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ALIENAÇÃO PARENTAL E GUARDA COMPARTILHADA

Laysa Gabriel Paiva


Jhon Kenned Reis Romão
Jeferson Nascimento Cursi
Eduardo Machado Moreira
Isabele
Lazaro
Atualmente, várias famílias sofrem com a Síndrome da Alienação Parental, um
mal causado a crianças mediante atitudes alienantes praticadas por um dos genitores,
que causa prejuízo à imagem do outro genitor, visando, ainda que inconscientemente,
afastar o filho da companhia daquele. No Brasil (dado estatístico)

A alienação parental, é quando um parente ou adulto, que tenha autoridade sobre


a criança, muita das vezes praticada pelos pais, tenta interromper o relacionamento da
criança com o outro cuidador, geralmente ocorre após uma separação ou divórcio.
Esse fato pode acontecer de várias maneiras, incluindo difamação, denegrir a imagem
do outro, bloquear visitas ou contato, manipulação emocional ou interferir na
comunicação entre a criança e o genitor afastado.

Seu principal objetivo é afetar negativamente a percepção da criança com o outro


genitor, fazendo com que a criança comece a rejeitá-lo ou a tornar-se hostil a ele, sem
motivo legítimo. Tal comportamento pode causar sérios danos emocionais à criança,
afetando seu bem-estar e seu relacionamento com ambos os pais. Ex. (VIEGAS e
RABELO. 2023).

A alienação parental é reconhecida como um problema extremamente sério e


prejudicial para o desenvolvimento saudável das crianças, afetando exclusivamente
sua saúde mental. Para isso, é adotada a Lei 12.318/2010, como sistema legal que
visa proteger os interesses das crianças. Vigente desde agosto de 2010, essa lei
“dispõe sobre a alienação parental e altera o artigo 236 da Lei nº 8.069 de 13 de julho
de 1990”. A atual lei, foi promulgada no Brasil em 26 de agosto de 2010, com o
objetivo de coibir e combater situações em que um dos genitores ou responsáveis
manipulam uma criança ou adolescente para afastá-lo do outro genitor.

A jurisprudência do TJMG possui o seguinte entendimento: “EMENTA: APELAÇÕES.


PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. PRODUÇÃO DE PROVAS. INDEFERIMENTO
ANTE SUA DESNECESSIDADE. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR. ALEGAÇÃO DE ALIENAÇÃO
PARENTAL. INOCORRÊNCIA DOS ATOS PREVISTOS NO ART. 2º DA LEI Nº 12.318/2010.
DESPROVIMENTO DO RECURSO. - Nos termos do art. 370 do Código de Processo Civil,
caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao
julgamento do mérito, indeferindo, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou
meramente protelatórias. A alienação parental, disciplinada pela Lei nº 12.318/2010, constitui
exercício abusivo do poder familiar pelo genitor/genitores ou por aquele que esteja incumbido
dos cuidados da criança e/ou do adolescente, segundo esta legislação especial os atos de
alienação parental violam direitos fundamentais do menor e se afiguram tão graves, que
acarretam interferência indevida em seu desenvolvimento psicoemocional. Inexistentes fatos ou
atos que se enquadrem nas hipóteses do art. 2º da Lei nº 12.318/2010, não resta caracterizada a
prática de alienação parental.” (TJMG, 2023).

Devido às circunstâncias da alienação, são necessários medidas para prevenir e


combater essa ações dos genitores, pois o mais prejudicado são as crianças. Dentre
as principais provisões, destacam-se a orientação, acompanhamento psicológico e/ou
social das partes envolvidas, bem como da criança ou adolescente, para preservar os
vínculos afetivos; determinação de perícia psicológica ou biopsicossocial; aplicação de
multas, exigentes, modificadas da guarda e mesmo suspensas da autoridade parental
do genitor alienador; da inversão da guarda, ou seja, transferência da guarda do filho
para o genitor alienado e o encaminhamento dos autos ao Ministério Público para
apuração de eventual crime de alienação parental. Além do que, caso vier a ocorrer no
âmbito da criação dos filhos, aqueles genitores poderão incorrer em outros crimes,
como injúria, difamação, cárcere privado, tortura, calúnia, ameaça, constrangimento de
menor e dentre outros, pois somente a referida lei não criminaliza o tema.

É importante destacar que a conduta de alienação parental é considerada um


comportamento prejudicial à criança ou adolescente, que a respectiva lei visa proteger
o melhor interesse da criança, garantindo o convívio saudável com ambos os
genitores, desde que isso não represente risco à integridade física e emocional do
menor. Sendo assim, vale ressaltar que a aplicação dessa lei pode variar em cada
caso, pois é necessário analisar as circunstâncias específicas e as provas adquiridas.
É fundamental contar com o auxílio de profissionais entendidos, como advogados e
psicólogos, para lidar com situações de alienação parental e buscar a melhor solução
para o bem-estar da criança.

Essa modalidade, começa no divórcio e na dissolução da família e


consequentemente na disputa do poder dos filhos, o qual o alienador começa a falar
mentiras, discriminar o outro responsável pelo filho e dependendo a criança é levada a
outro endereço a fim de afastá-la do convívio do outro genitor. No entanto, a ambos os
genitores cabem a fiscalização da criação do menor, e em caso de alguma
anormalidade, devem levar ao conhecimento do conselho do tutelar e ao Ministério
Público e ao juízo competente a fim de tomar as medidas jurídicas cabíveis. Devido a
estas circunstâncias, se estabelece algumas medidas para prevenir e combater tal
ação.

Nesse mesmo giro, caso identifica condutas descritas na lei 12.318/2010, através
de comportamentos de rejeição por parte da criança contra uns dos genitores, como
mudança de endereço a fim de dificultar o convívio, ou alguma conduta que dificulta a
convivência compartilhada dos genitores ou até alterações psicológicas dos menores
devem ser levadas ao conhecimento do juízo que inclusive ouvido o Ministério Público,
solicitará que seja realizado acompanhamento psicológicos no âmbito familiar e
adotará alguma medidas administrativas, caso ocorra crime nessas condutas poderá
ocorrer até a suspensão do poder familiar do genitor conflitante.

É correto dizer que para toda ação há uma reação, ou seja, para toda alienação
parental proferida, haverá consequências. No que se diz respeito a suas
consequências, podem as mesmas serem compreendidas também como um dos
critérios, as repercussões emocionais, sendo para os pais e os demais familiares,
além de sofrerem com o afastamento da convivência e rejeição, podem se tornar pais
permissivos com receio de desagradar os filhos, além de estarem suscetíveis a
apresentarem transtorno de ansiedade, sentimento de culpa, baixa autoestima e
impotência diante dos conflitos gerados. Já para as crianças e/ou adolescentes, pode
acarretar sentimentos semelhantes às de uma separação conjugal conflituosa, como
alterações no sono e/ou alimentação; baixo rendimento escolar; baixa autoestima;
transtorno de ansiedade e depressão; revolta e agressividade contra si e/ou contra o
outro; apatia; dificuldades de relacionamento, dentre outros

A gravidade do impacto gerado pela alienação parental, para as crianças, pais


ou familiares será proporcional à intensidade da alienação, ou seja, quanto mais a
alienação é introduzida mais reflexos ela causará.

A guarda compartilhada é um modelo de responsabilidade parental que busca


assegurar a participação equilibrada de ambos os genitores na criação e educação
dos filhos, promovendo o bem-estar das crianças e fortalecendo os vínculos familiares.
A mesma, tem se consolidado como um importante instituto jurídico no âmbito das
relações familiares no Brasil. Com o reconhecimento de que a participação igualitária
dos pais na criação e educação dos filhos é fundamental para o desenvolvimento
saudável das crianças, a legislação brasileira tem evoluído para garantir esse modelo
de guarda como uma opção viável e benéfica para as famílias em casos de separação
ou divórcio.

A prevenção à alienação parental encontra respaldo legal no Estatuto da Criança


e do Adolescente (ECA) e no Código Civil. O artigo 1.583 do Código Civil dispõe que "
na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma
equilibrada entre a mãe e o pai". Além disso, o artigo 1583-A, também do Código Civil,
estabelece que a guarda compartilhada é a regra a ser adotada, salvo nos casos em
que há comprovado risco para o bem-estar da criança. “A guarda do menor, diante da
dissolução da relação conjugal, como visto deverá atender o melhor interesse da criança,
podendo ser buscada a fixação da guarda compartilhada”. (FIGUEIREDO e
ALEXANDRIDIS. 2017 p.36).

Nesse sentido, o direito de família busca prioritariamente proteger o bem-estar


das crianças. No caso da guarda compartilhada, a regra é que ambos os pais tenham
igual responsabilidade na criação dos filhos após a separação ou divórcio. No entanto,
há exceções em que o juiz deve analisar se a guarda compartilhada seria prejudicial
para a criança ou adolescente. Isso está previsto no artigo 1.584, parágrafo 2 do
Código Civil de 2002. A Lei nº 11.698/2008 e a Lei nº 13.058/2014 são duas leis
brasileiras que tratam especificamente sobre a guarda compartilhada e possuem
grande relevância no âmbito do direito de família. Abordando cada uma delas
separadamente: Lei nº 11.698/2008: Essa lei introduziu alterações no Código Civil
brasileiro e teve como principal objetivo incentivar a adoção da guarda compartilhada
como forma de proteger o melhor interesse da criança. Ela estabelece que, mesmo na
ausência de acordo entre os pais, a guarda compartilhada deve ser considerada como
a forma prioritária de guarda dos filhos. Lei nº 13.058/2014: Essa lei promoveu
alterações no Código Civil brasileiro, reforçando o caráter prioritário da guarda
compartilhada e estabelecendo diretrizes mais claras para a sua aplicação. A principal
mudança introduzida foi a inversão do ônus da prova, ou seja, a presunção legal de
que a guarda compartilhada é a forma mais adequada de cuidado e educação dos
filhos, salvo em casos excepcionais.

Quando se consideram esses dois conceitos em conjunto, torna-se evidente a


importância de abordar adequadamente a alienação parental ao implementar a guarda
compartilhada. A guarda compartilhada é geralmente vista como um arranjo benéfico
para a criança, pois permite que ela mantenha uma relação significativa com ambos os
pais, o que é crucial para o seu desenvolvimento emocional e psicológico saudável.
No entanto, a alienação parental pode minar esses benefícios, prejudicando o vínculo
entre a criança e o pai ou mãe alienado.
Para combater a alienação parental, é fundamental promover a comunicação
saudável e a cooperação entre os pais, bem como criar um ambiente no qual a criança
possa se sentir segura para expressar seus sentimentos e ter um relacionamento
positivo com ambos os pais. Além disso, é essencial que os profissionais envolvidos,
como advogados, mediadores e psicólogos, estejam bem informados sobre a
alienação parental e tenham recursos adequados para identificar e intervir em casos
de alienação.

A guarda compartilhada, quando implementada corretamente e combinada com


medidas para prevenir e combater a alienação parental, pode ser uma solução que
promove o bem-estar da criança, permitindo que ela se beneficie da presença e do
apoio de ambos os pais. No entanto, é necessário lembrar que cada caso é único e
requer uma abordagem individualizada, levando em consideração o melhor interesse
da criança e a dinâmica específica da família envolvida.

Em última análise, a alienação parental é um fenômeno preocupante que pode ter


consequências duradouras para o desenvolvimento da criança, e a guarda
compartilhada pode ser uma abordagem positiva para preservar a relação com ambos
os pais. No entanto, é fundamental abordar e combater a alienação parental de forma
adequada para garantir que a guarda compartilhada seja efetiva e benéfica para o
bem-estar da criança envolvida.

Embora não exista uma solução única para esse problema, existem algumas
medidas e abordagens que podem ajudar a lidar com a alienação parental. Como por
exemplo, terapia familiar, intervenção precoce, cooperação entre os pais, programas
de apoio à parentalidade e intervenção jurídica.

Destarte, a proposta desta pesquisa monográfica foi mostrar o que é a alienação


parental e, principalmente, interpretar a Lei 12,318/2010, buscando formas de tentar
coibir esta violência moral que atinge o elevado número de filhos resultantes da
separação, os cuidados com os afetados e as formas de punição do genitor afastado.
Mas é importante lembrar que cada situação de alienação parental é única, e as
soluções podem variar de acordo com as circunstâncias específicas. É sempre
recomendável buscar orientação profissional e apoio adequado para lidar com esse
problema.

REFERÊNCIAS
VIEGAS, C. M. de A. R.; RABELO, C. L. de A.. A Alienação Parental. Conteúdo
Jurídico. Disponível em http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.31843.
(ANO DE PUBLICAÇÃO – xxxx). Acessado em 05 de junho de 2023.

CONTEÚDO JURÍDICO. Alienação Parental <https://conteudojuridico.com.br/open-


pdf/cj031843.pdf/consult/cj031843.pdf>. Acesso em 28/05/2023.

IMACULADO. Cartilha da Assembleia Legislativa do Estado do Pernambuco


<http://www.imaculado.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Cartilha.pdf>. Acesso em
30/05/2023.

BRASIL. Lei 12.318 de 26 de agosto de 2010. Disponível em


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm>. 2010.
Acessado em 01/06/2023.

TJMG. Apelação Cível Nº 1.0000.20.487652-8/003 - Comarca de Belo Horizonte. 2023.


Disponível em
<https://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaPalavrasEspelhoAcordao>. Acesso em
02.06/2023

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