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Psicologia Jurídica

27/03/2019---01/04/2019
Família/ Guarda/Alienação Parental
A separação conjugal no CÓDIGO DE 1916
• O Código prevê apenas a separação de corpos “desquite” por justa causa (falta
conjugal), permanecendo indissolúvel o matrimônio.

• A falta conjugal será utilizada como critério para a decisão sobre a guarda.

1) Quem cometeu a falta conjugal tem direito a visitas e o ‘cônjuge inocente’


fica com a guarda

2) Se ambos os cônjuges forem culpados ficarão em poder da mãe os filhos


menores, salvo se o juiz verificar que de tal solução possa advir prejuízo de
ordem moral para eles.
A LEI DO DIVÓRCIO
• A Lei do Divórcio ( Lei 6515/77) sancionada em 1977, estabelece a
possibilidade de um divórcio por cidadão, o que antes era proibido
pelo código 1916.

• Observou-se inúmeras críticas por parte da igreja católica que temia a


destruição da família.

• A lei apontava a necessidade de separação judicial, e uma espera de 3


anos até que fosse permitido o divórcio.
O divórcio após a Constituição de 1988

• Com a Constituição de 1988 tivemos dois momentos:

- Até o ano de 2010- com possibilidade do divórcio direto, apenas após


comprovar estar separado por, no mínimo, 2 anos.

-De 2010 em diante- sendo possível entrar direto com o divórcio, sem
o cumprimento de qualquer requisito.
Divórcio consensual x litigioso

Quarenta anos após a instituição da Lei do Divórcio, dados apontam que no Brasil, um a cada três

casamentos termina em separação. A duração média dos mesmos é de 14 anos.

DIVÓRCIO CONSENSUAL- acontece quando o casal que está se separando concorda em tudo

(divisão dos bens, guarda dos filhos, pensão alimentícia, etc). Pode ser judicial ou extrajudicial.

DIVORCIO LITIGIOSO- acontece quando não há acordo sobre algum ponto à ser discutido no

divórcio ou quando uma das partes não pretende se separar. É sempre judicial.
Do divórcio à guarda compartilhada
Conjugalidade

Parentalidade
• A disputa pela guarda em um divórcio litigioso esta baseada numa lógica
adversarial, em que um tenta expor as falhas do outro para se mostrar mais
apto.

• A definição de um guardião único tem como efeito a demissão simbólica do


outro, por isso é comum que o pai ou mãe ‘visitantes’ se sintam ultrajados.

• Muitas vezes o litígio persevera porque é uma forma de manter o vínculo


com o ex- cônjuge, até que se consiga elaborar o luto pleo término da
relação.
Do divórcio à guarda compartilhada
• Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho,
encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a
guarda compartilhada.

• A Lei da Guarda Compartilhada(13.058/14) estabelece que o tempo de convívio com


os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai.

• As responsabilidades no que tange à educação e o acompanhamento da rotinas dos


filhos também devem ser iguais.

• No entanto, não significa que a criança ou adolescente deverá alternar sua residência.
Alienação Parental

• Caracteriza-se pela manipulação e pelo abuso de poder por parte do


genitor guardião, que dificulta ou mesmo impede a convivência da
criança com o não guardião e seus familiares.
Alienação Parental

• Art 2º - Considera-se ato de alienação parental a interferência na


formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento
ou à manutenção de vínculos com este.
( Lei 12.318/ 10 - Lei da Alienação Parental)
Alienação Parental
• Costuma se praticada pelo alienador por meio de atos expressões
verbais marcados pela desqualificação do outro, com o objetivo de
enfraquecer ou mesmo destruir os laços afetivos parentais e familiares.

- Mentiras

- Comentários depreciativos , às vezes sutis

- Ameaças
Alienação Parental
• Realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no
exercício da paternidade ou maternidade;
• Dificultar o exercício da autoridade parental;

• Dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

• Dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência


familiar;
Alienação Parental
• Omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a
criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de
endereço;

• Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra


avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou
adolescente;

• Mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar


a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com
familiares deste ou com avó
Alienação Parental
Pode gerar efeitos danosos ao psiquismo infantil

• Agressividade
• Hostilidade em relação ao genitor alienado
• Tristeza
• Isolamento social
• Somatização
• Atos obsessivos
• Falsas memórias
Alienação Parental
• Fobias
• Pesadelos
• Dificuldades na aprendizagem.
• Ansiedade
• Depressão
• Automutilação
• Ideação suicida
• Baixa autoestima
Síndrome da Alienação Parental
* Falsas memórias- são definidas como o fato de nos lembrarmos de
eventos e situações que não aconteceram, que nunca presenciamos, de
lugares onde jamais estivemos, ou então, de nos lembrarmos de algum
evento de maneira um pouco distorcida do que realmente aconteceu .
Podem ser elaboradas pela junção de lembranças verdadeiras e de
sugestões avindas de outras pessoas
Lei da alienação parental 12.318
Segundo a gravidade do caso, poderão ser aplicadas as seguintes
medidas (Medidas não mutuamente excludentes)

• Advertência
• Multa
• Ampliação do tempo da convivência do filho com o genitor alienado;
• Encaminhamento para psicológico e/ou biopsicossocial;
• Alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
• Suspensão da autoridade parental.
Lei da alienação parental 12.318
O papel do psicólogo que atua na Vara de Família:

• Havendo indício da prática de ato de alienação parental determinará perícia


psicológica ou biopsicossocial.
• O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial,
compreendendo: entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos
autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de
incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a
criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor.
• A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados,
exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou
acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.
Referências Bibliográficas
• Duarte, L P L. A dimensão trágica da alienação Parental nos conflitos
familiares: Fragmentos da Clínica. In: Atualidades em Psicologia
Jurídica. Brandão, EP (org.). Rio de Janeiro: Nau, 2016.

• Brandão, E P. A interlocução com o Direito à luz das práticas


psicológica em Varas de Família. In: Psicologia Jurídica no Brasil. Rio
de Janeiro: Ed. Nau, 2014.

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