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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO

FACULDADE DE SAÚDE E CIÊNCIAS DA VIDA


PSICOLOGIA

PEDRO HENRIQUE GUIMARÃES SOREL, RGM 1010760

A problemática da Alienação Parental pelo olhar da Psicologia Analítico-


Comportamental

ITU
2019
1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo o estudo e exposição sistemática sobre a literatura
referente à etiologia da Alienação Parental sob a perspectiva da análise do comportamento,
além de explorar seus efeitos no âmbito familiar e social. Ao analisarmos a literatura atual, são
escassos os artigos que examinam de forma sistemática e objetiva os princípios que indiquem
a presença de casos de Alienação Parental (Gomide, Camargo e Fernandes, 2016), e ainda
inferior é o número de artigos que observem esta problemática pelo viés analítico-
comportamental .
Delimitamos como intuito deste artigo questionamentos para entender: que tipos de
comportamento podemos considerar como indicadores de alienação parental? Como o
psicólogo comportamental e o psicólogo jurídico podem identificar tais problemáticas
parentais em situações de separação? Como a análise do comportamento entende os aspectos
característicos da Alienação Parental?
Para tanto, é objetivada a exposição dos principais aspectos da Alienação Parental
sob a perspectiva analítico comportamental, além da análise de sua correlação com as alterações
nos vínculos afetivos e, por fim, revisar como as patologias decorrentes do processo de
Alienação Parental e comportamentos geradores de problemas.
O assunto a ser abordado é uma demanda atual e recorrente em nossa sociedade e,
juntamente ao programa de disciplina eletiva, é notável a importância desta matéria para
profissionais da psicologia, de direito e dos usuários que passam por avaliação psicológica.
É sabido que o processo de separação, principalmente em sua forma litigiosa, pode
causar danos destrutivos e irreparáveis àqueles que decidem pela dissolução da vida conjugal,
bem como para sua prole (Mendes e Bucher-Maluschke, 2017). Atualmente, no estado de São
Paulo, tanto o direito quanto a psicologia tentam lidar com estas situações, com propostas como
por exemplo a Oficina de Pais e Filhos, que tem como objetivo auxiliar o núcleo familiar a lidar
com o divórcio e suas consequências, na tentativa de diminuir os traumas decorrentes da
reestruturação familiar (Instituto Brasileiro de Direito de Família, 2013).
Logo, é de interesse da área da psicologia, bem como da área do direito, o
conhecimento acerca dos sinais comportamentais emitidos pelos genitores e pela criança, para
que se crie um espaço de reconhecimento e se amplie a discussão sobre o tema, além de auxiliar
no processo de prevenção de formações patológicas no comportamento de crianças,
adolescentes e adultos. Para tanto, a abordagem analítico-comportamental é utilizada com o
intento de favorecer a análise assertiva, objetiva, metodológica e científica que se dedica a
remediar tais situações.

2. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

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Capítulo 1 – As definições de Alienação Parental

É denotado que à partir da metade do séc. XX, surgindo pelo viés do movimento
feminista no Brasil, instauram-se variadas mudanças e rearranjos nas relações entre homens e
mulheres e logo, nas estruturas familiares e, entre estas mudanças, temos a legalização do
divórcio em 1977 (Mendes e Bucher-Maluschke, 2017). Partindo desta premissa, se desenvolve
um novo processo de estruturação familiar e pós-divórcio, seja este amigável ou litigioso. Neste
contexto, discutimos a qualidade da relação entre pais e filhos e a relação entre ex-cônjuges.
Partindo da análise de Fonseca (2007), o processo de separação do casal procede
com a necessidade de delimitar um dos genitores como guardião da(s) criança(s).
Posteriormente, delimita-se também o formato das visitas do genitor não-guardião, estabelecido
por um juiz de direito, objetivando o melhor interesse da criança.
É viável apontar como foco da problemática, o fato de que, muitas destas
dissoluções se perpetuam como resultado de questões conjugais não resolvidas, abalando assim
o vínculo já sensível dos ex-cônjuges, bem como, o vínculo destes com seus filhos (Carvalho,
2017). Apesar do contexto de dissolução matrimonial, é necessário muito cuidado e atenção aos
estímulos proporcionados ao menor, à quem deve ser oferecido um ambiente de
desenvolvimento pleno e saudável (Carvalho, 2017).
Frequentemente, num ambiente em que o casal não superou emocionalmente
divórcio, encontramos um padrão de episódios conflitantes, comunicação não assertiva,
gerando instabilidade no sistema familiar e, portanto, situações que consternam e impactam a
prole (Mendes e Bucher-Maluschke, 2017). O desrespeito mútuo nas relações pós-maritais são
comuns, gerando circunstâncias de discórdia e comportamentos negativos por parte de um ou
ambos genitores (Carvalho, 2017).
Arma-se aí uma disputa entre os ex-cônjuges, em que apresentam-se aspectos de
vingança, conflitos e sofrimento, além de sentimentos de rejeição e abandono (Roque e
Chechia, 2015). Estes comportamentos negativos realizados por um ou ambos os genitores,
aliados a emoções destrutivas, passam a representar uma possibilidade de Alienação Parental,
configurando uma forma de abuso emocional que prejudica a relação entre pais e filhos
(Carvalho, 2017).
É importante frisar, inclusive, que para fins de direito, esta criança que se encontra
em meio a este embate emocional, está sendo privada de um ou mais direitos de nascimento,
conforme estabelece nossa Carta Magna em seu Art. 227:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao


jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

A bibliografia pesquisada encontra conformidade nos aspectos que compõem o


processo de Alienação Parental, identificando genitores guardiões com comportamento
alienante como aqueles que agem com o intuito de prejudicar o genitor não-guardião, bem como
desqualificar o ex-cônjuge (Carvalho, 2017), impedem e negam o tempo do outro com a
criança, omitem informações pessoais da criança ou adolescente em relação à escola, aspectos
da saúde ou endereço (Mendes e Bucher-Maluschke, 2017), realizam manipulações
emocionais, além de gerir uma campanha denegritória contra o genitor não-guardião e seu meio
social e familiar (Gomide, Camargo e Fernandes, 2016).
Porém, segundo Gomide, Camargo e Fernandes (2016), é de extrema importância
notar a problemática real no relacionamento entre pais e filhos. Darnal (2008) apud Gomide,
Camargo e Fernandes (2016), em literatura internacional, se utiliza do termo estranhamento,
para delimitar um motivo real para a criança rejeitar um dos pais. Nesta questão, elencam
motivos como negligência, abuso físico e/ou sexual, abandono e violência doméstica.
Compreender estes aspectos familiares podem ajudar a diferenciar o comportamento parental
problemático e a alienação parental.
Considerando as informações supracitadas, devemos avaliar o comportamento dos
pais como indicadores do comportamento da criança (Gomide, Camargo e Fernandes, 2016).
Utilizando a abordagem analítico-comportamental, é necessária uma investigação das relações
funcionais destes indivíduos, já que são os eventos ambientais que criam as possibilidades de
padrões comportamentais, passando pelo processo de seleção, preservação e fortalecimento do
comportamento instaurado (de-Farias, Fonseca e Nery, 2018).

REFERÊNCIAS (ARRUMAR EM ORDEM ALFA.)

FONSECA, Priscila Maria Pereira Correa da. Síndrome de alienação parental. Revista
Brasileira de Direito de Família, Porto Alegre, v. fe/mar. 2007, n. 40, p. 5-16, 2007.
Disponível em http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/32874-40890-1-
PB.pdf
SOUSA, Analicia Martins de. Síndrome da alienação parental: Um novo tema aos juízos
de família. Cortez Editora, 2014. 224p.

ROQUE, Yader de Castro; CHECHIA, Valéria Aparecida; Síndrome de alienação parental:


consequências psicológicas na criança. Revista Fafibe On-Line, Bebedouro SP, 8 (1): 473-
485, 2015. Disponível em
http://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/sumario/36/30102015
191548.pdf

Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 277. Título VIII, Da Ordem Social.
Capítulo VII. Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso.
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_227_.asp

GOMIDE, Paula Inez Cunha; CAMARGO, Everline Bedin; FERNANDES, Marcia Gonzales;
Analysis of the Psychometric Properties of a Parental Alienation Scale.Paidéia (Ribeirão
Preto), Ribeirão Preto , v. 26, n. 65, p. 291-298, Dec. 2016 . Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X2016000300291&lng=en&nrm=iso

MENDES, Josimar Antônio de Alcântara; BUCHER-MALUSCHKE, Julia Sursis Nobre


Ferro; O Divórcio Destrutivo Inscrito no Ciclo de Vida Familiar e suas Implicações.
Psicologia: Teoria E Pesquisa, 33(1). 2017. Disponível em:
http://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/19491

Instituto Brasileiro de Direito de Família. Oficina de Pais e Filhos, projeto pioneiro no país,
é inaugurado em São Paulo. 2013. Disponível em:
https://ibdfam.jusbrasil.com.br/noticias/100434544/oficina-de-pais-e-filhos-projeto-pioneiro-
no-pais-e-inaugurado-em-sao-paulo

CARVALHO, Thayro Andrade. Alienação parental: elaboração de uma medida para


mães. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 34, n. 3, p. 367-378, 2017 . Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
166X2017000300367&lng=en&nrm=iso

DE-FARIAS, Ana Karina C. R.; FONSECA, Flávia Nunes; NERY, Lorena Bezerra; Teoria e
Formulação de Casos em Análise Comportamental Clínica. Editora Artmed, 2018. 443p.

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