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UniRV – UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

FACULDADE DE DIREITO

LORRAYNE LIMA

LEI 12398/2011 VERSA ALIENAÇÃO PARENTAL DE AVÓS

RIO VERDE – GO
2020
2

LORRAYNE LIMA

LEI 12398/2011 VERSA ALIENAÇÃO PARENTAL DE AVÓS

Artigo apresentada à Faculdade de Direito da


UniRV – Universidade de Rio Verde, como
parte das exigências para obtenção do título de
Bacharel em Direito.

Orientador: Profª:

RIO VERDE - GO
2020
3

LEI 12398/2011 VERSA ALIENAÇÃO PARENTAL DE AVÓS

LAW 12398/2011 VERSE PARENTAL ALIENATION OF GRANDMA

LORRAYNE LIMA1
Orientador: Dr. James2

RESUMO: O presente trabalho analisa a Lei 12.398/2011 frente a Alienação Parental


Praticada pelos avós. Após uma breve abordagem quanto a sua tipificação, autores ativos e
passivos do ato, referencias quanto a Síndrome da Alienação Parental (SAP), trará um estudo
pertinente a proteção do melhor interesse do menor verificando alguns dos seus princípios e
garantias fundamentais por fim abordara a pratica da alienação parental na qual tem como
protagonistas os avós.
Palavra Chave: Alienação Parental, Criança e Adolescente, Avós.

ABSTRACT: The present work analyzes Law 12.398 / 2011 against Parental Alienation
Practiced by grandparents. After a brief approach as to its typification, active and passive
authors of the act, references regarding the Parental Alienation Syndrome (SAP), it will bring a
pertinent study to protect the best interest of the child, verifying some of its fundamental
principles and guarantees. practices parental alienation in which grandparents are the
protagonists.

Keyword: Parental Alienation, Children and Adolescents, Grandparents.

1 INTRODUÇÃO
Devido a inobservância daqueles que detém guarda e ou vigilância, assim como
dos genitores, a Alienação Parental tem se tornado cada vez mais frequente, uma vez
que devido a desconstrução da imagem de um dos seus genitores, a busca do judiciário
com a finalidade de coibir tem se tornado constantes.
A pratica da alienação parental ocorre as vezes mais sútil, às vezes mais
explícito, aos poucos vão, mesmo sem ver, implantando nos filhos uma imagem
negativa daquele que é um dos responsáveis pela formação e estruturação psíquica do
1
É acadêmica do curso de Direito na Universidade de Rio Verde – Go UniRV
2
É Doutor.
4

filho. Quando se reporta as consequências causadas aos menores compreende-se que são
tão violentos que dificilmente serão reparados.

Por tanto o objetivo do presenta é analisar a tipificação da alienação parental,


conceito, assim como identificar que é o alienador, a forma que age, quando e porque,
quem é o alienado, as consequências em sua formação enquanto formação e
desenvolvimento. Quanto a síndrome da alienação parental (SAP) essa identifica os
muitos os meios que o alienador utiliza para a pratica da síndrome, mas tendo em seu
contexto o denominador comum como a organização em torno de avaliações
prejudiciais, negativas que desqualifique e injurie o outro genitor. Com tudo a Lei
12.318/2011, torna os direitos fundamentais e seus princípios a base da garantia do
bem-estar da criança e adolescente.

Frente a alienação Parental na qual tem como protagonista os avós, essa pratica
sempre existiu, mas atualmente vem se tornando frequente devido ao novo cenário de
família moderna e das relações que não tem a solidez adequada.

2.0 ALIENAÇÃO PARENTAL (LEI 12398/2011)


2.1 Tipificação
A Lei 12. 318/2011 qualifica e pune quem pratica a alienação contra crianças, a
fim de diminuir ou dificultar o seu laço afetivo com um dos genitores. Assim,
também, não exonera a situação quando terceiros praticam tal ato, destacando que
pratica realizadas pelos avós uma vez que a proximidade da conduta gera um rancor
maior de indignação. Isso pelo fato de que, um ente que se quer detém o poder de
família sobre a criança, se vê na oportunidade fática e aproveitadora de tentar e/ou
conseguir afastar um filho de um pai (ou mãe).
Ao reportarmos quanto ao tema alienação parental nos deparamos com um tema
delicado, pois esse traz danos graves de cunho psicológicos e emocionais ao alienado.
Essa pratica é vivenciada por meio da interferência na formação psicológica da criança
ou do adolescente promovida por um dos pais, avós ou qualquer um que detenha
autoridade, guarda ou vigilância do menor. Tal conduta tem por objetivo causar danos
ao vinculo do alienado com um dos seus genitores, ferindo um direito fundamental da
criança e ou adolescente que é uma convivência familiar saudável.

2.2 Autores da Alienação Parental.


5

A ocorrência da alienação parental se dá geralmente quando há disputa pela


guarda do menor, onde esse em meio aos conflitos de quem deveria prezar e assegurar
conforto emocional e psicológico diante dos fatos ocorrentes, simplesmente se
esquivam prejudicando a parte mais frágil, vez que para ele administrar/compreender a
situação é impossível principalmente por não saber expressar o que estão sentindo e não
conseguirem criar uma barreira contra o alienador.

A alienação parental em seu contexto geral é praticada por parte de um ou dos


dois genitores/tutores é o que ressalta Pernambuco, (2017, p.13)

A alienação parental pode ser realizada pelo pai, pela mãe, ou até
mesmo pelos dois. Ou seja, o alienador é quem impede ou dificulta o
contato do filho com outro genitor com o intuito de destruir ou de
prejudicar o vínculo. Principalmente, o genitor/genitora que assumiu a
guarda da criança ou adolescente após a separação. No entanto, a
alienação também pode ser praticada por avós, tios ou outras pessoas
que convivem com a criança ou adolescente.
Constantemente é reproduzido um cenário deprimente, onde a criança que não
possui capacidade de compreensão dos acontecimentos é induzida ao erro levada a
acreditar em fatos carregados de mentiras e omissões com a finalidade denegrir e
dificultar o convívio familiar da parte oposta.
Quando tratamos da definição de alienação parental Maria Berenice Dias (2010,
p. 455) define como “nada mais do que uma ‘lavagem cerebral’ feita pelo guardião, de
modo a comprometer a imagem do outro genitor, narrando maliciosamente fatos que
não ocorreram ou que não aconteceram conforme a descrição dada pelo alienador”.
Neto; Queiroz ... (2019, p7) acentua que:

Quando os pais não conseguem separar os conflitos conjugais das


relações parentais podem acabar inserindo os filhos no litígio que não
lhes pertence. Assim, acabam programando o filho para odiar, sem
motivos, o outro genitor.

Para assegurar o bem-estar da criança e adolescente diante da barbárie da


alienação parental em 27 de agosto de 2010, fora publicada a Lei de Alienação Parental,
com o objetivo principal de conferir maiores poderes aos juízes, a fim de proteger os
direitos individuais da criança e do adolescente, vítimas de abuso exercido pelos seus
genitores e outros.
Destarte que questões mal resolvidas entre o ex casal, e o
envolvimento/participação dos filhos nos desentendimentos familiares, com o intuito de
6

amenizar a situação de conflito acabam-se em uma excessiva dependência mutua, o que


por sua vez limitação de autonomia dos pais aos filhos. Por tanto, as ausências de
comunicação em conjunto com dificuldade para dirimir os problemas em conjuntos
relativos aos assuntos familiares tornam-se negativos para criação dos filhos, vez que a
relação entre pais e filhos estão prejudicados, onde a parte mais fraca é a mais
prejudicada, ou seja, os filhos por detrimento da toca de força e a manipulação aos
filhos.
Segundo a Autora Maria Berenice Dias (2016, p. 1/4) em uma de suas
referências ao conteúdo pertinente de Alienação Parental afirma que:
No entanto, muitas vezes a ruptura da vida conjugal gera na mãe
sentimento de abandono, de rejeição, de traição, surgindo uma
tendência vingativa muito grande. Quando não consegue elaborar
adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de
destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-cônjuge. Ao ver o
interesse do pai em preservar a convivência com o filho, quer vingar-
se, afastando este do genitor
Ao reportar ao tema em comento deve ser observado que a alienação Parental
não é somente praticada pela genitora, mas por pessoas que detém a convivência com o
menor, onde após dissolução do relacionamento conjugal a finalização não é por uma
das partes inaceitáveis ficando o (s) filho (s) sujeito (s) a convívios diferenciados de sua
rotina passando a ser vítima das barbáries.

Nesse contexto continua Maria Berenice Dias (2016, p. 1/4)

Para isso cria uma série de situações visando a dificultar ao máximo


ou a impedir a visitação. Leva o filho a rejeitar o pai, a odiá-lo. A este
processo o psiquiatra americano Richard Gardner nominou de
“síndrome de alienação parental”: programar uma criança para que
odeie o genitor sem qualquer justificativa. Trata-se de verdadeira
campanha para desmoralizar o genitor. O filho é utilizado como
instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. A mãe monitora
o tempo do filho com o outro genitor e também os seus sentimentos
para com ele

Desta feita, VIEIRA (2014, p. 43) elucida que não somente os genitores, mas
outros também podem praticar a alienação parental.

Também se mostra possível a alienação promovida pelo tutor do


menor ou mesmo pelo curador do incapaz, quanto a outros parentes do
menor. Desta forma, é importante mensurar que não fica restrita a
figura do alienador à pessoa de um dos genitores, podendo recair o
7

repúdio contra qualquer parente próximo desse menor (irmãos, avós,


tios etc.).

Como já mencionado acima qualquer um que detém o convívio familiar com a


criança pode praticar a barbárie da Alienação Parental, para tanto quem aliena faz com
que o alienado rejeite a outra parte, impedindo a visita e denegrindo a imagem do outro
genitor. Perceptível é que de um modo geral o filho é o instrumento utilizado para afeta
a outra parte, onde novamente deve ser generalizado ou direcionado aos genitores o
monitoramento do tempo de convívio da outra parte assim como os sentimentos a ele
dispensados. Tal fato pode ser identificado atualmente como “Síndrome de Alienação
Parental” (SAP), a qual será reportada a seguir.

2.3 Síndrome da Alienação Parental (SAP)

A síndrome da alienação parental como mencionada acima traz grandes


malefícios a parte que deveria ser assegurada e protegida, ou seja, o “menor”.
Segundo Viegas (2008, p. 5) apud Richard Gardner (1985) a alienação parental
pode ser definida como Síndrome conhecida por SAP:
A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é termo proposto por Richard
Gardner, em 1985, para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a
treina para romper os laços afetivos com o outro cônjuge, criando fortes
sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor.

São muitos os meios que o alienador utiliza para a pratica da síndrome, mas
tendo em seu contexto o denominador comum como a organização em torno de
avaliações prejudiciais, negativas que desqualifique e injurie o outro genitor.
Explana a professora Priscila Corrêa da Fonseca3, que se faz importante
diferenciar o processo de alienação parental da já posta Síndrome da Alienação Parental
(SAP), uma vez que:
A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a
mera alienação parental. Aquela geralmente é decorrente desta, ou
seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos
genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custódia. A
síndrome, por seu turno, diz respeito às sequelas emocionais e
comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele
alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere-se à conduta do filho
que se recusa terminantemente e obstinadamente ater contato com um
dos progenitores e que já sofre as mazelas oriundas daquele
rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo
desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da
vida do filho. Essa conduta – quando ainda não dá lugar à instalação
da síndrome – é reversível e permite – com o concurso de terapia e
3
Síndrome de alienação parental, Revista Brasileira de Direito de Família, ano VIII, n. 40, fev.-
mar. 2007, p. 7.
8

auxílio do Poder Judiciário – o restabelecimento das relações com o


genitor preterido.
A Lei nº 12.318/10 traz um rol exemplificativo de formas de alienação
parental, quais sejam:

Não obstante, o art. 2º da lei, já trata: "Considera-se ato de alienação


parental a interferência na formação psicológica da criança ou do
adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou
pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou
vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este".
Parágrafo único. Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação
parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia,
praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício
da paternidade ou maternidade;
II - Dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - Dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - Omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a
criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de
endereço;
VI - Apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou
contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou
adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com
familiares deste ou com avós”.

Por tanto, a alienação parental esta arraigada na atuação inquestionável de um


sujeito configurado alienador que atua com práticas depreciativa de se lidar com um dos
genitores.
Neste, a criança envolvida teme apenas o alvo alienado, ou seja, aquele que tem
sua imagem denegrida/deturpada.
O artigo 3º recepciona a Dignidade da pessoa Humana. Vejamos:
Art. 3º A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental
da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável,
prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo
familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou
decorrentes de tutela ou guarda.
Tal direito é constitucional como rege o artigo 1º inciso III, que norteia a nossa
sociedade principalmente o direito de família.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves4:
“O princípio do respeito à dignidade da pessoa humana constitui,
assim, base da comunidade familiar, garantindo o pleno

4
Direito civil brasileiro: direito de família, v. 6, p. 23.
9

desenvolvimento e a realização de todos os seus membros,


principalmente da criança e do adolescente (CF, 227) ”.

Ressalta VIEIRA (2014, p. 57) que:

Enquanto preceito legal expresso em nosso ordenamento jurídico, a


dignidade da pessoa humana tem, como lembra Edilson Pereira de
Farias, como meio de concreção, os direitos fundamentais que
constituem um dos paradigmas da legitimação de regimes políticos.
Maria Berenice Dias (2010, p 62) traz à baila seu conhecimento sobre a
dignidade da pessoa humana:

É o princípio maior, fundante do Estado Democrático de Direito,


sendo afirmado já no primeiro artigo da Constituição Federal. A
preocupação com a promoção dos direitos humanos e da justiça social
levou o constituinte a consagrar a dignidade da pessoa humana como
valor nuclear da ordem constitucional. Sua essência é difícil de ser
capturada em palavras, mas incide sobre uma infinidade de situações
que dificilmente se podem elencar de antemão. Talvez possa ser
identificado como sendo o princípio de manifestação primeira dos
valores constitucionais, carregado de sentimento e emoções. É
impossível uma compreensão exclusivamente intelectual e, como
todos os outros princípios, também é sentido e experimentado no
plano dos afetos
Destarte que excluir/proibir o convívio do menor com qualquer um da família
está ferindo de forma direta o princípio da dignidade da pessoa humana tanto do ente
vitima quanto do menor que por sua vez tem seu desenvolvimento incompleto devido as
manipulações decorrentes da alienação parental, esse vivenciará buracos nas relações
afetivas que talvez jamais será restabelecido.
O artigo 4º Refere-se a Tutela
Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento
ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou
incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz
determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas
provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da
criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência
com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for
o caso.
Os vestígios da alienação parental são reconhecidos pelo magistrado ex officio,
e/ou, pelo membro atuante como custos legis, vez que esse versa sobre matéria de
ordem pública por se tratar do interesse a proteção do menor. No entanto, a parte
(genitor vitimado) pode provocar o judiciário para que tome conhecimento da pratica de
ato lesivo a eles.
10

No Parágrafo Único compreende-se que a criança/adolescente tem assegurado a


visita mínima do genitor, e quando for necessário essa será assistida na iminência de
risco de prejuízo à integridade física, moral e psicológica do menor. (GRIFO NOSSO).

Art. 5o havendo indício da prática de ato de alienação parental,


em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário,
determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.
§ 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica
ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive,
entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos
autos, histórico do relacionamento do casal e da separação,
cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos
envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se
manifesta acerca de eventual acusação contra genitor.
§ 2o A perícia será realizada por profissional ou equipe
multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão
comprovada por histórico profissional ou acadêmico para
diagnosticar atos de alienação parental.
§ 3o O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar
a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa)
dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por
autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada.

Desta forma, acentua Priscila Corrêa da Fonseca5

É imperioso que os juízes se deem conta dos elementos identificadores


da alienação parental, determinando, nestes casos, rigorosa perícia
psicossocial para, aí então, ordenar as medidas necessárias para a
proteção do infante. Observe-se que não se cuida de exigir do
magistrado – que não tem formação em Psicologia – o diagnóstico da
alienação parental. Contudo, o que não se pode tolerar é que, diante da
presença de seus elementos identificadores, não adote o julgador, com
urgência máxima, as providências adequadas, dentre as quais o exame
psicológico e psiquiátrico das partes envolvida.

Para tanto, cabe ao judiciário de forma clara e eficaz verificar acerca da


alienação parental que o menor/adolescente pode estar sofrendo e, assim promover a
interrupção desta com o devido cuidado visando a proteção do melhor interesse do
menor a qual faremos um breve apanhado.

3 PROTEÇÃO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR.

Visando a peculiaridade de condição das crianças e jovens como pessoa em


desenvolvimento, titular de proteção especial, institui-se que este não detém na verdade

5
Síndrome da alienação parental, p. 14
11

conhecimento da consequência de seus atos sendo, vítimas da alienação parental


praticada no meio e por pessoas de sua vivencia.

Por tanto, devido a necessidade do menor em ser protegido dos atos


inconsequentes do seu guardião, tutor, genitor, responsáveis, dentre outros, teve a
legislação o cuidado de prezar pelo bem-estar destes, criou-se mecanismo com tal
finalidade, esse conhecido como princípio do melhor interesse do menor.

Andréa Rodrigues Amin6(2007,p. 12) ressalta que há três pilares na Doutrina da


Proteção Integral

1ª) Reconhecimento da peculiar condição da criança e jovem como


pessoa em desenvolvimento, titular de proteção especial; 2ª) Crianças
e jovens têm direito à convivência familiar; 3ª) As Nações subscritoras
obrigam-se a assegurar os direitos insculpidos na Convenção com
absoluta prioridade.

Denota-se que reconhecer a criança e ao adolescente como pessoa em


desenvolvimento, versa que essa necessita de cuidados especiais, pois nessa premissa
reconhece-se que a criança e ao adolescente, está e formação de seus discernimentos, e
por isso não compreendem as consequências de seus atos.

Por tanto, no ambiente familiar, é notório que a criança e ao adolescente não são
dotados de capacidade para gerirem sua vida por conta própria, cabendo a outros
prezarem por seu bem-estar e segurança de maneira sadia.

Com tal finalidade surge o Estatuto da Criança e do Adolescente onde este tem
como primazia a proteção integral do menor em toda a sua etapa, pois estes são sujeitos
de direitos universalmente reconhecidos, nos quais devem ser assegurados por sua
família, Estado e sociedade.

Segundo J. J. Gomes Canotilho (1998, p 1035-1036) o Estatuto estabelece regras


e princípios para assegurar e delimitar a conduta dos componentes que inserem o menor,
os princípios expressam valores relevantes que fundamentam as regras, por tanto há três

6
AMIN, Andréa Rodrigues Curso de Direito da Criança e do Adolescente – Kátia Regina
Ferreira Lobo Andrade Maciel ( coordenadora) – p. 12 .Lumen Juris - 2ª edição.2007
12

deste que regem o Estatuto da Criança e do Adolescente. ECA, sendo: O princípio da


prioridade absoluta, princípio da municipalização e o princípio do melhor interesse.

3.1 Princípios

Ao mencionar sobre o tema que se refere aos princípios norteadores do


Estatutos da Criança e do Adolescente denotamos sua fundamental importância, vez
que este tem a finalidade de condicionar, iluminar a interpretação da norma jurídica
pertinente.
Segundo Celso Bandeira de Mello (2004, p. 451)
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema,
verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre
diferentes normas, opondo-lhes o espírito e servindo de critério para
a sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a
lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a
tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios
que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo
unitário que há por nome sistema jurídico positivo.

Por tanto, os princípios são fontes fundamentais do direito e valores


consagrados de uma sociedade.
3.1.1 Principio da Prioridade Absoluta

O Princípio da Prioridade Absoluta vem elencado no Artigo 4º, do ECA que diz:

Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e


do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia
de receber proteção e socorro em qualquer circunstância Prioridade
Absoluta b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
relevância pública c) preferência na formulação e na execução das
políticas sociais pública d) destinação privilegiada de recursos
públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude. (G; n)

Esse também com respaldo constitucional estabelecido no artigo 227, o qual


denomina que a criança e ao adolescente é prioridade nacional

SCHAAEFER; ISERHARD, (2013, p 6-7)


13

ONU de 1989, ao declarar os direitos especiais da criança e do


adolescente, como dever da família, da sociedade e do estado: direito à
vida, à alimentação, ao esporte e lazer, à profissionalização e à proteção
ao trabalho, à cultura e educação, à dignidade, ao respeito, à liberdade e
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

Denota-se que o objetivo ora apresentado é realizar a proteção integral


priorizando a concretização dos direitos fundamentais da criança e adolescente.

3.1.2 Princípio da Municipalização

Quanto a este princípio, temos os artigos 203 e 204 da Constituição Federal de


1988:

“Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por
objetivos:
I - A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à
velhice;
II - O amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei. ”

“Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social


serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social,
previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base
nas seguintes diretrizes:
I - Descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação
e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos
respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a
entidades beneficentes e de assistência social; ”

No artigo 203 houve o advento da política assistencial descentralizada e


ampliada assegurando seus objetivos, já em seu artigo 204, I, fica disciplinada a
atribuição concorrente dos entes da federação para atuação na área da assistência social.

3.1.3 Princípio do Melhor Interesse

No que tange ao Princípio do melhor interesse como já relatado este é o de


maior relevância por primar as necessidades da criança e do adolescente, impondo sua
aplicação com a finalidade de garantia e proteção integral.
14

Um princípio que deve ser analisado para garantir o bem-estar da criança e do


adolescente, e também associado o melhor interesse do menor é o Princípio da
Convivência Familiar.

3.1.3.1. Princípio da convivência Familiar.

Por tanto quando mencionamos o melhor interesse do menor, entende-se que


este esteja no seio de sua família, para garantir uma vida saudável com bases solidas, tal
princípio esta elencado no artigo 19, vejamos:

Art. 19 - Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e


educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias
entorpecentes.

Por tanto, verifica-se um direito Constitucional, que tem no seu bojo a garantia
do bem-estar da criança, o artigo 227 da Constituição Federal reforça a sua aplicação.

O direito à convivência familiar também se encontra esculpido na


Constituição Federal, no rol do artigo 227 e, no plano
infraconstitucional, nos artigos 4º, 16, V, 19, e outros do Estatuto da
Criança e do Adolescente (FONSECA, 2012, p. 65; MACIEL, 2014,
p. 127).

Assim sendo, quando se fala em convivência familiar, devemos lembrar que a


ideia de família vem se modificando aos longos dos anos, vez que a tendência familiar
moderna tem em sua composição com base na afetividade, que predomina a
convivência entre as pessoas e pela reciprocidade de sentimentos.

Quanto a afetividade, OLIVEIRA (2002, p. 233) conceitua que:


A afetividade, traduzida no respeito de cada um por si e por todos os
membros — a fim de que a família seja respeitada em sua dignidade e
honorabilidade perante o corpo social — é, sem dúvida nenhuma, uma
das maiores características da família atual.

Desta forma, ressalta-se que o papel do corpo social, não se limita as questões
financeiras ou simples coabitação e sim, está inserido algo bem mais complexo, de
denominação psicológica conhecida por sentimento e afetividade.
15

Denota-se que a vivencia familiar deve ser pautada no princípio da dignidade


humana, que assegura a criança e adolescente uma vida saudável, na qual contribuirá
para o melhor desenvolvimento moral, cultura, dentre outros.

Para VIEGAS; RABELO (2011, p.04) “ Dissolvida a sociedade conjugal, o afeto


dos pais em relação aos filhos deveria reger o rompimento. Contudo, não é o que acontece na
prática, as mágoas tomam conta do ex-casal e os filhos são sempre os mais prejudicados”.

No entanto, vale ressaltar que a parentalidade deve permanecer entre os entes, uma vez
que com os novos moldes de família moderna as tarefas/responsabilidades permanecem, pois,
os menores são sujeitos ainda em formação, no mais essa pratica além de social é também de
cunho moral.

3.2 Direitos Fundamentais Da Criança e Adolescente

O estatuto da Criança e do Adolescente constantemente vivencia alterações, que


permeiam em adequações com as necessidades e desenvolvimento dos menores e assim
garantir o direito fundamentais destes.

Katia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel (2015, p. 74) apud J.J. Gomes
Canotilho menciona o que é direito fundamental:

Segundo J.J. Gomes Canotilho, direitos fundamentais “São os direitos


do homem, jurídico institucionalmente garantidos ilimitados espacio-
temporalmente [...] direitos fundamentais seriam os direitos
objetivamente vigentes numa ordem jurídica e concreta “São direitos
inatos ao ser humano, mas variáveis a longo da história. Estão
atualmente previsto na Declaração Universal dos direitos do homem e
do Cidadão e dar presente nos estados democráticos de direito. São
direitos que se opunha ao estado limitado e condicionado sua atuação.

Por tanto, os direitos fundamentais da criança e do adolescente, está previsto na
declaração Universal dos direitos do homem, assim como no art. 12 do ECA.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da


integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Por tanto, se faz, mas que necessário a garantia aos direitos fundamentais da
criança e do adolescente garantindo lhe amparo, afeto, para que estes sejam inseridos na
sociedade de forma consciente e responsável.
16

4.0 DA ALIENAÇÃO PARENTAL PRATICADA PELOS AVÓS.

Como explanado acima infelizmente a alienação parental é uma situação muito


grave por comprometer o desenvolvimento da criança e do adolescente, neste contexto
nos deparamos com os avós atuando como protagonista.
Para muitos autores a Alienação Parental é praticada apenas pelos genitores, no
entanto com o novo cenário de família moderna onde os genitores por algum motivo
tendem a se ausentar temporariamente, e veem nos familiares a confiança de vigilância
para com seu pupilo, não acreditam e/ou imagina que esses possam ser autores da
alienação parental dispensado ao menor.
BARBOSA (2011, p. 58) compartilha seu entendimento que a alienação parental
não compreende apenas a pós separação conjugal, e sim, as outras situações e
protagonistas, como avós, tios, padrinhos, dentre outros.
A Lei nº 12.318/2010 dispõem em seu artigo 2º que:
[….] A interferência na formação psicológica da criança ou do
adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós
ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob sua autoridade,
guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou a manutenção de vínculos com este, caracteriza-se
como Alienação Parental.

O ato da alienação Parental praticado pelos avós é algo que deve ser bem
analisado uma vez que isso ocorre até mesmo quando há o laço matrimonial, ou quando
devido a dissolução conjugal ou por outro motivo o menor passa a conviver ou residir
com o alienador/avós.
4.1 Do Direito de Visita dos Avós diante da Pratica da Alienação Parental.
O direito de visita está assegurado ao genitor ou um parente próximo (avós) que
não possuem a guarda do menor, esse tem o direito de visita e permanência temporária
em sua companhia, e assim lhe é também permitido fiscalizar a manutenção e educação
do menor.
Tem-se que os avós de modo geral é parte essencial para estrutura familiar, uma
vez que independentemente dos fatores externos. A atual família tem suas histórias
arraigada nas gerações passadas. Assim, a relação entre avós e netos está envolta em
influências mútuas, onde velhos e jovens se confrontam entre valores antigos e novos,
onde todos ensinam e aprendem (SILVA, 2011, p.32).
O atual cenário tem-se que os genitores em busca de manutenção e da
subsistência de si e de sua família, necessita que os avós cuidem dos filhos, e estes
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acabam por praticar a alienação parental, uma vez que a criança e ao adolescente está
sob sua guarda ou vigilância, e assim, os avós aumentam a autoridade entendendo ter
mais direitos de pais para com os netos, simplesmente por ajudarem na sua criação.
Desta feita, o vínculo entre a criança e ao adolescente com seus genitores ou
detentor da guarda e vigilância passa a enfraquecer, visto que a situação passa a ser de
repudia do menor por qualquer ato ou pratica do genitor, acreditando que é de maior
valia o que lhe é dito pelos avós.
Elucida RIBEIRO (2019, p. 3) que:
Em diversas situações foi observado que os avós falam mal dos
próprios filhos detentores da guarda para a criança e adolescente, além
de serem permissivos tirando assim toda a autoridade do genitor em
diversas situações, observa-se casos em que os avós quando em poder
da criança, incentivam-na a chamá-los de pai e mãe gerando uma
enorme confusão na cabeça da criança que perde a noção de quem é
de fato seu pai e mãe e acaba por se afastar do seu genitor, sem contar
que eles usam da permissividade para manipular a criança e
adolescente, sem pensar em nenhum momento no mal que está a
causar a eles, pensam apenas na sua satisfação pessoal de trazer a
criança e adolescente para o seu lado, fazendo com que seja uma
disputa entre os avós e o genitor, onde o objetivo principal é buscar
com que a criança e ao adolescente tenha mais amor, carinho e
devoção apenas para si, colocando por escanteio toda a autoridade do
genitor.

Nessa premissa compreende-se que a participação dos avós na vida dos netos,
tem grande relevância, porém, esses devem ter seu papel definido, sem apropriar-se das
funções dos pais, estando esses prontos para ajudar, mas sem tolher; orientar quando
solicitados, porém, sem julgar; apresentar opções sem invadir os projetos educativos
empreendidos pelos genitores, não os confrontando.
SILVA (2011, p. 16) assevera que embora a solidariedade dos avós para auxiliar
nos cuidados com os netos, para muitos esse é um caso de proteção e apoio, onde cabe
aos pais buscar suas responsabilidades parentais para se tornarem autônomos, em
fundamental processo de individuação, que os tornem diferenciados em relação aos
próprios pais. No entanto, quando da necessidade de auxílio dos avos, mesmo em
momentos de crises, cabe a esses estimularem seus filhos a independência por meio de
um trabalho que não favoreça a acomodação e a dependência emocional.
Com tudo, diante dos danos causado pela pratica da alienação parental onde a
autoria decorre dos avos, esses eximem-se de qualquer responsabilidade, tendo por
justificativa o fato de estarem com o menor para que os pais possam trabalhar.
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Dessa forma o judiciário se depara com uma grande barreira para coibir essa
pratica, já que a criança e ao adolescente, quando não residem na residência destes,
convivem mais tempo com eles. Ao buscar amparo Legal trava-se com um direito
constitucional de Direito a Convivência Familiar.
Complementa RIBEIRO (2018, p 5) que:
o direto à convivência familiar previsto pela Constituição Federal de
1988 além do direito a convivência com os avós preceituado na Lei
12.398/2011, porém, a lei 12.318/2010 que versa sobre a alienação
parental, traz em sua redação que nos casos onde não se consiga uma
resolução amigável, informando ao alienante os prejuízos causados a
criança e ao adolescente para que ele cesse a prática da alienação
parental, serão tomadas medidas mais drásticas, onde o alienante
perde de fato o direito de convivência com a criança e adolescente,
com isso, estamos em um impasse judicial dentro desse contexto, visto
que ficaria inviável cessar a convivência entre os avós alienantes e a
criança e adolescente pelo fato de ambos residirem no mesmo local,
portanto, mesmo após tomarem ciência sobre o mal causado pela
alienação parental, os avós alienantes optarem por não cessar a prática
ainda não existe amparo judicial que traga uma solução alternativa
para o caso concreto.

Assim sendo, o direito de visita dos avós é constitucionalmente assegurado,


porem diante da pratica comprovada da alienação parental, tal direito deverá ser
cerceado, com base no melhor interesse do menor que tanto o judiciário busca. Vejamos
um julgado no Estado de Goiás, em Caiapônia Distrito de Doverlândia

(TJGO, Apelação (CPC) 0235185-81.2014.8.09.0137, Rel.


CARLOS ROBERTO FÁVARO, 1ª Câmara Cível, julgado em
01/06/2017, DJe de 01/06/2017)

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE


GUARDA. MELHOR INTERESSE DO MENOR. ALIENAÇÃO
PARENTAL. GUARDA COMPARTILHADA.
INCOMPATIBILIDADE. 1. A regulamentação da guarda e do direito
de visitas, assim como todas as questões que envolvem crianças e
adolescentes, devem prestigiar sempre, e primordialmente, o melhor
interesse do menor. 2. Configurada a alienação parental por parte da
bisavó e tio paternos, nos termos do artigo 2º da Lei nº 12.318/2010,
Lei de Alienação Parental e restando demonstrado, pelo estudo social,
que a genitora tem condições de assumir a responsabilidade dos filhos,
fica atribuída a guarda dos menores à genitora, sendo inviável a
guarda compartilhada. RECURSO CONHECIDO, MAS
IMPROVIDO.” (TJGO, Apelação (CPC) 0235185-81.2014.8.09.0137,
Rel. CARLOS ROBERTO FÁVARO, 1ª Câmara Cível, julgado em
01/06/2017, DJe de 01/06/2017)
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Complementa sua decisão o juiz substituto, Rel. CARLOS ROBERTO FÁVARO:

Urge, pois, manter a decisão recorrida como medida indispensável


para emprestar proteção satisfatória à criança, afastando-a dos atos de
alienação parental que a têm vitimado.
Vale ressaltar que o Poder Judiciário, ao tomar medidas como esta, o
faz apenas para preservar o melhor interesse da criança, que tem
direito de conviver com os pais em harmonia, e não com o intuito de
potencializar conflitos familiares. No entanto, é necessário que os pais
também assumam o verdadeiro papel de protetores, cuidando de
educar o filho para a vida, a fim de que, no futuro, não venha ele a
experimentar as mesmas aflições, quando tiver os seus próprios filhos.

Denota-se que o magistrado buscou amparo abordado todos os envolvidos para


conscientizarem do mal que a pratica da alienação parental tem no contexto da vida do menor.
Por tanto, notamos que nos casos em que exista a prática da alienação parental praticada
pelos avós, o mais indicado é que eles percam o direito de convivência que lhes é
assegurado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se por tanto, que efetivamente, a Lei 13.431/2017 reconhece a alienação


parental como forma de violência psicológica, mas não a tipifica como crime. Que tal
violência consiste na estratégia de denegrir a imagem de outro com a finalidade de
afastar o menor de um dos seus genitores, responsáveis ou que detenha sob guarda ou
vigilância.

Identificou quem pode ser autor e vítima da alienação parental, trazendo a


conhecimento que o alienador em sua maioria é principalmente, o genitor/genitora que
assumiu a guarda da criança ou adolescente após a separação. No entanto, a alienação
também pode ser praticada por avós, tios ou outras pessoas que convivem com a criança
ou adolescente.

Demostrou a consequência que repercute no cenário devido a síndrome da


alienação parental conhecida como (SAP), e os meios por ela identificados em sua
pratica.

Relatou que essa pratica tem grande peso de cunho social e psicológico do
menor que tem a figura dos pais deformada pelo alienador.

Apresentou os mecanismos que o judiciário busca na intenção de inibir/coibir a


pratica da alienação parental, por meio da inserção de princípios que visam a proteção
do melhor interesse do menor, da prioridade absoluta, da municipalização, assim como
o princípio da convivência familiar.

Com tudo, demostrou que a alienação parental pode ser praticada além dos
genitores, tendo como protagonistas parentes que mantem proximidade e convivência,
além de responsabilidade, guarda e vigilância do menor.

Ressaltou que os avós são uns dos que podem alienar o menor, denegrindo a
imagem de um ou de seus genitores, em algumas vezes até de seu próprio filho, se
apoderando do papel/ responsabilidade de pai.

Destacou que devido a necessidade e diante do real cenário de família moderna a


avó vem utilizando o momento de ausência dos genitores, para alienarem os netos, e
posteriormente se eximem de qualquer responsabilidade por danos causados a estes por
21

meio da justificativa da assistência/auxilio na educação e formação do menor para que


os pais possam buscar melhorias e subsistência familiar.

Restou demostrado que o judiciário tende a buscar mecanismos para impedir a


pratica do ato lesivo. Devendo o praticante deste ter seu direito cerceado.
22

REFERENCIA

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