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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

MATÉRIA: DIREITO CIVIL VI - FAMÍLIA


DATA: 20/09/23
DOCENTE: XXXXXXXXXXXXX
DISCENTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

ATIVIDADE AVALIATIVA

1) A alienação parental caracteriza-se como sendo toda interferência na formação


psicológica da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos pais, pelos avós
ou por qualquer adulto que tenha a criança/adolescente sob a sua autoridade, guarda ou
vigilância.

Na maioria dos casos, o objetivo da conduta é prejudicar o vínculo da criança ou


adolescente com o genitor. Posto isto, a alienação parental fere o direito fundamental da
criança à convivência familiar saudável, sendo ainda, um descumprimento dos deveres
relacionados à autoridade dos pais ou decorrentes de tutela ou guarda.

2) A situação de alienação parental pode ser identificada a partir da observação dos


comportamentos, tanto dos pais, avós ou outros responsáveis, por sua vez, quanto dos
filhos, pode indicar a ocorrência da prática.

No caso das crianças e dos adolescentes submetidos à alienação parental, sinais de


ansiedade, nervosismo, agressividade, depressão e entre outros, podem ser indicativos de
que a situação está ocorrendo. No caso dos pais, avós ou outros responsáveis, a legislação
aponta algumas condutas que caracterizam a alienação parental.

3) Dentre as práticas capazes de configurar a alienação parental, a legislação prevê


as seguintes:

Realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da


paternidade ou maternidade; Dificultar o exercício da autoridade parental; Dificultar o
contato da criança ou do adolescente com o genitor; Dificultar o exercício do direito
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regulamentado à convivência familiar; Omitir deliberadamente ao genitor informações
pessoais relevantes sobre a criança ou o adolescente, inclusive escolares, médicas e
alterações de endereço; Apresentar falsa denúncia contra o genitor, contra familiares deste
ou contra os avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou o
adolescente; E mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando dificultar
a convivência da criança ou do adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou
com os avós.

Os casos de alienação parental são frequentes nas Varas de Família, principalmente


em processos litigiosos de dissolução matrimonial, onde se discute a guarda dos filhos, o
que ocasiona consequências emocionais, psicológicas e comportamentais negativas a
todos os envolvidos.

4) Independentemente da relação que o casal estabeleça entre si após a dissolução


do casamento ou da união estável, a criança tem o direito de manter preservado seu
relacionamento com os pais. É importante, portanto, proteger a criança dos conflitos e
desavenças do casal, impedindo que eventuais disputas afetem o vínculo entre pais e
filhos.

Dessa maneira, a figura dos pais geralmente é a principal referência de mundo e de


sociedade para os filhos e, em muitas situações de alienação parental, provoca-se a
deterioração dessa imagem, o que causa impactos não apenas na relação filial, mas
também na formação da criança em seus aspectos intelectual, cognitivo, social e
emocional.

5) Após a identificação, a prática deve ser coibida e devem ser adotadas as medidas
para a preservação da integridade psicológica da criança, sendo importante o
acompanhamento psicológico de todos os envolvidos, podendo a questão ser tratada no
âmbito judicial.

6) Na ocorrência de indícios de ato de alienação parental em ações conduzidas pelas


Varas de Família, é conferida prioridade na tramitação do processo, com a participação
obrigatória do Ministério Público, sendo adotadas pelo juiz as medidas necessárias à
preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente.

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Neste sentido, o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as
medidas provisórias necessárias para a preservação da integridade psicológica da criança
ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com o genitor prejudicado ou
viabilizar a efetiva aproximação entre ambos, se for o caso. Se for verificado indício de
ocorrência da prática, o juiz poderá determinar a elaboração de laudo da situação, feito a
partir de perícia psicológica ou biopsicossocial.

Para a formulação do laudo de identificação de alienação parental, podem ser


realizadas avaliação psicológica, entrevista pessoal com as partes, análise documental,
histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação
da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou o adolescente se
manifesta sobre eventual acusação contra o genitor.

A legislação prevê que seja assegurada aos filhos a garantia mínima de visitação
assistida, exceto nos casos em que sejam identificados possíveis riscos à integridade física
ou psicológica da criança ou do adolescente. Tanto os pais quanto os filhos são, ainda,
encaminhados para acompanhamento psicológico realizado por profissionais
especializados.

7) Conforme prevê o art. 6º da Lei 12.318/10, que trata do tema, uma vez
caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a
convivência da criança ou do adolescente com o genitor, o juiz poderá, cumulativamente
ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e segundo a
gravidade do caso, adotar as seguintes medidas:

Advertir o alienador; Ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor


alienado; Estipular multa ao alienador; Determinar acompanhamento psicológico e/ou
biopsicossocial; Determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua
inversão; Determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; E declarar
a suspensão da autoridade parental.

Por outro lado, se for caracterizada a mudança abusiva de endereço, inviabilização


ou obstrução à convivência familiar (visitas), o juiz também poderá inverter a obrigação de
levar para ou retirar a criança ou o adolescente da residência do genitor, por ocasião das
alternâncias dos períodos de convivência familiar.
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O objetivo consiste em preservar o direito fundamental da convivência familiar
saudável, preservando-se o afeto devido nas relações entre filhos e genitores no seio do
grupo familiar.

8) O projeto de lei nº 1.372/2023 revoga integralmente a Lei da Alienação Parental


(Lei 12.318, de 2010), apresentado pelo Senador Magno Malta (PL-ES). Como é cediço, A
Lei da Alienação Parental tem o objetivo de coibir as situações em que um dos genitores
procura afastar o outro da convivência com os filhos, seja por meio de campanha de
desqualificação, seja dificultando o convívio ou utilizando outros meios.

Contudo, na atualidade, tal legislação é alvo de críticas de instituições de defesa dos


direitos de crianças e adolescentes, considerando o uso deturpado por genitores acusados
de abusos para assegurar a convivência com a criança e o convívio familiar apesar do
processo de violência.

De um lado, um grupo quer o fim da Lei da Alienação Parental por considerar que
ela dá voz e poder aos pais abusadores, permitindo que rotulem mães como alienadoras.
Do outro lado, estão aqueles que afirmam que, na maioria das vezes, essas acusações de
abusos são falsas e que a lei é importante para garantir às crianças a convivência com os
dois.

Em minha humilde opinião, a lei merece e deve ser reformada, para que se amolde
as necessidades da sociedade nos dias atuais, para que condutas como as expostas acima,
sejam severamente rechaçadas e abolidas do cotidiano das famílias brasileiras.

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