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The family can be considered the main source of knowledge, learning and
development for a child. It is also responsible for providing care and basic conditions
for the survival of children and adolescents. In this present monograph, I bring the
concept of Parental Alienation, and how the Law acts in the face of laws that protect
recognized phenomena among legal professionals. The seriousness of the issue is due
context of separation, child custody generates conflict between parents, who make it a
dispute and exceed tolerable limits. They begin to manipulate, distort the image of the
with the alienated parent and causes severe psychological consequences for children
in childhood and can extend into adulthood. The study clarifies that Parental
any responsible person who has custody or influence over the child's upbringing, in
which they are called alienating in relation to the other, called alienated. In the minor,
the issue of feelings of hatred and false memories arises, thus causing a separation
between the coexistence of the alienated parent and the child or adolescent.
Key words: alienation, family, law, family, spouse, child, child and adolescent.
INTRODUÇÃO:
O Direito de Família no Brasil sofreu muitas mudanças desde sua fase colonial até o momento
atual em que vivemos, tanto juridicamente como culturalmente. Antecedentemente, a família
possuía base patriarcal, no qual se denominava um cenário com deveres, valores e maior
obediência ao “pai de família”. No que concerne a figura masculina encarregada do sustento e
moral do lar. No tempo presente, o Direito brasileiro reconhece o contraste na constituição
familiar, tornando a afetividade a principal base para caracterizar uma família. Esta inovação
foi trazida singularmente pela Constituição Federal de 1988,e posteriormente reforçada pelo
Código Civil de 2002. Com o advento da Constituição Federal de 1988, a família deixou de ser
apenas o casamento e surgiram: a Família matrimonial, a Família informal e Família
monoparental . O conceito de família se pluralizou.
A Alienação Parental é uma campanha difamatória executada pelo alienador com intuito de
afastar os filhos do alienado, enquanto que a Síndrome da Alienação Parental consiste nos
problemas comportamentais, emocionais e em toda desordem psicológica que surge na
criança ou adolescente após o distanciamento e a desmoralização do genitor alienado. A
alienação parental, entre outras violações, ofende o princípio à dignidade da pessoa humana, e
em especial, ao direito individual fundamental da personalidade da criança e do adolescente
de partilhar uma convivência saudável com ambos os genitores.
1. ALIENAÇÃO PARENTAL
A Alienação parental surge quando a constante disputa entre o os pais no litígio conjugal
acaba refletindo no filho, de modo que, usam a criança a fim de defender apenas os seus
próprios interesses. Nesse contexto, começam a averiguar condutas negativas do menor em
relação ao genitor alienado, e a principal consequência é o afastamento entre o cônjuge e a
criança. O desejo e os sentimentos da criança são deixados de lado e os menores se encontram
em um conflito, sem saber ao certo no que acreditar ou a quem recorrer. Na maioria dos
casos, o filho se alia ao alienador, pois em regra é quem detêm a guarda e o maior contato
com a criança. Isto cria um terreno fértil para que a alienação parental floresça e traga
consequências ainda mais severas na vida da criança ou do adolescente.
Trindade (2010) relata que o filho passa a ser utilizado como instrumento de agressividade,
pode ser induzido ao afastamento de quem o mesmo ama e de quem também o ama, gerando
contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos. No qual, nenhum cônjuge
leva em consideração e se preocupa de fato com o sentimento do filho. Isso se desenvolve a
partir do momento em que um dos genitores passa a infiltrar e estimular a mente da criança
de maneira negativa, com fatos que não aconteceram, ou ainda que aconteceram de maneira
diferente da forma contada, no qual reflete em falsas memórias da criança envolvida, sem que,
ao menos, seja percebida na relação conflituosa e faz com que a criança passe a acreditar nos
fatos contados por esse genitor, afim de enfraquecer o vínculo e denigrir a imagem do outro
com a criança.
Vale mencionar que tal manipulação não é restrita apenas aos genitores, podendo ser
praticada por avós, tios ou qualquer pessoa que detenha a guarda ou vigilância da criança ou
adolescente. A Síndrome de Alienação Parental constitui uma forma grave de abuso contra a
criança, contra a pessoa do alienado e contra a família. Segundo Fagundes e Conceição (2013),
a Síndrome da Alienação Parental se trata de um transtorno psicológico que pode atingir
crianças, adolescentes e até mesmo o alienador, pois ele acredita naquilo que implanta na
cabeça dos menores. Assim, os pais ou responsáveis atuam na figura de opressores, que não
aceitam a convivência ou o contato de seu filho com o outro genitor, de modo que,
desmoralizam a parte alienada e fazem com que o menor crie falsas memórias e ódio em
consideração ao outro genitor.
A Síndrome de Alienação parental é um artifício usado pelos pais na disputa da guarda. Em 26
de agosto de 2010, foi aprovada a Lei de Alienação Parental, número 12.318. A lei prevê
medidas como o acompanhamento psicológico e a aplicação de multa, a inversão de guarda, e
até mesmo a suspensão e perda do poder familiar.
O Strucker (2014) cita que a Síndrome da Alienação Parental e a alienação parental de que se
fala no mundo jurídico são conceitos que estão ligados, porém não devem ser confundidos.
Dessa forma, Fonseca (2009) assim diferencia os dois termos:
“A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação parental. Aquela
geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos
genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custódia. A síndrome, por seu turno, diz
respeito às sequelas (sic) emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele
alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere-se à conduta do filho que se recusa terminante e
obstinadamente a ter contato com um dos progenitores e que já sofre as mazelas oriundas daquele
rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que
intenta arredar o outro genitor da vida do filho. Essa conduta – quando ainda não dá lugar à instalação
da síndrome – é reversível e permite – com o concurso de terapia e auxílio do Poder Judiciário – o
restabelecimento das relações com o genitor preterido.7 Já a síndrome, segundo estatísticas divulgadas
por DARNALL, somente cede, durante a infância, em 5% (cinco por cento) dos casos.”
Dessa forma, a criança vira um instrumento de vingança do genitor que detém a guarda e é
coagida a amar apenas um dos pais, apresentando, a princípio, obstáculos ao convívio entre
ambos, distorcendo fatos relativos às partes e manipulando a realidade de uma forma mais
conveniente a ela. A alienação Parental configura descumprimento dos deveres inerentes à
autoridade parental e precisa ser identificada para tomar efetivo o comando constitucional
que assegura às crianças e aos adolescentes, proteção integral com absoluta prioridade.
A definição legal de Alienação Parental está prevista no artigo 2º da Lei 12.318/2010, que
dispõe:
“A SAP é mais do que uma lavagem cerebral, pois inclui fatores conscientes e inconscientes que
motivariam um genitor a conduzir seu filho ao desenvolvimento de tal síndrome, além da contribuição
ativa desse na difamação do outro genitor. Para o psiquiatra a síndrome destaca a figura materna como
a principal alienadora à SAP. Ele ainda faz analogias a um tipo de programação cerebral referindo-se
assim, a um sistema operacional que o alienador implanta na criança, de modo que, a relação que se
estabelece entre o genitor e a criança às instruções (software) que são inseridas em dispositivos
(hardware) que constituem o computador. No caso de pessoas, as instruções ficam gravadas em seus
circuitos cerebrais e poder ser recuperadas pelo programador e pela própria pessoa, que se expressará
por meio de atos, verbalizações, julgamentos, etc”(GARDNER, 2002).
O aparecimento de sintomas varia de acordo com o grau em que a criança está da síndrome.
Em casos mais leves é possível que não estejam evidentes sintomas, nos casos moderados
ocorre o aparecimento de apenas alguns e em situações mais severas, os sintomas ficam em
evidência e as observâncias são de todos eles:
“Como é verdadeiro em outras síndromes, há na SAP uma causa subjacente específica: a programação
por um genitor alienante, conjuntamente com contribuições adicionais da criança programada. É por
essas razões que a SAP é certamente uma síndrome, e é uma síndrome pela melhor definição médica do
termo. Ao contrário, a AP não é uma síndrome e não tem nenhuma causa subjacente específica. Nem os
proponentes do uso do termo AP alegam que seja uma síndrome. Realmente, a SAP pode ser vista como
um grupo de síndromes, que compartilham do fenômeno da alienação da criança de um genitor. Referir-
se à AP como um grupo de síndromes levaria necessariamente à conclusão de que a SAP é uma das sub
síndromes sob a rubrica da AP e enfraqueceria desse modo o argumento daqueles que alegam que a SAP
não é uma síndrome” (GARDNER, 2002).
Diante disso, pode-se dizer que a Síndrome de Alienação Parental faz relação com as formas
emocionais e as ações comportamentais que são provocadas nas crianças e adolescentes, por
parte do genitor alienador, fazendo com que infelizmente as crianças sejam vítimas desse
processo. Assim, podem-se considerar estas como sendo as sequelas que são deixadas pela
alienação parental.
O Judiciário intervirá, quando legitimamente provocado, para zelar pela sadia convivência
entre os pais e filhos, podendo utilizar de perícia social e psicológica, acerca do caso, para uma
adequada identificação da existência e intensidade da alienação e assim determinar a medida
mais apropriada para o bem-estar da criança ou adolescente e do genitor atingido. (REIS e
REIS, 2010, p. 57). O professor Douglas Phillips Freitas em coautoria com a advogada Graciela
Pellizzaro (2010, p. 32) advertiu que geralmente os indícios de alienação parental são
apresentados somente após a descoberta de denúncias graves, como abuso sexual, que por
vezes são fraudulentas em ações de modificações de guarda ou suspensão de período de
convivência. O magistrado, ainda que desconfie da veracidade das informações, deve prezar
pelo melhor interesse do menor dando tutela necessária para evitar maiores danos ante a
possível veracidade da acusação. É recomendável que se mantenha o convívio com o genitor
acusado, possivelmente alienado, podendo fixar período de convivência assistido ou restringir
o convívio a locais públicos, como shoppings e praças, até que se verifique a veracidade da
acusação. Quando houver indício de alienação parental, será determinada pelo juiz uma
perícia a ser realizada por equipe multidisciplinar em até 90 dias.
A lei dispõe da caracterização de situações em que possa existir a alienação parental, num rol
exemplificativo, além de configurar que esta pode ser promovida por avós ou qualquer pessoa
que seja detentor de guarda ou vigilância da criança. Para que a caracterização ocorra é
necessário no mínimo três pessoas: o alienador, o alienado e a criança, considerada vítima do
processo de alienação. No artigo 3º da lei a menção é a respeito do abuso moral em que a
criança/adolescente é submetida, quando instaurado atos da prática em que interfere na
relação afetiva entre a criança e o agente alienado, contrariando o princípio constitucional da
proteção integral a criança, previsto no artigo 227, CF, o qual descreve que as crianças e
adolescentes têm direitos a uma relação saudável e à boa convivência familiar.
A alienação parental, uma vez configurada, constitui abuso moral contra a criança ou
adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes
de tutela ou guarda, criando rupturas nas relações afetivas que dificilmente conseguem ser
restabelecidas. A disposição do artigo 4°da lei discorre que ao constatar a prática da alienação
parental, cabe ao juiz fazer com que o processo correspondente tramite como prioridade,
ouvindo os dizeres do Ministério Público, assim determinando as medidas judiciais necessárias.
Dessa forma, o ato de alienação parental pode se declarado de ofício ou a requerimento das
partes em qualquer momento processual, numa ação autônoma ou incidentalmente, fazendo
com que o magistrado assegure ao genitor alienante e a criança a garantia da visitação
assistida, desde que não viole a integridade física ou psicológica do infante. O artigo 5° faz
menção à realização de perícia mediante decisão judicial a respeito e evidência da prática de
alienação parental. Assim, nos casos em que fique evidenciada a prática ou que ainda haja
indícios dela, serão analisados por meio de uma perícia realizada por um profissional da área.
A lei ainda estabelece critérios mínimos para que a perícia seja realizada e para que haja
consistência no laudo, com maior exigência e profundidade, e que os profissionais capacitados
tenham aptidão na identificação de casos de negligência ou falsas acusações.
O artigo 7° da lei trata-se da modalidade de guarda dos filhos, de modo que, a preferência em
casos de alienação parental é a guarda compartilhada e no caso da inviabilidade dessas, fica
estipulado as outras modalidades existentes. O processo de fixação do regime de guarda é
comum com a dissolução do casamento de modo que, o alicerce para a imposição deve visar o
princípio do melhor interesse do menor. A competência exposta no artigo 8° da lei para o
exercício da jurisdição quanto à alienação parental é de natureza absoluta, fixada por matéria,
assim, não é dado às partes a sua modificação, podendo ser alegada a qualquer tempo e grau
de jurisdição, devendo ser reconhecida pelo juiz. Por outro lado, a guarda compartilhada, que
é um procedimento em que as decisões sobre a vida da criança são tomadas em conjunto
pelos pais, pode apresentar-se como instrumento para a equalização das questões envolvidas
na Alienação Parental. A Guarda Compartilhada é a realização conjunta do poder familiar com
o escopo de manter entre pais e filhos uma convivência participativa e contínua, de modo que,
não haverá lugar para a instalação da Alienação Parental, sem violar a Constituição Federal
reafirmando assim a igualdade parental desejada pela CF e pontuando seu argumento
primordial do melhor interesse das crianças e adolescentes.
O ordenamento brasileiro informa que a expressão guarda serve para uma dualidade de
regimes jurídicos distintos: a guarda dos filhos e a guarda de terceiros. O termo “guarda” pode
acarretar no entendimento vinculado a um objeto, quando estamos tratando de um sujeito de
direitos que é a criança ou adolescente, portanto seria mais adequado utilizar a expressão
convivência familiar. O direito à convivência é recíproco, pais e filhos são titulares. Apesar de a
lei cuidar da guarda dos filhos em distintas oportunidades, quando se trata do reconhecimento
dos filhos havidos fora do casamento, artigos 1.611 e 1.612 do Código Civil, os dispositivos não
observam a doutrina da proteção integral, tampouco o que o Estatuto da Criança e do
Adolescente dita sobre o melhor interesse. No tocante a proteção dos filhos, os artigos 1.583 a
1.590 do Código Civil definem o que é guarda unilateral e compartilhada.
Há também alguns parâmetros para definir qual genitor oferece as melhores condições para
exercer a guarda unilateral. Ela será concedida àquele que oferecer os seguintes fatores: afeto
nas relações com o genitor e com o grupo familiar; saúde e segurança; e educação, conforme
Código Civil, art. 1.583, § 2º. Cabe ao juiz considerar a solução mais favorável para atingir o
melhor interesse da criança, inclusive observando outros aspectos como dignidade, respeito,
lazer, esporte, profissionalização, alimentação, cultura, entre outros.
Outra análise necessária de se promover é que a guarda unilateral, por favorecer a ausência
na maior parte do tempo do genitor não guardião, viabiliza esse fator como instrumento
propício a quem pretende alienar. A alienação parental é obtida por meio de um trabalho
incessante, por vezes, silencioso ou não explícito. O pai ou a mãe que praticam atos de
alienação geralmente organizam, no dia e horário coincidentes com os das visitas, atividades
que os filhos gostam, criam justificativas para impedir que a criança ou adolescente mantenha
contato com o genitor alienado por meio da internet ou telefone, dizendo até que os filhos se
encontram doentes, controlam excessivamente a duração das visitas, boicotam com várias
ligações para os filhos enquanto estão na presença do genitor alienado, utilizam de vários
artifícios para interferir ou mesmo impedir o contato deste com a prole.
2.3 GUARDA ALTERNADA.
Alguns autores, como por exemplo, Silvana Maria Carbonera consideram que a guarda
alternada não é recomendada, pois pode inferir na perda de referencial de família, em virtude
das mudanças que a criança está sujeita no seu cotidiano. A constante troca de casas pode ser
prejudicial ao equilíbrio do filho, pois afeta a estabilidade para seu completo desenvolvimento.
Ademais, os filhos de pouca idade possuem dificuldade de adaptação, enquanto que os filhos
jovens aproveitam as trocas de residência para escapar de conflitos quando não conseguem o
que querem do genitor que está com a guarda naquele momento. (CARBONERA, 1999, p. 124).
Seguindo esse viés, outro motivo desse modelo de guarda não agradar a todos é que alguns
consideram que ele fere o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente devido às
diversas mudanças, separações e reaproximações acarretando numa instabilidade emocional
dos mesmos. Diferentemente da guarda compartilhada, a alternância de resistências é um
requisito na guarda alternada, enquanto na modalidade compartilhada os filhos possuem uma
residência fixa. A inclusão da criança no novo arranjo familiar de cada um de seus pais é
promovida por meio da convivência igualitária com cada um deles. Com enfoque no melhor
interesse da criança, a guarda alternada obstaculiza a alienação parental e intensifica a relação
jurídica de direito material triangular entre pai - filho - mãe. Justamente por conviver com
ambos os genitores, a criança não sofrerá com a questão de lealdade em face de um dos pais.
A definição de guarda compartilhada é determinada pelo Código Civil, art. 1.583, § 1o: “a
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam
sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns”. (LÔBO, 2016, p. 137). A
Lei n. 13.058/2014 instituiu a obrigatoriedade da “guarda compartilhada”, que somente é
substituída pela guarda unilateral quando um dos genitores declarar ao juiz “que não deseja a
guarda do menor”. Seu intuito é a divisão equilibrada do tempo de convívio com os filhos. Os
questionamentos sobre as dificuldades em relação aos conflitos emergentes da separação
foram ignorados pela legislação, que impôs ao juiz a observância a essa obrigatoriedade.
A guarda compartilhada caracteriza-se pelo exercício integral da guarda entre os pais em
igualdade de condições e de direitos sobre os filhos, onde participam ativa e equitativamente
dos cuidados pessoais e assim concretizam o princípio da corresponsabilidade parental. Além
disso, é uma tentativa de evitar que a dissolução da relação afetiva dos pais reverbere sobre a
relação paterno-filial. O compartilhamento da guarda tem por objetivo a igualdade na decisão
em relação ao filho ou corresponsabilidade, em todas as situações existenciais e patrimoniais.
É aconselhado que os pais mantivessem as mesmas divisões de tarefas que detinham quando
conviviam, acompanhando conjuntamente a formação e desenvolvimento do filho. A
comunicação fluente e permanente entre os pais separados e seus filhos, por meio da
tecnologia da informação e comunicação, pode contribuir com a formação afetiva e cognitiva
da criança, mais que os períodos de visitas.
A criança e adolescente são pessoas em fase de desenvolvimento, e por isso é fácil o alienador
agir, afinal, nesse momento, o jovem não sabe diferenciar por completo o que é verdadeiro do
que não é (DIAS, 2013), especialmente quando os atos de difamação de seu genitor vem de
uma pessoa em que normalmente se confia completamente. Diante disso, se mostra
necessário que os profissionais do direito e da saúde trabalhem juntos, por meio de uma
equipe multidisciplinar, fazendo análise de cada detalhe do caso. Dessa forma, entende-se que
o Judiciário deve estar preparado e atento para lidar com esse tipo de situação, agindo de
maneira cautelosa nesses casos que são extremamente delicados (DIAS, 2013), não devendo
agir sozinho, uma vez que se trata de um conflito que envolve bastante questões emocionais e
psicológicas. O objetivo do legislador ao garantir a proteção constitucional específica para esse
nicho da população é, sem sombra de dúvidas, pela característica da vulnerabilidade. Pode-se
considerar que esses indivíduos não são capazes de exercer sozinhos os seus próprios direitos
de forma plena, precisando contar com o auxílio de familiares, sociedade e Estado, estes
responsáveis por resguardar os direitos fundamentais desses jovens, consagrados na
Constituição Federal e legislação específica, até que se tornem plenamente desenvolvidos
físico, mental, moral, espiritual e socialmente
Nesse sentido, de busca pela proteção do menor, pode-se constatar que o Direito de Família
vem passando por uma fase de desenvolvimento, e fica fácil observar que tal desenvolvimento
trouxe uma mudança conceitual na constituição da família e nas relações entre seus membros,
fazendo com o que, nos dias atuais, o filho se torne um ser único, um indivíduo dotado de
personalidade e direitos próprios que obrigam inclusive seus pais, devendo ser respeitadas as
suas necessidades
Foi através Declaração dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 20 de novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil, e posteriormente reforçada pela
Convenção Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 20 de novembro de 1989, que foi consagrado o melhor interesse da criança e do
adolescente, tendo sido a última ratificada no Brasil em 26 de janeiro de 1990, pelo Decreto
Legislativo nº 28, de 14 de setembro de 1990, e promulgado pelo decreto Presidencial nº
99.710 de 21 de novembro de 1990. A Convenção é um marco que prescreve que qualquer
tipo de ação que diz respeito a criança, em instituições públicas ou privadas de bemestar
social, deve levar em conta o melhor interesse da criança. Portanto, é dever do Estado, através
do Judiciário, garantir que a criança seja protegida e seus direitos assegurados, e entende-se
aqui que a maior chance de sucesso do Judiciário nesse ponto, em ações que envolvam
alienação parental, é através de sua colaboração com a equipe multidisciplinar, cuja atuação é
prevista pela própria Lei de Alienação Parental. A alienação parental afeta diretamente os
vínculos que criança e 24 adolescentes tem com o genitor alienado, ou seja, aquele que não
possui a sua guarda, assim como também é afetado o vínculo com aquele que detém da sua
guarda, pois este utiliza várias formas para que a criança possa cortar os vínculos com o
alienado, isso acaba ferindo o direito fundamental de convivência familiar saudável. Dando
continuidade, Correia (2011) complementa.
Por conta dessa conjuntura, em vários casos de separação conjugal em que acontece a
alienação parental o Judiciário tem participado, atuando de maneira a preservar o
desenvolvimento saudável dos filhos. Uma das técnicas utilizadas é a de reconstrução da
credibilidade e afetividade do menor para com o alienado, combatendo assim o genitor
alienador, criando, ainda, obstáculos ao mesmo no exercício da parentalidade exercida de
forma abusiva e levando mais em consideração o genitor alienado
dos deveres que os pais têm para com o filhoa) Proporcionar condições ao desenvolvimento
físico, espiritual, psíquico e social do filho; 26 b) Criar, educar e acompanhá-la nas atividades
relacionadas com a fase na qual o filho está vivendo; c) Representar ou assistir o filho,
conforme a incapacidade seja absoluta ou relativa, respectivamente, na prática dos atos e
negócios jurídicos em geral; d) Administrar os bens do filho; e) Assegurar a convivência familiar
e comunitária do filho
Dessa maneira, é dever do Estado, por meio do Direito e suas ferramentas de imposição, evitar
e remediar ações que firam o legítimo direito ao poder familiar e à convivência entre pais e
filhos, nomeadamente os atos de alienação parental, pois tais direitos são imprescindíveis no
processo de desenvolvimento de um indivíduo com necessidades consideradas prioritárias, o
menor.
Os problemas que envolvem a alienação parental vão muito além, fazendo com o que seja
infringida a dignidade do menor, ao, por exemplo, prejudicar a construção da identidade
pessoal da criança e do adolescente, ferindo a integridade psíquica dos menores que ainda
estão em desenvolvimento, fazendo com o que os mesmo desenvolvam traumas que podem
influenciar de maneira direta no resto de suas vidas. Assim, não resta dúvidas de que a prática
da alienação parental faz com o que uma série de direitos da criança e adolescente sejam
violados, a realização da construção da afetividade da criança com o genitor e sua família seja
prejudicada, e assim pode se caracterizar como um dano moral contra o menor.
Percebe-se, dessa forma, que esse tipo de situação caracteriza um ato ilícito, segundo o art.
186 do Código Civil. Por tal motivo, aqui se entende que insurge o dever de indenização por
parte do alienante, como prevê o art. 927 do mesmo código, seja por suscitação do genitor
alienado, que também sofreu ilícita constrição de seu direito à convivência com o filho, ou, e
principalmente, da principal vítima da alienação parental, o menor.
1. Todas as ações relativas à criança sejam elas levadas a efeito por instituições públicas ou
privadas de assistência social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos,
devem considerar primordialmente o melhor interesse da criança; 2. Os Estados Partes
comprometem-se a assegurar à criança a proteção e o cuidado que sejam necessários ao seu
bem-estar, levando em consideração os direitos e deveres de seus pais, tutores legais ou
outras pessoas legalmente responsáveis por ela e, com essa finalidade, tomarão todas as
medidas legislativas e administrativas adequadas; 3. Os Estados Partes devem garantir que as
instituições, as instalações e os serviços destinados aos cuidados ou à proteção da criança
estejam em conformidade com os padrões estabelecidos pelas autoridades competentes,
especialmente no que diz respeito à segurança e à saúde da criança, ao número e à adequação
das equipes e à existência de supervisão adequada.
A Lei de Alienação Parental se encontra na mesma linha das outras normas até então
mencionadas, pois foi criada com intuito de proteção do menor, principal vítima da alienação
parental que tem diversos direitos violados. A lei prevê exemplos de atos que configuram
alienação parental e uma série de sanções progressivas para quem os pratica. Se realmente for
detectado o ato de alienação parental, fica sob responsabilidade o juiz intervir com medidas as
cabíveis previstas na lei, fazendo uso de perícias psicológicas e biopsicossocial, com o objetivo
de aferir a gravidade da alienação sofrida pelo menor. É necessário que os profissionais do
direito, saúde e assistência social trabalhem juntos para fazer com o que a alienação parental
seja remediada, reduzindo ou eliminando as consequências para as crianças e adolescentes
envolvidos (FREITAS; CHEMIM, 2015).
(...) a mediação familiar é proposta como uma possibilidade de resposta às demandas envolvendo os
conflitos familiares que têm, como fundo, práticas de alienação parental. A ideia é desvincular a
problemática do modelo jurisdicional tradicional propondo uma alternativa de soluções de conflitos
através de práticas de mediação. (...)
Quando o magistrado constata, por exemplo, a alienação parental numa disputa de guarda de
menor, pode se valer de suas prerrogativas. Nota-se que o papel do magistrado é de gerenciar
quais demandas seguirão qual processo de resolução de conflitos, bem como esclarecer às
partes quais sejam as opções que lhes estão sendo oferecidas.Dessa forma fica sob
responsabilidade do mediador atuar como pessoa que faz com o que os acordos sejam
facilitados. O mediador deve ser um profissional qualificado, fazendo com o que a família seja
direcionada na resolução dos seus problemas, acabando de vez com qualquer tipo de
alienação causada na criança 31 (FREITAS; CHEMIM, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Conclui-se que, a alienação parental não se trata de algo novo, mas sim, de algo que vem
ganhando espaço devido à evolução do Direito de Família e a forma como vem sendo tratado
processos de divórcios e de guarda. A criança e o adolescente possuem condição especial de
pessoas em desenvolvimento. São dignos de respeito, cuidado e proteção. Dispõem dos
mesmos direitos e liberdades dos adultos descritas na Declaração dos Direitos Humanos.
Direito à dignidade, direito à convivência familiar saudável, direito a ter seus interesses
resguardados da melhor forma e com amparo da Doutrina da Proteção Integral, direito à
paternidade responsável, entre outros. Toda e qualquer violação a esses direitos devem ser
combatidas.
A alienação parental consiste numa campanha difamatória realizada por um dos genitores em
relação ao outro para que o filho se afaste, nutrindo para si um sentimento de ódio e falsas
memórias. Já a Síndrome da Alienação Parental, consiste numa subcategoria da AP em que os
atos praticados resultam em consequências psicológicas e em mudanças comportamentais da
vítima.
A lei 12.318/2010 surgiu diante de um cenário de intervenção estatal para a garantia dos
direitos das crianças e dos adolescentes a convivência pacífica e harmoniosa, de forma
equilibrada, com ambos os genitores. Embora todas as regras presentes na lei estejam
descritas em outros dispositivos legais da legislação brasileira, a aplicação era de forma
subsidiária, quando o julgador tinha coragem de enfrentar o tema e ainda possuia a
sensibilidade para encontrar uma saída que solucionasse o problema da família. Diante disso, a
lei da Alienação Parental trouxe um importante marco, pois estabeleceu uma igualdade
parental entre os dois genitores e para os filhos o direito primordial da convivência ampla e
pacífica com ambos os pais, impedindo assim que seja ele usado como instrumento de
conflitos e vingança.
O que deve ser notado é que a lei não tem o cunho de acusar nenhum dos genitores e
muitos menos de criminalizá-los. O que realmente importa para a lei é garantir o repeito e os
direitos do interesse da criança ou do adolescente no convívio familiar com ambos. Assim,
tendo-os como referência, de sentir-se acolhidos por seus pais, sem o sentimento de objeto de
vingança, livres assim de qualquer abuso emocional. Para que consiga combater e inibir a
prática da AP e da SAP o judiciário começou as tomar medidas como a utilização de guarda
compartilhada por trazer benefícios para ambos os genitores e para os filhos de modo que a
igualdade parental torne as relações mais harmoniosas, tendo que resolver conflitos em
relações abertas e com conversas.
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Lei Nº 12.318, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art.236 da
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Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm
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