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Ana Carolina Guimarães

Inês Rodrigues
Helder Magalhães
Judite Teixeira
Lucy Silva
Paula Caetano

O jovem como agente de mudança na saúde


mental e inteligência emocional
Introdução
Este trabalho tem como tema central o papel
ativo dos jovens na promoção da saúde mental
e inteligência socioemocional

Durante anos, houve um grande estigma em


falar sobre esta problemática.

Mais do que nunca, é urgente discutir este


tema.
1) A sociedade atual e a juventude

Introdução
Estado da arte: inteligência emocional (IE) e
2) educação socioemocional (SEL)

3) Análise das entrevistas


A Sociedade Atual e a Juventude

A sociedade atual está imersa em tecnologia e redes


complexas que envolvem constante mudança e uma
certa sensação de aceleração do tempo

Internet, Redes Sociais e Telemóveis provocaram


mudanças na forma como nos relacionamos e
interagimos;

Os jovens, considerados “nativos digitais”(Coma,


2013; Presky, 2001), transformaram a tecnologia no
“ar que respira[m]” (Moura, 2009, p. 60);
A Sociedade Atual e a Juventude

Em um mundo cada vez mais tecnológico, os jovens


têm de lidar constantemente com a novidade,
mudança, diversidade e ambiguidades que podem
provocar situações de perigo e perda de autoestima

Os dados atuais (HBSC/OMS, 2022) revelam que


ocorreu um decréscimo global da saúde mental e
física entre os jovens, em comparação com os anos
anteriores, apresentando um aumento do mal-estar
psicológico, tristeza, estresse e insatisfação. 1 em cada
4 adolescentes em idade escolar disseram sentir-se
infelizes.
A Sociedade Atual e a Juventude
Segundo Tânia Gaspar, coordenadora do estudo
Health Behaviour in School-aged Children
(HBSC/OMS), a dificuldade de contatos sociais
imposta pela pandemia também levou muitos jovens a
perderem capacidades socioemocionias.

Nesse contexto, o desenvolvimento da saúde mental e


física tornam-se fatores importantes para o bem-estar
das pessoas e das sociedades, constituindo “dois
elementos da vida estreitamente entrelaçados e
profundamente interdependentes” (Relatório Mundial
da Saúde, 2001, p. XX);
A Sociedade Atual e a Juventude

De acordo com Mangas (2021), “quando temos uma


boa saúde mental podemos fazer uso total das nossas
capacidades, lidar com o stress normal do dia-a-dia,
enfrentar desafios e contratempos, trabalhar de forma
produtiva e desempenhar um papel importante na
família e comunidade” (p. 26).
Ambiente Escolar e os danos à Saúde Mental

Potencialização

Redução
42,7%
Tenso na altura dos testes
8 mil estudantes
Observatório portugueses
Escolar: Saúde
Psicológica e 71,4%
Bem-Estar Calmos e tranquilos
Problemas disciplinares

Problemas
emocionais e de Absentismo
comportamento

Retenção Escolar
Fatores de Proteção no Ambiente Escolar

Promoção da Prevenção de Problemas


Intervenção Psicológica
Saúde Mental Mentais
Manual para a
Promoção de
Competências
Socioemocionais
em Meio Escolar
Ministério da Saúde - 2019

Assembleias de Turma
Guia de Orientações
para a Promoção da
Saúde Mental em
Sala de Aula
Unicef - Portugal

Oportunidade para que os


estudantes partilhem seus pontos
de vista
25 programas norte-americanos de desenvolvimento positivo

• Refoço de competências
sociais, emocionais, cognitivas

96%
Melhorias significativas em
e comportamentais

• Refoço da autoeficácia
problemas comportamentais

• Refoço dos padrões de


comportamentos saudáveis
Programas de
desenvolvimento
socio-emocional nas
escolas
• Friends For Life

• Laboratório de
Inteligência de Vida
(LIV)
Inteligência Emocional (IE)
A adolescência é considerada um período de diversas transformações a
vários níveis: físico, cognitivo, social e emocional;

Na adolescência podem surgir alguns problemas a nível mental e emocional:


• Depressão;
• Solidão;
• Stress;
• Ansiedade;
• Abuso de substâncias;
• Comportamento antissocial;
• Suicídio (ou tendências suicidas);
• Transtornos emocionais (e de desenvolvimento).
Inteligência Emocional (IE)

Como prevenir o surgimento destes problemas?

• Reequilíbrio entre a vida familiar, escolar e social;


• A Inteligência Emocional (IE) pode ser um fator
decisivo.
Inteligência Emocional (IE)
• Peter Salovey e John Mayer: 1990 e 1997.A
• Daniel Goleman: 1995.
Aprendizagem socioemocional (SEL)
• A construção de IE é um processo longo e complexo.

• A falta de um ambiente saudável e estimulante durante a infância


pode levar ao aparecimento de um conjunto de problemas na
adolescência: saúde mental, sociais e dificuldades acadêmicas.

• O programa SEL (Social and Emotional Learning) surge na década


de 60 do século XX.

• Objetivo: aprendizagem de competências sociais e emocionais.

• O sucesso de SEL inspirou o aparecimento de novas iniciativas.


Aprendizagem socioemocional (SEL)

• Vários estudos comprovam a eficácia desta aprendizagem:

• Durlak, Weissberg, Dymnicki, e Schellinger (2011): “The Impact of Enhancing


Student´s Social and Emotional Learning”: baseado nos dados de 270 mil
alunos.
• Denham (2006): “Social and emotional competence as support for school
readiness”.
• Moffitt (2011): “A Gradient of Childhood Self-Control Predicts Health, Wealth
and Public Safety”.
Aprendizagem socioemocional (SEL)

• Estes estudos revelam que jovens que participaram em iniciativas


SEL experienciaram melhores resultados académicos, como uma
melhoria geral a nível comportamental, social e emocional a longo
prazo.

• É indubitável que esta metodologia ganhará relevância nos próximos


anos, pois auxiliará jovens cujo desenvolvimento foi afetado pela
pandemia.
Entrevistas
Rosa, 21 anos, estudante universitária, Margarida, 16 anos,
reside no Distrito de Setúbal. residente no Distrito de Lisboa, estudante do
11º ano em Línguas e Humanidades.

Trajetória: desde 2016 faz parte de Trajetória: concorreu no 10º ano nas
uma associação juvenil, (inicialmente eleições para a Associação de
como voluntária, depois estagiária e Estudantes e participou de uma ação
agora contratada), atualmente está em junto com outros jovens pedindo mais
vias de implementar um projeto de psicólogos na sua escola.
promoção de saúde mental, através da
capacitação de jovens que atuariam
com os “primeiros socorros em saúde
mental”.
A importância das iniciativas
Como o projeto ajudou a desenvolver Por que pedir por mais psicólogos na
competências socioemocionais? escola?
Nesta organização onde trabalho, iniciei o meu Eu acredito que vai muito na parte do falar, não é?
voluntariado num projeto ligado a competências Porque os jovens sofrem imensos problemas,
socio-emocionais. Era um trabalho semanal, com ansiedade, depressão, um monte de coisas que não
cada turma que fazia parte do projeto, em que os são resolvidas e com a ajuda de um psicólogo, de
participantes (de pré-escolar, e primeiro ano) um profissional, porque um amigo meu pode estar
através de dinâmicas de grupo e jogos, refletiam com um ataque de ansiedade, e eu posso tentar
sobre as competências socioemocionais… fazer umas respirações com ele, tentar ouvi-lo,
conhecem as emoções, como estas se expressão e mas não tenho qualquer conhecimento técnico
o que fazer para lidar com elas. Por exemplo, para o poder ajudar. Portanto, com um psicólogo
uma das sessões é dedicada a aprender truques poderá resolver esse tipo de problema a longo
que nos ajudem a “controlar o zangado”. Este prazo e eu não conseguiria não é, portanto, vai
projeto foi aplicado em diversas escolas do nesse sentido de prevenir.
Monte da Caparica, e a pós-avaliação foi muito
positiva.
A pandemia e a necessidade de diálogo

De qualquer dos modos, é evidente que a pandemia teve impactos muito grandes na saúde mental de
todos, mas principalmente das crianças e jovens.
Os jovens, que, na maior parte dos casos, não se sentem confortáveis o suficiente para “desabafar”
com os familiares, tiveram durante a pandemia um condicionamento no tempo que passavam com os
amigos, e consequentemente na partilha das suas ideias e emoções.
Para além disso, notámos quando voltámos no pós-pandemia para os projetos, que as crianças que
antes já tinham dificuldades em identificar emoções, viam essas dificuldades aumentadas.
A pandemia e a necessidade de diálogo

Por acaso eu tenho muita sorte, principalmente com a minha mãe que me dá um ambiente muito
confortável pra falar, mas por acaso hoje na aula de História estavámos a falar sobre isso, a professora
perguntou “quem se sentia mesmo confortável a falar com os pais”… pouca gente se sente
confortável a falar com os pais, e eu sinto com os amigos… eu sou uma pessoa que socializo com
facilidade, mas fazer amigos.. não sei, sinto que, por exemplo, se tiver algum problema que vou estar a
chatear, ou não sei se posso confiar nele, pode contar a outra pessoa, esse tipo de situações… então lá
está, esse sigilo é uma qualidade do psicólogo e que nos acaba de transmitir mais confiança.
A escola como espaço privilegiado
Como é sua escola?
Bastante conversadora, mas o método de ensino é muito bom. Que funciona como uma espécie de
bolha … essa escola pública parece um colégio, porque não só em termos de logística, os professores
são muito mais distantes dos alunos, há muito mais formalidades do que havia [na escola anterior],
não há um contacto tão próximo e eu sinto que as pessoas nesta escola, se forem consideradas
“diferentes” [com aspas da entrevistada] são olhadas de lado, as pessoas não são tão receptivas, às
vezes há diferença.

Há alguma campanha preventiva?


Não... não... pensa-se sempre nas aulas e nas aulas, por exemplo, alguém quer ir lá fazer palestras... sei
lá... sobre o que for, “ah não mas os alunos vão estar a perder aulas”, eu sinto que isso acontece
principalmente na escola onde eu estou, mas eu sinto muito isso nas escolas, “as palestras são inúteis,
são só tempo que está a perder de aulas” e campanhas preventivas? Eu não vejo nada, pelo menos.
A sociedade e a saúde mental dos jovens
De acordo com vários estudos, atualmente, os jovens portugueses são infelizes. O perfil de saúde de
Portugal de 2021, mostra que os jovens entre os 18 e os 29 anos apresentam taxas de “sofrimento
psicológico”. Na sua opinião, quais são as razões para isto? Considera que a sociedade portuguesa
atual falhou aos jovens?

O estigma que persiste em relação à saúde mental é um facto. A realidade é que os jovens têm
dificuldade em pedir ajuda porque acham que é mau se o fizerem, ou porque acham que não
precisam, ou porque a ajuda que existe (na saúde pública) é muito reduzida. As filas de espera para ter
uma consulta com um psicólogo são enormes, e os jovens não têm como pagar em média 30€ por
consulta numa maneira regular. A saúde mental dos jovens é realmente um problema que necessita de
atenção, e sim acredito que a sociedade portuguesa falhou aos jovens.
Considerações Finais

• As emoções negativas têm aumentado em jovens em


idade escolar, afetando o seu desempenho académico, a sua
relação com familiares e amigos e a sua saúde mental e, por
vezes, física.
Considerações Finais
• A prevenção de transtornos mentais é essencial e pode
ser conseguida através do desenvolvimento da
inteligência emocional (IE) e da aprendizagem sócio
emocional (SEL).

•Familiares, amigos, professores e restante comunidade


educativa devem estar disponíveis para ajudar os jovens.
Considerações Finais
• Os jovens podem ser agentes de mudança, contribuindo
positivamente para a melhoria da sua própria saúde mental
e da dos seus pares.

• Eles são o futuro! Os seus projetos são


válidos e fundamentais.
Como Promover a
Saúde Mental na
Escola?

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