão na
específico com profissionais e especialistas da massa e através da experiência.
22

PAPEL DA
FAMÍLIA
23

Já falamos por aqui que não podemos atribuir mais fácil caso a família estivesse disponível
a responsabilidade da saúde mental em uma para se corresponsabilizar pelas questões que
única pessoa ou instância; porém, existe uma foram apresentadas.
crença de que a família é determinante. Vamos
Falar sobre saúde mental (ou comportamen-
lembrar que, se assim fosse, crianças criadas
to) do filho ou filha de alguém pode ser de-
pelos mesmos parentes seriam iguais.
licado, tendo em vista que não é raro os fa-
De qualquer forma, é inegável a importância miliares se sentirem expostos ou culpados.
do papel familiar. Pense na sua própria expe- Trabalhar um vínculo de confiança com as fa-
riência: as relações familiares (ou a ausência mílias pode tornar a rede de apoio ainda mais
delas) fazem parte de quem você é hoje, não sólida para a criança ou adolescente, bem
é mesmo? como sensibilizá-las sobre a importância do
universo socioemocional.
As famílias são diversas, assim como suas for-
mas de educar. Isso, muitas vezes, é o grande Pontos importantes quando o assunto é saú-
desafio da escola. Acredito que você já se de- de mental de algum(a) aluno(a) no manejo
com a família:
parou com alguma situação com um aluno ou
aluna cuja condução, provavelmente, teria sido

Ouvir com atenção Quando for falar


e sem julgamento sobre alguma Em caso de pais
(lembre-se que essa situação específica separados, importante
família também de algum aluno ou entender como se
pode estar em aluna, chamar num dá a comunicação
sofrimento); momento privado; com a família;

Ter uma pessoa


Estar disponível
na escola que
ara pensar, juntos, Não apontar
acompanhe a situação
em estratégias culpado(s); e que seja a referência
de cuidado;
para a família;

Essa família ainda faz parte da comunidade


escolar e, por mais que o filho ou filha esteja
passando por uma situação específica, não se
esqueça dos espaços coletivos (tanto para a
criança/adolescente quanto para a família).
24

No LIV, nossas estratégias se dão tanto via atividades que o aluno ou alu-
na leva para casa e realiza coletivamente – incentivando a aproximação
e a escuta entre quem participa –, quanto conteúdos via vídeos, textos
e palestras (síncronas e assíncronas) voltados exclusivamente para os
familiares, no sentido de contribuir para uma educação mais afetiva.

Ninguém nasce sabendo ser mãe, pai, tio, avó. Constrói-se isso a partir
da experiência e do conhecimento adquiridos ao longo do tempo. Poder
reconhecer juntos que sempre podemos aprender e formar uma comuni-
dade escolar em que podemos nos escutar mais e apontar menos o dedo
para o outro é um caminho potente para relações mais saudáveis.
25

ALGUMAS SUGESTÕES
DE ATIVIDADES
Está na hora de colocarmos um pouco a mão na massa! Trazemos aqui
algumas estratégias de acolhimento e atividades que podem ser um que-
bra-gelo ou disparadoras para uma conversa mais profunda sobre temá-
ticas importantes para as crianças e jovens.
CINECLUBE
Que tal uma grande sessão de cinema onde, além de pi-
poca e guloseimas, podemos nos reunir para falar sobre
nossos sentimentos? Filmes podem ser uma ótima es-
tratégia para abordar a saúde mental de forma leve, pois
abre espaços para conversas que podem ser descontra-
ídas, informativas e extremamente acolhedoras.

QUE TAL ALGUMAS SUGESTÕES?

L L L

MONSTROS S.A. DIVERTIDAMENTE ENCANTO

10 12 14

PATCH ADAMS -
COMO ESTRELAS O AMOR É O MÍNIMO
NA TERRA CONTAGIOSO PARA VIVER

14 14
IMPORTANTE: Nem todos esses filmes
falam diretamente sobre emoções
ou saúde mental, mas abordam te-
mas que estão relacionados e podem
ser discutidos, como: transtornos da
aprendizagem, agressividade, bullying,
ESCRITORES DA violência intrafamiliar, transtornos ali-
OITAVA SÉRIE mentares, sonhos, adolescência, etc.
LIBERDADE
26

BOAS-VINDAS ACOLHEDORA
A comunidade escolar também não é estática, tem
sempre alguém chegando ou alguém se despedindo. No
começo do ano letivo, então, ainda mais.
Uma ótima maneira de desenvolver uma cultura acolhe-
dora e, de quebra, já prevenir o bullying, é fazer com
que as boas-vindas aos novos alunos sejam responsa-
bilidade dos próprios colegas! Para tanto, a escola pode
apresentar a ideia para as turmas e escolher voluntários
(que podem ser rotativos, permitindo que todos passem
por essa experiência). Esses voluntários serão os anfi-
triões, encarregados de mostrar os espaços da esco-
la, apresentar os novatos aos outros alunos e alunas,
contar as histórias mais interessantes, chamar para os
eventos, entre outras funções.
Apostamos que essas boas-vindas terão um gostinho
diferente: no lugar do desespero e medo de ficar sozi-
nho(a) no recreio, acolhimento e animação pelas novi-
dades que estão por vir!

RODAS DE BATE-BAPO
Nós do LIV acreditamos no poder das palavras e acredi-
tamos que poder falar é libertador. Por isso, desenvolve-
mos um espaço chamado Círculo da Confiança, no qual
todos têm o direito de falar e o dever de ouvir.
Agora, imagine se em nossas escolas, periodicamente,
grupos se reunissem para falar sobre aquilo que tives-
sem vontade ou sentissem necessidade? Um grupo de
apoio mútuo em que todos têm oportunidade de se ex-
pressar e ser escutados? Essa é a ideia das rodas de
bate-papo! Um espaço, com um tema específico ou não,
onde a palavra é livre.
27

Seguimos juntos!
Este e-book termina por aqui, mas com o convite de pensarmos a saúde
mental como uma bússola que nos orienta e não um caminho de chegada,
até porque nossas necessidades e desafios em um momento podem ser dif-
erentes dos que teremos em outro.
Que essa leitura possa ter servido como um espaço de acolhimento, reflexão
e inspiração para traçar caminhos possíveis no cuidado com a saúde mental.
Cada comunidade escolar terá demandas e questões específicas, por isso,
os caminhos de cuidado serão distintos. O LIV, como programa de educação
socioemocional, está aqui como parceiro disponível para dar suporte, escuta
e ferramentas nesse processo de afeto, aprendizagem e cuidado.
Com carinho,
LIV
28


Foi interessante quando conheci o LIV. Tenho duas
filhas que usam o programa e pude perceber o
potencial de execução desenvolvido, tornando-as
mais confiantes e com mais força para tirar os sonhos
do papel. Hoje, como professor, percebo que falta aos
jovens a capacidade de se relacionar com as outras
pessoas e é isso que faz o LIV tão importante.

BERNARDINHO
EX-TREINADOR DE VOLEIBOL E EMPRESÁRIO


Um dia recebi o convite para enriquecer os materiais
do LIV falando para os pais. Adorei duplamente o
convite. Primeiro, porque nas minhas andanças pelo
o Brasil, sempre é apontado pelos professores o
quanto é difícil a relação família e escola. Segundo, a
razão que me levou a escrever o material: eu confio
na proposta do LIV. Em tempos de muitas fórmulas
mágicas e salvadoras que são oferecidas para as

escolas, olhar para o LIV com mais atenção foi o que
me desafiou

LOURDES ATIÉ
ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO
29


A afetividade pode ocorrer no âmago da racionalidade.
Precisamos promover uma razão sensível e aberta:
que conhece seus limites, que aceita o que não pode
conhecer – como o mistério do mundo e de coisas que
fogem de seu controle –, e que aceita as contradições.
Noções que podem ser contraditórias, como vida e
morte, podem ser complementares, como tudo o que

é inseparável. A razão sensível proporciona emoções.

EDGAR MORIN
SOCIÓLOGO E ANTROPÓLOGO FRANCÊS


É sensacional ter um “laboratório” para explorar as
habilidades socioemocionais. Vejo o LIV como um modo
muito inteligente de desenvolver nos alunos habilidades
como a perseverença, proatividade e criatividade.
Habilidade essas que me tornaram o explorador e
navegador que sou. Fiquei impressionado com o programa,


com o material e com o esforço dos professores em trazer
diferentes experiências vivas para as aulas.

AMYR KLINK
ESCRITOR E NAVEGADOR
30


Nem todo sofrimento evolui para sintomas. Isso acontece
quando a gente não é capaz de fazer aquilo que eu
consideraria a habilidade socioemocional que condiciona


todas as outras que podem vir, que podem acontecer, que
podem se desenvolver ou não. Chama-se ‘escuta’.

CHRISTIAN DUNKER
PSICANALISTA E PROFESSOR


Estamos no século XXI. E, no mundo, tem lugar para todo tipo
de escola, não é preciso que todas sejam iguais. No mundo,
tem lugar para todo tipo de aluno. Não é preciso que nós os
tornemos todos medianos. E tem lugar para todo tipo de

professor. Porque a escola não é o mundo para os alunos,
mas representa o mundo.

ROSELY SAYÃO
PSICÓLOGA E CONSULTORA EDUCACIONAL
31
32

ASSISTA:
RIA, CHORE, SINTA. UM CONVITE
PARA FALAR DOS SENTIMENTOS!

CONHEÇA
O MANIFESTO LIV, NARRADO PELO
ATOR E PAI LIV, LÁZARO RAMOS:
33

ESCOLA QUE SENTE


UMA HOMENAGEM LIV

Na narração de Fernanda Montenegro, o LIV traz a expe-


riência de uma escola viva, que fala do que sente e re-
conhece a importância das pessoas. Uma escola que se
identifica tanto com a “gritaria e movimento” como, tam-
bém, com o “silêncio e concentração”.
Essa é a homenagem do LIV aos educadores de todo o Bra-
sil que têm mantido viva, com muita dedicação, uma insti-
tuição que é tão especial e indispensável na vida de todos.
ACREDITAMOS EM UMA #ESCOLAQUESENTE
34

QUERO LIV!
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EM CONTATO!

Obrigado pela leitura!


Este material foi produzido pelo LIV - Laboratório Inteligência de Vida, pro-
grama de educação socioemocional que atua junto a mais de 500 escolas no
Brasil, criando espaços de fala e escuta para ampliar a compreensão de si, dos
outros e do mundo. Você pode compartilhar este conteúdo de forma gratuita,
na íntegra ou parcialmente, sempre citando a referência dos criadores.

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