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DOI: 10.5433/1679-0383.2020v41n1p19
Resumo
Nas últimas décadas têm-se observado o surgimento de novas configurações familiares, principalmente
no início do século XXI, com reconhecimento da união estável, do divórcio e, consequentemente,
o surgimento de famílias reconstituídas. Contudo, os processos de divórcios e/ou dissoluções
conjugais acarretam consequências para o ex-casal e também para os filhos. Neste sentido, este
estudo empírico e de abordagem qualitativa objetivou analisar as percepções e sentimentos das
crianças acerca do divórcio dos pais, expressos por meio da construção de objetos lúdicos, durante o
desenvolvimento de cinco “Oficinas de Crianças”, do projeto de extensão “Oficinas de Parentalidade”,
em que participaram 22 crianças.Verificou-se que o brincar e os brinquedos auxiliaram na possível
elaboração de sentimentos como raiva, medo de abandono e culpa, além de constatar as principais
consequências advindas do divórcio e estratégias de enfrentamento utilizadas por estas crianças.
Notou-se também que a “Oficina de Crianças” se revelou como um espaço acolhedor e fortalecido
para a possível elaboração de tais vivências.
Palavras-chave: Parentalidade. Criança. Divórcio. Brinquedo. Psicanálise.
Abstract
In the last decades new family configurations have been observed, especially at the beginning of
the 21st century, with the recognition of stable union, divorce and, consequently, the emergence of
reconstituted families. However, divorce and/or marital dissolution proceedings have consequences
for the former couple as well as for their children. In this sense, this empirical and qualitative study
aimed to analyze children’s perceptions and feelings about their parents’ divorce, expressed through
the construction of playful objects, during the development of five “Children’s Workshops” of
the extension project “Parenting Workshops”, in which 22 children participated. It was found that
playing and toys helped in the possible elaboration of feelings such as anger, fear of abandonment
and guilt, besides noting the main consequences of divorce and coping strategies used by these kids.
It was also noted that the “Children’s Workshop” proved to be a welcoming and strengthened space
for the possible elaboration of such experiences.
Keywords: Parenting. Child. Divorce. Toy. Psychoanalysis.
1
Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Minas Gerais, Brasil.
2
Mestrado em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
Minas Gerais, Brasil. E-mail: liniker08@hotmail.com
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Doutorado em Psicobiologia pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brasil. Professora do Departamento de Saúde
Coletiva da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Minas Gerais, Brasil.
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processo, como, por exemplo, as Oficinas de Pais infantil. Nela são contadas histórias, realizadas
e Filhos, as quais vêm se mostrando fundamentais dinâmicas, brincadeiras, desenhos e, ao final, é
para a possível manutenção do bom convívio realizada a atividade “Oficina de Sucatas”, a qual
familiar pós-divórcio (BORDONI; TONET, 2016). oferece para a criança um espaço seguro para
Estas oficinas possuem a função de despertar a expressar seus sentimentos. A “Oficina de Sucatas”
atenção dos ex-cônjuges sobre a forma como estão é o momento no qual as crianças constroem objetos
desempenhando a parentalidade pós-divórcio para com materiais recicláveis e, logo depois, há uma
com seus filhos, levando-os a refletir sobre suas roda de conversa em que estas contam do objeto
ações. Além disso, buscam trabalhar a maneira construído e do seu significado, possibilitando a
como estes pais enfrentam o processo de divórcio e discussão sobre a transformação de uma situação
a vivência dos filhos, tentando minimizar o impacto ruim em boa, pois se traz a perspectiva de algo
da dissolução conjugal e suas consequências que seria lixo poder ser construído em algo com
(BORDONI; TONET, 2016; SILVA et al., 2015). significado (SILVA et al., 2015).
Pensando nisso, foi implantado um projeto de Nesse sentido, reflete-se acerca da função do
extensão intitulado “Oficinas de Parentalidade” que brinquedo e do brincar para as crianças, pois estes se
se constitui em uma parceria entre uma universidade tornam facilitadores de acesso ao seu mundo interno,
de uma cidade do interior de Minas Gerais e uma o que, para Melanie Klein, acaba por trazer a criança
das Promotorias da Comarca local, tendo seu início para o centro do processo psicanalítico, considerando
em setembro de 2014. Com o intuito de favorecer que o brinquedo irá ocupar um espaço de extrema
práticas saudáveis em benefício de famílias que relevância, pois possibilita trazer à tona o não-dito
estão vivenciando processos de divórcio, disputas por ela (SOUSA; ANDRADE; ANDRADE, 2016).
de guarda e outros processos judiciais conflituosos, É brincando que a criança consegue projetar seus
e recomendado pelo Conselho Nacional de Justiça conteúdos de ansiedade acerca de suas experiências
(CNJ) como uma política pública para resolução traumáticas, possibilitando, desta forma, a
de conflitos desta natureza, caracteriza-se como elaboração destes que estão alocados internamente.
a segunda experiência de implantação do projeto O brinquedo nestes casos age como uma ponte, uma
em Minas Gerais e a primeira no interior do Estado forma de possibilitar a comunicação, oferecendo
(SILVA et al., 2015). a chance de relacionar seu mundo interno com o
O principal objetivo do projeto é apoiar externo (SILVA, 2015). É por meio de brincadeiras
famílias para que possam compreender os e jogos que a criança expressa suas fantasias, seus
sentimentos que perpassam os filhos que desejos e suas experiências reais de uma forma
vivenciam o processo de divórcio dos pais, a fim simbólica (KLEIN, 1997).
de que consigam adquirir suporte necessário para De acordo com Santos (2013), compreender
promover ações de mudanças visando o bom o sofrimento no qual a criança se encontra em
enfrentamento da situação. Para isso, procura- situações referentes ao divórcio dos pais e/ou
se oferecer, por meio de oficinas para pais, disputa de guarda permite que recursos para a
adolescentes de doze a dezessete anos e crianças auxiliar em seu enfrentamento dessas vivências
de seis a onze anos, o aparato necessário para possam ser pensados, podendo minimizar, assim,
que o menor dano possível seja acometido nos a probabilidade de aumentar o sofrimento, bem
envolvidos (SILVA et al., 2015). como suas angústias e consequências emocionais
A “Oficina de Crianças”, foco principal da diante destas situações.
presente pesquisa, ocorre dentro das “Oficinas de Em consonância, vários estudos falam
Parentalidade” e possui como intuito a discussão sobre a visão dos filhos sobre o divórcio dos pais,
de temas relacionados com a separação dos pais as consequências desse processo em suas vidas e
expostos de forma lúdica e adaptados ao universo também sobre a importância do brincar para auxiliar
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dia de dia e de noite [...] eu tô muito triste e tô No entanto, quando se compara com
muito chateado”, demonstrando durante toda a Mira (6 anos) dizendo que, apesar de seus pais
oficina comportamentos agressivos, refletindo a brigarem muito, ela vê bastante o pai, percebe-
maneira com que percebe a relação de seus pais e se com isso que, apesar de sua ausência em casa,
reproduzindo tais comportamentos em sua própria este não deixou que o distanciamento natural
relação com os outros. Tal fato pode ser observado deste momento prejudicasse a relação entre
ainda por meio da construção de seu objeto na eles. Além disso, Mira ilustrou muito bem esta
“Oficina de Sucatas”, uma arma, e ao brincar com situação na “Oficina de Sucatas” ao construir
ela, apontava para a cabeça de outras crianças um telefone sem fio para conversar com seu pai,
fingindo estar atirando; outras vezes apontava para fato observado na construção de outras crianças
o teto ou para a parede e, quando não fazia isso, também como Atria (9 anos) e Sirius (7 anos).
rolava pelo chão como se estivesse em um campo As situações acima confirmam o que Cruz et al.
de batalhas fugindo de tiros. (2013) dizem quando afirmam que não é apenas
Essas situações poderiam ter fim com o divórcio que gera consequências na família
a ruptura dos laços do casamento, porém, em e que a separação terá chances de ser melhor
pesquisa realizada por Brito (2007), foi constatado compreendida pelas crianças quando seus pais
que com o fim da união do casal, a ideia de que as conseguirem administrá-la de forma saudável,
brigas também teriam fim geralmente não condiz fazendo com que seus filhos entendam que, apesar
com a realidade. Normalmente, dentro desses de não estarem mais juntos, pai e mãe continuam
conflitos há uma mistura de sentimentos que exercendo suas funções.
afetam tanto o casal, como raiva e tristeza, quanto Nota-se, também, a fantasia de que o
as próprias crianças, como solidão, insegurança, Poder Judiciário está incumbido de solucionar os
medo e culpa (CRUZ et al., 2013). Foi o que impasses que permeiam a dissolução conjugal e
aconteceu com Hadar (7 anos), que relatou estar sanar os conflitos familiares (ARPINI; CÚNICO;
se sentindo solitário e sofrendo com a falta do pai, ALVES, 2016). Essa questão é vista nas falas de
e Alya (9 anos) que disse “A gente fica com peso Naos (6 anos), “O juiz falou que a gente pode
na consciência quando eles brigam”. ver meu pai de 15 dias”; de Regor (9 anos), “Foi
Féres-Carneiro e Magalhães (2011) o juiz que mandou eu vim aqui hoje”; e de Sol
observam que há diferença na visão masculina (7 anos), quando diz “Hoje é o dia dele, do meu
e feminina sobre os filhos após o divórcio. pai”. Tais situações demonstram que a falta de
Esta diferença aparenta ser pelo fato de que, empoderamento familiar nas questões do divórcio
geralmente, os filhos ficam com as mães, sendo e disputas judiciais podem afetar a percepção
que os pais se mantêm afastados deste convívio, das crianças acerca da função familiar e da
gerando maior sofrimento nas crianças devido a parentalidade, podendo prejudicar a identificação
suas ausências. Isto pode colaborar para que, de destas com os objetos parentais, gerando
certa forma, estes pais projetem nelas sentimentos consequências para seu desenvolvimento psíquico
negativos vivenciados em decorrência do (LEITE; OLIVEIRA NETA, 2016).
divórcio, além de poder gerar um distanciamento Ao entenderem que há muitas mudanças
da família extensa, como, por exemplo, dos avós advindas desse momento, as crianças percebem que
paternos (BRITO, 2007). Esta situação pode ser a principal delas está relacionada com o fato de que
ilustrada com a fala de Kuma (11 anos) quando agora possuem duas casas, o que pode favorecer
diz: “Eu vejo pouco meu pai [...] de 15 em 15, aí ou não a compreensão do sentimento de que,
a gente vai na minha vó, mãe dele, mas eu vejo ela mesmo separados, pertencem tanto ao mundo do
pouco também porque só ele me leva lá, eu gosto pai quanto ao da mãe (BRITO, 2007). No entanto,
muito dela”. conforme foi observado na fala de Hadar (7 anos),
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“Eu tô morando em quatro ninhos4, com minha pais (AZAMBUJA; LARRATÉA; FILIPOUSKI,
irmã, mãe, pai e avó. Essa história é que nem eu”, 2009). Nas circunstâncias em que estas podem
percebe-se que não conseguiu fazer a atividade brincar de forma coletiva, como nas “Oficinas
do Desenho da Família, desenhando apenas um de Parentalidade”, lhes são permitidas vivenciar
coração com ajuda de uma extensionista enquanto situações que nem sempre são reais, deixando-as
falava coisas como “não consigo desenhar [...]”. livres para expressar os sentimentos do modo como
Nota-se que essas crianças podem perder a desejarem, facilitando, dessa forma, o processo
referência de lar, pois, a partir do momento em de significação a partir de ideias, concepções,
que os pais se separam, elas passam a ter mais valores e expectativas de exercerem determinados
de um, podendo dificultar a compreensão de que papéis naquela brincadeira (PEREIRA; LIRA;
ainda assim pai e mãe continuarão exercendo suas PEDROSA, 2011).
funções, mesmo em casas separadas. Neste ínterim, a atividade “Oficina
Pensando nas várias percepções que as de Sucatas”, em que há a possibilidade da
crianças demonstraram ter acerca do divórcio construção de um objeto qualquer por meio
dos pais, compreende-se que há momentos em de materiais recicláveis, permite que tanto na
que entendem que é melhor que estes fiquem confecção, quanto nas brincadeiras com os
separados como em pesquisa desenvolvida por objetos revelem significados para as crianças,
Azambuja, Larratéa e Filipouski (2009), em que como observado na brincadeira de Navi (9 anos)
as crianças relatam terem percebido com o passar com seu “megafone”. Navi se destacou em uma
do tempo que a confiança e o estabelecimento da das oficinas pela sua maneira extremamente
nova rotina permitiram que o impacto emocional agitada e, por vezes, agressiva de não só brincar
do primeiro momento fosse ocupado pelas com sua construção, mas também ao lidar com os
novas formas de adaptação, reduzindo assim as temas abordados durante o desenvolvimento de
ansiedades advindas do processo de divórcio. Tal todas as atividades. Ao final da oficina, imitava
percepção foi observada na fala de Chow (9 anos) um cachorro bravo, depois um lobo uivando
sobre o divórcio de seus pais – “Hoje em dia eles e sempre fazia os sons nos ouvidos das outras
não brigam mais [...]” –, podendo ser esta uma crianças ali presentes, perturbando-as. Quando
possível forma de enfrentamento encontrada por lhe foi solicitada a descrição do objeto, disse
elas para lidar com este novo contexto de vida “as pessoas precisam saber como ele grita alto”,
(SANTOS, 2014). Desta forma, percebeu-se como se quisesse fazer com que as pessoas
a importância de verificar quais são os tipos de ouvissem seu grito de socorro.
enfrentamento que estas crianças utilizam para Melanie Klein foi quem criou a técnica
lidar com o processo de divórcio dos pais. de analisar o mundo psíquico infantil por meio
de atividades lúdicas. O brincar, para ela, foi
Eixo 2 - Estratégias de enfrentamento das considerado uma atividade natural das crianças,
crianças frente ao divórcio dos pais sendo, então, uma forma destas conseguirem
expressar de maneira simbólica suas fantasias
Para conseguir vivenciar momentos de inconscientes. O principal elemento do modo de
crise e minimizar sentimentos negativos, muitas pensar para Klein é a existência da fantasia e do
crianças fazem uso de mecanismos de defesa e que ela chamou de “objetos internos” acerca das
estratégias de enfrentamento a fim de lidar com vivências que são desenvolvidas no contato que
tais situações como o processo de divórcio dos a criança tem com a realidade externa. Portanto,
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Fazendo menção à história em quadrinhos “O melhor dos dois ninhos”, contada para as crianças como parte das atividades
proporcionadas pela Oficina.
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para esta autora, o método do brincar para as necessidade de defesa. Tal aspecto foi observado
crianças é aquele que terá o mesmo significado também na construção de Regor (9 anos) que
das associações livres na psicanálise dos adultos confeccionou uma pipa, mesmo objeto que
(COSTA, 2008). aparece na história “O melhor dos dois ninhos”
Para Klein, é neste momento que está (CLARKE, 2012) e um tanque de guerra com uma
presente a chance de proporcionar para a criança a bala dentro dizendo que está se preparando para
mudança daquilo que foi vivenciado passivamente entrar em uma batalha, claramente projetando
para um modo ativo, ter o domínio sobre sua nele o momento que está vivendo de entrar na
realidade, repetir experiências traumáticas com batalha do processo de separação dos pais. Tem-
a possibilidade de ser elaborada, entendendo, se, também, Menkar (11 anos), que construiu um
portanto que há aí o trabalho de elaboração, soldado de guerra, claramente projetando ali a
exploração e modificação das angústias (SOUZA, imagem do pai que batalha na justiça contra a mãe
2008b), como verificado nas experiências com as para não separar os irmãos maiores dos menores.
crianças participantes das oficinas. Além disso, nas outras formas de
Em 1946, esta autora demonstrou como enfrentamento encontradas por estas crianças,
parte de sua teoria o conceito de “identificação destaca-se a relação do fortalecimento entre os
projetiva”, expondo que a projeção se dá para irmãos, considerando que não é apenas quando
dentro do objeto de forma que sua identidade possa um filho sai de casa que os pais experimentam a
ser modificada, auxiliando no desenvolvimento da “Síndrome do Ninho Vazio”, os irmãos também
capacidade de significar a experiência emocional enfrentam esta síndrome. O irmão “que fica”
(SOUZA, 2008a; SOUZA, 2012). Tal fato pode acaba vivenciando sentimentos de tristeza,
ser ilustrado por Rana (7 anos), que construiu um solidão e abandono quando seus outros irmãos
robô chamado João, mesmo nome do irmão, mas saem de casa, sendo tais sentimentos agravados
depois mudou para Lucas. Enquanto relatava que quando a proximidade entre estes é elevada
a cabeça do robô estava escondida e que ele estava (GOLDSMID; FÉRES-CARNEIRO, 2011). Tal
“dodói” (sic), sangrando, havia cola escorrendo fato pode ser ilustrado pela fala de Menkar (11
dentro da garrafa simbolizando o sangue do robô, anos): “[...] só que meu pai não queria separar
tendo colocado uma “faixa” na frente de onde os irmãos, mas a minha mãe não quer a guarda
estava sua cabeça dizendo que era para esconder dos maiores, que é eu, a Lucida e o outro, só
seu rosto. Ao mesmo tempo narrava o episódio quer a guarda dos menor (sic), que é o Hadir e
em que seu irmão chorou no momento do lanche o Sham que já tá com ela”; e pela construção de
coletivo das “Oficinas de Parentalidade”, mas Sirius (7 anos), que ao fazer um carro, relatou
não sabe o motivo, deixando clara a projeção que que quem vai dirigir é seu irmão mais velho e
fez de seu irmão com o robô, tentando, por meio que irão passear nele junto com sua outra irmã,
daquela construção, “curar” o dodói do irmão, apenas os três.
uma vez que em seu mundo real não consegue, Vale ressaltar que o vínculo construído
possivelmente, encontrar um meio para elaborar entre os irmãos acaba por favorecer a ajuda
a angústia de estar vivenciando aquela situação. necessária para lidar com situações de crise como
O mesmo caso referente à projeção a separação dos pais, sendo que estas podem,
das crianças nos objetos construídos pode ser não necessariamente, desenvolver algum tipo
encontrado também em outros exemplos como o de patologia nos afetados, por isso é importante
de Sol (7 anos), que ao construir um lançador de considerar que o apoio nesse momento seja
bombas que atira bombas nas pessoas, disse “atiro fortalecido (GOLDSMID; FÉRES-CARNEIRO,
bombas nas pessoas porque assim elas não me 2011). Nesse sentido, as “Oficinas de Crianças”
atingem”, apresentando, além da projeção, uma podem funcionar como um espaço protegido
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